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COMUM
CEG
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DE
GRADUADOS
VOLUME ÚNICO
Edições(es):
4ª Edição: SO BMT Rodrigo – 1/2022
2S SAD Letícia Lemos – 1/2022
2S SGS Douglas Oliveira – 1/2022
Revisor(es) de Diagramação:
CB SAD M. Carvalho – 2022
GUARATINGUETÁ – SP
2022
4 / 108 CEG - DIREITO PENAL MILITAR E ADMINISTRATIVO EEAR
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO......................................................................................................................................6
CAPÍTULO 1 - CÓDIGO PENAL MILITAR........................................................................................11
TÓPICO 1.1 - CRIME MILITAR............................................................................................................12
TÓPICO 1.2 - PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL....................................13
TÓPICO 1.3 - ARTIGO 9º, DO CÓDIGO PENAL MILITAR.............................................................15
TÓPICO 1.4 - POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR...............................................................................40
CAPÍTULO 2 - INQUÉRITO POLICIAL MILITAR...........................................................................47
TÓPICO 2.1 - INTRODUÇÃO AO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR.........................................47
TÓPICO 2.2 - AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO (APFD).........................................64
CAPÍTULO 3 - PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO...................................................................92
TÓPICO 3.1 - SINDICÂNCIA................................................................................................................92
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................................104
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................105
REFERÊNCIAS DAS FIGURAS...........................................................................................................107
APRESENTAÇÃO
Possivelmente você já teve contato com alguns dos assuntos abordados nesta apostila,
contudo, outros serão apresentados a você pela primeira vez no decorrer do nosso estudo. O que
se pretende, ao explorarmos os tópicos tratados neste material de estudo, é capacitá-lo para
exercer as atribuições de um graduado em sua posição hierárquica, na qual serão exigidos
conhecimentos e habilidades para assessorar superiores e orientar equipes compostas por
militares mais modernos.
Ao longo da leitura você observará algumas estratégias que utilizamos para facilitar a sua
compreensão. Queremos que nosso contato seja proveitoso, agradável e que essa fase da sua vida
seja lembrada pelo sucesso alcançado por meio de seu esforço e sua dedicação. Passaremos
algumas horas juntos e a todo momento dialogaremos sobre assuntos os quais você convive
diariamente. É importante destacar que você será o “ator” nesta construção da própria
aprendizagem. Leia e responda todos os questionamentos, respeite os marcadores, pois a
metodologia utilizada na confecção deste material busca minimizar dúvidas, produzir reflexões e
desenvolver a sua aprendizagem. Compreender, interpretar, analisar e avaliar são pontos
importantes para a sua aprendizagem. Esperamos que nossa convivência contribua ainda mais
para seu aperfeiçoamento e desenvolvimento das habilidades necessárias para seu sucesso
profissional.
Antes de adentrarmos no estudo de que trata esta disciplina, é importante lembrar que,
durante o período de formação, foi abordado o ensino da disciplina “Justiça Militar”,
compreendendo na divisão didática em Código Penal Militar, Lei de Organização Judiciária
Militar e Conselho de Disciplina.
A partir dessa premissa, a disciplina “Direito Penal Militar e Administrativo” tem por
objetivo relembrar alguns conceitos, mas principalmente dar enfoque ao aspecto prático e
sistêmico do direito penal militar e administrativo.
Recentemente, ocorreram duas mudanças na legislação militar. Estas ocorreram por meio
da Lei nº 13.491/2017, que alterou o artigo 9º do Código Penal Militar, e da Lei nº 13.774/2018,
responsável por alterações na Lei de Organização da Justiça Militar da União (LOJM – Lei nº
8.457/1992).
Além do mais, em 2019, uma importante ferramenta foi divulgada pelo Ministério
Público Militar: o Manual de Polícia Judiciária Militar. Esse manual busca nortear todos os atos
desempenhados nas três Forças (Aeronáutica, Marinha e Exército), e foi utilizado na confecção
desta apostila, além de doutrinas, Instruções do Comando da Aeronáutica (ICA) e outros
materiais de apoio.
AD ASTRA ET ULTRA!
ESTRUTURA DA DISCIPLINA
Buscando atingir os objetivos específicos, a disciplina contará com uma carga horária de
39 (trinta e nove) tempos para instrução e 06 (seis) tempos para avaliação, distribuídos em 03
(três) unidades didáticas:
1. SINDICÂNCIA
Nesse sentido, a ciência militar visa assegurar e proteger os pilares das Forças Armadas: a
hierarquia e a disciplina militar, dispostos na Constituição Federal1.
É por esse motivo que Nucci (2019, p.3) afirma que “A constatação dos valores de
hierarquia e disciplina, como regentes da carreira militar, confere legitimidade à existência do
direito penal militar e da Justiça Militar”.
O crime militar tem previsão no Código Penal Militar (CPM) editado pelo Decreto-Lei
nº 1001, de 21 de outubro de 1969, mas com a recente mudança trazida pela Lei nº 13.491, de
2017, foram incluídos também como crimes militares, desde que somadas a algumas
circunstâncias, as legislações penais que elencam condutas delituosas.
Em contrapartida, o Código de Processo Penal Militar (CPPM) foi editado pelo Decreto-
Lei nº 1002, de 21 de outubro de 1969. É um ramo do direito voltado à atividade jurisdicional no
julgamento do acusado na prática de um crime militar.
1 Conforme art. 142, da Constituição Federal: “As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e
pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na
disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia
dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.
Ainda, é imperioso esclarecer que o Código Penal Militar é dividido em Parte Geral (art.
1º ao art. 135) e Parte Especial (art. 136 ao art. 410). A Parte Especial é subdividida em Livro I –
Dos Crimes Militares em Tempo de Paz e em Livro II – Dos Crimes Militares em Tempo de
Guerra.
Por fim, alguns crimes militares em tempo de paz serão analisados, correspondendo aos
mais comuns e praticados, mas antes é necessário abordar o conceito de crime militar.
O art. 124, da Constituição Federal esclarece que “à Justiça Militar compete processar e
julgar os crimes militares definidos em lei”.
Assim, coube ao Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/69) apontar as condutas que
serão definidas como crime militar, bem como indicar a pena a qual o agente estará sujeito caso
venha a descumprir a norma sancionadora.
Nesse sentido, dispõe o próprio art. 19 do Código Penal Militar que “este código não
compreende as infrações dos regulamentos disciplinares”.
Isso porque, como esclarecido por Loureiro Neto (2010), o delito (crime) pressupõe a
grave violação de uma norma legal, enquanto que uma infração disciplinar viola um regulamento
militar, por isso é menos grave.
Desta forma, o militar está sob a égide de diversos deveres e, quando comete um crime
castrense, viola tanto a norma legal, como também de um dever.
Nuci (2019, p. 33) esclarece que serão considerados os delitos militares próprios ou
autenticamente militares aqueles que “possuem previsão única e tão somente no Código Penal
1 Art. 8º, do Regulamento Disciplinar da Aeronáutica (RDAER) – Decreto nº 76.322/1975.
Militar, sem correspondência em qualquer outra lei, particularmente no Código Penal, destinado
à sociedade civil. Além disso, somente podem ser cometidos por militares – jamais por civis”. A
título de exemplo de crime militar próprio: motim e a revolta (art. 149 a 153, do CPM).
Nuci (2019, p.146) menciona que “denominam-se crimes militares impróprios os que
possuem dupla previsão, vale dizer, tanto no Código Penal Militar quanto no Código Penal
comum, ou legislação similar, com ou sem divergência de definição. Ou também o delito
previsto somente na legislação militar que pode ter o civil por sujeito ativo (grifo nosso)”. A
título de exemplo de crime militar impróprio: homicídio que tem previsão tanto no art. 205, do
CPM quanto no Código Penal comum (art. 121).
Cumpre esclarecer que no art. 10, do Código Penal Militar são encontradas as
circunstâncias dos crimes militares em tempo de guerra. Entretanto, esses delitos não serão
analisados neste estudo.
Por fim, como já mencionado, a definição de crime estará disposta sempre em lei. Tal
proteção encontra amparo constitucional por meio de um dos preceitos mais importantes, o
princípio da legalidade.
