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panorama

geográfico
do Brasil
MELHEM ADAS

EII
EDITORA
MODERNA
Câncah

de
ocEANO Trógich

NOVA
FILIPINAS

AUSTRALIA

FORMOSA

INDONIESIA
CORA

eVIETNA
AOS
CAMBOJA

MALASIA
SOVIETICAS

-BIRMANIA

TAILKNDa

Artico SoCIALISTAS MONGOLIA


PAEBUTÁO

Benga
Golfa

Polar ANTARZca

LANKA
16 INDIA
(ex-Cailão)
160
REPUBLICAS
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140
SRI
da ÓCEAN
ARTICO
r
12
DAS KUWAIT 00,SUL/ 120

tEMENO
UNIAO GRÉCIASRAELIRA

10 100
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IEMEN 80
TUROUYA
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FINLANDIA
BULOABIA

HUNGRIA SUDAO
MAPA-MÜNDI
EGITO 609
UGANDA
MO\ BOTSUANA

ROLONIA
ZAIRE ZA AFHICA SUL
GLACIAL

ANTÁHTIDA

LIBIA
IUGOSLAVIA, DO

ocHANO NAMIBIA

GERIA CENTRO-AFRICANA
20
REPÚBLICA
GABÃO

UNISÍA VOLTA
CAM
(ex-Rodésia)
ZIMBÁBUE

51SLANDIA

FRANCA AlTO
GRA-BHETANHA MARROCOS saSUINETOGO
ESPANHA
BÉLGICA
IALANDA
PORTUGAL

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GROENLANDIA MAURI
BERIR
LEOA
SENECAL DO
ockANO
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DOMINICANA
FRANCESA

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oCEANO UBUGUAI

AME RtA BRASIL PARAGUAL

GUIANA
TREPUBLICA

120
ZUELA
VENEZUE
140
Antirtico
HONDURAS 140
HAITI

160 SALVADORNiCARAGUA

CANADA COLOMBIA
160
CUBA
JAMAICA.

ELIZE
PANAMA EOUADOR Palar
ESTADOS
UNIDOS Golfo RICA

Cieeulo
M GUATEMALA

80
ALASCA COSTA
PACIHÍCO

EL

oCEAN

Equador
Jnctaea

MELHEM ADAS

panorarma
geográfico
do Brasil
aspectos físicos, humanos e econômicos

22 edição
revista e ampliada

EIlI
EDITORA
MODERNA
Arte e cartografia:
Edison Felix Montciro
José Roberto Medda
Oséias Dias Sanches
Waldir Castello

IMlustrações:
Silvio de Ulhôa Cintra Filho

Composição:
AM Produçõcs Gráficas Ltda.

Fotolito.:
Ponto Fotolito
Cyrnil APRESENTAÇÃO

CIP-Brasil. Catalogação-na-Publicação
Câmara Brasileira do Livro, SP
A nova edição do livro Panorama geográfico do Brasil mantém a estrutura anterior,
ou seja, estádividido em três unidades:
'A extensão territorial e o quadro natural'', "A po
pulação brasileira"" e "0 aproveitamento econômico do espaço brasileiro'". Entretanto, nes
nova edição foram realizadas muitas modificações, e alguns temas foram ampliados.
As alterações efetuadas foram as seguintes:
Adas, Melhem, 1938 – • Atualização dos dados estatísticos.
A177p Panorama geográfico do Brasil : aspectos ff • Inclusão, no final de cada capítulo, de texto para leitura e discussão, visando a uma orien
2.ed. sicos, humanos e econômicos / Melhem Adas.
2. ed. rev. e ampl. .-
São Paulo : Ed. Moderna,
tação crítica.
• Maior profundidade no estudo dos assuntos.
• Abordagem de novos temas, que não foram tratados na edição anterior.
1985.
Entre os novos temas estudados, podemos destacar:
Suplementado por caderno de atividades. • A questão de que não podemos assumir um orgulho desmedido diante da grande extensão
territorial do Brasil, pois essa postura somente tem servido para ocultar a nossa realidade
1. Brasil - Geografia 2. Brasil– Geografia social: milhões de brasileiros são subnutridos e padecem de grande pobrezae miséria. Nesse
tópico são estudadas a distribuição da renda, a saúde, a habitação, a mortalidade infantil,
(2° grau) I. Título a esperança de vida e outros.
• As teorias demográficas ou populacionais (a teoria de Malthus, a neomalthusianaf, tese
do grande mercado de consumo e os reformistas).
•A vergonhosa situação de fome, que aflige milhões de seres humanos. A fome éÆudada
CDD-918.1 sob a perspectiva de que a mesma não decorre do grande crescimento populacipyal ou de
85-0183 -918.1007 problemas relativos à pobreza do solo ou relacionados ao clima, como pretendem phuitas pes
soas. A fome é uma criação humana e se origina, entre outros fatores, da injysa distribui
Indices para catálogo sistemático: ção da terra, da existência de uma agricultura voltada, notadamente, para o mérlado externo
e, ainda, do acentuado subaproveitamento da terra.
1. Brasil ::Geografia 918.1
• No estudo da agricultura brasileira é analisada a questão da dualidade efcultura de ex
2. Brasil : Geografia : Estudo e ensino 918.1007 portação e agricultura de produtos alimentares destinada ao mercado Essa duali
ittno.
dade é estudada sempre relacionada com a política econômica imposta nó Brasil, nos últimos
20 anos.
É
também analisada a penetração e a expansão do capitalismo no cafßo através de empre
sas rurais nacionais e estrangeiras. A expansão do capitalismo alefou as antigas formas
de relações de trabalho e formou um proletariado rural submetdß a duras condições de
Todos os direitos reservados existência, como éo caso do bóia-fria, do marmiteiro e do peáp.
EDITORA MODERNA LTDA. Além dessas complementações citadas, procuramos disporoassuntos tratados de for
Rua Afonso Brás, 431 ma didática e não compartimentada. Por exemplo, quando é abordada a hidrografia
do Bra
Tel.: 53 1-5099
CEP 04511 - São Paulo SP - Brasil a
sil, faz-se, 1logo em seguida, um estudo da poluição dos rios. Quando é estudada vegetação
do Brasil, faz-se, também, um pequeno estudo do desmatamento da Amazônia. Quando se
1986 abordam etnias formadoras da população brasileira, faz-se um estudo do racismo, evitando
Se, assim, cair numa postura ingênua ou pretensamente neutra.
Impresso no Brasil
Sabemos que o ensino da Geografia tem servido admiravelmente para ocultar a realida
de social, econômica e política mundial e nacional. Assim procedendo, não tem contribuído
para a formação do espírito crítico do estudante nem para o esclarecimento e resolução dos
problemas que afligem a vida em sociedade. Tem-se limitado a fornecer explicações superfi
ciais, parciais ou, ainda, se omitido do estudo das graves questões sociais, quando se sabe
que a Geografia é fundamentalmente uma ciência social.
Tendo esses elementos como norteadores de trabalho, fizemos a nova edição do Pano
rama geográfico do Brasil. Esperamos que o mesmo contribua, de forma mais consistente,
para o ensino de nossa disciplina.
Quaisquer críticas e sugestões serão sempre bem aceitas, pois sabemos que ninguém é
dono de verdades absolutas.
O Autor SUMÁRIO

UNIDADE I – A EXTENSÃO TERRITORIAL E O QUADRO NATURAL


extensão territorial e a posição astronômica do Brasil
Capítulo 1-A 2
Brasil: país de dimensões continentais
Posição astronômica
....
Os fusos horários do Brasil 11
e
Texto para leitura discussão
12
Vocabulário

Capítulo 2 - O litoral, as ilhas oceânicas


o litoral brasileiro é pouco recortado
e o Atlântico Sul 13
13
14
As ilhas oceânicas
Arquipélago de Fernando de Noronha, 15 Ilhas da Trindade
e grupo Martim Vaz, 16 Penedos de São
Pedro e São Paulo, 16 Atol das Rocas, 17
18
O Atlântico Sul: características gerais
e exem
Introdução, 18 Características do Atlântico Sul, 18 Os tipos de trabalho das águas oceânicas
plos no Brasil, 22 Divisão do litoral brasileiro e os principais aspectos morfológicos, 24
Texto para leitura e discussão 25
Vocabulário 26

Capítulo 3 –
As bases geológicas do território brasileiro 27
Noções fundamentais sobre a geologia 27
Classificação das rochas quanto àorigem, 27 A história geológica, 27
31
Estrutura geológica: noções básicas
Os escudos antigos, 31 As bacias sedimentares, 31 Dobramentos modernos, 32
As bases geológicas do território brasileiro 32
Os escudos ou maciços antigos no Brasil, 32 As bacias sedimentares, 34
Texto para leiturae discussão 38
Vocabulário 39
Dedico este livro a todos os companheiros de traba
lho que fazem da Geografia uma disciplina esclarece Capítulo 4- As grandes unidades do relevo do território brasileiro 40
dora e libertadora e da Educação uma prática de de Relações entre a estrutura geológica velha e as altitudes modestas do relevo brasileiro 40
socultação da realidade. As grandes unidades do relevo do território brasileiro 42
As formas de relevo: conceitos básicos, 44 As grandes unidades do relevo brasileiro, 43
Textos para leitura e discussão 4$
Vocabulário 49
Capitulo § –As caracteristicas da rede fluvial e as principais bacias hidrográficas
Caracteristicas gerais da rede fluvial do Brasil 49 O crescimnento da população do Brasil de 1872 a 1980 100
O crescimento da população brasileira por meio dos recenseamentos e o crescimento da população
As principais bacias hidrográficas
mundial, 100 Causas do crescimento populacional do Brasil, 102
Bacia Amazônica, $2 Bacia Platina, $3 Bacia do Sâo rancisso, S$ Bacias secundarias, $$ A participação da população brasileira no conjunto da população mundial e no conti
Texto para leiturae discussão S6
nente americano 109
Vocabulärio 57 c discussão
Texto para lcitura 111
Vocabulário 111
Capitulo 6- As condições climäticas do Brasil e o significado da tropicalidade
Recordando noções de clima: os elementos e os fatores climáicos aplicados ao Brasil 58
Posição astronômica e geogåfica, $S A onfiguração do territörio, $9 As linhas mestras e as altitudes Capitulo 3– As principais correntes imigratórias para o Brasil 113
do relevo brasileiro. $9 A latitude, 60 A altitude, 60
e tipo de Causas e tipos dos movimentos migratórios 113
Clima, tempo atmosfërico tempo conceitos 63
Causas dos movimentos migratórios, 113 Tipos de movimentos migratórios, 113
Massa de ar 63 e econômicos 114
O imigrante: aspectos demográicos, sociais
Conceito, 63 Por que as massas de ar se deslocam de uma rea para outra da superficie terrestre?, Os períodos da imigração e as correntes imigratórias para o Brasil 115
64 Como se evplicam as qualidade de temperatura e umidade de uma massa de ar?, 65
As massas de ar que atuam no Brasil As principais correntes imigratórias para o Brasil 117
66
A massa de ar polar atlântica no inverno austral ou do hemisfério sul 67
A imigraço portuguesa, I17 A imigração italiana, |17 A imigração espanhola, 118 A imigração ale
mã, 118 Á imigração japonesa, 119 Outros grupos de imigrantes, 119
As massas de ar no Brasil no verão austral ou do hemisfério sul 69 120
Texto para leiturae discussão
Os climas do Brasil 69 Vocabulário 121
Classificação de Arhur Strahler, 69 Classificação climätica de Köppen, 70
Texto para leitura e discusso 73
Vocabulário 73
Capítulo 4 -
As teorias demográficas (fome versus crescimento populacional) 122
122
A teoria de Malthus
Capitulo 7- As formações vegetais

Fatores que influem na distribuição dos vegetais 74


A teoria neomalthusiana 124
Os reformistas 125
As formações vegetais 74
A classificação das formações vegetais, 74 Formações florestais, 75 Formações campestres, 77 Forma
A tese do grande mercado de consumo 126
ções complexas, 78 Formações litorneas, 79
A política demográfica brasileira 128
Texto para leitura e discussão 79 Texto para leitura e discussão 128
Vocabuláio 80 Vocabulário 130

CapituloS A mobilidade espacial e a distribuição territorial da população no Brasil 131


UNIDADE II – A POPULAÇÃO A marcha do povoamento e os movimentos internos migratórios no Brasil 131
BRASILEIRA
As áreas de atração e de repulsão de população como fatores de explicação das migrações internas
do povoamento do território brasileiro, 131 A marcha do povoamento no Brasile as migrações in
Capítulo
1–A formação da população brasileira: a diversificação étnica 82 ternas através da história, 132
A diversificação étnica 82 A distribuição da população brasileira pelo território e seus contrastes 137
Os indígenas 83 As densidades demográficas: comparaço entre o Brasil e outros paisesea relatividade de seu signifi
A origem do índio, 83 O racismo ainda serve de critério para definir o que é ser índio, 84 cado, 137 A distribuição da população do Brasil pelo territorio (entre as grandes regiðes e entre as
A população
indígena do Brasil: a dificuldade de sua avaliação e o seu extermínio, 85 A contribuição 87 unidades da federação), 139
O elemento branco 88 Texto para leitura e discussão 141
O negro ...***.. 90 Vocabuláio 142
Areas de introdução do negro no Brasil, 90 Os grupos negros africanos introduzidos no Brasil e suas
contribuições culturais, 91 O aviltamento do ser humano com a escravidão, 92
Texto para leitura e discussão 93 Capítulo 6–A população rural e urbana, o processo de urbanização e as áreas
Vocabulário 93 metropolitanas 143
A população rural e urbana e a urbanização 143
Capítulo 2–0 crescimento da população do Brasil As malhas urbanas eo desigual processo de urbanização entre as várias regiões do Brasil 44
94
Apresentação 94
A hierarquia urbana 149
O crescimento da população no período de 1500 a 1872 Areas mnetropolitanas do Brasil 151
94
Introdução, 94 O crescimento da população do Brasil nos séculos XVI, XVIl e XVIII, 96
O cresci
Texto para leitura e discussão 153
mento da população do Brasil de 1800 até' 1872 (data do primeiro recenseamento Vocabulário 153
do Brasil), 97
Capitulo 7-A estrutura da população do Brasil 154
cacau 200
O
A composição da população do Brasil por idades c sexos |54 201
O arrOZ
Importância de seu estudo, 154 A pirâmide de idades: como se onstroi c exemplos de interpretaçåo, 202
1S4 A pirâmide de idades do Brasil: comparades om os paises desenvolvidos e subdesenvolvidos, O fcijão
202
155 A distribuição por sevOS, 156 A soja
202
A população economicamente ativa 157 O trigo
203
A estrutura da população segundo as atividades econômicas 1S8 Outras culturas
c discussão 203
A população brasileira segundo o rendimento 159 Texto para lcitura
Vocabulário 204
Texto para leitura e discussão 161
Vocabulrio 162

Capítulo 4- A criação de gado no Brasil 205


e com a população brasileira 205
Area de pastagens, rebanho bovino relação
O gado bovino 206
no Brasil segundo as regiões, 207
Histórico, 206 AS zonas criadoras de gado bovinoe de outros rebanhos
UNIDADE III – O
APROVEITAMENTO ECONÔMICO DO ESPAÇO BRASILEIRO Texto para leitura discussão
e 210
211
Vocabulário
Capitulo I –0 extrativismo vegetal no Brasil 164
Diferenciação entre o extrativismo vegetal e a agricultura 164
Formas de atividades extrativas vegetais
Simples coleta de proutos do meio natural para fins de auto-subsistência, 164 Extrativismo como
164 Capítulo 5 – Do extrativismo primitivo às atividades mineradoras modernas 213
Histórico 213
atividade econômica compiementar, 164 Extrativismo vegetal através de empresas comerciais organi
zadas para tal fim, 165 O periodo colonial, 213 Do século XIX aos dias atuais, 215
O extrativismo vegetal no Brasil 165
As principais matérias-primas minerais e sua utilização 217
A organização da producão, 165 Os principais produtos do extrativismo vegetal brasileiro, em valor Os principais recursos minerais do Brasil 219
de produção, 166 Os minerais metálicos, 219 Os minerais não-metálicos, 224
Texto para leitura e discussão 172 Texto para leitura e discussão 226
Vocabulário Vocabulário 227
173

As fontes de energia no Brasil o petróleo e o álcool (Proálcool)


Capítulo 2 -A agricultura brasileira 175
Capitulo 6- (): 228
Histórico 175 Conceito, formas, importância e problemas 228
O
subaproveitamento do espaço brasileiro pelas atividades agropecuárias O petróleo 230
177 •............e.....

A utilização da terra por uma agricultura voltada para o exterior Origem, 230 Histórico: das primeiras sondagens no Brasil em 1892 até os "contratos de risco", 230
180
A injusta estrutura fundiária 182 As áreas produtoras de petróleo no Brasil, as áreas selecionadas para os "contratos de
As relações de trabalho ou de produção risco" 234
184
O latifúndio, 184 A unidade familiar produtora de mercadorias, 185 A O refino eo transporte do petróleo no Brasil, 235 A crise do petróleo no Brasil deriva do modelo
unidade familiar de subsistên
cia, 185 A empresa agropecuária capitalista, 186
Texto para leitura e discussão
Vocabulário
187 -
de desenvolvimento implantado, 237
O Proálcool
Texto para leitura e discussão
Programa Nacional do Álcool 239
241
189
Vocabulário 242

Capítulo 3 –
Os principais produtos da agricultura brasileira |90
A área ocupada pelas lavouras permanentes e temporárias Capítulo 7- Asfontes de energia no Brasil (II): o carvão mineral, o xisto, a energia
190
O café 191
hidrelétrica e a energia atômica 243
Origem e roteiro, 191 As principais crises do café (1906-1918-1929), 193 A O carvâão mineral 243
erradicação de cafeeiros A importância do carvão mineral, 243 Estágios de formação do carvo mineral ou hulheização, 243
antieconômicos e a queda do café como gerador de divisas, 193
A cana-de-açúcar O carvo mineral no Brasil, 244
195 O xisto 245
Origem da cana-de-açúcar e sua trajetória até o Brasil, 195 Fatores de sucesso da cultura e
da indústria A energia elétrica no Brasil
canavieira no Nordeste e a sua importáncia nos séculos XVI e XViI, 195 246
O latifúndio, a monocultura
eo escravo elementoS que caracterizam a atividade açucareira do Brasil-colônia, 196 A cultura da Histórico, 246 Potencial hidrelétrico e potência instalada, 247 Produção de origem hidráulica e térmi
cana-de-açúcar no século XIX c no atual, 197 ca, 249 O consumo de energia eltrica, 249 Usinas nucleares, 250
O milho
198 Texto para leitura e discussão 251
O algodão Vocabulário 251
200
UNIDADE
.
Capitulo 8- A imnportância das atividades industriais e sua distribuição espacial
Conceito, evolução e tipos de indústrias ..........**.******.***...
252
252
Conceito e evolução, 252 Evolução da atividade industrial, 252 Tipos de indústrias, 254
A industrialização do Brasil: histórico

A industrialização pós-1964 e o modelo econômico adotado, 260


A distribuição espacial da atividade industrial e os desequilíbrios regionais
***************..24
Do periodo colonial até 1930, 254 De 1930 até a Segunda Guerra Mundial, 257 De 1945 a 1964, 258

A grande concentração industrial na Região Sudeste e no Estado de São Paulo: explicação histórica
ea formação do colonialismo interno, 263 As áreas ou eixos de concentração da atividade industrial
263
I
no Sudeste, 265 A distribuição da atividade industrial nas outras regiões do Brasil, 266
Principais indústrias de transformação quanto ao valor de produção e outras
características 270
A indústria siderúrgica
Histórico da siderurgia no Brasile as usinas siderúrgicas, 272 A distribuição espacial das usinas side
rúrgicas no Brasil e a Ferrovia do Aço, 273
272
A EXTENSÃO
Texto para leitura e discussão 276
Vocabulário 277 TERRITORIAL EO
Capítulo 9- Os transportes no Brasil: histórico e a posição secundária das ferrovias
frente ao rodoviarismo
Os caminhos coloniais e as velhas estradas
As ferrovias
278
278
279
QUADRO NATURAL
Histórico e traçado periférico comandado por uma economia exportadora, 279 Panoranma atual do
sistema ferroviário no Brasil e o rodoviarismo, 282 Comparações entre os sistemas de transporte, 283
As empresas ferroviárias no Brasil, 284
O sistema rodoviário 285
A navegação fluvial e marítima 288
Navegaço fluvial: considerações gerais, 288 Navegação maritima: considerações gerais, 289
Aviação comercial: considerações gerais 290
Texto para leitura e discussão 290
Vocabulário 291

Bibliografia 292
CAPÍTULO I
PAÍSES DE MAIOR EXTENSÃO TERRITORIAL
% em relação às
A EXTENSÃO TERRITORIAL E A País Área em km? terras emersas

U.R.S.S. 22.402.200 15,0


POSIÇÃOASTRONÔMICA DO Canadá 9.976.137 6,7

9.363.124 6,3
BRASIL E.U.A.
República 9.327.600 6,2
Popular da China
BRASIL: PAIS DE DIMENSÖES estão acima do nível do mar (as terras emersas). Brasil* 8.511.965 5,7
Estas formam os continentes e as ilhas.
CONTINENTAIS Nos 149 milhões de quilômetros quadra 7.682.300 5,1
Austrália
dos que constituema área das massas continen
Vamos iniciar o nosso estudo observando tais e das ilhas, vários países se destacam em Índia 3.287.590 2,2
o globo terrestre. área territorial e, entre eles, o Brasil.
A área do globo terrestre é de S10 milhões Observando a tabela e o mapa da página Argentina 2.780.092 1,8
de quilônmetros quadrados. Como você pode seguinte, você podenotar os países de maior ex
observar, a maior parte do globo terrestre é co tensão territorial e a sua participação em per *
e
Desse total, 8.456.508 km comnpreendem áreas terrestres 55.457 km, águas internas.
berta de água. Cerca de três quartos, ou seja, centagem em relação às terras emersas. Fonte: Calendario Atlante De Agostini, 1982, Novara, Itália, Istituto Geografico De Agostini.
361 milhões de quilômetros quadrados, ou Percebe-se, pelos dados anteriores, que o
70,7%, são constituidos pelas massas líquidas, Brasil se coloca em quinto lugar no mundo em
isto os oceanos e mares. Os restantes 149 mi
é,
extenso territorial. Contudo, se considerarmos
Ihões de quilômetros quadrados, ou cerca de o critério de terras contínuas, o Brasil é o quar
PAÍSES DE MAIOR EXTENSÁO TERRITORIAL
um quarto da superficie total do globo terres to país do mundo em área territorial. Isso se ve
tre, ou seja, 29,30, correspondem às terras que rifica em virtude de o Alasca (49° Estado dos

