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Laura

Euclides da Cunha foi um dos maiores escritores pré-modernistas brasileiros, viveu em


fazendas na Bahia e no Rio de Janeiro e aos 19 anos, ingressou na Escola Militar da Praia
Vermelha, mas foi expulso após ofender o Ministro de Guerra do Império.

Tornou-se bacharel em Matemática e Ciência Físicas e Naturais, além de realizar cursos de


artilharia e engenharia militar, era leal ao presidente Floriano porem foi contra os princípios
discriminatórios empregados por este. Em 1909 morre de maneira trágica depois de tentar
assassinar o amante de sua esposa e acabar sendo morto pelo mesmo com um tiro no peito.

Em vida escreveu diversas obras, se destacando “Os sertões” , publicada em 1902 e dividida
em três partes (A terra, O homem e A luta) a qual retrata, mesclando Literatura, Sociologia,
Geologia, Filosofia, Antropologia e História, a famosa Guerra de Canudos, ocorrida entre 1896
à 1987, durante o período republicano, no interior da Bahia. O combate, liderado por Antônio
Conselheiro, recebeu esse nome por ser localizado no arraial de canudos e resulta da visão de
que os sertanejos criariam uma comunidade que ameaçasse o governo vigente.

Bianca

Segundo o sociólogo Florestan Fernandes, a publicação do livro Os sertões constituiu um


divisor de águas no processo de formação das ciências sociais no país. Isso ocorreu em razão
de ser ele "o primeiro ensaio de descrição sociográfica e de interpretação histórico geográfica
do meio físico, dos tipos humanos e das condições de existência no Brasil.

A Guerra de Canudos é tida como um dos principais conflitos que marcam o período entre a
queda da monarquia e a instalação do regime republicano no Brasil. Com o abandono da
mulher, Antônio começou a vaguear pelo sertão nordestino nessas andanças, começou a
construir igrejas, cemitérios e teve sua figura marcada pela barba grisalha, a bata azul,
sandálias de couro e a mão apoiada em um bordão.

A terceira parte da obra, “A Luta” determina o conflito principal e suas vertentes, se


compondo de quatro expedições nas quais é possível analisar, na sua maioria, a despreparação
dos exércitos republicanos. Assim, é possível enxergar um cenário de embate de lados opostos
e também a miséria, a fome e violência dos embates e, além disso, como ambos os lados
foram altamente influenciados pelo meio e momento em que viviam e por sua natureza.

Giovanna

O autor relata detalhadamente, desde a ida de Antonio Conselheiro em busca das madeiras
em Juazeiro, à destruição de Canudos, denunciando o massacre absurdo, ocorrido com base
no medo de que a influência de Antonio Conselheiro colocasse em risco o poder dos mais
fortes.

Segundo o narrador, o conflito surge em 1896, quando Conselheiro compra madeira em


Juazeiro para fazer uma igreja, mas o material não é entregue. O beato teria ameaçado invadir
o povoado para tirar a madeira à força. Os boatos sobre a promessa de invasão fazem com que
a Justiça do local peça ajuda governamental
Essa parte do livro começa detalhando a viagem em busca da matéria prima e a urgência com
que os líderes do governo se viam de pacificar essa região do sertão, levando à primeira das
expedições, com apenas cem soldados que atacou uma pequena procissão composta por
mulheres, crianças e idosos, que pediam pela paz, e promoviam o contra-ataque de soldados
juazeiros, dizimando alguns dos militares republicanos com facilidade, já que estes, mesmo
armados, não tinham conhecimento algum da região.

Luisa

Por “questão de honra”, o governo enviou a segunda expedição, com 600 homens de todo
Brasil. Entretanto, a confusão foi estabelecida, pois o comandante do distrito militar e o
governador da Bahia, Luís Viana, discordavam em suas ordens. Desta forma, com algumas
metralhadoras e canhões, a tropa se dirigiu despreparadamente à Canudos, já que o clima, a
fome e a falta de transporte, deixaram os soldados sem chances contra o grupo sertanejo.

