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TEOREMA MILITAR

LISTA 08 – CRASE
PROF. MARCOS SIQUEIRA

1. (Eear 2019) Assinale a alternativa que completa, 3. (Eear 2019) No fragmento do texto “Tua nobre
correta e respectivamente, as lacunas do período presença à lembrança A grandeza da pátria nos traz”,
seguinte: ocorre crase
a) por haver um verbo, embora posposto, que reclama
Mineradora paga multa milionária de um bilhão de a preposição “a”.
reais b) por conta da presença da preposição “traz” que
reclama a ocorrência de crase.
A tristeza dos pescadores do Rio Doce refere-se ___ c) para evitar a ambiguidade gerada pela inversão dos
desgraça que ocorreu no local em novembro de 2015. versos, tratando-se de uso de acento diferencial.
___ empresa responsável foi aplicada ___ multa. No d) para que o leitor reconheça o sujeito “à lembrança”,
entanto, esta não foi suficiente para devolver ___ por meio do acento grave em seu adjunto
natureza o equilíbrio ambiental aniquilado. Pouco ___ adnominal “a”.
pouco esses pescadores tentam encontrar alternativa
sustentável. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
a) à – À – a – à – a “Para que ninguém a quisesse”
b) à – A – a – à – a
c) a – À – a – à – a Porque os homens olhavam demais para a sua
d) à – A – à – a – à mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e
parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza
2. (Espcex (Aman) 2019) Assinale a alternativa chamava a atenção, e ele foi obrigado a exigir que
correta, quanto ao emprego do acento grave. eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de
a) As nações juntam-se a Assembleia da ONU, para saltos altos. Dos armários tirou as roupas de seda, da
eliminarem progressivamente os problemas de gaveta tirou todas as joias. E vendo que, ainda assim,
gestão do serviço. um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela,
b) A Secretaria de Saneamento e as Conferências das pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos.
Cidades foram criadas com vistas à diminuir as Agora podia viver descansado. Ninguém a
desigualdades de acesso a esse serviço. olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por
c) Pode-se caminhar alguns passos no sentido de ela. Esquiva como um gato, não mais atravessava
garantir que a essa tarefa alinhe-se a participação praças. E evitava sair. Tão esquiva se fez, que ele foi
social. deixando de ocupar-se dela, permitindo que fluísse em
d) A gestão dos serviços deve ser acrescentada uma silêncio pelos cômodos, mimetizada com os móveis e
visão de saneamento básico como direito à as sombras. Uma fina saudade, porém, começou a
cidadania. alinhavar-se em seus dias. Não saudade da mulher.
e) O marco legal estabelece que a prestação dos Mas do desejo inflamado que tivera por ela. Então lhe
serviços tem como foco à garantia do cumprimento trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. À
das metas. noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-
lhe o que restava dos cabelos. Mas ela tinha
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava
Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões) a mais em lhe agradar. Largou o tecido em uma gaveta,
seguir. esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de
vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a
Salve, lindo pendão1 da esperança, cômoda.
Salve, símbolo augusto2 da paz!
Tua nobre presença à lembrança (COLASANTI, Marina. Um espinho de Marfim & outras
A grandeza da pátria nos traz. histórias. Porto Alegre: L&PM, 1999, p. 88 - 89.)
(trecho do Hino à Bandeira – letra de Olavo Bilac
música de Francisco Braga)

Glossário:
1
Pendão – bandeira, flâmula
2
Augusto – nobre
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devagar e de repente dar um galope na correnteza,


