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CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

REDUÇÃO DA GERAÇÃO DE FINOS DE CARVÃO


VEGETAL COM O USO DE CAÇAMBAS FIRE FREE

Níkolas Nogueira Caliman

SÃO JOÃO DEL REI – MINAS GERAIS


01/2021
NÍKOLAS NOGUEIRA CALIMAN

REDUÇÃO DA GERAÇÃO DE FINOS DE CARVÃO


VEGETAL COM O USO DE CAÇAMBAS FIRE FREE

Trabalho apresentado como requisito


parcial para a Conclusão do Curso de
Engenharia Mecânica da Universidade
Federal de São João Del Rei.

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________
Prof. Dr. Flávio Neves Teixeira
Universidade Federal de São João Del Rei

___________________________________
Prof. Dra. Crismeire Isbaex
Universidade de Évora

___________________________________
Prof. Dr. José Antônio da Silva
Universidade Federal de São João Del Rei

___________________________________
Prof. Dr. Luiz Gustavo Monteiro Guimarães
Universidade Federal de São João Del Rei

São João Del Rei, ____ de_______________ de 20_


DEDICATÓRIA

Às pessoas que mais me apoiaram e me


ajudaram e que me fizeram chegar até aqui,
eu agradeço de coração. Agradeço a Deus,
a esta instituição, família, amigos e quem
mais esteve ao meu lado. Obrigado!
AGRADECIMENTOS

Ao Professor Dr. Orientador Flávio Teixeira Neves, braço amigo de todas as etapas
deste trabalho e à professora Dra. Crismeire Isbaex, pela amizade, orientação e
confiança. A grandeza de uma pessoa a gente observa em suas ações.
A minha família, pelo apoio, confiança e motivação.
Aos amigos e colegas de curso, pela força, dedicação de horas de estudos e
vibração em relação ao final desta jornada.
Aos profissionais Túlio Raad e Hudson do Espírito Santo, pela oportunidade em me
deixar participar deste projeto e pela concessão de informações valiosas para a
realização deste estudo.
Às empresas do grupo de pesquisa, Ecocarvão Vegetal LTDA, ArcellorMittal e
SENAI/CTI.
A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização deste
trabalho.
A Deus todo poderoso, por me conceder esta linda chance de caminhar até aqui.
EPÍGRAFE

“A maior recompensa para o trabalho


do homem não é o que ele ganha
com isso, mas o que ele se torna
com isso”

John Rusk
CALIMAN, Níkolas Nogueira. Redução da geração de finos de carvão vegetal
com o uso de caçambas Fire Free. Trabalho de conclusão de curso. Curso de
Engenharia Mecânica. Universidade Federal de São João Del Rei, 2020.

RESUMO

Em unidades de produção de energia, um dos grandes desafios é o controle da


geração de finos, após a carbonização. O objetivo do trabalho foi utilizar a caçamba
Fire Free para reduzir a geração de finos de carvão vegetal no descarregamento dos
fornos para a praça de carbonização. Por meio do descarregamento direto nas
caçambas, após a descarga do forno, utilizou-se o sistema Fire Free como método
de monitoramento de temperatura do carvão estocado. Neste sistema com
caçambas, as informações de temperatura foram obtidas por um pirômetro óptico
que coletava leituras através de tubos inseridos na carga de carvão. O software
Carboraad foi utilizado para gerar perfis térmicos do comportamento da temperatura
em tempo real. Foi observado como a radiação solar apresentava uma ameaça à
segurança da carga de carvão estocado. Deste modo, observou-se que o
resfriamento da caçamba com cobertura reduziu em até 44,4% a temperatura da
carga de carvão. O monitoramento e controle de acúmulo de energia via aerador,
mostrou ser eficaz ao reduzir 32,4% a temperatura do insumo estocado. Para evitar
um possível foco de incêndio, o controle pelo modo água reduziu a temperatura da
carga em 71,4%. Deste modo, foi possível concluir que o uso da caçamba e o
sistema de monitoramento Fire Free atingiram uma redução de 1,80% na geração de
finos de carvão.

Palavras-chave: Caçambas Fire Free; descarga direta; finos de carvão vegetal.


CALIMAN, Níkolas Nogueira. Reduction in charcoal fines generation by using
Fire Free Buckets. Undergraduate Mechanical Engineering Thesis. Federal
University of São João Del Rei, 2020.

ABSTRACT

In the energy production units, one of the major challenges is one the fines
generation control after carbonization. The aim of work was to use the Fire Free
bucket to reduce the generation of fine charcoal in the kiln discharge to the
carbonization square. Through direct unloading into the buckets, the Fire Free
system was used as a method of monitoring the stored charcoal temperature. In this
System with buckets, the temperature information was obtained by an optical
pyrometer that collected reading through tubes inserted in the charcoal load. The
Carboraad software was used to generate the behavior of the thermal profile in real-
time. The solar radiation was a threat to the security of the stockpiled charcoal. Thus,
it was observed that cooling the covered bucket reduced the charcoal temperature by
44.4%. The monitoring and control of energy accumulation via the aerator showed to
be effective in reducing the stored charcoal temperature by 32.4%. To prevent a
possible focus fire, the control by water mode reduced the temperature of the load by
71.4%. Thus, it was concluded that the use of the bucket and the Fire Free
monitoring system achieved a reduction of 1.80% in the charcoal fines generation.

Keywords: fire free buckets, direct discharge, charcoal fines


SUMÁRIO

DEDICATÓRIA

AGRADECIMENTOS

EPÍGRAFE

RESUMO

ABSTRACT

LISTA DE TABELAS................................................................................... 10

LISTA DE FIGURAS................................................................................... 11

LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS................................... 13

1 INTRODUÇÃO………………...……………...……………...……………….. 14

2 OBJETIVOS………………...……………...……………...…………………... 23

2.1 Objetivos Específicos…………...…………………………………………….. 23

3 MATERIAIS E MÉTODOS……………………………………………………. 24

3.1 Área de estudo……………………………………………………………….... 24

3.2 Caçamba Fire Free..................................................................................... 24

3.3 Equipamento utilizado no transporte do carvão vegetal…………………... 25

3.4 Máquina e equipamentos empregados no descarregamento do carvão


na caçamba…………………………………………………………………….. 26

3.5 Resfriamento da caçamba com cobertura………………………………….. 27

3.6 Testes de aeração sobre a amostra de carvão…………………………….. 28

3.6.1 Teste 1 ..................................................................................................... 30

3.6.2 Teste 2 ..................................................................................................... 30

3.7 Testes contra foco de fogo na amostra de carvão………………………… 31

3.8 Teste nas caçambas: método de resfriamento com o aerador………… 32


3.9 Teste na caçamba: método de combate a focos de fogo com o uso de
injeção de água………………………………………………………………... 34

3.10 Análise de finos no carvão vegetal………………………………………….. 35

3.11 Análise de custo do trabalho…………………………………………………. 35

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO……………………………………………. 37

4.1 Resfriamento da caçamba Fire Free sob cobertura……………………….. 37

4.2 Monitoramento e controle de focos de fogo no carvão vegetal no teste


de bancada…………………………………………………………………... 41

4.2.1 Aerador .................................................................................................... 41

4.2.2 Modo água .............................................................................................. 43

4.3 Monitoramento e controle de focos de fogo no carvão vegetal na


caçamba……………………………..........…………………………………... 44

4.3.1 Aerador ..................................................................................................... 44

4.3.2 Água ......................................................................................................... 46

4.4 Geração de finos e controle………………………………………………….. 47

4.5 Análise de custos…………………………………………………………….... 49

5 CONCLUSÃO………………………………………………………………….. 52

6 BIBLIOGRAFIA……………………………………………………………….... 53
10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características de algumas espécies de eucalipto de 10,5 anos


plantados em espaçamento de 3,0 x 2,0 metros………………... 16
Tabela 2 - Propriedades do carvão vegetal………………………………….. 18
Tabela 3 - Estimativa da metragem dos galpões…………………………….. 25
Tabela 4 - Número de encontros com o orientador para desenvolver
um trabalho de TCC com qualidade............................................ 41
Tabela 5 - Valores atribuídos por diversos autores para a temperatura de
ignição do carvão vegetal............................................................ 47
Tabela 6 - Comparação entre resultados médios das descargas com
carretas convencionais x descarga de teste das caçambas Fire
Free............................................................................................. 48
Tabela 7 - Premissas para análise financeira – Investimentos estimados –
CAPEX........................................................................................ 49
Tabela 8 - Premissas para análise financeira – Custos operacionais
estimados – OPEX...................................................................... 50
11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Produção total de ferro Gusa no Brasil em toneladas………….. 15


