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O SUBDESEMPENHO DOS ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES E O PAPEL

PSICOPEDAGOGICO1

Ana Cássia Ribeiro Lima 2

RESUMO

O artigo apresentado teve por objetivo divulgar os resultados de pesquisas


relacionadas aos fatos que se relacionam aos conceitos e características relativos a
altas habilidades no ambiente escolar, bem como aos motivos que desencadeiam o
subdesempenho desses alunos e quais os desafios que a escola enfrenta, bem como
as intervenções que a mesma, juntamente com seus profissionais atuam nesse
contexto, abordados de forma teórica por especialistas como o psicopedagogo
Feuerstein, refletindo-se também sobre a realidade do sistema de ensino, contando-
se com método descritivo para a realização da mesma. Desta forma, esperou-se obter
neste artigo, de forma clara e objetiva, tais reflexões.

PALAVRAS-CHAVE

Altas Habilidades; Subdesempenho; Psicopedagogo

1 INTRODUÇÃO

O mundo da educação inclusiva é um espaço cada vez mais explorado,


especialmente em áreas da ciência e educação. No entanto, há ainda muito a ser

1
Este artigo apresenta alguns dos elementos estudados no Curso “Psicopedagogia Com Ênfase Na
Educação Especial” e foi apresentado ao final do curso de Psicopedagogia sob a orientação do Prof.
MSc. Selma Patrícia Lins do Carmo.
2 Ana Cássia Ribeiro Lima – formada em pedagogia pela Universidade Educacional da Lapa (UNIFAEL;
Polo – Capitão Poço/PA); cursando Especialização Em Psicopedagogia Com Ênfase Em Educação
Especial pela UNIFAEL. End. Eletrônico: *ac14.princess@gmail.com ctt:91 99616-6319
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considerado no que consiste a inclusão dessas pessoas na sociedade. A exemplo,


temos os alunos identificados com altas habilidades/superdotação.
Por muito tempo, vem prevalecendo a ideia de que pessoas identificadas
com Altas Habilidades/superdotação são pessoas independentes, autodisciplinadas,
criativos e que tem maior facilidade para lidar com qualquer situação, e portanto, não
necessitam de acompanhamento especializado, como no caso dos portadores de
deficiência.
O que é pouco considerado, é que na verdade muitas pessoas que se
enquadram no campo das altas habilidades e superdotação, também possuem níveis
de dificuldades, que ao não serem identificados e trabalhados, podem ser confundindo
com falta de atenção, indisciplina entre outros fatores motivadores do subdesempenho
desses alunos.
De acordo com Martins (2006), na perspectiva atual onde o sistema
educacional opta por um modelo de escola compreensiva, integradora e aberta à
diversidade, vemos a necessidade de profissionais qualificados que saibam
diagnosticar capacidades e ritmos de aprendizagem de cada aluno, assim como
orientar e atender as necessidades educacionais especiais deles.
Mediante esse contexto, faz-se necessário refletir sobre quais fatores
levam ao subdesempenho de alunos com altas habilidades e quais as melhores
formas de intervenção.
Para se entender as questões acima elencadas, é necessário analisar
de forma objetiva como alunos considerados com inteligência superior a média
podem ter dificuldades em se adaptar ao Sistema de Ensino e como a comunidade
escolar pode contribuir para melhorar essa situação.
No referente a essas questões, esse trabalho teve como objetivo geral entender os
prós e contras das altas habilidades e quais métodos psicopedagógicos são mais
eficientes na intervenção escolar.
Quanto aos objetivos específicos, visou-se: entender a responsabilidade e
os desafios da escola no ensino desses alunos; analisar o papel do psicopedagogo;
investigar as intervenções que podem ser aplicadas com maior eficiência.
A pesquisa foi dividida da seguinte maneira: no primeiro capítulo buscou-
se compreender os aspectos e conceitos histórico-critico das altas habilidades,
levando em consideração as teorias desenvolvidas por cientistas, psicólogos,
educadores, que se dedicaram a entender o desenvolvimento da mente humana.
Também se buscou definições e características desses alunos.
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No segundo capítulo, abordou-se as dificuldades que os alunos com altas