4. (Epcar (Afa) 2019) Assinale a alternativa que passando rente às pedras, como se a canoa fosse um
apresenta uma análise morfossintática correta. cavalo solto. Ou nadar mar afora até não poder mais e
a) Em “...um ou outro olhar viril se acendia à depois virar e ficar olhando as nuvens brancas. Bem
passagem dela...”, a crase obrigatoriamente deixará pouca coisa eu sei; os outros meninos riram de mim
de existir caso o pronome “se” seja retirado da porque cortei uma iba de assa-peixe. Lembro-me que
estrutura, sem mudança de sentido. vi o ladrão morrer afogado com os soldados de canoa
b) Em “À noite tirou do bolso uma rosa de cetim para dando tiros, e havia uma mulher do outro lado do rio
enfeitar-lhe o que restava dos cabelos.”, a gritando.
expressão “de cetim” e o pronome “lhe” possuem a Mas como eu poderia, mulher estranha, convertê-la
mesma classificação sintática. em menina para subir comigo pela capoeira? Uma vez
c) Em “...sua beleza chamava a atenção, e ele foi vi uma urutu junto de um tronco queimado; e me
obrigado a exigir que eliminasse os decotes...”, a lembro de muitas meninas. Tinha uma que para mim
vírgula é obrigatória para separar duas orações uma adoração. Ah, paixão da infância, paixão que não
coordenadas. amarga. Assim eu queria gostar de você, mulher
d) Em “...permitindo que fluísse em silêncio pelos estranha que ora venho conhecer, homem maduro.
cômodos...”, todos os acentos tônicos se justificam Homem maduro, ido e vivido; mas quando a olhei,
pela mesma regra. você estava distraída, meus olhos eram outra vez
daquele menino feio do segundo ano primário que
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: quase não tinha coragem de olhar a menina um pouco
Passeio à Infância mais alta da ponta direita do banco.
Adoração de infância. Ao menos você conhece um
Primeiro vamos lá embaixo no córrego; pegaremos passarinho chamado saíra? É um passarinho miúdo:
dois pequenos carás dourados. E como faz calor, veja, imagine uma saíra grande que de súbito aparecesse a
os lagostins saem da toca. Quer ir de batelão, na ilha, um menino que só tivesse visto coleiros e curiós, ou
comer ingás? Ou vamos ficar bestando nessa areia pobres cambaxirras. Imagine um arco-íris visto na
onde o sol dourado atravessa a água rasa? Não mais remota infância, sobre os morros e o rio. O
catemos pedrinhas redondas para atiradeira, porque é menino da roça que pela primeira vez vê as algas do
urgente subir no morro; os sanhaços estão bicando os mar se balançando sob a onda clara, junto da pedra.
cajus maduros. É janeiro, grande mês de janeiro! Ardente da mais pura paixão de beleza é a
Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado adoração da infância. Na minha adolescência você
do morro e descer escorregando no capim até a beira seria uma tortura. Quero levá-la para a meninice. Bem
do açude. Com dois paus de pita, faremos uma balsa, pouca coisa eu sei; uma vez na fazenda rira: ele não
e, como o carnaval é só no mês que vem, vamos sabe nem passar um barbicacho! Mas o que sei lhe
apanhar tabatinga para fazer formas de máscaras. Ou ensino; são pequenas coisas do mato e da água, são
então vamos jogar bola-preta: do outro lado do jardim humildes coisas, e você é tão bela e estranha!
tem um pé de saboneteira. Inutilmente tento convertê-la em menina de pernas
Se quiser, vamos. Converta-se, bela mulher magras, o joelho ralado, um pouco de lama seca do
estranha, numa simples menina de pernas magras e brejo no meio dos dedos dos pés.
vamos passear nessa infância de uma terra longe. É Linda como a areia que a onda ondeou. Saíra
verdade que jamais comeu angu de fundo de panela? grande! Na adolescência e torturaria; mas sou um
Bem pouca coisa eu sei: mas tudo que sei lhe homem maduro. Ainda assim às vezes é como um
ensino. Estaremos debaixo da goiabeira; eu cortarei bando de sanhaços bicando os cajus de meu cajueiro,
uma forquilha com o canivete. Mas não consigo um cardume de peixes dourados avançando, saltando
imaginá-la assim; talvez se na praia ainda houver ao sol, na piracema; um bambual com sombra fria,
pitangueiras... Havia pitangueiras na praia? Tenho onde ouvi um silvo de cobra, e eu quisera tanto
uma ideia vaga de pitangueiras junto à praia. Iremos dormir. Tanto dormir! Preciso de um sossego de beira
catar conchas cor-de-rosa e búzios crespos, ou armar de rio, com remanso, com cigarras. Mas você é como
o alçapão junto do brejo para pegar papa-capim. se houvesse demasiadas cigarras cantando numa
Quer? Agora devem ser três horas da tarde, as pobre tarde de homem.
galinhas lá fora estão cacarejando de sono, você gosta
de fruta-pão assada com manteiga? Eu lhe vou aipim Julho, 1945
ainda quente com melado. Talvez você fosse como
aquela menina rica, de fora, que achou horrível nosso Crônica extraída do livro 200 crônicas escolhidas, de
pobre doce de abóbora e coco. Rubem Braga
Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na
sombra fria do bambual; ali pescarei piaus. Há
rolinhas. Ou então ir descendo o rio numa canoa bem
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religião. “O mundo agora é estável”, diz um líder


5. (Efomm 2019) A possibilidade da presença de um civilizado. “As pessoas são felizes, têm o que desejam
acento grave ocorre na opção: e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se
a) Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado bem, estão em segurança; nunca adoecem; 8não têm
do morro e descer escorregando no capim até a medo da morte; vivem na ditosa ignorância da paixão
beira do açude. e da velhice; não se acham sobrecarregadas de pais e
b) Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra mães; 9não têm esposas, nem filhos, nem amantes por
fria do bambual; ali pescarei piaus. quem possam sofrer emoções violentas; são
c) Ou nadar mar afora até não poder mais e depois condicionadas de tal modo que praticamente não
virar e ficar olhando as nuvens brancas. podem deixar de se portar como devem. E se, por
d) (...) olhos daquele menino feio do segundo ano acaso, alguma coisa andar mal, há o soma.”
primário que quase não tinha coragem de olhar a 10
Para chegar à estabilidade absoluta, foi
menina um pouco mais alta da ponta direita do necessário abrir mão da arte e da ciência. “A felicidade
banco. universal mantém as engrenagens em funcionamento
e) O menino da roça que pela primeira vez vê as algas regular; a verdade e a beleza são incapazes de fazê-
do mar se balançando sob a onda clara, junto da lo”, diz o líder. “Cada vez que as massas tomavam o
pedra. poder público, era a felicidade, mais que a verdade e a
beleza, o que importava.” A verdade é considerada
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: uma ameaça; a ciência e a arte, perigos públicos. Mas
MAIS QUE ORWELL, HUXLEY PREVIU NOSSO não é necessário esforço totalitário para controlá-las.
TEMPO Todos aceitam de bom grado, fazem “qualquer
Hélio Gurovitz sacrifício em troca de uma vida sossegada” e de sua
dose diária de soma. “Não foi muito bom para a
Publicado em 1948, o livro 1984, de George verdade, sem dúvida. Mas foi excelente para a
Orwell, saltou para o topo da lista dos mais vendidos felicidade.”
(...) 1A distopia de Orwel, mesmo situada no futuro, No universo de Orwell, a população é
tinha um endereço certo em seu tempo: o stalinismo. controlada pela dor. No de Huxley, pelo prazer. “Orwell
(...) 2O mundo da “pós-verdade”, dos “fatos temia que nossa ruína seria causada pelo que
alternativos” e da anestesia intelectual nas redes odiamos. Huxley, pelo que amamos”, escreve
sociais mais parece outra distopia, publicada em 1932: Postman. Só precisa haver censura, diz ele, se os
Admirável mundo novo, de Aldous Huxley. tiranos acreditam que o público sabe a diferença entre
3
Não se trata de uma tese nova. Ela foi discurso sério e entretenimento. (...) O alvo de
levantada pela primeira vez em 1985, num livreto do Postman, em seu tempo, era a televisão, que ele
teórico da comunicação americano Neil Postman: julgava ter imposto uma cultura fragmentada e
Amusing ourselves to death (4Nos divertindo até superficial, incapaz de manter com a verdade a relação
morrer), relembrado por seu filho Andrew em artigo reflexiva e racional da palavra impressa. 11O
recente no The Guardian. “Na visão de Huxley, não é computador só engatinhava, e Postman mal poderia
necessário nenhum Grande Irmão para despojar a prever como celulares, tablets e redes sociais se
população de autonomia, maturidade ou história”, tornariam – bem mais que a TV – o soma
escreveu Postman. “Ela acabaria amando sua contemporâneo. Mas suas palavras foram prescientes:
opressão, adorando as tecnologias que destroem sua “O que afligia a população em Admirável mundo novo
capacidade de pensar. Orwell temia aqueles que não é que estivessem rindo em vez de pensar, mas
proibiriam os livros. Huxley temia que não haveria que não sabiam do que estavam rindo, nem tinham
motivo para proibir um livro, pois não haveria ninguém parado de pensar”.
que quisesse lê-los. Orwell temia aqueles que nos
privariam de informação. Huxley, aqueles que nos Adaptado, Revista Época nº 973 – 13 de fevereiro de
dariam tanta que seríamos reduzidos à passividade e 2017, p. 67.
ao egoísmo. 5Orwell temia que a verdade fosse
escondida de nós. Huxley, que fosse afogada num mar
de irrelevância.” Distopia = Pensamento, filosofia ou processo
6
No futuro pintado por Huxley, (...) não há discursivo caracterizado pelo totalitarismo,
mães, pais ou casamentos. O sexo é livre. A diversão autoritarismo e opressivo controle da sociedade,
está disponível na forma de jogos esportivos, cinema representando a antítese de utopia. (BECHARA, E.
multissensorial e de uma droga que garante o bem- Dicionário da língua portuguesa. 1ª ed. Rio de Janeiro:
estar sem efeito colateral: o soma. Restaram na Terra Editora Nova Fronteira, 2011, p. 533).
dez áreas civilizadas e uns poucos territórios
selvagens, onde 7grupos nativos ainda preservam
costumes e tradições primitivos, como família ou
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que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava


