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COMISSÃO EXAMINADORA
___________________________________
Prof. Dr. Flávio Neves Teixeira
Universidade Federal de São João Del Rei
___________________________________
Prof. Dra. Crismeire Isbaex
Universidade de Évora
___________________________________
Prof. Dr. José Antônio da Silva
Universidade Federal de São João Del Rei
___________________________________
Prof. Dr. Luiz Gustavo Monteiro Guimarães
Universidade Federal de São João Del Rei
Ao Professor Dr. Orientador Flávio Teixeira Neves, braço amigo de todas as etapas
deste trabalho e à professora Dra. Crismeire Isbaex, pela amizade, orientação e
confiança. A grandeza de uma pessoa a gente observa em suas ações.
A minha família, pelo apoio, confiança e motivação.
Aos amigos e colegas de curso, pela força, dedicação de horas de estudos e
vibração em relação ao final desta jornada.
Aos profissionais Túlio Raad e Hudson do Espírito Santo, pela oportunidade em me
deixar participar deste projeto e pela concessão de informações valiosas para a
realização deste estudo.
Às empresas do grupo de pesquisa, Ecocarvão Vegetal LTDA, ArcellorMittal e
SENAI/CTI.
A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização deste
trabalho.
A Deus todo poderoso, por me conceder esta linda chance de caminhar até aqui.
EPÍGRAFE
John Rusk
CALIMAN, Níkolas Nogueira. Redução da geração de finos de carvão vegetal
com o uso de caçambas Fire Free. Trabalho de conclusão de curso. Curso de
Engenharia Mecânica. Universidade Federal de São João Del Rei, 2020.
RESUMO
ABSTRACT
In the energy production units, one of the major challenges is one the fines
generation control after carbonization. The aim of work was to use the Fire Free
bucket to reduce the generation of fine charcoal in the kiln discharge to the
carbonization square. Through direct unloading into the buckets, the Fire Free
system was used as a method of monitoring the stored charcoal temperature. In this
System with buckets, the temperature information was obtained by an optical
pyrometer that collected reading through tubes inserted in the charcoal load. The
Carboraad software was used to generate the behavior of the thermal profile in real-
time. The solar radiation was a threat to the security of the stockpiled charcoal. Thus,
it was observed that cooling the covered bucket reduced the charcoal temperature by
44.4%. The monitoring and control of energy accumulation via the aerator showed to
be effective in reducing the stored charcoal temperature by 32.4%. To prevent a
possible focus fire, the control by water mode reduced the temperature of the load by
71.4%. Thus, it was concluded that the use of the bucket and the Fire Free
monitoring system achieved a reduction of 1.80% in the charcoal fines generation.
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
EPÍGRAFE
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE TABELAS................................................................................... 10
LISTA DE FIGURAS................................................................................... 11
1 INTRODUÇÃO………………...……………...……………...……………….. 14
2 OBJETIVOS………………...……………...……………...…………………... 23
3 MATERIAIS E MÉTODOS……………………………………………………. 24
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO……………………………………………. 37
5 CONCLUSÃO………………………………………………………………….. 52
6 BIBLIOGRAFIA……………………………………………………………….... 53
10
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO
A indústria siderúrgica no Brasil teve início entre os séculos IXX e XX, sendo
o carvão vegetal como fonte termorredutora mais utilizada nos altos (CGEE, 2015).
Apesar da grande competitividade com o carvão mineral, grandes avanços têm sido
realizados para melhorar as propriedades físicas e químicas do carvão vegetal para
a redução dos custos em todas as fases da cadeia produtiva, assim como diversos
estudos têm sido realizados desde o melhoramento genético do eucalipto,
carbonização, transporte e descarregamento do carvão nos altos fornos (VIEIRA et
al., 2013; SOUZA et al., 2016)
Apesar do advento do carvão mineral pelas grandes siderúrgicas na década
de 40, a siderurgia a carvão vegetal experimentou significativa expansão a partir da
década de 1960, com a ampliação do mercado de exportação de ferro-gusa,
incentivos fiscais governamentais para implantação de florestas plantadas e
expressivo aumento de custos de importação do coque e do carvão mineral (CGEE,
2015). Desta forma, o Brasil se tornou o único no mundo a manter uma siderurgia
com base no carvão vegetal como termorredutor, no qual compete no mercado
internacional com o aço produzido a partir de fontes não renováveis (ISBAEX, 2018).