habilidades podem expressar, bem como os desafios que a escola e professores
enfrentam mediante as necessidades destes.
Por fim, no terceiro e último capítulo, refletiu-se sobre a importância do
psicopedagogo frente a esse contexto e sobre as principais práticas e métodos que
viabilizem o desenvolvimento do potencial dos educandos com altas habilidades.
Para a realização dessa pesquisa, utilizou-se o método descritivo,
coletando-se dados e comparando-os a realidade dos fatos para se obter uma reflexão
imparcial. Esperou-se obter um entendimento mais aprofundado sobre o que cerne ao
desenvolvimento de alunos com altas habilidades.
Diante desse contexto, foi explorando nesse trabalho o papel que o
psicopedagogo exerce mediante os desafios encontrados para diagnosticar, bem
como auxiliar os alunos com altas habilidades e superdotação, de acordo com
pesquisas significativas na área como a Teoria dos três anéis de Renzulli, o modelo
diferenciado de superdotação de Gardner, bem como o apoio bibliográfico de diversos
autores, entre eles Feuerstein, Gama, Rocha, Renzulli e outros.

1. Aspectos e Conceitos Históricos-Científicos Sobre Altas Habilidades

As pessoas com altas habilidades sempre estiveram presentes na


sociedade, embora nem sempre tenham sido identificadas, uma vez que era raro as
pessoas terem a possibilidade de desenvolver seu potencial por meio dos estudos.
De acordo com Paulo Ross (2018), “a conquista do direito a vida e a
superação daquelas crenças negativas e daqueles limites materiais dependeram de
transformações históricas e de lutas políticas, porque nenhum direito nos é concedido
espontaneamente”. O que nos leva a outro possível motivo, que é a falta de
conhecimento e visão deturpadas que muitos tinham e ainda tem sobre o assunto.
Segundo a secretaria de educação especial e do desporto (Brasil 1995), a
definição de alunos com Altas habilidades/superdotação é:
Apresentam notável desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer
dos seguintes aspectos, isolado e combinados: capacidade intelectual,
aptidão acadêmica ou especifica (por exemplo aptidão matemática),
pensamento critico e produtivo, capacidade de liderança, talento para artes
visuais, artes dramáticas e musicais e capacidade psicomotora (BRASIL,
1995, pag. 12).

Ao analisar-se pessoas de destaque na antiguidade como Platão, pode-se


perceber o desenvolvimento de potencial muito afrente de suas épocas. Ele teve
grande destaque em áreas do conhecimento matemático, filosófico, esportivo e mais.
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Em suas obras, o próprio defendia o estudo especializado para homens e mulheres


intelectualmente talentosos.
No entanto, pouco se sabia sobre o tema, e por vezes a forma encontrada
para esclarecer a capacidade dessas pessoas era associá-las ao divino. Esse fato
também influencio o pensamento pessimista sobre aqueles que apresentavam alguma
deficiência que por muito tempo, foram associados ao castigo divino.
Marques e Targa (2013), ressaltam que “por milhares de anos, o ser
humano transmitiu seu legado cultural de modo espontâneo. Não existiam
profissionais especializados, escolas, teorias educacionais ou leis – no sentido jurídico
– especificas para dar conta de processos que consideramos, hoje, partes de nossas
vidas”.
Hoje, porém, com os avanços da ciência, difusão dos meios de
comunicação e a luta pela defesa dos Direitos Humanos, já se vislumbra uma
sociedade mais conscientizada em relação acessibilidade, a busca pela inclusão em
escolas e no mercado de trabalho, a preparação para recepcionar corretamente
pessoas com necessidades especiais nos variados ambientes, ou seja, busca-se
novas possibilidades para apoiar e inclui-los como parte igualmente importante na
sociedade.
No que cerne a inclusão de pessoas com inteligência considerada superior,
também existem barreiras que precisam ser enxergadas, no entanto, por conta de
certos estereótipos e falta de informação, a grande maioria se quer descobre ou tem
seu potencial identificado, a exemplo do sistema escolar.
Segundo o Instituo Inclusão Brasil ressignificar as concepções e conceitos
sobre altas habilidades / superdotação é de suma importância sobretudo quando se
admite que qualquer prática educativa deve sempre partir de um referencial teórico.
No que tange ao aspecto científico, é possível encontrar modelos teóricos
que embora sejam diferentes, não se excluem, mas se complementam, a exemplo A
Teoria da Desintegração Positiva de Dabrowski, o modelo Diferenciado de
Superdotação e Talento de Gagné, o Círculo dos Três Anéis de Renzulli, o modelo
das Inteligências Múltiplas de Gardner e o modelo WICS de Sternberg.
Kazimierz Dabrowski foi um importante médico polonês, que vivenciou de
perto a primeira guerra e as restrições da cortina de aço. Ainda assim, conseguiu
desenvolver a teoria da Desintegração Positiva, modelo esse que se divide em cinco
níveis de integração/desintegração, e de grande valia para os estudos do
desenvolvimento da personalidade.
Dabrowski (1964), caracterizou esses níveis como:
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1º nível – integração primaria: as principais influenciam são os fatores