REPRESENTAÇÃO DAS TERRAS EMERSAS Circulo Polar Artico


E DAS ÁGUAS A SUPERFÍCIE DO GLOBO TERRESTRE
ALASCA
224 km

99 km
E.U.A.
INCLUINDASCA
E E.U.A
HAVAL 7.827.619 km CHINA
9.363 124 9.327.600 km
oCE km
Trópico de Câncer
AWERICA ANO EUROPA
ASIA
3289A
OCEANÓ ATLAN 29,3% 590 knm
AFRICA Equador
OCEANIA
9RS
km
PACFICO OCEANO Tropico de Capricórnio
INDICO 70,7%
AUSTRALIA
AUSTRALIA 682.300 km2

ANTARTIDA
ANTÁRTIDA

Circulo Polar Antártico

Terras emersas Aguas

3
2
E.U.A.) eo Havaí (50° Estado) estarem em des Além das grandes distâncias continentais, POSIÇÃO ASTRONÔMICA
continuidade territorial em relação ao territó o Brasil possui um vasto litoral em contato com
Latitudeéa distância, dada em graus, de
rio maciço desse país. Assim sendo, descontan as águas do oceano Atlântico.
Tendo por base os pontos extremos do ter um ponto qualquer da superfície terres
do-se da área total dos E.U.A. (9.363.124 km) Do cabo Orange, no Amapá, que éo pon tre ao equador. Pode ser norte ou sul.
a área do Alasca (1.518.800 km²)e do Havaí to extremo norte do litoral brasileiro, até a foz ritório brasileiro, podemos estudar a posição
astronômica do Brasil. Já sabernos que os pon Longitude é a distância, dada em graus,
(16.705 km²), esse país passa a ter um territó do Chuí, no Rio Grande do Sul, o litoral mede de um ponto qualquer da superfície ter
tos extremos são:
rio contínuo de 7.827.619 quilômetros quadra 5.864 km. Contudo, se forem considerados os restre ao meridiano principal ou de Green
dos, portanto menor que o Brasil. recortes do litoral (golfos, baías, enseadas e ca wich (em Londres, na Inglaterra). Pode
As distâncias no território brasileiro são bos), passa a ter uma extensão real de 9.198 km. Norte nascente dos rios AilãeCaburaí, na ser leste ou oeste.
grandes, tanto no sentido norte-sul como no Enquanto a fronteira marítima atinge a ci serra de Caburaf, na fronteira com a
leste-oeste. Assim sendo, viajando-se por terra fra acima citada, as fronteiras terrestres alcan República Cooperativa da Guiana
ou mar, percebe-se que são necessários dias de çam cerca de 12.000 km. A fronteira mais exten (ex-Guiana Inglesa), a 5°16'19" de
viagem para se chegar a diferentes pontos do sa estános limites com a Bolívia (3.126 km) e
latitude Norte;
margens do arroio Chuí, no Estado
território. Para se ter idéia, as distâncias entre a menor, com o Suriname (593 km). Sul
os pontos extremos do território brasileiro ul Por tudo isso que acabamos de citar: a área do Rio Grande do Sul, fronteira com
o Uruguai, a 33°45 '09" de latitude
trapassam 4.000 quilômetros. territorial do Brasil, as distâncias entre os pon
• Do ponto extremo norte (serra de Caburaí, tos extremos, a extensão litorânea e a exten Sul;
em Roraima, na fronteira com a República são das fronteiras terrestres, podemos realmente Leste ponta do Seixas, no Cabo Branco, no
Cooperativa da Guiana) até oponto extremo afirmar que o Brasl é um país de dimensões Estado da Parafba, a 34°45'54" de
sul (foz do arroio Chui, no Rio Grande do longitude Oeste;
continentais. serra de Contamana, no Estado do
Sul, na fronteira com o Uruguai) a distância Oeste
ao globo terrestre Acre, fronteira como Peru, a 73°59'
linear é de 4.320 quilômetros. 1,66

Do ponto extremo leste (ponta do Seixas, no Área do território 32" de longitude Oeste.
às terras emersas 5,7
cabo Branco, no Estado da Paraíba) até o brasileiro (em o)
ponto extremo oeste (serra de Contamana, em relação ao continente americano Observe que utilizamos a latitude e a lon
20,80
no Acre, fronteira com o Peru) a distância é gitude para situar o Brasil na esfera terrestre.
de 4.328 quilômetros. à América do Sul 47,00 Assim sendo, há a necessidade de recordarmos Para facilitar a compreenso, vamos loca
os seus conceitos e aplicá-los à posição astro lizar alguns pontos no globo terrestre, utilizan
nômica do Brasil. do a latitude e a longitude.

73 34
POSIÇAO DO BRASIL NO GLOBO TERRESTRE
160't40'12d 100 80%s0* 40'20*o* 20° 40 60'-80* 10o 120 4d160 180
80

Groenlahdia
Monte CaburaA Cabo Orange 60 60
BRASIL: DISTANCIAS DOS PONTOS EXTREMOS Circule Polar Artica
E DAS FRONTEIRAS TERRESTRES E MARITIMAS
SAMÉRICA
40 DO NORTE EUROPA 40
ASIA

6rra/ Trópico de Cance


20
20
4.328 km AMÉRICA
Ponta do Seixas CENTRAL ÅFRICA
5 5
oCEANIA
O
Pquador
BRASIL

12000
AMERICA
DO SUL 4
20 Caprlcornlo Sab Paglo 20

krn TIoplco de Austrália


OCEANO
ATLANTICO 33

60 circulo Polas Anta


ANTARTIDA

Arroio Chulg 80
160'140'120' 100'80 60
40) 20 0 20 40 60 80 100 120)40'160 180
73* 4

5
4
Qual éa
latitude e a longitude dos pontos Após essas considerações e sempre obser
trópicos. O trópico de Capricórnio (23°27"
assinalados? vando o mapa da página anterior, podemos de latitude Sul) atravessa a cidade de São Pau
afirmar: lo, o norte do Estado do Paraná e o Estado
Ponto n = 40° de latitude Norte e 60° de •o território brasileiro estálocalizado total de Mato Grosso do Sul, deixando parte dos
longitude Oeste. mente no hemifério ocidental, pois ele se si
Ponto n2 = 20° de latitude Sul e 20° de lon tua a oeste do meridiano de Greenwich; Estados de São Paulo, Paraná e Mato Gros
so do Sul e os Estad os de Santa Catarina e
gitude Leste. • apenas uma pequena parte das terras perten
Ponto n3 = 0° de latitude e O° de langitude. Rio Grande do Sul na porção meridional do
centes ao Brasil encontra-se ao norte da linha
Ponto n4 = 20° de latitude Sul e 40° de lon país, na porção de clima subtropical;
equatorial, pois a mesma "corta-o" na altu •o Brasil ocupa a porção centro-oriental da
gitude Oeste. ra do golfão amazônico e passa pela cidade
América do Sul, estendendo-se desde os pri
de Macapá no Amapá. Assim sendo, o Bra
Sabendo o que é latitude e longitude torna meiros contrafortes da cordilheira andina até
se mais fácil para vocêentender a posição as
siléum pais situadoquase totalmente no he o Atlântico;
mifério sul; • o Brasil faz fronteira com quase todos os paí
tronômica do território brasileiro, tendo por ba • amaior parte do território está localizada en ses da América do Sul, com exceção do Chi
se os pontos extremos. Assim sendo, podemos tre os trópicos, daípodermos falar que o Bra Relógio de sol numa praça da cidade de Tiradentes,
le e do Equador, além de ser banhado pelas en Minas Gerais. Observe a marcação das horas pe
concluir: sil é um país tropical. Em vista disso, há águas do Atlântico, principalmente pelo la sombra da vara e o relógio de corda logo abaixo.
necessidade de desenvolvermos uma tecno
Atlântico Sul;
logia criativa segundo as particularidades do •o território brasileiro assemelha-se apara um
O Brasil está situado entre os paralelos de meio natural ou físico, pois nem tudo que é imenso triângulo. A base estávoltada
5°16'19 de latitude Norte e 33°49 '09" desenvolvido nos países temperados pode ser o hemisfério nortee um dos vértices, voltado
Apesar dos inconvenientes, o relógio de sol
de latitude Sul, e os meridianos de 34° utilizado de forma conveniente nas áreas tro para o sul, atinge a região das altas pressões foi muito utilizado por vários povos, no decor
45'54" e 73° 59'32 " a oestede Greenwich picais; subtropicais. Caso contrário, isto é, se o vér rer da história, chegando a ser usado até os tem
(longitude Oeste). • apenas um quinto território está localiza tice do triângulo estivesse voltado para o nor
d pos atuais em várias cidades.
do na porção extratropical, isto é, fora dos te, a porção do território próximo à base teria
Além do relógio de sol, o homem criou ou
"condições de tempo e clima comparáveis às tros procedimentos para medir o tempo: reló
da América do Norte', segundo a observa gio de água, denominado também clepsidra,
ção de Gilberto Osório de Andrade no estu que, em virtude da dificuldade deser utilizado
REZUELA
cOLOMBIA
(GbIANA FRANCESA do dos climas do Brasil (em Brasil, a terra e nos desertos, possibilitou a criação do relógio
o homem, v. 1);
de areia ou ampulheta; foi usada também a
• em virtude do grande alargamento do terri
Eousdor queima de vela, nas quais eram espetados alfi
EOUADOR, tóio, no sentido leste-oeste, o Brasil possui netes, em alturas diferentes, que auxiliavam a
quatro fusos horários: três na porção conti medir o tempo.
nental e um abrangendo as ilhas oceânicas. Posteriormente surgiu o relógio de corda,
Serrs de e em
Contamanal 1675orelógio ganhou outro ponteiro, o
-BRASH Ponta
do Selxas ponteiro de minuto, demonstrando dessa for
PERU ma a busca, pelo homem, de precisão na medi
OS FUSos HORÁRIOS DO ção do tempo.
BOLIVIA Entretanto, cada região, cada país e até
BRASIL mesmo cada cidade ou vila marcava a hora se
gundo as suas próprias particularidades. Não
Trópico dCapricónio Hámilênios o homem se preocupa em me havia um acordo ou uma combinação" pa
ARGENTINA
dir o passar do tempo ou a duração do dia e ra a marcação das horas dos relógios das dife
da noite. rentes partes da Terra.
Foi na Mesopotâmia que surgiu, por volta Quando os meios de transporte se desen
VRUGUANC
do ano 700 a.C, o relógio de sol. Daí o seu uso
difundiu-se para várias regiðes, inclusive para
volveram -
século passado
como foi o caso das ferrovias no
permitindo maior rapidez
a Grécia, onde os seus habitantes denomina nas viagens e maior contato entre os povos,
O território brasileiro assemelha-6e a umn triângulo. Abase está voltada para o hemis
fério norte, e um dos vértices, voltado para o ram-no quadrante solar ou gnômon. tornou-se importante estabelecer um acordo na
sul, atinge a região das altas pressoes
subtropicais. Em vista disso, e de outros fatores, essa porção do território, estreita, Entretanto, o relógio de sol apresentava vá fixação das horas. Foi esse o caso, por exem
pouco comprida e de relevo baixo, sofre a influencia
termorreguladora oceano. Es rios inconvenientes, entre eles, o fato de não me plo, de uma companhia ferroviária dos Esta
sa ação impede que se estabeleça nos Estados meridionais do Brasil odo
e bosque encontrado em espaços e latitudes clima de neve dir o tempo nos dias sem sol ou encobertos ou, dos Unidos, que, em 1883, verificou a neces
guns pontos,
semelhantes a eles, com exceção de al ainda, nos dias chuvosos. sidade de estabelecer uma tabela de horários

6 7
que nãovariasse de uma cidade próxima a ou • Dividindo 60° por 15° (medida de cada fu
tra, mas somente na passagem de uma região so), saberemos quantos fusos os separam. fuso no
para outra. território

Foi assim que, no ano de 1884, realizou-se


60°15 outro

0 4 fusos
um Congresso na cidade de Washington, Esta em
paa
• Como 60° está a leste do fuso de Greenwich,
dos Unidos, para discutir a questão. Estiveram do
presentes, nesse congresso, representantes de 36 as horas aumentam; logo, acrescentam-se ficariam
menaanos

porção

nações, e foi a partir dai que se adotou o siste quatro horas à hora anterior.
ma de fusos horários para a determinação das 12 horas, no fuso de Greenwich países
essa

horas nos diferentes lugares da Terra. + 4 horas, que é a diferença cntre um e outro ou incluiu

16 horas
A explicação dos fusos horários pode ser
imiteS
alguns

realizada da forma que se segue:


Com essas explicações torna-se mais fácil
•A esfera terrestre dá uma volta compieta em entender os fusos horários do Brasil. de
outros é,
isto
torno de seu eixo imaginário a cada 24 horas Você já sabe que a distância entre os pon
território

(éo movimento de rotação da Terra). tos extremos lesteoeste do território brasileiro


estabeleceram nrático.

• Assim, a esfera terrestre desioca-se ou movi


menta-se 15° a cada hora (360, gue é a me
é de 4.328
km ou de 39° (serra de Contamana
édefinida
pelo meridiano de 73°OGre ponta do limite

dida da circunferência, divididos por 24 ho


do Seixas pelo meridiano de 34°0Gr, logo 73° porções

ras resultam 15°). - 34° = 39).39° correspondem a quase a me países


o
• Desse mnoda, a esfera terrestre foi dividida em adotou

24 partes de 15°, e cada uma dessas partes re dida de três fusos (45°). certas
muitos

cebe o nome de fuso horário e possui uma ho Bracil


ra diferente da dos outros fusos. é,

Omeridiano inicial paraa marcação das ho 1° na altura do equador corresponde a
isto disso,
ras éo meridiano de Greenwich, daí falar-se 111,1 km. Logo, 15° (medida de um fuso horários, dOaauonte

em GMT (do inglês Greenwich Meridien vista


Ti horário) correspondema 1.665 km. A dis
mes, que quer dizer "hora do Meridiano de
tância leste-oeste do território brasileiro Em
Greenwich").
éde 4.328 km, quase três vezes a medida li fusoscomercial.

•O fuso 0(zero) vai de 7°30 Oeste a 7°30 near de um fuso (1.665 x 3 = 4.995 km).
Leste do Meridiano de Greenwich, perfazen
dos
do, portanto, 15°, que é a medida de um fuso.
•Aa contagem para os demais fusos é realizada vida

partir do fuso de Greenwich, seguindo pa Contudo, devemos considerar que o Bra sua
região.

ra leste e para oeste, sendo costume numerá sil possui várias ilhas oceânicas. Eo caso do ar
territono

los de 1 a l1 a partir de Greenwich, com sinal quipélago de Fernando de Noronha, distante


a
e nessa

positivo para leste (hora adiantada em rela


municacöes

ção à hora do fuso de Greenwich) e com si


da costa do Rio Grande do Norte 360 quilôme
tros; das ilhas da Trindade e grupo Martim Vaz, do diferentes

nal negativo para oeste (hora atrasada em localizadas na mesma latitude de Vitória, no
areas

relação àhora do fuso de Greenwich). Veja Espírito Santo, e distantes desse Estado cerca de
O mapa que se segue dos fusos de
horários para 1.100 km; dos penedos de São Pedro e São Pau
vocêcompreender. lo, distantes da costa do Rio Grande do Norte
exemplo, horas

• Cada fuso horário é regidopela hora de seu cerca de 900 kmnea 1° ao norte do equador.
meridiano central (veja as linhas pontilhadas Assim sendo, considerando as ilhas citadas
evitando

no mapa acima citado). ea distância leste-oeste do território brasilei por


Vamos citar um exemplopara gue
fixara com ro, podemos concluir o que se segue: caso,
oeste,
preensão. o Brasil possui quatro fusos horários, sendo .o
Observe que, no mapa dos fusos horários, três fusos na porção continental do pais e um
o
enquanto no fuso 0 (zero) ou de Greenwich são E a

12 horas, no fuso de 60° Leste são 16 horas, Co abrangendo as ilhas oceânicas; e horas. fuso
• todos os fusos do Brasil possuem a hora atra
mo explicar isso?
sada em relação à hora de Greenwich, pois
terceiro

Inicialmente precisamos saber quantos fu das


o Brasil está localizado totalmente no
sos separam o fuso de 60 Leste. hemis ça
Jério ocidental.
o
8
TEXTO PARA LEITURA E
DISCUSSÃO
Fusos horários em Area
Região brasileira
relação à hora de compreendida
Greenwich km?
Não podemos assumir uma posição de Esperança de
Rendimento mensal farniliar
Ilhas oceânicas, inclusive arquipélago de
37
orgulho desmedido diante da grande vida ao nascer
-2 horas 0,00
Fernando de Noronha extensão territorial do Brasil
até salário mínimo
1
54,8 anos
Unidades da Federação:
Amapá, Maranhão, Piaui, Ceará, Rio Grande do Norte, Parai mais de 1a2 salários mínimos 59,5 anos
ba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espí Não podemos cair no erro, diante da grande exten
rito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, são territorial do Brasil, dos seus grandes recursos bele
e mais de 2 a5 salários mínimos 64,0 anos
-3 horas Rio Grande do Sul, Goiás, Distrito Federal e parte do Pará, a 4.355.442 51,17 zas naturais, de assumir um sentimento ou posição de
leste da linha que, partindo da foz do io Jari, sobe pelo rio Ama 69,6 anos
zonas, até alcançar a foz do rio Xingu, subindo por este até os orgulho desmedido. Tal atitude somente serviria para mas mais de5 salários mínimos
carar a realidade em que nos encontramos, deixando em
limites de Mato Grosso todos os níveis 60,5 anos
segundo plano o que mais importantea situação s0
é o

cial e econômica dos que vivem nesse imensotterritório, is


o

Unidade da Federacão: to é, a população brasileira.


Roraima Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, parte o Fonte: Nilson do Rosário Costa, Condições de saúde, in
Desse modo, podemos afirmar que apesar de Bra IBASE, Sanáde e trabalho no Brasil, Petrópolis,
-4 horas do Pará a oeste da linha já citada e a parte do Amazonas a leste 3.805.572 44,71 sil possuir um vasto território e grandes recursos naturais,
da geodésics que. partindo de Tabatinga, vai a Porto Acre, com os mesmos não foram aproveitados ou utilizados para be
Vozes, 1982.
preendidas essas duas localidades no fuso de quatro horas neficiara população como um todo. Grandes
e graves pro
Percebe-se que as pessoas de maior renda possuem
blemas existem na distribuição da riqueza entre a popula o "direito" de viver mais que as de menor renda. E, no en
gran
Unidades da Federação: ção. Apenas uma minoria beneficiou-se, enquanto a tanto, todos têm o direito de viver o maior número de anos
-S horas 350.914 4,12 de maioria vive emn situação de pobreza. Já se disse que so
Acre e parte do Amazonas a oeste da geodésica mencionada mos um país rico de população pobre. possível.
Para comprovar tal situação, basta verificarmos
al

BRASIL Elevada taxa de mortalidade infantil


8.511.965 100,00 guns dados da realidade brasileira.
A baixíssima qualidade de vida da população brasi
Fonte: Anudrio Estatistico do Brasil, 1977, IBGE.
leira é responsável pelas elevadas taxas de mortalidadee,
entre elas, a da mortalidade infantil.
Grande desigualdade de rendimento entre as classes sociais Na cidade de São Paula, a maior cidade do Brasil,
ioe Calune
entre 1.000 crianças nascidas vivas, 89 morrem antes de com
FUSOS HORÁRIOS DO BRASIL Em cada 100 pessoas economicamente ativas no Bra pletar um ano de idade.
Penedos de São Pedro idade igual ou superiora 10 anos e que exer
sil, isto é, com
Para que tenhamos uma real idéia do que representa
çam atividades remuneradas, verifica-se:
e Slo Paulo
essa taxa (89a)\ podemmos comparar com a de outros pai ,
Equador
a ses. Na Suécia a taxa de mortali dade infantil é de 9bo no
cerca de 35 possuem umn rendimento mensal inferior e na
Arq.
um salário mínimo; Uruguaie de 49ba, nos Estados Unidos, de 176o
Fernando União Soviética de 26a
salários
possuem um rendimento mensal entre 1eS
de Noronha
Sema deCa
• 54 Entretanto, se considerarmos outras cidades brasilei
CE
Atol das Rocas ras, os dados tornam-se alarmantes. Em Belo Horizonte
• apenas é de 125ha e no Recife de 229s.
llpossuem um rendimento mensal superior a
5 salários mínimos. Entre as grandes causas da elevada mortalidade in
Ponta do Selxas fantil brasileira, figura a desnutrição da criança ou da mãe.
Percebe-se, então, que a grande massa dos trabalha Eas grandess vÍtimasas são as crianças de pais de baixa renda.
v

long. oeste)
dores é despossuída, pois seu rendimento é baixissimo. Des Além desses graves problemas apontados, muitos Ou
GO BA sa maneira, esses trabalhad ores encontram-se numa situa tros existem, que afligem a maioria dos brasileiros: precá
19 ção de profunda pobreza. Em decorrência disso, muitos rias condições de saneamento básico, péssimas condições
DF
outros problemas surgem, como os que se seguem. de alimentaçãa, elevada ocorrencia de doenças, deficien
tes condições de moradia, dificuldade de acesso à escola
MG
eàeducação nosseus diferentes graus (primeiro, segundo
e superior), queda do salário do trabalhador, relações de
Trindade e Violenta e vergonhosa desigualdade de esperança de vida trabalho de exploraçãa, grande divida externa, grande de
Martin Var entre as classes sociais de baixa e alta renda pendência do exterior, desigual distribuição da terra rural
com forte concenuração de área de terras nas mãos de pou
O baixo nível alimentar, as precárias condições de ha cos proprietários, subaproveitamento do território brasi
bitação e saneamento bsico, as jornadas de trabalho mais leiro paraa prática da agricultura (apenas 5,8% do espaço
longas na busca de um adicional de rendimento e outros brasileiroé utilizado pela prática agricola, num pais de des
fatores influem de forma brutal na diminuição da esperança nutridos) e muitos outros.
Limite teórico de vida das pessoas de classes sociais de baixa renda. Vese, assim, que não podemos assumir um sentimen
Observe os dados relativos à estimativa da esperança to de orgulho desmedido em relação ao fato de que o Bra
Limite pratico
de vida ao nascer, segundo grupos de rendimento mensal sil é um pais de dimensões continentais. Que é um país do
familiar. futuro. Tal atitude, como já foi ressaltado no início deste

10 11
CAPÍTULO 2
texto, somente serve para acobertar ou disfarçar a triste rea tais", Entretanto, cumpre lembrar que o mito possui unna
lidade social de nosso povo. Os que assumem tal posiçào função social, Ele rduz os conflitos sociais. No caso, ser

visam, inconsciente ou conscientemente, obscureer a po etrepara dissimular as opressivas relações dos homens en
si, nos scus ou aspectos cco
breza em que vivem milhocs de brasileiros; visam desviar diferentes planos (social,
as atenções para os reais problemas sociais, onômicos
e políticos do Brasil.
nômico, politico c cultural).
Sim, sonmos um país de dimensõcs continentais, de LITORAL, AS ILHAS O

Criou-se, durante geraçdes, o mito do "Brasil gigan grande potencial de espaço c que não conscguimos orga
te", do "'pais do futuro", do "pais de dimensocs continen nizar esse cspaço cm bencficio de todos.

