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Sérgio Santana
Antecedentes
Publicada em 2008, a Estratégia Nacional de Defesa determinou o espaço exterior como um dos
campos decisivos para a Defesa Nacional, descrevendo-o como o ambiente no qual serão
desenvolvidas atividade para enlaces de comunicações por satélites, sensoriamento por meio de
plataformas espaciais e utilização de sistemas de referência para posição, navegação e tempo.
Quatro anos depois, a Portaria n° 224/GC3, de 10 de maio de 2012, aprova a edição da Diretriz
de Implantação do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), que atribui à Comissão
de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA) a incumbência de prestar
todo o apoio técnico, administrativo e de recursos humanos necessários ao pleno funcionamento
da Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE).
Em agosto daquele ano a Portaria EMAER nº 31/3SC3, aprova a edição do PESE e estabelece a
criação de um Centro de Operações Espaciais (COPE) integrado ao Sistema de Defesa
Aeroespacial Brasileiro capaz de exercer o controle do Satélite Geoestacionário de Defesa e
Comunicações (SGDC) e demais satélites e constelações nele previstos.
Esta norma estabeleceu o Núcleo do Centro de Operações Espaciais Principal (NuCOPE-P), com
sede na cidade de Brasília - DF. O órgão, subordinado ao Comando-Geral de Operações Aéreas,
foi constituído com a finalidade de adotar as ações administrativas necessárias à criação e
ativação do Centro de Operações Espaciais Principal (COPE-P) e do Centro de Operações
Espaciais Secundário (COPE-S), e à capacitação dos Recursos Humanos que mobiliarão estes
Centros.
Os dois centros terão como missão controlar e empregar Sistemas Espaciais de interesse do
Ministério da Defesa (MD) para aumentar a efetividade e a eficácia das Forças Armadas, dentre
os quais o já mencionado SGDC cujo lançamento está previsto para o último ano.
Operacionalmente, os Centros abrangem além do Ministério da Defesa, o Ministério das
Telecomunicações (na figura da Telecomunicações Brasileiras S.A., TELEBRAS), a Agência
Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Tal compartilhamento, dentre outros benefícios, possibilitará que a FAB possa desviar seus
satélites de potenciais colisões com o chamado “lixo espacial” e otimizará os recursos humanos e
financeiros ao utilizar soluções já testadas por outros países.
Por outro lado, militares da FAB concluíram em junho de 2014 em Cannes, na França, o curso
avançado do programa de absorção de tecnologia do Satélite Geoestacionário de Defesa e
Comunicações, a primeira etapa de preparação dos militares que devem operar o primeiro satélite
de comunicações militares brasileiro. Ao longo de dez semanas de aulas, os militares
participaram de instruções nos diversos sistemas que envolvem o planejamento, o projeto, a
construção, a operação e a validação de Sistemas Espaciais, abordando tecnologias, sistemas e
gerência de sistemas.
Além da operação de maneira eficaz, eficiente e segura, garantindo o sigilo das informações
trafegadas pelo satélite, a preparação dos militares permite conhecimento para a especificação
da constelação satelital para sensoreamento, previsto para 2018.
A equipe do curso abrangeu, além dos futuros “pilotos satelitais”, integrantes do Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA), do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI) e da
Marinha do Brasil, representantes da AEB e do INPE.
Os Carponis I e II serão lançados entre 2019 e 2031, com ciclo de reposição de seis anos; assim
como os Lessônia I e II; os oito satélites da série Attícora serão lançados a partir de 2019 até
depois de 2032, com um ciclo de reposição de oito anos. Por fim, os dois satélites da série
Calidris também serão lançados no mesmo espaço de tempo, mas terão um ciclo de reposição de
15 anos.
O COPE
O gerenciamento de toda essa rede de satélites caberá ao COPE, cuja estrutura foi planejada
para ser modular e expansível, permitindo o uso compartilhado entre o Ministério da Defesa e a
Telebrás.
As suas edificações são caracterizadas por uma área envidraçada em grande parte, permitindo
amplo uso da iluminação natural e a utilização de fontes de energia limpa, através dos painéis de
captação de energia solar instalados nos tetos de alguns dos prédios do complexo, conforme
previsto no seu projeto preliminar de arquitetura.
Deve-se ressaltar que esta é uma iniciativa pioneira no contexto da América Latina, pois nenhum
outro país da região conta com estrutura semelhante como a que está planejada. Uma vez
concluída colocará o Brasil no seleto clube de nações com uma estrutura militar voltada para a
monitoração do espaço, a exemplo dos já mencionados Estados Unidos, além de Japão, Israel e
Rússia.