Figura 2 - Movimentações do carvão vegetal…………..…………..………... 21
Figura 3 - Balanço da geração de finos na ArcelorMittal Bioflorestas…….. 22
Figura 4 - Sistema de caçambas Rollon-Rolloff………..…………..………... 26
Figura 5 - Telas de atiços…..…………..……………..…………..…………. 27
Figura 6 - Caçamba carregada com carvão vegetal debaixo do galpão….. 28
Figura 7 - Bancada de testes do sistema de aeração………………………. 29
Figura 8 - Pirômetro óptico ou Fluke………………………………………….. 29
Figura 9 - Bancada de testes do sistema de aeração – sistema completo. 32
Figura 10 - Tubos de medições ....................................................…………. 33
Figura 11 - Pirômetro óptico........................................................................... 33
Figura 12 - Colaborador operando pirómetro óptico utilizando plataforma de
trabalho em altura ....................................................................... 34
Figura 13 - Tela de aeração...............................................…………………... 35
Figura 14 - Combate a foco de fogo induzido na caçamba realizado pela
abertura lateral………………………………………………………. 35
Figura 15 - Elevação de temperatura na caçamba……………………........... 37
Figura 16 - Redução de temperatura após o horário de maior incidência
solar sobre a caçamba………………….………………….………. 38
Figura 17 - Curva de temperatura média da carga de carvão vegetal na
caçamba……………………………………………………………... 39
Figura 18 - Comportamento da temperatura da caçamba carregada com
carvão………………………………………………………………… 40
Figura 19 - 1º Teste de bancada de injeção de ar quente (via aquecedor) x
injeção de ar frio (via aerador) …………………………………..... 41
Figura 20 - 2º Teste de bancada de injeção de ar quente (via aquecedor) x
injeção de ar frio (via aerador)…………………………………….. 42
Figura 21 - Teste de indução de foco de fogo…………………………………. 43
Figura 22 - Resultado do 1º teste de aeração no lado esquerdo e direito da
caçamba……………………………………………………………… 44
12

Figura 23 - Resultado do 2º teste de aeração no lado esquerdo e direito da


caçamba……………………………………………………………… 45
Figura 24 - Perfil térmico do combate do foco de fogo com água
pressurizada dos lados esquerdos e direito da caçamba………. 46
13

LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS

FOB - Free On Board (preço sem frete incluso (posto a bordo))


Mdc - Metros de carvão
C02 - Dióxido de Carbono
02 - Óxido de Carbono
AF - Auto Forno
GEE - Gases de efeito estufa
RG - Rendimento gravimétrico
UPEs - Unidade Produtora de Energia
UP - Unidade Produtora
PVC - Polyvinyl chloride (policloreto de vinila)
CNTP - Condições Normais de Temperatura e Pressão
14

1 INTRODUÇÃO
A indústria siderúrgica no Brasil teve início entre os séculos IXX e XX, sendo
o carvão vegetal como fonte termorredutora mais utilizada nos altos (CGEE, 2015).
Apesar da grande competitividade com o carvão mineral, grandes avanços têm sido
realizados para melhorar as propriedades físicas e químicas do carvão vegetal para
a redução dos custos em todas as fases da cadeia produtiva, assim como diversos
estudos têm sido realizados desde o melhoramento genético do eucalipto,
carbonização, transporte e descarregamento do carvão nos altos fornos (VIEIRA et
al., 2013; SOUZA et al., 2016)
Apesar do advento do carvão mineral pelas grandes siderúrgicas na década
de 40, a siderurgia a carvão vegetal experimentou significativa expansão a partir da
década de 1960, com a ampliação do mercado de exportação de ferro-gusa,
incentivos fiscais governamentais para implantação de florestas plantadas e
expressivo aumento de custos de importação do coque e do carvão mineral (CGEE,
2015). Desta forma, o Brasil se tornou o único no mundo a manter uma siderurgia
com base no carvão vegetal como termorredutor, no qual compete no mercado
internacional com o aço produzido a partir de fontes não renováveis (ISBAEX, 2018).
Em 2018, a participação das siderúrgicas a carvão vegetal na produção total
de ferro gusa brasileiro, foi de 6.562.740 milhões de toneladas, com alta de 4,84%
em relação ao ano anterior (Figura 1). O estado de Minas Gerais, maior produtor de
aço e de carvão vegetal, participou com 81,48% de todo o ferro gusa produzido no
Brasil a base de carvão vegetal (SINDIFER, 2019). Desta forma, as indústrias
integradas e independentes a carvão vegetal do Estado contribuíram para a balança
comercial com o equivalente a US$ 478.146,57 milhões (FOB) do total de volume
exportado.
15

4.000

3.500

3.000

2.500
x 1000 Toneladas

2.000

1.500

1.000

500

-
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

SIDER. A COQUE US. INTEGRADAS


US. INDEP. TOTAL A CARVÃO VEGETAL
TOTAL

Fonte: (SINDIFER) 2019.


Figura 1 - Produção total de ferro gusa em toneladas no Brasil

No processo de pirólise ou carbonização da madeira que consiste,


basicamente, no processo pelo qual a madeira é aquecida em ambiente fechado
com exclusão de ar. Gases, vapores d'água e de líquidos orgânicos são liberados,
enquanto o alcatrão e principalmente o carvão são deixados como resíduos
(CETEC, 1980). Quimicamente, a madeira é heterogênea consistindo principalmente
de três polímeros - celulose, hemicelulose e lignina - numa proporção aproximada de
50: 20: 30. Os demais componentes da madeira, presentes em menor quantidade,
são compostos de baixo peso molecular chamados extrativos, encontrados
notadamente na casca e englobando terpenos, óleos essenciais, resinas, fenóis,
taninos, graxas e corantes (CETEC,1980). De acordo com Santos (2010), os teores
de carbono e oxigênio na madeira (Eucalyptus urograndis), são aproximadamente
49% e 44%, respectivamente. Depois de carbonizada, os teores de carbono e
oxigênio assam no carvão vegetal para aproximadamente 82% e 13,7%. O carvão
retém 57% do carbono da madeira, enquanto 89% do oxigênio são volatilizados. O
carbono fixo é um item de controle muito importante, pois é um bom indicador da
reatividade de um determinado carvão vegetal (SANTOS, 2008). Porém, cabe
16

destacar que as porcentagens de voláteis no carvão vegetal dependem da espécie,


idade, composição química da madeira, taxa de aquecimento bem como do tipo de
forno empregado e temperatura alcançada no processo de carbonização (CARMO,
1988). A tabela 1, apresenta as características de algumas espécies de eucaliptos
destacando as principais propriedades para uso como fonte energética.

Tabela 1 - Características de algumas espécies de eucalipto na idade de 10,5 anos, plantados e


espaçamento de 3,0 x 2,0 metros
Espécies
Propriedades Eucalyptus Corymbia Eucalyptus Eucalyptus Eucalyptus
camaldulensis citriodora grandis saligna urophylla
Massa específica
0,687 0,73 0,479 0,548 0,564
básica (g/cm³)

Teor de lignina (%) 30,6 22,4 23,9 26,3 27,3


Rendimento em
carvão vegetal (%) 34,7 32,6 33,7 33,7 34,1
(Fornos circulares)
Teor de carbono
15,4 17,3 18,7 14,7 16,3
fixo (%)

Teor de materiais
84,1 81,3 80,7 84,8 82,8
voláteis (%)

Teor de cinzas (%) 0,5 1,6 0,6 0,5 0,9

PCS da madeira
5.085 4.718 4.340 4.633 4.312
(Kcal/Kg)

PCS do carvão
7.977 8.088 6.626 6.972 7.439
(Kcal/KG )

Fonte: COUTO (2003).

O carvão vegetal no Brasil é produzido predominantemente em fornos


circulares de alvenaria de pequeno porte denominados fornos de superfície (CGEE,
2015). A capacidade de carbonização da madeira pode variar de 7 m³ (fornos tipo
rabo quente) a 70 m³ (fornos circulares de sete metros de diâmetro). Desde 1980,
grandes empresas integradas de produção de ferro-gusa como a Vallourec (antes
Mannesmann Florestal), ArcelorMittal (antes Belgo Mineira), Aperam (antes Acesita)
e Gerdau iniciaram um processo de construção de grandes fornos retangulares de
alvenaria, com o objetivo de maximizar a produção de carvão (CGEE, 2015). Além
disso, mecanizaram as operações florestais, desde a colheita (Sistema Feller
17

