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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
AULA 3

Prof. Marcos Henrique de Araújo

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CONVERSA INICIAL

Em continuidade ao que estudamos na aula anterior, vamos abordar nesta aula as religiões de

matriz oriental. As cinco religiões estudadas representam perfeitamente a percepção religiosa dessa

matriz. Religiões menores e menos expressivas, como o jainismo e o sikhismo, não serão objeto de

estudos. Aconselhamos aos alunos que desejam ter uma visão mais ampla desse universo que

estudem as outras religiões de origem oriental.

TEMA 1 – HINDUÍSMO

Com cerca de 1 bilhão de adeptos no mundo, o hinduísmo é uma religião diversificada e

complexa. A origem do hinduísmo é incerta, pois ninguém sabe na verdade quem foi o fundador

desse sistema religioso. Podemos constatar no hinduísmo os seguintes elementos característicos: é

fluído e mutante, podendo ser politeísta (grande parcela), monoteísta (a minoria), panteísta (a

maioria), agnóstico ou até ateísta.

1.1 ELEMENTO MÍSTICO

A religião hindu tem um espectro amplo. O hinduísmo é um dos mais antigos sistemas religiosos

do mundo, e também um dos mais complexos. Apresenta várias ramificações. A maioria dos

hinduístas crê em Brahman, O Deus Três-em-um:

Brahma, o Criador
Vishnu, o Preservador

Shiva, o Destruidor

Além da tríade divina, há outros milhões de deuses e deusas. Alguns deles se destacam em

função da devoção que recebem, somando um número de adoradores. Agni, o deus do fogo, é uma
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das divindades mais importantes nos Vedas. É filho do céu e da terra, sendo assim guia das viagens e

esperança dos homens. Riqueza e longevidade são prometidas a seus adoradores.

Indra é o rei dos deuses e um dos principais dentre os deuses guerreiros. Ele é o deus da

natureza e um dos guardiões do mundo. Ele domina as tempestades e os raios. Triunfou sobre os

demônios Vala e Vritra, e assim conquistou a luz, a força e o paraíso.

Surya é o deus sol, sendo considerado por muitos o mais excelente dentre os deuses. Ele liberta

a consciência limitada dos homens e os conduz ao nível mais profundo da consciência cósmica. É

retratado sendo transportado por sete cavalos, que por sua vez são conduzidos pelo guerreiro
Arjuna.

Laksmil é a deusa do amor, da beleza, das riquezas e da prosperidade. É esposa de Vishnu.

Ganesha é o filho mais importante de Shiva e Parvati, o deus da sabedoria. É invocado para que

os obstáculos do caminho sejam removidos. Também é o deus da prudência, da política e do

matrimônio.

Sarashwati é esposa de Brahma, deusa da sabedoria e da ciência, mãe dos Vedas e deusa da

música.

Yama é o juiz dos homens e rei do mundo oculto. Tendo sido homem, foi o primeiro a morrer, de

modo que abriu caminho para o outro mundo. Ele guia os que morrem, levando-os a um lugar onde

desfrutarão da felicidade eterna.

Rama é o grande herói do “Ramaiana”, marido de Laksmil. É um rei bondoso, marido leal e chefe

corajoso, que luta por seus devotos. Como avatar de Vishnu, é senhor do domínio próprio e das

virtudes.

Krishna é uma das divindades mais populares e amadas pelos adeptos do hinduísmo. Ele é

representado na figura de um pastor de ovelha ou de um tocador de flauta. Considerado um sábio,

por seus excelentes conselhos, foi o mentor do guerreiro Arjuna. Às vezes ele é retratado como um

menino brincalhão e um adolescente amoroso. (Renou, 1964)

Há uma grande variedade de doutrinas no Hinduísmo, mas é possível estabelecer algumas das

principais:

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Submissão ao destino: um dos principais fundamentos do sistema. Ele define em grande

medida a direção tomada pelos demais fundamentos. É fatalismo pleno: o que sucede é o que

de fato deveria acontecer, e nada pode ser feito para mudar tal realidade.

