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Doping no contexto desportivo e nas atividades físicas

O doping sempre esteve presente na sociedade, já os antigos como os gregos e romanos


utilizavam o consumo de cogumelos para se tornarem “soldados imbatíveis”, ao longo dos
tempos foram-se trabalhando as substâncias para melhor eficácia e resultados, o período
em que o doping se desenvolveu mais foi na II Grande Guerra Mundial, onde era dada
anfetamina sintética aos pilotos alemães para maior concentração nos bombardeamentos.
Até no desporto estes eram autorizados, sendo principalmente as provas de resistência
manipuladas, injusta e prejudiciais à saúde dos atletas, até que, em 1960, saiu a primeira
lista de substâncias proibidas pela Federação Internacional de Atletismo Amador.
O doping é o uso de substâncias proibidas ou métodos não permitidos para melhorar o
desempenho de um atleta no seu desporto. Essas substâncias e métodos são proibidos
porque podem certificar uma vantagem injusta aos atletas, comprometer o ambiente e
qualidade da competição e representar riscos à saúde dos atletas. Quando falamos de
substâncias proibidas podemos incluir uma variedade de drogas, como esteroides
anabolizantes, narcóticos-analgésicos, estimulantes (vão desde droga a altos níveis de
cafeína), hormônios de crescimento, diuréticos (sobretudo por injeção nas veias) e outras
substâncias que podem melhorar a força, resistência, velocidade, recuperação ou outras
capacidades físicas. Além disso, também são proibidos métodos como a manipulação
sanguínea (como a transfusão de sangue) e manipulação de resultados de urina. O Comité
Olímpico Internacional e as respetivas erações individuais apresentam regulamentos e
critérios exigentes quanto ao doping e responsabilizam-se, antes de cada prova a níveis
superiores, de realizar testes de doping aos atletas, podendo puni-los através de expulsões,
desqualificações e perdas de medalhas/títulos.
Esteroides Anabolizantes: são compostos que são relacionados ao hormônio sexual
masculino, a testosterona. Eles são usados para aumentar a massa muscular, a força e a
resistência. No entanto, o seu uso indevido pode causar efeitos colaterais graves, como
alterações de humor, maior irritabilidade e em casos extremos até depressão. Em mulheres
causam o efeito masculinizante, também. Estes provocam danos a nível do fígado (hepatite
e cirrose).
Estimulantes: Os estimulantes são substâncias que aumentam a energia, a atenção e a
concentração. Eles podem incluir medicamentos como anfetaminas e cafeína em doses
elevadas. Os estimulantes são usados para reduzir a fadiga e melhorar o desempenho em
provas de resistência, como corrida e ciclismo. Os atletas podem consumir cafeína à mesma
obviamente, mas com valores controlados (pelo COI). Estes provocam problemas cardíacos
como arritmias cardíacas e infartos.
Hormônio de Crescimento Humano (HGH): O HGH é uma substância natural produzida pela
hipófise que estimula o crescimento e a regeneração de células. Ao consumir esta
substância observaremos ganhos musculares, redução da gordura corporal, aumento da
força e fortalecimento ósseo. O uso inadequado de HGH também está associado a riscos
para a saúde, como resistência à insulina, crescimento descontrolado de tecidos, aumento
da pressão arterial e dores musculares.
Diuréticos: Os diuréticos são usados para aumentar a produção de urina e eliminar o
excesso de água do corpo. Eles podem ser usados para percas de peso e para evitar que
outras substâncias sejam acusadas no teste de doping, diluindo as concentrações dessas
substâncias na urina. Além disso, os diuréticos podem levar à desidratação, aos
desequilíbrios eletrolíticos* prejudiciais e problemas renais.
Narcóticos: os opioides e analgésicos podem ser usados para disfarçar a dor durante a
competição ou o treino, permitindo que os atletas continuem a treinar ou competir mesmo
quando estão com lesões ou desconforto físico. Isso pode levar a um desempenho acima
dos limites naturais do corpo, mas também representa riscos à saúde uma vez que podem
provocar a sonolência, aumentando o risco de lesões, diminuição do foco e menor eficácia
das capacidades físicas do atleta. Em casos mais gravosos causam dependência química,
depressão, ansiedade e perdas cognitivas.
Doping sanguíneo: este pode ser feito através de transfusões de sangue e de injeções de
substâncias diretamente na veia sendo o mais comum o uso de Eritropoietina (EPO), que
estimula a produção de glóbulos vermelhos que, por sua vez, melhora a resistência do
atleta. As transfusões de sangue apresentam um pequeno problema, pois pessoas com
anemia, por exemplo, necessitam de fazer transfusões de sangue obrigatórias devido à falta
de ferro no sangue e este procedimento, ainda nos dias de hoje, é acusado como doping.
O doping no desporto é um tópico complexo que envolve vantagens e desvantagens. É
importante referir que o uso de doping é considerado inaceitável e ilegal na maioria das
competições. No entanto, é possível identificar algumas supostas vantagens e
desvantagens:
Vantagens
Melhor Desempenho: O uso de substâncias dopantes pode resultar em melhorias
