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BELÉM
2022
1 INTRODUÇÃO
Com o avanço da tecnologia nos meios de comunicação no século atual, as empresas têm
ao seu dispor infinitas possibilidades para criar propagandas que captem a atenção do seu público-
alvo. Produz-se, assim, um cenário de grande competitividade publicitária, fomentando a
necessidade de inovação entre as instituições nas suas propagandas.
Uma possibilidade de persuadir e chamar a atenção é a utilização da cor como ferramenta
estética e de produção de estímulos, produzindo, assim, uma necessidade de um maior estudo sobre
a teoria das cores e como ela pode ser aplicada na atividade publicitária para produzir impactos
positivos nos consumidores.
De acordo com Caminiti (2017), um estudo verificou que indivíduos expostos a anúncios
coloridos demonstraram atitudes mais favoráveis em relação à propaganda, ao anunciante e à
qualidade por eles percebida nos anúncios quando comparados com anúncios em preto e branco
(LOHSE; ROSEN apud CAMATIN, 2017). Além disso, pode-se afirmar, segundo Lichtlé (apud
CAMATINI, 2017), que a cor dominante utilizada no anúncio afeta diretamente as emoções e as
atitudes de um indivíduo em relação ao próprio anúncio.
Diante destes fatos foi produzida a seguinte pergunta: de que modo a cor impacta nos
indivíduos-consumidores na sociedade contemporânea? Para responder esta pergunta foram
coletados dados de pesquisas de dissertações acadêmicas que utilizaram como objetos de estudo
anúncios e embalagens coloridas e em preto e branco, cartazes de produções cinematográficas e
marcas famosas, que se utilizam da cor como principal ferramenta de criação de identidade. Estes
produtos e dados se tornaram os principais objetos de estudo deste projeto de pesquisa.
Além dos estudos já apontados e da pergunta que surgiu ao lê-los, foi escolhido este tema
para ser trabalhado nesse projeto pelo fato de a teoria das cores ser um fascínio meu, desde antes
do ingresso no ensino superior. Ademais, ao iniciar a pesquisa da pesquisa, percebi que havia um
escasso número de estudos e projetos que abordassem a temática da colorimetria no campo
publicitário, no âmbito nacional e internacional (CAMATINI, 2017), o que apenas aumentou o
desejo de me aprofundar nesse assunto. Desse modo, pretende-se contribuir com os profissionais
da área, se aprofundando de maneira técnica na relação da colorimetria e da publicidade,
provocando também um aumento no senso crítico dos consumidores, a partir de que, ao analisar
os dados deste projeto possam ter noções mais concretas de como a cor na propaganda os impacta
diariamente.
Diante disso, ao final desse projeto tem-se como principal finalidade, alcançar a resposta
da pergunta proposta pelo projeto, contribuir com as pesquisas já existentes com temas
relacionados a colorimetria e agregar conhecimento técnico para o campo publicitário sobre a
teoria das cores.
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Entender os impactos que a cor em peças publicitárias pode gerar nos consumidores.
2.3 ESPECÍFICOS
1 - Analisar a produção de sensações que a cor pode gerar dependendo da forma como ela
for aplicada em cartazes cinematográficos e embalagens;
2 - Entender a relação das cores com a criação de identidade das marcas devido a sua
utilização contínua;
3 - Discutir a importância do uso das cores em peças publicitárias como ferramenta para
aumento de respostas positivas dos consumidores.
3 JUSTIFICATIVA
No contexto de marketing, a cor também é usada como uma ferramenta para influenciar os
consumidores (LICHTLÉ apud CAMATINI, 2017, p.44), pois representa um meio de
comunicação. Como as palavras, as cores são empregadas como um importante mecanismo para
a identificação de marcas e aperfeiçoamento de suas características e peculiaridades (DIVARD;
URIEN apud CAMATINI, 2017, p.45).