O Código Penal Militar, em seu artigo 1º, dispõe sobre um dos princípios mais
importantes, o Princípio da Legalidade, também conhecido como Princípio da Reserva Legal.
O referido artigo diz que:
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal.
Cumpre salientar que o Princípio também possui previsão no inciso XXXIX do art. 5º da
Constituição Federal.
O Princípio da Legalidade significa que toda conduta criminosa deverá estar prevista em
lei, assim, por mais que o estado brasileiro faça parte de tratados internacionais que possam
definir delitos, há necessidade de ter, previamente, a figura em lei.
Como esclarecido por Greco (2016, p.144) “a lei é a única fonte do Direito Penal quando
se quer proibir ou impor condutas sob a ameaça de sanção. Tudo o que não for, expressamente,
proibido é lícito em Direito Penal”. Além disso, o autor menciona sobre as quatro funções
fundamentais do princípio da legalidade:
É importante esclarecer que o art. 1º do Código Penal Militar também dispõe sobre o
Princípio da Anterioridade. Tal princípio deve ser entendido como a necessidade de existir lei
penal antes da prática do ilícito penal pelo infrator (ROSA, 2014).
Nucci (2019, p.11) diz que anterioridade “significa ser obrigatória a prévia existência de
lei penal incriminadora para que alguém possa ser processado e condenado, exigindo, também,
prévia cominação de sanção para que alguém possa sofrê-la”.
Quanto aos crimes militares impróprios, a Justiça Militar da União tem competência para
processar e julgar civis que venham a cometer tais delitos. Isso porque, conforme o art. 124, da
Constituição Federal, “À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares
definidos em Lei” (grifo nosso).
Isso significa que a competência da justiça militar abrange processar e julgar tanto o civil
quanto o militar que tenha cometido delito disposto no Código Penal Militar.
Diferente é o caso da Justiça Militar Estadual que, nos termos do §4º, do art. 125, da
Constituição Federal1, somente poderá processar e julgar os militares estaduais.
Nesse sentido, é imperioso esclarecer que o processamento e julgamento dos militares são
realizados pelos Conselhos Especiais de Justiça, destinados a julgar os oficiais (com exceção
de oficiais generais3), e pelos Conselhos Permanentes de Justiça, que julgam as praças.
1 Art.125, §4º, da CF/88: “Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos
crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e
da patente dos oficiais e da graduação das praças”.
2 Para melhor compreensão sobre a organização da Justiça Militar da União, leia as páginas 10 e 16 da Cartilha
“Conhecendo a Justiça Militar da União em quadrinhos. Disponível em:
<https://dspace.stm.jus.br/xmlui/handle/123456789/135217>.
3 Nos termos do art. 6º, inciso I, alínea “a”, da LOJM, “compete ao Superior Tribunal Militar processar e julgar
originalmente os oficiais generais das Forças Armadas, nos crimes definidos em lei”.
possuem competência para processar e julgar o civil. Assim, será competente o Juiz Federal da
Justiça Militar, monocraticamente4, para processar e julgar o civil que venha a praticar crime
militar, bem como, será competente no caso em que o militar venha a praticar crime com o civil,
conforme art. 30, inciso I-B, da Lei de Organização da Justiça Militar.
I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal
comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
f) revogada.
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os
do inciso II, nos seguintes casos:
4 Art. 30, I-B, da LOJM, “compete ao juiz federal da Justiça Militar, monocraticamente, processar e julgar civis
nos casos previstos nos incisos I e III do art. 9º do Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 (Código
Penal Militar) e militares, quando estes forem acusados juntamente com aqueles no mesmo processo”.
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de
natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem
pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em
obediência a determinação legal superior.
§1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.
§2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se
praticados no contexto:
- Desrespeito a superior
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
- Recusa de obediência
Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou
relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução:
Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Resultado mais grave - Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal ou morte, é
também aplicada a pena do crime contra a pessoa, atendendo-se, quando fôr o caso, ao disposto
no art. 159.
- Abandono de posto
Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido
designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo:
- Embriaguez em serviço
- Dormir em serviço
Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em
situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas,
ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante:
- Embriaguez ao volante
Art. 279. Dirigir veículo motorizado, sob administração militar na via pública,
encontrando-se em estado de embriaguez, por bebida alcoólica, ou qualquer outro inebriante:
Art. 290. Receber, preparar, produzir, vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, ainda que para uso próprio, guardar, ministrar ou entregar
de qualquer forma a consumo substância entorpecente, ou que determine dependência física ou
psíquica, em lugar sujeito à administração militar, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
- Desacato a superior
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
- Desacato a militar
Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui outro crime.
- Prevaricação
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
expressa disposição de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Além dos crimes indicados acima, outros delitos serão estudados ao longo das matérias.
Entretanto, sugere-se a leitura do material “Conhecendo a Justiça Militar da União em
quadrinhos”, que pode ser acessado por meio de link disponível no Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) > Biblioteca Virtual.
O inciso I dispõe sobre os crimes que têm previsão no Código Penal Militar com
definição diferente da lei penal comum ou aqueles que não têm previsão, independentemente do
agente ser militar ou civil. O inciso I diz que:
I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal
comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
Além disso, o inciso I dispõe sobre os crimes que só possuem previsão no Código Penal
Militar e só podem ser realizados por militares, isto é, os denominados crimes militares próprios.
Como exemplos destes, têm-se: Abandono de posto (art. 195, do CPM) (Figura 1A), Dormir em
serviço (art. 203, do CPM) (Figura 1B), Embriaguez em serviço (art. 202, do CPM) (Figura 1C).
FONTE: ADAPTADA DE PUBLIC DOMAINS VECTORS (2020); MONTEDO (2020); UNIVERSO HQ (2020).
Por exemplos, há o crime de uso indevido de uniforme militar (art. 172, do CPM), sendo
possível a conduta por militar ou civil, e o crime de criação de incapacidade física (art. 184, do
CPM), conduta praticada apenas por civil.
O Inciso II do Art. 9º do Código Penal Militar dispõe sobre os crimes com previsão tanto
neste como também abrange aqueles crimes previstos na legislação penal. O inciso II diz que:
Para que esses delitos sejam da competência da Justiça Militar da União serão analisados
com algumas condições, ou melhor, circunstâncias.
Dessa maneira, o termo legislação penal é amplo, podendo abranger não apenas os crimes
disciplinados no Código Penal Comum, mas também aqueles previstos em outras legislações,
por exemplo, crimes do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990), da Lei de
Abuso de Autoridade (Lei nº 13.869/2019), da Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021), como
também, a princípio, delitos da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), dentre outros.
Quanto a este último exemplo, Lei Maria da Penha, é explicado por Nuci (2019, p.35):
A alínea “a” dispõe sobre o crime praticado pelo militar da ativa 1 contra militar da ativa
(Figura 3). Conforme pode ser observado a seguir em sua transcrição:
Exemplo 1: Cabo que, durante partida de futebol, desfere soco em um soldado desafeto
(sabendo dessa qualidade de militar).
Conduta do Cabo: Crime de “Lesão Corporal (Leve)” – art. 209, do Código Penal Militar
c/c art. 9º, II, alínea “a” do Código Penal Militar.
Exemplo 2: Sargento de Dia, responsável pelo xadrez, que não cumpre alvará de soltura,
injustificadamente, ou seja, mantém o militar preso além do tempo necessário.
1 Conforme art. 6º, da Lei nº 6.880/80, “são equivalentes as expressões "na ativa", "da ativa", "em serviço
ativo", "em serviço na ativa", "em serviço", "em atividade" ou "em atividade militar" , conferidas aos
militares no desempenho de cargo, comissão, encargo, incumbência ou missão, serviço ou atividade militar ou
considerada de natureza militar nas organizações militares das Forças Armadas, bem como na Presidência da
República, na Vice-Presidência da República, no Ministério da Defesa e nos demais órgãos quando previsto em
lei, ou quando incorporados às Forças Armadas”.
