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GRUPO 1

PROBLEMATIZAÇÃO: ENSINO QUE FOMENTA O


“APRENDER A APRENDER”

A PROBLEMATIZAÇÃO FAZ CONTRAPONTO À IDEIA DE QUE ESTUDANTES SILENCIOSOS E


CADERNOS CHEIOS DE ANOTAÇÕES SÃO SINÔNIMOS DE APRENDIZAGEM. ASSIM COMO A
APRENDIZAGEM COLABORATIVA, A PROBLEMATIZAÇÃO É UMA METODOLOGIA QUE SE
DESENVOLVE PELA PARTICIPAÇÃO EM TORNO DE SITUAÇÕES -PROBLEMA E QUE EXIGE O
EXERCÍCIO DA PRESENÇA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DURANTE A MEDIAÇÃO. ELA ASSUME UM
PAPEL DE DESTAQUE NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ESCOLAR, UMA VEZ QUE É UM MEIO
DE PROVOCAR A PARTICIPAÇÃO, A CRITICIDADE, A CURIOSIDADE E A SUPERAÇÃO DO
CONHECIMENTO SIMPLESMENTE TRANSFERIDO.

Professores comprometidos com a educação desejam que seus estudantes sejam


interessados, participativos e críticos. Afinal, nenhum professor gosta de dar aula para uma turma
apática, que não traz questionamentos e não demonstra entusiasmo para aprender. Se dentre os
objetivos a serem alcançados pela educação escolar está propiciar acesso ao saber acumulado
socialmente e o aprimoramento humano nos aspectos ético, do desenvolvimento da autonomia
intelectual e do pensamento crítico, como mobilizar os alunos e tornar o conhecimento objeto de
desejo?
Os jovens do ensino médio são movidos pela necessidade de se singularizarem. Nesse
movimento, as relações que estabelecem com os saberes apoiam a construção de suas identidades.
O jovem se afirma pela experimentação e descoberta do que é e do que quer ser. Essa capacidade
de estar aberto e disponível para experimentar e aprender pode sempre ser explorada como base
para a construção de uma relação significativa com os saberes escolares. Para isso, é fundamental
que os professores tenham altas expectativas com relação às aprendizagens de seus estudantes
(tendo em vista que uma das características da presença pedagógica é a crença no potencial dos
jovens) e sejam incansáveis provocadores de curiosidade.

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A problematização imprime às práticas pedagógicas a importância de considerar o
aprendizado como um processo incessante, inquieto, curioso e, sobretudo, permanente por saber.
A professora de Biologia Renata Mello faz uma importante reflexão sobre a importância da
problematização para o desenvolvimento da autonomia intelectual dos alunos: “A problematização
é essencial a essa proposta de educação integral, pois cria condições para que o jovem possa
‘aprender a aprender’. O jovem aprende que o conhecimento é uma busca e não um ponto de
chegada. E essa postura é um exercício de protagonismo”. A estudante Karina Madruga completa:
“Não é nem por nota. É ter vontade de resolver as tarefas, entender realmente o conteúdo, não só
decorar e fazer o teste. É começar a entender as coisas mesmo”.
Aulas pautadas pela problematização exigem que o planejamento do professor seja muito
bem estruturado, pois esse é um processo dialógico desafiante e que envolve a utilização de
recursos variados, que tenham como objetivo ampliar as fronteiras de determinado conhecimento,
a partir de pontos de vista diversos. “O planejamento da aula requer preparo, mas vai além: o seu
objetivo é o aprendizado do aluno. Posso entrar na sala de aula e falar: Hoje eu vou dar as Leis de
Newton. Ensino as três Leis e pronto, dei o conteúdo. Mas eu tenho que ter um objetivo naquela
aula: Quero que meus alunos aprendam as Leis de Newton. E esse objetivo está sempre na minha
cabeça. Eu conduzo a problematização para chegar ao meu objetivo. Faço perguntas para trazer do
aluno as ideias que ele tem sobre alguns conceitos. Depois, trabalho com um texto, ou um vídeo,
ou um simulador no computador, ou um experimento. Trabalhei as Leis de Newton com um texto,
por exemplo, mas era um texto que falava sobre como foi a evolução do pensamento, tinha uma
contextualização histórica. Muitas vezes, em Física, o aluno pensa como Aristóteles pensava, e isso
é interessante de ele reconhecer. Não é um pensamento errado, é natural. Eu problematizo antes,
durante e depois do texto, vou perguntando e os alunos argumentam e vão aprendendo”, conta a
professora de Física Cláudia Sozinho.

