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Dormência em plantas

Frutíferas de clima
temperado
ROTEIRO
1. Conceito e importância
2. Tipos de dormência
3. Fatores que afetam a dormência
3.1 Fatores ambientais
3.2 Fatores da planta
4. Consequência da falta de frio
5. Controle da dormência
CONCEITO E IMPORTÂNCIA

O QUE É DORMÊNCIA?
Conceito clássico (DOORENBOS, 1953):

“Corresponde a um estado em que o tecido não apresenta a


habilidade de crescer, mesmo em condições favoráveis”.

PORQUE AS PLANTAS ENTRAM EM DORMÊNCIA?

 Permitir a sobrevivência da espécie em condições ambientais desfavoráveis.


TIPOS DE DORMÊNCIA
A dormência pode ser
dividida em três tipos ou
fases (LANG et al., 1987):

Figura 1. Diagrama de sinais e


épocas típicas correspondentes
aos diferentes tipos de
dormência.

Fonte: Horvarth et al. (2003)


FATORES QUE AFETAM A DORMÊNCIA
A indução e superação da dormência nas plantas podem ser controladas por:

Temperatura
Fatores exógenos (ambientais) Fotoperíodo
Luminosidade e precipitação pluviométrica

Genótipo
Fatores endógenos (planta) Localização e tipo de gema
Porta-enxerto, vigor e idade da planta
FATORES QUE AFETAM A DORMÊNCIA
1. FATORES EXÓGENOS

1.1 Temperatura

 É o principal fator exógeno desencadeador do processo de dormência;

 Dupla função:
a. Inicialmente, na indução da paralização do crescimento aparente e
entrada em dormência;
b. Posteriormente, na superação deste estado, a fim de permitir a brotação.

 A quantidade de frio ocorrida desde a indução até a superação da


endodormência é denominada de requerimento em frio;
FATORES QUE AFETAM A DORMÊNCIA
1. FATORES EXÓGENOS

1.1 Temperatura

 A quantidade de calor necessário para a brotação após a exposição às baixas


temperaturas é denominada de necessidade de calor;

A regularidade e a intensidade das baixas


temperaturas após a indução da dormência são
fundamentais, pois oscilações térmicas durante o
período de dormência podem fazer com que a planta
permaneça por um tempo maior em dormência e
apresente brotação e floração desuniforme.
FATORES QUE AFETAM A DORMÊNCIA
1. FATORES EXÓGENOS

1.2 Fotoperíodo

 Juntamente, ao fator temperatura, é tido como determinante para entrada em


dormência;
 A redução o fotoperíodo é o primeiro sinal determinante da época de indução
da endodormência (FENNEL et al., 2005);
 Em estudos com macieira e pereira, verificou-se que a suspensão do
crescimento e a indução a dormência não estão relacionadas ao fotoperíodo
(OLSEN, 2002; GARNER e ALLARD, 1923; NITSCH, 1957; HEIDE e PRESTRUD, 2005);

 Principal indutor da dormência em álamo e pessegueiro.


FATORES QUE AFETAM A DORMÊNCIA
2. FATORES ENDÓGENOS

2.1 Genótipo

 A resposta da planta em relação a dormência difere entre espécies e entre os


cultivares pertencentes a mesma espécie;
FATORES QUE AFETAM A DORMÊNCIA

Fonte: Putti et al. (2003)


Figura 2. Percentagem de gemas brotadas aos 30 dias (% GB 30) em função das unidade de frio para
as cultivares de macieira “Baronesa”, “Imperatriz”, “Gala”, “Daiane” e “Condessa” – Caçador/SC.
FATORES QUE AFETAM A DORMÊNCIA
2. FATORES ENDÓGENOS

2.2 Localização e tipo de gema


FATORES QUE AFETAM A DORMÊNCIA
2. FATORES ENDÓGENOS

2.2 Localização e tipo de gema


FATORES QUE AFETAM A DORMÊNCIA
2. FATORES ENDÓGENOS

2.2 Localização e tipo de gema

 Existe grande variação entre gemas axilares e terminais, bem como entre
gemas vegetativas e floríferas em relação a sua resposta as condições
ambientais;

 Gemas axilares e vegetativas  maior requerimento em frio quando


comparada as gemas terminais e gemas floríferas;
FATORES QUE AFETAM A DORMÊNCIA

TERMINAIS A AXILARES B

Fonte: Herter et al. (2001)

Figura 3. Tempo médio de brotação em gemas terminais (A) e axilares (B) de pereira cv.
Carrick. Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS.
REQUERIMENTO EM FRIO
É a quantidade de frio necessária para superação da endodormência (> limitação
na produção);

Importância:
- definir o requerimento em frio de uma cultivar;
- definir a quantidade de frio disponível em um local específico.

Variável entre as diferentes espécies e cultivares.


REQUERIMENTO EM FRIO

Tabela 1. Requerimento em horas de frio  7,2o C para a superação da


dormência de frutíferas de clima temperado.

