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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS


COMUNICAÇÃO SOCIAL – PUBLICIDADE E PROPAGANDA

THIAGO GONÇALVES DE SOUZA

Colorimetria: o impacto da cor nos consumidores contemporâneos

BELÉM
2022
1 INTRODUÇÃO
Com o avanço da tecnologia nos meios de comunicação no século atual, as empresas têm
ao seu dispor infinitas possibilidades para criar propagandas que captem a atenção do seu público-
alvo. Produz-se, assim, um cenário de grande competitividade publicitária, fomentando a
necessidade de inovação entre as instituições nas suas propagandas.
Uma possibilidade de persuadir e chamar a atenção é a utilização da cor como ferramenta
estética e de produção de estímulos, produzindo, assim, uma necessidade de um maior estudo sobre
a teoria das cores e como ela pode ser aplicada na atividade publicitária para produzir impactos
positivos nos consumidores.
De acordo com Caminiti (2017), um estudo verificou que indivíduos expostos a anúncios
coloridos demonstraram atitudes mais favoráveis em relação à propaganda, ao anunciante e à
qualidade por eles percebida nos anúncios quando comparados com anúncios em preto e branco
(LOHSE; ROSEN apud CAMATIN, 2017). Além disso, pode-se afirmar, segundo Lichtlé (apud
CAMATINI, 2017), que a cor dominante utilizada no anúncio afeta diretamente as emoções e as
atitudes de um indivíduo em relação ao próprio anúncio.
Diante destes fatos foi produzida a seguinte pergunta: de que modo a cor impacta nos
indivíduos-consumidores na sociedade contemporânea? Para responder esta pergunta foram
coletados dados de pesquisas de dissertações acadêmicas que utilizaram como objetos de estudo
anúncios e embalagens coloridas e em preto e branco, cartazes de produções cinematográficas e
marcas famosas, que se utilizam da cor como principal ferramenta de criação de identidade. Estes
produtos e dados se tornaram os principais objetos de estudo deste projeto de pesquisa.
Além dos estudos já apontados e da pergunta que surgiu ao lê-los, foi escolhido este tema
para ser trabalhado nesse projeto pelo fato de a teoria das cores ser um fascínio meu, desde antes
do ingresso no ensino superior. Ademais, ao iniciar a pesquisa da pesquisa, percebi que havia um
escasso número de estudos e projetos que abordassem a temática da colorimetria no campo
publicitário, no âmbito nacional e internacional (CAMATINI, 2017), o que apenas aumentou o
desejo de me aprofundar nesse assunto. Desse modo, pretende-se contribuir com os profissionais
da área, se aprofundando de maneira técnica na relação da colorimetria e da publicidade,
provocando também um aumento no senso crítico dos consumidores, a partir de que, ao analisar
os dados deste projeto possam ter noções mais concretas de como a cor na propaganda os impacta
diariamente.
Diante disso, ao final desse projeto tem-se como principal finalidade, alcançar a resposta
da pergunta proposta pelo projeto, contribuir com as pesquisas já existentes com temas
relacionados a colorimetria e agregar conhecimento técnico para o campo publicitário sobre a
teoria das cores.

2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Entender os impactos que a cor em peças publicitárias pode gerar nos consumidores.
2.3 ESPECÍFICOS
1 - Analisar a produção de sensações que a cor pode gerar dependendo da forma como ela
for aplicada em cartazes cinematográficos e embalagens;
2 - Entender a relação das cores com a criação de identidade das marcas devido a sua
utilização contínua;
3 - Discutir a importância do uso das cores em peças publicitárias como ferramenta para
aumento de respostas positivas dos consumidores.