OCEÂNICAS E O ATLÂNTICO SL
VOCABULÁRIO
Arroio: denominaço dada aos pequenos rios Enseada: reentrância da costa bem aberta em
O LITORAL BRASILEIRO
É
no sul do Brasil. direção ao mar, porém com pequena pene senta de forma maciça. Não apresenta grandes
golfos (com exceção do golfão amazônico, que
Baia: reentrância da costa, porm menor que tração deste. POUCO RECORTADO possui 974 km de etenso) nem penínsulas, co
a de um golfa, pela qual o mar penctra no
Foz: boca de descarga das águas de um rio. Es mo a América do Norte, a Europa e a Asia. En
interior das terras. Alm do mais, possui um se desaguamento pode ser realizado no mar,
Jásabemos que o Brasil possui um vasto tretanto, não possui a macicidade do território
estreitamento na sua entrada. num lago, numa lagoa, ou mesmo numn ou litoral, todo ele voltado para o oceano Atlânti africano.
Cabo: parte saliente da costa sob a forma de tro rio. co, principalmente para o Atlântico Sul. A ausência de muitos recortes no litoral está
uma ponta que avança cm direção ao mar. O litoral brasileiro estende-se desde o ca
Geodésica: curva, curvatura. relacionada à pobrezade glaciações quaterná
O cabo é menos extenso que a peninsula e bo Orange, no Amapá, atéo Chuf, no Rio Gran rias. Em pontos onde elas ocorreram, forma
maior que uma ponta. Golfão: ver Golfo. de do Sul, numa extensão de5.864 quilômetros. ram-se as costas de fiordes, bastante recortadas,
Contraforte: denominação dada às ramifica Golfo: ampla reentrância da costa, bem larga, Entretanto, se considerarmos as saliênciase como no Chile, Noruega e outros.
ções laterais de uma cadeia de montanhas. na qualo mar penetra enm profundidade. reentrâncias do litoral brasileiro, como os gol Esses fatos podem dar a impressão de que
fos, as baías, as enseadas e os promontórios, o litoral brasileiro dificulta o estabelecimento
a extensão real do litoral se eleva para 9.198 qui de instalações portuárias. Isso não ocorre. To
lômetros. dos os trechos do litoral estão permanentemen
Apesar da grande extensão real do litoral te livres à navegação. As comunicações podem
brasileiro, o mesmo é menos recortado queo ser estabelecidas durante todas as estações do
de outras partes da Terra. ano, poiso litoral brasileiro não possui os in
Comparando a extensão real da costa bra convenientes de outras regies litorâneas situa
sileira (9.198 km) com a do litoral (5.864 km), das nas altas latitudes, onde o clima e certas
verificamos que para cada km de litoral cor correntes marinhas somente permitem que elas
responde 1,57 km de extensão real da costa sejam utilizáveis em curtos periodos do ano ou
(1:1,57). exigem grandes esforços, pelo menos com os
Comparando essa relação de 1:1,57 com a atuais conhecimentos tecnológicos, para se tor
de outros litorais, tem-se: narem navegáveis por maior espaço de temp0.
As possibilidades ou facilidades de comu
Para cada km nicação oferecidas pelo litoral brasileiro, ao la
de litoral
do de uma economia que esteve sempre voltada
para o exterior, fizeram do Brasil um país de
correspondem povoamento periférico,
de extensão A população, desde o início do século, fi
real da costa
Xou-se na fachada atlântica, ocupou as suas ter
ras e fez surgir algumas das principais cidades
4,9 km, 3,5 km,
brasileiras. Foram aproveitadas justamente as
2,0 km, 1,57
reentrâncias litorâneas, estabelecendo-se af os
n América ra Europa|| na América no
B

sítios urbanos. E o caso de Salvador, na baía


do Norte do Sul
de Todos os Santos, do Rio de Janeiro, na baía
Após esses dados, pode-se realmente afir da Guanabara, de Porto Alegre, no rio Guat
mar queo litoral brasileiro é pouco recortado ba, e de Belém, na baia de Guajará, para citar
em relação a outros e que o território se apre apenas alguns.

13
12
AS ILHAS OCEÂNICAS ção de gado bufalino, o qual foi trazido da Ín A maior ilhaéa de Fernando de Noronha,
dia e aí se adaptou com êxito. BRASIL: ILHAS OCEANICAS pois possui 16,9 km². Percebe-se, assim, que as
As ilhas de modo geral podem ser classifi As ilhas oceânicas ou isoladas são aquelas outras ilhas do arquipélago, isto é, as 18 restan
que não possuem relação direta com o relevo Macapá
tes, possuem apenas 1,5 km². Entre elas, a ilha
cadas em dois grupos: Pansdos de
San Pefro e Sio Paulo
continental. Encontram-se distantes da linha Belém Rata é a maior, possuindo 80.000 m², seguida
Sio Lufs
• ilhas continentais ou costeiras; da costa, constituindo picos ou topos de mon Arutadtsnn de
EanRnfe de Noranka de pequenos rochedos vulcânicos com os no
• ilhas oceânicas ou isoladas. tanhas submarinas que chegam à superfície das Fortaleza A

ds Rocse mes de Rasa, do Meio, Lucena e outros.


águas oceânicas. Teresina
O relevo da ilha de Fernando de Noronha
Natal
As ilhas continentais ou costeiras corres As ilhas oceânicas podem ser classificadas João Pessoa
apresenta-se acidentado em algumas partes,
pondem àquelas que têm estreita relação com quantoà origem em: 10
Recifee destacando-se o morro do Pico com 321 m de
o relevo continental. Incluem-se nesse caso, as
• ilhas vulcânicas, aquelas resultantes de vul
Maceióp
Aracaju
altitude. Entretanto, na maior parte, predomi
ilhas fluviais e as lacustres, além das marítimas na um relevo de feição tabular, semelhante a
ou costeiras, as quais estão assentadas sobre a canismos que se manifestaram na estrutura Salvador
chapadas ou mesetas.
plataforma continental. geológica do fundo oceânico; e Cuiabá Brasilia O seu clima é do tipo tropical, semelhante
Pode-se citar, no Brasil, grande número de • ilhas coralígenas ou de origem biológica, as Golânia ao do litoral oriental do Rio Grande do Norte,
ilhas continentais ou costeiras: Marajó, Cavia com médias térmicas anuais superiores a 2.5°C.
resultantes da acumulação de carcaças calcá
na e Mexiana, localizadas no golfão amazôni 20 O índice pluviométrico médio anual é de
rias de pequenos animais marinhos que se de Campo Grande
co; a ilha do Maranhão, onde se localiza a cida 1.320 mm, sendo que a estação das chuvas e a
Vitória9 Gruoo Martim Vat

senvolvem em colônias nos mares quentes, 204

de de São Luís (Maranhão); Itamaracá (Pernam


Iha da Trindsde
da seca são bem-definidas. Entretanto, o perío
sobre uma base de rocha preexistente (pico,
*São Paulo Rig d Janeiro
buco); Santa Catarina, onde se situa a cidade Trópico do das secas é prolongado, atingindo seis a se
por exemplo, de uma montanha submarina). Curitibáe deCapricórnic
te meses. Esse fato mais a baixa permeabilidade
de Florianópolis; ilhade São Sebastião, no lito ATLANTICO

ral norte de São Paulo; e como exemplo de ilha As ilhas, no Brasil, de origem vulcânica
Florianópolis
do subsolo da ilha fazem com que os seus pou
fluvial a ilha do Bananal, formada pelo rio Ara cos rios se tornem rios de regime temporário.
são: arquipélago de Fernando de Noronha, Porto
P Alegre OCEANO
guaia, no Estado de Goiás. A maior ilha costei ilhas da Trindadee grupo Martim Vaz e os pe As conseqüências dessas caracteristicas da ilha
ra do Brasil é Marajó, com 48.000 km², onde se para a vida humana são problemáticas, pois li
nedos de São Pedro e São Paulo. Ea de origem 40

tem desenvolvido, de forma satisfatória, a cria coralígena ou biológica, o atol das Rocas. mitam o aproveitamento do solo para a agri
cultura, além de gerar falta de água potável. A
Arquipélago de Fernando de Noronha população contorna o problema perfurando
poços, os quais, todavia, não apresentam água
Estálocalizado a uma distância de 360 km de sabor agradável, e acumulando água da chu
da costa do Rio Grande do Norte. va em cisternas e açudes.
formado por
É 19 ilhas, abrangendo uma O aglomerado humano da ilha é a vila de
área total de 18,4 km². Nossa Senhora dos Remédios, que é a sede do

llha de Santa Catarina, onde se situa Florianópolis. Aspecto do arquipélago de Fernando de Noronha.

14 15
governo territorial. A vila possui uma popula A ilha da Trindade foi descoberta em 1503.
ção flutuante, representada por militares das Foi habitada de 1919 a 1926 por um contingen
forças armadas do Brasil e por uma população te da Marinha de Guerra do Brasil, que lá mon
civil, da qual muitos são ex-presidiários, pois tou uma estação radiotelegráfica. Além disso, 2bandorddo
a ilha foi, no passado, colônia correcional, cu serviu como presídio político no periodo de
ja origem remonta ao século XVII. A ilha não 1924 a 1926. Em 1941, foi ocupada pela Mari
éauto-suficiente na produção de alimentos para nha de Guerra brasileira, com a finalidade de
atender a sua população. São importados do defendê-la durante a Segunda Guerra Mundial.
continente vários gêneros de primeira neces Várias expedições científicas têm estuda
sidade. do a ilha da Trindade, tendo observado a rup
Em 1942, o arquipélago foi transformado tura do equilibrio ecológico da mesma. Várias
em Território Federal em plena Segunda Guer espécies animais e vegetais têm desaparecido e
ra Mundial, em virtude de sua posição estraté outras estão em vias de extinção. Os especialis
gica no Atlântico. Sua administração é militar tas atribuem o fatoà introdução, em 1916, de
e, segundo o censo de 1980,
lávivem cerca de cabritos, porcos e carneiros na ilha a fim de pro
ver a alimentação do contingente da Marinha
1.323 pessoas. Consideran do que o censo de
1970 apurou 1.241 habitantes, em dez anosa po de Guerra do Brasil que lá esteve.
pulação cresceu em apenas 82 pessoas. Nos últimos anos ailha é ocupada para ob Penedos de São Pedro e São Paulo.
servações meteorológicas, pois ela se situa den
Ilhas da Trindade e grupo Martim Vaz tro da área do anticiclone do Atlântico Sul (área
e deixando os seus dejetos, os quais formam o
de dispersão de massas de ar). Assim sendo, a da costa do Rio Grande do Norte definidos
Distam cerca de 1.100 km da linha da cos ilha da Trindade é umexcelente centro de pes pelo paralelo de 0°56' e pelo meridiano de guano.
Éumaárea de instabilidade geológica, que
ta do Estado do Espírito Santo, estando situa quisas climatológicas e que possibilita a reali 29°22'OGr. apresenta abalos sísmicos; por esse motivo a
zação da previsão do tempo, pois aí estáo centro Formam um arquipélago de cinco roche
das no mesmo paralelo de Vitória. São as ilhas Marinha de Guerra do Brasil, em 1933, aban
mais afastadas do território brasileiro. Trinda de origem da massa de ar tropical atlântica que dos maiores e vários outros menores, com uma
atinge o território brasileiro. área aproximada de 70.000 m²e dispostos nu donou o farol ali instalado em 1931.
de possui 8,2 km², eogrupo Martim Vaz, for ma extensão de 350 metros. O rochedo maior
mado por três ilhas, possui apenas 2,5 km² e possui 100 m de comprimento por 50 m de
estásituado a 50 kma leste da ilha da Trindade. Penedos de São Pedro e São Paulo Atol das Rocas
largura.
São de constituição vulcânica, apresentam Os penedos não possuem água potável nem
um relevo montanhoso e poucos rios perenes. Constituem pequenos rochedos formados cobertura vegetal, sendo habitados por aves
ma Situa-sea oeste de Fernando de Noronha,
A vegetação é escassa. por rochas magmáticas, situados a 900 km rinhas que se alimentam de peixes e lá procriam, distante deste cerca de 150 km.

Aspecto do atol das Rocas.


Aspecto da ilha de Trindade.
17
16
Possui uma área de 7,2 km² e uma altitu Além das possibilidades de pesca que ofe
de de apenas 3 metros. rece, nos últimos anos novas perspectivas sur
Conjunção
O termo atol é empregado para designar giram quanto à exploração de sua plataforma
ilhas coralígenas (formadas pela acumulação continental na prospecção de petróleo. Quandoa Lua se coloca entre a Terra e
o Sol, dá-se a essa posição o nome de
de corais), de forma circular, que contêm uma Podemos apontar várias caracteristicas de conjunção. Ocorrem nessa fase as mna
lagoa central que, com o tempo, é entulhada de ordem fisica do Atlântico Sul, no trecho bra Sol rés mais fortes: marés de águas vivas ou
carapaças calcárias, transformando o arquipé sileiro. de sizígia.
Lua
lago numa ilha.
Difere, portanto, de outras formações co Características do Atlântico Sul Terra
ralígenas, como os recifes de corais em barrei 1. TEMPERATURAS MÉDIAS DAS ÁGUAS Oposição
ra, que correspondem a formações paralelas à SUPERFICIAIS DO ATLÂNTICO SUL:
costa ou ainda aos recifes isolados, que são ilhas na porção brasileira, estão compreendidas Quando a Terra se coloca entre o Sol e
arredondadas de corais. entre 20°C na altura do Rio Grande do Sul a Lua, é a fase da oposição. Tarnbém nes
sa fase ocorrem as marés fortes.
O atol das Rocas não é habitado, pois não e 25°Cnas proximidades da linha equatorial. Sol
possui água potável nem solo propicio para a Contudo, em direço à porção meridional,
agricultura. Entretanta, nas suas proximidades mas já fora do alcance das terras brasileiras, Lua
ena lagoa central existem peixes em abundância. Terra
as temperaturas médias das águas superfi
Existe no atol das Rocas um farol automá ciais do Atlântico atingem 9°C.
Lua
Ouadratura
tico, para orientar a navegação, aí instalado em 2. SALINIDADE: situa-se entre 36loo e 37o0, Aqui, os três astros se encontram em qua
1914. dratura, isto é, as duas linhas imaginá
apresentando-se um pouco acima da média rias que os unem formam um
Quanto à fauna, existe a predominância dos oceanos, que é de 3500. O trecho que reto, no qual a Terra ocupa o vértice. Nes
das aves marinhas, responsáveis pela formação apresenta a maior salinidade estácompreen Sol sa fase, as marés são fracas: são as ma

de grande quantidade de guano. dido entre o Ceará e a Bahia. Tal fato é expli rés de dguas mortas ou de quadratura.

cado por uma conjugação de fatores: tempe Terra


raturas elevadas do ar atmosférico e dos alí
sios de Nordeste, os quais causam grande eva
O ATLÂNTICO SUL: poração sobre o oceano; ausência de grandes relevo dos continentes. Existem grandes de
CARACTERSTICAS GERAIS rios que desembocam as suas águas nesse tre pressões, altas montanhas submarinas ou
cho do Atlântico; irregularidade e escassez
A
diferença entre a maré alta ou preamar
ea maré baixa ou baixa-mar dá-se o no mesmo cadeias montanhosas, planaltos e
de chuvas no trecho considerado. (Chama
Introduço mos a atenção para esses fatores, pois os mes me de altura da maré ou de amplitude das planícies. Entretanto, deve-se considerar que,
marés. em virtude do grau de trabalho de deposição
mos auxiliam na explicação do fato de as
oceano Atlântico assume para o Brasil de materiais e de não ocorrerem os agentes
grandes salinas do Brasil estarem localizadas
O

de erosão que se manifestam no continente


uma considerável importância sob diferentes as nesse trecho do litoral e em particular no li A altura da marévaria de um ponto para ou (como o vento, as geleiras etc.), o relevo do
pectos. Foi por ele que se processou o povoa toral do Rio Grande do Norte– Areia Bran tro do litoral.
mento do território brasileiro, tanto de europeus fundo do mar apresenta contornos mais
ca e Macau.) No Brasil, as amplitudes das marés são qua suaves.
como de africanos, desde o século XVI. As pri 3. MARÉ: corresponde ao movimento perió se sempre fracas, estando situadas entre 2 m
O relevo submarino pode ser dividido em
meiras cidades do Brasil foram estabelecidas dico das águas do mar, pelo qual elas se ele e4 m, com exceção de alguns pontos do li quatro porções: a plataforma continental, o
junto às águas desse vasto oceano, justamente vam ou se abaixam em relação a uma referên toral, principalmente no Maranhão, onde se
para facilitar os contatos com a metrópole ou talude continental, a região pelágica e a re
cia estabelecida na linha da costa. registram as maiores cifras, 7,80 metros. gião abissal.
para facilitar o escoamento da produção. Du As marés são produzidas pela ação conjun Outro fato que deve ser ressaltado é o fenô
rante muito tempo, os contatos entre os núcleos ta da Lua e do Sol e, em menor escala, pela meno do macaréu, isto é, a vaga impetuosa
de povoamento do Brasil, tanto do litoral co ação dos planetas. que precede a preamar e que invade um vale Plataforma continental
mo do interior, foram realizados através da na Dá-se o nome de maré alta ou preamar à ele fluvial, onde se dáo encontro da mesma com
• Éacontinuação dos continentes, onde estes,
vegação do Atlântico.
Do ponto de vista fisico, ele fornece a umi
dade para as massas de ar que sobre ele se for
vação das águas do mar. A ascen são das
águas demora em média cerca de 6 horas e
12 minutos. Depois de alguns minutos tem
as águas do rio.
Esse fenômeno chega a assumir proporçöes
fantásticas, principalmente no rio Amazo
a partir das planícies litorâneas
por exemplo, mergulham suavemente sob
-
as praias,

mam, as quais, avançando sobre o território, início a descida das águas: é a maré baixa ou nas, onde ele é conhecido com o nome de po O mar.
causam as chuvas. E responsável pela forma baixa-mar, que apresenta também uma de roroca. •A profundidade vai até 200 metros.
ção de várias salinas, tanto no Rio Grande do mora de 6 horas, em média. Conclui-se, as 4. O RELEVO SUBMARINO DO ATLANT • No Brasil, sua largura é variável, possuindo
Norte como no Estado do Rio de Janeiro (Ca sim, que no espaço de 24 horas existem, em CO SUL:o fundo dos oceanos e mares tam média inferior a 90 km. No litoral do Ama
bo Frio). média, dois fluxos e dois refluxos. bém possui formas de relevo semelhantes ao páe do Pará é larga, sendo que na foz do rio
18 19
Amazonas apresenta a maior largura. Depois Região pelágica
Região abissal Existem duas principais áreas de disperso
estreita-se no litoral do Nordeste e novamen de correntes marítimas: a eguatorial, onde
te se alarga do Estado do Espírito Santo pa • Compreende duas porções: as bacias oceâni
• Corresponde aos abismos submarinos. se formam as correntes quentes e que se des
ra o Sul. cas e as cristas ou dorsais oceânicas.
• Inicia-se no limite inferior do talude continen
• As fossas submarinas são depressões longas locam para as áreas de altas latitudes, e as
• Constitui uma extraordinária fonte de recur e estreitas e chegam a alcançar mais de 10 km
sos alimentares. Possui depósitos terrígenos tal, indo, portanto, de 3.000 a 5.000 metros polares, onde se formam as correntes frias
de profundidade. e que se deslocam para as áreas de baixas la
ou mais.
(cascalho, lama e areia). Além disso, possui • As bacias oceânicas são constituídas por ex • Não se localizam no centro dos oceanos e sim titudes.
matérias nutritivas que procedem dos conti perto dos continentes e das ilhas nas proxi As correntes marítimas que atingem o Bra
nentes, as quais juntamente com a luz solar tensas planícies, as quais são divididas entre
si por cordilheiras submarinas, as quais for midades do talude continental. sil originam-se da corrente Sul-Equatorial.
que penetra em suas águas possibilitam o de • Essa região abrange apenas cerca de 1o da Essa corrente quente forma-se no golfo da
senvolvimento da vida vegetal e animal. Tais mam as cristas ou dorsais oceânicas.
área dos fundos dos oceanos. Guiné, na África (ver mapa abaixo) e deslo
fatos tornam as plataformas continentais im E nessa região que surgem as ilhas da Trin ca-se em direção ao Brasil. Ao atingiro Nor
5. AS CORRENTES MARÍTIMAS: são gran
portantes zonas pesqueiras. Respondem por dade e o grupo Martim Vaz, o arquipélago des massas de água, de largura e profundi deste brasileiro, ela bifurca-se, dando origem
cerca de 90% dos peixes e mariscos que o ho Fernando de Noronha e a grande cordilheira à corrente das Guianas, que atinge o mar das
mem emprega na sua alimentação. denominada Dorsal Atlântica. No Atlântico dade variáveis, que se deslocam através dos
oceanos. As águas das correntes marítimas Antilhas, e à corrente do Brasil, que se des
Énessa
porção do relevo submarino que se Sul é denominada Dorsal Sul-Atlântica e no possuem certas características que as diferen loca para o Sul. Essas duas correntes não
assentam as ilhas aluviais (Marajó, Caviana Atlântico Norte, Dorsal Norte-Atlântica. Em exercem influências significativas no Brasil.
ciam do conjunto oceânico próximo: tempe
e
Mexiana no golfão amazônico) e as diver alguns pontos do oceano, alguns picos dessa ratura, salinidade, velocidade, por exemplo. A corrente das Guianas, como já dissemos,
sas ilhas continentais do Brasil (Vitória, São dorsal ou cordilheira chegam à superficie das A explicação da existência das correntes ma alcançao mar das Antilhas. Aí, unindo-se
Luís e outras). águas, dando origem a várias ilhas: Ascen àcorrenteNorte-Equatorial (formada na al
são, Gough, Bouvet, Tristão da Cunha, San rítimas é feita a partir de uma conjugação
Além dos peixes, a plataforma continental

de fatores dos quais se pode destacar: tura do arquipélago de Cabo Verde), dáori
dos oceanos é riquissima em recursos mine ta Helena, Açores e Cabo Verde, estas duas • diferenças de densidade das águas, expli gem à corrente do Golfo ou Gulf Stream.
rais, como o petróleo, por exemplo. No Bra últimas no Atlântico Norte. cadas pelas diferenças de temperatura e de A Gulf Stream possui uma largura média de
sil, a plataforma continental do Rio de Janei •Essa região abrange cerca de 800 do fundo salinidade; 56 km, espessura de aproximadamente 800 m,
ro, na altura da cidade de Campos, já pro dos oceanos. • a ação dos ventos; desloca-se a 9 km/he, na altura da Flórida
duz petróleo. • a conformação das bacias oceânicas; (E.U.A.), as suas águas estão a temperaturas
• a rotação da Terra. entre 28°Ce 30°C. Depois de sofrer um des
Talude continental
ATLANTIC ocEAN FLOo

•Situa-se entre a borda marítima da platafor


ma continental e as profundezas oceânicas.
CORRENTES MARITIMAS
• Forma um desnível abrupto ou violento da
DO ATLÂNTICO
ordem de 2.000 até mais de 3.000 m, onde se
localizam os canhões submarinos, isto é, va
les profundos e de paredes abruptas.
• Constitui o verdadeiro limite do continente. Circulo Palar Artico

Trópico de Câncer

TALUOR cONTINETA
Corr. das Canárias
Equador
2Corr. SulEquatorlal
3Corr NorteEquatorial
4Corr. das Gulanas
Tröpico de Capricoroio
5Cort. da Brasil
6 Corr. de Benguela
7Corr. das Falklands

8Core. do Labrador Correntes quentes


9Corr. Gult Stream
A fiqura mostra o desnível abrupto do talude conti Correntes frias
10Core. da Groenlandia
nental. Relevo subrnarino do Atlântico.

