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Superdotação e

Altas Habilidades
Superdotação e Currículo Escolar: Potenciais Superiores
e seus Desafios da Perspectiva da Educação Inclusiva

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Esp. Viviane Regina de Oliveira Silva

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Superdotação e Currículo Escolar:
Potenciais Superiores e seus Desafios
da Perspectiva da Educação Inclusiva

• O Aluno Superdotado e o Contexto de Aprendizagem;


• Trabalho Pedagógico: Aprendizagem e Desenvolvimento
em Classes Regulares;
• Planejamento de Currículos para Alunos Superdotados;
• Programação do Ambiente de Aprendizagem.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Analisar situações de aprendizagem (relatos de prática) voltada às pessoas com superdota-
ção e altas habilidades;
• Interessar-se pela constante atualização e ampliação de conhecimentos aplicados às pes-
soas com superdotação e altas habilidades, focando em que os estudiosos estão propondo
para a melhor compreensão conceitual.
UNIDADE Superdotação e Currículo Escolar: Potenciais Superiores
e seus Desafios da Perspectiva da Educação Inclusiva

O Aluno Superdotado e o
Contexto de Aprendizagem
A superdotação é registrada em várias civilizações, indivíduos que possuem habi-
lidades diferentes do habitual e, por causa disso, tiveram destaque nas regiões e épo-
cas em que viveram, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade como todo
e, por esse motivo, foram, e ainda são, reconhecidos e lembrados até os dias atuais.

Quando essas crianças se destacavam diante das demais dentro das instituições de
ensino e as suas habilidades eram reconhecidas pelos docentes que as acompanha-
vam, elas eram encaminhadas para outras instituições com o intuito de receberem
uma educação diferente dos demais.

No final do século XIX, pesquisadores passaram a estudar a origem da superdo-


tação, o modo como essas pessoas se expressavam, para que pudessem identificar
e reconhecer as habilidades diferenciadas. Foi aí que houve a ligação da inteligência
com a superdotação e as habilidades diferenciadas. Nesse interim, surgiram vários
conceitos sobre a superdotação, conceitos esses que convergiram entre si, se coliga-
ram e se contradisseram formando diferentes conceitos sobre a superdotação e resul-
taram em uma grande dificuldade de compreensão sobre o conceito de superdotação
e as habilidades diferenciadas da sociedade como um todo.

Hoje em dia ela é vista como uma condição humana em que o indivíduo possui
uma atividade multidirecional, com aspectos únicos que envolvem a parte emotiva,
neuro motora e da personalidade, que influencia de certa maneira o meio onde vive.
Essas características são apresentadas de maneira diferente em cada uma das pes-
soas que são consideradas superdotadas, habilidades que podem se apresentar em
várias atividades ou de forma isolada.

Tais elementos, na maioria das vezes, traz dificuldades para os docentes em saber
como agir de forma correta com as pessoas que possuem esse diferencial. Para um
pesquisador de origem americana, Joseph Renzulli, que pesquisou sobre a superdo-
tação, o indivíduo superdotado possui um conceito multidimensional e características
que são divididas em dois tipos: a superdotação escolar ou acadêmica e a superdo-
tação criativo-produtiva.

A superdotação escolar ou acadêmica é a mais fácil de ser reconhecida, pois o


indivíduo se destaca pelas habilidades e comportamentos únicos diante do conteúdo
exposto e apresenta o melhor desempenho nos testes padronizados, nos quais é
mesurado a sua capacidade, em que o indivíduo é dirigido para estudar conteúdos
diferenciados. A superdotação escolar está voltada para um rápido aprendizado, à
curiosidade, concentração, ao ótimo rendimento escolar, interesse em algumas ativi-
dades específicas, nas quais apresenta prazer pela leitura entre outros fatores.

A superdotação criativo-produtiva está voltada para atividades mais práticas do


envolvimento humano. Os indivíduos com essas características possuem expressões

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artísticas que são originais, têm interesse em problemas que são desafiadores, são
criativos, têm um bom senso de humor, gostam de atrair a atenção das pessoas para
si mesmos, criam suas próprias soluções para os desafios que estão sendo estuda-
dos, onde expressam as suas habilidades.

