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BENEFICIAMENTO DE SEMENTES

João Antonio Pereira Fowler


Analista A da Embrapa Florestas
BENEFICIAMENTO

Extração de sementes dos frutos

Tipo de fruto Procedimento de extração


Frutos secos deiscentes:
(vagens deiscentes, cápsulas
e cones) pinus, eucalipto, fabaceas. Secagem e peneiragem.
Frutos secos indeiscentes:
(vagens indeiscentes de Acacia nilotica
e Acacia siberiana). Secagem e debulha.
BENEFICIAMENTO

Extração de sementes dos frutos

Tipo de fruto Procedimento de extração


Frutos serotinosos
(cones, cápsulas, frutos secos) aquecimento em estufa

Frutos carnosos com polpa muito fina secagem e imersão


(Vitex spp. e Ziziphus spp.) maceração e lavagem
BENEFICIAMENTO

Extração de sementes dos frutos

Tipo de fruto Procedimento de extração


Frutos carnosos com polpa muito Imersão, fermentação, lavagem.
macia (Prunus, Olea e Ficus)
Frutos carnosos com polpa muito Imersão, maceração, lavagem,
macia e fibrosa (Gmelina) abrasão / polimento.
Frutos carnosos com polpa felpuda
(Tectona grandis, Sclerocarya spp.) Imersão, abrasão/polimento.
BENEFICIAMENTO
Extração de sementes dos frutos

Fonte: Danida Forest Seed Centre - Denmark


BENEFICIAMENTO

SECAGEM DE SEMENTES E FRUTOS


Secagem natural coberta
As sementes são colocadas em salas bem ventiladas, espalhadas em
camadas finas e revolvidas frequentemente sobre peneiras para
favorecer a circulação do ar e a secagem.
No caso de frutos, a secagem promove a abertura dos frutos e a
liberação das sementes.
BENEFICIAMENTO

SECAGEM DE SEMENTES E FRUTOS


Secagem ao sol
Utilizado nas estações secas de regiões quentes para frutos que
requerem temperaturas mais altas para liberar as sementes.
Consiste em dispor frutos ou sementes em camadas e revolvê-los
regularmente.
BENEFICIAMENTO

CUIDADOS DURANTE A SECAGEM


Inicialmente referem-se às precauções contra incêndio e materiais
inflamáveis, no caso de uso de secadores.
Os demais se referem aos cuidados com os limites da temperatura
para que não exceda 60 °C, medidos na massa de sementes ou
frutos.
BENEFICIAMENTO

Pré-limpeza e Limpeza

São as operações de remoção das impurezas que estão misturadas


às sementes quando chegam do campo.

Estratégia: separação das impurezas por diferenças físicas.


BENEFICIAMENTO

Pré-limpeza e Limpeza
Princípios de separação
Tamanho: largura espessura e comprimento
Peso
Formato
Textura do tegumento
Cor
BENEFICIAMENTO
Pré-limpeza e limpeza

Máquina de peneira
BENEFICIAMENTO
Pré-limpeza e limpeza

Mesa de gravidade
ARMAZENAMENTO
Objetivo: Manter a viabilidade e o vigor das sementes para uso
futuro, dependendo dos propósitos que se deseja utilizar.
Período:
• Curto - 1 ano;
• Médio - 5 anos; e
• Longo – maior que 5 anos.

Classificação fisiológica Grau de umidade na maturação %


ortodoxas <5
recalcitrantes 20 a 50
intermediárias 10 a 15
ARMAZENAMENTO
ESTRATÉGIA PARA CONSERVAÇÃO DAS SEMENTES EM ARMAZENAMENTO
Classificação Umidade Temperatura Pressão de O2
Fisiológica semente % ambiente °C
Ortodoxas 5 0 Baixa
Recalcitrantes* 20 a 50 1a5 Média
Intermediárias* 10 a 15 1a5 Média
* Reduzir ao ponto de umidade crítica.
ARMAZENAMENTO

TIPOS DE EMBALAGEM

PERMEÁVEIS: Papel, algodão, juta, polietileno trançado.


Características: Permitem trocas gasosas entre as sementes e o
ambiente.
Uso: em ambientes secos e por períodos curtos de armazenamento.
ARMAZENAMENTO

TIPOS DE EMBALAGEM

SEMI PERMEÁVEIS: Polietileno.


Características: Não impedem completamente as trocas gasosas
entre a semente e o ambiente.
Uso: Em ambientes não muito úmidos e por períodos médios de
armazenamento.
ARMAZENAMENTO

TIPOS DE EMBALAGEM

IMPERMEÁVEIS: Alumínio, lata e vidro.


Características: Impedem completamente as trocas gasosas entre a
semente e o ambiente.
Uso: B.A.G. para períodos longos de armazenamento com sementes
ortodoxas.
DORMÊNCIA
Sementes viáveis que não germinam sob condições favoráveis de
umidade, temperatura e luminosidade.
A dormência é uma estratégia de sobrevivência e perpetuação das
espécies.
Existem vários graus de dormência:
leve → profunda
Ocasionalmente ambas ocorrem nas sementes de uma mesma espécie
A SUPERAÇÃO ESTÁ RELACIONADA COM AS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE
OCORRÊNCIA DA ESPÉCIE.
DORMÊNCIA
VANTAJOSA NO ARMAZENAMENTO
Evitando a germinação

Secagem
Ausência de luz

Induzem a dormência

Aumentam a armazenabilidade
DORMÊNCIA

DESVANTAJOSA
Dificuldade de avaliação da viabilidade
Demandam tratamento para superação
Tratamentos para superação
Objetivam