3 JUSTIFICATIVA
No contexto de marketing, a cor também é usada como uma ferramenta para influenciar os
consumidores (LICHTLÉ apud CAMATINI, 2017, p.44), pois representa um meio de
comunicação. Como as palavras, as cores são empregadas como um importante mecanismo para
a identificação de marcas e aperfeiçoamento de suas características e peculiaridades (DIVARD;
URIEN apud CAMATINI, 2017, p.45).
Desse modo, entende-se que a cor empregada no anúncio deve ser escolhida levando-se
em conta diversos fatores e critérios para que, ao ser finalizada e comunicada às grandes massas
de consumidores, seja transmitida a sensação, cause o impacto ou seja realçado o real diferencial,
desejado pelo anunciante. Assim, a cor mostra-se um “fator extremamente importante na
percepção visual” dos indivíduos (HOYER; MACINNIS apud CAMATINI, 2017, p.45) e
representa uma variável relevante a contribuir para um maior entendimento do comportamento do
consumidor (LICHTLÉ apud CAMATINI, 2017, p.45), tendo em vista que traz consigo
significados capazes de influenciar pensamentos, sentimentos e comportamentos (LABRECQUE;
PATRICK; MILNE apud CAMATINI, 2017, p.45).

A criatividade dos homens de marketing é tão grande no seu setor quanto a dos
artistas plásticos, dos escritores ou dos cineastas. Mas, além de conhecer as
orientações do mercado e de medir a sua potencialidade, eles necessitam de um
domínio técnico-teórico bem fundamentado que lhes possibilite uma margem de
precisão e segurança, cuja meta certa é o lucro (FARINA, 2006, p. 117).
Farina (2006, p.117) ainda afirma que “o grau de atenção despertado é, na publicidade e na
promoção de vendas, o requisito básico a ser observado. É sob esse ângulo que podemos começar
a analisar a importância do uso corrente da cor”.
Por fim, não faltam indícios no que diz respeito à relevância das cores, principalmente no
campo da publicidade. Todavia, Panigyrakis e Kyrousi (apud CAMATINI, 2017, p.48) acreditam
que, mesmo diante dos avanços na área de estudos, apenas um singelo progresso foi realizado nos
últimos anos quanto a investigações científicas sobre as cores e, no âmbito do marketing não é
diferente, pois há muito a ser investigado, já que ainda são identificados poucos estudos sobre as
cores (LABRECQUE; PATRICK; MILNE apud CAMATINI, 2017, p.49). Esta necessidade, por
mais pesquisas contributivas para o entendimento sobre a influência da cor no marketing, também
é destacada por Lichtlé (apud CAMATINI, 2017, p.49): para ela, a relação entre a cor e o
comportamento do consumidor mantém-se relativamente inexplorado.
Devido a esta escassez de estudos sobre o tema, mesmo a cor sendo um fator de grande
importância, ainda se vê no campo da publicidade um cenário em que ela é uma variável
manipulada diariamente, entretanto, na maioria dos casos, sua escolha ocorre de maneira altamente
intuitiva ou por gosto pessoal (LICHTLÉ apud CAMATINI, 2017, p.47).
Tendo em vista os fatos já citados, escolhi este tema voltado para o estudo das cores para
ser o norteador deste projeto de pesquisa a fim de agregar aos estudos existentes sobre a temática
e buscando entender os impactos que o uso das cores na publicidade podem exercer sob os
consumidores na contemporaneidade, através da análise e coleta de dados de diversas pesquisas já
realizadas, e, assim, conseguir agregar conhecimento técnico na atividade publicitária sobre
colorimetria para todos os profissionais desta área que lerem este projeto.

