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RESUMO CIÊNCIAS HUMANAS

GEOGRAFIA

- FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO DO MUNDO

Regionalizar: agrupar áreas de superfície terrestre que tem semelhança em algum aspecto. E pode ser criado
por meio de critérios naturais ou socioculturais. Ao regionalizar os países do mundo, podemos estudá-los em
conjunto, comparar diferenças e semelhanças, e analisar aspectos gerais e particulares, o que nos permite obter
uma análise mais precisa do espaço mundial.

Critérios de regionalização:

Durante a Guerra Fria, a regionalização baseada nos critérios de sistema político-econômico resultou na divisão
em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo. No entanto, essa abordagem tornou-se inadequada após o fim da
Guerra Fria. Outro critério de regionalização é baseado no desenvolvimento econômico, dividindo os países em
desenvolvidos e subdesenvolvidos, conhecidos também como países do Norte e Sul, respectivamente.

Além disso,existem os países emergentes, como China, Rússia, Índia, Brasil, entre outros, que têm
intensificado sua industrialização e investido em tecnologia. Também aborda a divisão entre países centrais e
periféricos, onde os centrais exercem forte dominação econômica sobre os periféricos, resultando em
desigualdades econômicas e sociais. A exploração econômica durante a colonização e o imperialismo ainda
afeta muitos países, especialmente na África subsaariana, América Latina e algumas nações asiáticas,
resultando em condições desfavoráveis de comércio e exploração econômica.

- AFEGANISTÃO: INTERESSES E CONFLITOS

O Afeganistão, localizado na Ásia Central, é estrategicamente importante para diversas potências mundiais,
devido à sua localização montanhosa e ao seu potencial econômico. As fronteiras do país foram moldadas no
século 19 sob a influência britânica, como uma medida para conter o avanço russo.

O Afeganistão faz fronteira com 6 países e 3 deles (Tajiquistão, Uzbequistão e Turcomenistão) são aliados da
Rússia ou de ex -repúblicas soviéticas. Os arranjos de poder no Afeganistão sempre foram considerados
instáveis e devido à proximidade com a URSS em diferentes momentos o país teve assistência militar e
econômica do bloco até que em 1979 foi invadido pelo exército sovietico em um período que já havia apoio dos
EUA a grupos locais contrários aos russos. Durante a Guerra Fria, os EUA apoiaram os mujahidin no Afeganistão,
afetando a economia soviética. Hoje, Rússia e China competem por influência na região.

A Rússia apoia o Talibã para conter o Estado Islâmico. Enquanto a China, com investimentos limitados devido à
falta de segurança, busca recursos como minérios e "terras raras." A China também se preocupa com atividades
uigures em Xinjiang. A retirada dos EUA é vista como uma oportunidade para China e Rússia, enquanto os EUA
temem o Afeganistão se tornar refúgio extremista e perder influência para esses países. Vizinhos também têm
interesses estratégicos no Afeganistão, relacionados à segurança nacional e à influência regional:

- Índia: o país vê o Afeganistão como um de seus principais aliados regionais e sua fronteira é vital para a
segurança nacional.
- Irã: laços estreitos com o grupo extremista, há uma expansão das Forças Quds (Unidade Especial da
Guarda Revolucionária) no país para promover os interesses iranianos e está preocupado com a
associação, no Afeganistão, de grupos salafistas que atacam os xiitas.
- Paquistão: expansão de sua influência regional e apoio em conflitos.

- CONFLITOS POR ÁGUA NO MUNDO


1. Bacia do Nilo (África)

Países envolvidos: Egito, Sudão, Sudão do Sul, República Democrática do Congo, Etiópia, Quênia, Uganda,
Tanzânia, Ruanda e Burundi

Problema: Desde 1959, o Egito e o Sudão monopolizam o acesso às águas do rio por meio de um acordo. Nos
últimos anos países como Etiópia, Quênia, Uganda, Tanzânia , Ruanda e o Burundi passaram a exigir a partilha
igualitária do Nilo. A partir de 2011 a Etiópia começou a construção da hidrelétrica Grande Renascença. Com
60% das obras concluídas em 2017 ela passou a ser a maior barragem da África. Como a hidrelétrica depende
do desvio das águas do Nilo Azul (afluente do Nilo), alguns países foram contra o projeto. O Sudão e o Egito
temem que o fluxo das águas do Rio Nilo para seus territórios fique comprometido.

