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Capítulo 7

Capítulo 7

As economias
emergentes: BRICS,
Rússia e Índia

Economias emergentes
A configuração multipolar do mundo, advinda da
nova ordem mundial, evidencia Estados Unidos,
Europa e Japão como os grandes centros de poder;
contudo, o globo também está presenciando a
ascensão de economias outrora categorizadas como
terceiro mundo ou subdesenvolvidas. Trata-se dos
países emergentes, grupo particular de nações que
estão influenciando a conjuntura atual, para além das
potências já conhecidas, com tendências promissoras
de crescimento econômico.

O termo emergente foi inicialmente desenvolvido


nos anos 1980 para definir as economias que
apresentavam tendências positivas de
desenvolvimento, com fins de incentivo ao
investimento nessas localidades. A previsão dos
economistas foi certeira, assim como a de 2001,
quando Jim O'Neill mencionou o potencial
crescimento de Brasil, Rússia, Índia e China,
especialmente se esses países criassem uma aliança
geopolítica: cinco anos depois, nascia o BRIC.

Ainda que esses países tenham se tornado áreas


de influência notáveis e recentes, eles não são os
únicos a deixarem sua marca nas diversas economias
do planeta. Os Tigres Asiáticos, por exemplo, são um
grupo de nações que estão despontando como
economias proeminentes. Nesta aula e na posterior,
você conhecerá com mais profundidade algumas das
novas áreas de influência do século XXI.

BRICS

BRIC é o acrônimo composto por Brasil, Rússia,


Índia e China. Formado em 2006, o grupo ganhou
maior força a partir de 2009, quando formalizou
reuniões anuais para discutir possibilidades de
crescimento para os integrantes aumentarem seus
impactos e suas influências em termos globais. Em
2011, a África do Sul foi inserida no grupo, mudando
o acrônimo BRIC para BRICS. Vale destacar que esses
países fazem parte do G-20 e três deles estão entre os
10 maiores PIBs mundiais.

O que essas economias têm em


comum?

São de grandes dimensões territoriais;

estão entre os países bastante populosos;

foram anteriormente classificadas como


subdesenvolvidas;

experimentaram uma industrialização tardia,


porém rápida;

são dotadas de infraestrutura básica para a


produção e transporte de bens e serviços;

possuem tendência crescente do PIB ao longo


dos anos;

apresentam renda per capita razoável, com


valor próximo ao dos países desenvolvidos;

possuem aumento de demanda externa por


seus produtos;

apresentam tendência crescente de melhoria


do IDH.

Mas nem tudo são rosas...

Os integrantes do BRICS dependem


economicamente dos países desenvolvidos;

seus indicadores sociais não são compatíveis


com os econômicos;

neles, a qualidade de vida é inferior à dos


países ricos;

são países em desenvolvimento e, portanto,


possuem traços de subdesenvolvimento;

possuem espaços urbanos e rurais bastante


desiguais;

apesar dos ganhos, a força de trabalho


precisa melhorar bastante.

Em 2022, a 14ª Cúpula do BRICS discutiu temas relativos ao


mundo pandêmico, à recuperação econômica, à
cooperação entre os países e ao desenvolvimento
sustentável.

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Rússia

Para começar...

A Rússia é o maior país do mundo, possuindo


pouco mais de 17 000 000 km2, cobrindo mais de um
nono da área terrestre. O território da Rússia se
estende desde a Europa Oriental até o norte da Ásia e
apresenta aproximadamente 146,7 milhões de
habitantes. O país possui o 11º maior PIB mundial,
destacando-se na produção bélica.

Apesar de possuir quase dois terços de sua


fronteira delimitados pelas águas do mar (em
especial no Círculo Polar Ártico), a Rússia carece de
um porto de “águas mornas” que não congele no
inverno. Uma exceção (ainda que parcial) à regra
seria o porto de Murmansk, que se mantém navegável
uma parte do ano por receber correntes marinhas
mais quentes devido à influência da corrente do
Golfo.