Em 2018, a participação das siderúrgicas a carvão vegetal na produção total
de ferro gusa brasileiro, foi de 6.562.740 milhões de toneladas, com alta de 4,84%
em relação ao ano anterior (Figura 1). O estado de Minas Gerais, maior produtor de
aço e de carvão vegetal, participou com 81,48% de todo o ferro gusa produzido no
Brasil a base de carvão vegetal (SINDIFER, 2019). Desta forma, as indústrias
integradas e independentes a carvão vegetal do Estado contribuíram para a balança
comercial com o equivalente a US$ 478.146,57 milhões (FOB) do total de volume
exportado.
15
4.000
3.500
3.000
2.500
x 1000 Toneladas
2.000
1.500
1.000
500
-
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Teor de materiais
84,1 81,3 80,7 84,8 82,8
voláteis (%)
PCS da madeira
5.085 4.718 4.340 4.633 4.312
(Kcal/Kg)
PCS do carvão
7.977 8.088 6.626 6.972 7.439
(Kcal/KG )
Buncher, Skider e Garra Traçadora), o enchimento dos fornos (feitos com grua) até a
descarga do carvão (feito com pá carregadeira). Outro advento no processo de
carbonização, foi a passagem do método empírico para a utilização de pirómetros
ópticos e softwares de simulação da carbonização. Por meio da geração de perfis
térmicos dos fornos, a simulação é realizada utilizando balanço de massa
(Termodinâmica) e dados de temperatura medidos nos fornos, facilitando o
acompanhamento da carbonização e, por conseguinte, obtenção de um carvão de
melhor qualidade.
Apesar da grande importância da cadeia produtiva do carvão vegetal para o
desenvolvimento econômico, social e ambiental, as indústrias consumidoras têm
como desafio a grande competitividade com as indústrias a base de carvão mineral
(ISBAEX, 2018), que existe devido à semelhança nas funções termo redutoras
dentro do alto forno (ISBAEX, 2018). Enquanto o coque metalúrgico é obtido pelo
processo de "coqueificação", que consiste, em princípio, no aquecimento do carvão
mineral a altas temperaturas, o carvão vegetal é oriundo de florestas nativas ou
plantadas e obtidas por meio da carbonização da madeira em unidades de produção
de energia. Portanto, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) se diferenciam
em relação ao tipo de rota (ISBAEX, 2018). Outra diferença dessas indústrias está
associada à capacidade de produção de ferro gusa entre os altos fornos a coque e a
carvão vegetal. Os altos fornos a coque podem ter capacidades de produção
superiores a 1.000.000 t ferro gusa/ano, enquanto os altos fornos a carvão vegetal
podem atingir taxas de produção de 20 a 50.000 t ferro gusa/ano (ISBAEX, 2018).
Em 2017, apenas 19,47% do total de ferro gusa produzido no Brasil foi proveniente
das siderúrgicas verdes (SINDIFER, 2018). A tabela 2 apresenta as principais
diferenças entre as propriedades do carvão vegetal e do coque.
18
Carboraad, é capaz de gerar perfis térmicos em módulos que nos mostram a energia
concentrada dentro da caçamba. Assim, é possível ver com exatidão em que região
da caçamba o carvão vegetal se encontra com temperatura elevada, facilitando o
combate seja por aeração ou via injeção de água pressurizada.
Em uma carga de carvão vegetal, geralmente 70% do volume é considerado de
particulados com granulometria maiores que 9,52 mm e 30% são finos de carvão
(Edital de inovação para indústria, 2018). Destes 30%, é possível observar que 3,3%
são inerentes a estocagem nas unidades produtoras (Figura 2). Dentro do sistema
tradicional de produção de carvão, a inclusão do método carga direta pode eliminar em
até 3,3% de finos gerados na estocagem das unidades produtoras.