20 21
vio, essa corrente atinge as ilhas Britânicas, toral norte e nordeste são denominados bar
a Islândia e as costas da Noruega, onde in reiras (falésias formadas em rochas sedi Outra forma do trabalho construtivo são as restinga unida a uma ilha. Um exemplo é a
mentares). restingas, faixas de areia depositadas para ilha Porchat, no litoral paulista, como pode
fluino clima de áreas desses países de forma lelamente ao litoral pelas correntes marinhas, ser visto na foto.
a torná-los menos frios. Um de seus ramos Assim sendo, como exemplo de barreira, po nas entradas de baías e enseadas. São deno
atinge a península Ibérica e impede que em de-se citar o ponto extremo leste do Brasil, minadas, também, flechas litorâneas. Esses
Lisboa e no Porto as águas oceânicas se con ponta do Seixas, no Cabo Branco, no Esta
depósitos são realizados com apoio em pon
gelem, como acontece no porto de Nova do da Paraíba. E como costões, vários tre tas ou saliências da linha dacosta (litoral) ou Continente
York, por ocasião do inverno. chos da serra do Mar que caem de forma em cabos (parte saliente do litoral que avan
abrupta em contato com as águas do oceano. ça em direção ao mar), como pode ser ob Detritos
Os tipos de trabalho das águas O trabalho do oceano ou mar se faz na falé
servado nas figuras.
Oceânicas e exemplos no Brasil sia através do solapamento da base, em vir
Quando o cordão arenoso se prolonga, ele
tude da ação das ondas e da decomposição pode fechar baías ou enseadas e dar origem
As águas oceânicas também realizam um das rochas realizada pela água. a uma lagoa costeira. E esse o caso de muitas
trabalho de destruição e de construção do A ação das águas na base da falésia prOVOca a
lagoas costeiras do Brasil, como a lagoa dos
relevo. desagregação das rochas e orecuo da falésia. Patos e a lagoa Mirim, no Rio Grande do Sul,
Isso ocorrendo, as ondas não atingirão a fa e muitas outras no litoral brasileiro. Circulação
lésia com grande violência, diminuindo, en das águas Oceano
O trabalho destrutivo recebe o nome de Os tômbolos são cordões arenosos e pedre
tão, o poder erosivo do mar sobre a mesma. gosos (seixos) que ligam uma ilha ao conti
abrasão ou erosão marinhae dáorigem
às falésias. nente. Podemos dizer que o tômbolo é uma

O trabalho construtivo ou de acumula


ção marinha dáorigem às praias, às res inicial
tingas, aos tômbolos e aoS recifes. erfil
Contínente

Maré alta

1. O
TRABALHODESTRUTIVO DASÁGUAS Enseada Restinga ou
Maré baixa Tombolo
OCEÂNICAS: as falésias são formas de flecha litorsnea Restinga

relevo litorâneo que apresentam paredões


abruptoS em contato com as águas do ocea
no. No Sudeste do Brasil, esses paredões são Oceano
Blocos desagregados Costa ata (falsia)
denominados regionalmente costões (falé
sias formadas em rochas cristalinas) e no li
Formas de relevo litorâneo.

Fases da formação de uma restinga.


Maré alta
No litoral brasileiro, existem várias restingas,
podendo-se citar Marambaia e Sepetiba
RMaré. baika (RJ).
Duas fases da formação de uma falésia. Quanto aos recifes, eles podem ser de dois
tipos: os recifes de arenito e os coralígeitos.
Os recifes de arenito resultam da consolida
2. O TRABALHO CONSTRUTIVO DAS ção de antigas praias ou cordões litorâneos
ÁGUAS OCEÂNICAS: consiste na deposi por cimentação dos grãos de quartzo.
ção de sedimentos que o oceano realiza jun No Brasil, os recifes de arenito são do tipo
to ao litoral, formando as costas de acumula "em barreira'", isto é desenvolvem-sea pou
ção. Eo caso das praias, formadas por de ca distância da costa, formando verdadeiro
pósitos de areia transportada pelos oceanos. obstáculo que a maré alta muitas vezes en
A areia, a principal deposição, corresponde, A ilha Porchat, no litoral paulista, é um exemplo de cobre, tornando-os perigosos para a na
Torres, no Rio Grande do Sul, exemplo de falésia. geralmente, aos grãos de quartzo. tômbolo. vegação.

22 23
3. LITORAL MERIDIONAL
Chamamos a atenção para o fato de que • Possui uma plataforma continental mais
o estudo desta parte deve ser acompanha
larga emn relação ao litoral oriental.
do de um atlas geográfico escolar, para • Área da Baixada Fluminense (Estado do
localizar os aspectos morfológicos apon Rio de Janeiro) com várias lagoas costei
tados logo a seguir, relativos ao litoral bra
ras (Feia, Araruama) separadas do mar pe
sileiro. las restingas. São restingas desse trecho,
Saquarema, Marambaia e Sepetiba.
• Várias praias: Búzios, Guanabara, Ubatu
Cabo Orange
TRECHOS DO LITORAL ba, Santos, Matinhos (PR), Camboriú
BRASILEIRO (SC) e as do Rio Grande do Sul.
Aspecto de uma das ilhas do arquipélago de Abrolhos, Golfão
• Dunas: Cabo Frio e Santa Catarina.
no sul do litoral da Bahia. Os abrolhos formam recifes Amazönico
isolados.
Lençóis • Tômbolo: ilha Porchat.
Maranhenses • Baías: Guanabara (mais de 130 km de cir
Aspecto das dunas do Maranhão.
Surgem no litoral oriental do Nordeste: baías cuito), Angra dos Reis e Parati, no Estado
Cabo de
da TraiçãoeMamanguape (Paraíba) e o ca São Roque • Golfão maranhense, onde desembocam do Rio de Janeiro; Paranaguá e Guaratu
bo de Santo Agostinho em Pernambuco. vários rios que drenam as planícies do ba (PR); de Imbituba, Laguna e São Fran
Os recifes coralígenos são de formação or Meio-Norte (rio Pindaré, Grajaú, Itapecu cisco (SC).
gânica, como já estudamos quando tratamos rue Mearim) e onde se aloja a ilha de São • Costões ao longo de vários trechos.
do atol das Rocas. Luís, onde se situa a cidade do mesmo
• Lagoas costeiras: dos Patos, Mangueira e
Além do tipo circular e com uma lagoa cen nome. Mirim no Rio Grande do Sul, sendo que
tral, que é o atol, existem os recifes isolados, a lagoa Mirim pertence em parte ao Uru
Litoral pouco recortado no trecho com
que constituem ilhas de forma arredondada, preendido entre os Estados do Piauí e Rio guai; e da Conceição em Florianópolis
como os do arquipélago dos Abrolhos, no Grande do Norte; neste último Estado é (SC).
litoral sul da Bahia. Cabo de São Tomé que surgem as grandes salinas do país (Ma • Ilhas: Grande (RJ), São Sebastião (Ilha
Além dessas formações citadas anteriormen cau e Areia Branca). bela), Santo Amaro (Santos), Comprida,
te, cumpre destacar os manguezais. Consti Litoral Setentrional
2. LITORAL ORIENTAL
todas no litoral paulista; de São Francisco
e de Santa Catarina, sendo que nesta últi
tuem terrenos baixOs, junto à costa, sujeitos • Possui uma plataforma continental es
Litoral Oriental ma se situa a cidade de Florianópolis.
às inundações das marés e formados por va
sas (lamas). São ocupados por uma vegeta treita.
IArroio Chuí Litoral Meridional • Barreiras, destacando-se ponta do Seixas,
ção particular, onde se destacam os vegetais no cabo Branco, no Estado da Paraíba. TEXTO PARA LEITURA E
de raízes aéreas. • Presença de lagoas costeiras no litoral de
Os manguezais são mais encontrados no li
DISCUSSÃO
1. LITORAL SETENTRIONAL Alagoas e do Rio de Janeiro.
toral do Amapá e Pará e em trechos do lito • Apresenta a plataforma continental mais • Recifes, destacando-se os da Região Nor
ral oriental e meridional. deste e os dos Abrolhos no litoral sul da O assoalho do Atlântico está sendo
larga do litoral brasileiro, a qual chega a puxado para fora das dorsais
Bahia.
atingir 400 km nas proximidades da foz do
rio Amazonas, para depois estreitar-se no

Costas de rias e dálmatas.
Baías, onde se destaca a de Todos os San "As cristas oceânicas são zonas de tensões e fraturas
Diviso do litoral brasileiro e os litoral oriental. da crosta, a partir das quais os continentes foram sendo
• Possui inúmeras lagoas costeiras, princi tos, na Bahia, possuindo cerca de 290 km afastados uns dos outros, até chegar à posição atual (deri
principais aspectos morfológicos palmente no litoral do Amapá e do Pará, de circuito e possuindo àsuaentrada ailha va continental). Esse processo continua nos dias presentes.

além de costas de barreiras. de Itaparica. Além dessa baía surgem ou O assoalho do Atlântico está sendo puxado para fo
Para o estudo dos principais aspectos mor tras: Canavieiras, Camamu, Ilhéus, Porto ra das dorsais (veja a figura da página seguinte). O fato
• Litoral baixo e com muitos manguezais. é demonstrado pelo alargamento das fossas (rift-valleys),
fológicos do litoral brasileiro, o mesmo pode • Lagoas costeiras, principalmente no lito Seguro e Caravelas, todas no litoral baia que existem de cada lado das dorsais. A proporção do
ser dividido em três partes: no, além. da baía de Vitória no Espírito afas
ral do Amapá e do Pará. tamento é da ordem de 2 cm por ano, no Atlântico Norte.
• litoral setentrional- tem início no cabo • Dunas costeiras, principalmente no litoral Santo. A medida que assoalho afasta, um movimento vertical
Orange, no Amapá, e vai até o cabo de São • IIhas: Itamaracá (Pernambuco) e a de Vi
compensatório empurra para cima a crista central. A se
do Maranhão, denominadas lençóis ma paração afeta os continentes a leste e oeste e constitui o
Roque, no Rio Grande do Norte; tória, onde se situa a capital do Espírito
-
• litoral oriental do cabo de São Roque até
o cabo de São Tomé, no Estado do Rio de
ranhenses.
• Golfão amazônico, na foz do rio Amazo
nas. E a maior reentrância do litoral brasi
Santo.
• Foz de rios de grande porte, como é o caso
processo geológico conhecido como deriva continental. Os
estudos atuais de geofisica, do assoalho submarino, com
provam a hipótese de que a América do Norte e a do Sul
Janeiro; do rio São Francisco (entre os Estados de estiveram soldadas à massa Euro-Afro-A siática. "
leiro, ocupada por várias ilhas (Marajó,
• litoral meridional do cabo de São Tomé Sergipe e Alagoas), além do Paraíba do Sul (Margarida M. Penteado, Fundamen tos de geomor
Caviana, Mexiana, Grande de Gurupá,
até o Chuí. Maracáe outras). (RJ). fologia, 2. ed., Rio de Janeiro, IBGE, 1978, p. 12.)

24 25
ALARGAMENTO DO ASSOALHADO DO ATLANTICO
CAPÍTULO 3
dorsal continente
nivel do mar

4000 m rift-valley
AS BASES GEOLÓGICAS D0
SIAL
bacia oceânica
SIMA TERRITÓRIOBRASILEIRO

Quando a consolidação do magma ocorre


VOCABULÁRIO NOCÕES FUNDAMENTAIS em profundidade, formam-se as rochas mag
SOBRE GEOLOGIAA

máticas plutônicas ou intrusivas. Exemplo:


Alisio: vento constante ou regular de região in Meseta: forma de relevo tabular, situada em al granito.
tertropical. titude elevada e que ocupa, às vezes, gran As rochas magmáticas são também chama
Aluvial: relativo a sedimentos. des extensões. Classificação das rochas das de cristalinas pelo fato de serem consti
Bufalino: relativoa búfalo. Peninsula: ponta de terra emersa cercada de quanto àorigem tuídas de elementos cristalizados, isto é, os
Chapada:. forma de relevo, caracterizada por su água por todos os lados, excetuando-se ape átomos emoléculas estão dispostos ordena
perficies por vezes horizontais. nas um deles, pelo qual se liga ao continente. Antes de iniciarmos o nosso estudo das ba damente, obedecendo à simetria caracterís
Colônia: diz-se, em Biologia, do conjunto de Promontório: denominação dada aos cabos
ses geológicas do território brasileiro, necessi tica da referida substância.
organismos de mesma espécie e que vivem tamos possuir algumas noções ou conceitos
quando terminam por afloramentos rocho 2. ROCHAS SEDIMENTARES QU ESTRA
juntos. sOS escarpados. fundamentais para a melhor compreensão do TIFICADAS: resultam da deposição de de
Costa dálmata: possui ilhas e peninsulas alon que vamos estudar.
Prospecção: método e/ou técnica empregada tritos de outras rochas (magmáicas ou meta
gadas, dispostas paralelamente ao litoral e Inicialmente vamos recordar o estudo das mórficas) ou do acúmulo de detritos orgâ
separadas umas das outres por estreitos ou para localizar e calcular o valor econômico
rochas e, em seguida, das eras geológicas. ncos ou, ainda, da precipitação químic.
canais naturais e por golfos. Corresponde a das jazidas minerais.
Sao chamadas também deestratificadas,em
um relevo de dobra, que sofreu uma poste Ria (costa de): resultante da imersão do litoral
rior invasão das águas do mar. com a conseqüente invasão do mar nos va virtude de se apresentarem em camnadas eu
Rocha é um conjunto de minerais ou ape estratos. Exemplos: arenito, carvão mineral
Dálmata: ver Costa dálmata. les modelados pela erosão fluvial. As cos nas um mineral solidificado. etc.
Dejeto: excremento. tas desse tipo são altas e os rios, afogados Exemplo: granito (usado muito como pa
Depósito terrigeno: acúmulo de material gros e de larga embocadura. 3. ROCHAS METAMÓRFICAS: resultam da
ralelepípedo); é constituído por três mi
seiro na plataforma continental e a pouca transformação de outras rOchas preexisten
Rio perene: diz-se do rio que mantém um certo nerais essenciais: quartzo, feldspato e tesem determinadas condições de tempera
distância da costa. Aparece com mais abun volume de água no decorrer do ano, não se mica. tura e pressão São também chamadas de
dância nas proximidades da foz dos rios. cando em sua totalidade no período de lon
Feição tabular: que tem forma ou aspecto de cristalofilianas, pelofato de os cristais sedis
ga estiagem ou seca. porem em camadas ou emestratos. Exem
tábua, plana.
Rio de regime temporário: rio que se apresenta Existem vários critérios de classificação das plos: mármore, gnaisse.
Fiorde. corredores estreitose profundos num
litoral alto, cavados pela erosão glaciária (ge seco por ocasião dos períodos de seca ou es rochas, dependendo das necessidades de estu
tiagem. Regime de um rio são as variações do. Entre os vários critérios, interessa àgeomor
leiras) e hoje submersos pela invasão das
periódicas que se registram no seu nível. fologia a classificação quanto à origem. A história geológica
águas do mar. Quanto à origem, as rochas podem ser clas
Glaciaço quaternária: massa de gelo, forma Rocha magmática: aquela resultante da conso sificadas em:
da em determinados locais e em diversas lidação do magma (material ígneo, isto é, em
1. TENDOPOR BASE O ESTUDO DAS RO

épocas (no caso, no Quaternário) e que dei elevadas temperaturas, como as lavas vulcâ 1. ROCHAS MAGMÁTICAS: são aquelas re CHAS E DOS FÓSSEIS, A GEOLOGIA
Xa as suas marcas no relevo. nicas) que se encontra no interior da crosta sultantes da consolidaçãodo magma (ma RECONSTITUIA HISTÓRIA DA TERRA
Guano: fosfato cálcico originado do acúmulo terrestre. terial igneo que está no interior do globo Da mesma maneira que o historiador faz
de excremento de aves marinhas em ilhas e Sitio urbano: aspectos precisos do terreno, no terrestre, a exemplo das lavas vulcânicas). a reconstituição da história do homem, a ge0
usado como fertilizante em agricultura.
Lacustre: relativo a lago.
qual se estabeleceu uma cidade. Em outras
palavras, o local de assentamento de uma ci
a
Quando consolidação do magma ocorre
em superfície, formam-se as rochas magmá
logia histórica, que é um ramo da ciência ge0
lógica, faz a reconstituiço da história da Terra.
Macicidade: qualidade daquilo que é compac dade e suas características. ticas vulcânicas ou extrusivas. Exemplo: Para o historiador fazer a reconstituição da
to, maciço. Solapar: escavar. basalto, história do homem, ele se baseia nas fontes his

26 27
tóricas. Por exemplo, os objetos, os documen No início, a Terra devia ser uma imensa Na história da Terra, a era Cenozóica, pe Assim sendo, a história da Terra foi dividi
tos e rufínas de aldeias e cidades são fontes massa incandescente (em brasa ou ardente), on ríodo do Quaternário, individualiza-se do con da, segundo a geologia, em seis eras geológi
históricas. Através do estudo desses materiais de os minerais das rochas estavam em forma junto pelo aparecimento do Homo sapiens cas. Vamos representá-las num quadro, apon
ou elementos, o historiador faz a reconstitui pastosa. A medida que a Terra esfriava, forma pela definição do atual contorno dos oceanos tando o tempo de duração de cada uma delas
e
ção da história do homem. vam-se as primeiras rochas, pois aqueles mine continentes, além de outros fatos. e as suas características.
Para o geólogo realizar a reconstituição da rais quc estavam em forma pastosa se solidifi
história da Terra, ele também tem que se basear caram (ro chas magmáticas ou ígneas). ESCALA GEOLÓGICA DO TEMPO
em alguns elementos. Neste caso, o geólogo Formou-se, então, a crosta terrestre, isto é,
baseia-se nos estudos das rochas e dos fósseis. a litosfera (esfera de pedra). Mas, quando do Eras Períodos Características
O estudo das rochas possibilitou aos geó resfriamento dos minerais, gases e vapores es Quaternário!

logos conhecer várias coisas do passado do glo capavam para o alto, formando a atmosfera. Ocorrência de_glaciações,
Holoceno Aparecimento do homem.
bo terrestre: Era uma atmosfera cheia de nuvens carregadas Pleistoceno Atuais continentes e oceanos,
• a antiguidade da Terra, que é possível calcu de umidade. Num dado momento, a água con Duração aproximada de 3 milhões de anos
Cenozóica
lar através do estudo das rochas radioativas tida na atmosfera pôde precipitar-se em forma (vida recente)
Como, por exemplo, o urânio; de chuvas, ocorrendo um grande dilúvio. Terciário Plioceno Dobramentos modernos (Andes, Alpes etc.).
• os climas, de épocas passadas, existentes em As chuvas caíram durante um longo perío Mioceno Desenvolvimento dos mamíferos e fanerógamas. Extinção dos
Oligoceno grandes répteis.
várias partes da Terra; do de tempo e depositaram-se nas depressões Eoceno Duração aproximada de 67 milhòes de anos.
• os terremotos e vulcanismos do passado; da crosta terrestre, sendo que parte dessas águas Paleoceno
• as distribuições dos continentes e oceanos das chuvas novamnente se evaporou em virtude
à Mesozóica Cretáceo Primeiros mamiferos_e aves.
superficie da Terra e suas variações através do das altas temperaturas das rochas e da própria (vida média) Jurássico Répteis gigantescos, comoo dinossauro e outros.
tempo geológico. atmosfera. Triássico Rochas sedimentares e vulcânicas.
O estudo dos fösseis, isto é dos restos ou Com o resfriamento da Terra, a maior parte Secundária Duraçåo aproximada de 250 milhões de anos.
vestígios de seres orgânicos (vegetais ou ani das águas foidepositada nas depressões da cros
mais) que deixaram suas marcas nas rochas se ta terrestre, formando os antigos oceanos. Paleozóica Permiano Glaciações, diastrofismos herciniano, caledoniano e taconiano.
dimentares da crosta terrestre, permite ao estu Tudo isso ocorreu há Sbilhões de anos, na
(vida velha) Carbonífero e
Rochas sedimentares metamórficas.
Devoniano Cinco continentes, entte_eles o de Gondwana.
dioso saber também várias coisas do passado era Primitiva. Primária Siluriano Peixes e grande desenvolvimento da vegetação.
da Terra. Por exemplo, as espécies animais e ve Ordoviciano Invertebrados.
getais que existiram em épocas passadas e as va Cambriano Duração aproximada de 600 milhõesde anas.
2. AS ERAS GEOLÓGICAS
riações do clima, pois cada animal ou vegetal
apresenta um tipo de estrutura para cada tipo Da mesma maneira que podemos dividir Proterozóica Duração de 650 milhões de anos.
a nossa vida em etapas (infância, juventude, Primitiva (vida elementar) Formaço das primeiras rochas sedimentares.
de clima. Maior desenvolvimento da vida.
Tendo por base esses elementos, rochas e
maturidade e velhice) ou da mesma forma que
o historiador divide a história das civilizações Duração aproximada de 650 milhoes de anos.
fósseis, os geólogos admitem quea Terra se for em idades (Antiga, Média, Moderna e Contem
Arqueozóica
(vida arcaica)
mou hácerca de 4,5 bilhões de anos. ou Foinessa era que ocorreram as chuvas intensas que formaram
os oceanos.
porânea), a história da Terra também pode ser Pré-Cambriana

dividida em vários momentos. Apareceram altas montanhas e muitos vulcôes.


