Segundo a Organização Mundial de Saúde, 3% a 5% da população brasileira é
portadora de altas habilidades, e segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica (Ministério da Educação, 2001), o conceito de altas habilidades/superdotação é adotado por alguns programas brasileiros para destacar crianças consideradas superdotadas e talentosas. São destacadas as que apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em aspectos isolados ou combinados: “capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criador ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para as artes e capacidade psicomotora.” (SEESP – Secretaria de Educação Especial, 2006). os termos “superdotado” e talentoso” se referem a crianças e jovens, identificados na pré-escola, no ensino fundamental ou no ensino médio, como possuidores de habilidades potenciais ou demonstradas, que evidenciam alta capacidade de desempenho, em áreas tais como no desempenho intelectual, criativo, acadêmico especifico ou habilidade de liderança, ou nas artes de representação, artes de um modelo geral e que, por essa razão, necessitam de serviços ou atividades que não são rotineiramente oferecidas pela escola. “superdotação é um conceito que serve para expressar alto nível de inteligência e indica desenvolvimento acelerado das funções cerebrais, o talento indica destrezas mais específicas. a partir da década de 90, as pesquisas cognitivas foram enriquecidas com o desenvolvimento das ciências neurais. a modalidade refere-se não especificamente a altas habilidades, mas à manifestação das várias inteligências de um indivíduo, enfatizando a capacidade de resolver problemas e de elaborar produtos, afastando o conceito de uma inteligência única e geral. Segundo ele, o ser humano é dotado de inteligências múltiplas que incluem as seguintes dimensões:linguística,lógico-matemática,espacial, musical,cinestésico- corporal,naturalista, interpessoal,intrapessoal. As crianças com altas habilidades/superdotação não constituem um grupo homogêneo, variando tanto em habilidades cognitivas quanto nível de desempenho e personalidade. Linguística: habilidades envolvidas na leitura e na escrita, um tipo de inteligência apresentada pelos poetas; Musical: habilidades inerentes a atividades de tocar um instrumento, cantar, compor; Lógico/matemática: habilidade de raciocínio, computação numérica, resolução de problemas, pensamento científico; Espacial: habilidade de representar e manipular configurações espaciais; Corporal/cinestésica; habilidade de usar o corpo inteiro ou parte dele para a realização de tarefas; Interpessoal: habilidade de compreender outras pessoas e contextos sociais; Intrapessoal: capacidade de compreender a si mesmo, tanto sentimentos e emoções, quanto estilos cognitivos e inteligência; Naturalística: habilidade de perceber padrões complexos no ambiente natural; Isso nos leva ao seguinte conceito: “Portadores de altas habilidades/superdotados são os educandos que apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual superior, aptidão acadêmica específica pensamento criativo ou produtivo, capacidade de liderança talento especial para artes e capacidade psicomotora.” A superdotação como um fenômeno multidimensional agrega todas as características de desenvolvimento do indivíduo sejam eles: aspectos afetivos, cognitivos, neuropsicomotores e de personalidade. É comum acreditar que para ser considerado superdotado o indivíduo necessariamente tenha que apresentar um desempenho surpreendentemente significativo e superior desde muito jovem, ou dado contribuições originais na área científica ou artística reconhecida como de inestimável valor para a sociedade.Lembramos, entretanto, que a superdotação pode existir em somente uma área da aprendizagem acadêmica, tal como a matemática, por exemplo, ou pode ainda ser generalizada em habilidades que se manifestam através de todo o currículo escolar. Como reconhecer os superdotados No artigo 5º, inciso III, da Resolução CNE/CEB Nº 2 de 2001, que estabelece as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (Brasil, 2001), tem como acepção de educandos com altas habilidades/superdotação aqueles que apresentam grande facilidade de aprendizagem, levando-os a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes. Já os Parâmetros Curriculares Nacionais, em sua série de Adaptações Curriculares, Saberes e Práticas da Inclusão (Brasil, 2004), publicada pela Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação, atribuem os seguintes traços como comuns aos superdotados: Alto grau de curiosidade;Boa memória;Atenção concentrada;Persistência;Independência e autonomia;Interesse por áreas e tópicos diversos;Facilidade de aprendizagem;Criatividade e imaginação:Iniciativa;Liderança;Vocabulário avançado para sua idade cronológica;Riqueza de expressão verbal (elaboração e fluência de idéias);Habilidade para considerar pontos de vistas de outras pessoas;Facilidade para interagir com crianças mais velhas ou com adultos;Habilidade para perceber discrepâncias entre idéias e pontos de vistas;Interesse por livros e outras fontes de conhecimento;Alto nível de energia;Preferência por situações/objetos novos;Senso de humor;Originalidade para resolver problemas. O objetivo é discutir maneiras de construção do processo de identificação, que gerem informações sobre o aluno com alto potencial e orientem a pratica docente em termos do planejamento de aula, seleção de estratégias de ensino e métodos de avaliação do desempenho escolar.O processo de identificação deve ser diluído em diversas fases e a identificação precoce e necessária para assegurar o desenvolvimento saudável de crianças superdotadas e evitar problemas de desajustamento, desinteresse em sala de aula e baixo rendimento escolar. Alternativas de Inclusão Escolar Temos que lutar por uma escola inclusiva que busque ter um projeto pedagógico