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WILSON
PARAO
?
"Coloque dois sujeitos do contra
um do lado do outro e agite bem ."
— Revista Christianity Today
garimpo
www.garimpoedltorial.com.br
’ ■ ■' m
"Christopher Hitchens
manifesta uma enorme
indignação moral, mas, em
face do ateísmo, gostaria
que ele explicasse o porquê
dessa indignação. Se Deus
não existe, quem está
preocupado com moral?"
DOUGLAS
WILSON
Teólogo e pastor da Christ Church, nos Estados Unidos, e
acadêmico da Nova Faculdade Saint Andrews. É bacharel em
Estudos Clássicos e mestre em Filosofia pela Universidade de
Idaho. Ajudou a fundar o Confederação das Igrejas
Evangélicas Reformadas. Escreveu vários livros, entre os quais
Letter from a Christian Citizen [Carta de um cidadão cristão] e
Heaven Misplaced: Christ's Kingdom on Earth [O céu no lugar
errado: o Reino de Cristo na terra].
J
O CRISTIANISM O E BOM
PARA O M UNDO?
UM DEBATE
ganmpo
O I
EDITORIAL
São Paulo
© 2010 Garimpo Editorial.
Todos os direitos reservados.
1* edição — março/2010
O s textos das referências bíblicas foram extraídos da Nova Versão Internacional (NVI),
Sociedade Bíblica Internacional, salvo indicação específica.
Wilson, Douglas
O Cristianismo é bom para ò mundo? : um debate sobre a
maior religião monoteísta do planeta / Douglas Wilson, Christophe
Hitchens ; tradução Robinson Maikomes. — São Paulo : Garimpo
Editorial, 2010.
10-00744 C D D -230
PREFACIO
APRESENTAÇÕES
Christopher Hitchens 11
Douglas Wilson 15
PRIMEIRO ROUND
Christopher Hitchens 20
Douglas Wilson 24
SEGUNDO ROUND
Christopher Hitchens 32
Douglas Wilson 33
TERCEIRO ROUND
Christopher Hitchens 38
Douglas Wilson 40
QUARTO ROUND
Christopher Hitchens 48
Douglas Wilson 52
Q U IN TO ROUND
Christopher Hitchens 58
Douglas Wilson 62
SEXTO ROUND
Christopher Hitchens 68
Douglas Wilson 72
PREFACIO
Jo n a h G oldberg
SOU alguém que tem prazer no fato de que não existem provas
convincentes da existência de nenhuma das milhares de divinda
des da humanidade, sejam as do passado, sejam as do presente.
Para mim, a ideia de que uma pessoa possa desejar um senhor
supremo, absoluto e imutável, cujo reinado seja eterno e inquestio
nável, alguém que exija propiciação incessante e que nos mantém
debaixo de vigilância contínua, não importa se estamos dormindo
ou acordados, vigilância que não tem fim (e que, na verdade, até
aumenta) depois de nossa morte, bem, essa ideia para mim é
desconcertante. Um sistema assim tão pavoroso significaria que pa
lavras como “liberdade” ou “livre-arbítrio” não têm sentido algum.
Esse estado do Big Brother celestial seria o cúmulo do totalitarismo,
muito mais hermético e tirano do que o Estado visto em 1984, pois
os “crimes de pensamento” — ofensas cometidas só na imaginação
— seriam detectados no momento em que ocorressem.
O pesadelo antiutópico de Orwell revela um estado de coisas
em que a crueldade e o culto ao poder são praticados, digamos,
em benefício próprio e sem que se peça licença. Mas o regime
todo-poderoso exige de seus subordinados mais que obediência
na base do medo. Exige também que eles professem seu amor
pelo Big Brother. É esse elemento extra que acho extremamente
repugnante na fé religiosa. O indivíduo é literalmente ordenado
a amar. E ordenado não somente a amar os outros como a si
mesmo — uma ordem ridícula e impossível, além de intrinseca
mente contraditória — , mas também a amar um Ser supremo
que, ao mesmo tempo, deve ser profundamente temido. São
APRESENTAÇÃO 13
É com prazer que vejo que você achou meio engraçada a minha
resposta. Também gosto de saber que nós dois admiramos
34 o C R I S T I A N I S M O É B O M PARA O M U N D O ?
Você se refere aos fiéis que veem “mistério onde ele não existe”.
Será que você concordaria que a pergunta: “Por que existe algo
aqui em vez de absolutamente nada?” não se enquadra na mesma
categoria? Se você e eu estivéssemos num camarote de experi
mento mental assistindo à explosão que conhecemos como Big
Bang ou à primeira resposta gloriosa da criação diante do fia t lux
de Deus, poderíamos concordar que, naquele momento, a navalha
de Occam seria totalmente inútil a qualquer um de nós dois?
Se Jesus tivesse contado uma história sobre um homem ne
gro que parou para ajudar um branco que havia sido espancado
no Mississipi na década de 1950 e você recontasse a história tem
pos depois, dizendo que o homem misericordioso era branco,
penso que seria justo eu apontar para a inversão e para o fato de
que a história havia sido modificada e enfraquecida. E quando eu
disse que o bom samaritano cumpriu uma lei antiga, eu não
disse que a obediência a essa lei esteve inoperante durante o tem
po decorrido. É óbvio que não esteve. Mas a desobediência tam
bém não esteve, e Jesus estava atacando uma forma específica de
desobediência institucionalizada — a hipocrisia religiosa.
Sobre a questão da moral, você diz que o que o deixa relutan
te é dizer que, se a fé religiosa desmoronar, o alicerce da moral e
da decência desmorona junto. Mas o seu comportamento vai
bem além de uma simples relutância. Seu livro e suas participa
ções neste debate até agora estão repletos de denúncias veçmen-
QUARTO ROUND 53
cidade para denunciar o que não deve ser. Assim, já que você o
rejeita, você tem ótimos sermões, mas não pode apresentar ne
nhum texto. Quando as pessoas começam a notar que nao há
textos, não há garantias, fundamentos nem razoes, você faz ajustes
e tenta compensar com heleza retórica e com uma prosa extrema
mente floreada. Você parece o pastor que escreveu ao lado de suas
anotações para o sermão: “Argumento fraco. Grite nesta hora.”
Seu convite para que tentemos mencionar uma ação moral que
não tenha sido praticada ou proferida por um ateu demonstra que
você continua sem entender do que estamos falando. Temos to
dos os motivos para acreditar que esses ateus, praticando tais atos,
serão incapazes, tanto quanto você tem sido, de explicar o porquê
de uma ação ser considerada boa e outra, má. Você diz que não há
alternativa que lhe permita não classificar como exemplos de “mal”
os sociopatas e psicopatas. Mas é claro que há uma alternativa. Por
que não chamá-los apenas “diferentes”?
Um padrão fixo fundamentado no caráter de Deus permite-
nos definir o mal, mas isso traz consigo a possibilidade do per
dão. Você rejeita o perdão, mas, no fim das contas, isso significa
que não acredita que alguma coisa precise ser perdoada. Isso sig
nifica que você destruiu a ideia do “mal”, não importa quais com
portamentos “classifique” como inconvenientes a você.
Percebi em seu livro que você foi batizado numa igreja cristã.
Portanto, gostaria de encerrar chamando-o de volta aos termos
do batismo. Qualquer pessoa que tenha sido batizada em nome
do Pai, do Filho e do Espírito Santo traz em si as demandas
76 o C R I S T I A N I S M O E BO M PARA O M U N D O ?