Aparecimento de vida nos oceanos (seres_unicelulares).
A cada um dos momentos ou divisões da Rochas magmáticas e metamórfica, Formação dos escudas
história da Terra, os estudiosos deram o nome fundamentais.
de era geológica. Entretanto, cada era geológi
ca estásubdivididaem períodos, estes por sua Azóica Duração de bilhões de anos.
Era
vez em épocas, e ainda estas podem ser subdi
(sem vida) Foi nessa era que ocorreu o resfriamento da Terra, e os mine
rais solidificados formaram as primeiras rochas.
vididas em idades. Ausencia de vida.
Tanto na história das civilizações como na Formação das primeiras rochas magmáticas.
história da Terra, ébom lembrar que as divi
sões correspondem a certos acontecimentos que Observe que a era geológica mais antiga es- logia, no estudo dos sedimentos, de que as ca
individualizaram certos espaços de tempo. Por representada na parte inferior do quadro e
tá madas (ou estratos) de rochas sedimentares que
exemplo, na história do homem, sabe-se que a a mais recente, que é a que estamos vivendo, está estão mais profundas são as mais antigas e as
Idade Moderna (do século XV ao XVIII) émar representada na parte superior. que estão localizadas mais na superficie são as
cada pelo aparecimento do trabalho assalaria mais recentes. Assim, as eras geológicas são re
do, configurado através do capitalismo comer Você poderia perguntar por que represen presentadas dessa forma, isto é, a mais antiga
cial, além das idéias liberais, responsáveis por tamos as eras geológicas dessa maneira. A res na parte inferior do quadro e a mais recente na
uma série de revoluções em todo o mundo eu posta é a seguinte: existe um princípio da ge0 parte superior.
Fóssil ropeu e americano.
29
28
ESTRUTUR GEOLÓGICA:
NOÇÕES BÁSICAS
REPRESENTAÇÃO DIDÁTICA DA DURAÇÃO DAS Na estrutura geológica do globo terrestre,
ERAS GEOLÓGICAS a geologia reconhece três tipos de estruturas.

era Cenozóica . Os escudos antigos


era Quaternária
Correspondem aos primeiros núcleos de
era Terciára 70 milhões rochas que afloraram desdeo início da forma
Mesozóica ou cão da crosta terrestre.
era Secundária 250
milhõesa São formados por:
+ 4.5 bilhões de anos. • rochas magmáicas plutônicas, geralmente
idade aproximada Paleozóica ou 600 milhões
da crosta terrestre
era Primåria
datadas da era Pré-Cambriana (Primitiva);
• rochas metamórficas, originadas dematerial
Pré-Cambriano ou sedimentar antigo (do Paleozóico e anterior)
era Primitiva que
sofreu grandes alterações. Aspecto de um maciço antigo.
Os escudos antigos sofreram a ação de vá
+3,4 bilhões
de anos rios fenômenos geológicos, entre elesorejuve Constituem exemplos de escudos ou ma
4,5 bilhoes de ciços antigos: o escudo Canadense, o das Guia
anos representarn a nescimento, isto é, retomada da erosão nas
idade aproximada formas de relevo já sensivelmente trabalhadas nas, o Brasileiro, os montes Apalaches (E.U.A.)
da crosta terrestre e outros.
anteriormente. A retomada da erosão, por
exemplo, pode dar-se em virtude das variações
climáicas. As bacias sedimentares
As áreas de escudos antigos são também de
nominadas de maciços antigos lembrando, en Correspondem a depressões dos escudos,
ORIGENM DOS NOMES DOS tretanto, que esse termo é utilizadoem geomor que, através do tempo geológico, foram preen
PERÍODOS DAS ERAS GEOLÓGICAS
fologia, n0 sentido descritivo, quando se refere chidas com detritos ou sedimentos.
Origem dos nomes dos periodos da era Cenozóica às áreas montanhosas que abrangem extensas Os detritos ou sedimentos podem ser de di
regiões e que foram parcialmente erodidas. ferentes origens: fluvial, marinha, glacial, eó
paleoceno = indica que esse periodo possui animais primitivos em relação ao eoceno.
eoceno = raras espécies atuais.
oligoceno = poucas espécies.
mioceno= mais ou menos a metade das espécies atuais. DESENHO ESQUEMÁTICO PARA REPRESENTAR
plioceno = mais espécies. O ESCUDO ANTIGO EA BACIA SEDIMENTAR
pleistoceno = a maioria das espécies.
holoceno = todas as espécies atuais.
ou maciço
Origem dos nomes dos períodos da era Mesozóica osescudo das Guianas
escudo ou maciço
triássico = lembra os três tipos de terreno que aparecem nessa idade (arenito, calcário Bacia sedimentar Sul-Amazònico
e marga). Escudo ou bacia sedimentar
*maciço antigo da Amazonia
jurássico = nome tirado do maciço do Jura (França), onde se encontrou a melhor coluna
de terrenos desse período.
cretaceo = termo que vem de creta, que em latim quer dizer "giz", encontrado nos terre DIREÇÃO DA
nos datados desse período (calcário). REPRESENTAÇAO

Origem dos nomes dos períodos da era Paleozóica


cambriano = vem de Câmbria, antiga denominação dada pelos romanos ao País de Gales.
ordoviciano e siluriano = de ordovícios e siluros, antigos habitantes do País de Gales.
devoniano = nome originário do condado de Devon, na Gr-Bretanha.
carbonífero = corresponde aos grandes depósitos de carvão formados nesse periodo.
permiano = origina-se do distrito de Perm, localizado na Rússia.

31
30
lia, lacustree vulcânica. Além disso, o processo malaia (Ásia), os Andes (América do Sul), os Além do mapa ao lado, observe também
de deposição dos sedimentos ocorreu em dife Alpes (Europa) e a cadeia do Atlas (África do A
ESTRUTURA GEOLGICA DO BRASIL (abaixo) outro mapa geológico do Brasil, que
segundo mapa elaborado pelo Conselho
rentes eras geológicas: Paleozóica, Mesozóica Norte). Nacional de Geografia deixa clara a datação geológica dos terrenos
e Cenozóica. Cumpre lembrar que nos dias Em virtude de sua formação recente, por brasileiros e também dos tipos de rochas.
atuais ainda ocorre o processo de sedimenta não estarem bem consolidadas as rochas das Observe no mapa 'A Estrutura Geológica
ção; éo que se verifica, por exemplo, no Panta áreas de dobramentos modernos, surgem al CeueO das do Brasil" que os escudos estão representados
nal Mato-grossense: quando o rio Paraguai guns vulcòes. Eo caso do monte McKinley, no Guiana por duas cores diferentes (o cinza escuro e o
transborda, ficam depositados sedimentos nas Alasca, do monte Rainier (4.392 m), nos E.U.A,. branco). Por que foram representados dessa
áreas inundadas. (Estado de Washington), do Aconcágua, nos forma?
São exemplos de bacias sedimentares: a Você estudou que a era Pré-Cambriana está
Andes, e de muitos outros. Deve-se também
Amazônica, do Meio-Norte (Maranhão e Piaui), destacar que as maiores altitudes do globo ter divida em Arqueozóica (podendo ser denomi
do Pantanal, do Paraná, do São Francisco, as restre são encontradas em tais tipos de forma nada também de Arqueano) e Proterozóica
grandes planícies centrais dos Estados Unidos, ção, poiso tempo de atuação dos agentes erosi D (que é também denominada Algonquiano). As
mos
a bacia de Paris e muitas outras. vos (água, vento, variações de temperatura, ge sim, as cores diferentes têm por finalidade
E na estrutura sedimentar que ocorrem ou leiras etc) não foi suficiente para provocar gran trar quando se formaram os escudos: os forma
podem ser encontrados os fösseis vegetais e ani des desgastes nos mesmos. O monte Everest dos no Arqueano são mais antigos que os for
mais que dão origem ao carvão mineral e ao pe (8.848 m) é o grande exemplo. Capeamento Sedimentar mados no Proterozóico ou Algonquiano.
tróleo. São ainda grandes indicadores para a A par dessa informação, torna-se mais fá
geologia da idade dos terrenos. Arqueano
cil vocêentender o mapa da estrutura,geológi
Escudos ca do Brasil e o mapa que a ele se segue.
Dobramentos modernos AS BASES GEOLÓGICAS D0 Algonquiano

|- Escudos
TERRITORIO BRASI LEIRO 1- Esc Sul-Amazonico AS FORMAÇÕES ARQUEOZÓICAS
Correspondem a grandes curvamentos de Eer ArnouaIo-Tocantins
forma côncava e convexa que apareceram na 4- Núcleo Sul-Rio-grandense
Dos 37% da área total do território brasi
Com as noções adquiridas anteriormente -Núcleo Gurupi
Bolivio-Mato-grosse nse
crosta terrestre, resultantes da ação de forças podemos agora estudar as bases geológicas do
Núcleo
leiro que constituem os terrenos pré-cambria
tectônicas (leia o texto no fim do capítulo so território brasileiro. 1|-Bacias Sedimentares nos, cerca de 329o são constituídos pelos aflo
bre o tectonismo) e que deram origem às altas Dos três tipos de estruturas geológicas exis
A Amazönica
orte
ramentos das formaçoes arqueozóicas. São as
cadeias montanhosas. Formaram-se recente Baencavo Tucano
de maior antiguidade geológica.
mente (era Cenozóica). Os exemplos típicos são tentes no globo terrestre, o território brasileiro D
BS Sanfranciscana
E BS do Paraná As rochas datadas do Arqueozóico for
as possui duas: BS. do Pantanal Mato-grossense
montanhas Rochosas, localizad as na porção mam, no Brasil, o embasamento cristalino"
oeste dos E.U.A. e Canadá, a cordilheira do Hi
• os escudos ou maciços antigos; GBS. Costeira
• as bacias sedimentares.
Em nosso território não existem dobra
mentos modernos, isto é, cadeias dobradas em BRASIL: GEOLOGIA
tempos recentes. Existem antigos escudos, bas
tante desgastados, e as bacias sedimentares.
Desse modo, podemos dizer que o território
brasileiro, do ponto de vista geológico, é bas
tante antigo.

Os escudos ou maciços antigos


no Brasil
ERA PERÍOD0
Correspondem a cerca de 37% da área to Quaternário
tal do território brasileiro e são divididos em Cenozóica
duas grandes porções: Terclário
• o escudo das Guianas (ao norte do território);
Mesozóica
•o escudo Brasileiro (que abrange a porção Paleozólca
ROCHAS
centro-oriental do território brasileiro). As A
Efusivas Básicas
suas partes ou os seus afloramentos Proterozóica
recebem Efusivas Alcalinas
O nome de escudos ou
Vista da cordilheira do Himalaia, no Nepal. núcleos, como pode Arqueozólca
ser observado no mapa que se
segue.
32 33
ou complexo cristalino ou ainda, segundo vá Em virtude da sua idade geológica velha,
Quanto à idade geológica das bacias sedi suam as maiores reservas de carvão mineral,
rios autores, o "complexo brasileiro'". os terrenos arqueozóicos e proterozóicos encon
mentares do Brasil, elas são do Paleozóicoe Me conforme está demonstrado na tabela que se
Entre as várias rochas que o compõem, des tram-se bastante erodidos ou desgastados, es
sozóico. Eventualmente são do Cenozóico, segue.
tacam-se principalmente o granito e o gnaisse, tando reduzidos de modo geral a montanhas como as bacias sedimentares Amazônica, do
e planaltos de pequenas altitudes.
Ocorrendo ainda micaxistos, mármores, sieni Pantanal e costeiras.
tos, quartzitos e outras. DISTRIBUIÇÃO DAS
São bacias sedimentares cujas camadas es RESERVAS DE CARVO
No fim do Arqueozico, o território foi afe tão dispostas horizontalmente ou quase hori
tado pelo diastrofismo laurenciano, o qual pro zontalmente. Assim se apresentando, eviden América do Norte 59,0%
vocou grandes dobramentos, dando origem às As bacias sedimentares
ciam ausência de movimentos importantes da Ásia 28,5%
serras do Mar e da Mantiqueira.
crosta terrestre- como tectonismos desde
Essas formações geológicas ocupam a remotos tempos geológicos. Entretanto, no fin Europa 9,0%
AS FORMAÇÕES PROTEROZÓICAS
maior área do território brasileiro. A sua área da era Mesozóica, ocorreram movimentos da Austrália 2,00
está calculada em mais de 5,5 milhões de qui crosta, os quais formaram fraturas. Por elas
Essas formações ocupam apenas 40.
lômetros quadrados, o que corresponde a apro deu-se o escoamento de layas básicas, que co África 1,0%
(3,92%) do território brasileiro. Possuem ro briram grande extensão do sul do território.
chas metamórficas, como é o caso do calcário, ximadamente 649o do território (torne a ver o América do Sul 0,50
conceito de bacias sedimentares, anteriormente Uma vez consolidadas, deram origem aos ba
do micaxisto e do quartzito. saltos e diabásios e diversos diques, que, por sua
Os terrenos proterozóicos, no Brasil, pos estudado, e o mapa da estrutura geológica do_ vez, formaram várias quedas-d'água nos rios Fonte: Viktor Leinz e Sérgio E. do Amaral, Geologia ge
Brasil). p.
suem grande importância econômica, pois aí centr0-sul. Esse fenômeno é conhecido co ral, 7. ed., São Paulo, Ed. Nacional, 1966, 212.
se localizam importantes recursos
minerais.É
Podem-se distinguir bacias de grande ex d mo
vulcanismorético.
o caso do minério de ferroe manganês de Mi tensão e outras de pequena extensão.
nas Gerais, Amapå, Mato Grosso e Pará; do ou O vulcanismo atingiu também a região de
BACIASSEDIMENTARES DE GRAN Poços de Caldas e Araxá.
ro em Minas Gerais, das pedras preciosas e DE EXTENSÃO: Amazônica, do Meio-Norte Percebe-se pelos dados da tabela que a
O basalto eo diabásio (rochas magmáti América do Sul não foi favorecida na forma
semipreciosasdo Espinhaçoe da chapada (abrangeo Maranhão e o Piauí), do Paranáou
Dia-
mantina, do níquel, em Goiás; da bauxita,em, Paranaica (abrange grande porção da Região
cas), decompondo-se através do tempo, deram
é o ca
ção de grandes depósitos de carvão mineral. Is
origem a solos de boa fertilidade, como so corre por conta da nossa história geológica,
Minas Gerais; da cassiterita, em Rondônia, e Suleooeste do Estado de São Paulo), Sanfran SO das terras roxas, encontradas
no
planalto
isto é, não houve grandes transgressões mari
muitos outros. ciscana ou do São Francisco e a do Pantanal Meridional ou Arenito-Basáltico. nhas ou outros fenômenos que pudessem reco
No fim do Proterozóico, ocorreu outro mo Mato-grossense. Quanto aos principais Tecursos minerais
vimento orogênico importante: foi o diastro brir de sedimentos antigas áreas florestais e,
BACIAS SEDIMENTARES DE PEQUE das bacias sedimentares destacam-se o carvão com isso, criar condições favoráveis para a for
fismo huroniano, o qual provocou dobramen NA EXTENSO: a do Recôncavo -Tucano (pro
tos que deram origem à serra do Espinhaço mineral e o petróleo. mação do carvão mineral.
dutora de petróleo), as costeiras e as de compar Ocarvão mineral é de origem vegetal. For Os principais depósitos de carvão mineral
(MG) e à chapada Diamantina (BA). No Silu timento de planalto. Estas últimas devem ser en mou-se através de grandes acumulações de ve no Brasil localizam-se no sul do Brasil, na ba
riano (era Paleozóica), ocorreu o diastrofismo tendidas como sendo formações sedimentares getais em certas depressões como os lagos e cia sedimentar Paranaica, destacando-se o Es
caledoniano, que deu origem aos dobramentos que se alojaram em compartimentos de planal mares antigos. tado de Santa Catarina como o principal pro
das serras de Paranapiacaba (PR) e dos Pire to. Eo caso da bacia sedimentar de Curitiba, dutor nacional, como estudaremos posterior
neus (GO). Na era Paleozóica ocorreu o grande desen
de Taubaté, de Resende, de São Paulo e outras. volvimento dos vegetais, favorecido por uma mente, no capítulo sobre as fontes de energia.
atmosfera rica em CO,; formaram-se, então, O petróleoé outro recurso mineral das ba
em algumas partes da Terra, extensas florestas. cias sedimentares. A sua origem é mista, isto
Muitas dessas florestas do Paleozóico fo é, é formado tanto por vegetais como por ani
ram cobertas por sedimentos em virtude de mais (moluscos, como caramujos, ostras e
BACIA SEDIMENTAR DE SAO PAULO
transgressões e regressões marinhas. Através do mariscos) que se depositaram em grande quan
(exemplo de Bacia Sedimentar de Compartimento de Planalto) tempo geológico, a madeira (celulose) dessas tidade no fundo dos mares e lagos, há milhões
Bacia de S. Paulo áreas florestais sofreu transformações sob a in de anos, juntamente com elementos ou depó
Serra da
Gatareira Ric Morro Rlo das fluência da atividade bacteriana, dando origem sitos inorgânicos.
Rio Tieté Cidade de Tamanduatei
do Bonllha Pedras ao carvão mineral. Com opassar do tempo muitos desses ma
B00 Serra res e lagos foram soterrados ou atulhados de
600. do Mar 800 Na Asia, na Europa e na América do Nor
400 CubatäoE 600 te, por exemplo, os depósitos de carvão mine sedimentos. Esses sedimentos, exercendo pres
200.
Sanos
400
ral apresentam grande espessura. Isso se deve são vertical juntamente com a ação do calor e
10 Km 20 Km
200
ao fato de terem ocorrido transgressõest regres também do tempo, transformarama massa de
matéria orgânica (vegetal e animal o
30 Km 40 Km plânc
50 km
SÖes marinhas em grandes áreas cobertas
por
Granitos e hidrogênio
Filitos ton) num composto de carbono
florestas ou vegetais, possibilitando, além de
Gnalsse

Outros fatores, que essas porções da Terra


pos (hidrocarbonetos) denominado petróleo.

34 35
CARVO NO SUL DO BRASIL
ESTÁDIOS DA FORMAÇÃO DO
ESTÁDIOs DA FORMAÇÃO DO PETRÓLEO
MORFOLOGICA
GÉNESE DA DEPRESSAO GÊNESE DE UM PANTANO (MOOR)

Geleira PRESSO
Morens frontal
Arenito ffovio-glaclal e Corrente
conalornerado residuede ouu Tepete vegetal
MAR Plâncton 2 Rocha
Detritos protetora
deoresaet Depósito vegetal orgånicos Rocha
Ag
de degelo
Detritos reservatório
inorgånicos Petróleo
Rocha
geradora
-Calcárlo
(See Kreide) Petróleo
Conglomerado gerado e
Embasamento migrado
PRESSo
PRESSÃo

Anticlinal
PREENCHIMENTO DA DEPRESSÃo PELA TURFA ESTADIO FINAL

Sedimentos horizontais
posteriores ao dobramento
Sedinentot da capa depoitados depois da fass 3)
Discordäncia Caicário
ajustondo-se progresslvamenteiforma da bacia

Rocha
impermedvel
Gás

Agua
Carvso Petróleo
70 em Arenito poroso

Embasamento

Rocha Rocha Rocha


geradora reservatório protetora

1. Representação de um lago de origem glacial, isto é, o degelo da geleira fornece a água para a
consti
tuição do lago,e no fundo do mesmo são depositados detritos ou sedimentos transportados pela 1. Bacia sedimentar marinha e a decomposição de detritos orgânicos e inorgânicos.
água do degelo. 2. A bacia sedimentar foi atulhada de sedimentos, os quais exercem pressão vertical; ao mesmo tem
2. A geleira regrediu, e o clima agora mais ameno permite o desenvolvimento da vegetação; ao mesmo po ocorre pressão lateral, fato que leva o petróleo a se deslocar para cima.
tempo ocorre a deposição de resíduos vegetais no fundo do lago. 3. A pressão lateral intensa faz com que a bacia sedimen tar seja dobrada e que ocorra acumulação
3. O lago encontra-se atulhado de detritos vegetais já transformados em turfa (o primeiro
estádio da. de petróleo nas anticlinais (parte convexa de uma dobra), o qual fica protegido pela camada de ro
transformação do vegetal em carvão). chas impermeáveis.
4. Os 20 metros de turfa reduzidos a apenas 70 cm de carvão mineral após longo tempo geológico;
ao mesmo tempo a sedimentação da prossegue. bacia

Fonte: Viktor Leinz e Sérgio E. do Amaral, Geologia geral, 7. ed., São Paulo, Ed. Fonte: Viktor Leinz e Sérgio E. do Amaral, Geologia geral, 7. ed., São Paulo, Ed. Nacional, 1966, p. 222.
Nacional, 1966, p. 208.