Buncher, Skider e Garra Traçadora), o enchimento dos fornos (feitos com grua) até a
descarga do carvão (feito com pá carregadeira). Outro advento no processo de
carbonização, foi a passagem do método empírico para a utilização de pirómetros
ópticos e softwares de simulação da carbonização. Por meio da geração de perfis
térmicos dos fornos, a simulação é realizada utilizando balanço de massa
(Termodinâmica) e dados de temperatura medidos nos fornos, facilitando o
acompanhamento da carbonização e, por conseguinte, obtenção de um carvão de
melhor qualidade.
Apesar da grande importância da cadeia produtiva do carvão vegetal para o
desenvolvimento econômico, social e ambiental, as indústrias consumidoras têm
como desafio a grande competitividade com as indústrias a base de carvão mineral
(ISBAEX, 2018), que existe devido à semelhança nas funções termo redutoras
dentro do alto forno (ISBAEX, 2018). Enquanto o coque metalúrgico é obtido pelo
processo de "coqueificação", que consiste, em princípio, no aquecimento do carvão
mineral a altas temperaturas, o carvão vegetal é oriundo de florestas nativas ou
plantadas e obtidas por meio da carbonização da madeira em unidades de produção
de energia. Portanto, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) se diferenciam
em relação ao tipo de rota (ISBAEX, 2018). Outra diferença dessas indústrias está
associada à capacidade de produção de ferro gusa entre os altos fornos a coque e a
carvão vegetal. Os altos fornos a coque podem ter capacidades de produção
superiores a 1.000.000 t ferro gusa/ano, enquanto os altos fornos a carvão vegetal
podem atingir taxas de produção de 20 a 50.000 t ferro gusa/ano (ISBAEX, 2018).
Em 2017, apenas 19,47% do total de ferro gusa produzido no Brasil foi proveniente
das siderúrgicas verdes (SINDIFER, 2018). A tabela 2 apresenta as principais
diferenças entre as propriedades do carvão vegetal e do coque.
18

Tabela 2 - Propriedades físicas e químicas do carvão vegetal

Item Unidade Carvão Vegetal Coque C.V Preferencial

Carbono Fixo % 70 - 80 ~88% > 75 - < 80%


Materiais Voláteis % 25-35 ~1% 25 máx
Umidade % 0-6% 1-2% 4 máx
Cinza % 0,5-4% 10-12% < 1,0
Enxofre % 0,03-0,10 0,45-0,70 0,03 máx
Faixa Granulométrica mm 9-100 25-75 40 a 50
Densidade Kg/m³ 180-350 550 > 250 Kg
Resistência a compressão Kg/cm² 10-80 130-160 > 30

Fonte: SANTOS (2008).

De acordo com Noldin (2011) e Gonçalves (2012), desde as plantações


florestais de eucalipto até a produção do ferro gusa é possível obter um balanço
positivo de 0.203 a 1,56 t de O2 / t de ferro gusa e sequestrar cerca de 0,890 a 2,42 t
de CO2/ t de ferro gusa. Em contrapartida, a produção de ferro gusa a partir do uso
de agentes redutores não renováveis, ou seja, baseados em fontes fósseis como
carvão mineral, petróleo e gás natural, resulta em altas emissões de CO 2, podendo
chegar a 2,0 a 2,5 t de CO2 / t de ferro gusa, dependendo da eficiência tecnológica
utilizada (SUOPAJÄRVI, 2014).
Portanto, diante das vantagens de se utilizar o carvão vegetal como redutor,
uma vez que o biorredutor é um combustível “carbono neutro”, novos estudos de
inovações tecnológicas são essenciais, para melhorar a qualidade do carvão
vegetal, já que sua heterogeneidade das características físicas, químicas e
mecânicas torna as operações do alto forno mais complexas e instáveis (MATOS E
RIOS, 1982; VITAL et al., 2013). Dentro das unidades de produção de carvão, os
desafios enfrentados estão relacionados à manutenção da homogeneidade das
propriedades intrínsecas do carvão vegetal e à redução da produção de finos.
Portanto, melhorias na qualidade da madeira e controle e monitoramento do
processo de carbonização contribuem diretamente na eficiência do alto forno.
Na busca de atingir bom rendimento gravimétrico, vários fatores interferem na
qualidade do carvão vegetal como: a utilização de madeira de alta densidade,
19

maiores teores de lignina e outros constituintes, além da padronização das


dimensões das peças de madeira, teor de umidade, tipo de forno e experiência do
carbonizador. Paralelo a isso, os produtores de carvão também enfrentam
dificuldades de reduzir a produção de finos devido à friabilidade do carvão. Durante
a produção, manuseio e o transporte, o carvão vegetal passa por degradações
físicas, o que acarretam a geração de partículas finas (COUTINHO, 1988). Essas
partículas denominadas finos de carvão representam perdas para o processo, pois
atualmente são revendidas como um resíduo de menor valor agregado. De acordo
com o Edital de Inovação para Indústria (2018), a cada 100 t de carvão produzido,
são geradas cerca de 30 t de finos, o que representa uma grande perda, não
somente econômica, mas também ambiental. Segundo Oliveira (1997), a geração de
finos no carvão vegetal está por volta de 25% considerando-se desde a sua
fabricação até sua entrada nos aparelhos de redução. Essa geração de finos está
assim distribuída:
- nas carvoarias: 3,7%
- carregamento e transporte: 5,8%
- armazenagem: 6,3%
- peneiramento: 9,4%
- Total: 25,9%

Os finos são gerados devido à uma propriedade contida no carvão vegetal,


chamada friabilidade. A friabilidade de um material é a propriedade que ele possui
de ser transformado em pó ou em tamanhos granulométricos menores. No caso do
carvão vegetal, entende-se como friabilidade a propriedade que este possui de gerar
finos, quando sujeito à abrasão e à queda. Um fato bem conhecido é que o carvão é
altamente friável. Essa sua propriedade preocupa muito as pessoas envolvidas no
seu processo de fabricação, transporte, estocagem e peneiramento e principalmente
aos seus consumidores.
Outro fator importante a ser levado em consideração, se refere à questão da
faixa granulométrica em que o carvão se encontra. Segundo CETEC (1978), quanto
maior a granulometria média do carvão, maior é a porcentagem de finos gerados.
Essa relação entre porcentagem de finos e faixa granulométrica pode ser discutida
em termos de estabilidade do carvão. O carvão em faixas granulométricas mais
baixas é mais estável, o que o leva a gerar menos finos que carvões em faixas
20

granulométricas maiores. A afirmativa de que carvões em faixas granulométricas


mais baixas são mais estáveis sob o ponto de vista de abrasão decorre do efeito
causado pelo processo de carbonização, geralmente produzindo trincas nas peças
carbonizadas. Essas trincas são fontes geradoras de finos durante o manuseio do
carvão.
Segundo a empresa ArcelorMittal (2018), os finos de carvão vegetal são todos
os particulados com granulometria inferior a 9,52 mm, extraído no processo de
preparação de carga do alto forno. Esse coproduto indesejado é originado na pirólise
da madeira e do manuseio mecânico do carvão vegetal. Os principais obstáculos
para a redução da geração de finos na produção de carvão vegetal baseiam-se nas
diversas etapas no processo de produção do carvão, dentre elas: diferentes clones,
gradientes de umidade, dimensão e densidade da madeira, sujidade ou resíduos
florestais e terra conduzidos para dentro do forno, vedação do forno, controle do
processo de carbonização, descarregamento dos fornos, entre outros e
resfriamento, manipulação do carvão (descarga, peneiramento e carga), fogo dentro
e fora do forno, carga das carretas, condições das carretas, o tempo de
deslocamento, processo de descarga, armazenamento nos silos, tombos até o
momento de carregamento e peneiramento antes da carga. Por fim, chegando à
usina, o processo de descarga por basculamento, o armazenamento nos silos, além
dos diversos tombos que o carvão vegetal leva até chegar ao alto forno fecha o ciclo
de geração e aumento do percentual de finos (ARCELOR MITTAL, 2019).
Deste modo, uma alternativa desenvolvida para reduzir a produção de finos
nas praças de carbonização, foi o projeto Caçamba Fire Free por meio do içamento
roll/on - roll/off. A caçamba dispõe do sistema Fire Free, que consiste em um
conjunto de medidas e tecnologias aplicadas à detecção, prevenção e combate a
focos de fogo. A caçamba Fire Free, então assim chamada, visa modificar o
processo de estocagem, transporte e descarga do carvão vegetal, logo o carvão
vindo do forno de carbonização irá direto para a caçamba, por meio do método
descarga direta, assim, a forma e o número de movimentações a que o carvão
vegetal é submetido, desde o descarregamento do forno até descarga na usina
siderúrgica contribuirá para a redução da geração de finos. Para antecipar possíveis
focos de fogo no interior das caçambas, o sistema Fire Free é um sistema auxiliar
que atua na detecção e prevenção da combustão da carga, por meio do pirômetro
óptico, tubos de coleta de temperatura e software de monitoramento. O software
21

Carboraad, é capaz de gerar perfis térmicos em módulos que nos mostram a energia
concentrada dentro da caçamba. Assim, é possível ver com exatidão em que região
da caçamba o carvão vegetal se encontra com temperatura elevada, facilitando o
combate seja por aeração ou via injeção de água pressurizada.
Em uma carga de carvão vegetal, geralmente 70% do volume é considerado de
particulados com granulometria maiores que 9,52 mm e 30% são finos de carvão
(Edital de inovação para indústria, 2018). Destes 30%, é possível observar que 3,3%
são inerentes a estocagem nas unidades produtoras (Figura 2). Dentro do sistema
tradicional de produção de carvão, a inclusão do método carga direta pode eliminar em
até 3,3% de finos gerados na estocagem das unidades produtoras.