4 REVISÃO PRELIMINAR DE LITERATURA


Como já mencionado, a colorimetria é um estudo com poucas pesquisas realizadas,
principalmente na atividade publicitária. Desta forma cria-se a necessidade de busca e apropriação
de pesquisas de áreas diversas fora da comunicação, cenário muito comum nesse ramo
(MARTINO; BERGER; CRAIG, 2007).
Para a realização desta pesquisa foram consultadas, durante o mês de junho de 2022, as
plataformas do Google Acadêmico, BDTD (Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações),
Internet Archive, Base de Dados Científicos da UFPA, Portal Intercom, CAPES e Banco de Dados
PPGCOM. Neles foram encontrados dados e pesquisas de áreas distintas à publicidade, mas que
estavam relacionadas ao tema. Algumas delas foram Administração, Design, Ciências da
Comunicação, Psicologia e Arquitetura. Após a consulta das plataformas, a fim de realizar uma
pesquisa mais específica, foram aplicadas palavras-chaves nas buscas como, cores, neuro
publicidade, neurociência, estudos das cores e colorimetria. Combinadas, resultaram no encontro
de trabalhos que foram posteriormente filtrados e selecionados para estruturarem o presente
projeto de pesquisa. Para que a pesquisa tivesse um caráter atual, foi feito um delineamento
temporal de vinte e dois anos, buscando apropriação de dados e produções que tiveram suas
realizações entre 2000 e 2022. Após a aplicação destes filtros em um primeiro momento foi
analisado nos trabalhos, os títulos, resumos, palavras-chaves, e, posteriormente, introduções,
capítulos específicos que estivessem relacionados de modo profundo ao tema, e em alguns casos
a conclusão, com a finalidade de agilizar o processo de compreensão do trabalho e coleta de dados
relevantes. A partir desse levantamento e leitura, alguns conceitos e temáticas se mostraram
relevantes para fundamentar, estruturar e cumprir os objetivos propostos neste projeto de
pesquisa:

4.1 ANÚNCIOS PRETO E BRANCO VERSUS COLORIDOS


Com base em resultados de estudos que foram já foram realizados a respeito do impacto
das cores na publicidade, foi constatado que anúncios que possuem a presença de cores atraem
mais a atenção do público quando comparados com anúncios em tons de preto e branco
(FERNANDEZ; RONSEN apud CAMATINI, 2017, p.59). Igualmente evocam reações mais
positivas frente aos produtos, segundo consumidores (LOHSE; ROSEN apud CAMATINTI, 2017,
p.59).
Levando em consideração esses estudos, Camatini (2017) decidiu realizar em sua
dissertação de mestrado uma pesquisa que visasse medir a real diferença de impactos que anúncios
coloridos e em preto e branco poderiam ter sob os consumidores. Para realizar este procedimento
a estudante se utilizou de métodos quantitativos, mais especificamente, expôs grupos de
universitários a anúncios coloridos e em preto e branco. Posteriormente responderam a
questionários que tinham o objetivo de analisar a forma como os anúncios os impactaram.
Figura 1 – Anúncios (colorido e preto e branco) mostrados aos participantes da pesquisa

Fonte: Camatini (2017)

Ao final do teste, Camatini (2017) concluiu, com base nos resultados, que as diferenças
entre os impactos causados pelos dois tipos de anúncios não são significativas. Porém, as cores ao
estarem presentes na propaganda tendem a chamar mais atenção, a gerar maior intenção de
comprar e produzir mais reações positivas. De modo geral, ela afirma que a cor em si é apenas
uma ferramenta e precisa estar aliada de outros componentes, como uma marca famosa, uma
embalagem atraente ou artifícios linguísticos, para ter um impacto positivo e significativo nos
consumidores.

4.2 CORES E A SIMULAÇÃO MENTAL INCORPORADA


Ainda em seu projeto, Camatini (2017) realizou mais um teste que explorou se o uso das
cores ou do preto e branco em anúncios, aliados da simulação mental incorporada, trariam
resultados mais significativos, sobre os impactos causados por esta ferramenta nos consumidores.
Neste teste a autora (CAMATINI, 2017) expôs grupos a 2 anúncios, um em que a modelo
carrega um celular na mão esquerda e outro em que a modelo segurava o aparelho na mão direita,
logo após, repetiu o processo mostrando os mesmos anúncios, desta vez intercalando em
propagandas em preto e branco e coloridas.
Figura 2 – Anúncio colorido em mão (esquerda e direita) feminina apresentada aos participantes do teste.