6. (Epcar (Afa) 2018) Assinale a alternativa em que o que não tinha valor e achei que era perder tempo.
aspecto gramatical analisado está correto. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as
a) Em “Para chegar à estabilidade absoluta...” (ref. pessoas que eu conheço com mais atenção. Quero
10), se acrescentado o pronome possessivo sua enviar sorriso amavel as crianças e aos operarios.
antes da palavra estabilidade, a obrigatoriedade do ...Recebi intimação para comparecer as 8 horas da
acento indicativo de crase se desfaz. noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel.
b) Em “stalinismo” e “egoísmo”, o sufixo utilizado nas A noite os meus pés doiam tanto que eu não podia
palavras indica, além da flexão de grau, a noção de andar.
origem, de estado ou qualidade do nome primitivo. Começou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o José
c) Os vocábulos “chegar”, “absoluta”, “ciência” e Carlos. A intimação era para ele. O José Carlos tem 9
“temia” apresentam, respectivamente, dígrafo, anos.
encontro consonantal, hiato e ditongo oral 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos,
crescente. catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas
d) O último período do texto foi apresentado entre ficou sem efeito, porque eu não tenho gordura. Os
aspas para indicar que nele há um erro de meninos estão nervosos por não ter o que comer.
concordância. 6 de MAIO. De manhã não fui buscar agua. Mandei o
João carregar. Eu estava contente. Recebi outra
7. (Eear 2017) Assinale a alternativa em que o intimação. Eu estava inspirada e os versos eram
emprego do acento grave, indicador de crase, está bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas
correto. quando eu recordei do convite do ilustre tenente da
a) Peça desculpas à seu mestre. 12ª Delegacia.
b) Atribuiu o insucesso à má sorte. ...o que eu aviso aos pretendentes a política, é que o
c) Quando a festa acabou, voltamos à casa felizes. povo não tolera a fome. É preciso conhecer a fome
d) Daqui à quatro meses muita coisa terá mudado. para saber descrevê-la.
Estão construindo um circo aqui na Rua Araguaia,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Circo Theatro Nilo.
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a 9 de MAIO. Eu cato papel, mas não gosto. Então eu
seguir. penso: Faz de conta que estou sonhando.
10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente.
“[...] Alguns leitores ao lerem estas frases (poesia Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era tão
citada) não compreenderam logo. Creio mesmo que é amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira
impossível compreender inteiramente à primeira leitura intimação.
pensamentos assim esquematizados sem uma certa (...) O Tenente interessou-se pela educação dos meus
prática.” filhos. Disse-me que a favela é um ambiente propenso,
Mário de Andrade – Artista que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do
que tornar-se util a patria e ao país. Pensei: se ele
sabe disso, porque não faz um relatorio e envia para
8. (Esc. Naval 2017) Assinale a opção em que o termo os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o
destacado deve ser acentuado, conforme ocorre na Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou
expressão “à primeira leitura”. uma pobre lixeira. Não posso resolver nem as minhas
a) Veio, finalmente, a primeira vitória de sua carreira. dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma
b) Conheceram-se numa biblioteca: foi amor a pessoa que já passou fome. A fome tambem é
primeira vista. professora. Quem passa fome aprende a pensar no
c) Não será a primeira e nem a segunda leitura que o proximo e nas crianças.
convencerá. 11 de MAIO. Dia das mães. O céu está azul e branco.
d) Foi a primeira vez que viajei a Portugal, e já quero Parece que até a natureza quer homenagear as mães
retornar. que atualmente se sentem infeliz por não realizar os
e) Não peça informações a qualquer primeira pessoa desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje
que encontrar. não vai chover. Hoje é o nosso dia. (...) A D. Teresinha
veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o
Quarto de Despejo dinheiro para comprar pão amanhã, porque eu só
tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da
“O grito da favela que tocou a consciência do cabeça de um porco no frigorifico. Comemos a carne e
mundo inteiro” guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as
batatas. Os meus filhos estão sempre com fome.
2 de MAIO de 1958. Eu não sou indolente. Há tempos Quando eles passam muita fome eles não são
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exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