E lá vem história...

A configuração atual da Rússia remonta ao pós-


1989, quando a então União Soviética mergulhou em
uma crise profunda que teve como consequências o
declínio do sistema socialista, bem como a
desagregação do território que compunha a ex-URSS,
e uma transição que se seguiria ao colapso do
sistema soviético, aliado a uma gama de reformas.
Após a dissolução da URSS, em 1991, a Rússia iniciou
uma transição para o regime democrático e para uma
economia de mercado; contudo, o país passou por
um declínio econômico acentuado (1992-1999),
situação revertida para uma tendência financeira
crescente. Esse período também foi marcado por
conflitos na Chechênia e em outros territórios que
compunham a ex-URSS.

Economia e política

Graças à localização geográfica, a Rússia possui as


maiores reservas de gás e petróleo do mundo, as
quais concentram parcela significativa da exportação,
sendo 65% dela direcionada para a Europa.
Considerando o cenário vivido diante dos conflitos
com a Ucrânia, é estimada uma redução da economia
de até 11%, agravada pela sensibilidade do mercado
do petróleo e pelos impactos da pandemia de covid-
19. Dadas as restrições impostas desde a Guerra na
Ucrânia, os impactos estão sendo sentidos em todo o
mundo, visto que vários países dependem do gás e do
petróleo exportados pela Rússia. Como resposta, o
presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tem
acusado os países europeus, dependentes dessa
fonte de energia, de realizarem compras de um país
que tem obtido êxito no conflito.

Amigos e rivais

O cenário político-econômico global tende a um


isolamento da Rússia, o que pode favorecer uma
aproximação entre Rússia e China. Tal contexto fica
evidente na fala de Zbigniew Brzezinski que, em 2017,
alertou que o “cenário mais perigoso” seria “uma
grande coalizão entre China e Rússia, unidas não por
ideologia, mas por queixas comuns”. Uma das várias
parcerias entre esses dois países foi o lançamento em
2019 de um gasoduto que fornecerá gás da região de
Yakutia, na Sibéria, para o norte da China. O projeto
teve início em 2014, sendo mais tarde inaugurado
pelos líderes Vladimir Putin e Xi Jinping.

Nos últimos anos, as políticas estadunidenses e


europeias não superaram a rivalidade com a Rússia,
as quais se tornaram mais delicadas com o conflito
com a Ucrânia, principalmente com a tendência de
adesão à OTAN. Além disso, a pandemia de covid-19
foi um episódio que possibilitou a incrementação
cada vez maior da internet na vida das pessoas, o que
teve como desvantagem a exposição a possíveis
ataques cibernéticos. Esse assunto tem sido criticado
pelos países do Ocidente, apontando que a Rússia
poderia ser um grande oponente.

Dado o contexto geopolítico, a divisão de um


mundo bipolar, presente durante a Guerra Fria, pode
estar se configurando nos últimos dois anos. De
acordo com especialistas, a situação entre Rússia e
países da Europa e América do Norte não tem sido a
mesma desde fevereiro de 2022, o que colocou em
xeque as estratégias de aproximação entre Oriente e
Ocidente desde a Queda do Muro de Berlim.

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Índia

Para começar...

A Índia é uma das mais antigas civilizações do


mundo, com uma antiga e enorme variedade cultural.
Seu território está no continente asiático, com pouco
mais de 3 000 000 km2, sendo o sétimo maior do
mundo, e é fortemente influenciado pelo Himalaia e
pelo Deserto do Thar, o que confere a esse país uma
considerável diversidade ambiental.

É o segundo país mais populoso do mundo (1,3


bilhão de habitantes), marcado por grande
diversidade cultural e religiosa, herdada da
Antiguidade. A religião predominante é o hinduísmo,
a qual influenciou a organização social que marcou
mais fortemente o país até a década de 1940, quando
ocorreu a independência da Índia: o sistema de
castas, estratificação social composta por cinco
principais patamares, sendo a ascensão social
impossível. Apesar de ter sido proibido por lei, esse
arranjo ainda se encontra presente no modo de vida
dos indianos, especialmente dos hindus.

