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Aspectos Práticos e Teóricos da

Educação Especial:
Altas Habilidades /Superdotação
Lúcia Soares
Graduada em Normal Superior /Pedagogia
Especialização em Docência do Ensino Superior /Psicopedagogia
Clinica e Institucional/Gestão em Rede Tecnologia Educacional
Pós-graduanda em Analise do Comportamental Aplicada ao Autismo
Professora Educação Infantil/ Ensino superior
Psicopedagoga em atendimento Home Care
Tenho muito interesse pelos processos aprendizagem.
Estou sempre disposta a aprender e amo o que faço.
“Para encontrar os alunos
superdotados é essencial
aprender a olhar além da
característica primeira que é o
desempenho avançado para a fase
acadêmica que o
aluno se encontra. Deve-se
aprender a expandir a visão
como professor. Para reconhecer
alunos superdotados é
necessário ao professor que o limite
de seu horizonte
comece onde a maioria dos
horizontes terminaria.”
(Maria Lúcia Prado Sabatella)
As altas habilidades (AH), também conhecida
como superdotação (SD), é caracterizada pelo alto desempenho
em uma ou mais áreas de conhecimento comparado(a) a
alunos(as) da mesma idade. As crianças apresentam
capacidade intelectual na vida acadêmica, criatividade, liderança,
talento para artes e psicomotoras.

Quando identificada a AH/SD, é necessária a adoção de estratégias


que contemplem o desenvolvimento dessas crianças e que
correspondam com a idade cognitiva superior e progressão rápida
em relação aos demais. Contudo, muitas vezes, a maturidade
emocional não acompanha esses progressos cognitivos.
As Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) caracteriza-se pela
elevada potencialidade de aptidões, talentos e habilidades,
evidenciada no alto desempenho nas diversas áreas das
atividades humanas incluindo as acadêmicas, demonstradas
desde a infância. Tais áreas incluem, entre outras, as áreas
intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes
(Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva [PNEEPEI], 2008; Lei nº 12.796, de 4 de abril
de 2013).
Uma das conceituações e teorias mais respeitadas é a do
psicólogo e pesquisador Joseph Renzulli (1994), que nos traz a
teoria dos três anéis em que os indivíduos precisam apresentar
habilidade acima da média, alta criatividade e alta motivação.
Entrelaçando esses fatores, pode-se considerar que um indivíduo
possui AH/SD
Entre as bases teóricas e concepções que fundamentam o conceito
e a implementação de programas de identificação e atendimento de
alunos AH/SD no Brasil, destaca-se Renzulli (1986, 2002) cuja
abordagem distingue dois tipos de superdotação:

A primeira, a qual se refere como superdotação do contexto


educacional, é apresentada por indivíduos que se saem bem na
escola, aprendem rapidamente, têm um nível de compreensão mais
elevado e, tradicionalmente, os que têm sido mais selecionados
para participar de programas especiais e atendimento ao
superdotado.

A segunda, que chama de criativa-produtiva, diz respeito àqueles


aspectos da atividade humana na qual se valoriza o
desenvolvimento de produtos originais e criativos.
Acadêmico Intelectual

Social

Criativo

Psicomotor
Talento especial
Intelectual
Este(a) aluno apresenta flexibilidade e fluência no
pensamento, assim como capacidade de desenvolver o
pensamento abstrato, com rapidez, além de elaborar o
pensamento crítico precocemente. É independente,
demonstra compreensão sobre diversos assuntos, boa
capacidade de memorizar, de resolver problemas e de
solucioná-los.

Psicomotor
Apresentam habilidades e desenvolvem atividades
psicomotoras, com desempenho acima do comum.
Agilidade, força, controle, coordenação e
resistência são algumas de suas características.
Acadêmico
Criativo
Possui capacidade de se Costuma ter pensamentos
manter atento e originais, é imaginativo e,
concentrado durante as durante a resolução de
atividades, além de problemas, adere soluções
conseguir aprender diferentes e inovadoras e é
rapidamente, pois tem boa
memória e demonstra
sensível a questões
entusiasmo e interesse ambientais.
durante o processo de Tem facilidade de
aprendizado nas matérias. autocompreensão e se
Além disso, possui sente desafiado quando há
capacidade de avaliar, desordem de fatos.
sintetizar e organizar seus
conhecimentos.
Social
Nesses casos, há forte
capacidade de liderança, de
demonstrar sensibilidade
interpessoal com atitude
Talento especial
cooperativa, é expressivo e
tem habilidade com diversas Se destaca nas áreas de
pessoas e grupos, apresenta artes plásticas, musicais
boa percepção das situações e dramáticas, literárias
vivenciadas, e resolve ou técnicas e
situações complexas com geralmente tem alto
facilidade. Além disso, é uma
desempenho nessas
pessoa com poder de
persuasão e de influência. atividades.
Indicadores de altas habilidades/superdotação