Desse modo, entende-se que a cor empregada no anúncio deve ser escolhida levando-se
em conta diversos fatores e critérios para que, ao ser finalizada e comunicada às grandes massas
de consumidores, seja transmitida a sensação, cause o impacto ou seja realçado o real diferencial,
desejado pelo anunciante. Assim, a cor mostra-se um “fator extremamente importante na
percepção visual” dos indivíduos (HOYER; MACINNIS apud CAMATINI, 2017, p.45) e
representa uma variável relevante a contribuir para um maior entendimento do comportamento do
consumidor (LICHTLÉ apud CAMATINI, 2017, p.45), tendo em vista que traz consigo
significados capazes de influenciar pensamentos, sentimentos e comportamentos (LABRECQUE;
PATRICK; MILNE apud CAMATINI, 2017, p.45).
A criatividade dos homens de marketing é tão grande no seu setor quanto a dos
artistas plásticos, dos escritores ou dos cineastas. Mas, além de conhecer as
orientações do mercado e de medir a sua potencialidade, eles necessitam de um
domínio técnico-teórico bem fundamentado que lhes possibilite uma margem de
precisão e segurança, cuja meta certa é o lucro (FARINA, 2006, p. 117).
Farina (2006, p.117) ainda afirma que “o grau de atenção despertado é, na publicidade e na
promoção de vendas, o requisito básico a ser observado. É sob esse ângulo que podemos começar
a analisar a importância do uso corrente da cor”.
Por fim, não faltam indícios no que diz respeito à relevância das cores, principalmente no
campo da publicidade. Todavia, Panigyrakis e Kyrousi (apud CAMATINI, 2017, p.48) acreditam
que, mesmo diante dos avanços na área de estudos, apenas um singelo progresso foi realizado nos
últimos anos quanto a investigações científicas sobre as cores e, no âmbito do marketing não é
diferente, pois há muito a ser investigado, já que ainda são identificados poucos estudos sobre as
cores (LABRECQUE; PATRICK; MILNE apud CAMATINI, 2017, p.49). Esta necessidade, por
mais pesquisas contributivas para o entendimento sobre a influência da cor no marketing, também
é destacada por Lichtlé (apud CAMATINI, 2017, p.49): para ela, a relação entre a cor e o
comportamento do consumidor mantém-se relativamente inexplorado.
Devido a esta escassez de estudos sobre o tema, mesmo a cor sendo um fator de grande
importância, ainda se vê no campo da publicidade um cenário em que ela é uma variável
manipulada diariamente, entretanto, na maioria dos casos, sua escolha ocorre de maneira altamente
intuitiva ou por gosto pessoal (LICHTLÉ apud CAMATINI, 2017, p.47).
Tendo em vista os fatos já citados, escolhi este tema voltado para o estudo das cores para
ser o norteador deste projeto de pesquisa a fim de agregar aos estudos existentes sobre a temática
e buscando entender os impactos que o uso das cores na publicidade podem exercer sob os
consumidores na contemporaneidade, através da análise e coleta de dados de diversas pesquisas já
realizadas, e, assim, conseguir agregar conhecimento técnico na atividade publicitária sobre
colorimetria para todos os profissionais desta área que lerem este projeto.
Ao final do teste, Camatini (2017) concluiu, com base nos resultados, que as diferenças
entre os impactos causados pelos dois tipos de anúncios não são significativas. Porém, as cores ao
estarem presentes na propaganda tendem a chamar mais atenção, a gerar maior intenção de
comprar e produzir mais reações positivas. De modo geral, ela afirma que a cor em si é apenas
uma ferramenta e precisa estar aliada de outros componentes, como uma marca famosa, uma
embalagem atraente ou artifícios linguísticos, para ter um impacto positivo e significativo nos
consumidores.
No segundo experimento foram utilizadas três tangíveis: cor, forma e tipo de produto
(biscoito amanteigado e de cereal). Desta vez apresentando a identificação, visou-se analisar, por
meio destes três fatores, a percepção do quão saudável um produto aparentava ser e a preferência
dos participantes. Ao término, percebeu-se que a respeito da preferência, a média de escolha por
produtos coloridos foi mais significativa, assim como os amanteigados apresentaram médias
maiores. Quanto ao quesito “saudável”, todas as tangentes tiveram efeitos significativos.
