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Aula 12

Equipamentos de transferência de calor

Equipamentos de transferência de calor são utilizados para permitir que fluidos à diferentes
temperaturas tenham contacto térmico. Normalmente em projetos estes equipamentos são designados
como:

Nome Função
Trocador de Calor Resfria uma corrente de processo enquanto aquece outra corrente
Cooler Resfria uma corrente de processo com água fria ou ar
Heater Aquece uma corrente de processo com vapor d’água ou outro meio de aquecimento
Chiller Resfria uma corrente de processo para temperaturas mais baixas que poderiam ser
encontradas com água fria ou ar ( Ex.: Brine; fluído de refrigeração)

Refervedor ou Reboilers (ou Utilizado para vaporização total ou parcial de um fluído de processo
Calândrias)
Thermosyphon (de circulação Ocorre a movimentação do fluído de processo devido a diferenças de densidade entre
natural) o fluído mais aquecido e o menos aquecido
Circulação Forçada Instalação que prevê somente o fornecimento de calor sensível para o fluído de
processo. O vapor é gerado pelo aquecimento do líquido e subseqüente flash.
Raramente na instalação de circulação forçada o líquido muda de fase no refervedor.
Tipo Kettle Ocorre uma completa ou parcial vaporização da corrente de saída do fluído que está
em uma área de transferência de calor submersa no líquido

Condensadores
Total Condenser Condensa todo o vapor de processo que entra sem (significativo) sub-resfriamento do
condensado.
Partial Condenser Projetados em 2 tipos de unidades: 1ª - Um condensador em que o vapor contendo
uma apreciável quantidade de gases não condensáveis é resfriado com simultânea
condensação de parte deste vapor. O condensado pode ser resfriado bem abaixo da
temperatura em que ele se forma. Este tipo é chamado de “Knock-out ou knock-back
Condenser”. 2° - Também pode ser chamada uma unidade que condensa somente
uma parte do vapor que entra, normalmente contendo pouca quantidade de gases não
condensáveis.
Vent Condenser Normalmente, de uma corrente de não condensáveis, uma pequena quantidade de
vapor é condensado. Os “vent condenser” normalmente são utilizados após um outro
condensador (que remove a maior parte do vapor). Utilizam frequentemente fluídos
de refrigeração para minimizar a quantidade de vapor que pode sair por um “vent”.
Subcooler Um condensador em que o condensado é propositalmente resfriado abaixo de sua
temperatura de saturação.

Vaporizador Um aquecedor em que a corrente de líquido de processo é totalmente ou parcialmente


vaporizada
Superheater Um aquecedor em que o vapor é aquecido acima de sua temperatura de saturação

Steam Generator Um resfriador no qual o calor é removido pela água que entra em ebulição. O vapor
(caldeirinha) dágua gerado é utilizado para aquecimento do processo e geração de energia.

Waste Heat Boiler Um resfriador em que o calor é removido da corrente de processo, gerando vapor d
´água. Waste Heat significa que há uma recuperação de calor que poderia estar
perdido no processo.

Evaporador Um aquecedor em que água é vaporizada de uma corrente de processo.


Evaporadores, algumas vezes removem solventes (diferentes de água) de correntes de
processo.

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Projeto de trocadores

Regras Práticas para Projeto, velocidade:

1-Velocidade no tubo para fluido de processo 3 - 6 ft/s ( 0,9 - 1,8 m/s )


2-Velocidade no tubo para água de refrigeração 6 - 8 ft/s ( 1,8 - 2,5 m/s )
3-Velocidade do líquido no lado do casco 2 - 5 ft/s ( 0,6 - 1,5 m/s )
4-Velocidade do vapor 20 - 250 ft/s ( 6 - 76 m/s ) dependendo da pressão,
alta ou vácuo, e do peso molecular do vapor.