Fonte: Camatini (2017)

Após analisar os resultados, a estudante (CAMATINI, 2017) concluiu que tanto a


simulação mental exercida pelas mãos quanto as cores, ou a falta delas, não teve grandes impactos
e efeitos sob os participantes da pesquisa. Em suma, ela supõe ao final da sua pesquisa que o
possível motivo dessas diferenças de impactos serem pequenas, poderia ser devido a marca do
produto ser desconhecida nos anúncios usados durante os testes. Trazendo a hipótese de que para
a cor se tornar uma arma poderosa na publicidade, ela tenha que estar acompanhada de artifícios
que gerem gatilhos emocionais, conexões e experiências no consumidor, que deverão ir além de
simples recursos estéticos e visuais.

4.3 NEUROCIÊNCIA E O NEUROMARKETING


Kriengelbach e Berridgee (apud COLAFERRO, 2011) trazem a ideia de que a neurociência
é de forma bem sucinta e clara, um método que analisa a forma como o cérebro realiza
determinados processos como memória, sono, aprendizado, motivação e prazer. Além disso,
também dizem que esta ciência estuda como o pensamento é produzido e sua relação com as
decisões e emoções, fornecendo aos seus componentes, suas mensurações e explicações sobre o
comportamento com base nas atividades cerebrais e como elas são afetadas pelo ambiente externo.
Entretanto, de acordo com Xerez (apud COLAFERRO, 2011), não é possível compreender
como funciona a cognição humana em sua totalidade apenas com os fundamentos da neurociência.
Desse modo, é preciso que esta ciência se alie a outros campos, como a psicologia cognitiva, para
que ela se torne eficiente. A partir disto, diversos neurocientistas modernos passaram a nomear
este estudo sobre o funcionamento cerebral como “neurociência cognitiva”, que além da
neurociência, tem suas raízes também na neurologia e na ciência cognitiva. Assim, a área do
marketing tem sido uma das mais recentes aplicações da neurociência cognitiva.
O campo que se utiliza das técnicas da neurociência através da esfera da comunicação e do
marketing passa a ser denominado por muitos autores como neuromarketing. Ele emerge como
um campo cujas respostas neurocognitivas associadas a um estímulo podem ser observadas de
forma inconsciente e, portanto, fora de possíveis erros de respostas ocasionados voluntária ou
involuntariamente. Cenário esse comum em pesquisas realizadas com métodos tradicionais por
profissionais do meio publicitário, como, por exemplo, declarações e opiniões falsas referente a
um produto ou serviço, ou ainda, a falta de exatidão dada pela expressão verbal de sensações e
percepções frente à experimentação de um produto ou visualização de uma campanha publicitária
(KAWANO, 2013)
Em síntese, Kawano e Colaferro (2005, 2013) em suas pesquisas, ressaltam, que, tanto a
neurociência quanto o neuromarketing, são importantes ferramentas para trilhar um caminho que
desvende e interprete o funcionamento da cabeça do consumidor na atualidade. Todavia, afirmam
também que os métodos que têm por base esses dois campos, como o eletroencefalograma (EEG),
a ressonância magnética funcional (fMRI) e o eyetracking, necessitam estar acompanhados de
outros métodos tradicionais para que sejam obtidos dados claros e assertivos. Apesar de eficientes,
estes dois campos ainda possuem margens de erros como os demais campos de metodologia
utilizados em projetos de pesquisas.