2 Segundo o art. 12, do CPM, “O militar da reserva ou reformado, empregado na administração militar,
equipara-se ao militar em situação de atividade, para o efeito da aplicação da lei penal militar”.
Conduta do Sargento: Crime de “Abuso de autoridade” – art. 12, inciso IV, da Lei nº
13.869/2019 c/c art 9º, inciso II, alínea “a”, do Código Penal Militar.
Por fim, cabe esclarecer que o crime na situação de militar da ativa contra militar da ativa
é controversa, isso porque, de acordo com o CPM, a única condição é a de ser militar em
atividade, sem importar o local ou motivo pelo qual o crime tenha sido cometido. Entretanto, de
modo diverso é o entendimento jurisprudencial. Assim, a fim de conhecimento, segue julgado
sobre o assunto:
Compete à Justiça Militar julgar crime cujo autor e vítima sejam militares, desde que
ambos estejam em serviço e em local sujeito à administração militar. O mero fato de a vítima e
de o agressor serem militares não faz com que a competência seja obrigatoriamente da Justiça
Militar. O cometimento de delito por militar contra vítima militar somente será de competência
da Justiça Castrense nos casos em que houver vínculo direto com o desempenho da atividade
militar. STF. 1ª Turma. HC 135019/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 20/09/2016 (Info
840).
A alínea “b” dispõe sobre o crime praticado por militar da ativa contra militar da reserva
ou reformado e civil (Figura 4), mas dentro da Organização Militar. A alínea “b” diz que:
FONTE: ADAPTADA DE GARTIC (2020); SHUTTERSTOCK (2020); DEPOSITPHOTOS (2020); FREEPIK (2020).
A alínea “c” dispõe sobre o crime praticado por militar em serviço ou atuando em
atividade de natureza militar ou formatura, contra militar da reserva ou reformado e civil, mas
fora da Organização Militar (Figura 5). Na referida alínea consta que:
FIGURA 5 - MILITAR EM SERVIÇO, FORMATURA, ETC. QUE PRATICA CRIME CONTRA MILITAR INATIVO OU CIVIL
Conduta do Soldado: crime de “Abuso de autoridade” – Art. 9º, da Lei nº 13.869/2019 c/c
art. 9º, II, alínea “c” do Código Penal Militar.
A alínea “d” dispõe sobre o crime praticado contra militar da reserva ou reformado ou
civil, durante a realização de algum exercício ou manobra (Figura 6). A alínea “d” diz o
seguinte:
FIGURA 6 - MILITAR, DURANTE MANOBRA OU EXERCÍCIO, QUE PRATICA CRIME CONTRA MILITAR INATIVO OU CIVIL
Conduta da Sargento: crime de “Injúria” – Art. 216, do Código Penal Militar c/c art. 9º,
II, alínea “d” do Código Penal Militar.
A alínea “e” dispõe sobre o crime praticado por militar da ativa contra o patrimônio sob a
administração militar (Figura 7). A referida alínea diz que:
FIGURA 7 - MILITAR DA ATIVA QUE PRATICA CRIME CONTRA PATRIMÔNIO SOB ADMINISTRAÇÃO
MILITAR CONTRA A ORDEM ADMINISTRATIVA MILITAR
Exemplo 2: Um Segundo-Sargento que, após ter discutido com a esposa, chega ao seu
local de trabalho e quebra o computador da seção.
Conduta do Sargento: crime de “Dano qualificado” – Art. 261, inciso III, do Código
Penal Militar c/c art. 9º, II, alínea “d” do Código Penal Militar.
O Inciso III dispõe sobre as condutas criminosas cometidas pelos militares da reserva ou
reformado, bem como pelos civis, contra as instituições militares. Assim, compreende-se tanto
os crimes dispostos no Código Penal Militar ou previstos de modo diverso na legislação penal,
como também os crimes elencados em outras leis penais, desde que ocorram no contexto das
circunstâncias que constam nas alíneas “a”, “b”, “c”, “d” e “e” do Inciso III descritas ao longo do
texto. A transcrição do referido Inciso encontra-se a seguir:
“os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os
do inciso II, nos seguintes casos:”
Procure por exemplos do que foi visto até agora. Você já ouviu algo
sobre o que vimos em sua Organização Militar ou em outra? Compartilhe
sua experiência no fórum da disciplina!
A alínea “a” trata da hipótese do militar da reserva, reformado ou civil que vem a
cometer crime contra o patrimônio sob administração militar ou ordem administrativa militar
(Figura 8). A referida alínea diz que:
FIGURA 8 - MILITAR INATIVO OU CIVIL QUE PRATICA CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO SOB A ADMINISTRAÇÃO
MILITAR OU CONTRA A ORDEM ADMINISTRATIVA
Conduta do Suboficial: Crime de “Dano simples” - Art. 259, do Código Penal Militar c/c
art. 9º, inciso III, alínea “a”, do Código Penal Militar.
A alínea “b” trata da hipótese do militar da reserva, reformado ou civil, dentro de uma
Organização Militar, que comete crime contra militar da ativa ou funcionário da Justiça Militar,
exercendo a sua função (Figura 9). Na alínea “b” consta que:
FIGURA 9 - MILITAR INATIVO OU CIVIL QUE PRATICA CRIME, EM LUGAR SUJEITO À ADMINISTRAÇÃO MILITAR,
CONTRA MILITAR DA ATIVA OU CONTRA FUNCIONÁRIO DE MINISTÉRIO MILITAR OU DA JUSTIÇA MILITAR O
PATRIMÔNIO SOB A ADMINISTRAÇÃO MILITAR OU CONTRA A ORDEM ADMINISTRATIVA
FONTE: ADAPTADA DE GARTIC (2019); GOGRAPH (2020); PUBLIC DOMAIN VECTORS (2019); DEPOSIT PHOTOS
(2020).
Exemplo: civil que, ao entrar em uma Organização Militar, não cumpre a ordem da
sentinela que se encontrava no portão da guarda.
Conduta do civil: Crime de “Oposição a ordem de sentinela 1” - Art. 164, do Código Penal
Militar c/c art. 9º, inciso III, alínea “b”, do Código Penal Militar.
A alínea “c” trata de militar da reserva, reformado ou civil que comete crime contra
militar em: formatura, durante período de prontidão, acampamento, dentre outras hipóteses
(Figura 10). A referida alínea encontra-se transcrita a seguir:
FIGURA 10 - MILITAR INATIVO OU CIVIL QUE PRATICA CRIME CONTRA MILITAR EM FORMATURA, DURANTE PERÍODO
DE PRONTIDÃO, ETC.
FONTE: ADAPTADA DE FREEPIK (2020); DEPOSITPHOTOS (2020); FREEPIC (2020).
Conduta do civil: Crime de “Lesão corporal” - Art. 209, do Código Penal Militar c/c art.
9º, inciso III, alínea “c”, do Código Penal Militar.
Alínea “d” trata do caso em que o militar da reserva, reformado ou civil, fora da
organização militar, comete crime contra militar em serviço de natureza militar (Figura 11). A
alínea “e” encontra-se transcrita a seguir:
“ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de
natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem
pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em
obediência à determinação legal superior.”
FIGURA 11 - MILITAR INATIVO OU CIVIL QUE PRATICA CRIME CONTRA MILITAR EM FUNÇÃO DE NATUREZA MILITAR,
OU NO DESEMPENHO DE SERVIÇO DE VIGILÂNCIA, ETC.
Conduta do civil: Crime de “Desacato” - Art. 299, do Código Penal Militar c/c art. 9º,
inciso III, alínea “d”, do Código Penal Militar.
O Código Penal Militar trata, em especial, sobre a competência da Justiça Comum para
processar e julgar crimes militares que sejam dolosos contra a vida de civil.
Além disso, é uma previsão constitucional disposta no art. 5º, inciso XXXVIII, alínea
“d”, da CF/88:
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
[...]
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; (grifo nosso)
Entretanto, a competência da Justiça Militar da União foi alterada, por meio da Lei nº
13.491/2017, passando a processar e julgar crimes dolosos contra a vida de civil, diante de
algumas circunstâncias. Assim, foi incluído o parágrafo 2º no art. 9º, do CPM, conforme será
esclarecido no item 1.2.4.1.