ROTEIRO PARA PROJETOS


1- Balanço de enregia (Q)

2- Cálculo do LMTD e Ft ; R ; S à determina-se nº de passes no casco

3- Estimar o Coeficiente Global de projeto Ud à Ludwig, Kern, Otto Frank

4- Cálculo da Área estimada à ATOTAL = Q/ (Ud Ft LMTD )

5- Escolha da localização dos fluidos (qual passa pelos tubos e qual passa pelo casco)

6- Escolha dos tubos : diâmetro (di, do), BWG, arranjo, Pitch, C’, a’t, a”t e L

7- Nº de tubos por passe Nt’ = 144. At/a’t seguindo os passos:


7.1 – escolher a velocidade v do fluido nos tubos
7.2 – Vazão volumétrica Q’ = wt/(3600  )
7.3 – At = Q’/ v e depois o Nt’

8- Nº de passes n, e nº total de tubos por passe Nt’ :


8.1- ATOTAL = L’ . Nt’. a”t
8.2 – n = L’/ L (adotar um L que resulte em n par mais próximo)
8.3 – Número total de tubos provisório Nt = n Nt’

9- Verificação do diâmetro do casco: é função do nº de tubos, pitch, nº de passos nos tubos

10- Espaçamento B entre chicanas e nº N de chicanas Dcasco/5 < B < Dcasco


10.1 – (N+1) = 12 L/B

11- Projetado o trocador, fazer o RATING (cálculo de hio, ho, U

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Verificar se Rd calculado é maior que Rd necessário (se não for diminuir o U
estimado).

12- Cálculo das perdas de carga no casco e nos tubos

Exemplo 01: Devemos aquecer 115.000 lb/h de álcool etílico ( = 0,78) de 80 até 200 ºF usando vapor a 225 ºF. Rd
igual a 0,002 e um P permitido de 10 psi. Vamos utilizar tubos de 1" de DE, BWG 14 . O “pitch” triangular é
satisfatório para estes fluidos limpos.

1 - Balanço de calor : álcool : Q = 115000 x 0,72 ( 200 - 80 ) = 9.936.000 Btu/h


Vapor d'agua : m = 9.936.000 / 962 = 10.328 lb/h ( H = 962 Btu/lb)

2 - LMTD = (225 - 200) - (225 - 80 )/ ln (25/145) = 68,3ºF


R = 0 / 120 = 0
S = 200 - 80 / (225 – 80) = 0,82  Ft = 1,0 trocador 1 - 2 (um passe no casco)

3 – Estimativa do valor de Ud para achar a área .

Orgânico Leve e vapor U entre 100 e 200 , Ud = 200 (como 1ª tentativa)

4 – Cálculo da área estimada: A = Q / Ud x LMTD  A = 9.936.000 / 200 x 68,3 = 728 ft2

5 - Escolha da localização dos fluidos.


No caso de vapor d'água, este pode ficar tanto no casco como nos tubos, para este trocador o vapor será instalado nos tubos.

6 - Escolha dos tubos.


vamos utilizar 1" BWG 14 , pitch triangular DI = 0,834
a’t (Área por tubo) 0,546 in2
A. externa por ft linear 0,2618 ft2/ft

7 - Cálculo do número de tubos por passe, adotando uma velocidade recomendada.


Vel. de vapor de 20 a 250 ft/s , adotamos v = 136 ft/s
Vazão = 10.328 lb/h , como  = 0,047 lb/ft3 , temos 10.328/0,047 = 219.744 ft3/h ( 61,04 ft3 /s )
Área de escoamento = 61,04/136 = 0,45 ft2 = 64,8 in2
Nº de tubos = AESCOAMENTO/a’t = 64,8 /0,546 = 118 tubos por passe

8 - Comprimento do tubo e nº de passes nos tubos.


A expressão: A externa x L x nº de tubos = A total
0,2618 x L x 118 = 728
L = 23,6 ft
Escolhendo L = 12 ft o comprimento do tubo:
nº passes = 23,6/12 = 1,96 ou seja, o nº par mais próximo = 2 passes nos tubos
Nº total de tubos = 2 x 118 = 236 tubos

9 - Diâmetro do Casco (tabela)


Temos 230 tubos de 1", com Pitch triangular de 1 ¼”: 23 ¼” ( 23,25 in cabem 232 tubos)
0,2618 x 12 x 232 = 728,85 ft²

10 - Número de Chicanas
O espaçamento é: D/5 < Espaçamento < D
5 < B < 23 , podemos escolher B = 7 in
(N+1) = L/D = 12ft (12/7)ft = 20 chicanas

CASCO - Álcool TUBO - Vapor

11 - A = Ds C' B/144 Pt = 23,25 (1,25 – 1,0) x 7/144 x 1,25 11’- At = Nt a' / 144 n

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= 0,226 ft2 = 230 . 0,546/(144 . 2) = 0,436 ft2