Em consequência disso, houve uma terceira expedição, com 1300 homens, sob o comando de
um coronel florianista conhecido como “Corta-Cabeças” pela atuação sanguinária na “Revolta
Federalista” de 1893, a expedição fracassou e o coronel foi morto em campo, devido aos
uniformes inadequados dos soldados, não adeptos à região semiárida e de cores muito
chamativas, tornando-os alvos fáceis.

Por fim, com três fracassos consecutivos, a imagem da República estava em risco o que leva à
quarta e última expedição, em 1897, com cerca de 8000 militares sendo direcionados ao
sertão baiano, contando com a presença do autor do livro, Euclides da Cunha, envolvido nos
bastidores por vinte dias, como correspondente da guerra. O relato dos acontecimentos,
destaca as consequências dessa campanha militar e o desequilíbrio das forças combatentes, de
modo que, enquanto os conselheiristas, com apenas materiais rústicos, lutavam com bravura,
os soldados portavam armas de fogo e granadas, demonstrando uma enorme desigualdade.

Portanto, a obra “Os Sertões” se mostrou como essencial para colocar em foco o povo do
sertão e contar a sua história, até então desconhecida pela maioria das pessoas, reforçando a
crítica à ação violenta da elite e seu apoio à república.No início do livro o autor acredita que
Canudos não passava de uma rebelião monarquista que precisava ser suprimida.Ao ver a
situação com seus próprios olhos, percebeu que deveria compartilhar essa nova perspectiva,
escrevendo um relato sobre o sofrimento e a péssima condição de vida sertaneja.

Sophia

A obra Os sertões, de Euclides da Cunha, possui narrador observador em terceira pessoa, isto
é, conta a história a partir do ponto de vista de um observador dos acontecimentos, sem
participar das ações. Isso se deve ao fato de esse livro se configurar em um relato de caráter
jornalístico.

Essa modalidade escrita adiantou o que vinha no século XX, o Modernismo, baseado em um
tom até cruel e pessimista, enquanto problematizava a realidade social e cultural, como fez
com o nacionalismo exacerbado que rondeava o Brasil naquele século. Por outro lado, a escrita
complexa e científica, e o ideal determinista são características do Parnasianismo e do
Naturalismo, apresentando ainda características do século XIX. Logo, com a mescla de
aspectos passados e antecipações de alguns do futuro, a obra “Os Sertões” acaba se
encaixando perfeitamente no movimento literário pré-modernista.

O modernismo se caracteriza através do verso livre e no uso da pontuação. Outro traço


marcante do movimento é o modo como valorizava os temas do cotidiano. Muitas vezes, essas
temáticas eram acompanhadas por um tom humorístico e / ou um registro de linguagem
próximo da oralidade.

Laura:

A linguagem do autor é, muitas vezes, técnica e sisuda, permeada de expressões científicas. O


estilo utilizado por Euclides, representado pelas construções sintáticas, demonstra uma
preocupação estética, em que a forma tenta reproduzir o conteúdo do texto.

Ressalta-se a maneira como as construções são elaboradas na obra. Observam-se períodos


extensos seguidos, às vezes, de sentenças curtas, que funcionam como hiatos ou como freadas
bruscas para repousar a leitura de um texto que é denso.

Para proporcionar uma leitura adequada dos enunciados, o autor apresenta uma pontuação
com rigoroso senso de disciplina e contenção.Em muitos casos, o autor parece “desobedecer”
às regras de pontuação padrão. Além disso, faz pausas em momentos inesperados

Em Os Sertões, os verbos são muito utilizados em repetições, que podem tentar transmitir ao
leitor uma sensação de movimento.

Com isso, Euclides revelou outra visão desse massacre violento, mostrando pessoas lutando
por seus ideais, onde o lado mais fraco se mostrou impossibilitado pela falta de ferramentas,
mas forte em espírito, resistindo até o fim pelo que acreditavam, morrendo na terra pela qual
lutavam.

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