Inicialmente, os crimes dolosos contra a vida no Código Penal Militar estão dispostos
nos artigos 205, 207 e 208, sendo eles:
Homicídio simples
Art. 207. Instigar ou induzir alguém a suicidar-se, ou prestar-lhe auxílio para que o faça,
vindo o suicídio consumar-se:
Genocídio
Diante dessa análise prévia, vamos estudar cada um dos parágrafos do dispositivo
mencionado.
“Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri”.
Em continuidade com o estudo do art. 9º, o parágrafo 1º diz respeito aos crimes dolosos
contra a vida, pois, embora sejam crimes militares no contexto das hipóteses do inciso II do art.
9º, o Inquérito Policial Militar ou o Auto de Prisão em Flagrante será remetido à Justiça Militar
da União, para que sejam analisados os fatos e, posteriormente, se comprovado o crime doloso
contra vida, os autos deverão remetidos à Justiça Comum, que possui a competência para
processar e julgar.
Nesse sentido, é respondido o questionamento trazido por Neves (2018): “pode haver
exercício de polícia judiciária militar em casos de crimes que não sejam de competência da
Justiça Militar? A resposta é em sentido afirmativo, e diz respeito ao crime doloso contra vida de
civil (p. 282)”.
Assim aduz o §2º, do art. 82, do Código de Processo Penal Militar: “Nos crimes dolosos
contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar encaminhará os autos do inquérito
policial militar à justiça comum”.
Exemplo: Oficial médico militar que realiza aborto em Sargento grávida, com o seu
consentimento, em um hospital militar.
Nesse caso, em tese, trata-se de crime militar, pois os autores são militares, o crime
ocorreu dentro de hospital militar, contra civil (feto). Contudo, conforme parágrafo 1º, do art. 9º,
do CPM, a competência para processar e julgar será do Tribunal do Júri.
Os crimes de que trata esse artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares
das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se
praticados no contexto:
Feita a leitura do dispositivo, o parágrafo 2º dispõe que o crime doloso contra a vida de
civil, se cometidos por militares contra civis, no contexto das circunstâncias supracitadas, não
serão da competência do Tribunal do Júri (parágrafo 1º), mas, sim, da competência da Justiça
Militar da União (Figura 12).
O inciso II trata:
“de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo
que não beligerante”.
Exemplo: Soldado, sentinela de um paiol, que realiza disparo e mata uma pessoa (civil)
que adentrava clandestinamente no quartel.
Exemplo 1: Sargento que comete homicídio doloso contra vida de civil durante operação
de segurança no combate de crime transfronteiriço.
1 Conforme art. 243, do CPPM: “Qualquer pessoa poderá e os militares deverão prender quem for insubmisso ou
desertor, ou seja, encontrado em flagrante delito”.
administrador que lhe permite condicionar, restringir, frenar o exercício de atividade, o uso e o
gozo de bens e direitos pelos particulares, em nome do interesse da coletividade”.
Como exemplos1 de atos de poder de polícia, temos as normas regulando o uso de fogos
de artifício ou que proíbem soltar balões, interdição de hotel utilizado para prática de crimes,
fechamento de estabelecimento comercial que é aberto sem respeitar as regras sanitárias, vistoria
de veículos, dentre outros.
Assim, conforme conceituado por Neves (2018, p. 288),“o exercício da polícia judiciária
inicia-se após a ocorrência do fato criminoso, buscando, pois, investigar as circunstâncias do
crime, com o escopo de indicar a verdade dos fatos, de esclarecer se ele ocorreu (materialidade)
e, nesse caso, quem o praticou (autoria)” (grifo nosso).
a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à
jurisdição militar, e sua autoria;
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as
informações necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as
diligências que por eles lhe forem requisitadas;
1 MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 10 ed., São Paulo: Saraiva, 2016. p. 288.
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda e
responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código, nesse sentido;
f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à elucidação
das infrações penais, que esteja a seu cargo;
Ainda, importante acrescentar que a polícia judiciária militar é exercida pelas autoridades
elencadas no art. 7º, do Código de Processo Penal Militar, significando que são as autoridades
originárias. Segue o artigo:
Art. 7º A polícia judiciária militar é exercida nos termos do art. 8º, pelas seguintes
autoridades, conforme as respectivas jurisdições:
b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por
disposição legal, estejam sob sua jurisdição;
e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e
unidades dos respectivos territórios;
Delegação do exercício
1 Presidente do auto de prisão em flagrante delito: item 2.4, do Manual de Polícia Judiciária Militar.
2 Para melhor compreensão sobre a Instrução Provisória de Insubmissão, leia as páginas 55 a 59 do Manual de
Polícia Judiciária Militar.
É importante ter em mente que, diante de indícios de crime, o militar de serviço atua com
competência de polícia judiciária militar e deverá reprimir a conduta criminosa.
Se for o caso, deverá comunicar a autoridade sobre os fatos para eventual abertura de
inquérito policial militar. Entretanto, caso haja caso de flagrância, o militar deverá efetuar a voz
de prisão.
Caso haja omissão, o militar poderá responder pelo crime de prevaricação (art. 319, do
Código Penal Militar.
Como exemplo da doutrina, Nucci (2019) explana sobre a “conduta do delegado que,
devendo instaurar inquérito policial, ao tomar conhecimento da prática de um crime de ação
pública incondicionada, não o faz, porque não quer trabalhar demais (p.588).”
Processual - cabe ao juiz da instrução criminal dirigir o processo que visa a comprovação
judicial sobre uma acusação ou arquivamento do inquérito de modo a melhor proteger os
interesses das partes de um processo penal.
Execução Penal - findo o processo, sendo a decisão condenatória, passa-se a última fase,
o cumprimento da sentença.
O Poder de Polícia Judiciária Militar está previsto de forma implícita no art. 144 §4º, da
Constituição Federal, quando afirma que às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a
apuração das infrações penais, exceto as militares.
resumir!
Bem, agora que você já cumpriu uma etapa da missão, que tal avaliar seu
grau de assimilação em relação ao conteúdo que foi visto neste capítulo?
Não se preocupe caso não saiba responder prontamente. A proposta é que
você consulte as suas anotações ou produza um debate com algum
companheiro. Você pode usar o fórum entre pares no EEAR Virtual. O
importante é que você resolva os exercícios abaixo.
Descreva com as suas palavras as competências da Polícia Judiciária Militar. Não apenas
as relacione, mas busque descrevê-las em um único texto discursivo.
“Art. 9º O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos legais,
configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja
finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal.”
Nos termos do art. 16, do CPPM, o inquérito é de caráter sigiloso, contudo o seu
encarregado pode permitir que dele tome conhecimento o advogado do indiciado.
Assim, ainda que inquisitorial, o investigado, por meio de seu Advogado, pode
acompanhar os procedimentos, conforme assegurado pelo inciso XIV do art. 7º, do Estatuto da
OAB:
Ademais, é direito expresso do Advogado, nos termos do inciso XXI do art. 7º, do
Estatuto do advogado1, assistir seu cliente investigado no interrogatório ou depoimento, bem
como apresentar razões e quesitos.
apesar de o inquérito policial não obedecer a uma ordem legal rígida para a realização
dos atos, isso não lhe retira a característica de procedimento, já que o legislador estabelece
uma sequência lógica para a sua instauração, desenvolvimento e conclusão (grifo nosso).
1 Art. 7º São direitos do advogado: […] XXI – assistir a seus clientes investigados durante a apuração de
infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de
todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente,
podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesitos; b) vetado.
2 Manual de Polícia Judiciária Militar: http://www.mpm.mp.br/manualdepoliciajudiciariamilitar/
Esse manual deve ser consultado e aplicado pelo encarregado do Inquérito e o escrivão,
pois nele se encontram todos os modelos dos documentos a serem elaborados, bem como as
explicações mais detalhadas sobre cada ato de Polícia Judiciária Militar a ser executado.