biológico e ambientais, onde as necessidades primitivas, caracterizadas pelos
egocentrismos são priorizadas, tendo forte relação com a infância.
2º nível – desintegração de nível único: momento em que a própria
personalidade começa a se forma, levando em conta um momento de crise, onde
alternativas relativas ao código de ética conhecido vão ser questionadas ou
reproduzidas.
3º nível – integração espontânea em vários níveis: as ações geram
reflexões associadas as consequências das decisões, que ira ou não desenvolver
uma personalidade cada vez mais adequada.
4º nível – desintegração espontânea em vários níveis: nesse nível, as
escolhas deixam o caráter aleatório e passam a ser totalmente consciente e com
intencionalidade bem dirigida em direção a um objetivo específico.
5º nível – por fim, no último nível, espera-se que a pessoa se torne
totalmente estável, no entanto, isso dependerá de seu desenvolvimento em outros
níveis.
Em consideração a isso, é possível entender que a Teoria da
Desintegração Positiva de Dabrowski trata do desenvolvimento das emoções do ser
humano e como isso influencia sua inteligência.
Para Robert Mills Gagné, conceituado psicólogo estadunidense, que atuou
na área da ciência da instrução durante a segunda guerra e também escritor do livro
“como se realiza a aprendizagem”, existem dois conceitos-chaves que podem ser
usados para classificar o desenvolvimento intelectual: dotação e talento.
O autor propõe um modelo no qual a dotação se refere à existência e uso de
capacidades naturais (ou aptidões), expressas de forma espontânea em, pelo
menos, um domínio da atividade humana, e o termo talento designa a
maestria superior de habilidades (ou competências), que são desenvolvidas
a partir do treino sistemático e domínio de conhecimento em, ao menos, uma
área da atividade humana (acadêmica, artística, desportiva ou social, entre
outras) (ROCHA, 2017, p. 9).

Rocha estabelece um paralelo entre os dois termos destacados por Gagné,


onde pressupõem-se da dotação, que esta seja uma aptidão natural enquanto o que
o talento, exija um desempenho articulado da parte de quem executa uma atividade
mais específica.
No que se refere a aprendizagem, Gagné destaca cinco capacidades
humanas, sendo elas a informação verbal, que consiste nas informações transmitidas
a nós de forma oral ou escrita, servindo como base para nossa educação; as
habilidades intelectuais, de grande importância por influenciar diretamente a forma de
pensar e raciocinar; estratégias cognitivas, internalizadas para dar suporte aos novos
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conhecimentos; atitudes, referentes à escolhas, valores e preferencias e habilidades