2. Bacia do Tigre e Eufrates (Oriente Médio)

Países envolvidos: Turquia, Iraque e Síria

Problema: As águas desses rios abastecem as regiões da antiga Mesopotâmia (atual Síria e Iraque). Porém as
nascentes são controladas pela Turquia, que vem realizando uma série de obras hidrelétricas na bacia desses
rios. Uma das barragens do Rio Tigre é a Ilisu, fortemente criticada pelas autoridades da Síria e do Iraque, que
temem uma redução na vazão dos rios. Além disso, a Síria e o Iraque sofrem com a falta de chuva, logo a
escassez hídrica se torna um foco a mais de tensão nesta região.

3. Planalto do Tibete (China)

Países envolvidos: China, índia, Bangladesh, Tailândia, Laos, Camboja e Vietnã

Problema: Mekong é um rio que nasce na China e passa pela Tailândia, Laos, Camboja e Vietnã. Esses 4 países
dependem das águas do rio, mas o abastecimento estava sendo comprometido devido à construção de usinas
hidrelétricas pela China. Laos também desenvolve projetos de construção de barragens no Mekong para produzir
energia elétrica, o que gerou atritos com o governo de Camboja.

Além disso, o Planalto do Tibete abriga a nascente do Rio Brahmaputra. A China tem planos de construir
barragens e desviar as águas desse rio para gerar energia, o que afetará o abastecimento das águas da índia e
Bangladesh. A inauguração da primeira usina hidrelétrica no Brahmaputra no final de 2015 afetou mais ainda as
relações entre China e Índia. Paralelamente, também há disputas entre Índia e Bangladesh envolvendo as águas
do Rio Ganges.

4. Colinas de Golã (Oriente Médio)

Países envolvidos: Israel, Síria e Jordânia

Problema: Durante a Guerra dos 6 Dias Israel invadiu e ocupou as Colinas de Golã, que pertenciam à Síria. Além
dos solos férteis e posição estratégica, há na região a nascente do Rio Jordão. Das Colinas de Golã saem ⅓ da
água consumida por Israel. O represamento e os desvios nas águas de Golã por Israel afetam o abastecimento
da Síria e da Jordânia que dependem desta fonte hídrica.

Desde 1974, a ONU monitora um cessar-fogo entre Síria e Israel. Com a guerra civil na Síria, Israel tem planos de
incorporar definitivamente as Colinas de Golã ao seu território e vem ampliando os assentamentos na região.

- PETRÓLEO NO ORIENTE MÉDIO

Interesses nas regiões com recursos naturais energéticos são as principais causas de conflitos armados entre
países.

Petróleo
O petróleo desempenha um papel crucial na economia e geopolítica do Oriente Médio. Esta região, conhecida
por seus vastos desertos, concentra a exploração e refino do petróleo como sua principal fonte de receita,
abrigando aproximadamente 60% das reservas mundiais de petróleo, com destaque para nações como Arábia
Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Bahrain.

A produção petrolífera desses países é central para o mercado global de energia, e sua participação na
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), estabelecida em 1960, confere uma influência
significativa, dominando cerca de 40% da produção mundial de petróleo e 70% das exportações. No entanto, a
dependência do petróleo também apresenta desafios.

Apesar dos benefícios econômicos, muitos países do Oriente Médio enfrentam limitações na diversificação de
suas economias, ficando frequentemente impedidos de desenvolver setores industriais robustos. Essa
dependência cria vulnerabilidade, uma vez que as economias da região podem ser impactadas
significativamente por flutuações nos preços do petróleo no mercado internacional.

Além disso, as disputas e tensões na região têm aumentado nos últimos 20 anos devido ao aumento do
consumo, especialmente em países em desenvolvimento e na China, contribuindo para o aumento do preço do
produto. Guerras e conflitos, como as do Iraque, exemplificam os desafios em torno do controle de reservas
estratégicas, motivados pela necessidade de garantir o abastecimento interno. A invasão do Kuwait pelo
presidente iraquiano Saddam Hussein em 1990 resultou na formação de uma coalizão liderada pelos Estados
Unidos e Reino Unido na Guerra do Golfo. Em 2003, os EUA lideraram outra invasão do Iraque, a Guerra do Iraque,
alegando a presença de armas de destruição em massa, embora essas alegações nunca tenham sido
comprovadas.