AULAS ESTRUTURADAS BASEIAM-SE EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS – OU PROJETOS –


DESENHADAS DE MODO A EXISTIREM DESAFIOS CRESCENTES AOS ESTUDANTES,
INCLUINDO MOMENTOS DE AVALIAÇÃO E DE APROPRIAÇÃO DOS RESULTADOS AO
LONGO DELES. TAMBÉM É INTERESSANTE QUE HAJA MOMENTOS DE CULMINÂNCIA,
QUANDO AS PRODUÇÕES DOS ALUNOS SÃO COMPARTILHADAS COM A COMUNIDADE
ESCOLAR E ATÉ MESMO COM A COMUNIDADE EXTERNA À ESCOLA. ESSE PROCESSO
EDUCATIVO ESTRUTURANTE PERMITE QUE O PROFESSOR POSSA PLANEJAR SUAS AÇÕES
E ANTEVER OS MOMENTOS ESTRATÉGICOS PARA COLHER EVIDÊNCIAS SOBRE O NÍVEL DE
CONHECIMENTO DOS JOVENS E DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS.

NESTA PROPOSTA, AS OPAS (ORIENTAÇÕES PARA OS PLANOS DE AULA) APRESENTAM


MODELOS DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS QUE ESTRUTURAM O TRABALHO INTEGRADO DAS
ÁREAS DE CONHECIMENTO E DOS PROJETOS DO NÚCLEO ARTICULADOR. MESMO TENDO
EM VISTA O PLANEJAMENTO ESTRUTURADO, É PRECISO RESSALTAR QUE QUALQUER
INTERAÇÃO PEDAGÓGICA GANHARÁ NÍVEIS DE PERSONALIZAÇÃO DE ACORDO COM A
PARTICIPAÇÃO DA TURMA.

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GRUPO 2

OS CONHECIMENTOS PRÉVIOS E OS SABERES ESCOLARES

A o longo da história, uma infinidade de saberes, fruto das realizações humanas em áreas
diversas, vem sendo acumulada. Parte desses saberes é eleita e transposta didaticamente
com a finalidade de ser ensinada na escola, com vistas a promover o acesso e a apropriação dos
estudantes a um conjunto de conhecimentos que, dependendo de como são articulados e
desenvolvidos, podem proporcionar uma formação mais ou menos crítica, mais ou menos
emancipatória.
Um dos desafios é justamente fazer com que o conhecimento escolar ganhe tratamento
contextualizado, em que questões históricas, multiculturais, éticas e políticas possam ser
problematizadas, e em que diferentes discursos estejam disponíveis para discussão e análise. A
contribuição da problematização para as ações educativas é justamente considerar o conhecimento
como algo vivo, construído pela e na interação dos estudantes.
O conhecimento prévio é o ponto de partida dessa interação estudante-conhecimento. As
diferentes bagagens culturais que os jovens trazem para a escola são fruto de suas experiências e
aprendizados e precisam ser consideradas sempre pelos professores em sua mediação.
Normalmente, se atribui o trabalho com o conhecimento prévio como uma etapa importante
para ouvir os estudantes e garantir algum grau de participação e engajamento. Mas trabalhar com
o conhecimento prévio dos estudantes vai muito além de um “truque” pedagógico para chamar a
sua atenção: é por meio do compartilhamento dos conhecimentos da turma que o professor
apreende os conhecimentos já construídos, para possibilitar aos jovens o exercício de
autoaprimoramento contínuo como seres conhecedores, investigadores.
Ao longo de uma sequência didática, o professor checa o que foi apreendido no processo e
o quanto o saber anterior foi impactado, seja para modificá-lo, seja para fortalecê-lo. Em uma
turma, existem diferentes níveis de conhecimento: um aluno pode ter um conhecimento prévio
bastante qualificado, enquanto outro pode ter maior repertório, e é essa diversidade que qualifica
a problematização.