E lá vem história...

A história da Índia é bastante antiga, mas


episódios do século passado ainda remontam à
configuração do país. O século XIX representa a
transição do país para um Estado moderno, e a sua
independência foi relativamente recente (1947),
sendo parte do seu território dividido em Paquistão e
Índia; posteriormente, o Paquistão Oriental se tornou
o que agora é o Bangladesh. Desde a sua
independência, o país marcado por forte influência
neocolonial alcançou progresso socioeconômico e
tem se tornado autossuficiente na produção agrícola,
altamente industrializada, além de destacar-se na
produção de armas nucleares. Contudo, essa
tendência não atenuou as heranças de conflitos e
segregações socioespaciais, que respondem por
vários dos impasses que a Índia apresenta, sendo
alguns deles fome, precárias condições de habitação
e de saneamento básico, desemprego, concentração
de renda e mortalidade infantil.

Economia e política

O desenvolvimento econômico e industrial


indiano ocorreu de forma mista, com a instalação de
empresas particulares e estatais. O setor agrícola é
importante; contudo, nos últimos anos, o país vem se
destacando no cenário mundial em diversas áreas de
tecnologia avançada, como energia nuclear, satélites
artificiais, informática etc. Também vale destacar a
indústria farmacêutica indiana, que se encontra em
primeiro lugar mundial na produção de vacinas e na
exportação de medicamentos baratos. Apesar de
todas essas tendências, o país vem apresentando
uma desaceleração da economia desde 2018,
refletindo na diminuição de incentivos do governo em
políticas sociais, o que aumenta ainda mais as
desigualdades. Outro ponto diz respeito à falta de
investimentos em demandas internas, elemento que
poderia fomentar sua economia.

Outro aspecto relativo à Índia e que tem


redirecionado os olhares de muitas potências para o
país é a sua não inserção no Tratado de Não
Proliferação de Armas Nucleares (TNP), juntamente
com Paquistão, Coreia do Norte e Israel.

Amigos e rivais

Índia e Reino Unido apresentam uma relação que


vem desde a Companhia das Índias Orientais e,
atualmente, fazem parte de alianças que se opõem à
China, em questões concernentes ao regime político e
ao desenvolvimento de inteligência artificial (IA). A
chamada Parceria Global em Inteligência Artificial
(GPAI) encara a Índia como um promissor concorrente
à China, dada a alta qualificação no setor de
tecnologia, podendo ser financiada pelo grupo GPAI e
ajudar a corrida pela IA. Outra aliança que merece
destaque é o Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África
do Sul (IBAS), acordo entre três nações emergentes
democráticas e multiétnicas (G3) que surgiu em 2003
e que objetiva alcançar representatividade no mundo
em desenvolvimento, com pautas relativas ao
combate à fome e à desigualdade, além da e busca
pelo desenvolvimento econômico.

As divergências entre Índia e China têm se


intensificado nos últimos anos, especialmente
considerando a promissora aliança chinesa e russa e
os conflitos por fronteiras, como o caso da região do
Himalaia. Em séries de conflitos ocorridos em 2020,
as perdas humanas tornaram o contexto ainda mais
sensível, o que acentuou as discordâncias históricas e
aumentaram as chances de guerra.

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ATIVIDADES ESSENCIAIS

Questão 01
Desde a década de 1990, alguns países passaram a ter
destaque no ritmo de crescimento, em seu
desempenho como exportadores, na sua elevada
competitividade nos principais mercados para
produtos com algum grau de elaboração industrial,
sobretudo nas notáveis taxas de crescimento do seu
produto agregado, o que alterou sua participação no
produto global. Destacam-se do grupo maior das
economias não industriais por apresentarem, em
geral, grandes dimensões geográficas e demográficas,
elevado ritmo de crescimento do produto nacional,
expressivo grau de industrialização e melhoria
acentuada nos indicadores de desenvolvimento
econômico e social.

http://repositorio.ipea.gov.br/. Acesso em: 20 jul. 2022.