Germinação rápida e uniforme


DORMÊNCIA

OS TRATAMENTOS PARA SUPERAÇÃO


São executados após a fase embebição ou seja na fase de pré-
semeadura

Evitar recorrência
Alguns casos a dormência é superada por condições adequadas para
a germinação como luz, temperatura
DORMÊNCIA

OS TRATAMENTOS PARA SUPERAÇÃO


Muitos tratamentos visam aumentar a velocidade de germinação e
crescimento da plântula

hormônios

ácido indolacético, aib, giberelinas
ECOLOGIA E DORMÊNCIA
É estratégia de sobrevivência e estabelecimento das plântulas

Tipo e o grau de dormência tem relação com as condições ecológicas
Espécies de clima temperado
amadurecem seus frutos no outono → emergência no inverno
dormência das sementes → escalonam a emergência no tempo

maximizam chances de estabelecimento
ECOLOGIA E DORMÊNCIA

Espécies tropicais secundárias


Solo úmido favorece a germinação

Dormência das sementes → Falta de luz e Temperaturas alternadas



Dependem da ocorrência de clareiras na floresta
ECOLOGIA E DORMÊNCIA

Espécies de regiões secas


Luz abundante contudo o solo seco inibe a germinação

Dormência das sementes → impermeabilidade do tegumento



Dependem da umidade do solo e altas temperaturas
ECOLOGIA E DORMÊNCIA

Espécies tropicais clímax


Raramente as sementes são dormentes
Sementes são adaptadas para germinar rapidamente

Sobrevivem por longo tempo no solo



Demandam luz para germinar
ECOLOGIA E DORMÊNCIA
Algumas sementes desenvolvem dormência quando expostas a
condições desfavoráveis para germinação

Dormência induzida→ Fabaceae
Desenvolvem tegumento impermeável

Superação: incidência de luz, ingestão do fruto por animal, fogo,
abrasão por areia, amolecimento pela água da chuva
TERMINOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO
A Terminologia e a classificação são descritas conforme a natureza
fisiológica e o método de superação da dormência

Dormência combinada ou dupla:


Quando ocorrem mais de um tipo de dormência nas sementes de uma
mesma espécie.

Exemplos:
 inibidores químicos;
 tegumento impermeável;
 embrião imaturo.
FISIOLOGIA DA DORMÊNCIA
Qualquer parte do fruto ou semente por estar envolvida
Pericarpo:
Formar barreira à protrusão da radícula do embrião → dormência
mecânica
Barreira física a absorção de água e trocas gasosas → dormência física
Bloqueio de luz ao embrião → foto dormência
Bloquear a saída de inibidores químicos do embrião e de outras estruturas
da semente → dormência química
FISIOLOGIA DA DORMÊNCIA
Tegumento: vários tipos de dormência física ou exógena estão
associados com a:
Resistência mecânica.
Barreira a adsorção de água e trocas gasosas.
Temperatura e inibidores químicos.
Sensibilidade a luz.
Endosperma: com menor frequência, a dormência por inibidores
químicos esta relacionada com essa estrutura.
FISIOLOGIA DA DORMÊNCIA

Embrião: Vários tipos de dormência estão relacionadas com essa


estrutura, ocasionalmente influenciada pelo endosperma.

Dormência endógena
Embrião imaturo
Termo dormência e foto dormência

Associadas ao pericarpo ou tegumento
FISIOLOGIA DA DORMÊNCIA
Variações da dormência em espécies
Dormência é influenciada pela interação dos fatores:
 De desenvolvimento.
 Genéticos.
 Ambientais.
Varia em uma mesma espécie em:
 Intensidade.
 Entre lotes.
 Entre sementes.
FISIOLOGIA DA DORMÊNCIA
Variações da dormência em espécies
A dormência sofre alterações durante o desenvolvimento
Espécies de clima temperado
Sementes frescas → inibidores químicos no tegumento
Sementes secas → inibidores químicos movem-se ao embrião
Sementes frescas → dormência superficial
Sementes secas → dormência profunda
Dormência mecânica ou física → grau de umidade da semente e estádio
de maturação
FISIOLOGIA DA DORMÊNCIA

Dormência é influenciada pelo ambiente


Fatores ambientais são indutores de dormência secundária:
 Secagem→ influencia o grau de dormência física.
 Sementes sensíveis a luz e temperatura →alteram o grau da
dormência conforme o ambiente após a dispersão.
 Sementes com termo dormência sofrem mudanças após a exposição a
altas temperaturas.
FISIOLOGIA DA DORMÊNCIA

Dormência é influenciada pela genética


A dormência sofre alterações em função da altitude
Espécies de clima temperado
Sementes de altitude → maior tempo de estratificação
Sementes terras baixas → maior tempo de estratificação
Diferença entre procedências de Pinus → tempo de estratificação
Dormência mecânica ou física → grau de umidade da semente e estádio
de maturação
TIPOS E MÉTODOS DE SUPERAÇÃO

DORMÊNCIA EXÓGENA:
Escarificação ácida.
Escarificação mecânica.
Imersão em água quente: 80 °C/18h a 24h.
Imersão em água a temperatura ambiente.

Ex: farinha-seca, pau-marfin, mimosas e baguaçu


TIPOS E MÉTODOS DE SUPERAÇÃO

DORMÊNCIA ENDÓGENA:
Estratificação a frio: 3 °C/ 15dias - 6 meses
Ex: Acer
Estratificação alternada: 25 °C - 16h
15 °C - 08h
3 °C - 24h
Ex.: coníferas.
TIPOS E MÉTODOS DE SUPERAÇÃO

Exógena: impermeabilidade do tegumento resistência mecânica


do tegumento.
Ex.: bracatinga.
Endógena:embrião imaturo ou inibidor fisiológico;
Ex.: capororoca.
Combinada: ambos na mesma semente.
Ex.: erva-mate.
OBRIGADO!
João Antonio Pereira Fowler

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