Espécies Requerimento em horas de frio  7,2o C para a


superação da dormência
Macieira 200 a 1.000
Pereira 300 a 800
Pessegueiro 150 a 800
Ameixeira 300 a 1.000
Quivizeiro 300 a 1.000
Fonte: Petri et al. (2003)
CÔNSEQUÊNCIA DA FALTA DE FRIO
De maneira geral, ocorre:
 Aumento da intensidade de russeting (macieira);

Figura 6. Frutos de macieira das


cultivares Maxi Gala (A) e Fuji
Suprema (B) com sintomas de
‘russeting’ na epiderme. Vacaria,
RS, 2017.
CÔNSEQUÊNCIA DA FALTA DE FRIO
De maneira geral, ocorre:
 Frutos de forma achatada e sem ressaltar os lóbulos;

 Aumento da sutura e da ponta do fruto, no caso do pessegueiro;

 Envelhecimento precoce da planta, e;

 Alteração do ciclo de crescimento da planta (Fig. 7).


Fonte: Petri 2002.

Figura 7. Ciclo vegetativo de frutíferas de clima temperado (Linha tracejada – condições normais.
Linha cheia – clima ameno)
CONTROLE DA DORMÊNCIA
Uso de cultivares adaptadas às condições climáticas de determinada região de
cultivo;

 Melhor e mais eficiente método;

 Regiões de clima ameno: deve-se dar preferência a cultivares de baixo


requerimento em frio;

OBS.: quando conduzidas em regiões com elevado acúmulo de frio durante o


período hibernal, o florescimento é antecipado, e assim as baixas temperaturas
podem causar perdas devido as geadas.
CONTROLE DA DORMÊNCIA
Superação artificial através de intervenções fitotécnicas:

- Incisão anelar;

Figura 8. Incisão
anelar em mudas
de macieira. A.
incisão em gema
dormente. B.
Brotação de gema
que recebeu o
anelamento.
Fonte: Pio et al. 2013.
CONTROLE DA DORMÊNCIA
Superação artificial através de intervenções fitotécnicas:

- Exposição ao frio artificial para induzir a brotação das mudas;

- Torção e o arqueamento dos ramos;

- Evitar o excesso de produção (raleio dos frutos);

- Poda e desfolha e;

- Utilização de agentes químicos denominados de indutores de brotação.


CONTROLE DA DORMÊNCIA
INDUTORES DE BROTAÇÃO:

 É a melhor e a mais usual forma de amenizar os problemas causados pela


insuficiência de frio e induzir a brotação e floração das fruteiras;
 Tem como objetivos:
• uniformizar a floração e a brotação;
• aumentar a brotação de gemas axilares;
• encurtar o período de floração;
• aumentar a área foliar e a fotossíntese;
• antecipar a floração quando a polinizadora não coincide;
• antecipação da colheita.
CONTROLE DA DORMÊNCIA
Indutores de brotação:
 Produtos utilizados:
• Óleo mineral e a
cianamida hidrogenada
(produto comercial
Dormex®);

Figura 8. Efeito de concentração de Dormex na brotação


das gemas axilares das cultivares Gala e Fuji.
CONTROLE DA DORMÊNCIA
Indutores de brotação:
 Produtos utilizados:
• Erger® (produto a base de nitrogênio inorgânico, enzimas e aminoácidos);
• Formulações a base de ácido glutâmico, os quais normalmente são
utilizados em mistura de tanque com nitrato de cálcio;
• Nitrato de potássio (gemas floríferas);
Para que se tenha uma resposta satisfatória é
• Mistura de óleo mineral e calda sulfocálcica
necessária à acumulação (cultivos agroecológicos);
de pelo menos 50% do
• Alternativos: extratorequerimento
de alho e óleoem frio eantes
mineral da de
extratos aplicação dos
plantas como
Gallesia inegrifolia. indutores.
DÚVIDAS
REVISÃO DA AULA
Dormência

Período em que a planta não apresenta sinais de atividades metabólicas, sendo que,
visualmente, o crescimento está suspenso.

Tipos de dormência

Paradormência Endodormência Ecodormência

Fatores do ambiente Fatores que afetam Fatores da planta


Não atendido
Temperatura Anomalias Controle da Cultivares adaptados
requerimento
em frio
dormência Superação artificial
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUCKNER, C. H. Melhoramento de Fruteiras de clima temperado. Viçosa: UFV,
2002, 186p.

FACHINELO, J. C.; NACHTIGAL, J. C.; KERSTEN, E. Fruticultura fundamentos e


práticas. Pelotas: Editora UFPel, 2008. 176p.

PIO, R. Cultivo de fruteiras de clima temperado em regiões subtropicais e


tropicais. 2ª ed. Ampliada e Revisada. Viçosa: UFLA, 2018. 681p.

SIMÃO, S. Tratado de Fruticultura. Piracicaba: Fealq, 1998. 760p.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. 722p
LEITURA COMPLEMENTAR

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