Lei do Karma: do bem vem o bem e do mal vem o mal. O estado atual das almas depende do

que a pessoa fez, ou deixou de fazer, em vidas anteriores.

Sistemas de castas: embora seja um dos principais fundamentos do sistema, esse elemento está

presente somente na Índia, sendo proibido em outros países. Trata-se de uma crença básica do

hinduísmo: segundo uma lenda, Brahma criou Manu, o primeiro homem, e a partir dele fez

todas os demais homens segundo um complexo sistema de castas. Da cabeça de Manu saíram

os brahmins – o povo santo. Das mãos de Manu saíram os kshatriyas – os governantes e

guerreiros. Das coxas de Manu saíram os vaysias – os artesãos. Dos pés de Manu saíram os

sudras – o populacho, a plebe. Ainda há uma outra casta que, dos párias – estrangeiros e

mendigos, que não foram formados a partir do corpo de Manu.

Sansara: em nascimentos sucessivos, a alma vai de um corpo para o outro, levando consigo o

karma de vidas anteriores. O larma pode ser bom ou ruim. Se for bom, a alma do indivíduo vai

subir na escala do sistema de castas. Se for ruim, fatalmente irá descer na escala. No Ocidente,

essa doutrina recebe o nome de reencarnação ou metempsicose (transmigração de almas).

Alguns hinduístas creem que o sudra ou o pária, a depender de seu karma, poderá em uma

próxima encarnação retornar como um animal.

Nirvana: é o estágio final da Sansara, quando a alma atinge a emancipação, não estando mais

sujeita a novas reencarnações. Assim, passa a ser um com Brahman. É a felicidade eterna, que
consiste na extinção da individualidade e na plena identificação com Brahman, que é fonte e

destino de tudo que existe.

Para eles, tudo procede de Brahman, tudo é Brahman e tudo há de convergir a Brahman.

1.2 ELEMENTO ESTÉTICO

O elemento estético da religião hindu é vasto e difuso. O sistema de cultos e ritos do hinduísmo

tem por fundamento a busca pelo contato com o divino, a partir de sua espiritualidade característica.

Alguns aspectos característicos compõem o cenário das práticas religiosas e do conjunto litúrgico,

favorecendo a compreensão do modo como as crenças hinduístas se desenvolvem dentro do culto.

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Os hindus têm inúmeras festas e festivais religiosos. As festas e festivais variam conforme o lugar

onde são celebradas, o deus que é cultuado naquela região, o guru, o animal venerado, ou ainda a

estação do ano. A festividade Holi, por exemplo, celebra a vitória do bem sobre o mal, sempre na

entrada da primavera. É um festival de cores com muitas danças. O festival Diwali é a festa das luzes,

celebração associada ao dia em que Rama, uma das encarnações do Deus Visnhu, retornou de um

exílio de 14 anos. Navratri celebra a deusa Mãe Hindu, Shakti. O festival Durga Puja celebra a vitória

da deusa Durga contra um demônio.

Os ritos hinduístas também incluem uma série de práticas pessoais, chamadas de samskara, uma

palavra que se aproxima da noção de sacramento.

Vejamos alguns exemplos de samskaras (Renou, 1964, p. 23):

Garbhadharana: rito da concepção

Pumsavana: rito da consagração de um filho no útero

Simantonnayana: rito de fazer a risca no cabelo da mulher grávida

Jatakarma: cerimônia do nascimento

Namakarana: cerimônia de batismo e escolha do nome

Nishkarmana: primeiros passos

Annaprasana: primeira alimentação sólida

Chudakarana: primeira tonsura

Karnavedha: perfuração dos lóbulos da orelha

Vidhyarambha: início da educação

Upanayana: cerimônia do fiar

Vedarambha: início dos estudos dos Vedas

Keshanta: primeiro barbear

Samaavartana: fim da escolaridade

Vivaha: casamento

Anthyesthi: funeral

Um elemento importante na estética da religião hindu são os cânticos védicos. Veda significa

“conhecimento”, “aquilo que sempre é”. Tal conhecimento não tem início nem fim, sendo

caracterizado por sons sagrados que sustentam uma vida saudável. Os cânticos vedas não podem ser

imitados ou comunicados. Eles constituem uma experiência única e individual, nova a cada instante,

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segundo os mestres do hinduísmo. Segundo os mestres, os vedas são um presente dos deuses para

o bem-estar de toda a humanidade.