Para Renzulli, se essas pessoas fossem apenas submetidas aos testes padroniza-
dos, não haveria como averiguar a sua superdotação. Para ele, seriam necessários
três componentes a serem estudados, sendo esses: a capacidade acima da média, a
criatividade e o desempenho do indivíduo na realização das tarefas. Um indivíduo
superdotado precisa possuir esses componentes, desenvolvê-los e aplicá-los, mesmo
que seja em proporção diferenciada.

Com essa visão, o indivíduo que possua a superdotação pode praticar atividades
direcionadas pelos docentes às suas habilidades, criando-se assim uma educação in-
clusiva. O Ministério da Educação desde 2006 já usa na sua política a conceituação
de Renzulli para atendimento à superdotação.

As características dos superdotados são normalmente apontadas pelos colegas de


sala de aula. Por serem pouco compreendidas pelos docentes, há a dificuldade em
lidar com a situação, criando conteúdos onde se possa incluí-los. Essa adversidade
gera preocupação no corpo docente por esses não saberem que metodologia criar
dentro da sala de aula, como organizar o conteúdo, se de maneira conjunta ou indi-
vidual. Essas questões necessitam ser esclarecidas para que o aluno superdotado seja
abarcado pelo conteúdo programático.

Algumas características que são observadas nesses alunos e que podem causar
conflitos nos âmbitos escolares são: por perceberem as informações de forma mais
rápidas, podem ficar impacientes com a lentidão dos demais; pela grande curiosi-
dade pelos assuntos, podem realizar perguntas ao docente que são consideradas
como desafiadoras; podem questionar a metodologia de ensino do docente ocasio-
nado pela sua atividade intelectual; por possuírem prazer pela leitura, podem ter
conhecimentos mais avançado do que os outros; por esses motivos, podem achar a
aula entediante; por serem críticos, podem ser intolerantes, tornando-se uma pessoa
deprimida; por serem criativos, questionam as informações que são conhecidas; por
sua grande sensibilidade, podem se sentir rejeitados pelos demais; por conta da in-
dependência, podem não aceitar as opiniões dos demais; por possuírem um grande
energia, podem não aceitar a inatividade, sendo chamados de hiperativos; por se
interessarem por vários assuntos, podem parecer ser pessoas desligadas; e por terem
um bom senso de humor, podem observar certas situações que considerem absurdas
e que não são entendidas pelos demais.

As instituições de ensino necessitam se adequar às necessidades de todos os alu-


nos, com todas as suas peculiaridades, para que possam criar uma metodologia de
ensino inclusiva, que possa atender também a esses alunos com superdotação. Para
que isso aconteça, é relevante que os docentes estejam preparados para atender a
esses alunos com as habilidades diferenciadas dos demais.

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Trabalho Pedagógico: Aprendizagem e