4.4 A COR EM EMBALAGENS


Compreender o usuário e a sua experiência com a propaganda é crucial para o campo
publicitário. É a partir disto que se torna possível serem projetadas peças eficientes e focadas nas
necessidades específicas de seus consumidores. Através disso, entender, por meio da percepção,
como entrarão em contato com os produtos oferecidos por estas peças, e como será esse encontro,
focando na experiência. Marques (2017) afirma que a embalagem é o primeiro contato que muitos
usuários terão com o produto, e pesquisas mostram que a cor dela e a forma como é apresentada
podem aumentar a preferência por um produto ou marca específicos.
Tendo estas afirmativas em mente, Marques (2017) realizou um experimento que visava
analisar os impactos que as tangíveis, cor e a forma, nas embalagens poderiam gerar nos seus
usuários. Para isso foram realizados dois experimentos, o primeiro que mensurava a preferência
dos participantes por embalagens, sem identificação do produto, com cor e forma diferentes e
analisava a associação de sabor as estas embalagens. Ao final do primeiro teste conclui-se que há
uma resposta mais positiva para embalagens coloridas em relação as em tons de cinza, e foi
constatado que a forma não é um fator relevante. No quesito sabor, a cor novamente se sobressaiu
em relação a forma do produto no auxílio da dedução de sabor por parte dos participantes.
Figura 3 – Imagens apresentadas aos participantes no experimento 1

Fonte: Marques (2017)

No segundo experimento foram utilizadas três tangíveis: cor, forma e tipo de produto
(biscoito amanteigado e de cereal). Desta vez apresentando a identificação, visou-se analisar, por
meio destes três fatores, a percepção do quão saudável um produto aparentava ser e a preferência
dos participantes. Ao término, percebeu-se que a respeito da preferência, a média de escolha por
produtos coloridos foi mais significativa, assim como os amanteigados apresentaram médias
maiores. Quanto ao quesito “saudável”, todas as tangentes tiveram efeitos significativos.

Figura 4 – Imagens apresentadas aos participantes no experimento 2

Fonte: Marques (2017)

Assim, como afirma Marques (2017) ao final de sua pesquisa, fica evidente que no mundo
contemporâneo o papel que a embalagem desempenha está muito além de guardar ou garantir o
transporte do produto. Certamente as características visuais, principalmente a cor da embalagem,
podem influenciar a pessoa que entra em contato com ela, visto que essa será apreendida através
da percepção e dos sentidos, que são a forma como a pessoa entra em contato com o mundo.
4.5 A COR, CARTAZES DE OBRAS CINEMATOGRÁFICAS E O DESIGN EMOCIONAL
Nas últimas décadas, as descobertas acerca da importância das emoções na relação entre
usuários e produtos (DESMET apud PONTES, 2017) têm alavancado os estudos sobre a influência
da cor sobre as emoções humanas e unindo Design e Psicologia num novo campo de estudos, o
Design Emocional (SUK apud PONTES, 2017).
Visando se aprofundar nesta temática, Pontes (2017) realizou uma pesquisa que buscou
avaliar se as cores podem alterar a resposta emocional a cartazes de cinema ao ponto de associá-
los a dimensões emocionais opostas às de seus gêneros cinematográficos. O estudo foi realizado
em duas fases. A primeira, descritiva, foi destinada a identificar, por meio da caracterização
quantitativa das cores, os padrões cromáticos mais representativos em conjuntos de cartazes de
filmes pertencentes aos gêneros Terror e Comédia Romântica, cujas emoções predominantes estão
localizadas em quadrantes opostos no Espaço Afetivo (RUSSELL apud PONTES, 2017). A
pesquisa descritiva realizada na primeira fase identificou padrões cromáticos com características
opostas. O padrão composto pelas cores com atributos comuns à maioria dos cartazes analisados
do gênero Terror apresentou predominância de cores com baixos níveis de saturação e claridade,
enquanto o padrão cromático com atributos comuns à maioria dos cartazes analisados do gênero
Comédia Romântica apresentou cores com níveis altos e médios de claridade e saturação.