Cumpre mencionar que o Inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência
requisitada pelo Ministério Público, quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por
documentos ou outras provas materiais, no caso de crimes contra a honra, diante de escrito ou
publicação que o autor é identificado e, por fim, na situação dos crimes de desacato e
desobediência a decisão judicial.
Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência requisitada pelo
Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas
materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, cujo autor
esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos arts. 3411 e 3492 do Código Penal Militar. (grifo nosso)
Por fim, outra situação a ser mencionada é o crime de Denunciação caluniosa, prevista
no art. 343, do CPM, em que poderá responder por esse crime aquele que venha a “Dar causa à
instauração de inquérito policial ou processo judicial militar contra alguém, imputando-lhe crime
sujeito à jurisdição militar, de que o sabe inocente”.
Art. 15. Será encarregado do inquérito, sempre que possível, oficial de posto não
inferior ao de capitão ou capitão-tenente; e, em se tratando de infração penal contra a
segurança nacional, sê-lo-á, sempre que possível, oficial superior, atendida, em cada caso, a
sua hierarquia, se oficial o indiciado.
1 Art.341. Desacatar autoridade judiciária militar no exercício da função ou em razão dela: Pena - reclusão, até
quatro anos.
2 Art. 349. Deixar, sem justa causa, de cumprir decisão da Justiça Militar, ou retardar ou fraudar o seu
cumprimento: Pena - detenção, de três meses a um ano.
Encarregado, tomar a termo os depoimentos, dentre outras funções, utilizando, por analogia, o
art.3º, alínea “e”, do CPPM combinado com o art. 152, do Código de Processo Civil3.
Importante destacar que o Art. 11, do CPPM, dispõe sobre o posto e graduação do
escrivão em relação ao indiciado (Figura 22).
O Inquérito é instaurado por meio de Portaria, diante da notitia criminis, que significa o
conhecimento de um fato, em tese, criminoso, com previsão do Código Penal Militar e que
necessita de esclarecimentos, ou seja, da investigação.
3 NEVES, Cícero Robson Coimbra. Manual de direito processual penal militar. 3 ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2018. p. 336.
Dessa forma, o Inquérito Policial Militar pode ser instaurado pelas hipóteses motivadoras
acima, sendo elas de ofício ou por provocação (requisição, determinação).
Vejamos:
a) PRAZOS
Os prazos para a conclusão do Inquérito Policial Militar estão dispostos no art. 20, do
CPPM. Inicialmente, o Inquérito deverá terminar dentro do prazo de 20 (vinte) dias, se o
indiciado estiver preso. Entretanto, se o indiciado estiver solto, o inquérito poderá ser finalizado
no prazo de 40 (quarenta) dias, sendo possível uma prorrogação por mais 20 (vinte) dias, caso
sejam necessárias diligências (Figura 23).
Conforme art. 21, do CPPM, todas as peças do Inquérito devem ser colocadas em ordem
cronológica, formando um só processo. Além disso, o escrivão deve rubricar todas as páginas e
numerá-las.
Em relação aos modelos e peças que compõem o IPM, como já alertado, o Encarregado e
Escrivão devem sempre consultar o Manual de Polícia Judiciária Militar. Entretanto, é oportuno
mencionar alguns dos conceitos1 sobre documentos que fazem parte dos autos e que estão
dispostos no item 3.13.3 do Manual:
1 Manual de Polícia Judiciária Militar, Brasília, DF: MPM, 2019. Disponível em:
<http://www.mpm.mp.br/manualdepoliciajudiciariamilitar/>. p. 29 e 30.
A fim de deixar ainda mais claro a organização dos autos, segue a Ordem de Autuação
(Figura 24):
c) OITIVAS
Outro ponto relevante em relação ao assunto apresentado neste tópico diz respeito à
ordem das oitivas. Conforme o Manual de Polícia Judiciária Militar, de preferência, a oitiva
deverá obedecer a seguinte ordem: testemunha(s), ofendido(s), se houver, e, por último, o(s)
indiciado(s).
Ressalta-se que essa ordem poderá ser alterada ao analisar a necessidade de cada
situação. Essa alteração na ordem das oitivas poderá ser feita, visando-se inclusive não perder a
informação obtida. Além disso, poderá haver mais de uma oitiva da mesma pessoa, se necessário
para elucidar o caso.
Cabe esclarecer que a testemunha não deverá ser inquirida por mais de 4 (quatro) horas
consecutivas. No caso, será lhe facultado um descanso de 30 (trinta) minutos, caso haja
necessidade de um período superior a 4 (quatro) horas para a inquirição da testemunha.
Além do mais, o depoimento que não for finalizado até as 18 horas será encerrado e
prosseguido no dia seguinte, em hora determinada pelo encarregado do IPM, tudo conforme o
§2º, do art. 19, do CPPM.
Outro ponto relevante é o crime de Falso Testemunho, previsto no art. 346, do CPM:
Art. 346. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha, perito,
tradutor ou intérprete, em inquérito policial, processo administrativo ou judicial, militar:
Assim, nos termos do parágrafo 2º, do art. 352 estarão isentos do compromisso os
doentes e deficientes mentais e os menores de 14 anos, bem como as pessoas elencadas no art.
354, do CPPM:
Importante ressaltar ainda que, nos termos do Manual de Polícia Judiciária 1, o indiciado e
o ofendido estarão isentos do compromisso.
Assim, caso a testemunha faça afirmação falsa ou negue dizer a verdade, incorrerá no
crime de falso testemunho.
3. Conclusão.
Nesse sentido, o encarregado, com bases nas provas escolhidas, indicará no relatório se
houve ou não crime militar, se há indícios de transgressão disciplinar, bem como se manifestará
1 Manual de Polícia Judiciária Militar, Brasília, DF: MPM, 2019. Disponível em:
<http://www.mpm.mp.br/manualdepoliciajudiciariamilitar/>. p. 32.
2 Manual de Polícia Judiciária Militar, Brasília, DF: MPM, 2019. Disponível em:
<http://www.mpm.mp.br/manualdepoliciajudiciariamilitar/>. p. 32. p. 35.
sobre a pertinência de decretar a prisão preventiva do indiciado, conforme os artigos 254 e 255
do CPPM.
Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu encarregado
mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicação
do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá se há infração
disciplinar a punir ou indício de crime, pronunciando-se, neste último caso, justificadamente,
sobre a conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos termos legais.
Sendo assim, para fins de conhecimento, a seguir, encontra-se a Figura 27 com a divisão
das Auditorias e Circunscrições Judiciárias:
1 Para melhor compreensão sobre a organização da Justiça Militar da União, leia as páginas 10 e 16 da Cartilha
“Conhecendo a Justiça Militar da União em quadrinhos. Disponível em:
<https://dspace.stm.jus.br/xmlui/handle/123456789/135217>.
Importante ainda ressaltar que, muito embora fique constatado que o fato não tenha
caracterizado crime militar, como no caso de transgressão disciplinar, a autoridade que
determinou a instauração do IPM (Comandante/Diretor/Chefe) não poderá determinar o
arquivamento do IPM, ou seja, deverá encaminhar os autos à CJM.
Isso porque, nos termos do art. 24, do CPPM, o arquivamento do Inquérito só poderá ser
feito pelo Juiz, mediante pedido do Ministério Público Militar.
“A autoridade militar não poderá mandar arquivar autos de inquérito, embora conclusivo
da inexistência de crime ou de inimputabilidade do indiciado”.
Nesse sentido, ainda que o Inquérito tenha sido arquivado, não há impedimento para a
instauração de novo IPM, se surgirem novas provas.
resumir!
Ufa! Quanta coisa vimos até aqui não foi mesmo? Ainda falta
muitas coisas para aprendermos e estudarmos juntos, não desanime e
vamos em frente!
Dispõe o art. 243, do Código Processual Penal Militar, que:
Importante esclarecer que a regra é que ninguém será cerceado de sua liberdade, senão
em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada, além do caso de transgressão militar ou
crime propriamente militar (Figura 28), conforme art. 5°, LXI da Constituição Federal de 1988:
“art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
[...]
XLI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei”.