Muitas áreas que no passado geológico As bacias sedimentares do Brasil não apre
eram fundo de mar e onde se depositou o plânc sentaram, até o momento, grandes depósitos
ton sofreram, no decorrer da história da Terra,
petrolíferos.
levantamentos ocasionados pelo tectonismo. As áreas sedimentares que possuem petró rando que a política de transportes seguida no E.J.A. e a U.R.S.S., por exemplo, que são paí
Nesses levantamentos, muitas áreas desse tipo
leo economicamente explorável são as que da Brasil, há cerca de trinta anos, é predominan ses ricos em petróleo, transportam, respectiva
deixaram de ser fundo de mar, tornando-se con tam do Cretáceo (lembre-se de que é um período temente rodoviária, torna-se necessário consu mente, pelo sistema rodoviário, cerca de 25%
tinentais. Desse modo, o petróleo é encontra geológico da era Mesozóica). Eo caso da ba mir maior quantidade de petróleo. Isso significa e 4%o do deslocamento de carga.
do em bacias sedimentares no interior dos cia sedimentar do Recôncavo Baiano, da bacia maior aumento do volume de importaço des Verifica-se, então, que no Brasil a implan
continentes ou, ainda, em fundos de mares que de Sergipe e de jazidas localizadas na platafor
se produto, fato que agrava ainda maisa situa tação do rodoviarismo e a falta de expansão do
não sofreram levantamentos ou soerguimentos. ma continental defronte do Estado de Sergipe ção econômica do país. sistema ferroviário acarretam maiores gastos
O petróleo é encontrado na natureza nos e em Campos, no litoral do Rio de Janeiro. As ferrovias não se expandiram, e a rodo com relação ao petróleo, os quais afetam sig
estados sólido, líquido e gasoso. No estado lí via foi eleita a principal via de transporte, trans nificativamente a vida econômica e social do
A produção brasileira de petróleo não
quido constitui o betume, do qual o asfalto é atende às necessidades internas do país, por is portando cerca de 75% do total de carga país.
um derivado. so precisamos importar esse deslocada no Brasil. Outros países, como os
produto. Conside
36 37
E
TEXTO PARA LEITURA VOCABULÁRIO
DISCUSSÃO co; denominação tirada do lago Huron (Ca
Bauxita: minério de alumínio.
Cassiterita: minério de estanho. nadá), onde se formaram as grandes
O tectonismo: dobramentos e Diastrofismo: (do grego diastrophé, que quer montanhas. No Brasil, os movimentos hu
falhamentos
Sinclinal dizer "distorção") corresponde ao conjun ronianos afetaram as rochas da serra do Es
to de movimentos tangenciais verticais, que pinhaço (MG).
Tectonismo são movimentos lentos e prolongados da
crosta terrestre causados pela atuacão de forcas interio acarretam na superficie da crosta terrestre Dique: intromisso de magma em forma alon
res, que provocam deformapöes nas rochas o aparecimento de dobras e falhas (ver texto gada através das camadas da crosta terrestre.
Admite-se que as forças interiores que provocamo para leitura e discussão). Fanerógamas: vegetais cujos órgãos reprodu
tectonismo são originárias do magma pastoso existente no Assim sendo, o diastrofismo herciniano, tivos são bem desenvolvidos.
interior da Terra
A sua epsa forças interiores, que
gera provocam ocorrido no Carbonífero e no Permiano, for Fratura: o mesmo que junta ou fenda; abertu
Anticlinal mou as montanhas do Alasca, OS montes ras microscópicas ou macroscópicas que
deformaches srochas da orosta teTestre, dando origem
a duas formas particulares: os dobramentos e os falha Apalaches (E.U.A.), o maciço central fran aparecem no corpo de uma rocha, principal
mentos cês, o maciço da Floresta Negra (Alemanha) mente por causa de esforços tectônicos.
Os
dobrametos
e
outros. O seu nome deriva da denomina Geomorfologia: ciência que estuda as formas
Os dobramentos resultam de pressões laterais. ção dada pelos antigos romanos à floresta
que cobria a antiga Germânia, Hercynia de relevo, tendo en vista a origem, estrutu
Os
dobramentos resultam de forças laterais ou hori ra, natureza das rochas, o clima da região e
zontais que ocorem numa estrutura rochosa sedimentar Como já foi citado, grandes dobramentos ocorreram silva.
que possua certa plasticidadc as diferentes forças internas e externas que,
em tempos geológicos recentes. Por isso eles são denomi O diastrofismo caledoniano, ocorrido no Si
Plasticidade é a capacidadc que possui um material nados dobramentos modernos, e o relevo ao qual eles dão de modo geral, entram como fatores cons
de ser moldado semseromper Eocaso da argilaplástica, origem é denominado relevo dobrado.
luriano e Devoniano, formou os alpes escan trutores e destruidores do relevo terrestre.
um tipo dc barro quc embebido dc agua pode ser mode dinavos e muitas montanhas da Escócia.O
lado ou trabalhado com os dedos.Ecom essa argila ou barro Os falhamentos seu nome corresponde à antiga Caledônia Lava básica: corresponde às lavas que podem
que são fabricados os potes vasosemuitos outros utensí percorrer grandes extensões (quando se so
lios domésticos (Escócia).
Os falhamentos constituem outro tipo de deforma O diastrofismo taconiano ou tacônico ocor lidifica rapidamente, diz-se lavas ácidas).
Assim entendido, pense no seguinte: se pegarmos a ção estrutural sofrida pelas rochas, através das eras geoló
agila plástica de diversas colioracões c fizermos um bloco reu entre o Ordoviciano e o Siluriano e deu Orogênico: relativo à orogenia, isto é, conjun
gicas, pcla ação de forças internas.
como esá demonstrado na figura anterior, camada sobre
As forças ou pressões que causam os falhamentos são origem aos enrugamentos montanhosos da to de processos ou fenômenos que determi
camada c depoiseeroermas uma pressao (força) horizontal verticais ou inclinadas. O material rochoso que sofre essas Finlândia e da região dos Grandes Lagos da nam a formação das montanhas.
com as mãos, o bloco de argila vai dobrar-se. pressões apresenta resistência por não possuir suficiente
Transfira essa ieia paraa naturcza América do Norte. Regresso marinha: afastamento do mar, ou
Atraves Gas eras geologicas, forças atuaram sobre o
plasticidade. O diastrofismo laurenciano ocorreu no Ar
Assim sendo, se um material rochoso sofrer pressão queano; sua denominação foi tirada da re melhor, abaixamento do nível das águas
aterial rochoso sedimena, provacando grandes dobra vertical e se essa pressão superaro limite de resistência da
mentos na superficie ierrestre
gião de São Lourenço (Canadá), onde foi oceânicas.
rocha, ela se rompe, formando falhas. As camadas deslo
As dobras sao visiveis, principaimente
quando não cam-se e ficam em posições diferentes, como mostram as primeiramente estudado. Thansgressão marinha: invasão da zona costei
iste cobertura egetal c solo encobrindo-as. figuras. O diastrofismo huroniano corresponde a ra pelas águas oceânicas, causada pela va
movimentos que ocorreram no Proterozói riação do nível entre aguas e terras.

FASES DA FORMAÇÃO E EROSAO DE UMA FALHA VERTICAL

Plano de falha
Num prirneiro momenito o bioco rochoso
Gomeçaa receber a pressão ou força vertical.
Posteriormente ele se rompe ou se desioca. que as camadas ficam em
Goes diferentes A linha de contato entre um Observe posi
recebe o nome de "plarno de falha'". blocOe outro onde ocorreu o rompimento
Posteriormente a erosão desgasta a porção
soerguida.

38 39
CAPÍTULO 4
O RELEVO DO BRASIL, SEGUNDO CL4SSES DE ALTITUDES

AS GRANDES UNIDADES DO Classes de intervalos


altitudimétricos
Superficie
aproximada
Participação
percentual
Total
em 0
(em m) (em km²)
RELEVO DO TERRITÓRIO Terras 0- 100 2.050.318 24,1
41,0
baixas 100 200 1.439.235 16,9

BRASILEIRO Planaltos e
serras
200
500
500
800
3.151.615
1.249.906
37,0
14,7 58,5
800 1.200 574.624 6,8

Areas
mais de 1.200 46.267 0,5 0.5
culminantes
RELAÇÕES ENTREA •A partir do Devoniano (período da era Pa
ESTRUTURA GEOLOGICA leozóica), os movimentos orogênicos Total Brasil 8.511.965 100,0 100,0
prati
camente deixaram de existir no território
VELHA E AS ALTITUDES brasileiro. Houve, posteriormente, algumas Fonte: IBGE, Atlas do Brasil, 1966.
MODESTAS DO RELEVO fraturas, contudo sem alterar a estrutura, e
BRASILEIRO é isso que explica a relativa horizontalidade
dos sedimentos existentes nas bacias sedimen
Após as explicações do capítulo anterior, tares do Brasil. BRASIL: RELEVO

relativas às bases geológicas do território bra • Os vulcanismos recentes (cenozóicos) ocor


sileiro, podemos fazer uma série de observações reram em áreas restritas, Fernando de Noro
e relacioná-las às
altitudes do relevo. nha e ilha da Trindade.

Os escudos ou maciços antigos (lembre-se de Após essas observações, podemos concluir o
que datam do Pré-Cambriano) estão profun que se segue:
damente desgastados pelos agentes da erosão.
•O território brasileiro não possui grandes mo O território brasileiro, possuindo
vimentos geológicos como aqueles que se ma uma estrutura geológica velha,
nifestaram em outras regiões da Terra, for
mando os dobramentos modernos. Somente esteve exposto através de longo
em períodos geológicos muito antigos ocor tempo geológico aos agentes da
reram grandes diastrofismos orogênicos
(do erosão;
bramentos efraturas) e vulcanismo. Os dias
trofismos orogênicos que se manifestaram no
Brasil foram os seguintes: não possuindo, ainda, movimentos
geológicos significativos em eras
o diastrofismo laurenciano, que geológicas recentes (diastrofismos
data do
Arqueozóico, deu origem aos dobramen orogênicos),
tos e falhamentos da serra do Mar e da
Mantiqueira (localize-as no mapa da pá
possibilitou, assim, o aparecimento de
gina seguinte); um relevo de altitudes modestas. 2 287 m
o diastrofismo huroniano, que ALTITUDES
data do
Proterozóico, deu origem à serra do 200 m

pinhaço (MG), chapada Diamantina


à
Es 800 m
s00 m
(BA) e outras;
o diastrofismo caledoniano, que Analisando os dados hipsométricos do ter 200

data do ritório brasileiro, na tabela que se segue, e o ma


Paleozóico, mais especificamente do pa a seguir relativo às altitudes
Si
luriano, gerou o dobramento da serra de do relevo, po 0 t00 2oo D001 400 is00 km

demos comprovar a modéstia altimétrica das


Paranapiacaba (P R) e dos Pireneus (GO). terras brasileiras.
40
41
As terras baixas (entre 0 e 200 m de altitude) Podemos agrupar a variedade de formas
abrangem 41% do território e correspondem existentes na superficie da Terra em quatro ti /As planícies são também superfícies mais RELEVO DO ESTADO DE SAO PAULO

pos principais: ou menos planas, onde o processo de deposi


às planícies e baixos platôs.
ção de materiais supera o de desgaste.
Surgem, principalmente, na Amazônia, no • as montanhas
Pantanal de Mato Grosso e nas baixadas
li • os planaltos Assim sendo, os terrenos de uma planície
são de natureza sedimentar.
torâneas. Enquadram-se nessas altitudes a • as planícies
planície do Pantanal, a planície Amazônica • as depressões Háváios tipos de planícies. Vale do Paraiba
e as planícies costeiras. As montanhas são elevações naturais do • Planlcies marítimas ou costeiras: situadas,
• As terras de altitudes médias (entre 200 e terreno e podem ser de diversas origens: mon como diz o próprio nome, no litoral ou na
1.200 m) abrangem 58,5% do território bra tanhas de dobras, montanhas de falhas, mon Costa. Baixadas e bacias
sileiro. Contudo, 37% estão compreendidas tanhas vulcânicas, montanhas de erosão. • Planícies continentais: situadas no interior Segimentares

jstalino
no intervalo entre 200 e 500 m de altitude (ve A orogênese (de óros = "montanha" e de dos continentes, como a planície Amazôni
os oriental
Depressáo periférica
ja a tabela), sendo, portanto, predominantes. génesis = 'origem'") ou orogenia é o ramo da caeado Pantanal. É importante destacar que pl analte adimenta

Abrangem os planaltos e as serras. geologia que estudaa origem ea formação das as planícies podem ser lacustres, isto é, origi oU 0CIdental

• As áreas culminantes(mais de 1.200 m de al Rochas eruptivas


montanhas. nadas de lagos, ou ainda fluviais, ou seja,
titude) compreendem apenas 0,5% do terri Osplanaltos são superficies elevadas mais construídas pelos depósitos de materiais dei
tório. Abrangem principalmente o planalto ou menos planas e delimitadas por escarpas
xados pelos rios. REPRESENTAÇÃO DE UMA cUESTA
das Guianas, na Região Norte do pais. (rampas), onde o processo de desgaste supera FRENTE DE CUESTA

o processo de deposição de materiais.) E o caso A noção de planície não deve estar vincu
Percebe-se, após essas considerações, que
lada àaltitude, como geralmente se faz. Exis
o território brasileiro possui um relevo de alti do planalto típico, representado na figura que tem vários tipos de planícies, inclusive aquelas
tudes baixas. Assim, pode-se dizer que tal fato se segue. co
facilita a circulação das massas de ar; além dis situadasa mais de 1.000 metros de altitude,
mo é caso das planícies de montanha.
o

so não há necessidade de seren feitas grandes AS FORMAS DE RELEVO


MONTANHA Depressão é uma área ou porção do relevo
obras, como pontes, túneis etc., paraa constru DEPRESSÃO RELATIVA
situada abaixo do nível do mar, ou abaixo do
ção de rodovias e ferrovias. nível das regiões que Ihe estão próximas. As
PLANALTO sim sendo, pode ser:
AS GRANDES UNIDADES DO • Depresso absoluta: quando está abaixo do
RELEVO DO TERRITORIO nível do mar. É o caso da depressão do mar
BRASILEIRO Morto (392 m abaixo do nível do mar) e do
mar Cáspio (26 m abaixo do nível do mar).
As formas de relevo: conceitos básicos • Depresso relativa: quando está abaixo do ní
tências ao desgaste e que se inclinam numa
vel das terras que lhe estão prÓximas. E esse
o caso, por exemplo, da depressão periféri
direção, formando um declive suave e um cor
Antes de procedermos à divisão do relevo te abrupto ou íngreme na chamada frente de
do território brasileiro, precisamos rever alguns ca, isto é, área deprimida que aparece na zo
conceitos básicos. PLANICIE na de contato entre terrenos sedimentares e cuesta.
Você já deve ter notado que a paisagem na As cuestas têm sido denominadas de ser
o embasamento cristalino. Como exemplo de ras pela população. É o caso da serra de Botu
tural varia de um ponto para outro da superfi depressão periférica pode-se citar a paulista,
cie da Terra. catu, serra de São Pedro (separando a cidade
a qual estácompreendida entre o planalto
Existem lugares montanhosos eplanos; ou de Rio Claro, localizada na depressão, e a ci
ESCARPA oriental ou cristalino e o planalto sedimen dade de São Carlos, localizada no planalto oci
tros se apresentam com pequenas elevações on PLANALTO TÍPICO tar ou ocidental, conforme pode ser obser
duladas constituindo as colinas. Outros, ainda, dental) e serra de Santa Rita (Santa Rita do
vado no mapa do relevo do Estado de São Passa Quatro).
encontram-se num nível altimétrico inferior às Paulo.
terras que Ihes estão próximas, formando, as A depressão periférica alonga-se em dire
sim, verdadeiras depressões. As montanhas ora Enquanto as terras da depressão periférica ção ao sul do Brasil, chegando até o Rio Gran
se apresentam com picos arredondados, ora paulista estão em altitudes inferiores a 500 m, de do Sul.
com picos pontiagudos. Enfim, existe uma va os planaltos oriental oucristalino e o ociden Essa forma de relevo ocupou um lugar de
riedade de formas na superficie da Terra. tal ou sedimentar estão acima dessa altitude. destaque na história do Brasil em virtude de seu
Ena zona de contatoentre a depressão pe relevo plano, sem grandes obstáculos; por ela
A variedade de formas existente na su riférica e o planalto ocidental que surgem as viajavam os tropeiros, homens que, possuindo
cuestas, isto é, fornma de relevo dissimétrico várias mulas ou cavalos, faziam o comércio com
perfície da Terra recebe o nome de relevo. o Sul do Brasil. Transportavam mercadorias no
constituída por uma sucessão alternada das ca
madas (arenito e basalto) comn diferentes resis lombo do cavalo ou da mula em direção ao sul,
42
43
e daí traziam o charque. Ao longo da depres rochas cristalinas, como éo caso do granito, as blina, com 3.014 m de aititude, na serra do tados de Minas Gerais e Bahia. Éaí que se desta
são, os tropeiros faziam pouso, isto é, em cer quais fazem parte do escudo das Guianas. Imeri ou Tapirapecó, quase fronteira com a cam a serra do Mar, Mantiqueira, serra do Es
tos pontos eles descansavam. Muitos desses Pode ser dividido em duas subunidades: Venezuela. pinhaço, chapada Diamantina, serra do Capa
pousos deram origem às cidades brasileiras •o planalto norte-amazônico, com altitudes Outros picos e serras: pico 31 de Março raóouda Chibata (seqüência da serra da Man
éo caso de Sorocaba. modestas, que é uma continuação das terras (2.992 m), 0 segundo em altitude do Brasil, tiqueira), onde se localiza o terceiro pico cul
baixas da Amazônia; monte Roraima (2.875 m), o quarto; serras: Pa minante do Brasil, o pico da Bandeira (2.890 m),
As grandes unidades do relevo
• a região serrana, situada mais ao norte, nas rima, Pacaraima, Tumucumaque, Acaraí e e muitos outros.
fronteiras com os países vizinhos (Venezue outras. No passado geológico essas terras pos
brasileiro la, Guiana, Suriname e Guiana Francesa). É suían grandes altitudes. Entretanto, foram bas
nesta subunidade que surge o ponto culmi PLANALTO BRASILEIRO tante erodidas através das eras geológicas pelos
O relevo brasileiro pode ser dividido nas se nante do território brasileiro, o pico da Ne diferentes agentes de erosão. E nesse trecho do
guintes grandes unidades: Constitui uma grande área de terras que se planalto Atlântico que surgem formas de rele
estendem desde o sul das terras baixas da Ama vo arredondadas, os chamados "pes de açú
das Guianas Atlântico
Planaltos zônia até o Rio Grande do Sul, chegando muitas car" ou morros em meia-laranja e, ainda, os
|Brasileiro Central vezes até o Atlântico. matacões, resultantes do intemperismo, que ge
Meridional ou rou a decomposição das rochas cristalinas.
Arenito-Basáltico
Possui terrenos cristalinos na sua maior
parte, além de terrenos sedimentares.
Em virtude de possuir uma diversidade
Amazônica geológica, o planalto Brasileiro apresenta di
Planícies do Pantanal
Costeira
ferentes paisagens. Esse fato nos leva a dividi
lo em três blocos ou subunidades.

PLANALTO DAS GUIANAS a) Planalto Atlântico


Corresponde à porção oriental do planal
Ocupa a porção norte da Amazônia e so to Brasileiro e estende-se desde o Nordeste até
mente nos pertence em parte, pois esse planal o Rio Grande do Sul.
to penetra em terras da Venezuela, da Guiana, Os seus terrenos são antigos, datam do Pré
do Suriname e da Guiana Francesa. Cambriano e correspondem ao escudo Atlân
É
formadoprincipalmente por terrenos que Aspecto do monte Roraima, na serra Paracaima, em tico (compare o mapa do relevo brasileiro com
datam do Pré-Cambriano, onde se destacam as Roraima. O mapa da estrutura geológica do Brasil).
Éno
planalto Atlântico que se situam as
AS GRANDES DIVISÕES D0 RELEVO BRASILEIRO terras altas do Sudeste. Constituem um conjun
segundo Aroldo de Azevedo
to de elevações que se estendem desde Santa Ca Relevo em meia-laranja: aspecto do Pão de Açúcar (Rio
tarina até o Rio de Janeiro e penetram pelos Es de Janeiro).
PLANALTO DAS GUIANAS

ESQUEMA DAS TERRAS ALTAS DE SUDESTE


Planície Amazônica
N

ATLANTTo

pSA PLANALTO CENTRAL


Chapadas osteira
Sedimen PE SERRA
CA Poços de Caldas R. Cervo
SERRA DA MANTIQUEIRA D MAR

an P.S.G.
R.
Verde Ribeira das Antas Ribeira das Bicas DEPRESSAO DO RI0
R. Sapucai R. Paraibuna
R. Capivarl PARAÍBA DO SUL
planalto R. Pardo R.Sapucai R. Paraitinga
Itajubá R. Paraiba do Sul
Basáitico 400
PLANALTOS CRISTALINOS Serras |l000
Ubatuba
P.SA. Sul:Anazbnico 200-1
P.S.G. Sul de Goiás km 100 150 200 240 km

P.N. Nordestino
P.B. Balano (Chap. Diamantine)
PS.M. Sul de Minas
P.P. Pampa Sienitos e Fonólitos Complexo Cristalino Diques de Eruptivas Básicas

44 45
Entre a serra do Mar e a da Mantiqueira c) Planalto Meridional ou Arenito-Basáltico
surge a depressão do rio Paraíba, que forma o
Compreende as terras drenadas pelos rios
vale que recebe o seu nome, vale do Paraiba. ParanáeUruguai. Assim sendo, abrange a Re
E um vale muito importante, pois foi através giâo Sul, o centro-oeste de São Paulo, o sul de
PERFIL ESOUEMÁTIco DA AMAZNIA

dele que ocorreu a expansão da cafeicultura, no Minas Gerais e o Thiângulo Mineiro, o sul de
século passado, intensificando, assim, O seu po Goiás e o Mato Grosso do Sul. Corresponde
voamento. No atual século o vale do Paraiba à bacia sedimentar Paranaica.
planalto das Gulangs tnrra flrme
constitui a comunicação entre o Rio de Janei Seus terrenos são sedimentares e recober
terra firme
várzea planalto Central
roe São Paulo, tendo-se transformado num im tos, em parte, por lavas vulcânicas, datando do
portante eixo de industrializaçcão. Paleozóico e Mesozóico.
várzea
rio
No trecho nordestino o planalto Atlânti Além do planalto Arenito-Basáltico, for
Amazonas
co apresenta outras feições ou formas. Além das
mado por rochas vulcânicas como o basalto,
rochas cristalinas, onde predomina o gnaisse, é nessa subunidade do relevo que surge a de
as quais formam os planaltos e serras cristali N
nas, como éo caso do planalto da Borborema pressão periférica e suas cuestas, já estudadas
anteriormente.
ea serra de Baturité existem os terrenos sedi Desde o século passado o planalto Meri
mentares antigos (paleozóicos e mesozóicos). dional foi ocupado pela cafeicultura, pois o ba
Estes formam as chapadas residuais nordesti salto, decompondo-se, deu origem às terras PLANÍCIE DO PANTANAL As partes mais elevadas da planície e que
nas: chapada do Apodi e do Araripe, confor estão a salvo das inundações recebem o nome
roxas, solo fértil para o café e outras culturas
me estão localizadas no mapa da página 41.
como a cana-de-açúca. Localiza-se a oeste de Mato Grosso do Sul, de cordilheiras" e as partes mais deprimidas,
Possui também depósitos de carvão mine encaixada entre o planalto Central e o Meridio "baías" ou "largos".
b) Planalto Central nal. Coincide com a bacia sedimentar do Pan A monotonia do relevo do Pantanal é rom
ral em Santa Catarina, além de seu relevo pos
tanal, que é de formação recente, pois os seus pida pelo aparecimento de morros isolados, co
Abrange a Região Centro-Oeste, trechos do suir patamares resultantes do derrame basáltico mo é o caso do maciço de Urucum, perto de
sedimentos são do Quaternário.
Sudeste, Nordeste e Norte. (éo traPp) Essa planície é atravessada pelo rio Para Corumbá. Esse maciço possui gran des depósi
Possui terrenos sedimentares do Paleo guai, que a inunda periodicamente, formando tos de minério de ferro e de manganês.
zóico e Mesozóico, além de cristalinos (Pré o
lago Xaraiés, segundo os indígenas. No Pa
Cambriano), os quais se encontram bastante raguai, a continuação dessa planície é denomi
erodidos nada Chaco. PLANÍCIE COSTEIRA
As suas formas de reievo são as chapadas PLANÍCIE AMAZÔNICA A planície do Pantanal faz parte da gran
cos planaltos cristalinos, destacando-se: cha de depressão interior do continente, situada en Desde o Maranhão até o Rio Grande do Sul
pada dos Parecis, dos Veadeiros, dos Guima Localiza-se entre o planalto das Guianas, tre o relevo pré-andino a oeste, o planalto basál surge a planicie Costeira. Entretanto, em alguns
rães, das Mangabeiras (entre o Maranhãoe ao norte, e o planalto Central, ao sul. tico a leste e as chapadas sedimentares ao nor trechos do litoral meridional, essa planície de
Goiás)eoEspigão Mestre, que éo divisor na Eamais vasta área de terras baixas do Bra te. Possui uma altitude média de 110 metros. saparece em virtude do aparecimento das falé
tural das éguas do rio São Francisco e Tocan sil. Entretanto, nem toda essa área pode ser ca
tins, além de muitos outros. racterizada como uma planície. As planícies
típicas (que recebem deposição de materiais)
são encontradas apenas ao longo dos rios da
região, O restante das terras são baixos planal
tos ou baixos platôs.
Dois níveis de terras podemn ser reconheci
dos na Amazônia: a terra firmeea várzea.
A
terra firme é o nível de formação mais
antigo e está fora do alcance das águas dos rios
e das marés, E esse nível que constitui os bai
XOS planaltos ou baixos platôs.
A várzea é de formação recente e corres
ponde aos terrenos baixos que se encontram
junto as margens dos rios. E na várzea que ocor
re a deposição de sedimentos realizada pelos
rios amazônicos, e ela é aproveitada para a agri
Chapada dos Guimarães, ern Mato GrossG Observe a
cultura do arroz e da juta, por exemplo. E es
forma de uma chapada. se nivel que constitui as planícies
típicas. Aspecto de uma planície litorânea ou costeira do Rio Grande do Norte.
46
47
CAPÍTULO 5
sias (paredões abruptos que ocorrem no litoral, pe, no litoral sul do Estado de São Paula, e os deslizamen
como já estudamos anteriormente). tos de terra das vertentes da serra do Mar.
Com a finalidade de reduzir a distância do baixo cursco
Aplanicie Costeira possui sedimentos ter
ciários e quaternários, pertencentes à bacia se
dìmentar litorânea.
do rio Ribeira de lguape até o mar, tendo por objetivo fa
cilitar o transporte de produtos, construiu-se um canal ar
tificial, o qual alterou o curso do rio. As consequências,
AS CARACTERSTICAS DAREDE
com o passar do tempa, foram desastrosas, Houve uma ace
E na planicie Costeira que estão as vrias
baiadas, podendo-se citar a Baixada Fuminen
se e a da Guanabara (RJ), a santista ea do Ri
leração da erosão, O canal que possuia poucos metros de
largura, depois de alguns meses, apresentava-se com deze
nas de metros. Além disso, a alteração do curso do rio pro
FLUVIAL E AS PRINCIPAIS
beira de Iguape (SP) e a de Paranaguá (PR).
Além das baixadas, é na planicie Costeira
que surgem as praias, as restingas, os tômbo
VOOou deslizamentos de terras e de sedimentos
área portuária, A natureza "respondeu desse modo
à ação inadequada do homem. Este agiu sem conhecimen
BACIAS HIDROGRÁFICAS
tos cientificos.
los, as dunas, os manguezaise as lagoas costei Foi esse também o caso dos deslizamentos na serra
ras (lagoa dos Patose Mirim- RS), além da
do Mar, em Caraguatatuba, no Estado de São Paulo, em
lagoa da Araruama (RJ) e muitas outras. 1967, e na serra das Araras, no Estado do Rio de Janeiro.
em 1969. Essas áreas há anos
êm sofrendo a ação huma CARACTERSTICAS GERAIS DA 3. Quanto à foz dos rios brasileiros, há uma pre
na inadequada, atravs de desmatamentos e da constru dominância de estuário. São poucos os rios
ção de estradas semo estudo mais detalhado de seus efeitos. REDE FLUVIAL DO BRASIL brasileiros que formam deltas. Entre aque
Assim, os grandes cortes das vertentes da serra do Mar pa is

