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O QUE É CLIMA URBANO?

O clima urbano é o resultado das modificações que as superfícies, materiais e as atividades


das áreas urbanas provocam nos balanços de energia, massa e movimento (LANDSBERG,
1981; OKE, 1987; KUTTLER, 1988 E ARNFIELD, 2003). É resultado da interferência do
homem no espaço, que modifica a dinâmica do ambiente natural ao inserir a forma artificial
das cidades, gerando a impermeabilização do solo, retirada da cobertura vegetal original,
grande circulação de automóveis, concentração de industrias, prédios, asfaltos nas ruas e falta
de áreas verdes. Esses fatores geram fenômenos típicos de áreas urbanas. Dessa forma, a
Climatologia urbana tem papel fundamental para a geografia, pois o clima é resultado da
interação entre natureza e sociedade.
Nos estudos da climatologia urbana, LAWRENCE (2003) faz uma análise integrada
na perspectiva da ecologia humana, definida por ele como o estudo das interações entre as
populações, as características físicas, bióticas, sociais e culturais do ambiente.
Já no âmbito do espaço urbano como um ecossistema ( DOUGLAS, 1983; NEWMAN, 1999;
LAWRENCE, 2003), a condição da atmosfera está integrada aos fatores abióticos e interagem
com fatores bióticos e socioculturais condicionam a população humana.

ILHAS DE CALOR
O crescimento desordenado das cidades sem se preocupar com as dinâmicas da natureza
acarreta diversos problemas ambientais. A atmosfera local de cidades grandes com as
características citadas é afetada e seus efeitos são percebidos com o aumento do calor na
cidade, fenômeno conhecido como Ilhas de calor, anomalia que faz com que a cidade seja
mais quente que as regiões vizinhas.
Em regiões arborizadas o índice de reflexão solar é maior, agindo como um espelho,
refletindo em torno de 25%, enquanto em áreas urbanas apenas 5%, havendo assim um
acúmulo de energia. Em áreas verdes situadas ao redor de uma grande cidade, por exemplo, a
absorção de calor é de 75% e de 95% no centro dessa cidade. O albedo, isto é, o poder refletor
de cada superfície, é diretamente proporcional à quantidade de área verde na superfície.
Os edifícios são fatores que interferem na circulação do vento, enquanto a poluição da
atmosfera causada pela emissão de gases do efeito estufa oriundos da combustão de veículos e
indústrias são fatores recorrentes das Ilhas de calor. As características desse fenômeno são
comuns e se manifestam de acordo com o tamanho do sítio urbano. As características
fundamentais das ilhas de calor são: “a) são geralmente mais quentes após o pôr do sol,
quando comparadas às áreas rurais e mais frescas ao amanhecer; b) as temperaturas do ar são
elevadas em decorrência do aquecimento das superfícies urbanas, uma vez que estas
absorvem mais calor do que a vegetação natural; c) as diferenças na temperatura do ar e na
superfície são realçadas em dias calmos e claros; d) áreas com menos vegetação e mais
urbanizadas tendem a ser mais quentes; e) criam colunas de ar mais quentes sobre as cidades e
podem causar inversões de temperatura.” (artigo de Marcel Bordin Galvão Dias e Diego Tarley
Ferreira Nascimento. CLIMA URBANO E ILHAS DE CALOR: ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS E
ESTUDO DE CASO, 2014)
O dióxido de carbono (CO²) aparece como o principal responsável pelo aumento do
aquecimento da atmosfera (Efeito estufa). ROGERS (2004) destaca a relação do aumento da
concentração de CO² na atmosfera e os efeitos negativos sobre a saúde. A partir queima de
combustíveis fósseis, a poluição atmosférica e mudanças climáticas geram ataques de asma e
outras doenças respiratórias e doenças de coração e pulmões. Além disso, esse gás
juntamente com o metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e etc. retém a radiação de raios
infravermelhos ocasionando concentração de calor.
Atualmente nota-se uma preocupação de organizações mundiais a respeito das mudanças
ambientais ocasionadas pela ação antrópica. Segundo MILLS (2003) a cidade sustentável é a
nova utopia urbana. Encontros e reuniões acontecem entre Estados nacionais para debater o
assunto e traçar estratégias para amenizar estes problemas, reconhecendo que o clima urbano
está diretamente ligado a qualidade de vida. Desse modo, busca-se prioritariamente encontrar
modelos urbanos sustentáveis. A Comunidade Europeia sobre ambiente urbano (CCE, 2004)
salienta a participação europeia que visa uma agenda estratégica para dos gases do efeito
estufa.

Embora haja um senso comum de que deve existir um planejamento urbano adequado para
uma cidade sustentável, encontra-se dificuldades de aplicação das ideias da Climatologia ao
planejamento. Isso se dá, em grande parte, pela falha de comunicação entre climatólogos e
agentes do planejamento. Além disso, a falta de interesse político é outro motivo fundamental,
pois “A simples existência de legislação que obrigue à utilização de informação climática não
é suficiente se não existir vontade política de a utilizar” (THAMM, et al. 1999).
Inversão térmica
A inversão térmica é um fenômeno que piora a qualidade do ar nas zonas urbanas. Este
fenômeno dificulta a dispersão de poluentes na superfície. É recorrente na cidade de São
Paulo pois concentra um alto índice de urbanização.

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