Os cânticos védicos são também conhecidos como mantras. Os mantras podem ser cantados por

todos. Ao entoá-los, a mente e o coração são permeados pela divindade, com a percepção de que

Deus se faz presente em todo o universo e de que forma o nosso mundo interno e externo. No

vedas, encontramos a verdade, dentro de cada pessoa. Os mestres hindus chamam os vedas de

apaurusheya (sem origem humana). Assim, os mantras aparecem como um vislumbre durante as
meditações. Os mestres que escreveram os mantras são conhecidos como drashtaa (aquele que vê,

um vidente).

O objetivo de entoar cânticos védicos é alcançar a realidade mais elevada, o vácuo luminoso,
onde os deuses estão firmemente estabelecidos.

Os vedas apresentam oito esplendores:

Som cósmico: Shabda mayii


Mobilidade e imobilidade: Charaachara mayii

Resplendor: Jyotirmayii
Fala e literatura: Vaang mayii

Bem-aventurança duradoura: Nityaananda mayii


Transcendentalidade: Paraatpara mayii

Ilusão: Maayaa mayii


Prosperidade: Shrii mayii

O mantra mais conhecido no Ocidente é o entoado a Krishna. O movimento Hare Krishna, de

origem hindu, é um segmento monoteísta que celebra Krishna com base na canção de Deus – Hare
Krishna. Seus adeptos acreditam que o mantra, a meditação e a yoga são meios eficazes para

alcançar o autoconhecimento e a realização pessoal.

No hinduísmo, a vaca é objeto de adoração. Eles creem que a vaca é um animal dotado de
grande poder. Adoram a vaca como símbolo do universo visível. Para alguns hinduístas, uma pessoa

da casta dos Brahmins, caso tenha um bom karma, pode vir a encarnar em uma vaca.

1.3 ELEMENTO ÉTICO

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Para atingir o nirvana, há três caminhos, ou veredas:

A vereda das obras, por meiodas práticas dos deveres religiosos e sociais dentro de cada casta.
A vereda do conhecimento, aquisição plena do conceito de que a realidade última é Brahman.

A vereda da devoção, apego religioso a uma ou mais divindades hinduístas.

Existem ainda certas atividades que contribuem para o progresso do espírito:

Dharma: lei da ordem moral. Para atingir o nirvana, é essencial seguir plenamente essas leis.

Ioga: disciplina para o controle do corpo e da alma. Nesta prática, o hinduísta entra em união
plena com o divino, libertando-se de sua individualidade (irreal).

TEMA 2 – BUDISMO

Com cerca de 500 milhões de adeptos no mundo, o budismo surgiu mais ou menos em 500 a.C.,
quando um grupo de hinduístas desiludidos resolveu abandonar o hinduísmo e seguir os

ensinamentos de Sidhartha Gautama, o Buda, o iluminado.

Sidhartha Gautama, o Buda, nasceu em 560 a.C. na índia. Era filho de um Rajá, por conseguinte
da casta dos kshatriyas. Foi criado em um ambiente de riquezas e prazeres.

2.1 ELEMENTO MÍSTICO

Com 30 anos de idade, casado e pai de alguns filhos, Sidhartha Gautama resolveu conhecer o
mundo que existia fora dos muros do castelo onde fora criado. Nesse passeio, ele viu quatro coisas:

um velho, quando percebeu que a vida dura muito pouco;

um doente, quando percebeu que a vida é penosa;


um cortejo fúnebre, quando percebeu que a vida tem um fim;

e um monge mendigando, quando percebeu que a vida pode ser simples e completamente
desvinculada dos prazeres que a tornam insuportável.