Desenvolvimento em Classes Regulares
Para Guenther (2006, p. 31), o indivíduo tem a capacidade de desenvolver o seu
potencial na íntegra, desde que seja identificado, estimulado, acompanhado e orien-
tado de maneira adequada. É essa a função dos educadores que têm o desafio e a
responsabilidade de atenderem às necessidades dos alunos como um todo, incluindo
aí os alunos que possuem habilidades superiores, os superdotados.
A etapa do processo pedagógico é iniciada com o conhecimento do aluno e das
suas características para o aprendizado, independente de planejamento educacional
diferenciado. Na realidade, esse projeto deveria ser aplicado em todos os alunos da
instituição de ensino. As atividades que têm por função mapear as individualidades
dos alunos podem ser realizadas de várias maneiras, por meio de atividades lúdicas,
conversas, dinâmicas de grupo, oficinas, entre outros.
A utilização da escala de característica e de estilo de aprendizagem é importante
para conhecer os grupos que serão trabalhados, conhecer seus interesses e habili-
dades, como também as atividades coletivas que têm como objetivo a apresentação
pessoal, os hobbies, as aptidões para que o grupo seja integrado pelos mesmos
interesses. As atividades podem estar voltadas à criatividade, quando também pode-
-se utilizar as atividades lúdicas, as quais permitem, ao mesmo tempo em que se
conhece o aluno, estabelecer fins educativos e de criatividade.
O Ministério da Educação publicou uma coletânea na qual os docentes apresen-
tam modelos que podem ajudar a fazer o mapeamento do grupo no qual trabalha-
rão, obra chamada de A construção de práticas educacionais para alunos com
altas habilidades/superdotação. Com esse mapeamento, fica mais prático atingir
os objetivos atendendo todas as necessidades ali existentes. Pelo lado pedagógico,
esse mapeamento deve ser dinâmico podendo sofrer alterações para que atenda à
prática educacional dos alunos com superdotação, o que exige a Política de Educa-
ção Especial do Ministério, a qual deve estar acessível a toda equipe.
Esse tipo de estratégia é utilizado para os alunos que precisam de alterações no currí-
culo, por já dominarem o conteúdo ou para aqueles que têm necessidades diferenciadas,
para que esse atenda ao perfil deles de acordo com a idade ou o ano escolar.
De acordo com o Ministério da Educação, no documento A educação especial
na perspectiva da inclusão escolar: altas habilidades/superdotação, o atendi-
mento ao aluno deve ser feito em várias etapas para atender aos interesses e ha-
bilidades dos que apresentem altas habilidades/superdotação, com os objetivos de:
aumentar a participação do aluno dentro de sala de aula com a integração do grupo
dentro da dinâmica escolar; aumentar as habilidades do aluno de modo que enrique-
ça o currículo atendendo às necessidades individuais de cada um; aumentar o acesso
do aluno à área tecnológica, pedagógica e bibliográfica na área que atenda aos seus
interesses; auxiliar nas pesquisas de desenvolvimento; estimular a criação de projetos
escolares nas mais diversas áreas.

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Tudo isso tem por objetivo adequar a grade curricular aos alunos que apresentem
altas habilidades ou superdotação, essa adequação não é considerada significante,
pois essas alterações podem ser realizadas pelos professores na fase do planejamen-
to e organização das atividades educacionais.
Pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) foram publicadas algumas ade-
quações que auxiliam a equipe pedagógica a realizar o planejamento para tornar o
trabalho mais flexível, atendendo às necessidades dos alunos que tenham altas habi-
lidades ou superdotação, com a introdução de atividades alternativas que busquem
atingir os objetivos definidos, aumentando o currículo com técnicas que inserem
atividades alternativas.
Há outras adequações que podem exigir mais do corpo docente, precisando se-
rem discutidas pela equipe para que os objetivos básicos sejam enriquecidos e intro-
duzidos conteúdos específicos, que complementem para o aprofundamento das dis-
ciplinas com o intuito de diminuir o tempo de permanência do aluno no ano escolar
ou série, para que sejam acelerados os conteúdos escolares.
Os próprios professores reconhecem a falha no sistema organizacional da insti-
tuição de ensino, onde os alunos matriculados que são superdotados ficam excluídos
do conteúdo que está sendo exposto por não conseguirem acompanhar a dinâmica
da sala de aula por terem altas habilidades e, consequentemente, já dominarem o
conteúdo estudado, gerando conflitos dentro de sala de aula com os demais alunos,
pois nessa situação os docentes ficam praticamente omissos.
Conforme Carvalho (2006), é imprescindível que as diferentes necessidades dos
alunos sejam atendidas, independente das causas, sejam por dificuldades no aprendi-
zado ou pelas altas habilidades, que por esse necessite que o aluno seja estimulado e
que as necessidades especiais só devem ser usadas nas práticas para que a barreira
do preconceito seja quebrada dentro do âmbito escolar e que tenha a participação
dos demais nas atividades propostas.
O conteúdo deve ser inclusivo, para que os alunos superdotados possam partici-
par do aprendizado, atendendo às necessidades e oferecendo assistência de forma
adequada, onde a instituição de ensino possa disponibilizar uma educação regular
para todos os alunos.

Planejamento de Currículos
para Alunos Superdotados
Os superdotados têm direito a uma educação diferenciada no Brasil há mais de
quatro décadas, porém, pouco se é feito por eles, com isso eles e o próprio país
perdem, pois deixam de ter um desenvolvimento adequado, que poderia ser bem
aproveitado se houvesse uma educação inclusiva, que atenda às suas necessidades.
Esse mecanismo de ensino também ajudaria no desenvolvimento econômico, social,
cultural e tecnológico do país.