motoras, representadas por sinais, estimulo-resposta e aprendizagem em cadeias.
Em outra perspectiva, Joseph Renzulli, importante psicólogo americano,
atuante na área educacional e responsável pela Teoria dos Três Anéis, associa as
Altas Habilidades a três características:
Habilidades acima da média, que levam em conta a comparação entre o
desenvolvimento de pessoas em um determinado contexto social em relação a outro
que embora esteja nesse mesmo espaço, possui um desvio na curva padrão
identificável, assim, se destacando.
A Criatividade, por sua vez, caracterizada pela capacidade de ser diferente,
original, inventor, podendo ser observada em diversas áreas como a musical,
filosófica, falada, gestual, matemática entre outras.
Por fim, o Compromisso com a Tarefa/motivação, relacionada a
autodisciplina, ou seja, o empenho para iniciar e concluir tarefas, sejam elas
executivas como trabalhar, estudar, ou interesses particulares, desenvolvendo um
modus operandi próprio.
Dessa forma, concluiu-se que a interseção entre essas três características
é o que classificaria alguém com Altas Habilidades, enquanto que possuir duas dessas
habilidades é considerado como inteligência superior ou talento.
Segundo Gardner, em sua teoria do Modelo Das Inteligências Múltiplas, o
autor destaca nove tipos de inteligência:
Linguística: capacidade na forma de se comunicar, seja oralmente ou na
escrita, bem como na aprendizagem de idiomas.
Logico-Matemática: facilidade para raciocínios dedutivos, conceitos
matemáticos, destacando-se na resolução de problemas e programação.
Interpessoal: essa habilidade está relacionada a compreensão do outro,
bem como a comunicação e persuasão, sendo frequentemente encontrada no meio
político, religioso, psicológico e educacional.
Intrapessoal: esta por sua vez está ligada ao autoconhecimento e controle
sobre emoções, vontades e escolhas. Exercícios físicos e meditação são bons
estimulantes para essa inteligência.
Espacial: ligada a interpretação e criação de imagens, está fortemente
associada ao desempenho artístico e atividades relacionadas a design, arquitetura,
moda entre outras.
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Corporal: associada ao controle do corpo e a execução de movimentos,


ganha destaque nas áreas da dança, esportes, interpretações sendo não apenas bem
representado, mas também compreendido ao limite.
Musical: reconhecer e acompanhar melodias, ritmos, bem como transmiti-
los com instrumentos, composições ou dança.
Existencial: capacidade em refletir sobre os aspectos da vida humana,
dando sentidos filosóficos e metafísicos aos diversos contextos do comportamento
humano.
Naturalista: aptidão para lhe dar com conhecimentos relacionados a
natureza, seja com animais, plantas, agricultura ou geologicamente.
Abaixo temos um exemplo de como isso pode ser avaliado:

Com isso, Gardner incentiva a crer que cada ser humano possui
habilidades e aptidões únicas em diferentes áreas do conhecimento, o que significa
que elas precisam ser despertadas.
Sternberg (2000), ressalta que as altas habilidades vão além do quociente
intelectual, estendendo-se também a chamada inteligência exitosa, que consiste na
capacidade humana de adaptar-se aos mais variados ambientes, reconhecendo suas
forças e compensado as fraquezas. Postula ainda que o quadro de super-dotação
deriva de um conjunto de cinco característica: excelência, raridade, produtividade,
demonstratividade e valor.
Dessa forma, o modelo WICS (Wisdom, Intelligence, Creativity,
Synthesized), vem sendo usado como importante base para a classificação de
pessoas com Altas Habilidades/Superdotação.
De acordo com os princípios e teorias descritos acima, é possível observar
uma gama de fatores que levam uma pessoa a ser considerada de inteligência
elevada, com altas-habilidades, superdotadas entre outras classificações. Entre eles
estão os fatores neurobiológicos, psicopedagógicos ou genéticos.
Segundo Cline e Schwartz (1999) e Lewis e Louis (1991), são
características de crianças com altas habilidades as seguintes: alto grau de
curiosidade, boa memória, atenção concentrada, persistência, independência,
autonomia, interesse por áreas e tópicos diversos, aprendizagem rápida, criatividade
e imaginação, iniciativa, liderança, vocabulário avançado, riqueza de expressão
verbal, habilidades para considerar o ponto de vista de outras pessoas, facilidade de
interagir com crianças mais velhas e adultos, habilidade para lidar com ideias
abstratas, habilidade para perceber ideias discrepantes, interesse por livros e outras
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fontes de conhecimento, alto nível de energia, preferência por situações desafiadoras,


senso de humor, originalidade.
Para a Política Nacional De Educação Especial, a classificação para altas
habilidades e superdotação acontece por meio das seguintes áreas: intelectual,
acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. São exemplos respectivamente
Stephen Hawking, Leonardo da Vince, Gandhi, Edson Arantes do Nascimento e Heitor
Villa-Lobos.

