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PALEOLÍTICO SUPERIOR
Objetivos:
1. Analisar a equação: Paleolítico Superior = «Homem Moderno» + arte +
produção de lâminas e entender a natureza da passagem/rutura entre o Paleolítico
Médio e o Paleolítico Superior.
2. Referir elementos adicionais definidores do Paleolítico Superior.
3. Reconhecer formas de ocupação no território português.
4. Reconhecer elementos da evolução técnica: a tecnologia laminar.
5. Reconhecer as indústrias líticas no território português: os diferentes complexos
industriais. Mencionar respetivas estações arqueológicas.
6. Indicar as principais características do fenómeno artístico do Paleolítico
Superior e suas marcas no território português.
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1.2. Arte
De facto, existiram populações néandertalenses que produziram alguns objetos artísticos
(móveis e parietais). A arte não é assim exclusiva do «Homem Moderno». Em todo o
caso, é inegável que o fenómeno artístico em toda a sua extensão é uma característica do
Paleolítico Superior, pelo menos a partir do chamado «último máximo glaciário» (c. 20
a 18 mil anos BP).79
1.3. Produção de lâminas
O último elemento da equação é o da produção de lâminas, ou seja, a tecnologia
laminar. Neste aspecto, a rutura tecnológica aqui subentendida (tecnologia levallois
versus tecnologia laminar ou leptolítica) não assume um carácter universal. Poderá
efetivamente existir em certas regiões (incluindo Portugal), mas não em muitas outras
onde desde antes ocorre a produção de lâminas ou onde importantes indústrias do
Paleolítico Superior são feitas a partir de lascas, tal como em épocas precedentes.
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materiais (com zonas onde, por exemplo, abunda o sílex de boa qualidade),
como energéticas (pela riqueza de biótopos resultante das características
climáticas, geográficas e geológicas indicadas).
Compreende-se assim que a quase totalidade dos sítios arqueológicos do Paleolítico
Superior português se localizem nesta zona. Excecionalmente registam-se dois locais
importantes no Alentejo: Gruta do Escoural, em Montemor-o-Novo, e Monte de Faínha,
em Évora-Monte.83
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Superior Pleno).
2) Paleolítico Superior Pleno (20 a 18 mil anos BP): Solutrense.
Complexo industrial que preenche o período de tempo correspondente ao máximo
glaciário Würmiano, de 20 a 18 mil anos BP.
Globalmente, as utensilagens líticas solutrenses caracterizam-se pelo emprego corrente
da técnica de retoque plano e invasor, realizada sobre lascas (ou lâminas) num só lado
(pontas de face plana) ou em ambos os lados (retoque bifacial), 86 dando, neste caso,
origem a instrumentos foliácios, tais como as «folhas de loureiro» e «de salgueiro»,
destinadas a serem utilizadas como pontas de lança (hipoteticamente, algumas delas
poderiam ser pontas de flecha, se bem que a técnica do arco e da flecha apenas se
encontra bem documentada a partir do Mesolítico).87
Estende-se desde o Oeste do Vale do Ródano, em França, até à Península Ibérica onde
ocupa uma faixa litoral (raramente a mais de 50 Km da costa atual) e se individualiza
através de dois fácies regionais: o Cantábrico e o Levantino (ou Mediterrânico).86
O Solutrense português é representado por cerca de 20 estações arqueológicas.
Regista-se agora uma ocupação extensiva de quase todo o território da Estremadura,
havendo até a frequência sazonal (durante o Verão, certamente) e regular das zonas
montanhosas, para a caça de animais próprios desses biótopos (como na Gruta do
Caldeirão, em Tomar, onde se caçaram a camurça e a cabra-montês).88
Segundo J. Zilhão, o Solutrense português caracteriza-se por uma evolução em 3 fases:
Solutrense Inferior (anterior a 20,5 mil anos BP), caracterizado pela ocorrência de
pontas de face plana e ausência de peças foliácias bifaciais;
Solutrense Médio (entre 20,5 e 20 mil anos BP), caracterizado pela introdução e
abundância das pontas bifaciais foliácias;
Solutrense Superior (até há cerca de 18 mil anos BP) durante o qual surgem peças
como a «ponta de Parpalló».89
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etc.).89
Constituindo para alguns “o apogeu das sociedades de caçadores-recoletores do
Paleolítico”, quando também se atinge o máximo expoente da produção artística, das
redes de trocas a longa distância, etc., o Madalenense irá dar gradualmente lugar a
diversas indústrias epipaleolíticas, entre as quais a mais tradicionalmente referida é o
Azilense (gruta do Mas-d’Azil, Ariège) que afinal, como dizia F. Bordes, não passa de
um Madalenense em época pós-glaciária.
J. Zilhão definiu dois90 estádios evolutivos do Madalenense português:
• um antigo, caracterizado pelas raspadeiras de retoque marginal e por buris
transversais;
• outro recente, caracterizado pela expansão das utensilagens lamelares e
microlíticas.91
O Madalenense português é conhecido em grutas (Casa da Moura, Lapa do Suão e
Caldeirão, esta última já referida a propósito do Solutrense) e em estações de ar livre,
situadas quer no interior (Rio Maior) quer no litoral da Estremadura (Magoito, S.
Julião).90
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