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Contudo, para esses alunos desenvolverem essas habilidades, seria necessário


que fossem estimulados a partir de docentes habilitados, em vez de ficarem à própria
sorte. Caso esses não sejam membros de famílias que lhe ofereçam oportunidades
diferenciadas ou que encontrem docentes dedicados que trabalhem essas habilidades
específicas, é necessário que haja na educação mecanismos que supram as necessi-
dades deles.
A educação diferenciada dos superdotados abrange três pontos específicos, sendo
eles: as necessidades dos alunos, a justiça social e a política brasileira. Na questão das
necessidades especiais, é relevante ter igualdade no ensinamento dos alunos super-
dotados, como existe para outros alunos que apresentam vários tipos de necessida-
des; justiça social é a igualdade de acesso a todos os alunos de acordo com a legisla-
ção brasileira e em relação às políticas públicas, o que abrange também refletir sobre
desenvolvimento tecnológico que o país necessita alcançar em termos tecnológicos.
Os programas de atendimento aos alunos superdotados devem ser específicos
para abarcar as suas necessidades e trabalhar suas particularidades, trazendo os
pontos positivos que são relevantes para o aprendizado, formando assim a grade
curricular a ser desenvolvida; quando o currículo não atende a esses requisitos, torna-
-se ineficaz.
As características desses alunos levaram à necessidade de criar um ensino di-
ferenciado dos demais. Os educadores de todo o mundo estavam em debate para
buscar a melhor educação para os alunos que possuem altas habilidades, chegando
à conclusão de que no currículo devem ser incluídos problemas mais complexos e
aprofundados, deve-se trabalhar as habilidade de forma produtiva, explorar a busca
pelo conhecimento, a busca por fontes especializadas, incentivar a aprendizagem,
desenvolver o autoconhecimento e o conhecimento com o ambiente exterior.
A grade curricular dos alunos superdotados é diferenciada dos demais, pois deve
apresentar mais profundidade diante dos assuntos, para estimular as habilidades de
aprendizado, para atender às necessidades de um aprendizado específico, o qual será
utilizado no futuro.
O modelo integrado do currículo abrange três pontos relevantes: a dimensão do
conteúdo, a dimensão do produto e a dimensão dos temas e questões. Já o modelo
de atendimento de Annemarie Roeper foca na educação para vida, na autorreali-
zação e na interdependência, criando oportunidades de seguir o seu destino, ver o
aluno como um componente da sociedade, mostra que, por meio da educação, o
aluno pode se desenvolver e criar oportunidades em todas as áreas que desejar.
Virgolim (2016) traz os conceitos de Gallagher propõe como um modelo diferen-
ciado, em que aborda a aceleração, o enriquecimento e a novidade. Assim como
June Maker sugere a complexidade, a abstração e a transdisciplinaridade. E Tannen-
baum defende a aceleração no aprendizado dos conhecimentos laterais, enriqueci-
mento e altos níveis de pensamento.
Renzulli aponta que sejam realizadas modificações nos processos e produtos.
Kaplan (1993) aponta o relacionamento do aprendizado com o que possa ser pensa-
do, desenvolvendo os pensamentos, envolvendo o aluno em atividades.

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O currículo é composto por todo assunto que será ensinado, porém, o dos super-
dotados é diferente dos demais, pois é mais complexo para o desenvolvimento das
habilidades natas que serão relevantes a esse aluno no futuro. A aceleração é utilizada
para inserir no ensino conteúdo no qual o aluno é precoce, para garantir a eficácia.

A transdisciplinaridade trabalha com as disciplinas de forma simultânea, abor-


dando a visão do mundo real e se aprofundando nas áreas em que o aluno tem
maior interesse, com liberdade e responsabilidade. Para a escolha do conteúdo a ser
abordado, deve-se fazer algumas perguntas sobre o conteúdo: se ele é importante,
merecedor do tempo gasto para os estudos; é atraente para se ter uma melhor visão
do mundo; é interessante, neste caso, para o aluno superdotado; e, por fim, mas não
menos importante, se o professor escolhido é habilitado para abordar o tema.

O currículo deve oferecer a oportunidade de interação entre os conceitos e as


generalizações, expor as ideias que são conflitantes, aplicar o conhecimento, expor
as crenças, compreender as questões que não foram resolvidas na área escolhida,
apresentar contribuições e aplicar o conhecimento da disciplina em outras áreas.