É crucial considerar o esgotamento futuro das reservas de petróleo como um desafio iminente para a região.
Quando essas fontes se esgotarem, as nações do Oriente Médio podem enfrentar desafios econômicos
substanciais. Portanto, é necessário planejamento e investimento em setores alternativos para garantir uma
transição suave para o pós-petróleo e evitar impactos negativos nas dinâmicas econômicas e políticas globais.

- GEOPOLÍTICA

A geopolítica é crucial na sociedade atual por várias razões. Ela proporciona uma compreensão das relações
internacionais, sendo fundamental para líderes na tomada de decisões políticas e estratégicas, especialmente
em alianças, conflitos e acordos comerciais. Além disso, desempenha um papel vital na segurança nacional,
influenciando o desenvolvimento econômico global, regional e nacional. A geopolítica também é central na
compreensão de conflitos, suas origens e na busca por soluções pacíficas. Questões como migração em larga
escala são frequentemente desencadeadas por dinâmicas geopolíticas, tornando essencial uma compreensão
profunda desses fatores para abordar os desafios e oportunidades enfrentados pela sociedade contemporânea.

Quem evidenciou e primeiro utilizou o termo geopolítica foi Rudolf Kjellén no final do séc XIX e início do séc XX,
inspirado na obra Geopolítica política, de Friedrich Ratzel. Foram os trabalhos dos geógrafos Karl Ernst
Haushofer e Halford John Mackinder que fundamentaram e delinearam a geopolítica clássica, que é um
instrumento da política externa de um país, baseado na valorização do território como forma de exercer a
hegemonia mundial. Pode-se definir geopolítica como ciência que estuda estratégias do Estado para administrar
seu território, visando à sobrevivência de seu povo e à sua melhor inserção no plano internacional.

- ASCENSÃO DA CHINA

A China passou de um país predominantemente agrário e desatualizado no século XX para se tornar o segundo
maior mercado consumidor do mundo e uma potência econômica global. Esse avanço foi impulsionado por
pesados investimentos em educação, resultando em um crescimento notável no empreendedorismo e inovação.
A cidade de Shenzhen, por exemplo, se tornou um centro de inovação comparável ao Vale do Silício. A China
busca se posicionar como a principal potência de inovação, identificando 10 setores-chave, mas enfrenta
desafios como a guerra comercial com os EUA e protestos em Hong Kong. O país também passou por uma
transformação política e econômica desde a era revolucionária de Mao Tsé-Tang até a abertura da economia
sob Deng Xiaoping, consolidando seu papel como uma das maiores potências do século XXI.

Episódio:

A população da China é enorme, e quase 16% dela vive em megacidades. Responsável por 18,6% do produto
mundial bruto, a China tornou-se uma potência econômica global. Durante a Segunda Guerra Mundial, a China e
os EUA eram aliados na batalha contra o Japão imperial. Após enfrentar o Japão, a China foi dividida por uma
guerra civil, e em 1949, Mao conquista a vitória e cria a República Popular da China, isolada do sistema
econômico ocidental capitalista.

Mao encoraja fazendeiros a migrarem para fábricas, iniciando a Revolução Cultural, reprimindo dissidentes e
estabelecendo campos de reeducação. Enquanto isso, a China enfrenta fome generalizada, infraestrutura
corrupta e uma economia quebrada. Em 1960, o PIB da China era de 59 bilhões de dólares, muito inferior ao
dos EUA na época. Em 1972, os EUA buscam o apoio de Mao, marcando o início da abertura da China ao
Ocidente. Após a morte de Mao, Deng Xiaoping assume o poder, indicando uma mudança de direção. A China
comunista agora busca lucros e está disposta a fazer negócios com o Ocidente, implementando reformas
econômicas, incluindo a criação de Zonas Econômicas Especiais (ZEE), essas zonas seguiam regras diferentes
do resto da China, permitiam que as fábricas exportassem para o Ocidente, e os importadores pudessem
negociar com países capitalistas. O objetivo era atrair investimentos estrangeiros e impulsionar a economia do
país.