Figura 5 – Padrão cromático dos gêneros comédia romântica e terror descobertos na fase 1

Fonte: Pontes (2017)

Na segunda fase, experimental, os padrões cromáticos identificados na fase anterior foram


aplicados a imagens figurativas e verificados seus efeitos nas respostas emocionais de um grupo
de 50 participantes, por meio da escala Self-Assesment Manikin - SAM (BRADLEY; LANG apud
PONTES, 2017). Para a produção dos estímulos visuais, foram usadas imagens do International
Affective Picture System - IAPS. Os resultados do experimento realizado na segunda fase, desta
forma, indicaram que a influência das cores não foi suficiente para alterar de modo proeminente a
percepção dos participantes quanto às dimensões das emoções percebidas nas imagens. No
entanto, diferenças percebidas na dispersão das frequências e entre as médias de respostas sugerem
que a influência das cores nas respostas emocionais pode variar de acordo com características
emocionais inerentes à imagem.

Figura 6 - Imagens do IAPS com padrões cromáticos 1 e 2 da fase 2 da pesquisa

Fonte: Pontes (2017)

Em suma, foi possível concluir por meio dos resultados desta pesquisa, que a influência
das cores às respostas emocionais nos cartazes de cinema pode variar de acordo com sua relação
com outros elementos visuais. Desse modo, a eficiência da mensagem visual contida nos cartazes
de cinema pode ser atingida, permitindo sua correta associação à emoção característica de seu
gênero cinematográfico, mesmo sem o uso de paletas de cores convencionadas e predeterminadas
(PONTES, 2017). Diante disso, reitera-se, como já citado neste projeto, que a cor não possui um
significado universal e pode ser interpretada de diferentes formas pelos consumidores dependendo
dos demais elementos visuais que estiverem relacionados a ela em uma propaganda.

4.6 A COR E O BRANDING


Atualmente a cor tem sido utilizada como uma ferramenta de signo, para grande
representação e criação de identidade por parte das marcas. Muitas têm modificado a forma como
a cor é interpretada pelas grandes massas, como por exemplo, a marca do banco Itaú, que fez do
laranja, seu grande cartão de apresentação para o mundo:
Figura 7 – “Você sabe pela cor, você sabe de cor quem é feito para você”, sem nome ou logo, Itaú mostra seu forte
vínculo com a cor laranja como identidade de marca

Fonte: Frames do filme “Inconfundível” (Itaú, 2006), criado pela agência África, Gonsales (2018)

Gonsales (2018), a fim de estudar esse efeito de identidade e impactos que a cor pode gerar
no público de determinada marca, realizou uma pesquisa por meio de entrevistas em profundidade
com especialistas em comunicação, gestão e design de marcas, visitas de observação e coleta de
artefatos físicos e digitais.

Figura 8 – Marcas que tiveram suas propagandas analisadas durante a pesquisa

Fonte: Logotipos retiradas da plataforma de busca “Google”

Após os resultados, a tese delineou 13 tipos de discursos cromáticos distintos. Desse modo,
apresentando modelos que podem auxiliar empresas em seus planejamentos de marketing e nas
tomadas de decisões nesse setor. Além de mostrar a importância da cor em processos de criação,
promoção, extensão e reposicionamento de marcas, para profissionais da comunicação, do design,
e da gestão.
Por fim, todas as marcas, intencionalmente ou não, discursam visualmente por meio da cor.
Por diferentes maneiras, em variadas intensidades, a cor é sempre uma faceta da materialização
marcária. Não existe marca sem cor (GONSALES, 2018).