A prisão em flagrante está prevista no art. 244, do Código de Processo Penal Militar:
b) acaba de cometê-lo;
c) é perseguido logo após o fato delituoso em situação que faça acreditar ser ele o autor;
d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos, material ou papéis que façam
presumir a sua participação no fato delituoso.
1 NEVES, Cícero Robson Coimbra. Manual de direito processual penal militar. 3 ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2018. p. 376.
Em conformidade com o art. 244 do Código Processual Penal Militar, podemos encontrar
como espécies de flagrância: a própria, a imprópria e a ficta ou presumida2.
No caso de flagrante próprio, o agente está praticando o delito (art. 244, alínea “a”, do
CPPM), ou seja, é surpreendido quando está executando a ação. Assim, a autoridade que
presenciou o fato tem conhecimento exato da autoria do delito2.
Nesse caso, o Sargento deverá dar voz de prisão ao soldado pela situação de flagrante
próprio.
2 NEVES, Cícero Robson Coimbra. Manual de direito processual penal militar. 3 ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2018. p. 377.
2 Ibidem, p. 377.
3 Ibidem, p. 377.
Já no flagrante impróprio, o agente que praticou o crime é perseguido logo após ter
realizado o delito, devendo existir circunstâncias comprobatórias que apontem sua execução (art.
244, alínea “c”, do CPPM).
Nesse momento, o Comandante da Patrulha dará a voz de prisão pelo crime de Peculato
(art. 303, do Código Penal Militar) em situação de flagrante impróprio, também chamado de
quase flagrante (Figura 30).
Exemplo: Ao ser realizada uma revista em todos os armários de um alojamento, por ter
notícias de possível tráfico de entorpecentes entre os recrutas, foram encontradas pequenas
porções de drogas e grande quantidade de dinheiro no armário de um Sargento da Companhia.
Considerando que a utilização do armário é exclusiva daquele Sargento, as evidências
encontradas permitem presumir ser ele o autor do tráfico.
Por esse motivo, o Militar responsável pela revista deverá dar voz de prisão ao Sargento,
em decorrência do crime de Tráfico ou Posse de Entorpecente (Art. 290, do Código Penal
Militar) (Figura 31).
Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável
na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível:
1 NEVES, Cícero Robson Coimbra. Manual de direito processual penal militar. 3 ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2018. p. 378.
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das
coisas, enquanto necessário;
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias.
Ao final do APFD, o preso receberá a nota de culpa assinada pela autoridade competente,
devendo conter o motivo da prisão, o nome do condutor e, caso haja, o nome das testemunhas.1
uma vez designada, efetuar a condução do preso à presença do juiz, nos termos da alínea h, do
artigo 8º, CPPM.
A lavratura do Auto de Prisão em Flagrante Delito corresponde a uma das fases da prisão
em flagrante. A prisão em flagrante tem 4 (quatro) fases (Figura 32):
Vejamos o assunto sob a ótica de Lima (2014 apud NEVES, 2018, p. 376):
O auto de prisão terá o seu início assim que o autor da infração penal for conduzido à
autoridade policial judiciária militar (normalmente o Ofício de Dia), uma vez que esta irá
deliberar o andamento de todos os procedimentos realizados no Auto de Pisão em Flagrante
Delito.
a) ESCRIVÃO
Nos demais casos, poderá ser designado um subtenente, suboficial ou sargento. Ainda
assim, na falta ou impedimento de escrivão ou das pessoas referidas no parágrafo anterior, a
autoridade designará para lavrar o auto qualquer pessoa idônea, que, para esse fim, prestará o
compromisso legal.
b) CONDUTOR
Cabe mencionar que o art. 245, parágrafo 1º, do Código de Processo Penal Militar dispõe
que, sendo o preso menor de idade, deverá a autoridade competente apresentá-lo, imediatamente,
ao juiz de menores1.
Portanto, respeitando assim, o art. 228 da Constituição Federal de 1988, que esclarece
sobre a inimputabilidade penal dos menores de 18 (dezoito) anos, combinado com o art. 50 do
Código Penal Militar.
Nesse sentido, nos termos do art. 48, do Código Penal Militar, não será considerado
imputável aquele que não tem capacidade de entender o ato ilegal que praticou, ou ainda, é
proveniente de doença mental incompleta ou considerado retardado.
Além do mais, é pertinente esclarecer, também, que qualquer pessoa pode dar voz de
prisão quando presenciar alguma conduta tipificada como ilícito penal, porém, para realizar a
condução do preso militar, o condutor deverá ser de posto acima, devendo, posteriormente, a voz
de prisão ser ratificada pelo Presidente do auto de Prisão em Flagrante Delito2.
Art. 73. O acusado que for oficial ou graduado não perderá, embora sujeito à disciplina
judiciária, as prerrogativas do posto ou graduação. Se preso ou compelido a apresentar-se em
juízo, por ordem da autoridade judiciária, será acompanhado por militar de hierarquia superior a
sua.
Por fim, quem deu a voz de prisão e todos aqueles que presenciaram o crime deverão ser
encaminhados ao presidente do Auto de Prisão em Flagrante3.
c) PRESO OU INDICIADO
1 Maiores informações a respeito da apreensão de menores no Item 2.7.2.2, do Manual de Polícia Judiciária
Militar.
2 Manual de Polícia Judiciária Militar, item 2.4, p. 16.
3 Condutor: item 2.4, do Manual de Polícia Judiciária Militar
O Preso ou indiciado é reconhecido como a pessoa que cometeu o delito, devendo ser
conduzida à autoridade de polícia judiciária.
Neste sentido, importante a leitura dos artigos 302, 304 e 306 do CPPM:
Art. 302. O acusado será qualificado e interrogado num só ato, no lugar, dia e hora
designados pelo juiz, após o recebimento da denúncia; e, se presente à instrução criminal ou
preso, antes de ouvidas as testemunhas.
Art. 304. Se houver mais de um acusado, será cada um deles interrogado separadamente.
Art. 306. O acusado será perguntado sobre o seu nome, naturalidade, estado, idade,
filiação, residência, profissão ou meios de vida e lugar onde exerce a sua atividade, se sabe ler e
escrever e se tem defensor. Respondidas essas perguntas, será cientificado da acusação pela
leitura da denúncia e estritamente interrogado da seguinte forma:
a) onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta e de que
forma;
c) se conhece as provas contra ele apuradas e se tem alguma coisa a alegar a respeito das
mesmas;
d) se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer dos objetos
com ela relacionados e que tenham sido apreendidos;
f) se, não sendo verdadeira a imputação, sabe de algum motivo particular a que deva
atribuí-la ou conhece a pessoa ou pessoas a que deva ser imputada a prática do crime e se com
elas esteve antes ou depois desse fato;
g) se está sendo ou já foi processado pela prática de outra infração e, em caso afirmativo,
em que juízo, se foi condenado, qual a pena imposta e se a cumpriu;
§ 1º Se o acusado declarar que não tem defensor, o juiz dar-lhe-á um, para assistir ao
interrogatório. Se menor de vinte e um anos, nomear-lhe-á curador, que poderá ser o próprio
defensor.
Caso de confissão
b) sobre se outras pessoas concorreram para ela, quais foram e de que modo agiram.
Negativa da imputação
d) TESTEMUNHA
A testemunha reconhecida como a pessoa que presenciou o crime ou que detenha alguma
informação que trará maior esclarecimento para o delito praticado pelo preso ou indiciado.
Em seu depoimento, devem ser observados os itens estabelecidos no art. 352, caput, do
CPPM, então vejamos:
Art. 352. A testemunha deve declarar seu nome, idade, estado civil, residência, profissão
e lugar onde exerce atividade, se é parente, e em que grau, do acusado e do ofendido, quais as
suas relações com qualquer deles, e relatar o que sabe ou tem razão de saber, a respeito do fato
delituoso narrado na denúncia e circunstâncias que com o mesmo tenham pertinência, não
podendo limitar o seu depoimento à simples declaração de que confirma o que prestou no
inquérito. Sendo numerária ou referida, prestará o compromisso de dizer a verdade sobre o que
souber e lhe for perguntado.
e) OFENDIDO
O ofendido é considerado a pessoa que sofreu o delito praticado com a lesão, ou ameaça
de lesão, a algum bem jurídico seu. Importante esclarecer, que em algumas circunstâncias, não
haverá registro do ofendido (morte, internação)1.