Entre 1980 e 1990, o PIB da China praticamente dobra, mas as demandas por democracia e liberdade
aumentam, culminando no Massacre da Praça da Paz Celestial em 4 de junho. A bolsa de valores de Xangai é
reaberta, marcando a transformação da economia chinesa em uma economia de mercado. A China, agora em
crescimento econômico, produz muitos produtos falsificados que se espalham globalmente. Em 1998, os EUA
concordam com a entrada da China na OMC. A crise econômica global de 2008 afeta a China, mas o governo
controla a situação, direcionando as fábricas para o mercado interno.

O projeto da Nova Rota da Seda, com infraestrutura global, é lançado para impulsionar a economia chinesa.
Enquanto apoiadores acreditam que beneficiará os necessitados, críticos veem como uma estratégia de
apropriação de terras através de investimentos financeiros.

HISTÓRIA

- O GOLPE DA MAIORIDADE

Liberais com medo que novas reformas fossem propostas fundaram a “Sociedade Promotora da Maioridade do
Imperador”. O projeto não passou na Câmara, mas a Corte a recebeu com grande empolgação. Com a adesão
dos militares, a Assembleia-Geral formalizou o Decreto da Maioridade. O problema é que, para governar e
realizar reformas, o gabinete liberal dependia da Câmara, de maioria conservadora, que dificultava a aprovação
das medidas ministeriais.

Uma das preocupações de quem iria fazer D.Pedro II o “governador perfeito” era transmitir a ele um senso de
civilidade, ordem e disciplina que seu pai não tivera. Ele foi chamado de órfão da nação por ter perdido sua mãe
muito cedo e ter sido abandonado pelo pai que voltara à Portugal. Desde cedo ele foi preparado para as
responsabilidades que teria que assumir, por meio de uma rotina disciplinar e educação rígida, em que para tudo
tinha horário e ritual. Ele era um menino inteligente que gostava de ler e estudar (principalmente ciências).

- MUDANÇAS ECONÔMICAS (CAFÉ E INDUSTRIALIZAÇÃO)

A explosão da economia cafeeira se deveu à grande demanda pelo produto vinda especialmente do mercado
internacional. Isso causou grande impacto na economia brasileira e interferiu em diferentes frentes:
valorização/desvalorização monetária, mão de obra, sistema de transporte, da terra, trabalho, produção,
comércio e tecnologia.

O café foi o mais importante, mas não o único produto em foco na época. No Nordeste, o açúcar era o principal
produto e na região também tinha produção de algodão, tabaco e cacau e pecuária extensiva. Na região
amazônica, o foco econômico era o extrativismo da borracha da seringueira, castanha-do-pará, cacau e
guaraná, além do couro e pele de animais. E no Rio Grande do Sul a economia era voltada para o mercado
interno, com a produção de arroz, trigo, milho e carne. Presença do trabalho familiar e de uma estrutura fundiária
mais descentralizada, com pouca exploração de escravos e dos grandes latifúndios.

Algo extremamente importante no processo de modernização da economia do Brasil foi a construção de


ferrovias que tinha 2 objetivos: entrada de capital estrangeiro no Brasil e o crescimento no setor de exportações.
A expansão cafeeira foi responsável tanto pela mecanização do transporte como da indústria.

A primeira ferrovia foi construída por Irineu Evangelista de Souza em 1854 como meio de “propaganda da
inovação”. A primeira estrada de ferro foi criada 1 ano depois por D.Pedro II - Estrada de Ferro D.Pedro. Depois
dela vieram a Estrada de Ferro de Mauá, a de Recife ao São Francisco, a da Bahia e a de Santos a Jundiaí.
Estas unificaram os mercados, facilitaram o trâñsito de pessoas e mercadorias, permitiram a capacitação técnica
e profissional de trabalhadores do setor industrial, o barateamento do transporte, a expansão do setor de
produção do aço e das fronteiras do setor agropecuário e de mineração, o desenvolvimento das regiões por
onde passavam e empreendimentos urbanos.