2. Desafios Educacionais Na Inclusão De Alunos Com Altas Habilidades

Ao analisar os conceitos e perspectiva das altas habilidades e


superdotação, acima elencados, tem-se por certo que tais pessoas possuem grande
probabilidade de se destacarem em uma ou várias áreas de conhecimento. Porém,
ao analisar-se a realidade escolar, não se vê em sua maioria, essa expressão. Nesse
sentido, faz-se necessário refletir sobre os desafios encontrados pelo sistema de
ensino na inclusão desses alunos.
A inclusão da diversidade é um dos principais desafios da educação,
pensando nisso, muitos educadores buscam nivelar os conhecimentos dos alunos na
intenção de equilibrar as condições para todos. No entanto, para o aluno com altas
habilidades, isso pode ser desmotivador, levando em conta seu estímulo para o
desafiador.
As pessoas com altas habilidades/superdotação podem apresentar elevado
desempenho em determinadas áreas (...), e podem ter problemas de
interação social. Muitos apresentam baixo desafio escolar, em razão de
considerar as aulas desestimulantes e sem nenhum desafio (ROSS, 2018, p.
222).

Entre os sinais de subdesempenho para crianças com altas habilidades


podem estar ser verbalmente fluente, mas fraco na linguagem escrita; excessivamente
autocritico; hostil com autoridades; não saber como estudar; aspirações baixas, em
vista das aptidões; fazer perguntas inquisitivas, mas ter baixo desempenho em
exames; preferir ficar com crianças mais velhas; ser indeciso e ansioso entre outros.
De acordo com da Câmara Federal (2014), a estimativa de alunos
classificados com altas habilidades no Brasil chaga a 2,5 milhões, no entanto, até
2020 apenas 24 mil haviam sido identificados.
Apesar de documentos legais que reconhecem alunos com capacidade
acima da média na população escolar, o Instituto Inclusão Brasil destaca que, o que
muitas vezes chega à prática dos profissionais da educação são conceitos desligados
de concepções, relativamente vagos, pesados de mitos que as produções científicas
estão derrubando.
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A exemplo disso, tem-se no imaginário de muitos que casos de


superdotação é algo raríssimo, porém, de acordo com dados da OMS (Organização
Mundial de Saúde) cerca de 5% da população mundial é considerada pertencente a
esse padrão.
Prevalece também a visão de que pessoas identificadas com superdotação
são autodidatas por excelência, e, portanto, não necessitariam de acompanhamento
de educadores especializados, como no caso dos portadores de deficiência, o que
induz a rotulações e até a prática do bullying, quando, no entanto, a narrativa dos
NAAH/S relatam que muitos se quer teriam descoberto seu potencial, caso não
houvesse a intervenção escolar.
Nesse contexto, entra a importância da prática avaliativa processual
diagnostica, que perpassa os testes de inteligência, ocorrendo por meio da
observação sistemática de comportamentos e desenvolvimento do educando, bem
como considerando seu ambiente familiar e interesses.
O diagnóstico de pessoas com altas habilidades não pretende encontrar
características inatas, mas disponibilizar variedade de oportunidades,
estímulos, mediação pedagógica, apoio emocional e respeito as dificuldades
naquelas áreas em que o desempenho for abaixo do que se espera.
O diagnostico não é simples, porque os sinais podem ser confundidos com
problemas como: dislexia, déficit de atenção ou outros transtornos de
aprendizagem (ROSS, 2018, p. 222).

Mediante os fatos expostos, é imprescindível que o educador, mas


especificamente, o Psicopedagogo esteja apto a avaliar e intervir de forma a propiciar
uma aprendizagem adequada as necessidades do educando, bem como inclui-lo em
atividades propostas a todos.
O psicopedagogo israelense Reuven Feuerstein afirma que a inteligência
humana pode ser estimulada em qualquer idade e de acordo com sua teoria, mesmo
indivíduos considerados inaptos podem ter sua inteligência “expandida”, adquirindo
assim capacidade de aprender. Tzuriel (2014), também acrescenta que para
Feuerstein, a inteligência é modificável e se pode ser ensinada e aprendida, a
educação tem papel muito maior do que se imaginava anteriormente, especialmente
com crianças diagnosticadas como insuficientes, com dificuldade de aprendizagem ou
com deficiência intelectual.