O planejamento escolar aponta a forma que os docentes ensinam e incluem con-


teúdos que serão apresentados aos alunos através de perguntas e atividades a se-
rem desenvolvidas. Para Passow (1982), os processos curriculares devem apresentar
oportunidades para explorar o conhecimento, infinidade de possíveis respostas para
diversas questões ou problemas sem contestar as respostas já existentes – só no caso
que tenha evidência que mostre o contrário –, desenvolvimento das habilidades e
interpretação das questões e desenvolvimento do ponto de vista.

As modificações curriculares são referentes às atividades mentais para classificar


os pensamentos, usar os conhecimentos e avaliá-los. Para Bruner, a aprendizagem
seria a transformação, aquisição e avaliação dos conhecimentos. O pensamento era
apresentado pelo conceito, interpretação, aplicação e resolução dos conflitos.

Desses processos utilizados, o mais conhecido é a taxonomia, de Benjamin Bloom,


em 1972, que consiste em classificar a superdotação em um nível hierárquico, con-
siderando três níveis: de conhecimento, compreensão e de aplicação. Esses níveis
são considerados convergentes do pensamento. Há ainda três níveis seguintes, con-
siderados pensamentos críticos, divergentes para atividades de alunos superdotados.
Esses níveis são a análise, a qual se centraliza no processo de formação; a síntese,
onde as partes são unidas para formar um todo; e a avaliação, que é o processo de
julgamento das ideias.

Sternberg (2001) defende a teoria triárquica, a qual se baseia na ideia de que a inte-
ligência do superdotado é dividida em três: a capacidade de assimilar as informações;
a capacidade de se relacionar com as suas próprias experiências; e a capacidade de se
relacionar com ambiente exterior no qual está inserido. Esse autor também sugere que
existem três inteligências: a analítica, a criativa e a prática. Essas, por sua vez, analisam,
avaliam, comparam, criam, planejam, explicam, usam, aplicam e põem em prática.

A teoria triárquica é dividida em três: a capacidade de inteligência analítica, a


qual também é dividida em três componentes – a aquisição de conhecimento, de

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desempenho e de metacomponentes; a inteligência criativa, subdivida em habilida-


de com as novidades e habilidade de processar informações; e a terceira, que é a
inteligência prática, na qual o indivíduo se relaciona com o ambiente em que vive.
Dependendo em qual inteligência o indivíduo tenha maior habilidade, isso interferirá
na área em que ele poderá atuar como profissional.

O planejamento de aprendizado dos alunos superdotados deve ter conteúdo de


aceitação, independência e complexidade. É relevante que os materiais não sejam
trabalhados somente dentro de sala de aula, mas sim fora dela, em museus, univer-
sidades e bibliotecas, para que, assim, os alunos tenham maior acesso às fontes de
pesquisa, para que eles possam fazer a seleção das fontes dos materiais que foram
pesquisados, determinando quais são realmente de seu interesse.

O planejamento da grade curricular do aluno superdotado deve ser formado por


um conteúdo complexo, como já foi dito aqui. Contudo, os conhecimentos não de-
vem ser acumulados, mas sim trabalhados. Utilize conhecimentos existentes para
criar conhecimentos novos a partir do auxílio das pesquisas, as quais serão realizadas
em um ambiente em que o aluno tenha mobilidade para a realização dessas pesqui-
sas nas áreas de seu interesse, tendo em vista tal conteúdo complexo.

O conteúdo abordado pelos alunos deve ser planejamento para que se encaixe
na visão do mundo real, trazendo situações conflitantes que ocorram em seu dia a
dia, suas posições e soluções – aliás, sendo a desconexão entre o que estudavam e
a realidade onde estavam inseridos uma das reclamações realizadas pelos alunos a
respeito dos conteúdos curriculares.