As crianças com altas habilidades/superdotação não


constituem um grupo homogêneo, variando tanto em
habilidades cognitivas quanto nível de desempenho e
personalidade. Tal conceito leva à análise de um
conceito moderno de inteligência, o modelo proposto
por Gardner é o mais aceito, ele defende que a
inteligência se divide da seguinte forma:
“Portadores de altas habilidades/superdotados são os
educandos que apresentam notável desempenho e
elevada potencialidade em qualquer dos seguintes
aspectos, isolados ou combinados: capacidade
intelectual superior, aptidão acadêmica específica
pensamento criativo ou produtivo, capacidade de
liderança talento especial para artes e capacidade
psicomotora.”
A superdotação como um fenômeno multidimensional agrega
todas as características de desenvolvimento do indivíduo sejam
eles: aspectos afetivos, cognitivos, neuropsicomotores e de
personalidade. É comum acreditar que para ser considerado
superdotado o indivíduo necessariamente tenha que apresentar
um desempenho surpreendentemente significativo e superior
desde muito jovem, ou dado contribuições originais na área
científica ou artística reconhecida como de inestimável valor
para a sociedade.
Características de
Personalidade

Perfeccionismo
Senso de humor
Intensidade
Alto grau de energia
Persistência Crítico de si mesmo e dos
Autoconsciência outros
Questionamento de
Sensível às injustiças
regras e autoridade
Independentes
Irritam-se com a rotina
Percepção acurada
Os alunos com AH/SD podem apresentar habilidades acima da
média, motivação nas tarefas e envolvimento acentuado, assim
como apresentam maior atenção naquilo que estão
desenvolvendo e boa capacidade de comunicação.
Por outro lado, pacientes com TDAH podem expressar habilidade
acima da média, inquietação nas pernas e braços ou se levantar da
cadeira com frequência. Contudo, são desatentos, falam de
maneira constante e possuem dificuldades com a autoimagem.
É comum que alunos(as) com AH/SD fiquem entediados quando já
conseguiram aprender ou desenvolveram habilidades,
demonstram comportamentos de inquietude e irritação, sendo
facilmente confundidos com TDAH.
Podem ser encontrados comportamentos semelhantes em crianças
com AH/SD e com autismo, confira abaixo:
Altas habilidades;
Dificuldade com mudanças na rotina;
Hiperfoco;
Alguns podem apresentar comportamentos motores desajeitados;
Dificuldade de socialização;
E dificuldade de comunicação.
O grupo é altamente diverso por surgir em todas as
classes sociais, em todas as etnias, em todas as áreas
de conhecimento e em qualquer idade. Cada
estudante possui formas preferidas de aprender e
estruturar seus conhecimentos, o que exige olhar
específico ao seu estilo de aprendizagem
Como é realizado o diagnóstico?
O diagnóstico de superdotação (altas habilidades) deve ser
realizado por um(a) médico(a) neurologista, e é necessário que a
criança tenha menos de 12 anos.

Através da solicitação de avaliação neuropsicológica, um(a)


psicólogo(a) ou um(a) neuropsicólogo(a) realizarão testes de
inteligência, criatividade, habilidades e talentos. Além disso, serão
levantados dados escolares e de convívio social com outras
crianças, com o apoio de escalas para mensurar comportamentos
de superdotação.
A elegibilidade desses estudantes para os serviços e
recursos da Educação Especial deve ser justificada,
preferencialmente, mediante avaliação pedagógica e se
necessário avaliação psicológica, neuropsicológica, ou
ainda, avaliação biopsicossocial (quando caso de Dupla
Excepcionalidade, em conformidade com a Lei Brasileira
de Inclusão da Pessoa com Deficiência, art. 2º), realizada,
de preferência, por equipe multiprofissional que
identifique as demandas educacionais específicas do
aluno em processo de avaliação.
A identificação dos estudantes superdotados é um ato
pedagógico nos sistemas de ensino. É realizada por equipe de
profissionais de forma inter e multidisciplinar.