O processo de industrialização do Brasil pode ser mais considerado como um surto industrial. Nesse período
houve um aumento no ritmo das exportações (principalmente as ligadas com o café), dos empreendimentos
(construção de ferrovias), às obras de melhoria urbana e de construção civil e ao investimento ao estrangeiro.
Nesses primeiros tempos dominou-se a indústria têxtil, de alimentos, química, madeira, vestuário e metalúrgica.

Esse processo desembocou em outras áreas também, como a comunicação (criaram-se os serviços
telefônicos), iluminação pública passou a ser feita a gás, o sistema de transporte melhorou com a instalação dos
bondes elétricos, o número de escolas e de instituições de pesquisa e de ensino superior cresceu, etc. Essas
melhorias acabaram se concentrando nos principais núcleos urbanos em formação e crescimento nas províncias
de SP, RJ, MG e RS.

- LEI DE TERRAS

Foi promulgada em 1850 junto com a lei de abolição ao tráfico de escravos. Abolindo o tráfico, em algum
momento a escravidão seria extinta, gerando um problema de mão de obra. Até então, a terra era doada
principalmente em função de serviços prestados à Coroa (Lei das Sesmarias: habilitar o cultivo e a exploração
da terra em benefícios da riqueza exclusiva da Coroa).

A nova Lei de Terras do Brasil dizia:

- A terra só poderia ser adquirida por meio da compra de seu maior dono, ou seja, o governo.
Desfaziam-se os direitos costumeiros dos arrendatários, posseiros e agregados de terras, que para
continuar possuindo teriam que pagar as taxas estipuladas pelo governo.
- O tamanho das terras ocupadas não poderiam passar a dimensão da maior doação feita no distrito em
que se localizavam.
- A vinda de imigrantes (“colonos livres”) seria financiada com o lucro da venda de terras.
- Estipulava-se a criação da “Repartição Geral das Terras Públicas”, órgão que seria responsável por
regular, fiscalizar e administrar a terra pública, além de promover e conduzir a política de imigração.

O que o sistema parece consolidar foram os interesses da classe senhorial detentora do poder econômico do
brasil, pois somente quem tivesse capital suficiente poderia possuir terra e fazê-la lucrar

- IMIGRAÇÃO

Com a diminuição da mão de obra escrava, o governo brasileiro foi buscar trabalhadores nas populações
europeias. O governo tinha 2 objetivos: substituir os escravos pelos imigrantes, que deveriam ser pobres, tendo
nenhum acesso à terra por conta própria e trabalhando num regime semi escravista e seduzir colonos de capital
próprio aptos a adquirir terra, desenvolver uma agricultura moderna, produzir e prosperar, em um processo de
imigração +/- espontâneo e num sistema colonial de parceria. Para isso, era necessário modificar a legislação
que privilegiava o catolicismo, para facilitar a imigração de protestantes.

É possível falar de 3 momentos de imigração e migração no Brasil: na primeira metade do sec XIX, o tráfico de
escravos foi predominante; na segunda metade, vigorou-se o tráfico interno de escravos e a partir de 1860,
ocorreu um processo de imigração europeia. Foi um processo crescente.

- GUERRA DO PARAGUAI

Em dezembro de 1864, teve início a Guerra do Paraguai, um conflito desencadeado pela intervenção brasileira
em apoio ao presidente uruguaio Venâncio Flores, do Partido Colorado, contra o governador Bernardo Berro, do
Partido Blanco. Berro ameaçava os interesses brasileiros na região ao estabelecer taxas sobre o comércio de
gado e proibir a escravidão em suas terras, visando reduzir a presença brasileira, que então representava 10%
da população uruguaia.

O Paraguai, sem interesse direto no Uruguai, aliou-se ao governo blanco em 1863, buscando equilíbrio de forças
na região do Prata. O Brasil emitiu um ultimato para a retirada das medidas brasileiras no Uruguai, ao qual
Solano López respondeu com outro ultimato, resultando na invasão brasileira do Uruguai. O Brasil rompeu
diplomaticamente com o Paraguai após a captura de um navio mercante. Em resposta, Solano López declarou
guerra ao Brasil.