2 OBJETIVO GERAL
O objetivo do trabalho foi utilizar caçambas Fire Free na etapa de
armazenamento do carvão vegetal para reduzir a produção de finos por meio do
método descarga direta.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O projeto das caçambas roll/on - roll/off tem como meta ou planejado reduzir
5% do valor absoluto global de finos por duas vias. A primeira foi por meio da a
redução absoluta de 3,3% de finos de carvão vegetal, eliminando a movimentação
do carvão vegetal inerente à estocagem nos pátios das unidades produtoras; RAbs =
30% global x 11% da fase de estocagem, conforme Cálculo 1 = 3,3%.
𝑅𝑎𝑏𝑠𝐼 = 𝑃𝑃 − 𝐶𝐶 (3)
Fonte: ECOCARVÃO
Figura 8 - Pirômetro óptico ou Fluke
3.6.1 Teste 1
No primeiro teste, operou-se o soprador na temperatura de 375ºC, elevando-
se a temperatura da amostra de carvão a 105ºC, dando sequência aos resfriamentos
pela utilização do aerador. Três repetições foram feitas para validar os resultados.
Com o objetivo de alcançar uma margem de segurança em relação à
eficiência do aerador, fora realizado um segundo teste, desta vez, operando o
soprador de baixa vazão a temperatura de 500ºC e elevando-se a temperatura da
amostra de carvão a 160ºC. Em seguida, iniciou-se o resfriamento pela utilização do
aerador, e, novamente 3 repetições foram realizadas, repetindo-se todo o
procedimento.
O aumento da temperatura do carvão vegetal no fundo do tambor até o pico
de 105ºC e aeração por injeção de ar frio levando temperatura para 50ºC. De acordo
com o SENAI/CTI, os procedimentos de teste de bancada devem ocorrer da
seguinte maneira:
3.6.2 Teste 2
Aumento da temperatura do carvão vegetal no fundo do tambor até o pico de
160ºC e aeração por injeção de ar frio levando temperatura para 50ºC.
Procedimento: De acordo com o SENAI/CTI junto a equipe ECOCARVÂO,
os procedimentos de teste de bancada devem ocorrer da seguinte maneira:
31
Como meio de se obter o ganho financeiro anual que a empresa passaria a ter
caso implementasse as caçambas Fire Free em sua logística para reduzir a geração
de finos de carvão vegetal, foi realizado um estudo de caso, no qual:
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.2.1 Aerador
Por meio do teste 1 observou-se uma queda imediata de temperatura em um
curto espaço de tempo com a adoção do procedimento, conforme a Figuras 19.
No Teste 1 é possível verificar uma queda de 55ºC em 3 minutos, já no teste
2 uma redução na temperatura de 110ºC em 3 minutos.
Curva aquecimento x resfriamento referente ao Teste 1:
Dito isto, notou-se que a injeção de ar frio via aerador pode, além de resfriar o
local contendo concentração de temperatura, dispersar os gases voláteis liberados
pelo carvão confinado, eliminando quaisquer possibilidades de ocorrência de focos
de fogo.
Com base nos resultados obtidos após os testes de bancada, acompanhados
pela equipe do SENAI/CTI, foi comprovado que injeção de ar frio, em pressão
adequada, é capaz de diminuir elevação de temperatura detectada em seções de
carga de carvão vegetal confinado, prevenindo a ocorrência de focos de fogo.
4.3.1 Aerador
Validados os testes de bancada, foram realizados testes de aeração nas
seções da carga de carvão vegetal estocado na caçamba após o sistema Fire Free
detectar elevação brusca de temperatura entre 13h e 16h. De acordo com a figura
22 é possível observar a elevação de temperatura na carga de carvão no teste
realizado no dia 08 de Maio, na qual a temperatura se eleva chegando próxima à
máxima de 74ºC e se reduz à mínima de 50ºC após aeração e consequente
dispersão da energia acumulada junto ao carvão confinado. A tonalidade da escala
varia de azul à vermelho, que representam as temperaturas mínima e máxima
respectivamente.
E D
E D
4.3.2 Água
E D
De acordo com a figura 24, é possível observar a visão panorâmica dos perfis
térmicos gerados com base nas três últimas medições. Assim, é possível observar a
eficiência do combate ao foco de fogo com o modo água sendo injetado diretamente
à região em que foi colocada a brasa, visto isto, é possível afirmar que o Carborrad,
conseguiu detectar com exatidão o local de foco de fogo na seção da carga de
47
carvão vegetal estocada na caçamba Fire Free. A tonalidade da escala varia de azul
à vermelho, que representam as temperaturas mínima e máxima respectivamente.