As estrelas estão ocultas. O barraco está cheio de FELICIDADE CLANDESTINA
pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e Clarice Lispector
passar pelas paredes. É assim que os favelados matam
mosquitos.
13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. É um dia Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos
simpatico para mim. É o dia da Abolição. Dia que excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um
comemoramos a libertação dos escravos. Nas prisões busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos
os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois
agora são mais cultos. E não nos trata com desprezo. bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas
Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam possuía o que qualquer criança devoradora de histórias
feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho só feijão e gostaria de ter: um pai dono de livraria.
sal. A chuva está forte. Mesmo assim, mandei os Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até
meninos para a escola. Estou escrevendo até passar a para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho
chuva para mim ir lá no Senhor Manuel vender os barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal
ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do
linguiça. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes
tenho dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisas de mais do que vistas. Atrás escrevia com letra
comer eles brada: Viva a mamãe!. A manifestação bordadíssima palavras como “data natalícia” e
agrada-me. Mas eu já perdi o habito de sorrir. Dez “saudade”.
minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Mas que talento tinha para a crueldade. Ela
João pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. toda era pura vingança, chupando balas com barulho.
Mandei-lhe um bilhete assim: Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos
“Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouquinho imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de
de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o
choveu e não pude catar papel. Agradeço. Carolina” seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as
(...) Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no humilhações a que ela me submetia: continuava a
inverno a gente come mais. A Vera começou a pedir implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetaculo. Até que veio para ela o magno dia de começar
Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como
pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um casualmente, informou-me que possuía As reinações
pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e de Narizinho, de Monteiro Lobato.
arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro
E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-
escravatura atual – a fome! o. E completamente acima de minhas posses. Disse-
me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e
(DE JESUS, Carolina Maria. Quarto de Despejo.) que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na
própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava
9. (Epcar (Afa) 2016) Quanto ao uso da crase, devagar num mar suave, as ondas me levavam e me
percebe-se pela escrita de Carolina Maria de Jesus, traziam.
que, nos trechos destacados abaixo, ela não foi No dia seguinte fui à sua casa, literalmente
utilizada, infringindo, dessa forma, a regra gramatical. correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e
Assinale a opção em que a crase NÃO deveria ocorrer sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem
obrigatoriamente. para meus olhos, disse-me que havia emprestado o
a) “Quero enviar sorriso amavel as crianças e aos livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte
operarios.” para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve
b) “...o que eu aviso aos pretendentes a política, é que a esperança de novo me tomava toda e eu
o povo não tolera a fome.” recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu
c) “A noite os meus pés doiam tanto que eu não podia modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa
andar...” vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia
d) “Eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a
a Dona Ida.” minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava,
andei pulando pelas ruas como sempre e não caí
nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano
secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e
diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua
casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir
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a resposta calma: o livro ainda não estava felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece
em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar...
sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha
drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu delicada.
coração batendo. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase
Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não puríssimo. Não era mais uma menina com um livro:
escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a era uma mulher com o seu amante.
adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às
vezes adivinho. Mas, adivinhando-me mesmo, às vezes Com base no texto acima, responda à(s)
aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja questão(ões) a seguir.
precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa,
sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o 10. (Efomm 2016) Uma situação de crase
livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio FACULTATIVA aparece na opção:
de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. a) (...) lá estava eu à porta de sua casa (...)
E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se b) Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem
cavando sob os meus olhos espantados. de tarde (...)
Até que um dia, quando eu estava à porta de c) (...) perversidade de sua filha desconhecida e a
sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, menina loura em pé à porta (...)
apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a d) Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia
aparição muda e diária daquela menina à porta de sua sequer.
casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma e) Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia
confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco emprestado o livro a outra menina (...)
elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho
o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões) a
surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de seguir.
casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a Laivos de memória
descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta
horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em “... e quando tiverem chegado, vitoriosamente,
silêncio: a potência de perversidade de sua filha ao fim dessa primeira etapa,
desconhecida e a menina loura em pé à porta, mais ainda se convencerão de que
exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, abraçaram uma carreira difícil,
finalmente se refazendo, disse firme e calma para a árdua, cheia de sacrifícios,
filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mas útil, nobre e, sobretudo bela.”
mim: “E você fica com o livro por quanto tempo
quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: (NOSSA VOGA, Escola Naval, Ilha de Villegagnon,
“pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma 1964)
pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de
querer. Há quase 50 anos, experimentei um misto de
Como contar o que se seguiu? Eu estava angústia, tristeza e ansiedade que meu jovem coração
estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que de adolescente soube suportar com bravura.
eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí Naquela ocasião, despedia-me dos amigos de
pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei infância e da família e deixava para trás bucólica
que segurava o livro grosso com as duas mãos, cidadezinha da região serrana fluminense. A motivação
comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até que me levava a abandonar gentes e coisas tão caras
chegar em casa, também pouco importa. Meu peito era, naquele momento, suficientemente forte para
estava quente, meu coração pensativo. respaldar a decisão tomada de dar novos rumos à
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia minha vida. Meu mundo de então se tornara pequeno
que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. demais para as minhas aspirações. Meus desejos e
Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, sonhos projetavam horizontes que iam muito além das
fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda montanhas que circundam minha terra natal.
mais indo comer pão com manteiga, fingi que não Como resistir à sedução e ao fascínio que a
sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por vida no mar desperta nos corações dos jovens?
alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades Havia, portanto, uma convicção: aquelas
para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A despedidas, ainda que dolorosas – e despedidas são
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sempre dolorosas – não seriam ansiedade tomou conta do coração, agora do jovem
certamente em vão. Não tinha dúvidas de que os Tenente, ao se apresentar para servir a bordo de um
sonhos que acalentavam meu coração pouco a pouco navio de nossa Esquadra. Após proveitosos, mas
iriam se converter em realidade. descontraídos estágios de instrução como Aspirante e
Em março de 1962, desembarcávamos do Guarda-Marinha, quando as responsabilidades eram
Aviso Rio das Contas na ponte de atracação do Colégio restritas a compromissos curriculares, as platinas de
Naval, como integrantes de mais uma Turma desse Oficial começariam, finalmente, a pesar forte em
tradicional estabelecimento de ensino da Marinha do nossos ombros. Sobre essa transição do status de
Brasil. Guarda-Marinha para Tenente, o notável escritor-
Ainda que a ansiedade persistisse oprimindo o marinheiro Gastão Penalva escrevera com muita
peito dos novos e orgulhosos Alunos do Colégio Naval, propriedade: “... é a fase inesquecível de nosso ofício.
não posso negar que a tristeza, que antes havia Coincide exatamente com a adolescência, primavera
ocupado espaço em nossos corações, era naquele da vida. Tudo são flores e ilusões... Depois começam a
momento substituída pelo contentamento peculiar dos despontar as responsabilidades, as agruras de novos
vitoriosos. E o sentimento de perda, experimentado cargos, o acúmulo de deveres novos”.
por ocasião das despedidas, provara-se equivocado: às E esses novos cargos e deveres novos, que
nossas caras famílias de origem agregava-se uma foram se multiplicando a bordo de velhos e saudosos
nova, a Família Naval, composta pelos recém-chegados navios, deixariam agradáveis e duradouras lembranças
companheiros; e às respectivas cidades de em nossa memória. Com o passar dos tempos,
nascimento, como a minha bucólica Bom Jardim, inúmeros Conveses e Praça d’ Armas, hoje saudosas,
juntava-se, naquele instante, a bela e graciosa foram se incorporando ao acervo profissional-afetivo
enseada Batista das Neves em Angra dos Reis, como de cada um dos integrantes daquela Turma de
mais tarde se agregaria à histórica Villegagnon em Guardas-Marinha de 1967.
meio à sublime baía de Guanabara. Ah! Como é gratificante, ainda que
Ao todo foram seis anos de companheirismo e melancólico, repassar tantas lembranças, tantos
feliz convivência, tanto no Colégio como na Escola termos expressivos, tanta gíria maruja, tantas
Naval. Seis anos de aprendizagem científica, tradições, fainas e eventos tão intensamente vividos a
humanística e, sobretudo, militar-naval. Seis anos bordo de inesquecíveis e saudosos navios...
entremeados de aulas, festivais de provas, práticas E as viagens foram se multiplicando ao longo
esportivas, remo, vela, cabo de guerra, navegação, de bem aproveitados anos de embarque, de centenas
marinharia, ordem-unida, atividades extraclasses, de dias de mar e de milhares de milhas navegadas em
recreativas, culturais e sociais, que deixaram marcas alto mar, singrando as extensas massas líquidas que
indeléveis. formam os grandes oceanos, ou ao longo das águas
Estes e tantos outros símbolos, objetos e costeiras que banham os recortados litorais, com
acontecimentos passados desfilam hoje, deliciosa e passagens, visitas e arribadas em um sem-número de
inexoravelmente distantes, em meio a saudosos enseadas, baías, barras, angras, estreitos, furos e
devaneios. canais espalhados pelos quatro cantos do mundo,
Ainda como alunos do Colégio Naval, os percorridos nem sempre com mares bonançosos e
contatos preliminares com a vida de bordo e as ventos tranquilos e favoráveis.
primeiras idas para o mar – a razão de ser da carreira Inúmeros foram também os portos e cidades
naval. visitadas, não só no Brasil como no exterior, o que
Como Aspirantes, derrotas mais longas e as sempre nos proporciona inestimáveis e valiosos
primeiras descobertas: Santos, Salvador, Recife e conhecimentos, principalmente graças ao contato com
Fortaleza! povos diferentes e até mesmo de culturas exóticas e
Fechando o ciclo das Viagens de Instrução, o hábitos às vezes totalmente diversos dos nossos, como
tão sonhado embarque no Navio-Escola. Viagem os ribeirinhos amazonenses ou os criadores de
maravilhosa! Nós, da Turma Míguens, Guardas- serpentes da antiga Taprobana, ex-Ceilão e hoje Sri
Marinha de 1967, tivemos a oportunidade ímpar e rara Lanka.
de participar de um cruzeiro ao redor do mundo em Como foi fascinante e delicioso navegar por
1968: a Quinta Circum-navegação da Marinha todos esses cantos. Cada novo mar percorrido, cada
Brasileira. nova enseada, estreito ou porto visitado tinha sempre
Após o regresso, as platinas de Segundo- um gosto especial de descoberta... Sim, pois, como
Tenente, o primeiro embarque efetivo e o verdadeiro dizia Câmara Cascudo, “o mar não guarda os vestígios
início da vida profissional – no meu caso, a bordo do das quilhas que o atravessam. Cada marinheiro tem a
cruzador Tamandaré, o inesquecível C-12. Era a ilusão cordial do descobrimento”.
inevitável separação da Turma do CN-62/63 e da EM- (CÉSAR, CMG (RM1) William Carmo. Laivos de
64/67. memória. In: Revista de Villegagnon, Ano IV, nº 4,
Novamente um misto de satisfação e 2009. p. 42-50. Texto adaptado)
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LISTA 08 – CRASE
PROF. MARCOS SIQUEIRA