que responda as necessidades específicas de cada aluno ou grupos de alunos. Sem dúvida, o convívio ampliado entre os pares é uma das mais férteis vertentes educativas. Propor atendimento suplementar para o aprofundamento e/ou enriquecimento curricular ao aluno com altas habilidades/superdotado flexibilizando e adaptando os currículos, as metodologias de ensino, os recursos didáticos e os processos de avaliação; tornando-os adequados ao aluno com altas habilidades/superdotados, em consonância com o projeto pedagógico da escola; oferecer o apoio pedagógico especializado tanto na classe comum, quanto na sala de recursos. Gallagher (1979) chama a atenção para o fato de que o conceito de superdotação está muito ligado aos fatores culturais. Para muitos professores os alunos superdotados fazem o melhor trabalho na sala de aula, e para tanto algumas alternativas de inclusão escolar se apresentam de forma bastante interessante, são elas: Atividades curriculares organizadas na própria escola – são realizadas com a intenção de ocupar os alunos mais capazes por meio de cursos de arte, clubes de ciências, esportes ou através de monitoria de colegas. Porém estas correm o risco de se tornarem rotineiras, planejadas dentro das possibilidades da escola e não para atender as reais necessidades dos alunos Sala de recursos – Esta estratégia foi inicialmente desenvolvida para atender os alunos com deficiências e contava com material didático específico. Diretrizes do MEC (1998) sugerem esta alternativa também para os alunos com altas habilidades ou superdotados. Este recurso visa oportunizar a convivência entre os superdotados, orientados por um professor ou facilitador capacitado para catalisar todos os recursos materiais e humanos existente dentro e fora do espaço escolar, e sobre esta base atender cada criança de acordo com seus interesses e potencial.Modelo de Enriquecimento Curricular (SEM) – Trata-se de um plano apoiado em vários anos de investigação destinado a identificar altos níveis de potencial nas habilidades, interesses e estilos de aprendizagem dos alunos, além de estimulação de tais potencialidades. Compõem-se de três dimensões em interação: componentes organizacionais, de prestação de serviços e estruturas escolares. Centro de Desenvolvimento do Potencial e do Talento (CEDET). É um espaço de apoio, complementação e suplementação educacional ao aluno com altas habilidades, matriculado em escolas públicas ou particulares. Seu objetivo é desenvolver o autoconceito, cultivas a sensibilidades e o respeito aos outros, com ações voltadas para a identificação e recrutamento dos alunos, pela observação direta dos professores, reavaliação pelas equipes técnicas da escola e do CEDET, além de atendimento especializado.A atual LDB presumiu ações pedagógicas a educandos que evidenciam elevada capacidade de desempenho escolar. No Art. 59, da LDB, foram previstos currículos, métodos, recursos educativos e organizações específicas. Aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar;Professores especializados;Educação especial para o trabalho;Acesso igualitário aos programas sociais. Conclusão O conceito de altas habilidades evoluiu historicamente de uma concepção unidimensional, limitada a aptidões cognitivas e avaliação psicométrica para uma compreensão multidimensional. Embora a literatura especializada não se alicerce em um conceito uniforme existe um consenso quanto à sua ampliação. Os elevados níveis de cognição e desempenho em uma área ou mais de conhecimento constituem elementos comuns às várias concepções, como também o reconhecimento da importância de ações para o desenvolvimento do talento. Em síntese, talento não se desperdiça, estimula-se. Sendo metódica a certeza da incerteza não nega a solidez da possibilidade cognitiva. A certeza fundamental: a de que posso saber. Sei que sei. Assim como, sei que não sei o que me faz saber: primeiro, que posso saber melhor o que já sei; segundo, que posso saber o que ainda não sei; terceiro que posso produzir conhecimento ainda não existente. (FREIRE 1999, p.18). Concluindo, uma única fonte de informação jamais será suficiente. O desempenho superior pode estar mais relacionado a vida familiar, aos traços de personalidade e ao engajamento em atividades de seu interesse, do que simplesmente as habilidades cognitivas superiores. Estudos recentes estão mostrando que existe a possibilidade de alto potencial em alunos com dificuldade de aprendizagem (uma dificuldade especifica por um lado e o alto potencial por outro). As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na organização de suas classes comuns, de serviços de apoio pedagógico especializado em salas de recursos. É essencial que o aluno com altas habilidades/superdotação se desenvolva em seu próprio ritmo, aproveitando ao máximo suas potencialidades e competências, sem ser “subjugado” a um conteúdo curricular que já domina; que seja estimulado a construir novos conhecimentos, ao mesmo tempo em que conviva com parceiros da mesma faixa etária, no contexto regular da sala de aula. Obrigar o aluno a trabalhar conteúdos que não lhe constituem desafios de aprendizagem é mantê-lo desmotivado, aborrecido e livre para desenvolver padrões indesejáveis de relacionamento e de comportamento escolar.No dia a dia da escola em muitas situações se torna necessário ser flexível na utilização do espaço físico, na utilização de materiais e equipamentos, na organização e reorganização de grupos de trabalhos, na estruturação de planejamentos e em procedimentos e processos de avaliação. Os objetivos da ação pedagógica juntos aos alunos com altas habilidades/superdotação devem preparar para a autonomia e independência, desenvolver habilidades, estimular atividades de planejamento, implementar diferentes formas de pensamento e oferecer estratégias que estimulem o posicionamento crítico e avaliativo.