12 - G = 115.000/0,226 = 508.850 lb/h ft2 12’ - Gt = 10.328/0,436 = 23688 lb/h ft2

13 - Reynolds 15’ - hio = 1500 Btu / h ft2 ºF


a 140 ºF  = 0,6 cP ( 1,45 lb/ft h)
k = 0,085 Btu/h ft2 ºF/ft
cp = 0,72 Btu /lb ºF
De = 0,72/12 = 0,06
Re = 0,06 x 508.850 / 1,45 = 21.056

14 – Prandtl: ( 0,72 x 1,45 /0,085)1/3 = 2,31

0, 085
e(−0 , 665+0 , 5195 ln( 21056)× ×2 ,31=296Btu/hft 2 ºF
15 - ho = 0, 06

16 - Cálculo do Uc = 1500 x 296 / (1500 + 296 ) = 247 Btu / h ft2 ºF

17 - Cálculo do fator de incrustação Rd = (Uc - Ud) /Uc x Ud = (247 - 200)/(247x200) = 0,0009

O fator de incrustação necessário deveria ser da ordem de 0,002 , como encontramos 0,0009 temos que o Ud adotado é alto
demais, deveríamos esperar aproximadamente:
1/Ud = 1/247 + 0,002 Ud = 165 Btu / h ft2 ºF

2a tentativa: com Ud = 150 Btu / h ft2 ºF

4 – Cálculo da área A = Q / (Ud x LMTD)


A = 9.936.000 / 150 x 68,3 = 970 ft2

7 - Cálculo do número de tubos por passe, adotando uma velocidade recomendada.

Para obter um Ud menor, vamos reduzir a velocidade para 100 ft/s


Área de escoamento = 61,04/100 = 0,61 ft2 = 87,8 in2
Nº de tubos = 87,8 /0,546 = 160 tubos por passe

8 - Comprimento do tubo e nº de passes.


A expressão : A externa x L x nº de tubos = A total
0,2618 x L x 160 = 970
L = 23,1 ft nº passes = 23,1 ft/12 ft = 1,9 ou seja 2 passes nos tubos
Nº total de tubos = 2 x 160 = 320 tubos

9 - Diâmetro do Casco.
Temos 320 tubos de 1", com Pitch triangular de 1 ¼”: 27 in (27 in cabem 334 tubos)

10 - Número de Chicanas
O espaçamento é D/5 < Espaçamento < D , ou seja, 6 < B < 27 , manter 7 in de espassamento.
(N+1) = L/D = 12ft/(7/12)ft = 20 chicanas

CASCO - Álcool TUBO - Vapor

11 - A = Ds C' B/144 Pt = 27 x 0,25 x 7/144 x 1,25 11’ - At = Nt a' / 144 n


= 0,2625 ft2 = 334 x 0,546/144 x 2 = 0,633 ft2

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12 - G = 115.000/0,2625 = 438095 lb/h ft2 12’ - Gt = 10328/0,633 = 16316 lb/h ft2

13 - Reynolds 15’ - hio = 1500 Btu / h ft2 ºF


De = 0,72/12 = 0,06
Re = 0,06 x 438095 / 1,45 = 18.128

14 - Prandtl
( Pr)1/3 = 2,31

0 ,085
e(−0 , 665+0 , 5195 ln( 18. 128)× ×2 ,31=274Btu/hft 2 ºF
15 - ho = 0 ,06
16 - Cálculo do Uc = 1500 x 274 / ( 1500 + 274 ) = 232 Btu / h ft2 ºF

17 - Cálculo do fator de incrustação Rd = (Uc - Ud) /Uc x Ud = (232 - 150)/232x 150 = 0,0023 ok!!!!