Programação do Ambiente
de Aprendizagem
O ambiente deve ser planejado para que atenda às necessidades dos alunos su-
perdotados, tendo em vista a variedade desses. Isso deve ser feito sempre colocando
em prática o aspecto moral, ou seja, que o aluno está inserido em uma sociedade,
para que, assim, o aluno trabalhe os conteúdos das áreas usando suas habilidades,
não sendo necessário ter habilidades em todas as inteligências. O intuito é que ele
trabalhe tais habilidades de forma diversa, ampla, para que sejam desenvolvidas,
mesmo que a partir daquela na qual ele tem maior destaque, considerando, como
dito, seu lugar de cidadão. O conteúdo deve ser trabalhado desde o conhecimento
base do assunto a ser pesquisado até a sua aplicação nos problemas que ocorrem no
ambiente externo, fora das salas de aula. Para que, assim, por meio das atividades,
o aluno possa desenvolver o seu talento.

A moralidade é um conjunto de regras que estão inseridas na sociedade, para que


o indivíduo, a partir de suas ações e decisões, solucione os conflitos que porventura
possam ocorrer, baseado em seu ponto de vista e em conceitos que foram aprendi-
dos e desenvolvidos por ele. Assim, o sujeito faz o julgamento da situação para que

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sejam tomadas as decisões que ache corretas. Para que a moralidade aflore, é rele-
vante que seja estimulada em dois aspectos: cognitivos e socioafetivos.

Gardner (1994) aborda, em seu livro Cinco mentes para o futuro sobre as ha-
bilidades cognitivas, tópicos para que as pessoas possam ter habilidades para lidar
com as transformações do mundo por causa da globalização, da grande quantidade
de informações, do avanço da tecnologia e pela aproximação de civilizações que
possuem conceitos e características totalmente diferentes entre si.

As habilidades que o autor elenca podem ser: a mente disciplinada deve ter o
domínio de um pensamento que inclui matemática, ciências, entre outras, e uma ha-
bilidade profissional; a mente que sintetiza as ideias é aquela que coloca em interação
os conceitos de diferentes disciplinas e os passa para outras pessoas se integrarem
desses conteúdos; a mente criadora tem a capacidade de resolver problemas; a men-
te respeitosa aceita as diferenças existentes entre os seres humanos; e a mente ética
cumpre com a responsabilidade que o indivíduo tem como cidadão.

As três primeiras citadas são consideradas habilidades cognitivas e as duas últimas


abordam o desenvolvimento moral, o qual estimula o indivíduo a atuar com tolerân-
cia e respeito em relação aos demais seres humanos, para que esse atue de forma
ética, entendendo seu papel de cidadão e exercendo suas obrigações de pesquisador,
de líder, entre outros papéis para a construção de um mundo melhor.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leituras
Planejamento de ensino: estratégias estimulantes para o ensino do estudante com altas
habilidades ou superdotação
https://bit.ly/3n1TSXG
Proposta de enriquecimento curricular para professores do ensino regular: um caminho para
inclusão do aluno com altas habilidades/superdotação
https://bit.ly/3cGNeS3
Como trabalhar com alunos superdotados?
https://bit.ly/3cH9Qlb
Projeto escola viva
https://bit.ly/2S8qyAQ

Vídeos
Altas habilidades e Superdotação
https://youtu.be/54Am1fetioU
Altas habilidades e Superdotação – AH/SD – Estratégias para a Identificação
https://youtu.be/uWor7KZ3ej4
Como lidar com um aluno superdotado?
https://youtu.be/dAaBhb-OeRQ

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Referências
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trabalho e cidadania. 2. ed. Campinas: Papirus, 2000. (e-book)

BRUNER, J. S. Uma Nova Teoria de Aprendizagem. 2ª ed. Rio de Janeiro. Bloch.


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CARVALHO, R. E. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. 4. ed. Porto Alegre:
Mediação, 2006.

GARDNER, H. Estruturas da Mente: A teoria das Inteligências Múltiplas. Porto


Alegre: Artmed. 1994.

GUENTHER, Z. Desenvolver Capacidades e Talentos: Um conceito de Inclusão.


Petrópolis, RJ: Vozes. 2006.

KAPLAN, H. I., SADOCK, B. J. Compêndio de psiquiatria: ciências comporta-


mentais – psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

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STERNBERG, R. J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2001.

VIRGOLIM, A. M. R; KONKIEWITZ, E. C. (org.) Altas habilidades/superdotação,


inteligência e criatividade: uma visão multidisciplinar. Campinas, SP: Papirus, 2016.

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