Fonte: Produção Própria


Figura 2 - Movimentações do carvão vegetal

Segundo a AMBIO (2018), 11% do total de finos gerados correspondem à fase


de estocagem nas unidades produtoras de carvão (Figura 3).
22

Fonte: (ARCELLOR MITTAL – Redução de Finos) 2019


Figura 3 - Balanço da geração de finos na ArcelorMittal Bioflorestas.

Diante deste desafio do setor produtor, a caçamba “Fire Free” contribui na


maneira de transporte do carvão das UPE’s até a usina. O carvão carregado dentro
de caçambas fixadas em caminhão trucado, ao invés de ser transportado nas
chamadas gaiolas. O projeto prevê que a descarga seja feita pelas aberturas laterais
das caçambas, as quais têm a mesma metragem das aberturas das gaiolas. Nesse
sentido, o carvão vegetal é carregado direto do forno para a caçamba, onde é
estocado, transportado e de onde é descarregado. Diante dos prejuízos que os finos
podem trazer para o setor produtivo do carvão vegetal, qualquer redução na
porcentagem da produção de finos, contribui para melhorias na qualidade do
processo.
23

2 OBJETIVO GERAL
O objetivo do trabalho foi utilizar caçambas Fire Free na etapa de
armazenamento do carvão vegetal para reduzir a produção de finos por meio do
método descarga direta.

2.1 Objetivos específicos


a) Eliminar a estocagem de carvão vegetal nas praças da unidade de
produção de energia;
b) Modificar os processos de descarga, carregamento e transporte do carvão;
c) Avaliar as vantagens e desvantagens em relação ao convencional.
24

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Área de Estudo


Os testes envolvendo as caçambas Fire Free foram realizados em uma
Unidade de Produção de Carvão (UPC) na Fazenda Capitinga – Zona Rural da
cidade de São Vicente de Minas, estado de Minas Gerais. O período de estudo foi
entre os meses de maio e outubro de 2019. Na fazenda, encontra-se uma UPC com
um total de 32 fornos retangulares, que abastece exclusivamente uma usina
siderúrgica, localizada no município de Juiz de Fora. O clima da região é
caracterizado por ter uma temperatura média de 20,7ºC, sendo que durante o
período do estudo, as temperaturas podem variar de um inverno seco e frio, sendo
24,4ºC e 8,9ºC as temperaturas máxima e mínima, respectivamente. Durante
novembro e abril o clima se apresenta chuvoso e temperaturas elevadas (IBGE-
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com o CRESESB (Centro
de Referência para as Energias Solar e Eólica Sérgio de S. Brito), a média de
irradiação solar diária entre os meses de maio e outubro na região de São Vicente
de Minas é de 4,31 [Kwh/m².dia].

3.2 Caçamba Fire Free

O projeto das caçambas roll/on - roll/off tem como meta ou planejado reduzir
5% do valor absoluto global de finos por duas vias. A primeira foi por meio da a
redução absoluta de 3,3% de finos de carvão vegetal, eliminando a movimentação
do carvão vegetal inerente à estocagem nos pátios das unidades produtoras; RAbs =
30% global x 11% da fase de estocagem, conforme Cálculo 1 = 3,3%.

𝑅𝐴𝑏𝑠 = 30%(𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙) 𝑋 11%(𝑒𝑠𝑡𝑜𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚) => 3,3%(𝑓𝑖𝑛𝑜𝑠) (1)

Sendo que: RAbs: redução absoluta, 30% é a porcentagem de finos contida


em uma determinada amostra de carvão e 11% inerente a produção de finos
relacionado a fase de estocagem do carvão.
A segunda foi pela via da redução absoluta de 1,7% das cinzas
(contaminação do carvão vegetal com poeira), originado nas praças de estoque das
unidades produtoras, conforme os cálculos 2 e 3. Sendo que
25

𝑃𝑃 = 7,34%(𝑐𝑖𝑛𝑧𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑛𝑜 𝑝ó 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑗𝑒çã𝑜 𝐴𝐹𝑠) 𝑋 30%(𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙) => 2,2% (2)

Sendo que: PP: particulados pequenos, 7,34%: média de cinzas contidas no


pó de injeção dos autos fornos (AFs) entre janeiro e setembro de 2019 conforme a
tabela 3.

𝑅𝑎𝑏𝑠𝐼 = 𝑃𝑃 − 𝐶𝐶 (3)

Sendo que: RabsI: redução absoluta de impurezas no carvão, CC: cinzas de


eucalipto no carvão = 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑒 0,5%.

Logo: 𝑅𝐼𝑎𝑏𝑠 = 2,2% − 0,5% => 1,7% (4)

Com o desenvolvimento dos cálculos para redução dos 5% do valor absoluto


global de finos, a equipe ECOCARVÃO consultou uma siderúrgica para obtenção de
dados relacionados a porcentagem de cinzas (poeira) contidas no pó de injeção nos
AFs. De acordo com a tabela abaixo é possível observar que em todo o processo de
carbonização, descarga, estocagem e transporte utilizando as carretas
convencionais, 7,34% de cinzas ou poeira são encontrados no pó de injeção nos
autos fornos.

Tabela 3 - Percentual de cinzas no pó de injeção dos altos fornos.


2019 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET MEDIA
CINZAS 8,11 7,63 7,11 6,73 7,29 7,14 7,65 6,42 6,85 7,34
Fonte: ARCELOR MITTAL – Gerência de Redução – Altos Fornos (2019).

3.3 Equipamento Utilizado no Transporte do Carvão Vegetal


O caminhão utilizado é um traçado 6x4, Mercedes Benz, modelo 3131, com
capacidade de carga bruta de até 31 toneladas (t) e 310 cavalos de potência. Nele,
foi acoplado um conjunto de duas caçambas sendo uma de semirreboque e outra
reboque, produzidas pela Grimaldi, indústria que atua no setor de equipamentos
para transportes. O volume das caçambas são de 50m³ cada, com aberturas laterais
basculantes medindo 1,80 de comprimento por 80 de altura e abertura traseira,
porém utilizada apenas para acesso ao interior da caçamba (Figura 4). As caçambas
são equipadas com um sistema de segurança, que permite a movimentação e
transporte da carga em caminhão do tipo Roll/on-Roll/off, consistindo em travas e
cintas.
26

Fonte: ACERVO ECOCARVÃO


Figura 4 - Sistema de caçambas Roll/on-Roll/off com caminhão Mercedes Benz

3.4 Máquina e equipamentos empregados no descarregamento do carvão na


caçamba
Primeiramente, os fornos em resfriamento são avaliados, e logo em seguida,
dependendo de suas temperaturas são descarregados. O critério adotado pela
Ecocarvão para prosseguir com a descarga direta é a temperatura média de o forno
estar em torno de 60º, ou seja, livre de focos de fogo, proporcionando maior
segurança ao método descarga direta. Feito isto, já na praça de carbonização, os
fornos são descarregados utilizando uma pá-carregadeira, máquina da marca
Caterpillar, modelo 924K, ano 2015. Em seguida, o carvão é descarregado nas
caçambas e uma tela é utilizada por cima da caçamba para retardo dos atiços. A tela
utilizada nas caçambas possui 3,10 metros de comprimento por 2,80 metros de
largura, com estrutura de aço Metalon e 208 aramos dispostos internamente,
fabricadas pela empresa Tormecan, na qual eram encaixadas na caçamba (Figura
5).
27

Fonte: ACERVO ECOCARVÃO


Figura 5 - Tela de atiços

3.5 Resfriamento da caçamba com cobertura


Como meio de comprovar a elevação de temperatura no carvão confinado em
caçambas quando expostas à radiação solar, um teste foi feito com a colocação de
uma caçamba de baixo do galpão logo após o meio dia (Figura 6), quando ocorreu
elevação da temperatura da carga de carvão vegetal. Para monitorar a variação de
temperatura, foram feitas medições de 3 em 3 horas, o que permitiu também,
acompanhar e controlar a evolução do resfriamento do carvão nas caçambas após a
colocação destas sob a cobertura, que foi construída com pilares de eucalipto
tratado e telhas de zinco galvanizado. A cobertura possuía 15 metros de
comprimento por 5 metros de largura e 6 metros de altura.
Perante o comportamento do carvão estocado na caçamba, foi observado que
o carvão vegetal quando encontrado em ambiente confinado e sobre incidência
solar, é passível de concentração de energia em alguns pontos da caçamba. Assim,
este comportamento considerado como positivo para o desenvolvimento do projeto,
se mostrou como justificativa da necessidade de ter um sistema de monitoramento
no carvão estocado nas caçambas, para que o método descarga direta fosse
possível.
28

Fonte: Banco de dados sistema FIRE FREE


Figura 6 - Caçamba carregada com carvão vegetal, debaixo do galpão

Após ser constatada a necessidade de um acompanhamento térmico com as


caçambas, quando utilizadas caçambas Roll/on-Roll/off com o objetivo de reduzir a
geração de finos de carvão vegetal, foram aplicadas metodologias capazes de
comprovar via empirismo que o sistema Fire Free é completo e eficiente quando se
diz em estocagem de carvão, qualidade e segurança. Logo, em parceria com
SENAI/CTI e a equipe Ecocarvão, para testar a eficiência do sistema Fire Free,
foram realizadas as seguintes metodologias: Teste de bancada e em escala real de
detecção e aeração sobre a amostra, e testes de detecção e combate a focos de
fogo sobre a amostra de carvão estocada.