TEXTO PARA LEITURA ra a construção de estradas e desmatamento, associados 1. Existem três centros dispersores de água,
E às fortes chuvas, provocaram grandes deslizamentos de terra toé áreas onde nascem os cursos de água que
DISCUSSÃO em virtude da saturação do solo. A água infiltrada passou
drenam as terras brasileiras: o planalto das
FOZ EM DELTA E EM ESTUÁRIO
a exercer um papel de "lubrificante" para o deslizamento, margemn
provocando milhares de mortes.
Guianas (nascente dos afluentes da
Qual é o significado pratico do Entre as várias ciências da Terra, a geomorfologia po esquerda do Amazonas), a cordilheira dos CONTINENTE

Andes (nascente dos rios que formam o gran


OCEANO
estudo das formas de relevo ou da de contribuir muito para evitar que o meio ambiente seja
geomorfologia? danificado. Conhecendo as formas de relevo, o compor de rio Amazonas) e o planalto Brasileiro,
tamento do solo e das rochas, quando submetidas a certas com suas três subunidades, de onde nascem OELTA
condições, o homem pode colaborar na restauração ou ma os demais rios (Paraná, Paraguai, São Fran
Sabe-se que o homem atua, muitas vezes, de forma nutenço do equilíbrio da natureza.
inadequada na natureza ou no meio ambiente, provocan Aíestá, portanto, o significado prático do estudo das cisco, Parnaíba etc.).
do danos de grande proporção Em decorrência, muitos formas de relevo, de sua constituição, de seu comportamen 2. O território brasileiro épobre em formações
desequilibrios são provocados desgaste e erosão dos so to, enfim, da geomorfologia. lacustres (lagos), em virtude das suas carac
los par práticas agricolas inadequadas, traçados de rodo O que você estudou nas páginas anteriores represen
viase ferrovias sem o competente estudo do comportamento
terísticas estruturais. Não possui muitos ti
ta apenas um começo. Não tem a finalidade de fornecer pos de lagos como os encontrados em ou
do solo e das rochas diante dos cortes de terrenos, mudan uma visão real do estudo da geomorfologia, mas somente
ça de cursos d'água para a inrigação de terras, para o trans a de mostrar a sua importância prática. E apenas um iní tras partes do mundo (América do Norte, Exemplo do trabaliho de destruição e construção rea
pertee para a produção de energiz elétrica, sem considerar cio, comno já dissemos. Mas, se você se interessar em com Africa, Europae Ásia). Nessas áreas existem lizado pelas águas de um ria. O rio transporta sedi
estudos mais pormenorizados de suas consequências
fu preender o ambiente natural em que vivemos, as atuações os lagos tectônicos, vulcânicos, residuais ou mentos ou detritos que foram por ele arrancados ao
turas, e muitos outros fatos. Como exempios, em nosso pais, longo de seu curso Deposita os detritos sua foz,
na
adequadas que o homem pode realizar na natureza, sem
de intervenções humanas inadequadas no meio ambiente, danificá-la, essa ciência poderá fornecer-Ihe ensinamen de origem glaciária. formando um delta, istoé, tipo de desembocadura
podem ser citados o caso do canal do rio Ribeira de Igua tos maravilhosos. No Brasil, os tipos mais comuns são os la de um rio, através de vários canais.
gos de barragem. São lagos que se origina O termo deita foi dado pelos antigos gregos: estu
se as
ram da acumulação de sedimentos realizada dando a foz do rio Nilo, perceberam que esta
= delta.
semelhava à letra do alfabeto grego A
pelo màr ou pelos rios.
Os lagos de barragem, no Brasil, podem ser
classificados em dois tipos: as lagunas, ou cONTINENTE

VOCABULÁRIO lagoas costeiras, e os lagos de várzea. As la


gunas, ou lagoas costeiras, resultam, como oCEANo
Baixo platô: baixo planalto. tensamente desgastadas pela erosão. O teste já estudamosno capítulo 2, da formação de
Chapada: termo usado no Brasil para designar munho ou "resíduo" é o resto de antigas su restinga através da deposição de sedimentos STLARIO

as grandes superficies, por vezes horizontais perfícies erodidas (os monadnocks). marinhos ou fluviomarinhos.Eo caso dala
ea mais de 600 metros de altitude, que apa Hipsométrico: relativo à hipsometria, isto é, goa dos Patos, Mirime Mangueira, todas no
recem na Região Centro-Oeste e Nordeste do medição da elevação ou do relevo de um lu Rio Grande do Sul, ou ainda das lagoas Feia
Brasil. gar por meio de várias técnicas. e de Araruama, no Rio de Janeiro. Os lagos
Chapada residual: constitui um testemunho de Intemperismo: conjunto de processos mecâni de várzea resultam do acúmulo de aluviðes
antigas superficies sedimentares que co Foz em estuárioé quando o rio não encontra obstá
cOs, químicos e biológicos que ocasionam a transportados pelos rios e såo comuns na culos para despejar as suas águas
no oceano.
briam o escudo Brasileiro" e que foram in desagregação e a decomposição das rochas. Amazônia.
48 49
les de foz em delta podem-se citar: o rio Par mo as chuvas na maior parte do Brasil ocor
naiba (separa o Maranhão do Piaui) e o rio rem nos meses de verão (dezembro a março), Força de tração
Piranhas, no Rio Grande do Norte. Quanto as cheias dos rios ocorrem nesses meses. As
BRASIL: PARTICIPAÇAO DAS FONTES HIDRAULICA
à foz do rio Amazonas, a mesma écaracteri vazantes ocorrem na estação seca de outo E TERMICA NA PRODUÇAO DE ENERGIA ELÉTRICA

zada como mista, pois apresenta caracterís no-inverno. uma força de tração de (1982)

ticas tanto de estuário como de delta. 6. Em virtude de a maior parte do território bra Icv pode deslocar aproximadamente
4. Alémn dos rios permanentes ou perenes, o sileiro ser formadapor planaltos, existe, por
Brasil possui rios temporários ou intermiten conseguinte, umapredominância de rios de 14%
na hidrovia
tes, que são aqueles que ficam reduzidos a planalto. na rodovia
na ferrovia
um pequeno volume de água, chegando até
mesmo a secar nos períodos de longa estia 4.000 kg
gem. Tais tipos de rios são encontrados no dificultam a 150 kg 500 kg
navegação em facilitam 86%
Sertão nordestino, área de clima semi-árido, produção de
virtude das
conhecida também como o Poligono das quedas-d'água. energia elétrica. Toneladas por km com
I

Secas. litro de óleo diesel


Os rios temporários dificultamo aproveita Térmica
mento da água para a irrigação de terras, pa Hidráulica
rao transporte e para a instalação de usinas de planalto caminho ferrovia hidrovia
hidrelétricas. Exemplos: rio Açu eo Paraíba
do Norte.
30 t 125 t 575 t
Os rios

Percebe-se, então, que o aproveitamento das


Potencial hidrelétrico do Brasil: superior a
hidrovias no Brasil justifica-se plenamente, 200 milhões de kW
a Potência de fonte hidráulica instalada (1982)
de planície ainda mais quando consideramos grande =30.930.000 kW
país e que não so
dimensão territorial do
mos auto-suficientes na produção de petró
leo. Dependemos do petróleo importado.
dificultam a
facilitam
Quanto ao aproveitamento dos rios brasilei
produção de ros na produção de energia elétrica, existe
a navegação.
também um subaproveitamento, como indi
energia elétrica.
AS PRINCIPAIS BACIAS
cam os dados a seguir.
HIDROGRAFICAS
Como exemplos de rios de planalto podem De maneira geral, existem no Brasil qua
se citar: o rio Paraná, o São Francisco, o Tie
tro bacias hidrográficas: a bacia Amazônica,
Aspecto de um rio temporário do Nordeste do Brasil, tê, e, como rios de planície, o Amazonas, o a bacia Platina, a bacia do São Francisco e as
por ocasião do período das secas. Paraguai etc. POTENCIAL HIDRELÉTRICO (200 MILHOES kW)
bacias secundárias (bacia do Nordeste, do Leste
POTENCIA INSTALADA (30,930.000 kW)
Cumpre lembrar que os rios de planalto, uma e
vez corrigidas suas quedas-d'águaatravés de do Sul).
eclusas ou comportas, podem ser facilmen
5. Predomina nos rios brasileiros o regime plu te navegáveis, como é o caso do rio Tietê com
vial. Devemos entender por regime de um rio a eclusa de Barra Bonita. 15% SuperficiePercentagem em
Bacias
as variações periódicas que se registram no 7. Existe um subaproveitamento dos rios bra hidrográficas (km) relação à área
seu nível e, conseqüentemente, no seu do pais
débi sileiros tanto no que diz respeito àsua utili
to ou descarga. Débito ou descarga fluvial zação como vias navegáveis quanto no apro Amazônica 4.778.374 56,13
é a quantidade de água de um rio que passa
veitamento de seu potencial hidráulico. Os 85% Platina 1.421.721 16,70
por um determinado ponto num certo term rios, no Brasil, deslocam apenas 1,5% do to
po (m² por segundo). Quando se fala que do São Francisco 631.666 7,42
nos rios brasileiros predomina o regime plu tal de carga transportada. Vê-se, assim, que
éuma participação
Secundárias

vial, significa dizer que as cheias e as estia


muito modesta, pois sa Potência instalada
do Nordeste 886.907 10,44

gens dos rios estão na dependência das es bemos que a navegaçãoéo meio de trans do Leste 569.845 6,69
porte mais econômico, como atestam as Potencial hidrelétrico a ser aproveitado
tações chuvosa e seca, respectivamente. Co tabelas que se seguem. do Sul 223.452 2,62

50 51
BACIAS HIDROGRÁFICAS
BACIA AMAZONICA

Negr
Jepura OCEA
solim Amarones 9 orenod No

Medeire ATLÂNTICO
ribe
Tepalo

Ri

Poréguocr
Negro
Cohtag

Pardo
ORDILHEIRA
la purá
ZONA
seauitinhon 4MA
$olimoeg ALO
Bacias Grende larañon Madeira
Altitude
Juruá
Amazônica pareiba do m
Purus 3.000

Platina
R. 1.000
do São Francisco
500
do Nordeste

do Leste Jecu
Quaporé 200

do Sul ANDES
260 500 750 1000 km

Fonte: MEC, Atlas geográfico escolar, 1978.

o vale fluvial com grande fúria, provocando


Bacia Amazônica •O rioAmazonas nasce na cordilheira dos An Ihor o potencial desses rios, graças aos estu
des, no lago Lauricocha, em território perua dos ali realizados. devastações. O fenômeno é acompanhado de
• Abrange uma área de quase 7 milhões de no, onde recebe os nomes de Ucayali e Mara A foz do rio Amazonas é mista, isto é, apre estrondos e ruídos.
km', drenando as terras de vários países da ñón. Ao penetrar no território brasileiro, re senta características tanto de estuário como rioTocantins não é afluente do rio Ama
•Ozonas;
América do Sul: Peru, Colômbia, Bolívia, cebe o nome de Solimões até a confluência de delta. contudo, ele é consideradocomo per
Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Brasil. com o rio Negro e daí até a sua foz recebe o • Além dos grandes rios amazônicos, existem tencente à bacia Amazônica, pois tem a sua
• Desses 7 milhões de km², quase 4.800.000 km? nome de Amazonas. na região pequenos rios que recebem deno foz no golfão amazônico. Possui cerca de
encontram-se em território brasileiro, com • Eomais extenso rio do mundo, pois possui minações locais: 2.640 km, e sua nascente encontra-se nas chao
padas de Goiás. O seu principal afluente
é
preendendo cerca de 56% da área territorial 6.750 km, sendo que em território brasileiro furos, pequenos rios que unem os rios en
do país. a sua extensão é de 3.165 km. tre si e com lagOs; rio Araguaia, que forma a ilha do Bananal.
• Possui o maior débito ou descarga fluvial en paranás-mirins, braços de rios que contor • O rio Amazonas e seus tributários oferecem
•Ea maior bacia fluvial do mundo.
• E formada pelo rio principal, o Amazonas, tre os rios do mundo. Em épocas normais lan nam ilhas fluviais; boas condições para a navegação. A vida hu
além de vários afluentes. Os da margem es ça no oceano cerca de 80.000 m² de água por igarapés, nome dado aos rios que percor mana na Região Norte depende dos rios, se
querda procedemn do planalto das Guianas e segundo (o rio Congo, o segundo do mundo, rem a região dos firmes (terrenos mais ja como vias de comunicação, pois as cidades
os da margem direita, do planalto Central. apresenta um débito de 60.000 m³/s). elevados). encontram-se às suas margens, seja como
• Em virtude de seus afluentes estaremn situa •O rioaoAmazonas seu é um típico rio de planície, •O rio Amazonas apresentao fenômeno da fonte de alimentos através da pesca.
dos nos dois hemisférios, o vale médio do rio pois longo de curso, no território bra pororoca, isto é, o encontro das águas do rio,
Amazonas possui um duplo período de cheias. sileiro, o seu desnível é de apenas 60 metros. por ocasião das chuvas, com as águas do mar, Bacia Platina
Esse fato garante ao rio Amazonas um volu • A bacia Amazônica possui um grande poten durante as marés altas. Comn a elevação da
me de água constantemente elevado, pois o maré, as águas do mar tentam penetrar o Và • Compreende os rios Paraná, Uruguai e Pa
cial hidráulico, proveniente dos afluentes do
período das chuvas não coincide nos dois he rio principal, os quais são rios de planalto. le do rio, Quando se rompeo equilibrio en raguai eéa segunda bacia fluvial do mundo,
misférios. Nos últimos anos é que se tem conhecido me
tre as águas do rio e as do oceano, este invade pois abrange uma área de 4.000.000 km².

52 53
• Drena terras do Brasil, Uruguai, Bolívia, Pa no rio Paranaíba: Cachoeira Dourada,
.O rio Paraguai nasce na serra de Araporé
raguai e Argentina. Itumbiara e São Simão; (Mato Grosso).
• Em território brasileiro, essa bacia ocupa cer
ca de 1.400.000
no rio Tietê: Promissão, Barra Bonita, Ibi • Atravessa a grande depressão do Pantanal
Mato-grossensee na época das cheias inun
km² (16,400). tinga e Bariri; a de
no rio Paranapanema: Jurumirim, Xavan da uma vasta área, formando, segundo
tes e Capivara. nominação indigena, o lago Xaraiés.
BACIA DO PARANÁ
• Possui 2.078 km de extensão, sendo 1.400 km
•O regime do rio Paranáasdepende das chuvas
•Eamaior das três bacias que formam a ba de verão; assim sendo, cheias ocorrem de em território brasileiro.
• Desemboca suas águas no rio Paraná, próxi
cia Platina, pois possui 891.309 km², o que dezembro a março.
corresponde a 10,47% da área do território • Em virtude de suas inúmeras quedas-d'água, mo a Corrientes (Argentina).
a navegação é dificil. Entretanto, com a ins e por ele são escoados muitos
brasileiro. •É navegável man
•O rio Paraná é formado pelo encontro das talação de usinas hidrelétricas, muitas delas produtos, destacando-se o minério de
águas do rio Grande e do rio Paranaíba. já possuem eclusas para permitir a navega ganês, extraído do maciço de Urucum. Por
o.
• Possui a maior potência instalada de energia ção. E o caso da eclusa de Barra Bonita, no tos: Corumbá e Porto Murtinh
• Possui pequeno potencial hidrelétrico.
elétrica, destacando-se grandes usinas em sua rio Tietê.
bacia: • Seu regime é tropical com cheias violentas.
margem es
no rio Paraná: Jupiá, Iha Solteirae Itaipu • Os seus principais afluentes são de
e
(em construção, porém já possui algumas BACIA DO PARAGUAI querda: Miranda, Taquari, Apa Aquidab.
Aspecto da nascente do rio São Francisco (MG).
turbinas em operação; será a maior hidre
uma bacia
formada por rios de planície,
létrica do mundo); •É
no rio Grande: Furnas, Peixoto, Jaguara, destacando-se o rio Paraguai, que é o rio BACIA DO URUGUAI
Volta Grande; principal.
e Énavegável num
• Drena cerca de 2% do território brasileiro • longo trecho entre Pirapo
e Rio ra (MG), Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) eno
abrange os Estados de Santa Catarina
MT seu baixO curso, situado na planície Costeira.
BACIA PLATINA Grande do Sul.
GO

O rio Uruguai, que é o rio principal, é for • Recebe várias denominações: rio dos Currais,
BOLIVIA R.S Lourenço
mado pela junção dos rios Canoas (SC) e Pe devido ao seu papel na criação de gado, e rio
itiquira
Per
anBD lotas (RS). da Unidade Nacional, porque une vários Es
Tequari R. • Possui 1.500 km de extensão e serve de limi
R.
tados do Brasil.
MS te entre o Brasil, a Argentinaeo Uruguai. • Possui um regime tropical.
R. Grande • Seu regime é subtropical, com duas cheias e
MG
R.Tiete duas vazantes anuais.
• Eutilizado para a navegação e possui peque
PARAGUAI S? no potencial hidrelétrico. Bacias secundárias
B Paranapanema
RJ

PR Bacia do São Francisco BACIA DO NORDESTE


A.lguacu
•E formada pelo rio São Francisco e seus • Abrange uma área equivalente a 10% do ter
R. do Peixe afluentes, abrangendo cerca de 7,5% do ter ritório brasileiro e estende-se desde o Mara
ritório brasileiro. nhão até Alagoas.
SC • Possui rios permanentes ou perenes e tempo
ARGENTINA •O rio São Francisco é de planalto, nasce na
PARAGUAI A. Jjui
R. Canoas serra da Canastra, em Minas Gerais, e atra rários ou intermitentes.
RS vessa os Estados da Bahia, Pernambuco, Ala • Os permanentes abrangem principalmente os
R. Pelotas
e
goas e Sergipe. rios que banham as terras do Maranhão
RIO R.
Piratini
• Possui3.160 km de extensão e atravessa o Po Piauí: rios Gurupi, Pindaré, Grajaú, Turia
Trechos navegáveis
ROuara cheias lígono das Secas. çu, Mearim, Itapecuru e Parnaíba. Nas vár
Ldos Petos
Trechos navegáveis com Possui grande potencial hidrelétrico, e ao lon zeas desses rios pratica-se a rizicultura, além
tirante de água mnínimo de
L, Mirim 50 cm go de seu curso existem várias usinas: Três da extração do babaçu.
URUGUAl
Marias (que, além de produzir energia elétri • Os temporários são de regime semi-árido,
ca, controla o nível das águas), Paulo Afon chegando a secar nos períodos de estiagem:
Fonte: IBGE, Região Centro-Oeste e Região Sul, in Geografia do Brasil, 1977, v. so, Sobradinho e Moxotó. rios Acaraú, Apodi, Piranhas, Capibaribe etc.
4 e 5.