3. Analise De Observação Contextual-Teórica Psicopedagógica

Diante das diversas teorias como Os Anéis de Renzulli, A Teoria da


Desintegração Positiva de Dabrowski, O Modelo Diferenciado De Superdotação E
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Talento de Gagné, entre outros fatos expostos, é possível analisar que, embora
partam de pressupostos diferentes, essas teorias se complementam, sendo
perceptível de forma ampla os prós e contras.
Tem-se por exemplo, que, embora os níveis de superdotação/altas
habilidades sejam caracterizados de diversas formas, como acompanhou-se na
Teoria Das Múltiplas Inteligências de Gardner, esses alunos necessitam de uma
atenção profissional, para desenvolver sua inteligência de forma saudável, como
defendia Feuerstein, e que os educadores precisam se capacitar para atender a essa
necessidade.
Por sua vez, Steinberger, tendo por base sua experiência no modelo WICS,
considera a capacidade humana de se desenvolver nos mais variados ambientes,
podendo compensar suas fraquezas com suas habilidades. Por isso, ao levar-se em
conta os desafios enfrentados pelo sistema de ensino, tais como as dificuldades dos
alunos com altas habilidades, bem como a analise diagnostica da parte dos
profissionais da educação, surgem as reflexões psicopedagógicas, que buscam
trabalhar as dificuldades de aprendizagem e também viabilizar meios para o
desenvolvimento do potencial dos alunos.
O Psicopedagogo por sua vez, conhece, avalia e gera diagnósticos, que
são imprescindíveis para o sucesso dos procedimentos educativos, podendo este
indicar meios para alcançar melhores resultados e também engajar a família nesse
processo. Dessa forma:
Propõem-se a buscar uma resposta para os conflitos na aprendizagem com
técnicas de trabalho que podem ser desenvolvidas de maneira individual ou
em grupo, para assim resgatar a vontade de aprender, de modo a observar
quais fatores, possivelmente podem contribuir ou não com o processo de
ensino-aprendizagem (Anjos; Dias, 2015, p. 2)

Tem-se assim a importância desse profissional, bem como a necessidade


de mais pessoas especializadas nessa área, não só no ambiente escolar, como
também nos demais espaços sociais.
Mediante esse contexto, é possível observar a responsabilidade da escola
frente a essa questão, bem como a contribuição que a psicopedagogia tem a ofertar
para a mesma, o que também deve nortear as intervenções aplicadas ao sistema.

4. Praticas Metodológicas Que Viabilizam O Desenvolvimento De Alunos


Com Altas Habilidades

A partir do momento em que se tem um diagnóstico, surgem novas


possibilidades para inclusão escolar destes alunos. Uma das possíveis alternativas é
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a preparação de atividades extracurriculares organizadas na própria escola, que se


estendem para além do currículo como por exemplo, por meio de uma pratica
esportiva ou artística, oferecendo meios para o desenvolvimento de habilidades
pessoais, bem como o engajamento com o outro.
Gama (2006) ressalta que alunos com altas habilidades tem:
Uma dedicação desmedida, que não se vê em crianças e jovens da mesma
idade. É uma capacidade de concentração por períodos de tempo muito
superiores ao que se espera de alunos nas mesmas condições e de igual
idade. É a habilidade de focalizar agudamente em alguma atividade, seja uma
tarefa, uma aula, o desenvolvimento de um projeto ou outra qualquer (GAMA,
2006, p. 83).