Sidhartha então resolveu deixar o palácio onde fora criado com sua família, e passou a mendigar
como o monge que vira em seu passeio. Em determinado dia, meditando sobre a vida embaixo de

uma figueira, Sidhartha teve uma iluminação e passou a ser chamado por todos de Buda – o
iluminado. Essa iluminação é a essência de seus ensinos.
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O budismo e o hinduísmo são duas religiões estreitamente entrelaçadas. Em alguns pontos, há


semelhanças claramente perceptíveis, mas noutros são distintos na teoria e na prática.

Dentre as semelhanças, podemos citar a crença na ahimsa (não-violência) e o respeito por


qualquer tipo de vida. Nem todos os adeptos do hinduísmo adotam a ahimsa, porém muitos veem
na ênfase budista uma herança do hinduísmo e do grupo religioso jainista.

A definição que Buda dá ao conceito de karma diverge em grande medida da concepção védica.

Buda rejeitou categoricamente o sistema de castas do hinduísmo.

Buda também rejeitou a ideia da existência de entidades eternas. Um dos temas centrais da

crença budista é a negação do “eu” como entidade distinta e permanente. Essa crença é caracterizada
pelos três signos da existência: dukha – sofrimento; anitya – devir ou impermanência; e anatman –

não-ser.

Na religião Hindu, a crença na reencarnação aparece nas upanishads, segundo as quais, a alma é
imortal e transcende o tempo e o espaço. Somente o organismo está sujeito ao nascimento e à

morte. Buda negou a existência de um eterno e imutável “Eu” – Atman. No budismo e no hinduísmo,
utiliza-se o símbolo da suástica. O intuito de seu uso é afastar o mal.

2.2 ELEMENTO ESTÉTICO

Os praticantes do Budismo fazem preces com o intuito de combinar boas energias. Eles também
costumam prostrar-se perante a imagem de Buda, não para adorá-lo, por não considerarem Buda
uma divindade, mas na intenção de homenageá-lo e agradecer por seus ensinamentos. As oferendas

que os budistas fazem nos templos são simbólicas. Também costumam acenderem incensos em suas
atividades de devoção e meditação. O uso de sinos também é muito comum nos rituais budistas.

Os adeptos do budismo valorizam e incentivam a prática de dar esmolas. Também perambulam


ao redor de locais sagrados. Os ritos fúnebres são variados, geralmente conduzidos por um monge

que profere preces e canta hinos tirados dos livros sagrados.

Buda deixou alguns ensinamentos. Primeiramente, é necessário evitar os dois extremos da vida
para vivê-la plenamente. Os dois extremos são o luxo e a autotortura. Buda ensinava o desapego

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como arma para vencer a dor. Para isso, era necessário trilhar os oito passos que conduzem ao

nirvana:

opinião correta
intenção correta

linguagem correta
ação correta

conduta correta
esforço correto

atitude correta
concentração correta

Deve-se conhecer bem as quatro verdades nobres:

realidade do sofrimento: tudo na vida é doloroso,


causa do sofrimento: a intensa luta dos desejos,

fim do sofrimento: a eliminação dos desejos,


vereda do meio-termo: evitar os dois extremos.

Via de regra, os budistas divergem dos hinduístas por não adotarem o sistema de castas (razão

por que prevaleceram na China e não na Índia); também creem que a alma pode atingir o nirvana em
uma só encarnação, desde que o indivíduo cumpra corretamente o ensino de Buda e trilhe os oito

passos supracitados.

O budismo é uma religião sem Deus. Eles negam a existência de um Deus pessoal.

2.3 ELEMENTO ÉTICO

Preceitos budistas:

Não matar coisas vivas


Não furtar
Não adulterar

Não mentir
Não beber bebidas alcoólicas e não usar drogas

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Os budistas creem na reencarnação e se esforçam ao máximo para se libertarem da cadeia de


sansara, para que consequentemente sejam absorvidos por nirvana, a realidade última.

TEMA 3 – TAOÍSMO

O taoísmo é uma religião enigmática.

