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Capítulo 4: Movimentos em Duas e Três Dimensões

Posição e Deslocamento:
A localização de uma partícula pode ser feita com um vetor
posição r, um vetor que se estende a partir de um ponto de referência
(normalmente a origem de um sistema de coordenadas) até a partícula.

(01)
onde
: componentes escalares.

: componentes vetoriais.

Por exemplo:
O vetor posição r para uma partícula é a soma vetorial de suas
componentes vetoriais.
À medida que uma partícula se move, seu vetor posição varia de
tal forma que ele sempre se estende do ponto de referência (a origem)
até a partícula.
Se o vetor posição varia de r1 até r2 durante um certo intervalo
de tempo Δt, então o vetor deslocamento da partícula é

(02)
onde

então

(03)
sendo

então
Exemplo 4-1: O vetor posição de uma partícula é inicialmente r1, e
depois passa a ser r2. Qual é o deslocamento Δr da partícula de r1 para
r2 ?
Exemplo 4-2: Um coelho atravessa um estacionamento. As coordenadas
da posição do coelho em função do tempo t (em segundos) são dadas por:

(a) Em t = 15 s, qual é vetor posição do coelho, o módulo e o ângulo?


Velocidade Média e Velocidade Instantânea
Se uma partícula sofre um deslocamento em um intervalo de
tempo Δt, então a sua velocidade média é

(08)

(09)
Velocidade
instantânea:

(10)

(11)

onde
(12)
Exemplo 4-3: Para a coelho do Exemplo 4-2, encontre a velocidade v, o
módulo e ângulo no tempo t = 15 s.
Aceleração Média e Aceleração Instantânea
Quando a velocidade da partícula varia de v1 para v2 em um
intervalo de tempo Δt, sua aceleração média améd durante o intervalo Δt é

(15)
Aceleração
instantânea:

(16)

(17)

(18)
Exemplo 4-4: Para o coelho dos Exemplos 4-2 e 4-3, encontre a
aceleração, o módulo e ângulo a em t = 15 s.
Movimento de projéteis
Uma partícula é chamada projétil quando significa que ela é
projetada ou lançada. Seu movimento é chamado de movimento
balístico.
Um projétil pode ser uma bola de tênis se deslocando no ar, mas
não um avião ou um pato voando.
Um projétil é lançado com uma velocidade inicial que pode ser
escrita como
(19)

As componentes v0x e v0y podem ser obtidas se conhecermos o ângulo θ0


entre v0 e o semi-eixo positivo de x:

(20)

No movimento de projéteis, o movimento horizontal e o movimento


vertical são independentes um do outro; ou seja, um não afeta o outro.
Durante seu movimento bidimensional, e vetor posição r e a velocidade
v do projétil mudam continuamente, mas seu vetor aceleração a é
constante e está sempre direcionado verticalmente para baixo.
O projétil não possui aceleração horizontal.
A bola vermelha é deixada
cair a partir do repouso no mesmo
instante que a bola amarela é
lançada horizontalmente para a
direita.
Os movimentos verticais
das duas bolas são iguais.
Análise do Movimento de um Projétil
Movimento Horizontal
-Por não existir aceleração ao longo da direção horizontal, a
componente horizontal vx da velocidade do projétil permanece
inalterada e é igual ao seu valor inicial v0x.
A partir da equação

temos

sabendo que

(21)
Movimento Vertical
A partir da equação

para o movimento unidimensional na vertical de uma partícula vimos que


o deslocamento é

então para o movimento de mais de uma dimensão, o deslocamento na


vertical fica

como

então o deslocamento na vertical de um projétil fica

(22)
Equação da Trajetória

A trajetória de uma partícula em movimento balístico é


parabólica e é dada por
Alcance Horizontal
O alcance horizontal R do projétil, R = x-x0 para a equação (21)
e y-y0 = 0 na equação (22), obtendo

explicitando t:
A partir da identidade trigonométrica (Apêndice E do livro
texto):
(I) Trajetória teórica de uma bola, levando em conta a resistência do ar.
(II) Trajetória que a bola seguiria no vácuo, calculada usando as equações
deste capítulo.
Exemplo 4-7: Um navio pirata a 560 m de um forte que protege a
entrada de uma ilha. Um canhão de defesa, localizado aproximadamente
ao nível do mar, dispara projéteis com uma velocidade inicial v0=82m/s.
(a) Em que ângulo θ0 com relação à horizontal os projéteis
devem ser disparados para acertar o navio?
(b) A que distância do canhão deveria estar o navio pirata para
estar fora do alcance máximo dos projéteis do canhão?
Exemplo 6: A figura abaixo ilustra rampas usadas para saltos com
motocicletas. A inclinação da rampa é de 12º e a distância D = 77 m.
Supondo que os efeitos da resistência do ar são desprezíveis,
calcule a velocidade mínima v0 para deixar a rampa de decolagem.
Movimento Circular Uniforme
Uma partícula está em movimento circular uniforme quando sua
trajetória descreve uma circunferência ou um arco de circunferência com
velocidade escalar constante (uniforme).
Embora a velocidade escalar não varie, o movimento é acelerado porque
a velocidade varia de direção, isto é, o vetor velocidade varia a todo instante.
A figura abaixo mostra a relação entre os vetores velocidade e
aceleração em três posições durante o movimento circular uniforme.
O módulo dos dois vetores permanece constante durante o movimento,
mas a orientação varia continuamente.
A velocidade está sempre na direção tangente à circunferência e tem o
mesmo sentido que o movimento.
A aceleração esta sempre na direção radial e aponta para o centro do
círculo.
Por essa razão, a aceleração associada ao movimento circular uniforme
é chamada de aceleração centrípeta.
O módulo da aceleração centrípeta é

(23)

onde r é o raio da circunferência e v é a velocidade da partícula.