Assim sendo, em conformidade com o art. 311, caput, do CPPM, podemos evidenciar
algumas questões que devem ser realizadas ao ofendido em seu depoimento, quando possível,
tais como: as circunstâncias do delito, se há indicação de algum autor ou se presume, verificar se
constitui algum elemento que possa ser utilizado como meio comprobatório e ao redigir tudo a
termo as suas declarações.
Então vejamos:
Art. 311. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as
circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser seu autor, as provas que possa
indicar, tomando-se por termo as suas declarações.
PROCEDIMENTOS
Os atos de produção das peças do auto de prisão em flagrante delito devem ser
relacionados de forma estruturada e respeitando as ordens dos documentos a serem incluídos no
interior do APDF.
1 Manual de Polícia Judiciária Militar, Brasília, DF: MPM, 2019. Disponível em:
<http://www.mpm.mp.br/manualdepoliciajudiciariamilitar/>. p. 16.
1. capa;
2. qualificação do preso;
3. portaria;
8. nota de culpa;
12. relatório;
Vamos ter que admitir que são muitos conceitos não é mesmo? Se
não nos organizarmos para estudar não será proveitoso, não concorda? Não
deixe de realizar as atividades e exercícios propostos e vamos em frente!
1 Para melhor compreensão sobre a organização da Justiça Militar da União, leia as páginas 10 e 16 da Cartilha
“Conhecendo a Justiça Militar da União em quadrinhos. Disponível em:
<https://dspace.stm.jus.br/xmlui/handle/123456789/135217>.
resumir!
A Instrução Provisória de Deserção (IPD) tem previsão nos artigos 451 e seguintes do
Código de Processo Penal Militar, e tem o objetivo de apurar os crimes dos arts. 187, 188, I a III,
e 192, do Código Penal Militar, todos eles consumados após o transcurso de oito dias de um ato
específico (retorno de férias, falta ao serviço, fuga, etc.).
O Código Penal Militar aponta duas espécies de deserção: deserção comum (art. 187) e
especial (art. 190). Além disso, dispõe sobre os casos assimilados ao crime de deserção (art. 188)
e a figura do crime de Concerto para Deserção (art. 191) e Deserção por Evasão e Fuga (art.
192).
Para fins de estudos, faremos a leitura apenas dos artigos 187, 188 e 190:
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em
que deve permanecer, por mais de oito dias:
I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de trânsito ou
férias;
III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito dias;
Pena - detenção, até três meses, se após a partida ou deslocamento se apresentar, dentro
de vinte e quatro horas, à autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, à autoridade policial,
para ser comunicada a apresentação ao comando militar competente.
Aumento de pena
Um dos pontos mais importantes que a administração deve observar é a contagem dos
prazos, visto que o início da contagem do período de graça se inicia no primeiro dia após a falta
injustificada1.
Caso o militar ausente retorne antes do 8º dia, o crime de deserção não será consumado,
devendo a conduta irregular ser apurada na esfera disciplinar, ou seja, com a instauração de
Formulário de Apuração de Transgressão Disciplinar (RDAER).
1 Manual de Polícia Judiciária Militar, Brasília, DF: MPM, 2019. Disponível em:
<http://www.mpm.mp.br/manualdepoliciajudiciariamilitar/>. p. 48.
2 Ibidem, p. 48.
Os crimes de deserção previstos no Código Penal Militar, uma vez consumados, vão
estabelecer procedimentos a serem observados pelas autoridades competentes. Tais atos visam
assegurar à administração a legalidade processual. Trataremos de alguns desses procedimentos
neste tópico.
Vejamos o Art. 451 do Código Penal Militar que trata do crime de deserção:
Art. 451. Consumado o crime de deserção, nos casos previstos na lei penal militar, o
comandante da unidade, ou autoridade correspondente, ou ainda autoridade superior,
fará lavrar o respectivo termo, imediatamente, que poderá ser impresso ou datilografado, sendo
por ele assinado e por duas testemunhas idôneas, além do militar incumbido da lavratura.
O art. 451, do CPPM, inicia esclarecendo sobre o Termo de Deserção, contudo, antes
desse documento, é necessário registrar a ausência do militar.
Por esse motivo, a autoridade competente (geralmente o chefe do militar ausente) deverá
redigir uma Parte de Ausência (Art. 456, do CPPM), atualmente o documento é o Ofício,
endereçada ao Comandante da Unidade, reportando a ele o dia inicial da falta. Esse documento é
a peça utilizada para iniciar a contagem do período de graça.
Por fim, a Parte de Ausência, em seu corpo textual, deverá conter todas as informações
relacionadas à falta, além das informações pessoais do militar, como por exemplo: nome
completo, identidade civil e militar, CPF, endereço, nome da mãe, nome do pai, histórico militar,
etc1.
Art. 456. Vinte e quatro horas depois de iniciada a contagem dos dias de ausência de
uma praça, o comandante da respectiva subunidade, ou autoridade competente, encaminhará
parte de ausência ao comandante ou chefe da respectiva organização, que mandará inventariar o
material permanente da Fazenda Nacional, deixado ou extraviado pelo ausente, com a
assistência de duas testemunhas idôneas.
Ademais, conforme o Manual de Polícia Judiciária 2, é necessário que o Chefe imediato
do militar ausente providencie diligências para impedir que este venha a consumar o crime de
deserção.
1 Manual de Polícia Judiciária Militar, Brasília, DF: MPM, 2019. Disponível em:
<http://www.mpm.mp.br/manualdepoliciajudiciariamilitar/>. p. 53.
2 Ibidem, p. 52.
3 Parte de Deserção, item 5.3.3, do Manal de Polícia Judiciária Militar.
4 Da lavratura do Termo de Deserção, Da Publicação em Boletim da Unidade e da Remessa do Termo de
Deserção, item 5.3.4, do Manual de Polícia Judiciária Militar.
1 Para melhor compreensão sobre a organização da Justiça Militar da União, leia as páginas 10 e 16 da Cartilha
“Conhecendo a Justiça Militar da União em quadrinhos. Disponível em:
<https://dspace.stm.jus.br/xmlui/handle/123456789/135217>.
porém, pelo fato de, nesse caso, a Parte informando sobre a Deserção anteceder o Termo de
Deserção.
Em virtude disso, logo após esses procedimentos, todos os documentos, juntos ao Termo
de Deserção, deverão ser encaminhados ao Juízo Militar, conforme dispõe o § 4°, do art. 456, do
Código de Processo Penal Militar:
§4º Consumada a deserção de praça especial ou praça sem estabilidade, será ela
imediatamente excluída do serviço ativo. Se praça estável, será agregada, fazendo-se, em ambos
os casos, publicação, em boletim ou documento equivalente, do termo de deserção e remetendo-
se, em seguida, os autos à auditoria competente.
Caso o desertor seja praça sem estabilidade e venha a ser considerado “apto”, deverá ser
reincluído ao serviço militar, nos termos do Art. 457, §1º, do CPPM:
Por fim, caso o desertor sem estabilidade seja considerado incapaz na inspeção de saúde,
este não poderá ser reincluído. O resultado deverá ser remetido à Justiça Militar, com urgência,
para fins de manifestação do Ministério Público Militar sobre o caso e quais medidas
administrativas a Unidade Militar deverá adotar2.
resumir!
Que tal mais uma lista de exercícios? Você está indo muito bem,
meus parabéns, mas devemos continuar!
Descreva com suas palavras a deserção de praças com estabilidade e sem estabilidade.
Vamos nessa?
A garantia constitucional à ampla defesa (art. 5º, inciso LV) assegura aos litigantes, em
geral, a faculdade de produzir elementos necessários para o esclarecimento dos fatos que lhe são
imputados, bem como o direito de se omitirem, se assim julgarem pertinente.