Globo; p.60 – adaptado)


11. (Esc. Naval 2016) Assinale a opção em que o uso
do acento grave, indicativo de crase, é facultativo.
a) “[...] novos rumos à minha vida.” (2º parágrafo) 12. (Epcar (Afa) 2015) Assinale a alternativa correta
b) “[...] resistir à sedução e ao fascínio [...].” (3º no que diz respeito ao uso ou não do acento indicativo
parágrafo) de crase.
c) “[...] às nossas caras famílias de origem [...].” (6º a) As conquistas originam às novas e ainda mais
parágrafo) audaciosas aspirações.
d) “[...] às respectivas cidades de nascimento [...]” (6º b) Marcelli aspirava a carreira de piloto desde criança.
parágrafo) c) Algumas almejaram àquele limite e alcançaram-no.
e) “[...] às vezes totalmente diversos [...].” (17º d) Assistir a paradas militares era a diversão preferida
parágrafo) de Marcelli na infância.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


ELAS QUEREM O TOPO Minha amiga me pergunta: por que você fala
sempre nas coisas que acontecem a primeira vez e,
(Marcela Buscato) sobretudo, as comparar com a primeira vez que você
viu o mar? Me lembro dessa cena: um adolescente
O sucesso de algumas mulheres pioneiras em áreas chegando ao Rio e o irmão lhe prevenindo: “Amanhã
dominadas pelos homens mostra que elas podem vou te apresentar o mar.” Isto soava assim: amanhã
chegar lá - e revela como isso anda difícil. vou te levar ao outro lado do mundo, amanhã te
ofereço a Lua. Amanhã você já não será o mesmo
O passeio preferido da brasiliense Neiriane homem.
Marcelli da Silva Costa, quando criança, era E a cena continuou: resguardado pelo irmão
acompanhar seu pai, suboficial da Força Aérea mais velho, que se assentou no banco do calçadão, o
Brasileira (FAB), nos desfiles militares. Ela gostava de adolescente, ousado e indefeso, caminha na areia para
observar os aviões no céu e sonhava em estar um dia o primeiro encontro com o mar. Ele não pisava na
no lugar dos pilotos. 1“Eu me desiludia ao pensar que areia. Era um oásis a caminhar. Ele não estava mais
nunca poderia realizar meu sonho, porque apenas em Minas, mas andava num campo de tulipas na
homens pilotavam aviões militares”, diz Marcelli, hoje Holanda. O mar a primeira vez não é um rito que deixe
com 28 anos. Até o dia em que oficiais da FAB foram um homem impune. Algo nele vai-se aprofundar.
ao colégio dela para contar uma novidade: 2a partir E o irmão lá atrás, respeitoso, era a sentinela, o
daquele ano, 2002, as meninas também poderiam se sacerdote que deixa o iniciante no limiar do sagrado,
inscrever no curso de oficiais aviadores. Marcelli se sabendo que dali para a frente o outro terá que,
formou cinco anos depois na Academia da Força Aérea sozinho, enfrentar o dragão. E o dragão lá vinha
(AFA), integrou um esquadrão em Belém, no Pará, e soltando pelas narinas as ondas verdes de verão. E o
hoje ensina os cadetes da AFA, em Pirassununga, pequeno cavaleiro, destemido e intimidado, tomou de
interior de São Paulo. O ambiente, dominado por uma espada ou pedaço de pau qualquer para enfrentar
homens, nunca a intimidou. 3“Não pensei se faria a hidra que ondeava mil cabeças, e convertendo a
alguma diferença ser mulher. 4Era o que queria fazer.” arma em caneta ou lápis começou a escrever na areia
A tenente Marcelli faz parte de uma geração um texto que não terminará jamais. Que é assim o ato
de mulheres criadas para pensar que o limite para elas de escrever: mais que um modo de se postar diante do
é o mesmo que para os homens: o céu. Algumas mar, é uma forma de domar as vagas do presente
alcançaram essa fronteira literalmente, como Marcelli. convertendo-o num cristal passado.
Outras, no sentido figurado. Nunca as mulheres Não, não enchi a garrafinha de água salgada
chegaram tão longe: à Presidência da República ou da para mostrar aos vizinhos tímidos retidos nas
Petrobrás, a maior empresa do país. As conquistas, montanhas, e fiz mal, porque muitos morreram sem
como sempre, dão origem a novas e ainda mais jamais terem visto o mar que eu lhes trazia. Mas levei
ambiciosas aspirações. As mulheres querem as conchas, é verdade, que na mesa interior
permanecer na liderança e avançar em muitas áreas. marulhavam lembranças de um luminoso encontro de
Elas conquistaram um território dominado pelos amor com o mar.
homens. Contaram com mudanças na sociedade (que Certa vez, adolescente ainda nas montanhas, li
permitiu mulheres oficiais aviadoras) e com alta dose urna crônica onde um leitor de Goiás pedia à cronista
de determinação pessoal. 5Suas histórias contêm lições que lhe explicasse, enfim, o que era o mar. Fiquei
para outras desbravadoras – e para os homens perplexo. Não sabia que o mar fosse algo que se
também. (...) explicasse. Nem me lembro da descrição. Me lembro
apenas da pergunta. Evidentemente eu não estava
(Época, número 823, 10 de março de 2014. Editora pronto para a resposta. A resposta era o mar. E o mar
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LISTA 08 – CRASE
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eu conheci, quando pela primeira vez d) à – à – as – às – à – a – a