significativas no desempenho físico, como aumento da força, resistência e velocidade. Isto
pode parecer uma boa escolha para atletas que pensam somente em ganhar, mas após este
bom rendimento vai haver quebras, esgotamentos e possíveis problemas de saúde para o
atleta.
Recuperação Rápida: Algumas substâncias dopantes podem acelerar a recuperação após
treinos intensivos ou lesões, permitindo que os atletas continuem a treinar, mais
frequentemente e com uma carga de treino mais elevada.
Desvantagens
Violação da Ética Esportiva: O doping viola os princípios fundamentais da competição justa,
igualdade de condições e respeito pelas regras. Os atletas que usam doping prejudicam a
integridade do desporto. O doping pode levar a um ambiente em que o foco é ganhar a
qualquer custo, em vez de promover os princípios do fair play, do respeito e da excelência
no desporto.
Riscos à Saúde: Muitas substâncias dopantes têm efeitos colaterais prejudiciais à saúde, que
podem variar de problemas cardiovasculares a distúrbios hormonais, danos hepáticos e
renais, entre outros. O uso de doping pode levar a problemas de saúde a longo prazo.
Desigualdade de Acesso: Nem todos os atletas têm igual acesso a substâncias dopantes de
alta qualidade ou a procedimentos médicos avançados que possam disfarçar o uso de
doping. Isso cria uma desigualdade no desporto.
Erosão da Confiança Pública: O uso de doping diminui a confiança do público no desporto e
nas conquistas dos atletas. Os espectadores podem duvidar da legitimidade das conquistas
desportivas e dos recordes pessoais dos atletas.
Sanções e Consequências Legais: Os atletas que acusam positivo para doping enfrentam
consequências pesadas, incluindo a desqualificação de competições, suspensões e
consequências legais em alguns casos. Isso pode prejudicar a carreira e a reputação dos
atletas.
Através disto podemos observar que os aspetos positivos são apenas temporários, e
enfrentam riscos futuros muito mais severos, o doping acaba também por “sujar” a imagem
do desporto perdendo espetadores, credibilidade e interesse, pois, deve prevalecer sempre
um ambiente saudável, de fairplay e não manipulado sendo então justo e igualitário. O
doping compromete assim então a saúde do atleta a um nível severo, já ocorreram
overdoses em provas, ataques cardíacos, episódios em que o atleta estava claramente
confuso e desnorteado e mudanças repentinas de personalidade, gerando ataques de raiva
e de pânico.
Alguns dos casos mais famosos de doping mundial são:
Ben Johnson – estanozolol- o atleta canadense Ben Johnson acusou positivo no teste
antidoping após se tornar o homem mais rápido do mundo, (nas olimpíadas de Seul) em
1988. Ele conquistou o ouro após apresentar um novo tempo recorde mundial nos 100m
(9,79s). Na urina de Johnson foi encontrado o estanozolol, que é um esteroide anabolizante
que aumenta o ritmo de corrida do atleta assim como a massa muscular. Após a descoberta
a medalha de ouro foi-lhe retirada e este foi suspenso por 2 anos da modalidade.
Maradona – cocaína e efedrina- Em 1991, quando Maradona jogava pelo Nápoli da Itália,
um exame de doping acusou a presença de cocaína após um jogo. Essa droga é proibida no
futebol pois é um estimulante (mais energia e concentração) e rendeu uma suspensão de 15
meses ao futebolista. Este ainda repetiu o feito no campeonato do mundo tornando, logo
por aí, a situação pior que a anterior. Em 1994, nos Estados Unidos da América, foi
encontrada nos exames do jogador a substância de efedrina, um estimulante para
recuperar dos desgastes físicos, , o que lhe uma suspensão de 18 meses.
Lance Armstrong - EPO, testosterona, doping sanguíneo e cortisona- venceu sete vezes
seguidas (1999 a 2005) a Volta da França e foi considerado o maior ciclista de todos os
tempos. Tendo em conta estes resultados foi aberta uma investigação federal contra o
mesmo e no programa de entrevistas de Oprah Winfrey o atleta confessou ter usado
substâncias proibidas (EPO - hormônio que aumenta o número de glóbulos vermelhos,
levando mais sangue aos músculos, testosterona, dopagem sanguínea e cortisona). Além de
tudo isto este também incentivava os seus colegas ao doping. Armstrong perdeu todos os
títulos conquistados desde 1998 e foi expulso do desporto.
O objetivo do combate ao doping é manter a competição desportiva justa e garantir que
todos os atletas compitam em pé de igualdade, sem o uso de substâncias que possam
conferir vantagens injustas. Também visa proteger a saúde dos atletas, pois muitas dessas
substâncias podem ter efeitos colaterais prejudiciais a longo prazo. Cada vez mais na
atualidade observamos testes mais rigorosos, regras mais restritas, uma maior atenção
quanto à saúde dos atletas e maior procura de profissionais qualificados e que tenham
como objetivo a segurança e equidade do desporto.
Bibliografia:
https://www.wada-ama.org/en/prohibited-list#search-anchor
https://www.msdmanuals.com/pt-pt/casa/fatos-r%C3%A1pidos-dist%C3%BArbios-
hormonais-e-metab%C3%B3licos
https://exame.com/carreira/10-atletas-punidos-por-doping-ou-uso-de-drogas/

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