Nesse ponto assevera Marinela (2016, p.89) que “esse princípio deve assegurar à parte a
garantia de defesa, conferindo ao cidadão o direito de alegar e provar o que alega, podendo se
valer de todos os meios e recursos disponibilizados para a busca da verdade real”.
Nesse sentido, o Capítulo 5, da ICA 111-2 dispõe sobre as garantias que o Sindicado terá
no decorrer da Sindicância.
Cumpre esclarecer que o Sindicado é interpretado como a pessoa a quem será imputada a
prática da ocorrência, nos termos do item 1.2.10, da ICA 111-2.
Diante disso, terá direito de acompanhar o processo, apresentar defesa prévia e alegações
finais, arrolar testemunhas, assistir aos depoimentos, solicitar reinquirições, requerer perícias,
juntar documentos, obter cópias dos autos, formular quesitos em carta precatória e em prova
pericial e requerer o que entender necessário ao exercício de seu direito de defesa1.
O Sindicante será designado pela autoridade competente, por meio de Portaria, ficando
encarregado de conduzir o processo (Figura 38) e observar os procedimentos previstos no item
4.1.1 da ICA 111-2/2017.
O Escrivão, conforme dispôs o item 2.8.1, da ICA 111-2/2017, será aquele militar que irá
auxiliar o Sindicante em suas atribuições (Figura 39) para uma melhor apuração dos fatos,
devendo prestar o compromisso de manter sigilo sobre os fatos da Sindicância, além de realizar
fielmente os seus deveres no andamento dos atos processuais.
Nesse sentido, a Sindicância será instaurada por meio de Portaria, publicada em Boletim
Interno da OM. O início dos trabalhos terá como marco a data de publicação da Portaria no
Boletim Interno, sendo que, nos termos do item 3.1.1, da ICA 111-2, excluir-se-á a data da
publicação e incluir-se-á a do vencimento.
Importante esclarecer, que no item 3.1.1, da ICA 111-2, a Sindicância terá o prazo
máximo de trinta dias corridos para sua conclusão. Contudo, este prazo poderá ser prorrogado
por mais trinta dias corridos, desde que o Sindicante faça a solicitação de prorrogação de
prazo, devidamente fundamentada, ficando a critério da autoridade instauradora conceder a
dilação do prazo.
Além do mais, é imperioso que seja obedecido o item 2.9, da ICA 111-2, que dispõe
sobre a ordem de oitivas, assim o sindicado deverá ser ouvido após a oitiva do noticiante, do
ofendido e das testemunhas.
Cabe ressaltar que, a fim de abreviar a apuração de sindicância, o acidentado que esteja
em condições físicas e psicológicas deverá realizar a comunicação do ocorrido à autoridade
competente, ou seja, ao seu Comandante, Chefe, Diretor ou Secretário, no prazo de 5 (cinco) dias
úteis a contar da data do sinistro. Assim, deve esclarecer informações básicas do acidente, tais
como a data, a hora, o local de origem e se indicar as testemunhas que presenciaram o evento2.
§ 2º - Não se aplica o disposto neste artigo quando o acidente for resultado de crime,
transgressão disciplinar, imprudência ou desídia do militar acidentado ou de subordinado seu,
com sua aquiescência. Os casos previstos neste parágrafo serão comprovados em Inquérito
Policial Militar, instaurado nos termos do art. 9º do Decreto-lei nº 1.002, de 21 de outubro de
1969, ou, quando não for caso dele, em sindicância, para esse fim mandada instaurar, com
observância das formalidades daquele.
Cumpre salientar que a alínea “f”, do art. 1º do referido Decreto, é uma das hipóteses
responsáveis pela instauração de sindicância de maior incidência, visto se tratar dos acidentes
“in intinere” que envolvam militares das Forças Armadas, diante do deslocamento entre a
residência e a organização em que serve ou o local de trabalho, ou naquele em que sua missão
deva ter início ou prosseguimento.
Quanto ao ASO, importante citar alguns dos itens da Portaria nº 616, de 13 de maio de
1980, em seu capítulo VI (itens nº 2 ao 4) que explicam os procedimentos:
3 – A expedição do ASO deverá ser determinada pela autoridade competente sempre que,
em caso de acidente presumivelmente em serviço, do qual resulte vítima, ficar comprovado,
através de sindicância mandada proceder por aquela autoridade, que o referido acidente
ocorreu, de fato, em ato de serviço.
Por fim, o a sindicância pode ser instaurada para apurar qualquer ocorrência, desde que o
fato não seja considerado como crime. A título de exemplificação, foi citada a instauração de
sindicância objetivando apurar acidente considerado ou não em serviço, respeitado o que
preceitua a ICA 111-2/2017.
Outros documentos poderão ser juntados aos autos, se necessários, tais como: Termo de
confissão de dívida, Carta precatória, Ofício elaborado pelo sindicante para sua substituição, por
motivo de impedimento, Termo de acareação, dentre outros.
resumir!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado Aluno(a), chegamos ao fim de mais uma etapa concluída e vencida com sucesso.
Parabéns! Esperamos que em todos esses momentos em que estivemos juntos, você tenha
aproveitado e aprendido muito.
Encerramos ciclos, fechamos portas, terminamos capítulos, não importa o nome que
damos, o que importa é a sua aprendizagem e o seu crescimento profissional!
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 17 ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2016.
LOUREIRO NETO, José da Silva. Processo Penal Militar. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
LOUREIRO NETO, José da Silva. Direito Penal Militar. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Militar comentado. 3 ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2019.
ROSA, Paulo Tadeu Rodrigues. Código Penal Militar Comentado - Parte Geral e
Parte Especial. 3 ed. Belo Horizonte: Editora Líder, 2014.
REFERÊNCIAS DAS FIGURAS
https://publicdomainvectors.org/pt/vetorial-gratis/Vetor-de-fugir-de-soldado/3287.html
Soldado dormindo
https://www.montedo.com.br/2017/08/14/soldados-da-reforma/
Recruta Zero
http://www.universohq.com/universo-paralelo/recruta-zer-gibi-queremos-volta-bancas/
https://pt.dreamstime.com/ilustra%C3%A7%C3%A3o-stock-tiro-geral-militar-dos-
desenhos-animados-image51421799
Quartel em desenhos.
https://gartic.com.br/lokim30/desenho-jogo/1278860911
Soldado atacando.
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/one-soldier-attacking-running-enemy-
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https://br.depositphotos.com/156859158/stock-illustration-military-grandmother-with-
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https://br.freepik.com/vetores-premium/desenho-de-corpo-de-homens-
jovens_3970691.htm
https://pt.dreamstime.com/fotos-de-stock-royalty-free-soldado-dos-desenhos-animados-
no-tanque-de-ex%C3%A9rcito-image38001028
Soldado armado.
https://www.canstockphoto.com.br/soldado-armado-15438964.html
Gritando o soldado.
https://publicdomainvectors.org/pt/vetorial-gratis/Gritando-o-soldado/62233.html
Quartel em desenho.
https://gartic.com.br/_mp/desenho-jogo/1251175080
Sargento correndo.
https://www.gograph.com/clipart/cartoon-coward-sergeant-running-vector-illustration-
gg105417870.html
https://publicdomainvectors.org/pt/vetorial-gratis/Soldado-com-cachorro/62232.html
https://www.freepik.com/free-vector/coloured-military-designs_905449.htm
https://vladimiraras.blog/2017/10/18/as-novas-competencias-da-justica-militar-apos-a-lei-
13-4912017/
https://dspace.stm.jus.br/xmlui/handle/123456789/135217
https://br.freepik.com/vetores-premium/nos-exercito-soldado-com-arma-de-uniforme-
combate-dos-desenhos-animados-fundo-militar_4678492.htm
Avião silhueta
https://br.stockfresh.com/image/700082/vector-drawing
http://asasdeferro.blogspot.com/2017/08/amx-o-tornado-de-bolso.html
http://www.fab.mil.br/noticias/mostra/20443/
http://www.tre-pa.jus.br/imagens/imagens/tre-rn-boneco-lupa-sti/image_view_fullscreen
https://www.gratispng.com/png-7vq6v8/
http://www.mpm.mp.br/manualdepoliciajudiciariamilitar/