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as últimas décadas, temos observado um interesse crescente pelo
fenômeno das altas habilidades/superdotação em diferentes países,
até mesmo no Brasil. Segundo Winner (1996), “nenhuma sociedade
pode se dar ao luxo de ignorar seus membros superdotados e todas
deveriam refletir seriamente acerca de como melhor nutrir e desenvolver talentos”
(WINNER, 1996, p. ix). Apesar do reconhecimento da importância de se cultivarem
as habilidades dos indivíduos com altas habilidades/superdotação,1 expresso no
aumento considerável dos investimentos na educação deste aluno, vários mitos sobre
estes indivíduos ainda prevalecem nos dias de hoje (ALENCAR; FLEITH, 2001;
RECH; FREITAS, 2006). Neste ensaio, abordaremos alguns deles.
1 O termo utilizado pelo Ministério da Educação (MEC) (BRASIL, 1995) para designar o aluno com alto
potencial é aluno com altas habilidades/superdotação. Por isto, neste texto, utilizaremos os termos super-
dotados ou com altas habilidades de forma intercambiável.
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Podemos acrescentar ao mito anterior a falsa noção de que uma criança su-
perdotada necessariamente se tornará um adulto eminente. E aqui vale ressaltar
uma vez mais a relevância das condições do ambiente que podem contribuir para
o desenvolvimento do talento da criança ou inibi-lo (WINNER, 1996), isto é, à
criança com talentos potenciais é necessário que se deem condições ambientais e
estímulos para que os mesmos sejam desenvolvidos ao máximo.
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Estereótipo do superdotado
Predomina ainda em nossa sociedade o estereótipo do indivíduo superdotado
como excêntrico, desajustado emocionalmente e isolado socialmente, além de ser
franzino e usar óculos de lentes grossas. Várias pesquisas assinalam que o indivíduo
com alto potencial tende a apresentar maior estabilidade emocional e ajustamento
social (ALENCAR; FLEITH, 2001). Isto não significa que ele seja “imune” a qual-
quer problema afetivo. É importante esclarecer, entretanto, que não é a superdota-
ção que “provocará” tais desajustes, mas a maneira como ocorre a interação entre
este indivíduo e o ambiente, ou seja, em que extensão a sua condição de vida está
em sintonia com as suas necessidades.
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Considerações finais
Uma melhor compreensão sobre o fenômeno das altas habilidades/superdo-
tação tem sido construída ao longo das últimas décadas, fruto de pesquisas, avalia-
ções de práticas, programas e serviços de atendimento ao superdotado, bem como
de uma maior comunicação entre educadores e especialistas de diferentes países.
Gradualmente, concepções equivocadas a respeito do superdotado passam a ser des-
cartadas, dando lugar a ideias mais bem embasadas teórica e empiricamente (veja
Quadro 2).
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