Deve incluir diferentes profissionais (pedagogo, professor,


psicólogo, fonoaudiólogo, neuropsicólogo, neurologista,
neuropsiquiatra, psiquiatra, entre outros que forem necessários).
Instrumentos de identificação mais utilizados
Testes psicométricos; escalas de características; questionários; observação do
comportamento; entrevistas com a família e professores, entre outros.

Escalas e testes não fazem diagnósticos, entretanto são ferramentas


importantes e servem de rastreamento, pois fornecem dados objetivos úteis
para avaliação, intervenção e pesquisa.
Apesar de serem muito inteligentes nem sempre são
emocionalmente madura. Por essa razão, elas devem ter
uma orientação e apoio especial por parte dos pais e
professores para que suas habilidades não se volte contra
ela.
Se a criança não recebe os estímulos
e orientações adequadas em casa e
na escola, elas podem apresentar
efeito reversos:
1- Baixo rendimento escolar, por
falta de interesse nos conteúdos
ministrados pelas escolas
2- Decepção e frustração por não se
sentirem atendidos e
compreendidos;
3- Desinteresse nos estudos;
4- Comportamento inadequado.
Muitas vezes confundido com:
hiperativos que geralmente são
facilmente diagnósticados com
TDAH.
Aspectos Legais
As crianças com altas habilidades ou superdotação fazem
parte da educação inclusiva porque foram mencionados na
Declaração de Salamanca (Unesco, 1994), ratificando, assim o
direito à uma pedagogia centrada no aluno, num contexto de
renovação pedagógica, atento às diferenças individuais,
propício à construção da cidadania e da participação social de
todos (Virgolim, 2012)3.
Ordenamento Legal e Normativo
Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961: fixou as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Esta lei introduziu o título
“Educação dos Excepcionais”, trazido para a Educação Especial
brasileira pela psicóloga russa Helena Antipoff (1892-1974).
Lei Nº 5.692, de 11 de agosto de 1971: fixou as Diretrizes e Bases
para o ensino de 1° e 2º graus, e deu outras providências. O Art. 9º
nomeou os alunos da Educação Especial, incluindo entre eles,
superdotados.

Projeto Prioritário n.º 35, do Plano Setorial de Educação e


Cultura, referente ao período de 1972 a 1974: estabeleceu as
metas a serem alcançadas com a identificação e o atendimento
destes estudantes foram incluídas no que fixou a política de
ação do MEC para os superdotados.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: garante que
todos são iguais perante a Lei (Art. 5º), assim como “o dever do
Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: [...]
acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação
artística, segundo a capacidade de cada um” (Art. 208, V)
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990: que “dispõe sobre o Estatuto
da Criança e do Adolescente e dá outras providências”, garante em
seu Art. 54 - V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

Política Nacional de Educação Especial, de 1994, apresentou pela


primeira vez o conceito de altas habilidades ou superdotação. Logo
após a sua publicação, o Brasil se tornou signatário da Declaração
de Salamanca (Unesco, 1994) que incluía os alunos superdotados
entre o público a ser beneficiado pelas políticas públicas da
educação inclusiva.
Lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 199611: estabeleceu as diretrizes e bases da
educação nacional. Trata-se da Lei que consolidou os direitos dos estudantes
superdotados nos âmbitos da Educação Básica, Educação Superior e na Educação
Especial, como modalidade de educação escolar, garantindo, em seu Art. 59: I-
currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para
atender às suas necessidades; II: aceleração de estudos para concluir em menor
tempo os estudos; III: professores com especialização adequada em nível médio
ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino
regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV -
educação especial para o trabalho, para aqueles que apresentam uma habilidade
superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; e V - acesso igualitário
aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo
nível do ensino regular, para os alunos superdotados. Na Educação Superior foi
previsto que: “Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos,
demonstrado por meio de provas e outros instrumentos de avaliação específicos,
aplicados por banca examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos
seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino.” (Art. 47, § 2º).
Decreto nº 7.611, de 11 de novembro de 2011: dispõe sobre a
educação especial, o atendimento educacional especializado e dá
outras providências. Este Decreto consolidou a terminologia “altas
habilidades ou superdotação”, revogada do Decreto nº 6.571, de 17
de setembro de 2008 e garantiu que o atendimento educacional
especializado fosse oferecido de maneira suplementar à formação de
estudantes com altas habilidades ou superdotação.