5 METODOLOGIA DE PESQUISA
Para a produção deste projeto foi realizada uma pesquisa de caráter qualitativa. Foi feita
uma pesquisa em diversas plataformas de bases de dissertações acadêmicas, como a BDTD,
Intercom, CAPES, entre outros. Igualmente foram realizadas buscas pela internet no google
acadêmico por artigos científicos e literaturas que estivessem relacionadas ao tema deste projeto.
Após a reunião deste conteúdo foi realizado um levantamento de dados e resultados de pesquisas
que fossem relevantes para responder as perguntas e objetivos estabelecidos no decorrer deste
projeto.
Após este primeiro momento, a fim de se aprofundar na temática proposta neste
documento, será realizada uma nova pesquisa com 30 pessoas. Nela seriam realizados três testes.
No primeiro, anúncios coloridos, posteriormente produzidos por mim no Canva, semelhante aos
usados por Camatini em sua pesquisa, eles serão expostos aos participantes e eles deverão escolher
os que menos lhe agradarem visualmente em relação às cores. No segundo, será apresentado
novamente aos participantes os anúncios apontados no teste anterior e eles deverão justificar por
qual motivo as cores daquelas propagandas os desagradaram. Por fim, no terceiro teste, os
participantes serão apresentados a novos anúncios coloridos, novamente produzidos por mim e
seguindo a ideia dos primeiros, que fossem de diferentes marcas, embalagens e tons de cor, e
deverão escolher novamente entre as propagandas apresentadas, aquela que mais for agradável.
Desta forma, almeja-se, ao final desta pesquisa, produzir dados atualizados sobre o impacto das
cores nos consumidores, buscando analisar e refletir sobre os parâmetros de cor, forma e marca,
já abordados por pesquisas anteriores no decorrer do texto. Por meio do segundo teste, visa-se
analisar quais características podem prejudicar o uso da cor na propaganda. Com os resultados do
terceiro teste, pretende-se fazer um levantamento de quais artifícios visuais podem contribuir de
forma mais significativa na propaganda, aliadas às cores, novamente, sempre visando entender
como a cor na publicidade pode afetar os indivíduos.
Vale ressaltar que esta pesquisa com três testes será realizada em modo presencial, com
estudantes da UFPA e de outras universidades da região de Belém, devido a maior facilidade de
contato com os mesmos, e de modo virtual, com estudantes de outras universidades públicas de
outras regiões do Brasil, também devido a maior acessibilidade de contato, através de um
questionário de autopreenchimento no google forms, a fim de que a pesquisa possa alcançar e
coletar resultados de consumidores-estudantes de diversas regiões do Brasil, não se limitando ao
Norte do país.

REFERÊNCIAS
COLAFERRO, Claúdia. A Contribuição do Neuromarketing para o Estudo do Comportamento do
Consumidor. 2011. 174 f. Dissertação de Mestrado (Administração) – Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
CAMATINI, Suele. Estudo dos Efeitos das Cores e da Simulação Mental Incorporada na Propaganda
sobre o Comportamento do Consumidor. 2017. 143 f. Dissertação de Pós-Graduação (Administração) –
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017.

GONSALES, Flávia. A Cor no Branding: um estudo sobre design de marca e comunicação visual
estratégica. 2018. 214 f. Tese de apresentação para programa de Pós-Graduação (Ciências da
Comunicação) – Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

KAWANO, D. R. Métodos de neurociência aplicados à publicidade: uma apresentação do


eletroencefalograma (EEG), Ressonância Magnética Funcional (fMRI) e Eyetracking. In: X
POSCOM - Seminário dos Alunos de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUC-Rio. Novembro,
2013.

MODESTO, Farina. Psicodinâmica das Cores em Comunicação. 5. ed. Edgard Blucher, 2006. 173 p.
MARTINO.L.C; BERGER.C. R; CRAIG.R.T. Teorias da Comunicação: muitas ou poucas?. Primeira
Edição. São Paulo: Ateliê Editorial,2007,137 p.

NOGUEIRA, Kennyo. Cores, Emoções e Cartazes de Cinema: Um Estudo de Respostas Emocionais


às Cores Utilizando o Espaço Afetivo. 2017. 91 f. Pesquisa de Mestrado (Design) – Universidade Federal
de Campina Grande, Campina Grande, 2017.

ROSA, Valentina. O Impacto das Cores e das Formas de Embalagens de Alimentos na Experiência
do Usuário. 2017. 127 f. Dissertação de Mestrado (Design) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Porto
Alegre, 2017.

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