Para o taoísmo, não existe um Deus pessoal, mas apenas um ideal a ser atingido para se ter uma

vida harmônica: o tao cósmico.

A origem do taoísmo é lendária e questionável.

3.1 ELEMENTO MÍSTICO

Segundo uma lenda, um homem, a quem deram o nome de Lao-Tsé (velho filósofo), trabalhava

como administrador de arquivos imperiais em Loyang. Cansado da corrupção do Império, resolveu


abandonar o posto e viver solitário em um lugar distante de Loyang.

Todavia, quando estava a caminho de seu destino, um certo homem, que cuidava da alfândega

daquele lugar, obstruiu o caminho e pediu dele que deixasse pelo menos um livro contendo os seus
pensamentos.

Lao Tsé concordou e escreveu o livro Yin-hsi, “O Caminho e seu Poder”. Esse tratado seria
publicado mais tarde, e tornou-se a gênese do taoísmo.

Contém 5.500 palavras e ensina aos governantes a arte de governar bem, primando pela

varonilidade de cada ser humano.

O taoísmo como religião está em declínio no Oriente. Todavia, no Ocidente, a cada dia o seu
ensino está mais em voga. De maneira encoberta está sendo ensinado por meio de músicas,

estampas de roupas, desenhos animados e filmes de ficção. A filosofia hippie é plágio de um velho
adágio taoísta: “sintonize-se e então desligue-se”.

Chuang Tsé foi o mais famoso discípulo de Lao-Tsé, tendo popularizado os ensinos do taoísmo.

3.2 ELEMENTO ESTÉTICO

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Por ser uma proposta de vida (uma filosofia intimista), não há traços do elemento estético no

taoísmo.

Não há necessidade de realizar rituais ou sacrifícios.

Os adeptos do taoísmo adotam para si variados modos de expressar a sua fé.

3.3 ELEMENTO ÉTICO

O taoísmo ensina os seus seguidores a ignorar ou se afastar dos males da sociedade e nada

fazer para resolvê-los.

O corpo doutrinário do taoísmo é bem simples. Consiste em duas doutrinas:

O conceito de tao (o caminho): aqueles que sabem não dizem, e aqueles que dizem não sabem.

O ideal é atingir o tao cósmico, e isso é obtido pela atitude wu wei: passividade, inação, não
agressividade e espontaneidade. Tao é o caminho indizível da realidade última, de acordo com
a qual nossas vidas devem estar em sintonia perfeita para que possamos gozar da vida

plenamente.

Ying e yang: elementos que se opõem mutuamente, estabelecendo a ordem cósmica, que deve

ser mantida para o benefício de todos. Segundo os ensinos taoístas, uma vida harmônica pode
ser conseguida com a devida interação dessas forças vitais no ser do indivíduo em comunhão

com o cosmos.

TEMA 4 – CONFUCIONISMO

Com cerca de 6,5 milhões de adeptos no mundo, o confucionismo é uma religião de caráter

humanista positivista. Sua ênfase recai sobre valores morais que enobrecem o caráter humano e o
torna mais próximo de seu alvo maior, o li, um padrão ideal de conduta.

Chiu-King nasceu em cerca de 550 a.C. no principado de Lu. Foi coletor de impostos no
principado, tendo se casado aos 20 anos. Teve dois filhos. Divorciou-se em pouco tempo e passou a

elaborar uma teoria que, segundo ele, se fosse colocada em prática, mudaria dramaticamente a

sociedade chinesa.

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Aos 50 anos, tornou-se um alto oficial no principado de Lu. Entrou em choque com autoridades
superiores, abandonou o posto e passou a ensinar as suas teorias a alguns discípulos. Chiu-King

morreu em 479 a.C. em Chufou, como o mais importante mestre da cultura chinesa. Seus seguidores

o chamavam de Kung (o mestre), de onde veio o nome confucionismo – os ensinos do Mestre.