O Paraguai tentou invadir o Rio Grande em apoio aos blancos uruguaios, mas a Argentina impediu sua
passagem pelo território das Missões. Os paraguaios declararam guerra à Argentina, invadindo a província de
Corrientes, aproximando assim Brasil e Argentina. Venâncio Flores, prevalecendo no Uruguai, uniu-se à luta
contra López, formando a Tríplice Aliança. Os objetivos eram derrotar a "tirania" de López, restabelecer a livre
navegação nos rios Paraná e Paraguai, e conseguir a anexação dos territórios paraguaios reivindicados por
Brasil e Argentina. Parte do acordo foi mantida secreta até ser revelada pela Inglaterra em 1866.

Fases da guerra:

1º fase: marcado pelo avanço paraguaio quando invadiu o Mato Grosso e a província Argentina de Corrientes,
achando que sua soberania estava sendo atacada. Essa fase gerou uma idade momentânea do triunfo
paraguaio, mas em 1865 o Paraguai sofreu sua primeira derrota, na batalha naval de Riachuelo, sendo vencido
pelos brasileiros.

2º fase: marcado pelo avanço lento das bases aliadas perante forte defensiva paraguaia, relativa estagnação da
guerra.

3º fase: virada ocorrida na batalha de Lomas Valentinas e na ocupação de Assunção, quando o general Caxias
dá por encerrada a guerra, abandonando o campo de batalha e retornando ao Brasil. Isso irritou D.Pedro II, e
ele decidiu perseguir Solano López, a guerra finalmente acabou quando López foi encurralado pela tropa
brasileira e acabou morrendo em luta. Em 1870 Paraguai e Brasil assinaram um acordo preliminar de paz.

Consequências:

Paraguai: perda de 40% de seu território e quase metade de sua população masculina (campo de batalha ou
doenças).

Argentina: 35 mil mortes, mas conseguiu fortalecer a identidade e consolidação nacional.

Brasil: acendeu o fervor patriótico, valorizando os símbolos nacionais, a bandeira e o hino, e deu certa
popularidade a D.Pedro II, por outro lado gerou perda de 50 mil soldados, rombo na economia com dívidas de
guerra, dúvidas em relação às decisões tomadas na guerra e acendeu a crise política que fortaleceu nos
militares a ideia de República e a abolição (futuros responsáveis pela queda do Império).
- IDEIAS ABOLICIONISTAS E O FIM DA ESCRAVIDÃO

Lei Eusébio de Queiroz: promulgada em 4 de setembro de 1850, proibia o tráfico de escravos.

Após a Guerra do Paraguai, a discussão do fim da escravidão ganhou destaque novamente. Em 1870, ano de
encerramento da Guerra do Paraguai, o Partido Republicano foi fundado por 57 pessoas, em sua maioria jovens
profissionais liberais com pouca experiência política. Apenas 8 deles tinham sido deputados ou governadores de
província. O partido defendia o federalismo e propunha uma mudança gradual de governo por meio de uma
Assembleia Constituinte.

O tema mais polêmico após a guerra foi a abolição da escravidão. A utilização de escravos libertos como
voluntários na guerra levantou questões sobre a legitimidade da escravidão, que o Estado, presidido pelo
Visconde do Rio Branco, deveria enfrentar. Rio Branco, com o apoio de Isabel, apresentou um projeto de lei
conhecido como Lei do Ventre Livre, que declarava livres todos os filhos de escravos nascidos no Império a
partir daquele momento.

A pressão pela abolição não vinha apenas dos ingleses, mas também da sociedade, que começava a formar
uma opinião pública favorável à abolição. Em setembro de 1885, foi promulgada a Lei dos Sexagenários, que
libertava escravos com mais de 60 anos. No entanto, essa lei teve pouco impacto, pois quase nenhum escravo
chegava a essa idade e, se chegasse, já não tinha condições de trabalho.

Em 1887, D. Pedro viajou para a Europa para tratar uma doença, deixando a Princesa Isabel como regente. Ela
demonstrou sua opinião pública contra a escravidão por razões políticas e religiosas. Politicamente, a abolição
poderia abrir caminho para ela suceder seu pai no trono em um possível terceiro reinado. Religiosamente,
Isabel, sendo uma católica fervorosa, via a abolição como um dever de amor cristão. Em 1888, ela aprovou a
Lei Áurea, que declarava extinta a escravidão a partir daquela data.

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