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A relação da Guerra Fria com a guerra na Síria

Em 1945, vencido o inimigo comum, o nazismo, era necessário reconstruir a Europa e a


nova sociedade que daí surgiria.
Americanos (EUA) e Russos (URSS) passaram a rivalizar numa disputa que, pelas
décadas seguintes, passou a envolver não apenas aspetos militares, mas também
económicos, ideológicos e até tecnológicos e espaciais, com Washington e Moscovo em
competição para mostrar ao mundo que país, e que modelo económico (o capitalismo
americano ou o comunismo soviético) era capaz de se tornar no modelo para o mundo.
A esta disputa chama-se de “A Guerra Fria”.
A URSS implodiu em 1991. No seu lugar, emergiu uma Rússia que, embora se tenha
tornado capitalista, faz contraponto à supremacia americana, sobretudo em assuntos de
defesa.
O apoio que a Rússia oferece à Síria remonta a laços antigos de cooperação militar entre
estes dois. Oficiais sírios participam, por exemplo, em programas de formação em
escolas russas. Moscovo também tem sido um importante fornecedor de recursos
militares para as forças sírias ao longo dos anos.
Este apoio promoveu a tensão entre os EUA e a Rússia, uma vez que os americanos têm
como objetivo destituir Bashar al-Assad do poder e tornar a Síria num regime
democrático.
Para além das razões acima referidas, existem 5 outras razões pelas quais a Rússia
mantém o seu interesse em ser aliado do governo sírio, com vista a tornar a Rússia no
maior oponente dos EUA.
1. Armas: A própria independência da Síria, no século passado, passou por uma aproximação
da União Soviética. A partir daí, Damasco tornou-se num importante cliente da indústria de
armamentos soviética.
2. Influência: A Primavera Árabe, série de revoltas iniciada em 2011 em países do Médio
Oriente e do Norte da África, levou ao poder governos mais alinhados aos EUA e à Europa,
afastando regimes próximos à Rússia. Quando os levantes começaram na Síria, Moscovo
decidiu intervir rapidamente para contê-los.
3. Relevância internacional: A Rússia vê a crise na Síria como uma oportunidade de voltar a
ser um ator de peso na mesa da negociação internacional. A Síria, nesse sentido, é vista mais
como um “trampolim” para a Rússia que volta a ser vista como um país relevante no cenário
internacional.
4. Base militar: A Síria abriga a base militar de Tartus, única estrutura da Rússia no Mar
Mediterrâneo, construída ainda à época da União Soviética. Em 1971 um acordo uniu a Síria
e a então União Soviética. A União Soviética ofereceu ajuda militar para Síria e em troca do
acesso à base de Tartus, que fica no Mediterrâneo. A Síria tornou-se uma das principais
peças de acesso ao Mediterrâneo.
5. Mar: A Rússia tem poucas saídas para o mar, por isso, a Crimeia e a Síria são bases
importantes para saídas estratégicas. Além do mais, manter a influência russa nessa região é
uma forma também de influenciar o Médio Oriente.
A Guerra Fria acabou após o fim da União Soviética, mas parte dessa dinâmica
prossegue, com nuances renovadas. A Síria é, hoje, objeto dessa disputa pela influência.
O país é uma potência no Oriente Médio, região de grande interesse geopolítico
(especialmente para os EUA) pela existência de uma das maiores reservas de petróleo
do mundo.
Além disso, a Síria faz fronteira com países estratégicos para temas de segurança
internacional, como a Turquia, o Iraque e o Líbano, todos contextos instáveis, que têm
sido usados como plataforma para a ação de grupos organizados responsáveis por atos
de terror contra potências ocidentais.

Concluindo, a disputa entre os EUA e a Rússia sobre a Síria lembra-nos um pouco a


Guerra Fria, pois estes dois países querem atingir o objetivo de única potência global.

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