aprendi que a vida não é a arte de responder, mas a e) a – a – as – às – a – à – a
possibilidade de perguntar.
Os cariocas vão achar estranho, mas eu devo
lhes revelar: o carioca, com esse modo natural de ir à
praia, desvaloriza o mar. Ele vai ao mar com a sem-
cerimônia que o mineiro vai ao quintal. E o mar é mais
que horta e quintal. É quando atrás do verde-azul do
instante o desejo se alucina num cardume de flores no
jardim. O mar é isso: é quando os vagalhões da noite
se arrebentam na aurora do sim.
Ver o mar a primeira vez, lhes digo, é quando
Guimarães Rosa pela vez primeira, por nós, viu o
sertão. Ver o mar a primeira vez é quase abrir o
primeiro consultório, fazer a primeira operação. Ver o
mar a primeira vez é comprar pela primeira vez uma
casa nas montanhas: que surpresas ondearão entre a
lareira e a mesa de vinhos e queijos!
O mar é o mestre da primeira vez e não para
de ondear suas lições. Nenhuma onda é a mesma
onda. Nenhum peixe o mesmo peixe. Nenhuma tarde a
mesma tarde. O mar é um morrer sucessivo e um viver
permanente. Ele se desfolha em ondas e não para de
brotar. A contemplá-lo ao mesmo tempo sou jovem e
envelheço.
O mar é recomeço.

(SANT’ANNA, Affonso Romano de. O mar, a


primeira vez. In:_____. Fizemos bem em resistir:
crônicas selecionadas. Rio de Janeiro: Rocco,1994,
p.50-52. Texto adaptado.)

13. (Esc. Naval 2014) No trecho “[...] o carioca, com


esse modo natural de ir à praia, desvaloriza o mar.”
(6º parágrafo), há um exemplo do uso do acento
grave, indicativo de crase. Em que opção o acento
grave está corretamente empregado, de acordo com a
norma padrão?
a) Para conhecer o mar, foi à pé até Copacabana.
b) É uma grande alegria comparecer à esta festa na
praia.
c) Sempre desejou mostrar o mar às suas queridas
irmãs.
d) Quando voltava da escola, viu às amigas na praia.
e) Tinha um importante trabalho à concluir antes de
velejar.

14. (Espcex (Aman) 2013) Assinale a alternativa que


completa corretamente as lacunas da frase abaixo.

Quando se aproximava ___ tarde, logo depois do


almoço, ___ moça largava ___ roupas secando, para,
___ cinco, voltar com o ombro entulhado, ___ casa,
direto ___ engoma ___ ferro de carvão.
a) a – a – às – as – a – à – à
b) à – à – às – as – à – a – à
c) a – a – as – às – a – à – à
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[E] Incorreta. O substantivo “foco” não requer uso de


preposição, portanto a redação correta da expressão é
Gabarito: “tem como foco a garantia”.

Resposta da questão 1: Resposta da questão 3:


[A] [A]

[A] Correto. Em “A tristeza dos pescadores do Rio [A] Correto. O verbo “trazer”, posposto, exige a
Doce refere-se à desgraça que ocorreu no local em preposição “a”; logo, seu complemento apresenta
novembro de 2015”, o verbo “referir-se” exige acento indicativo de crase por fundir preposição e
preposição “a”; há acento indicativo de crase pois o artigo feminino.
termo que o complementa é um substantivo [B] Incorreto. “Traz” é a forma conjugada do verbo
feminino. “trazer”.
Em “À empresa responsável foi aplicada a multa”, a [C] Incorreto. O acento indicativo de crase tem
locução verbal “foi aplicada” exige preposição “a”; emprego obrigatório no contexto.
há acento indicativo de crase em seu complemento, [D] Incorreto. Segundo a norma culta, sujeito não
uma vez que se trata do substantivo feminino pode ser acompanhado de acento indicativo de crase,
“empresa”. Já em “a multa” não há ocorrência de uma vez que não apresenta preposição.
crase pois é o sujeito da oração.
Em “No entanto, esta não foi suficiente para Resposta da questão 4:
devolver à natureza o equilíbrio ambiental [B]
aniquilado”, o verbo “devolver” exige preposição
“a”; há acento indicativo de crase pois o termo que [A] INCORRETA. Além de a partícula apassivadora ser
o complementa é um substantivo feminino. essencial para a construção da voz passiva
Finalmente, em “Pouco a pouco esses pescadores sintética, haveria mudança de sentido caso tais
tentam encontrar alternativa sustentável” não há alterações fossem feitas.
ocorrência de acento indicativo de crase, pois a [B] CORRETA. Ambas expressões são adjuntos
expressão é formada por palavras iguais. adnominais.
[C] INCORRETA. A vírgula é obrigatória por separar
Resposta da questão 2: orações coordenadas de sujeitos diferentes.
[C] [D] INCORRETA. Em “fluísse”, trata-se de hiato; em
“silêncio”, o acento tônico se deve à palavra
[A] Incorreta. O verbo “juntar-se” é transitivo indireto, paroxítona terminada em ditongo; finalmente, em
obrigando o emprego de acento indicativo de crase, “cômodo”, o acento tônico ocorre, pois, a palavra é
uma vez que seu complemento é o substantivo proparoxítona.
feminino “Assembleia”: “As nações juntam-se à
Assembleia (...)”. Resposta da questão 5:
[B] Incorreta. A expressão “com vistas a” obrigaria o [A]
emprego de acento indicativo de crase caso o
termo seguinte admitisse a presença de artigo Apenas na frase transcrita em [A] haveria possibilidade
feminino, porém trata-se de um verbo. Segundo a da presença de um acento grave, indicador de junção
norma culta, “criadas com vistas a diminuir”. do artigo definido “a” com a preposição “a”. A
[C] Correta. O verbo “alinhar-se” é transitivo indireto, preposição “até”, quando indica limite ou movimento,
obrigando o emprego de acento indicativo de crase, acompanhando o substantivo com artigo, no caso, “a
porém seu complemento não admite presença de beira”, pode vir ou não seguida da preposição “a”.
artigo feminino: “que a essa tarefa alinhe-se a
participação social”. Vale ressaltar ainda que “a Resposta da questão 6:
participação social” é sujeito do verbo, situação em [A]
que tampouco admite tal acento.
[D] Incorreta. A locução verbal “deve ser O uso da crase é facultativo diante de pronome
acrescentada” requer emprego do acento indicativo possessivo que antecede substantivo.
de crase, de modo que a oração segundo a norma
culta seria “À gestão dos serviços deve ser
acrescentada uma visão (...)”. Já o substantivo Resposta da questão 7:
“direito” obriga emprego do acento indicativo de [B]
crase tal qual está redigido, uma vez que seu
complemento é um substantivo feminino: “direito à O sinal de crase é indicador da contração entre a
cidadania”. preposição “a” e o artigo definido “a”. Na alternativa
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[A], o uso da crase é equivocado, já que