3.6 Testes de aeração sobre a amostra de carvão


Nesta avaliação, foi utilizada uma bomba aeradora da marca Ibram (Figura 7),
com 2 cavalos de potência, 39.5 Kg e vazão 3m³/min com o objetivo de aerar a
amostra de 0,15 mdc contida em um tambor com capacidade de 200 litros. Para
injetar ar quente na amostra simulando o acúmulo de energia no carvão confinado,
foi utilizado um soprador de ar quente, com variação de temperatura entre 200ºC a
500ºC. Para aferir as temperaturas nos testes de bancada, além de se utilizar o
pirómetro óptico (Figura 8) utilizou-se também o termopar tipo K.
29

Fonte: ACERVO ECOCARVÃO


Figura 7 - Bancada de testes do sistema de aeração – bomba de injeção de ar

Fonte: ECOCARVÃO
Figura 8 - Pirômetro óptico ou Fluke

Para validar o sistema de aeração do sistema Fire Free, as equipes do


SENAI/CTI e ECOCARVÃO proporão detectar via pirómetro óptico e termopar, o
acumulo de energia provocada pela injeção de ar quente pelo soprador de baixa
vazão. Para o resfriamento, utilizamos um aerador como meio de dispersar o
acumulo de energia no carvão confinado. Esta metodologia de resfriamento foi
aplicada nos testes de bancada, nos quais injetou-se ar quente utilizando o soprador
de baixa vazão sobre a amostra de 0,15mdc contida no tambor de 200 litros. Após a
injeção de ar quente, foram identificados os focos de energia na amostra através dos
dados coletados pelo pirômetro óptico termopar tipo K e, posteriormente,
descarregados no software Microsoft Excel para plotagem gráfica temperatura por
tempo.
30

Em seguida, pelo tubo de aeração fabricado em PVC colocado no ponto de


aquecimento identificado, a bomba aeradora agiu conforme descrito na metodologia
proposta pelo SENAI, nos testes 1 e 2.

3.6.1 Teste 1
No primeiro teste, operou-se o soprador na temperatura de 375ºC, elevando-
se a temperatura da amostra de carvão a 105ºC, dando sequência aos resfriamentos
pela utilização do aerador. Três repetições foram feitas para validar os resultados.
Com o objetivo de alcançar uma margem de segurança em relação à
eficiência do aerador, fora realizado um segundo teste, desta vez, operando o
soprador de baixa vazão a temperatura de 500ºC e elevando-se a temperatura da
amostra de carvão a 160ºC. Em seguida, iniciou-se o resfriamento pela utilização do
aerador, e, novamente 3 repetições foram realizadas, repetindo-se todo o
procedimento.
O aumento da temperatura do carvão vegetal no fundo do tambor até o pico
de 105ºC e aeração por injeção de ar frio levando temperatura para 50ºC. De acordo
com o SENAI/CTI, os procedimentos de teste de bancada devem ocorrer da
seguinte maneira:

1. Ar quente com a temperatura de 375ºC, proveniente do soprador, foi injetado


na base do tambor por um orifício misturando-se com o ar atmosférico,
proporcionando um aumento gradual do leito de carvão vegetal;
2. Após 3 minutos de teste, atingiu-se a temperatura de 105ºC e teve início a
injeção de ar frio vindo do aerador. Em mais três minutos, a temperatura do
carvão vegetal voltou para próximo de 50ºC;
3. Três repetições foram feitas a fim de se validar os resultados da aeração. Em
todos os casos repetiu-se o comportamento térmico e nenhum foco foi
detectado.

3.6.2 Teste 2
Aumento da temperatura do carvão vegetal no fundo do tambor até o pico de
160ºC e aeração por injeção de ar frio levando temperatura para 50ºC.
Procedimento: De acordo com o SENAI/CTI junto a equipe ECOCARVÂO,
os procedimentos de teste de bancada devem ocorrer da seguinte maneira:
31

1 - Ar quente com a temperatura de 500ºC, proveniente do aquecedor, foi


injetado na base do tambor por um orifício misturando-se com o ar
atmosférico proporcionando um aumento gradual do leito de carvão vegetal;
2 Após 3 minutos de teste, atingiu-se a temperatura de 160ºC e teve início a
injeção de ar frio vindo da bomba de ar. Em mais três minutos, a temperatura
do carvão vegetal voltou para próximo de 50ºC;
3 Três repetições foram feitas a fim de se validar os resultados. Em todos os
casos repetiu-se o comportamento térmico e nenhum foco de fogo foi
detectado.

3.7 Testes contra foco de fogo na amostra de carvão


Caso a concentração de gases no leito do carvão na caçamba seja alta, ou
ainda tenha brasa na carga vinda do forno, a aeração pode não ser suficiente para
dissipar esta energia. Nesses casos, tende a ocorrer uma elevação ainda mais
significativa da temperatura, indicando real foco de fogo, os quais devem ser
combatidos. No sistema Fire Free, o combate de possíveis focos é pontual e pode
ser feito com o acionamento de água pressurizada.
Neste teste, a temperatura do carvão foi induzida a partir de 220ºC utilizando
a resistência elétrica, o que provocou sua ignição parcial (focos de fogo).
A resistência foi colocada em uma abertura feita no tambor de 200 litros
(Figura 9). Com a utilização do pirômetro, foi possível identificar a elevação de
temperatura no local via tubo de coleta de temperatura e o combate foi realizado
pelo modo água agindo na abertura feita no tambor, simulando a ideia de aplicação
em uma caçamba com abertura lateral. Logo, utilizou-se a injeção de água
pressurizada por cerca de 60 segundos. Não sendo suficiente, pois houve nova
elevação de temperatura, nova injeção de água foi feita, agora por 180 segundos,
sendo dessa segunda vez efetiva em extinguir o fogo.
Nesta etapa, para validação da variação da temperatura, foi utilizado apenas
o termopar tipo K junto ao Microsoft Excel para plotagem gráfica temperatura x
tempo.
32

Fonte: ACERVO ECOCARVÃO


Figura 9 - Bancada de testes do sistema de aeração – sistema completo

3.8 Teste nas caçambas: método de resfriamento com o aerador


Para monitoramento da temperatura do carvão confinado nas caçambas após
a retirada do forno, 8 tubos fabricados de aço carbono de 1 polegada de diâmetro,
foram utilizados na coleta de temperatura interna da carga. Os tubos foram
posicionados na caçamba antes da descarga direta e assim permaneciam até que a
caçamba saísse da UPE em direção à usina. Dispostos igualmente espaçados, o
que permitiu um monitoramento por seções da caçamba (Figura 10). Com o auxílio
de um pirômetro óptico da marca Fluke (Figura 11), foi realizada a leitura da
temperatura da carga de carvão de 2 em 2 horas nos dias 8 e 9 de maio, entre os
horários de 12:00 às 16:00 horas, horários em que a incidência solar se mostrou
mais agressiva. Uma plataforma elevada foi utilizada na lateral da caçamba para
auxiliar a coleta no topo da caçamba e garantir a segurança do colaborador (Figura
12). Assim, foi possível coletar as temperaturas, via pirômetro, através de tubos
móveis, instalados nas laterais internas da caçamba.
Após a coleta dos dados de temperatura da carga, os valores foram
descarregados no Software Carborrad. O programa foi idealizado pelo sócio-diretor
Túlio Raad em sua tese de doutorado (RAAD, 2004). Hoje, o software Carboraad,
atende às necessidades de supervisão da carbonização e resfriamento do carvão
vegetal. Neste trabalho, o programa foi utilizado para monitorar com precisão a
perda de temperatura nas caçambas. Deste modo, os dados de temperatura servem
de parâmetros de entrada na construção dos modelos e curvas de aquecimento e
resfriamento da carga de Carvão Vegetal estocada, possibilitando assim, executar o
procedimento de estoque do insumo com maior segurança.
33

A injeção de ar frio foi feita pelos próprios tubos de coleta de temperatura,


contudo, caso a energia se forme em algum outro ponto afastado dos tubos, a
aeração é feita por tubos móveis fabricados de Alumínio, por sua baixa rugosidade,
seu peso leve e facilidade de manuseio. Os tubos de alumínio apresentam 3 metros
de comprimento e 1 polegada de diâmetro e são inseridos nos pontos de
aquecimento apresentado pelo Carborrad.
Para prosseguir com o teste, o seguinte procedimento operacional foi adotado
de acordo com a equipe ECOCARVÃO.