(adaptado)

O texto está abordando especificamente o seguinte


tema:

a) economias ecodesenvolvimentistas.

b) países de base agrária.

c) países de base industrial do hemisfério boreal.

d) economias emergentes.

e) países economicamente sustentáveis.

Questão 02
O termo BRICS tem sido utilizado para designar os
países Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Sobre esses países, é correto afirmar que

a) formam um bloco econômico que, a exemplo do


Mercosul e da União Europeia, estão
estabelecendo um conjunto de tratados e acordos
visando a integração da economia.

b) são considerados países emergentes, embora


possuam diferenças expressivas entre si, no que
diz respeito a população, território, recursos
naturais e industrialização.

c) sua importância como bloco econômico e político


tem reformulado a geopolítica mundial e
rivalizado com outras entidades supranacionais, a
exemplo da ONU.

d) uma das suas características é a semelhança no


regime político adotado, mostrando que o mundo
ainda se divide por questões de natureza
ideológica.

e) sua emergência como bloco foi consequência da


alta capacidade em articular necessidades globais
com interesses regionais, acima dos interesses
econômicos e políticos.

Questão 03
A Rússia é a maior nação do planeta, com 17 075 400
km2, chegando a cobrir mais de um nono da área
terrestre, além de se estender por 11 fusos horários.

Participante de destaque no BRICS, sua economia é


uma das maiores do planeta. Possui uma gigantesca
mão de obra, que fabrica máquinas de precisão,
artigos militares e produtos químicos. No setor
agrícola, produz frutas, cevada, açúcar e legumes.
Entretanto, o grande destaque da economia russa se
encontra

a) na produção e consequente venda de armas


nucleares para nações participantes da OTAN.

b) na produção agrícola do girassol, hoje utilizado


como fonte equivalente na fabricação do etanol.

c) na sua indústria aeroespacial, que projeta e vende


jatos de linha para todas as nações do mundo.

d) na produção agrícola de alimentos básicos, como


o trigo, abastecendo nações da Europa Ocidental.

e) no comércio de petróleo e gás natural, que


corresponde a cerca de 80% das exportações do
país.

Questão 04
Até o ano 2050, 50% do PIB do mundo virão da Índia e
da China, como era em 1800.

Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 8 jul.


2020.

A respeito da Índia, é correto afirmar que

a) é o maior e o mais populoso país do mundo, o que


explica sua participação na economia global.

b) não faz fronteira com a China, visto que se trata de


um país geograficamente pequeno.

c) apresenta baixo desenvolvimento tecnológico,


ainda que a indústria seja sua base econômica.

d) é um dos poucos países do mundo a ter


desenvolvido armas nucleares, apresentando
como justificativa para tanto a necessidade de se
defender do Paquistão e da influência chinesa no
Oceano Índico.

e) os indianos, atualmente, têm uma expectativa de


vida de 97 anos (homens) e 99 anos (mulheres) e a
taxa de mortalidade infantil, para cada mil
nascidos vivos, não supera um dígito.

ATIVIDADES PROPOSTAS

Questão 01
(ENEM) O G-20 é o grupo que reúne os países do G-7,
os mais industrializados do mundo (EUA, Japão,
Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá), a
União Europeia e os principais emergentes (Brasil,
Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita,
Argentina, Austrália, Coreia do Sul, Indonésia, México
e Turquia). Esse grupo de países vem ganhando força
nos fóruns internacionais de decisão e consulta.

ALLAN. R. Crise global. Disponível em:


http://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br. Acesso em:
31 jul. 2010.

Entre os países emergentes que formam o G-20, estão


os chamados BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul), termo criado para referir-se aos países
que

a) possuem base tecnológica mais elevada.

b) apresentam índices de igualdade social e


econômica mais acentuados.

c) possuem similaridades culturais capazes de


alavancar a economia mundial.
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