MEDIAR ENVOLVE TORNAR EXPLÍCITOS OS CONHECIMENTOS PRÉVIOS DOS ESTUDANTES,


VALORIZAR E DESPERTAR INTERESSES, PROVOCAR A COMPREENSÃO E A
PROBLEMATIZAÇÃO DOS NOVOS CONHECIMENTOS E SUAS POSSÍVEIS APLICAÇÕES EM
DIVERSOS CONTEXTOS, E BUSCAR O ENGAJAMENTO CRÍTICO CONSTANTE DOS ALUNOS
DURANTE OS MOMENTOS DA AULA OU DA PRÁTICA DOS PROJETOS.
Portanto, trabalhar com os conhecimentos prévios dos jovens não é um exercício
maniqueísta de levá-los a migrarem de concepções “erradas” para as “certas”. A problematização,
como metodologia de ensino, compreende a concepção de aprendizado permanente, considera e
questiona as posições assumidas pelos alunos, fazendo-os refletir sobre as explicações
contraditórias e as possíveis limitações de seus conhecimentos prévios quando confrontados com
novos conhecimentos.
GRUPO 3

A IMPORTÂNCIA DAS PERGUNTAS

A partir de um bom problema inicial – ou de um conjunto de boas perguntas – é possível


mobilizar os jovens a quererem saber mais. Quando os estudantes assumem para si a
tarefa a ser respondida ou a situação a ser compreendida, colocam em ação suas forças e saberes.
É perguntando que se aprende e se ensina. Boas perguntas fazem pensar, exigem articulação de
saberes, pesquisa, investigação. É por meio de boas perguntas que o estudante pode perceber de
modo crítico o distanciamento de seus conhecimentos prévios com relação a uma situação
proposta, bem como reconhecer a necessidade de novos conhecimentos com os quais possa
compreender uma situação mais adequadamente.

Além das perguntas, é importante o professor selecionar e trabalhar com textos variados para
qualificar a problematização, como um artigo de jornal, uma reportagem em vídeo, uma
música, uma imagem etc. A multiplicidade de vozes e recursos amplia os horizontes da
problematização.

No entanto, apesar de já ter sido apontada como uma competência fundamental do


professor, fazer boas perguntas não é algo simples. “Na problematização, você começa a mobilizar
questionando, fazendo perguntas. Em cima das respostas, você vai criando um caminho. É um
exercício muito grande para o professor, porque envolve uma turma. Você joga a questão: um fala,
o outro fala, e você começa a fazer o link dessas respostas, para eles pensarem juntos. Eu tenho que
ter até cuidado, porque eles começam a se empolgar, a falar e falar, a aula vai passando e a gestão
de tempo é necessária para cada situação”, diz a professora Cláudia Sozinho. Quanto mais o
professor pratica a problematização, melhor perguntador se torna.
Boas perguntas, para serem desafiantes e mobilizadoras, precisam ser planejadas a partir do
reconhecimento do que os alunos já sabem e do que ainda precisam saber. Sem uma boa
mobilização inicial, é como se o jovem não entrasse na aula com boas condições para aprender, e
as etapas seguintes de aprendizagem podem simplesmente não fazer sentido para quem, de fato,
não se engajou com a situação a ser realizada ou estudada.
A etapa inicial e essencial para a construção da competência de resolução de problemas é
reconhecer a situação como uma questão que merece ser resolvida ou realizada, e tomá-la para si
com a determinação de querer buscar entendê-la e se posicionar frente a ela. Por isso, na escola, a
proposição de boas perguntas, de boas situações-problema, é que permite ao jovem conquistar o
primeiro e fundamental passo dessa macrocompetência.