Lei nº 12.796, de 04 de abril de 201313: altera a Lei nº 9.394, de 20


de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais
da educação e dar outras providências. Foi a Lei que introduziu a
terminologia “altas habilidades ou superdotação” na LDB.
Lei nº 13.234, em 29 de dezembro de 201514: altera a Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional, para dispor sobre a identificação, o
cadastramento e o atendimento, na Educação Básica e na
Educação Superior, de alunos com altas habilidades ou
superdotação”, atribuições já encontradas no Censo Escolar do
Inep.

Lei nº 14.191, de 3 de agosto de 202115: altera a


Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para
dispor sobre a modalidade de educação bilíngue
de surdos. Introduz a categoria surdos com altas
habilidades ou superdotação.
A princípio, o passo inicial consiste em
identificar que a criança é superdotada.
Escolas da rede pública, a responsabilidade é compartilhada entre
as equipes pedagógicas das escolas em parceria com as equipes
das Regionais / Coordenadorias Regionais de Ensino e sob a
coordenação técnica dos especialistas da área das altas
habilidades ou superdotação do Serviço Especializado de Ensino
do Estado, Distrito Federal ou Município.
No caso de sistemas privados de educação, devem ser
compartilhados por sua equipe pedagógica e especialistas.
Estudantes com altas habilidades ou superdotação devem ser
compreendidos em uma perspectiva multidirecional, que
envolve características únicas do desenvolvimento humano e
suas relações com o contexto familiar e social.
Essa condição envolve aspectos cognitivos, emocionais,
neuromotores, sensoriais e de personalidade evidenciados ao
longo do desenvolvimento humano e estão sujeitos às
influências do meio social, histórico e cultural em que o
indivíduo se situa, caracterizando necessidades muito
específicas à sua condição, aspectos estes que colaboram para a
especificidade das ações educacionais a serem desenvolvidas
como garantia de direitos e desenvolvimento pleno.
Desenvolver o talento potencial dos alunos de forma sistemática;
Oferecer um currículo diferenciado, no qual os interesses, estilos de
aprendizagem e habilidades sejam prioritariamente considerados;

Estimular um desempenho acadêmico de excelência por meio de


atividades enriquecedoras e significativas;
Promover o crescimento auto orientado, contínuo e reflexivo por
meio de atividades que estimulem a liderança e o pensamento
criativo;

Criar um ambiente de aprendizagem propício ao ensino de valores


éticos, que promovam o respeito à diversidade cultural, étnica ou
de gênero, o respeito mútuo e os princípios democráticos;
Implementar uma cultura colaborativa na escola, de
maneira que direção, corpo docente e discente,
outros membros da equipe escolar, família e
comunidade possam contribuir para a promoção de
oportunidades e tomada de decisão sobre as
atividades escolares, formando, assim, uma ampla
rede de apoio social no desenvolvimento dos
talentos;

Criar oportunidades e serviços que não são


comumente desenvolvidos a partir do currículo
regular da escola.
REFERÊNCIAS
Bergamin,AletéiaCristina.Práticas de enriquecimento
curricular para alunos com altas habilidades/superdotação em
classe comum./Aletéia Cristina Bergamin,2018.
Fleith. D. S. (Org.) (2007). A construção de práticas educacionais
para alunos com altas habilidades/superdotação – vol. 2. Brasília,
DF. MEC.
Interfaces da educação :discursões e análise /Maria Gessi-Leila
Medeiros,Lilina Fabiana Ribeiro Nascimento, Organizadores-
teresina :EDUFPI,2016.

https://www.facebook.com/neuroafetopalmas/photos/
a.123911883117384/360126049495965/?type=3
https://moodle.ifsul.edu.br/reitoria/pluginfile.php/13027/
mod_resource/content/1/AH_SD%20Acess%C3%ADvel.pdf

http://portal.mec.gov.br/index.php?
option=com_docman&view=download&alias=242301-diretriz-
altas-habilidades-ou-superdotacao-1&category_sl

https://minutosaudavel.com.br/superdotacao
Cuidar e assistir o superdotado é de certo
modo predestinar os rumos da sociedade
futura”.
Helena Antipof – 1971

Lúcia Soares
86-988274840
psicopedagogaluciasoares@gmail.com

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