Uma das práticas metodológicas mais eficientes é a Sala de Recursos


multifuncionais, também conhecida como Atendimento Educacional Especializado
(AEE). Esse atendimento é ofertado na rede pública ou em instituições comunitárias,
confessionais ou filantrópicas, sem fins lucrativos, destinado aos alunos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e
superdotação que estão matriculados nas redes comuns de ensino regular.
Com base nisto, vê-se a importância de levar em conta a individualidade
de cada aluno, aceitando e valorizando suas diferenças, bem como trabalhando suas
aptidões. Por isso, levando em conta o papel da sala de recursos multifuncionais de
proporcionar situações a onde o educando pode criar projetos, expressar sua
criatividade e ampliar suas condições de aprendizagem, tal modelo é uma excelente
estratégia para a organização e enriquecimento curricular dos alunos com altas
habilidades.
Outra referência importante é o Modelo de Enriquecimento Escolar (SEM)
de Renzulli que é utilizado por alunos superdotados, mas também pode ser adaptado
por todos os alunos, pois consiste em uma prática de enriquecimento total da escola.
A revista Educação Especial explica que esse modelo se baseia em três
objetivos: desenvolver talentos em todas as crianças, oferecer uma ampla gama de
experiências de enriquecimento para todos os estudantes e proporcionar
oportunidades de acompanhamento em nível avançado para os jovens com base em
seus pontos fortes e interesses.
É necessário reconhecer também o valor dos Núcleos de Apoio as Altas
habilidades/superdotação (NAAH/S), uma vez que esse visa não apenas os benefícios
ao aluno, como também a preparação e aperfeiçoamento do professor e conciliando
isso com o apoio a família.
Benjamim Bloom (1985) destaca o papel das famílias no encorajamento e
afetividade para o desenvolvimento de altas habilidades de seus filhos, apontando
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características em comuns de famílias de pessoas que se tornaram reconhecidas por


seus talentos.
Virgolim (2007), revê algumas funções que precisam ser consideradas com
relação ao atendimento desses alunos, tais como treinamento especializado de
professores, matérias adequados as necessidades dos alunos, currículos adequados,
curso de graduação e pós-graduação específicos, técnicas modernas de avaliação,
informações e literaturas especializadas e atualizadas.
Com os recursos acima citados, é possível criar condições propicias de
estimulação para tais alunos que precisam de atendimento especializado, bem como
investir na capacitação de profissionais como o Psicopedagogo.

5. Considerações Finais
O presente trabalho teve por objetivo analisar as causas do
subdesempenho dos alunos com altas habilidades e superdotação sob a perspectiva
histórico-cientifica, bem como psicopedagógica e algumas estratégias de
interversões.
A partir disto, estudou-se os conceitos e aspectos característicos de alunos
com altas habilidades/superdotação, na intenção de entender como esse fato se
reflete na realidade do sistema de ensino, por meio de bibliografias de importantes
teóricos que se destacaram no estudo dessa área.
Analisou-se também a forma como a intervenção psicopedagógica, por
meio de práticas metodológicas podem viabilizar o desenvolvimento das capacidades
do aluno bem como a inclusão. A exemplo, explanou-se o papel do Atendimento
Educacional Especializado, os NAAH/S entre outros.
Por todos esses fatores, a conclusão a que se chega é que, embora alunos
identificados com altas habilidades possuam capacidades superiores a maioria, eles
também necessitam de auxílio profissional seja para o descobrir seus potenciais ou
mesmo para aperfeiçoa-los, tendo-se assim o psicopedagogo como importante agente
mediador nesse processo.

BAJO RENDIMIENTO DE ESTUDIANTES CON ALTAS CAPACIDADES


Y EL ROL PSICOPEDAGÓGICO
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RESUMEN, RÉSUME OU ABSTRACT.

El objetivo de este artículo fue difundir los resultados de investigaciones


relacionadas con hechos relacionados con conceptos y características relacionadas
con las altas competencias en el ámbito escolar, así como las razones que
desencadenan el bajo rendimiento de estos estudiantes y cuáles son los desafíos
que enfrenta la escuela, así como como las intervenciones que ella, junto con sus
profesionales, actúan en este contexto, abordadas teóricamente por especialistas
como el psicopedagogo Feuerstein, reflexionando también sobre la realidad del
sistema educativo, apoyándose en un método descriptivo para su realización. De
esta forma, se esperaba obtener en este artículo, de forma clara y objetiva, dichas
reflexiones.

PALABRAS-CLAVE

Altas Habilidades; Bajo Redimiento; Psicopedagogo

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