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GRUPO 4
A MEDIAÇÃO
PROBLEMATIZADORA

N a problematização, o professor não é um “explicador”. Como mediador, que não descuida de


sua presença pedagógica, ele propõe bons desafios, lança boas perguntas, confronta
opiniões, ouve e dá a palavra, organizando a discussão e atividades para que o foco e o
aprofundamento dos conteúdos sejam resguardados. Sobre essa característica mediadora, o
professor de Educação Física Mauro Storani reflete: “Quando o professor passa a entender que o
papel é de mediação do conhecimento, ou seja, que ele não é o dono daquele conhecimento e que
a sua função não é simplesmente transmiti-lo, mas ter a preocupação de que aquele saber faça
sentido para o aluno, isso é um ganho para a Educação de uma forma geral. Quando o aluno começa
a perceber que algo faz sentido para ele, dentro daquilo que está sendo proposto, ele passa a
encarar tudo de uma forma diferenciada”.
O professor mediador acolhe de forma equânime todas as perguntas e respostas dos
estudantes. Cabe ao educador garantir um clima receptivo, que permita que os jovens se sintam
confiantes em participar. “Não vale dizer para o aluno que a resposta dele está equivocada. Também
é preciso saber quando responder determinada pergunta dos alunos, pois as respostas podem exigir
que eles tenham conhecimento de algum conteúdo ainda não trabalhado na disciplina. Aí, é preciso
pedir com jeitinho para que cada um espere, anote a pergunta e a guarde para mais tarde. Muitas
vezes, é preciso ajudar o aluno a lidar com esta frustação”, diz a professora Cláudia Sozinho.
E para isso, claro, os estudantes precisam ganhar centralidade na sala de aula, por meio de
espaços para falar e expor seus conhecimentos, sem julgamentos de quem “sabe mais” (ou “sabe
certo”) ou quem “sabe menos” (ou “sabe errado”). A professora de Língua Portuguesa Ednês
Martins relata que também é preciso engajar os estudantes para essa participação ativa e
qualificada. “Busco desconstruir nos alunos a ideia de que eles têm que me agradar com as
respostas. No primeiro bimestre, é muito notório isso, eles costumam responder para me agradar:
‘É isso que ela quer ouvir’. Então, eu mostro que não é isso, continuo fazendo perguntas e não
aceitando respostas evasivas. ‘Você acha isso legal por quê? Explique!’ Os estudantes são levados a
argumentar, a pensar mais sobre aquilo, a refinar seus pensamentos”.
O BOM ALUNO

O mito do bom aluno sempre está à espreita, rondando as salas de aula e exigindo a atenção constante do professor
para não se deixar levar por ele.
Nesse imaginário, está o aluno que é altamente motivado, sabe participar, não atrapalha a aula, aprende (ou
reproduz?) o conteúdo apresentado pelo professor por meio da escuta, faz anotações, vai bem nos exames de
verificação etc. É preciso refletir: O que esse modelo de bom aluno indica? Existe, realmente, um modelo do bom
estudante?
A sala de aula, como microcosmo social, é formada pela diversidade que se revela em diferentes modos de ser,
conviver, pensar e aprender. A participação pela problematização incentiva a curiosidade, estimula o pensamento
crítico e a capacidade de resolução de problemas, permitindo que todos os jovens possam se posicionar, dialogar,
construir e reconstruir conhecimentos. Uma aula que incentiva a participação permite que cada um possa se construir,
como pessoa e estudante, em constante desenvolvimento e autodescoberta, e possibilita que a mediação conceba o
erro como parte da construção do conhecimento.
ATIVIDADES DESAFIANTES GRUPO 5
PARA APRENDER A
RESOLVER PROBLEMAS

A s perguntas são a base da problematização. É por meio delas que a relação dialógica entre
professores e estudantes ganha a cadência de aprendizagem. As perguntas, quando
inseridas em contextos de atividades desafiantes, ampliam o alcance da problematização e
desenvolvem a capacidade de resolução de problemas.
E a capacidade de resolução de problemas é uma das metas desta proposta de educação
integral. Consideramos, inclusive, que ela deve ser meta de todos que ensinam na escola básica,
pois é uma competência que compreende o engajamento do aluno para entender e resolver
situações nas quais a resposta ou a forma de obtê-la não são imediatamente óbvias. “É muito legal
o colégio desafiar o jovem, porque ele se sente capaz de fazer coisas que às vezes ele nem tinha
ideia que poderia”, diz a aluna Karina Madruga.
Atividades desafiantes se organizam em torno de uma situação que faça sentido para o
aluno, que permita a ele formular hipóteses, mobilizar seus conhecimentos ou identificar falta de
saberes que passam a ser importantes de serem aprendidos para responder à situação proposta.