Assim, como afirma Marques (2017) ao final de sua pesquisa, fica evidente que no mundo
contemporâneo o papel que a embalagem desempenha está muito além de guardar ou garantir o
transporte do produto. Certamente as características visuais, principalmente a cor da embalagem,
podem influenciar a pessoa que entra em contato com ela, visto que essa será apreendida através
da percepção e dos sentidos, que são a forma como a pessoa entra em contato com o mundo.
4.5 A COR, CARTAZES DE OBRAS CINEMATOGRÁFICAS E O DESIGN EMOCIONAL
Nas últimas décadas, as descobertas acerca da importância das emoções na relação entre
usuários e produtos (DESMET apud PONTES, 2017) têm alavancado os estudos sobre a influência
da cor sobre as emoções humanas e unindo Design e Psicologia num novo campo de estudos, o
Design Emocional (SUK apud PONTES, 2017).
Visando se aprofundar nesta temática, Pontes (2017) realizou uma pesquisa que buscou
avaliar se as cores podem alterar a resposta emocional a cartazes de cinema ao ponto de associá-
los a dimensões emocionais opostas às de seus gêneros cinematográficos. O estudo foi realizado
em duas fases. A primeira, descritiva, foi destinada a identificar, por meio da caracterização
quantitativa das cores, os padrões cromáticos mais representativos em conjuntos de cartazes de
filmes pertencentes aos gêneros Terror e Comédia Romântica, cujas emoções predominantes estão
localizadas em quadrantes opostos no Espaço Afetivo (RUSSELL apud PONTES, 2017). A
pesquisa descritiva realizada na primeira fase identificou padrões cromáticos com características
opostas. O padrão composto pelas cores com atributos comuns à maioria dos cartazes analisados
do gênero Terror apresentou predominância de cores com baixos níveis de saturação e claridade,
enquanto o padrão cromático com atributos comuns à maioria dos cartazes analisados do gênero
Comédia Romântica apresentou cores com níveis altos e médios de claridade e saturação.
Figura 5 – Padrão cromático dos gêneros comédia romântica e terror descobertos na fase 1
Em suma, foi possível concluir por meio dos resultados desta pesquisa, que a influência
das cores às respostas emocionais nos cartazes de cinema pode variar de acordo com sua relação
com outros elementos visuais. Desse modo, a eficiência da mensagem visual contida nos cartazes
de cinema pode ser atingida, permitindo sua correta associação à emoção característica de seu
gênero cinematográfico, mesmo sem o uso de paletas de cores convencionadas e predeterminadas
(PONTES, 2017). Diante disso, reitera-se, como já citado neste projeto, que a cor não possui um
significado universal e pode ser interpretada de diferentes formas pelos consumidores dependendo
dos demais elementos visuais que estiverem relacionados a ela em uma propaganda.
Fonte: Frames do filme “Inconfundível” (Itaú, 2006), criado pela agência África, Gonsales (2018)
Gonsales (2018), a fim de estudar esse efeito de identidade e impactos que a cor pode gerar
no público de determinada marca, realizou uma pesquisa por meio de entrevistas em profundidade
com especialistas em comunicação, gestão e design de marcas, visitas de observação e coleta de
artefatos físicos e digitais.
Após os resultados, a tese delineou 13 tipos de discursos cromáticos distintos. Desse modo,
apresentando modelos que podem auxiliar empresas em seus planejamentos de marketing e nas
tomadas de decisões nesse setor. Além de mostrar a importância da cor em processos de criação,
promoção, extensão e reposicionamento de marcas, para profissionais da comunicação, do design,
e da gestão.
Por fim, todas as marcas, intencionalmente ou não, discursam visualmente por meio da cor.
Por diferentes maneiras, em variadas intensidades, a cor é sempre uma faceta da materialização
marcária. Não existe marca sem cor (GONSALES, 2018).