Cálculo da perda de carga

CASCO - Álcool TUBO - Vapor


f = 0,01197 (18128)-0,188 = 0,001895 Re = di G = (0,834/12) 16316
 0,0314
P = f G2 Ds (N+1) Re = 36113
5,22 1010 De  f = 0,0029 (36113)-0,2562 = 0,000197

P = 0,001895 (438095)2 (27/12) 21 = 7,0 psi Pt = 1 0,000197 (16316)2 L n


5,22 1010 0,06 0,78 2 5,22 x 1010 (0,00075) (0,834/12)
Pt = 0,23 psi
Pretorno = 0

Exercício 02 – Projetar um trocador para resfriar 6350 lb/h de um produto do fundo de uma coluna de destilação de
176 ºF para 105 ºF utilizando água (de 90ºF para 93 ºF). Usaremos tubos de 3/4” BWG 14 com arranjo triangular
com Pt = 1,0” (rd = 0,002 para produto e 0,001 h ft² ºF/Btu para água)

Estimar um Ud = 47 Btu/h ft² ºF ; velocidade nos tubos de 6,0 ft/s ; B = 2,5 in

Propriedades físicas:
do produto:  = 48,7 lb/ft3 ; Cp = 0,333 Btu/lb ºF ;  = 0,404 cP e k = 0,055 Btu/h ft ºF
e para a água:  = 62,4 lb/ft3 ; Cp = 1,0 Btu/lb ºF ;  = 1,0 cP e k = 0,076 Btu/h ft ºF

Sol.: Q = 150133 Btu/h


LMTD = 39,75 ºF
Ft = 0,973

n = 20 tubos por passe,


LTOTAL = 21,2 ft fazendo L = 20 ft tem-se 1 passe nos tubos temos , trocador 1 – 1 , Ds = 8,071 in e cabem 37 tubos

As = 0,035 ft2 At = 0,037 ft2 para 20 tubos


Para 37 tubos At = 0,0689 ft2
v = 3,2 ft/s
Res = 11279 Ret = 14614
ho = 107 hio = 667
Uc = 92 e Rd = 0,026 ( > 0,003 ok!)

Para a perda de carga:


P casco = 1,77 psi e P tubos = 0,288 + 1,035 = 1,32 psi

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Método correntes de vazamento de Tinker

Escoamento pelo lado do Casco, estudo de correntes

Quando estudamos o casco de um trocador de calor, esperamos que o escoamento seja algo parecido
com a figura abaixo. Todavia devido a dificuldades de construção e tolerâncias, há espaços entre:
 o casco e os baffles.
 os tubos e os baffles
 o feixe de tubos e o casco
Sabemos que estes espaços resultam em escoamento do fluido do lado do casco "vazando" os baffles,
não permitindo que o escoamento se comporte conforme abaixo.

Os bons programas de computador atuais contam com estes vazamentos nos cálculos de transferência
de calor ou Queda de Pressão (Tinker). Para cada tipo de vazamento temos uma LETRA.
- Corrente A , é o vazamento entre o tubo e o baffle (chicana).
- Corrente C , vazamento entre o feixe de tubos e o casco (escoamento para a periferia do feixe de
tubos). Podemos controlar estes vazamentos pela instalação de tiras de selagem.
- Corrente F , vazamento pelo meio dos tubos (escoamento pelas folgas das partições de passe
paralelas ao fluxo).
- Corrente B , é a fração do escoamento pelo lado do casco que escoa cruzando os baffles.
Esta corrente representa a fração da vazão total que passa por todo o feixe de tubos.

Corrente E , é o vazamento entre o baffle e o casco. Este é o pior tipo de vazamento porque o fluido
bypassa todos os tubos, assim resulta em baixa eficiência. Este tipo de vazamento depende do
fabricante e deveria estar dentro das dimensões especificadas pelo TEMA.

Diferentes tipos de correntes :

A corrente de escoamento cruzado B é a mais importante quanto a eficiência do trocador de calor. A


corrente A vem em seguida quanto à eficiência, pois tambem apresenta contacto com os tubos. As
correntes C e F possuem contacto com os tubos parcialmente, enquanto que a corrente E não
apresenta contacto algum. Assim para obtermos um trocador de calor mais eficiente temos :

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B > A > ( C, F ) > E

Logo um projeto de um trocador de calor deve ser feito, aumentando-se a corrente B e diminuindo
as correntes C, F e E.

Testes :
1 - Quando as correntes C e E representam a maior fração da vazão total ?
Isto acontece quando :
a- O vazamento dado pelos fabricantes é grande e não existe um adequado número de tiras de
selagem.
b- O escoamento do lado do casco é laminar.

2 - O vazamento da ___________ está entre os tubos e o baffle .


a- corrente A c- corrente C
b- corrente B d- todas acima

3 - O vazamento da ___________ está entre a parte externa do tubo externo e o casco.


a- corrente A c- corrente C
b- corrente B d- corrente E

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