A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS INCLUI TANTO A CAPACIDADE DE IDENTIFICAR E SE


ENVOLVER COM A SITUAÇÃO, COMO O DESEJO DE ENFRENTÁ-LA, A FORÇA PARA VENCER
O DESAFIO, O ESTABELECIMENTO DE ESTRATÉGIAS PARA ACHAR CAMINHOS DE
SOLUÇÃO E O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA RESPOSTA OU PRODUÇÃO SOLICITADA.

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A seguir, alguns exemplos de como a problematização acontece nas
diversas Áreas de Conhecimento:

CIÊNCIAS DA NATUREZA
Numa aula de Química, imaginem que os alunos sejam desafiados pela seguinte situação:
Observem seus sapatos do tipo tênis. Do que eles são feitos? Quais materiais foram
usados em sua fabricação? Todos os materiais têm a mesma dureza ou resistência? Por
quê?
É assim que se inicia a investigação sobre polímeros naturais (como a borracha), e sintéticos
(como o poliéster, o nylon e o silicone, entre outros) para, em seguida, mobilizar os jovens a
que entendam as reações químicas que dão origem a diferentes polímeros, com diferentes
características. Nesse caso, a problematização inicial mobiliza os alunos a novas aprendizagens
específicas, para em seguida, com novo questionamento, fazê-los refletir sobre a poluição
gerada na obtenção desses materiais. Finalmente, o conhecimento do processo de obtenção
dos polímeros permite aos alunos entenderem os processos necessários para a sua reciclagem.
LINGUAGENS
Nas atividades dedicadas à Língua Portuguesa do 1º ano, 1º bimestre, os estudantes realizam
a leitura de textos significativos para a formação do leitor literário e que permitem
problematizar as características básicas dos gêneros literários: Hamlet, de Shakespeare (em
versão atualizada para jovens leitores), Do coração de Telmah (romance juvenil escrito em
tweets) e poemas da Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo. Das experiências efetivas
das leituras desses textos de diferentes temporalidades, gêneros e estilos, processualmente
mediadas, é que resulta a construção das noções de lírica, épica e drama. Para isso, há a
proposição de questões que, discutidas colaborativamente, possibilitam a análise e a
comparação de aspectos dos textos. Além disso, há a problematização de como esses
conhecimentos dos gêneros podem favorecer outras leituras, com operações de
generalização e recontextualização dos conhecimentos construídos, propiciando a
autonomia dos estudantes em novos desafios de leituras literárias. Já nas atividades
dedicadas às Artes, as turmas do 3º ano, 2º bimestre, tiveram a oportunidade de discutir e
problematizar os “encontros e desencontros” no processo de formação étnico-cultural do
nosso povo, com reflexões sobre as matrizes brasileiras. Nesse contexto, refletiram sobre si
mesmos e sobre valores que se fazem presentes na formação da população do país, a partir
da identificação e desnaturalização de atitudes cotidianas que implicam práticas
discriminatórias, preconceituosas e de dificuldade explícita de convivência com a diferença.
Foram utilizados recursos que favoreciam a investigação e a discussão sobre a temática, tais
como o vídeodocumentário O povo brasileiro, de Darcy Ribeiro, textos de uma pesquisadora
do tema do preconceito social, programas de TV e propagandas, e foram criadas situações-
problema por meio de perguntas. Em seguida, os alunos produziram um ensaio fotográfico
cujo propósito foi evocar a situação de discriminação do negro na sociedade sob o ponto de
vista, a experiência e os conhecimentos de cada time de alunos. Por fim, a discussão sobre os
trabalhos artísticos criados foi uma oportunidade de sistematização e apropriação dos
conhecimentos pelos jovens.
MATEMÁTICA
A problematização é a essência do processo de ensinar e aprender matemática. Por princípio,
toda aula deve ser problematizadora e provocar nos alunos a mobilização de conhecimentos
novos. Assim, numa aula de Matemática, os alunos podem ser desafiados a investigar em qual
condição um triângulo pode ser construído, como convencer um amigo de que o teorema de
Pitágoras vale para qualquer triângulo retângulo e mesmo desenvolver uma explicação que
justifique um quebra-cabeças numérico ou algébrico. Há ainda a proposta de que resolver um
problema sem nenhuma relação com os conteúdos tradicionais da Matemática do ensino médio,
problemas que não envolvam uso de fórmulas, que desafiem os alunos a planejarem uma
solução original, que podem levar mais de uma aula para serem solucionados e, frequentemente,
ter mais do que uma solução possível e até mesmo não ter solução nenhuma. Há ainda a
possibilidade da problematização aparecer na forma de um jogo – como, por exemplo, na
proposta realizada na OPA de 1º ano, com o jogo Tira de Propriedades de Funções, no qual os
alunos deveriam resolver desafios de associar funções com suas diversas propriedades.
CIÊNCIAS HUMANAS
Já nas atividades de Filosofia da OPA do 4º bimestre do 2º ano, a aula se inicia com a
veiculação da música de Raul Seixas – “Metamorfose ambulante”. Ao término, o
professor propõe algumas perguntas e deixa que os próprios alunos respondam. Por
exemplo: O que a música tem a ver com razão? O que é razão? Por que dizemos que
somos seres racionais? Nossa época (a contemporaneidade) é regida pela razão? O
professor é orientado a não responder às perguntas, mas deixar que os alunos
reflitam, a fim de estimular sua curiosidade. As respostas iniciais devem ser
anotadas no caderno e serão retomadas, para que todos consigam elucidar as
questões. O objetivo é demonstrar que a verdade não é absoluta e que, ao
responder uma pergunta, a resposta “correta” depende da perspectiva, do tipo de
abordagem e da referência. De fato, em Filosofia, problematizar é convidar o aluno a
realizar a investigação científica, a viajar por outros mundos; é despertar a
curiosidade e estimular a compreensão de que não estamos prontos e de que o
conhecimento está sempre em construção.