1. Instalar os tubos de coleta da temperatura, na caçamba;


2. Proceder à carga direta;
3. Coletar a temperatura de 3 em 3 horas utilizando o pirômetro;
4. Observar o padrão de temperatura junto ao Carboraad;
5. Caso ocorra a detecção de elevação atípica de temperatura pelo
Carboraad, proceder à aeração por 5 minutos em cada seção de carvão
vegetal que apresentar elevação de temperatura, a fim de prevenir focos de
fogo.

Fonte: ACERVO ECOCARVÃO


Figura 10 - Tubos de medição de temperatura.

Fonte: ACERVO ECOCARVÃO


Figura 11 –Pirómetro óptico
34

Fonte: ACERVO ECOCARVÃO


Figura 12 - Colaborador operando pirómetro óptico utilizando plataforma de trabalho em altura

3.9 Teste na caçamba: método de combate a focos de fogo com o uso de


injeção de água
Inicialmente, foram instaladas telas nas aberturas laterais das caçambas no
lado oposto ao do basculamento da usina (Figura 13). Com a utilização das telas, foi
possível abrir as tampas laterais da caçamba para aeração e o combate de focos de
fogo do carvão confinado, sem que o insumo fosse basculhado. A injeção de água é
feita pelos próprios tubos de coleta de temperatura, pelos tubos móveis de alumínio,
caso o foco do fogo se dê em grande distância dos tubos de coleta de temperatura,
e pelas aberturas laterais através das telas fixadas na caçamba.
Para simular a propagação de focos de fogo no carvão confinado na caçamba
Fire Free, foi introduzida pela tela posicionada na abertura lateral brasa retirada de
um forno em processo de carbonização, dando início assim, ao foco de fogo. Após
isto, a tampa da abertura lateral foi fechada para que o ambiente fosse capaz de
simular com exatidão o processo real com a caçamba fechada. Em seguida,
utilizando-se o pirômetro óptico, 1 ciclo de medição foi realizado na caçamba,
medindo-se os 8 tubos de coleta de temperatura para obtenção de dados que foram
posteriormente descarregados no Carboraad. Após análise dos perfis térmicos
gerados pelo programa, foi possível identificar os focos de fogo induzidos na carga
de carvão na caçamba que foi combatido injetando água pela abertura lateral por 4
minutos.
35

Fonte: ACERVO ECOCARVÃO


Figura 13 - Tela de aeração

Fonte: ACERVO ECOCARVÃO


Figura 14 - Combate a foco de fogo induzido na caçamba realizado pela abertura lateral.

3.10 Análise de finos no carvão vegetal


Após a pesagem da carga de carvão vegetal, a composição entra no
tombador, onde este se inclina 45º para o basculamento do carvão através das
aberturas na lateral esquerda. Logo o insumo cai passando por uma peneira, que
por diferenças granulométricas, separa os finos de carvão para serem pesados.
Assim, é possível encontrar a porcentagem total de finos de carvão de uma
determinada carga que chega à Usina.

3.11 Análise de custo


A análise dos custos do sistema Free Fire foi avaliada em uma planilha de
Excel 2010, para referenciar os gastos necessários até então no desenvolvimento do
projeto.
36

Como meio de se obter o ganho financeiro anual que a empresa passaria a ter
caso implementasse as caçambas Fire Free em sua logística para reduzir a geração
de finos de carvão vegetal, foi realizado um estudo de caso, no qual:

𝑅$1 = [{(𝑍 − 𝑋 ) ∗ 𝑉𝑦 + (𝑋 ∗ 𝑉𝑥)} ∗ 𝑁 ] ∗ 𝑁𝑚 (5)

𝑅$2 = [{(𝑍 − 𝑌) ∗ 𝑉𝑦 + (𝑌 ∗ 𝑉𝑥)} ∗ 𝑁 ] ∗ 𝑁𝑚 (6)

Sendo que: R$1: Valor inerente ao montante anual da venda de carvão


utilizando as carretas convencionais, R$2: Valor inerente ao montante anual da
venda de carvão utilizando as caçambas Fire Free, Z: Capacidade total = 25
toneladas, X: Finos de carvão por meio da carreta convencional = 4,95 toneladas, Y:
Finos de carvão por meio das caçambas Fire Free = 4,5 toneladas, Vy: Preço do
carvão vegetal = R$761,06/t, Vx: Preço do finos de carvão vegetal = R$250,00/t, N:
Número de expedições/mês = 40, Nm: meses que compõem o ano.

Logo: 𝐺 = 𝑅$2 − 𝑅$1 (7)

Sendo que: G: Ganho em toneladas da quantidade de carvão com tamanhos


granulométricos maiores que 9,52mm.
37

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Resfriamento da caçamba Fire Free sob cobertura


No controle de temperaturas observou-se que foi possível detectar a grande
variação de temperatura em que o carvão confinado está submetido ao se expor
diretamente caçambas Fire Free à radiação solar. As Figuras 15 e 16 apresentam o
padrão de temperaturas, ao longo do dia 06 de maio, de uma carga de carvão
vegetal, estocada na caçamba sobre incidência solar e após o horário de maior
incidência solar. A elevação de temperatura da carga de carvão vegetal foi
observada ao meio dia, na qual foi aferida uma máxima de 40ºC. O padrão repetiu-
se em todos os casos em que a caçamba ficou exposta ao sol no mesmo horário.
Após as 16h00 horas, foi possível notar a redução de temperatura, chegando a
25ºC. Logo, tornou-se evidente de que a incidência solar elevaria significativamente
a temperatura da carga estocada.
Nota-se que o lado esquerdo (E) e o lado direito (D) da caçamba foram
divididos em quatro seções, nas quais apresentam uma variação de temperatura
conforme a escala mostrada na figura abaixo. A tonalidade da escala varia de azul à
vermelho, que representa as temperaturas mínima e máxima respectivamente.

Fonte: Banco de dados sistema FIRE FREE


Figura 15 - Elevação de temperatura na caçamba
38

É importante salientar que quaisquer diferenças de aquecimento entre o lado


esquerdo e direito da caçamba em relação aos perfis térmicos são resultados da
incidência de radiação solar, ou seja, de acordo com a figura 15, foi possível
observar maior aquecimento no lado esquerdo da caçamba, visto que apresentou
maior elevação de temperatura. Esta situação ocorreu devido a posição do sol no
céu, e que consequentemente fez com que a caçamba recebesse maior radiação
solar sobre o lado esquerdo, enquanto que o lado direito não estava diretamente sob
incidência solar.
A tonalidade da escala do perfil térmico varia de azul à vermelho, que
representam as temperaturas mínima e máxima respectivamente.

Fonte: Banco de dados sistema FIRE FREE


Figura 16: Redução de temperatura após o horário de maior incidência solar sobre a caçamba
39

A Figura 17 apresenta a temperatura média dos pontos de coleta ao longo


dos dias 06 e 07 de maio, nos quais foram realizados os testes de estocagem do
carvão vegetal na caçamba. Observa-se a elevação da temperatura, sempre
próximo ao meio dia, com máximas de 40ºC e 45ºC nos dias 06 e 07 de maio,
respectivamente. Visto isto, é possível verificar a importância da cobertura no
processo de estocagem do carvão armazenado em caçamba.

Fonte: Banco de dados sistema FIRE FREE


Figura 17 - Curva de temperatura média da carga de carvão vegetal na caçamba

Como demonstrado anteriormente, a temperatura dentro de determinada


seção da caçamba pode se elevar quando em contato com radiação solar, e que se
somado a possíveis gases voláteis e oxigênio, podem indicar potencial foco de fogo,
os quais podem ser prevenidos.
Após colocar a caçamba debaixo da cobertura, observou-se imediata
diminuição da temperatura (Figura 18) com a adoção do procedimento. De acordo
com o perfil térmico abaixo, é possível analisar a redução de temperatura às 14:00h,
sendo mais notável no lado esquerdo da caçamba, no qual a temperatura chega
próximo à temperatura ambiente, ou seja, 25ºC.
40

A tonalidade da escala do perfil térmico varia de azul à vermelho, que


representam as temperaturas mínima e máxima respectivamente.