5 METODOLOGIA DE PESQUISA
Para a produção deste projeto foi realizada uma pesquisa de caráter qualitativa. Foi feita
uma pesquisa em diversas plataformas de bases de dissertações acadêmicas, como a BDTD,
Intercom, CAPES, entre outros. Igualmente foram realizadas buscas pela internet no google
acadêmico por artigos científicos e literaturas que estivessem relacionadas ao tema deste projeto.
Após a reunião deste conteúdo foi realizado um levantamento de dados e resultados de pesquisas
que fossem relevantes para responder as perguntas e objetivos estabelecidos no decorrer deste
projeto.
Após este primeiro momento, a fim de se aprofundar na temática proposta neste
documento, será realizada uma nova pesquisa com 30 pessoas. Nela seriam realizados três testes.
No primeiro, anúncios coloridos, posteriormente produzidos por mim no Canva, semelhante aos
usados por Camatini em sua pesquisa, eles serão expostos aos participantes e eles deverão escolher
os que menos lhe agradarem visualmente em relação às cores. No segundo, será apresentado
novamente aos participantes os anúncios apontados no teste anterior e eles deverão justificar por
qual motivo as cores daquelas propagandas os desagradaram. Por fim, no terceiro teste, os
participantes serão apresentados a novos anúncios coloridos, novamente produzidos por mim e
seguindo a ideia dos primeiros, que fossem de diferentes marcas, embalagens e tons de cor, e
deverão escolher novamente entre as propagandas apresentadas, aquela que mais for agradável.
Desta forma, almeja-se, ao final desta pesquisa, produzir dados atualizados sobre o impacto das
cores nos consumidores, buscando analisar e refletir sobre os parâmetros de cor, forma e marca,
já abordados por pesquisas anteriores no decorrer do texto. Por meio do segundo teste, visa-se
analisar quais características podem prejudicar o uso da cor na propaganda. Com os resultados do
terceiro teste, pretende-se fazer um levantamento de quais artifícios visuais podem contribuir de
forma mais significativa na propaganda, aliadas às cores, novamente, sempre visando entender
como a cor na publicidade pode afetar os indivíduos.
Vale ressaltar que esta pesquisa com três testes será realizada em modo presencial, com
estudantes da UFPA e de outras universidades da região de Belém, devido a maior facilidade de
contato com os mesmos, e de modo virtual, com estudantes de outras universidades públicas de
outras regiões do Brasil, também devido a maior acessibilidade de contato, através de um
questionário de autopreenchimento no google forms, a fim de que a pesquisa possa alcançar e
coletar resultados de consumidores-estudantes de diversas regiões do Brasil, não se limitando ao
Norte do país.
REFERÊNCIAS
COLAFERRO, Claúdia. A Contribuição do Neuromarketing para o Estudo do Comportamento do
Consumidor. 2011. 174 f. Dissertação de Mestrado (Administração) – Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
CAMATINI, Suele. Estudo dos Efeitos das Cores e da Simulação Mental Incorporada na Propaganda
sobre o Comportamento do Consumidor. 2017. 143 f. Dissertação de Pós-Graduação (Administração) –
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017.
GONSALES, Flávia. A Cor no Branding: um estudo sobre design de marca e comunicação visual
estratégica. 2018. 214 f. Tese de apresentação para programa de Pós-Graduação (Ciências da
Comunicação) – Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.
MODESTO, Farina. Psicodinâmica das Cores em Comunicação. 5. ed. Edgard Blucher, 2006. 173 p.
MARTINO.L.C; BERGER.C. R; CRAIG.R.T. Teorias da Comunicação: muitas ou poucas?. Primeira
Edição. São Paulo: Ateliê Editorial,2007,137 p.
ROSA, Valentina. O Impacto das Cores e das Formas de Embalagens de Alimentos na Experiência
do Usuário. 2017. 127 f. Dissertação de Mestrado (Design) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Porto
Alegre, 2017.