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Trabalho de História

Igreja de nossa senhora do


rosário dos pretos
• Uma referência do Pelourinho, em Salvador,
Bahia, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos
Pretos se destaca do conjunto de casas coloridas
com a chamativa cor azul da fachada de
arquitetura colonial e rococó que remete ao século
XVIII. A igreja construída por iniciativa dos
escravos, membros de uma das primeiras
irmandades de homens pretos do Brasil, motivo
da sua denominação, teve as obras iniciadas em
1704 e levaram quase um século para serem
concluídas, visto que s escravos só podiam
trabalhar na obra em suas horas livres, como no
período noturno.
• Igreja da Venerável Ordem Terceira do Rosário
de Nossa Senhora às Portas do Carmo, seu nome
oficial, é exemplo de sincretismo e cultura afro-
brasileira na Bahia onde nas terças-feiras é
realizada missa acompanhada por instrumentos
musicais africanos vistos nos terreiros de
candomblé.
• No Brasil colônia, os negros
escravos e alforriados (forros) eram
particularmente devotos de Nossa
Senhora do Rosário, São Benedito,
Santa Efigênia, Santo Elesbão e
alguns outros santos. De acordo com
frei Agostinho de Santa Maria, desde
os inícios do século XVII os escravos e
forros veneravam Nossa Senhora do
Rosário num altar da Sé da Bahia, em
Salvador. Como outros grupos da
colônia, também os negros se
organizavam em agrupações
religiosas de ajuda mútua, as
chamadas irmandades ou confrarias.
Na segunda metade do século XVIII,
quase todas as freguesias de
Salvador possuíam alguma
irmandade de negros.
• A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de
Salvador foi formalmente constituída em 1685,
sendo antecedida somente pelas de Olinda (meados
do século XVI), Rio de Janeiro (meados do século
XVII), Recife (1654) e Belém do Pará (1682). As
irmandades de negros começavam reunindo-se nos
altares laterais de igrejas matrizes ou conventuais,
mas em 1704 a do Rosário reuniu o dinheiro
necessário e recebeu a permissão do arcebispo D.
Sebastião Monteiro de Vide para a construção de
uma igreja própria nas Portas do Carmo. O nome se
refere à existência na zona de uma das portas da
cidade fortificada, por onde saía o caminho
(atualmente a ladeira do Pelourinho) até o
Convento do Carmo. Na zona também estava
localizado o Quartel do Carmo, onde se alojavam os
soldados que defendiam essa entrada da cidade.
• A construção da Igreja do Rosário foi um
processo lento, pois a irmandade era
relativamente pobre e os irmãos da confraria
doavam seu trabalho para a construção em
suas horas livres. A partir de 1718 a igreja foi
também matriz da recentemente criada
freguesia do Senhor do Passo, situação que
continuou até cerca de 1740. Inicialmente foi
edificado o corpo da igreja; a elaborada
fachada e as torres só foram levantadas a
partir de 1780, sob a direção do mestre-de-
obras Caetano José da Costa. Também por essa
época o edifício ganhou dois corredores
laterais. Nos finais do século XIX o interior da
igreja foi redecorado, ganhando novos altares
em estilo neoclássico e pinturas.
• A Igreja do Rosário dos Pretos,
começada em 1704, é um edifício
imponente, ao qual se tem acesso por
um pequeno adro gradeado. A
fachada possui um corpo central em
dois pavimentos, coroado por um
frontão de empenas em volutas, e
ladeado por campanários cujo
arremate é um coruchéu em bulbos
superpostos revestidos de azulejos.
Ao rés-do-chão existem cinco portas,
sendo que a central é mais ampla e
emoldurada por um discreto
frontispício, e acima delas, cinco
janelas de delicado desenho. O
desenho da fachada, construída a
partir de 1780, é atribuído ao mestre-
de-obras Caetano José da Costa.
No interior, destacam-se os azulejos sobre a devoção
ao Rosário, fabricados em Portugal e datados de c.
1790. Os altares são em estilo neoclássico, realizados
na década de 1870 pelo entalhador João Simões F. de
Souza. Nos altares há imagens coloniais, destacando-
se entre elas uma Nossa Senhora do Rosário do século
XVII, venerada na antiga Sé da Bahia, além de
imagens de Santo Antônio de Categeró, São Benedito,
Santa Bárbara e um Cristo crucificado em marfim. O
forro da nave foi pintado em 1870 por José Pinto
Lima dos Reis.

Nos fundos da igreja existe um antigo cemitério de


escravos. Preservando sua história ligada aos negros,
a liturgia dos cultos faz uso de música inspirada nos
terreiros de Candomblé. Nas datas comemorativas de
Santa Bárbara e Iansã a igreja é o ponto central dos
festejo
• Esta é uma daquelas igrejas de Salvador
que aconselhamos visitar mesmo que
você não seja da religião católica.
Preservando sua história ligada à diáspora
negra, a liturgia dos cultos faz uso de
músicas dos terreiros de Candomblé, ao
som de atabaques. Nesta igreja, é
celebrada toda terça-feira uma missa
católica que incorporou alguns dos
elementos da cultura africana, como as
cantorias e danças.
• Quem desejar acompanhar a missa
sentado precisa chegar ao local bem cedo,
pois a igreja fica invariavelmente lotada.
Mas espere, vai valer cada minuto… a
missa é realmente muito bonita e
emocionante. Nas datas comemorativas
de Santa Bárbara e Iansã, a igreja é o
ponto central dos festejos.
A Irmandade dos
Pretos e a
Diáspora Negra
• O livro Irmandade do Rosário dos Pretos – Quatro
séculos de devoção*, conta que a Irmandade de Nossa
Senhora do Rosário dos Homens Pretos foi fundada do
ano de 1685 e elevada à categoria de Ordem Terceira em
2 de julho de 1899. É uma associação religiosa, sem fins
lucrativos, de pessoas católicas de ambos os sexos, de
cor negra, de boa conduta e que praticam, como bons
cristãos, os mandamentos de Deus e da Igreja.
• O objetivo dessa associação é cultuar a Virgem do
Rosário, mediante a fiel observância das regras de seu
compromisso. A Venerável Ordem Terceira do Rosário de
Nossa Senhora às Portas do Carmo – Irmandade dos
Homens Pretos é, antes de tudo, uma irmandade católica
apostólica romana de cunho africano. Mantém, com
dignidade e renovação, ao longo dos seus mais de três
séculos, suas características de território africano na
diáspora.
União dos ritos

O livro também explica a união dos ritos e práticas católicas a


uma experiência sagrada africana. A organização de africanos
em torno do culto e adoração à Nossa Senhora do Rosário,
desde a sua elevação à categoria de Ordem Terceira, permitiu
a incorporação da devoção a outros santos de tradição afro-
católica. Entre eles: Santo Antônio de Categeró, Santa Ifigênia,
Santo Elesbão, São Benedito, Santa Bárbara e até a escrava
Anastácia, ainda sem reconhecimento na hierarquia católica,
mas de forte valor para a religiosidade afro-brasileira.

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