Fonte: Banco de dados sistema FIRE FREE


Figura 18 - Comportamento da temperatura da caçamba carregada com carvão
vegetal às 11 horas sobre incidência solar e às 14 horas sob a cobertura de um galpão

Ao invés de retirar o carvão do forno e deixar exposto em pilhas na praça de


carbonização, o sistema de caçambas Fire Free, pelo método descarga direta,
mostrou ser eficiente no resfriamento com o auxílio de uma cobertura, evitando o
acúmulo de energia no carvão e possíveis focos de fogo. Sobre essa temática de
estudo, a literatura carece de informações sobre resfriamento do carvão vegetal com
sistemas de supervisão em caçambas.
A tabela a seguir representa uma estimativa da metragem dos galpões
necessária para cobrir as caçambas. Nota-se que a quantidade de caçambas
utilizadas é função da quantidade de dias de estoque.
41

Tabela 4 - Estimativa da metragem dos galpões

Dimensionamento de caçambas para produção de 20.000 mdc/mês


Quantidade de caçambas = (Produção (mdc/dia) x Quantidade de dias de
estoque/ 50 mdc por caçamba)

Dias de estocagem debaixo dos galpões Dias 1 2 3


Quantidade de Caçambas Quant 14 27 40
Galpões de estocagem 40m²/caçamba m² 560 1080 1600
Fonte: ECOCARVÃO

4.2 Monitoramento e controle de focos de fogo no carvão vegetal no teste de


bancada

4.2.1 Aerador
Por meio do teste 1 observou-se uma queda imediata de temperatura em um
curto espaço de tempo com a adoção do procedimento, conforme a Figuras 19.
No Teste 1 é possível verificar uma queda de 55ºC em 3 minutos, já no teste
2 uma redução na temperatura de 110ºC em 3 minutos.
Curva aquecimento x resfriamento referente ao Teste 1:

Fonte: Banco de dados sistema FIRE FREE


Figura 19 - Teste de bancada de injeção de ar quente (via aquecedor) x injeção de ar frio (via
aerador)
42

Visando-se obter um fator de segurança em relação à eficiência do aerador,


um novo teste foi realizado conforme a Figura 20, desta vez, elevando-se a
temperatura do carvão a 160ºC.
Curva aquecimento x resfriamento referente ao Teste 2:

Fonte: Banco de dados sistema FIRE FREE


Figura 20 - Teste de bancada de injeção de ar quente (via aquecedor) x injeção de ar frio (via
aerador)

De acordo com Unsworth, Barratt e Roberts (1991); Babich et al. (1996),


Hutny et al. (1996) e Carpenter (2006), do ponto de vista do processo de combustão
nos altos fornos, é desejável o uso de carvão de alta volatilidade na zona de
combustão. Porém, do ponto de vista de parâmetros operacionais, é melhor operar
com carvão baixo volátil devido ao seu maior teor de carbono fixo, pois quando se
concentra carbono fixo no carvão, todas as outras propriedades da madeira
diminuem, como densidade, materiais voláteis e extrativos, tornando então, o carvão
mais adequado para a produção de ferro gusa.
Logo, por mais elevada que seja a porcentagem agregada de carbono fixo no
carvão vegetal durante o processo de carbonização, o carvão ainda conterá uma
porcentagem mínima de voláteis, tornando o insumo, se ainda não estabilizado, sob-
radiação solar e confinado, suscetível à combustão.
43

Dito isto, notou-se que a injeção de ar frio via aerador pode, além de resfriar o
local contendo concentração de temperatura, dispersar os gases voláteis liberados
pelo carvão confinado, eliminando quaisquer possibilidades de ocorrência de focos
de fogo.
Com base nos resultados obtidos após os testes de bancada, acompanhados
pela equipe do SENAI/CTI, foi comprovado que injeção de ar frio, em pressão
adequada, é capaz de diminuir elevação de temperatura detectada em seções de
carga de carvão vegetal confinado, prevenindo a ocorrência de focos de fogo.

4.2.2 Modo água


O teste de bancada, no qual foi realizado o combate ao foco de fogo com o
modo água, obteve resultados satisfatórios. Com a figura a seguir, é possível
observar o comportamento da amostra de carvão perante o teste de bancada, no
qual a temperatura máxima chegou a 495ºC e a final atingida chegou à casa dos
20ºC, ou seja, sem mais riscos de foco de fogo.

Fonte: Banco de dados sistema FIRE FREE


Figura 21 - Teste de indução de foco de fogo

Visto a assertividade dos testes, os quais foram acompanhados pela equipe


do SENAI/CTI, foi possível comprovar que injeção de água pressurizada, é capaz de
combater o foco de fogo detectado em seções de carga de carvão vegetal confinado.
44

4.3 Monitoramento e controle de focos de fogo no carvão vegetal na caçamba

4.3.1 Aerador
Validados os testes de bancada, foram realizados testes de aeração nas
seções da carga de carvão vegetal estocado na caçamba após o sistema Fire Free
detectar elevação brusca de temperatura entre 13h e 16h. De acordo com a figura
22 é possível observar a elevação de temperatura na carga de carvão no teste
realizado no dia 08 de Maio, na qual a temperatura se eleva chegando próxima à
máxima de 74ºC e se reduz à mínima de 50ºC após aeração e consequente
dispersão da energia acumulada junto ao carvão confinado. A tonalidade da escala
varia de azul à vermelho, que representam as temperaturas mínima e máxima
respectivamente.

E D

Fonte: Banco de dados sistema FIRE FREE


Figura 22 - Resultados da aeração no lado esquerdo representado pela letra (E) e lado direito
representado pela letra (D), onde o sistema Fire Free detectou aumento da temperatura
45

E D

Fonte: Banco de dados sistema FIRE FREE


Figura 23 - Resultados da aeração no lado esquerdo representado pela letra (E) e lado direito
representado pela letra (D), onde o sistema Fire Free detectou aumento da temperatura

No teste seguinte realizado no dia 09 de maio, a metodologia também se


mostrou eficaz ao se utilizar o aerador para resfriamento e dispersão de voláteis. De
acordo com a figura 23, é possível observar a temperatura máxima da carga de
carvão confinado se aproximando de 77ºC e reduzindo-se a 58ºC após aeração.
Logo, foi possível prevenir o foco de fogo, através da injeção de ar frio nas
seções da carga de carvão vegetal estocada na caçamba, onde ocorreu a detecção
de elevação atípica de temperatura. A intervenção foi satisfatória tanto através de
testes de bancada como em escala real.
Cabe ressaltar que temperaturas ambientes (25ºC das CNTP), não chegam a
atingir os valores necessários para provocar a ignição do carvão, ou seja, o aporte
externo de calor do ambiente é insuficiente para causar sua combustão. Como o
método empregado no trabalho é a descarga direta, a preocupação em manter
excelência nos resfriamentos dos fornos após o processo de carbonização é de
extrema importância para a retirada de um carvão estabilizado, isto é, sem reações
exotérmicas ou liberação de energia interna, evitando assim focos de fogo dentro da
caçamba Fire Free. De acordo com Dias (2002), o controle do processo de
46

resfriamento do carvão é essencial par evitar possíveis processos de combustão


espontânea.
A etapa de esvaziamento do forno, só deve ser iniciada quando estiver
suficientemente frio, ou seja, quando a temperatura estiver em torno de 60ºC
(MARRI et al.,1982). “A perda de temperatura do forno pode ser monitorada com o
auxílio de um pirômetro óptico, termovisor ou pelo simples tato nas paredes e portas
dos fornos” (MARRI et al., p.55 ,1982). Assim, para prosseguir com a descarga
direta, é necessário que a carga de carvão a ser descarregada do forno após o ciclo
de resfriamento esteja em torno de 60ºC, segura contra focos de fogo.

4.3.2 Água

E D

Fonte: Banco de dados sistema FIRE FREE


Figura 24 - Perfil térmico do combate do foco de fogo com água pressurizada através das telas
laterais no lado esquerdo representado pela letra (E) e lado direito representado pela letra (D)

De acordo com a figura 24, é possível observar a visão panorâmica dos perfis
térmicos gerados com base nas três últimas medições. Assim, é possível observar a
eficiência do combate ao foco de fogo com o modo água sendo injetado diretamente
à região em que foi colocada a brasa, visto isto, é possível afirmar que o Carborrad,
conseguiu detectar com exatidão o local de foco de fogo na seção da carga de
47

carvão vegetal estocada na caçamba Fire Free. A tonalidade da escala varia de azul
à vermelho, que representam as temperaturas mínima e máxima respectivamente.
Nota-se que a temperatura detectada para o foco de fogo foi de 420ºC. De
acordo com Cientec (2005), a temperatura de ignição do carvão vegetal está entre
450 e 460ºC, como mostra a Tabela 5.

Tabela 5: Valores atribuídos por diversos autores para a temperatura de ignição do carvão vegetal
ensacado.