4.1 ELEMENTO MÍSTICO

O confucionismo é considerado mais um sistema filosófico do que uma religião. Não há uma
crença específica em Deus ou em deuses. Por conta disso, não há um elemento místico reconhecível

Confúcio acreditava que a China seria salva de um iminente colapso social caso a sua filosofia

altruísta fosse levada a cabo.

Meng-Tsu (Mêncio) foi o mais famoso discípulo de Confúcio. Nasceu na província de Ch’i, em

371 a.C. Estudou com o neto de Confúcio e popularizou os seus ensinos deste.

Os adeptos do confucionismo adotam alguns livros como sagrados:

I Ching, “O Livro das Mudanças”: trata-se de uma série de enigmáticos desenhos geométricos

contendo 8 triagramas e 64 hexagramas. Supunha-se que essas linhas tinham grande

significado, se fosse descoberta a sua chave.


Shu’k’ing, “O Livro dos Anais”: a história de 5 dinastias anteriores a Confúcio.

Shih’ching, “O Livro da Poesia”: poesias antigas coligidas por Confúcio.

Li’chi, “O Livro das Cerimônias”: ensina o homem superior a agir de modo correto ou

tradicional.
Ch’unch’tu, “Os Anais da Primavera”: comentários a respeito de eventos que se deram no

principado de Lu nos tempos de Confúcio.

“Os Analetos”: declarações de Confúcio e de seus discípulos. É a obra mais conhecida e

difundida do confucionismo.
“A Grande Erudição”: a educação e o treinamento de um homem gentil.

“A Doutrina da Moderação”: aborda o relacionamento da natureza humana com a ordem do

universo.

4.2 ELEMENTOS ESTÉTICO E ÉTICO

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Em vez de rituais elaborados, comuns nas demais religiões, o confucionismo adota uma postura

norteada por alguns princípios. Assim, os elementos estéticos e éticos se misturam. Dentre as
práticas, destacamos as seguintes:

Veneração dos ancestrais: veneração dos espíritos dos mortos por seus parentes vivos. Supõe-
se que a existência contínua dos ancestrais depende da atenção que lhes é dedicada por

parentes vivos. Se os vivos forem diligentes nessa obra, os falecidos farão com que boas coisas

aconteçam. Caso a obra seja negligenciada, ambos sofrem perdas.


Hsaio, “piedade filial”: devoção e obediência dos membros mais jovens da família aos mais

idosos. É dever fundamental dos vivos.

Jen, “a benevolência”, “princípio de reciprocidade”: não faça aos outros o que não queres que

façam a ti.
Chun Tzu, “verdadeira varonilidade”: todo homem deve buscar as virtudes essenciais:

humildade, magnanimidade, sinceridade, diligência e cortesia.

Cheng Ming, “assumir a identidade”: refere-se à necessidade de que cada um seja o melhor que

puder dentro de sua função, seja ela qual for.


Wen, “artes pacíficas”: todo homem deve devotar-se às artes pacíficas: música, poesia, arte,

teatro etc.

Para Confúcio, o homem é essencialmente bom, mas pode ser levado a maus caminhos por

conta de pressões externas.

O confucionismo é mais um sistema ético humanista do que um sistema religioso propriamente

dito. Confúcio mesmo se negava a comentar algo que não contribuísse para um propósito social

discernível.

Durante a dinastia Han (206 a.C. a 20 d.C.), o confucionismo se tornou a religião oficial da China.
Durante a dinastia Sung, tornou-se obrigatório nas escolas chinesas o estudo dos ensinamentos de

Confúcio.

TEMA 5 – SHINTOÍSMO

Com cerca de 120 milhões de adeptos, o shintoísmo é a religião nacional do Japão. Não é um

corpo doutrinal organizado e bem definido, tampouco um código de conduta unificado. É acima de

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tudo uma religião que enfatiza o patriotismo japonês.

Desde 1946, deixou de ter uma feição religiosa, pois ganhou traços mais culturais. A derrota do

Japão na Segunda Guerra Mundial provocou a derrocada da fé na divindade do Imperador.