Nota-se que a temperatura detectada para o foco de fogo foi de 420ºC. De
acordo com Cientec (2005), a temperatura de ignição do carvão vegetal está entre
450 e 460ºC, como mostra a Tabela 5.
Tabela 5: Valores atribuídos por diversos autores para a temperatura de ignição do carvão vegetal
ensacado.
Valores atribuídos por diversos autores para a temperatura de ignição do carvão vegetal
FONTE DATA DENOMINAÇÃO TEMPERATURA (˚C)
Pacheco 1943 Ponto de inflamação 360 ˚C
Hawley 1944 Temperatura de ignição 500 ˚C
Browne 1958 Temperatura de ignição 150 a 250 ˚C
Brocksiepe 1986 Ponto de ignição 200 a 250 ˚C
Oliveira
Filho 1987 Temperatura de ignição 240 a 400 ˚C ao nível do mar
CIENTEC 2005 Temperatura de ignição 450 a 460 ˚C
Fonte: (CIENTEC - Fundação de Ciência e Tecnologia) 2005
Tabela 6 - Comparação entre resultados médios das descargas com carretas convencionais x
descarga de teste das caçambas Fire Free
Item de Carreta Caçambas Meta ou %
Ganhos
qualidade Padrão Fire Free Planejado Alcançada
Umidade 6,70% 5% 1,70% - -
Cinzas 2,30% 1,20% 1,10% 1,70% 66,50%
Finos 19,80% 18% 1,80% 3,30% 54,50%
possam estar contribuindo cada vez mais para a qualidade do insumo, melhorando
suas características químicas e consequentemente operacionais.
Investimentos (CAPEX)
Dias de
Ítem 1 2 3
estoque
Caçamba Roll/on-roll/off R$ 700.000 R$ 1.350.000 R$ 2.000.000
Caminhão Roll/on-roll/off R$ 500.000 R$ 500.000 R$ 500.000
Sistema FIRE FREE R$ R$ 350.000 R$ 350.000 R$ 350.000
Galpão de Armazenagem R$ 140.000 R$ 270.000 R$ 400.000
TOTAL CAPEX R$ 1.690.000 R$ 2.470.000 R$ 3.250.000
Fonte: ECOCARVÃO
Investimentos (OPEX)
Ítem Dias de estoque 1 2 3
Operador de sistema de controle R$ 8.000 R$ 12.000 R$ 16.000
Motorista de Caminhão R$ 8.000 R$ 12.000 R$ 16.000
Manutenção dos Equipamentos R$/mês R$ 4.225 R$ 6.175 R$ 8.125
Diesel Caminhão R$ 3.000 R$ 6.000 R$ 9.000
TOTAL OPEX R$ 23.225 R$ 36.175 R$ 49.125
Fonte: ECOCARVÃO
R$761,06 R$250,00
𝑅$1 = [{(25𝑡 − 4,95𝑡) ∗ + (4,95t ∗ )} ∗ 40] ∗ 12 => R$7.918.440,00 (8)
t t
Valor agregado anualmente ao insumo por meio das caçambas Fire Free:
R$761,06 R$250,00
𝑅$2 = [{(25𝑡 − 4,5𝑡) ∗ + (4,5t ∗ )} ∗ 40] ∗ 12 => R$8.028.830,40 (9)
t t
51
De acordo com a equação (10), foi possível verificar que com a implementação
das caçambas Fire Free à logística da empresa, ouve o aumento de R$ 110.390,40
no valor anual agregado ao carvão vegetal.
52
5 CONCLUSÃO
6 BIBLIOGRAFIA
CARPENTER, A. M. “Use of PCI in blast furnaces”. IEA Clean Coal Center, London
- UK, 2006.
PICANCIO, A.C; ISBAEX, C.; SILVA, M.L.; RÊGO, L.J.; SILVA, L.F. Revista do
Departamento de Administração da FEA, Vol. 12, nº 1, jan-dez. 2018.