Valores atribuídos por diversos autores para a temperatura de ignição do carvão vegetal
FONTE DATA DENOMINAÇÃO TEMPERATURA (˚C)
Pacheco 1943 Ponto de inflamação 360 ˚C
Hawley 1944 Temperatura de ignição 500 ˚C
Browne 1958 Temperatura de ignição 150 a 250 ˚C
Brocksiepe 1986 Ponto de ignição 200 a 250 ˚C
Oliveira
Filho 1987 Temperatura de ignição 240 a 400 ˚C ao nível do mar
CIENTEC 2005 Temperatura de ignição 450 a 460 ˚C
Fonte: (CIENTEC - Fundação de Ciência e Tecnologia) 2005

4.4 Geração de finos e controle


A qualidade do carvão vegetal impacta diretamente a produção de ferro gusa,
logo, algumas propriedades do insumo devem estar dentro da faixa de parâmetros
exigidos pela Usina. Sua qualidade é influência das características intrínsecas da
madeira e pela tecnologia empregada no processo de carbonização, o que torna o
carvão vegetal um produto heterogêneo, devendo, portanto, considerar as diferentes
propriedades e suas variações nas diversas utilizações (VALE et al., 2001; LOBÃO
et al., 2004; PIMENTA, 2013).
Para obter um carvão vegetal com propriedades essenciais para uso
siderúrgico, se faz necessário buscar características desejáveis na origem da
matéria-prima (TRUGILHO, 2014).
As características necessárias do carvão vegetal para a produção de metais
siderúrgicos são: densidade de 180 a 350kg/m³, 70 a 80% de carbono fixo, 25 a 35%
de materiais voláteis de 1 a 6% de umidade, 0,5 a 4% de cinzas, além de ter uma
resistência mecânica entre 10 a 80 kg/cm², quantidade de finos abaixo de 10% e
faixa granulométrica entre 9 a 100 mm (GOMES, 2006; MME, 2008; SANTOS,
2008).
48

Após análise do carvão, um relatório contendo os dados sobre a carga foi


emitido pela ArcellorMittal e disponibilizado à Ecocarvão, como meio de se confirmar
a eficácia do método carga direta na redução da geração de finos de carvão. De
acordo com a tabela 6, é possível observar as porcentagens dos valores referentes a
cinzas, umidade e finos de carvão de acordo com o transporte utilizado, ou seja,
carreta padrão ou caçambas Fire Free.
Para o processo de carbonização junto ao processo convencional de
descarga, armazenamento e transporte do carvão vegetal, utiliza-se a carreta padrão
com capacidade de 100 m³, que ao operar nesta metodologia 25 toneladas de
carvão vegetal a uma densidade de 250 Kg/m³, 19.80% são convertidos em finos de
carvão, isto é, 4.95 toneladas de finos.
Já o processo de carbonização somando-se ao processo modificado de
descarga, armazenamento e transporte do carvão vegetal utilizando as duas
caçambas Fire Free, com 50 m³ cada, ao operar 25 toneladas de carvão a uma
densidade de 250 Kg/m³, 18% são convertidos em finos de carvão vegetal, ou seja,
4.5 toneladas, que representa uma redução de 1.80% ou 450 Kg.

Tabela 6 - Comparação entre resultados médios das descargas com carretas convencionais x
descarga de teste das caçambas Fire Free
Item de Carreta Caçambas Meta ou %
Ganhos
qualidade Padrão Fire Free Planejado Alcançada
Umidade 6,70% 5% 1,70% - -
Cinzas 2,30% 1,20% 1,10% 1,70% 66,50%
Finos 19,80% 18% 1,80% 3,30% 54,50%

GANHOS TOTAIS 4,60% 5,00% 92,60%


Fonte: ARCELORMITTAL

De acordo com a tabela 6, é possível observar que o projeto alcançou uma


redução de 1,80% da geração de finos, o que representa 54,50% efetivado em cima
da meta ou planejado (3,30%) proposto no escopo do projeto.
Carpenter (2006), afirma que grandes quantidades de finos dentro do alto
forno podem levar à uma queda na permeabilidade dos gases, ocasionando uma
operação instável e de menor produtividade. Logo, se faz necessário o
aprimoramento e desenvolvimento de métodos de manejo do carvão vegetal, que
49

possam estar contribuindo cada vez mais para a qualidade do insumo, melhorando
suas características químicas e consequentemente operacionais.

4.5 Análise de custos


Os custos com despesas para realização do projeto envolveram material
metálico, corte, conformação, dobra e solda de portas da caçamba; serviços de
soldagem e usinagem em sistemas de transporte roll/on-roll/off; plataforma de
acesso de caçambas; desenvolvimento de módulo de logística no Software
Carboraad para monitoramento; bomba de aeração, hospedagem e aluguel de carro,
com um total de R$100.407.
A tabela 7 mostra os custos relacionados aos investimentos estimados pelo
CAPEX, ou seja, investimentos que serão necessários para executar o projeto em
escala industrial. Nota-se que o CAPEX é função dos dias de estoque (Tabela 7).
A quantidade de dias de estoque varia de acordo com a quantidade de
caminhões disponíveis para transporte, emissões de notas para liberação do
transporte do insumo até a Usina, ou até mesmo condições da estrada até a rodovia,
já que a UPE se encontra em zona rural.

Tabela 7 - Premissas para análise financeira - Investimentos estimados – CAPEX.

Investimentos (CAPEX)
Dias de
Ítem 1 2 3
estoque
Caçamba Roll/on-roll/off R$ 700.000 R$ 1.350.000 R$ 2.000.000
Caminhão Roll/on-roll/off R$ 500.000 R$ 500.000 R$ 500.000
Sistema FIRE FREE R$ R$ 350.000 R$ 350.000 R$ 350.000
Galpão de Armazenagem R$ 140.000 R$ 270.000 R$ 400.000
TOTAL CAPEX R$ 1.690.000 R$ 2.470.000 R$ 3.250.000
Fonte: ECOCARVÃO

A tabela 8 estima os custos relacionados aos investimentos em questões


operacionais, que serão necessários para a execução deste projeto em escala
industrial.
50

Tabela 8 - Premissas para análise financeira - Custos Operacionais estimados - OPEX

Investimentos (OPEX)
Ítem Dias de estoque 1 2 3
Operador de sistema de controle R$ 8.000 R$ 12.000 R$ 16.000
Motorista de Caminhão R$ 8.000 R$ 12.000 R$ 16.000
Manutenção dos Equipamentos R$/mês R$ 4.225 R$ 6.175 R$ 8.125
Diesel Caminhão R$ 3.000 R$ 6.000 R$ 9.000
TOTAL OPEX R$ 23.225 R$ 36.175 R$ 49.125
Fonte: ECOCARVÃO

Ao utilizar-se os seguintes dados para verificação do estudo de caso sobre o


ganho financeiro que a empresa passaria a ter caso incluísse as caçambas Fire Free
em seu processo de logística, constatou-se que:

 Preço médio da tonelada de moinha ou finos de carvão vegetal em 2012 -


R$250,00/t (SILVEIRA,2012);
 Preço médio da tonelada de carvão vegetal em 2013 – R$761,06/t
(IBGE,2017);
 Carreta convencional com capacidade de carregamento de 25 toneladas;
 Caçambas Fire Free (reboque e semirreboque) totalizando a capacidade de
carregamento de 25 toneladas;
 Em 25 toneladas, 19.80% são convertidos em finos de carvão, isto é, 4.95
toneladas de finos utilizando-se a carreta padrão;
 Em 25 toneladas, 18% são convertidos em finos de carvão vegetal, ou seja,
4.5 toneladas, que representa uma redução de 1.80% ou 450 Kg utilizando-
se as caçambas Fire free;
 São necessárias 40 expedições para atingir a meta de 1000t/mês.

Valor agregado anualmente ao insumo por meio da carreta convencional:

R$761,06 R$250,00
𝑅$1 = [{(25𝑡 − 4,95𝑡) ∗ + (4,95t ∗ )} ∗ 40] ∗ 12 => R$7.918.440,00 (8)
t t

Valor agregado anualmente ao insumo por meio das caçambas Fire Free:

R$761,06 R$250,00
𝑅$2 = [{(25𝑡 − 4,5𝑡) ∗ + (4,5t ∗ )} ∗ 40] ∗ 12 => R$8.028.830,40 (9)
t t
51

Logo: 𝐺 = 𝑅$8.028.830,40 − 𝑅$7.918.440,00 = 𝑅$110.390,40 (10)

De acordo com a equação (10), foi possível verificar que com a implementação
das caçambas Fire Free à logística da empresa, ouve o aumento de R$ 110.390,40
no valor anual agregado ao carvão vegetal.
52

5 CONCLUSÃO

Neste trabalho foi possível concluir que:

● Ao utilizar uma cobertura para diminuir a incidência solar sobre as caçambas


roll/on-roll/off, foi possível reduzir cerca de 44,4% da temperatura da carga de
carvão;
● O resfriamento das amostras de carvão via aeração foi satisfatório por reduzir
a temperatura em 52,4% no local em que a temperatura foi identificada.
● O combate ao foco de fogo na amostra de carvão pelo modo água, mostrou
resultados satisfatórios ao reduzir a temperatura em 95,9%
● Na aeração realizada em cada seção da caçamba que apresentar acúmulo
de energia foi possível reduzir a temperatura em 32,4%, garantindo
segurança ao insumo estocado. Ao passo que, no teste de monitoramento e
controle de focos de fogo pelo modo água no carvão vegetal na caçamba
conseguiu-se reduzir, de acordo com o pirômetro óptico e Carboraad, em
71,4% a temperatura da carga de carvão confinado, extinguindo o foco de
fogo.
● O método descarga direta mostrou ser eficiente na redução em porcentagem
dos valores referentes a cinzas, umidade e finos de carvão, obtendo valores
de 1,70%, 1,10% e 1,80%, respectivamente. O método de descarga direta
utilizado em caçambas Fire Free conseguiu reduzir até 450 Kg de finos de
carvão em uma carga de 25 toneladas, com segurança e qualidade ao
insumo, proporcionando a empresa uma lucratividade anual maior que a
anteriormente gerada.
53

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