Durante essa aceleração com velocidade escalar constante a partícula


percorre a circunferência completa (uma distância igual a 2πr) em um intervalo
de tempo dado por

(24)

O parâmetro T é chamado de período.


No caso mais geral o período é o tempo que uma partícula leva para
completar uma volta em uma trajetória fechada.
Exemplo 7: Os pilotos de caça se preocupam quando têm que fazer curvas
muito fechadas. Como o corpo do piloto fica submetido à aceleração centrípeta,
com a cabeça mais próxima do centro de curvatura, a pressão sanguínea no
cérebro diminui, o que pode levar à perda das funções cerebrais.

Os sinais de perigo são vários. Quando a aceleração centrípeta é de 2g a


3g, o piloto se sente pesado. Por volta de 4g a visão do piloto passa para preto e
branco e se reduz à “visão de túnel”. Se a aceleração é mantida ou aumentada o
piloto deixa de enxergar e, logo depois, perde a consciência, uma situação
conhecida como g-LOC, ou seja, “perda de consciência induzida pela
aceleração centrípeta em unidades de g”.

Qual é o módulo da aceleração centrípeta, em unidades de g, para um


piloto voando em uma aeronave (F-22) com velocidade de 2500 km/h (= 694
m/s) num arco de círculo com raio de curvatura r = 5,8 km?
Movimento Relativo em Uma Dimensão

Suponha que você veja um pato voando para o norte a 30 km/h. Para
um outro pato voando ao lado do primeiro este parece estar “parado”.

Em outras palavras, a velocidade de uma partícula depende do


referencial de quem está observando ou medindo a velocidade.

Para os nossos propósitos um referencial é um objeto físico ao qual


fixamos nosso sistema de coordenadas.

No dia-a-dia esse objeto (referencial) é frequentemente o solo.

Assim, por exemplo, a velocidade que aparece em uma multa de


trânsito é a velocidade em relação ao solo.

A velocidade em relação ao guarda de trânsito será diferente se o


guarda estiver em movimento enquanto mede a velocidade.
Suponha que Alex (situado na origem do referencial A da figura
abaixo) está estacionado no acostamento de uma auto-estrada, observando o
carro P (a “partícula”) passar.
Bárbara (situada na origem do referencial B) está dirigindo um carro na
auto-estrada com velocidade constante e também observa o carro P.
Suponha que os dois meçam a posição do carro P em um dado instante.

De acordo com a figura, temos:

(25)
vBA: velocidade constante.
(25)

xPA: posição do objeto P em relação ao referencial A.


xPB : posição do objeto P em relação ao referencial B.
xBA: posição do referencial B em relação ao referencial A.

Derivando a equação (25) em relação ao tempo, obtemos

(26)

Assim, as componentes da velocidade estão relacionadas através da equação

(27)

vPA: velocidade do objeto P em relação ao referencial A.


vPB : velocidade do objeto P em relação ao referencial B.
vBA: velocidade do referencial B em relação ao referencial A.
Para relacionar as acelerações de P medidas por Bárbara e por Alex em
um mesmo instante, calculamos a derivada da equação (27) em relação ao
tempo:

(28)

Como vBA é constante, o último termo é zero e temos

(29)

Em outras palavras:
A aceleração de uma partícula medida por observadores em diferentes
referenciais que se movem com velocidade constante uns em relação aos
outros é sempre a mesma.
Exemplo 8: Um trem de passageiros viaja com uma velocidade de 100 km/h.
(a) Um passageiro se levanta e caminha no corredor a 4 km/h no
sentido do movimento do trem. Qual a velocidade do passageiro em relação ao
solo enquanto caminha?
(b) Um segundo passageiro também se levanta e caminha no corredor
a 4 km/h mas no sentido oposto ao movimento do trem. Qual a velocidade
desse passageiro em relação ao solo enquanto caminha?
Exemplo 9: Na figura abaixo, suponha que a velocidade de Bárbara em relação
a Alex é uma constante vBA = 52 km/h e o carro P está se movendo no sentido
negativo do eixo x.
(a) Se Alex mede uma velocidade constante vPA = -78 km/h para o
carro P, qual será a velocidade vPB medida por Bárbara?

Figura: Alex (referencial A) e Bárbara (referencial B) observam o carro P,


enquanto B e P se movem com velocidades diferentes ao longo do eixo x comum
aos dois referenciais. No instante mostrado, xBA é a coordenada de B no referencial
A. A coordenada de P é xPB no referencial B e xPA no referencial A.
(b) Se o carro P freia até parar em relação a Alex no tempo t = 10 s
com uma aceleração constante, qual é a sua aceleração aPA em relação a Alex?
(c) Qual é a aPB do carro P em relação a Bárbara durante a frenagem?

Para o instante t = 10 s:

resultando:

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