ela não pode ocorrer diante de palavra masculina Resposta da questão 12:
(“seu”). Em [C], quando a palavra “casa” refere-se ao [D]
lar do enunciador, não admite crase, uma vez que não
é acompanhada de artigo definido. Na alternativa [D], [A] O verbo originar é um transitivo direto, logo, as
não há artigo feminino antes de numeral cardinal, palavras femininas que poderão vir a sucedê-lo não
portanto não pode haver a contração formadora de virão com crase.
crase. [B] O verbo aspirar com a ideia de desejo é um
transitivo indireto regido pela preposição a, logo, as
Resposta da questão 8: palavras femininas que poderão vir a sucedê-lo não
[B] virão com crase.
[C] O verbo almejar é um transitivo direto, logo, as
O “a” é acentuado em “à primeira leitura”, pois ele palavras femininas que poderão vir a sucedê-lo não
marca a união do artigo feminino “a”, que antecede virão com crase.
“primeira” e a preposição “a”. A mesma junção deve [D] Correta. Embora o verbo assistir com o sentido de
ocorrer em [B]: temos a preposição “a”, introduzindo o ver seja um transitivo indireto, as palavras femininas
adjunto que indica a forma como foi o amor, unida ao no plural que ainda mantiverem a preposição a no
artigo feminino “a”, que antecede “primeira”. singular não usarão da crase.
Nas alternativas [A], [C] e [D], não há preposição
antecedendo “primeira”, somente o artigo. Na Resposta da questão 13:
alternativa [E], há preposição antecedendo “qualquer”, [C]
mas não há artigo definido feminino, uma vez que
“qualquer” é uma palavra invariável. [A] Não há artigo feminino antes de “pé”, já que este é
um substantivo masculino. Assim, não há crase.
Resposta da questão 9: [B] Não há crase antes de pronomes como “esta”, já
[D] que não há artigo feminino antecedendo-o.
[C] O verbo mostrar é regido pela preposição “a”:
Nas alternativas [A], [B] e [C], o uso da crase é quem mostra, mostra algo a alguém. Assim, temos
obrigatório. Na alternativa [D], é opcional, pois, a junção da preposição com o artigo feminino (que
considerando que a crase é a contração ou fusão de antecede o pronome possessivo feminino “suas”).
duas vogais em uma só (preposição + artigo), a Há crase, portanto.
utilização da preposição em “a Dona Ida” é [D] Não há preposição “a” regendo o verbo “ver” e,
indispensável, mas o artigo, não. assim, não há crase.
[E] Não se pode colocar artigo antes de verbos e,
Resposta da questão 10: assim, não é possível haver crase antes de “concluir”.
[D]
Resposta da questão 14:
Dentre os trechos apresentados, apenas em [D] o [E]
emprego do sinal indicativo de crase é facultativo, uma
vez que antecede pronome possessivo. O acento grave assinala a contração da preposição “a”
com o seu determinante quando este se inicia com a
Resposta da questão 11: mesma letra. Na primeira e segunda ocorrências, é
[A] improcedente o uso de preposição, pois o artigo é
adjunto adnominal do sujeito: “a tarde” e “a moça”,
O emprego de acento grave, indicativo de crase, é respectivamente. Na terceira, o termo verbal “largava”
facultativo quando antecede pronome possessivo apresenta transitividade direta, o que dispensa
feminino, o que ocorre nas alternativas [A] e [C]. preposição também. As expressões adverbiais “à
Porém, na alternativa [C], o restante do período (“E o tarde”, “a ferro de carvão” e “às cinco” diferenciam-se
sentimento de perda, experimentado por ocasião das no que diz respeito ao gênero dos substantivos, por
despedidas, provara-se equivocado: às nossas caras isso seria incorreto usar artigo feminino nos dois
famílias de origem agregava-se uma nova, a Família últimos, mas adequado no primeiro.
Naval, composta pelos recém-chegados
companheiros”) indica a necessidade de se manter o
paralelismo sintático, uma vez que o objeto direto do
verbo “agregar” vem definido por artigo, assim como
seu aposto. Neste caso, o emprego de acento grave,
indicativo de crase, é obrigatório.

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