5.1 ELEMENTOS MÍSTICO E ESTÉTICO

Seus ensinamentos se baseiam em uma lenda que diz que o Japão é o país dos deuses, e que
seus habitantes são descendentes dos deuses. Izanagi, divindade feminina, e Izanami, divindade

masculina, geraram as oito ilhas que compõem o Japão. A deusa principal é a deusa-sol Amaterasu,

cujos descendentes têm direito legal de governar o povo japonês.

Os adeptos do Shintoísmo dão grande importância aos Kamis, divindades responsáveis pelo

equilíbrio da natureza e da humanidade.

A religião shintoísta adota como sagrados apenas três livros míticos:

Ko-ji-ki, “Registros antigos”

Nihon-gi, “Crônicas do Japão”


Kogo-shui, “Crônicas da família Imbe”

5.2 ELEMENTO ESTÉTICO

O shintoísmo apresenta três princípios:

Musubi: princípio da harmonia entre os homens e a natureza

Makoto: virtudes que surgem do contato dos homens com os Kamis

Tsunagari: lei da continuidade e da solidariedade entre os homens

No shintoísmo, há diversos rituais de purificação:

Anzan Kigan: ritual da boa gestação

Hatsumyia kigan: batismo


Itinen kigan: primeiro aniversário de uma criança

Sansai kigan: aniversário de 3 anos

Gosai kigan: aniversário de 5 anos

Nanasai kigan:: aniversário de 7 anos


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Seijin kigan: comemoração da maioridade

Kekkon kigan: casamento

Kekon kinen kigan: bodas de casamento (10, 30, 50 e 60 anos)

5.3 ELEMENTO ÉTICO

Para os adeptos do shintoísmo, os homens devem levar uma vida pura, em harmonia com a

natureza. Tal harmonia é alcançada por meio da realização de rituais de purificação.

NA PRÁTICA

O conhecimento a respeito dos elementos constituintes das religiões, bem como das diferenças

de percepção da realidade, nos ajuda a perceber a vida por ângulos diversos, que podem ser

complementares.

Valendo-se de uma análise que parte dos elementos que integram as religiões (místico, estético
e ético), conseguimos distinguir uma religião plena e uma proposta filosófica que se apresenta como

religião.

A compreensão da importância (ou não) da realidade física nos auxilia a entender a razão por

que m determinado grupo religioso se comporta de uma forma ou de outra.

FINALIZANDO

Algumas das religiões estudadas nas últimas aulas dão grande ênfase à noção transcendente. A

pouca atenção dada ao âmbito imanente faz com que tenham pouca influência sobre o modo de
viver de seus adeptos. Por outro lado, religiões com forte ênfase no elemento ético – como o

budismo e o confucionismo – diminuem a ênfase no elemento místico (característica das religiões

antigas), passando a exercer grande influência sobre o modo de vida de seus adeptos.

Algumas religiões têm uma feição coletiva, considerando para a humanidade como uma unidade

composta, porém organicamente unida pelos mesmos deveres perante os deuses. Diferentemente
das religiões antigas de matriz egípcia e mesopotâmica, as religiões orientais enfatizam o indivíduo,

em detrimento do coletivo. Essa mudança de foco afeta profundamente o elemento ético.

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Nem todas as religiões estudadas nas últimas aulas apresentam a noção de vida depois da
morte. Há divergências em relação a esse ponto. Religiões com forte ênfase no elemento ético, como

o budismo e o confucionismo, invariavelmente não valorizam a noção de uma vida depois da vida.

As religiões de matriz mesopotâmica, bem como a greco-romana, são politeístas. O politeísmo

tem contra si a realidade que aponta para uma fonte única. Na perspectiva politeísta, o mundo tende

a ser visto como dotado de multiplicidade.

As religiões de matriz oriental invariavelmente negam que a realidade seja material. O mundo
transcendente é visto por eles como a realidade, enquanto a materialidade é tida como ilusão.

REFERÊNCIAS

RENOU, L. Hinduísmo. Rio de Janeiro: Zahar, 1964.

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