Outro ponto importante é modular o nível de dificuldade das atividades. Elas podem ser
propostas como um desafio a ser apropriado e resolvido pelos estudantes, segundo suas
capacidades e conhecimentos. Eles devem ter em vista que possuem condições de investir e
responder ao que foi proposto. Dessa forma, a situação-problema, ainda que inicialmente proposta
pelo professor, torna-se “questão dos alunos”, mesmo que eles não disponham, de início, dos meios
para alcançar a solução buscada. Pode haver um ou mais desafios a se transpor para se chegar à
solução.
Nas atividades desafiantes, problemas complexos são resolvidos de modo colaborativo, e o
processo de busca de resposta também é compartilhado. A validação do processo resulta da
vivência da atividade desafiante pela turma, sob a mediação do professor. O reexame coletivo do
caminho percorrido é a ocasião para um retorno reflexivo, de caráter metacognitivo. Isso auxilia os
estudantes a se conscientizarem das estratégias e formulações que utilizaram, de maneira a
ganharem um repertório intelectual que possa ser transposto a novas situações-problema.
É a necessidade de resolver problemas que leva o aluno a elaborar a construção de uma
solução. O trabalho com a situação-problema funciona, assim, como um debate científico dentro da
classe, dando espaço a conflitos e à sua resolução, envolvendo os aspectos cognitivos da resolução
de problemas e também outros aspectos socioemocionais, tais como a confiança no próprio
potencial, a persistência para atingir objetivos, a colaboração para trabalhar junto, a capacidade de
se comunicar e de ouvir diferentes opiniões etc.
A estudante Lais Souza percebe o impacto do trabalho com a problematização em si mesma
e em seus colegas: “A gente para de agir como uma pessoa que está sendo comandada por outras,
como se fosse uma marionete, e passa a tecer nossas próprias opiniões sobre um assunto,
desenvolvendo um pensamento mais crítico.”

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