54 55
• Possui pequeno potencial hidrelérico, e os
BACIAS SECUNDRIAS rios dessa bacia so utilizados para a nave Em várias partes do mundo ocorre envenenamen Segundo os téenicos as conseqúências da poluição do
gação em pequenos trechos, lo de pessoas,causado pela presença de mercúrio e cád rio São Francisco são drásticas. Inicialmente surge o pro
• Rios principais: Ribeira de lguape, Itajaf, Tu mio nas águas fluviais. No Japão isso ocorreu de forma blema da alimentação de milhares de pessoas que vivem
dramática na bacia do rio lintsu e em outros, Os peixes da pesca ao longo desse rio. São pessoas pobres, que não
barão e Jacui(que, ao banhar Porto Alegre, contaminados causaram A população mortes, distúrbios possuem condições de alterara alimentação.
é denominado Guaiba). e
fala da visáo, além de paralisia.
da fala Além desse problemna imediato, existem outros, co
No Brasil, vários rios estáo agonizando: o rio Tieté, mo é o caso
que atravessa a cidade deSão Pauloeéo receptáculo dos da recomposgakeleo pois com o "de
sastre" foi interrompido Espera-se tam
esgotos dessa e de outras cidades próximas; os rios Pardo
e
Mojl, que recebem poluentes industriais das usinas de açú
bém que num curto espaço de tempo deva ocorrer a morte
car e dleool das regiðes por eles atravessadas, da flora marginal afetada; com isso poderá haver a qucda
Recentemente (abril de 1984) a população ribeirinha de barreiras ou barrancos, causando o assoreamento do
rio, fato que dificultará a navegação.
do rio Sio Francisco na região de Juazeiro (BA) viu tone
RCapib TEXTO PARA LEITURA ladas de peixes mortos (segundo os técnicos, cerca de 500 Percebe-se que os rios, como fonte de alimentos, meio
mil toneladas de peixe). Surubins, dourados, piranhas, ca
E de transporte e fornecedores de água para a irrigação de
DISCUSSÃO rás e outros peixes de tamanhos variados boiavam nas águas terrase para uso em geral do homem, encontram-se amea
Contas do rio. A causa nåo foi apurada ou divulgada, admitindo çados. Há necessidade de serem adotadas medidas anti
se, entretanto, que ocorreu poluição com metal pesado, pro poluidoras ou normas rígidas do aproveitamento dos
Pardo A agonia dos rios veniente de uma fábrica próxima, ou que o agente polui recursoS naturais. Caso isso não ocorra os rios estarão ago
s

RSeoultinhoahe dor foi um agrotóxico. nizando.


Como fruto da atuação inadequada do homem so
bre o meio ambiente, surge o problema da poluição dos rios.
As fontes de poluição da água dos rios resultam, en
tre outros fatores, dos esgotos domésticos, despejos indus VOCABULÁRIO
triais, escoamento da chuva das áreas urbanas e das águas
de retorno de irrigação.
Desse modo, principalmente no atual século, o gran Assoreamento: obstrução, por areia ou por se Lago tectônico: resultante de ações internas, por
de crescimento populacionaleo desenvolvimento indus dimentos quaisquer, de um rio, canal ou es deslocamento das camadas da crosta ter
Bacia do Nordeste trial, além do uso, cada vez maior, de fertilizantes quínmicos tuário. restre.
Bacia do Leste
e inseticidas nas lavouras, têm causado sérios danos aos Lago residual: resultante da evaporação de an
rios e à vida de modo geral. tigos mares.
As grandes concentrações de nitrogênioe fósforo, usa
Bacie do Sul
dos nos adubos e fertilizantes, constituem um tipo muito
Limite da Bacia comum de poluição da água. As enxurradas transportam
Hidrográfica para os riossOs fosfatos ee nitratos. Estes nutrem as plantas

algas ,
aquáticas, as quais, multiplicando-se especialmente as
absorvemo oxigênio da água. Por sua vez, a falta
smo proVOca a morte de muitas plantas e animais
de oxigênio
a

que, ao se decomporem, aumentam a poluição.


BACIA DO LESTE Além desse fato, muitos outros são causadores da ago
nia dos rios:
• Ocupa cerca de 6o do território brasileiro e • os inseticidas utilizados nas lavouras, que destroem o fi
estende-se desde Sergipe até São Paulo. toplancto existente nos rios, o qual é responsável pela re
• Alguns de seus rios são temporários no alto novação de 70% do oxigênio da atmosfera;
emédio curso, como éo caso do Vaza-Barris, • os sedimentos que são transportados para os rios, pelas
r

Paraguaçu, Contase Pardo. Outros são per enxurradas, em decorrência de práticas agrícolas que ue não
manentes: rio Jequitinhonha, Doce e Paraí se preocupam com a conservação do solo. Os sedimen
tos ou detritos não deixam a luz solar penetrar na água,
ba do Sul.
• Predominam os rios de planalto (fato que di dificultando as formas de vida subaquáticas;
• quando é ultrapassada a capacidade de autodefesa da
ficulta a navegação), mas que possuem pe
queno potencial hidrelétrico. água em "sanear" os detritos, em virtude do excesso de
esgoto despejado nos rios, ocorre o aparecimento de ga
•O rio Doce atravessa uma região rica tanto ses nocivos à vida aquática.
do ponto de vista mineral como agropecuário.
Nos últimos anos vem-se agravando a agonia dos rios,
causada pela poluição industrial. Fábricas têm despejado
BACIA DO SUL quantidades enormnes de substâncias nocivas nås águas flu
viais. Entre os poluentes industriais mais perigosos encon
• Abrange 2,5V% do território brasileiro, esten tram-se os compostos de metais pesados (como o mercúrio
dendo-se do litoral sul do Estado de São Pau eo chumbo), os resíduos das indústrias de madeira e de
pasta de papel e os detritos de indústrias petroquímicas e
lo até o Rio Grande do Sul. reslduos radiativos.

56
57
CAPÍTULO 6
As altitudes baixas do relevo brasileiro fa
cilitam a circulação atmosférica. As massas de
ar que se originam no oceano conseguern pe

AS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DO netrar a fundo o território, levando as suas ca


racterísticas de temperatura e umidade para o
interior do país. Não existem, portanto, gran
de Cânce des barreiras naturais (altas montanhas) que
BRASILEO SIGNIFICADO DA in
Trópico de

peçam a circulação das massas de ar.


Equador
Além das altitudes modestas do território,
Tróplco de Capricórnlo devem-se considerar as linhas mestras do rele
TROPICALIDADE vo brasileiro. Estas se dispõem no sentido lon
gitudinal, isto é, no sentido dos meridianos.
Desse modo, facilitam a penetração de massas
eslo Polar Antár.
de ar, como éo caso da massa polar atlântica.

RECORDANDO NoÇÕES DE A FRENTE POLAR E O RELEVo


E OS Os raios solares, fonte de luz e calor, aquecem mais DA AMÉRICA DO SUL
CLIMA: OS ELEMENTOS a
região equatorial e menos as regiões de altas latitu
FATORES CLIMÁTICOS des, isto é, próximas aos pólos.
APLICADOS AO BRASIL
A configuração do território
Sabe-se que o clima é constituído de vários Equador

elementos: temperatura, chuva, umidade, ven O território brasileiro assemelha-se a um


tos, massas de ar e pressão atmosférica. triângulo com a base voltada para o hemisfé
Esses elementos do clima sofrem a influên rio norte e um dos vértices voltado parao sul.
cia de vários fatores, como, por exemplo: a po Essa porção voltada para o sul (Paraná, Santa
sição astron ômica e geográfica da região ou Catarina e Rio Grande do Sul) sofre a influên
país, a configuração do território, as altitudes cia marítima, impedindo que se estabeleça um
e as linhas mestras do relevo, a latitude, a alti Capricórnio
clima de neve, encontrado em espaços e latitu Tróplco de
tude, a proximidade do mar, a vegetação e a con des semelhantes aos dos Estados acima citados.
tinentalidade. "Se o triângulo estivesse invertido, a área
contígua à base teria condições de tempo e cli
ma comparáveis às da América do Norte!" (Gil
berto Osório de Andrade, Os climas, in Brasil,
Posição astronômica e geográfica a terra eo homem, p. 410.)

Jáestudamos que a maior parte do territó


rio brasileiro (cerca de 92%) localiza-se na zona Suponha duas lanternas. Uma colocada perpendicu As linhas mestras e as altitudes do 0 250 500 1000 1500 km
tropical (entre os trópicos de Câncer e Capri larmente a uma superfície e outra inclinada. Um feixe
relevo brasileiro
córnio). de luz ilumina e aquece com mnaior intensidade a su
Essa localização do Brasil permite que a perfície que é atingida perpendicularmente. Um feixe
Fonte: Gilberto Osório de Andrade, Os climas, in Brasil,
de luz inclinado ilumina e aquece com menor intensi Estudamnos no capítulo 4 que o relevo bra a terra eo homem, p. 412.
maior parte do território seja bem iluminada dade a superfície que é atingida de forma inclinada. sileiro possui altitudes baixas:
e aquecida pelos raios solares no decorrer do
ano, possibilitando que o clima seja de modo as terras entre 0 e 200 m de altitude abran Relevo da América do Sul e as trajetórias da massa
gem 41o do território brasileiro; polar atlântica. Os traços fortes indicam os principais
geral quente. alinhamentos do relevo brasileiro.A curva de nível tra
as terras entre 200 e 500 m de altitudeabran
Apenas uma menor parcela do território rio das águas, isto é, existe um predomínio das çada no mapa é de 200 metros, O que deixa claro que
localiza-se ao sul do trópico de Capricórnio, on massas líquidas sobre as massas continentais. gem 37o; grande parte do território brasileiro encontra-se em al
de os raios solares incidem de forma inclinada, Tal fato confere ao território brasileiro um acen
as terras entre 500e 1.200 mde altitude abran titudes inferiores a essa costa (200 m). A cordilheira
gem 21,5o; dos Andes estárepresentada por suas elevações su
apresentando um menor aquecimento. tuado grau de umidade (as massas de ar que as terras com altitude superior a 1.200 periores a 2.000 metros. Embora exterior ao país, os
A quase totalidade do território brasileiro
m

atuam no Brasil, provenientes do oceano, são Andes impedem que a massa de ar tropical do Pacífi
localiza-se no hemisfério sul, que é o hemisfé úmidas). abrangem apenas 0,50. co penetre em território brasileiro.

58 59
Essa massa de ar, que se origina no sul da Ar A altitude
TEMPERATURA
gentina, avança em direção ao território brasi INFLUÊNCIA DA ALTITUDE NAS MÉDIAS DE
leiro seguindo as aberturas" entre os alinha A altitude é outro fator que exerce influên
mentos do relevo, as quais facilitam a sua pe cia na temperatura do ar atmosférico, pois o Altitude Latitude
Média térmica anual
em °C (1980)
netração. aquecimento da atmosfera se faz por irradia Cidade em metros
Cumpre também destacar os vales fluviais. ção do calor absorvido pela Terra.
20°18'52 "S 23,6°
Eles funcionam como verdadeiros corredores Vitória 2
para a circulação das massas de ar. esse o ca
É

so do vale dos rios Paraná, Paraguai, São Fran Belo Horizonte 852 19°55 '57"S 20,8°
cisco, além do grande vale amazônico, por onde
penetram massas de ar originárias de um cen Rio de Janeiro 5 22°54'24 "S 23,8°
tro dispersor no Atlântico Norte (os Açores).
São Paulo 731 23°32'36 "S 19,3°

Florianópolis 24 27°35'36 "S 20,6°


A latitude
905 25°25'48 "S 16,7°
Curitiba
A latitude influi na temperatura do ar at
mosférico. Quanto maior a latitude, isto é,
Fonte: Anuário Estatístico do Brasil, 1982, IBGE.
quanto mais próximos estivermos dos pólos,
menor será a temnperatura do ar atmosférico.
so
Isso pode ser explicado: Em relação à altitude e sua influência
• pelas diferentes inclinações dos raios solares é comparar o
bre as médias térmicas,o ideal
segundo a latitude; primeiro mapa que se segue como mapa do
re

• pelas diferentes espessuras das camadas de ar Os raios solares aquecem a Terra. Depois a Terra irra levo ou das altitudes das terras brasileiras, na
atmosférico que aumentamn com a latitude. dia esse calor para o ar atmosférico, aquecendo-0. As página 41.
nuvens impedem que o calor se perca nas altas ca
Com essas noções e considerando apenas O segundo mapa representa as isoietas
a latitude, observe as diferenças de médias de madas da atmosfera. E por isso que as noites sem nu anuais, isto é, linhas que num mapa unem pon
vens são mais frias.
temperaturas anuais entre várias cidades bra tos de igual índice pluviométrico anual.
sileiras, localizadas em diferentes latitudes. Con Além dos fatores estudados anteriormen
sideramos cidades 1litorâneas, para evitar a te, existem outros, como a proximidade do mar,
influência de outros fatores como a altitude, por a presença de florestas ou matas, a continenta
exemplo. Quanto maior for a altitude, menor será a lidade e as correntes marítimas. Os dois últi
temperatura do ar atmosférico. Desse modo, a mos são inexpressivos no caso do climna do
temperatura do ar atmosférico, nas altas mon Brasil.
tanhas, é menordo que nas áreas de baixa alti Quanto à proximidade do mar, esta exerce
Média tude. Em média, a cada 200 m de altitude, a influência na formação das brisas, em virtude
térmica temperatura do ar atmosférico diminui 1°C. das diferenças de aquecimento, pelos raios so
Cidade Latitude anual em °C No caso do território brasileiro, devemos cidade de Campos do Jordão situa-se em um tre
A lares, das terras e das águas. Esse fator também
(1980) lembrar que as terras altas povoadas localizam cho da serra da Mantiqueira, no Estado de São Paulo.
A sua altitude é de 1.700 metros, e localiza-se na zo influi na queda das chuvas, pois de modo ge
se nas regiões Sudeste e Sul. Assim, podemos
na tropical. Como a altitude influi na temperatura do ral, mas não determinante, as áreas litorâneas
observara influência da altitude na tempera ar atmosférico, Campos do Jordão possui invernos frios ou próximas a elas recebem mais facilmente a
Belém 1°28 03 "S 26,2° tura do ar atmosférico, comparando algumas e temperaturas médias anuais inferiores às das áreas
umidade oceânica em forma de chuva, trazida
cidades brasileiras, umas situadas no litoral e localizadas na mesma latitude mas em altitudes infe
riores,
pelas massas de ar, cujo centro de origem se lo
Salvador 12°55'34"S 25,0° outras em planaltos. caliza no oceano.
Para que você perceba com maior clareza Jáas áreas cobertas por florestas provocam
as variações de temperat ura e umidade nas vá um abaixamento de temperatura do ar atmos
Rio de Janeiro22°54'24"S 23,8° rias porções do território brasileiro, onde os fa anuais. Nesse mapa, percebe-se a influência da férico, pois dificultam a penetração dos raios
tores que acabamos de estudar exercem influên
latitude e da altitude sobre as médias anuais de solares.
Florianópolis27°35'36"S 20,6° cia, observe os dois mapas da página 62. temperatura do ar atmosférico. (Observe que Além de todos esses fatores apontados,
O primeiro representa as isóbaras anuais, as menores isotermas localizam-se em direção existem aqueles resultantes da ação do homem
isto é, linhas que unem pontos do território bra ao sul do Brasil.) sobre o espaço: construção de cidades, desma
Fonte: Anuário Estatístico do Brasil, 1982, IBGE, sileiro que possuem iguais temperaturas médias
61
60
tamentos, poluição do ar atmosféricoemuitos que ocorreu outra combinação entre os elemen
nRASIL TEMPERATURA outros. Ve-se, assim, que o estudo do clima tos que formam o clima (temperatura e umida
MEDIA ANUAL (C)
apresenta certa complexidade e que muitos são de, principalmente).
os fatores que devem ser considerados para a Conclui-se, desse mnodo, que o tempo éuma
melhor explicação do mesmo. combinação passageira dos elementos que for
mam o clima.
Contudo, por que ocorrem as mudanças de
tempo?
CLIMA, TEMPO ATMOSFÉRICO Para entender esse fenômeno, precisamos
E
TIPO DE TEMPO - estudar as massas de ar, pois são elas as respon
sáveis, nos seus deslocamentos de um ponto pa
CONCEITOS raoutro da superficie terrestre, pelas mudanças
de tempo e pelo clima de uma certa área ou
região.
Utilizamos, até aqui, as expressões clima
emassa de ar, sem, contudo, conceituá-las cien
tificamente. Servimo-nos, portanto, dos conhe
cimentos que o aluno possui, mesmo que seja
o do senso comum. Entretanto, precisamos co MASSA DE AR
nhecer Os conceitos entender a dinâmica das
e

massas de ar.
Qual é o conceito de climna? Conceito
Oar atmosférico estásempreem movimen
Clima é a sucessão habitual dos tipos de to na forma de massa de ar ou de vento.
tempo.
Fonte: IBGE, Paisagens do Brasil (Novo), 1968.
Massa de ar é umna porção da atmosfera
O que é tempo no sentido climático ou me que carrega consigo as características de
BRASIL: ISOIETAS ANUAIS (mm) teorológico? temperatura e umidade das áreas onde ela
se forma.
Tempo éuma combinaçãopassageira dos
elementos do clima. Se uma massa de ar possui características
particulares de temperatura e umidade, é ela a
responsável pelo tempo e, portanto, pelo clima
1250
Observe que o conceito de tempo refere-se de uma certa área.
aos elementos do clima. Já sabemos que os ele As massas de ar estão constantemente
mentos do clima são: a temperatura, a pressão deslocando-se sobreo globo terrestre, pois, co
atmosférica, a umidade, os ventos e as precipi mo já dissemos, o ar atmosférico está sempre
tações atmosféricas (chuva, granizoe neve). em movimento.
2000 Assim, quando percebemos que num da Se um certo lugar da superficie terrestre re
do momento o tempo está quente e chuvOso, cebe uma massa de ar fria, o tempo desse lugar
como podemos entender tal fato? torna-se frio. Se recebe uma massa de ar quen
Isso resulta de uma certa combinação dos te e úmida, o tempo torna-se quente e úmido.
12920
elementos que formamo clima, destacando-se Compreende-se, então, que são os deslo
principalmente a temperatura elevada e a camentos das massas de ar durante o ano que
umidade. caracterizam o tempo, o tipo de tempo e, por
No entanto, em outro dia, ou mesmo em tanto, o clima.
poucas horas, o tempo pode "mudar". Pode tor Existem dois problemas a esclarecer:
nar-se frio e seco ou mesmo adquirir outras ca • Por que as massas de ar se deslocam de uma
racterísticas ou qualidades. área para outra da superficie terrestre?
Procurando entender a "mudança" do • Como se explicam as qualidades de tempe
Fonte: IBGE, Paisagens do Brasil (Novo), 1968. tempo, encontraremos a explicação no fato de ratura e umidade de uma massa de ar?

62 63
Por que as massas de ar se
deslocam de ra e, portanto, da pressão atmosférica. Esta,
desloca-se por camadas mais elevadas (pela par Quanto à umidade de uma massa de ar, de
uma área para outra da superfície sendo maior nas áreas frias, faz com que as mna te superior da porta). vemos lembrar que o globo terrestre possuí ter
terrestre? sas de ar se desloquem daí para as áreas mais
Colocando-se, ao mesmo tempo, uma ve ras e águas.
quentes. Portanto, são as massas de ar das re la acesa na parte inferior da porta, observare Os oceanos, mares, lagos e rios fornecem
Isso éexplicado pelas diferenças de tem giões polares que comandam os deslocamen mos o contrário. A chama dessa vela ficará
tos de todas as massas de ar, isto é, quando é umidade para a atmosfera através da evapo
peratura do ar atmosférico, entre as regiðes frias inclinada em direção à sala de aula. Portanto, ração de suas águas. Assim, nas áreas oceâni
e quentes da superfície terrestre. inverno no hemisfério norte, as massas polares demonstrará que o ar do corredor, sendo mais cas ou marítimas, formam-se massas de ar
As áreas frias são consideradas de alta pres migram em direção ao sul, empurrando" as frio, é mais denso e tende a se deslocar em bai úmidas e, nas áreas continentais, formam-se ge
são atmosférica e constituem áreas de disper outras mass as de ar também em direção ao sul. xa altura ou pelas camadas inferiores.
ralmente massas de ar secas; constituem exce
são de massas de ar. É o caso das áreas polares Quandoéinverno no hemisfério sul, ocorre Eisso que ocorre na atmosfera quantoaos ção as áreas de grandes florestas (Amazônia,
e das áreas subtropicais. o inverso: as massas polares empurram" as ou
deslocamentos de massas de ar. por exenmplo), em que os vegetais colocam o va
Tais tipos de áreas recebem o nome de áreas tras massas de ar em direção ao norte. por de água na atmosfera pela transpiração
anticiclonais. Para facilitar a compreensão do que foi ci evaporação.
tado, quanto aos deslocamentos das massas de Como se explicam as qualidades de
Com as explicações anteriores, podemos
ar, suponha que vocêe seus colegas tenham au temperatura e umidade de uma concluir que existem vários tipos de massas de
Areas anticiclonais são áreas dispersoras las seguidas e fiquem, portanto, na sala de au massa de ar? ar. Segundo a latitude em que se formam, po
ou que emitem nassas de ar ou ventos.
la durante muito tempo. Suponha também que demos distinguir três tipos principais.
a sala esteja com as janelas e portas fechadas. Entretanto, quando uma massa de ar se
Em virtude de várias pessoas estarem res Uma massa de ar possui qualidades ou desloca de um ponto para outro da superficie
As áreas equatoriais e temperadas, de bai características de temperatura e umida
xa pressão atmosférica, recebem as massas de
pirando dentro da sala de aula, o ar aí contido da Terra, as suas características (temperatura
se aquece, tornando-se, então, mais quentee de adquiridas da superfície terrestre on e umidade) se alteram.
ar e são denominadas áreas ciclonais. de se formam.
mais leve que o ar do corredor. Por exemplo, a massa de ar polar maríti
Depois de algum tempo abre-se a porta. Se ma que atinge a Europa é fria e seca quando
Áreas ciclonais são áreas que recebem colocarmos uma vela acesa na parte superior Primeiramente, vamos entender a qualida parte do Ártico. Ao atingir o Atlântico Norte,
massas de ar. da porta, observaremos que a chama da vela de térmica (isto é, de temperatura) da massa de aquece-see carrega-se de umidade. Quando es
estará inclinada para fora da sala, isto é, em di ar. sa massa de ar, no invern0, atingeo continente
reção ao corredor. Estará indicando que o ar Sabemos que o aquecimento da atmosfe europeu, forma nevoeiros e chuvas finas. No
Compreende-se, ento, que os deslocamen contido na sala de aula, por ser mais quente e, ra se faz indiretamente ou por irradiação. verão, provoca chuvas fortes.
tos das massas de ar dependem da temperatu portanto, menos denso que o ar do corredor, Sabemos também que, nas zonas onde os Percebe-se, assim, que uma massa de ar, no
raios solares caem inclinados (zonas glaciais e seu deslocamento, vai perdendo suas caracte
Áras temperadas), o aquecimento das terras e das rísticas iniciais e adquirindo outras da superfí
Áreas Ciclonais
Áreas águas é menor que nas zonas onde os raios so cie terrestre por onde passa.
Anticiclonais Antiçiclonais lares caem perpendicularmente (zonas equato Se não fosse assim, uma massa de ar po
rial e tropical). Assim, nas médias e altas lati lar, deslocando-se para uma região tropical ou
ar frias contra. Contra ar frias
tudes, a atmosfera possui temperaturas baixas equatorial, traria a neve, a temperatura baixa
Massas de
polare, Alísios Alísio, Massas polares e, nas áreas de baixa latitude, as temperaturas de seu ponto de origem. A massa polar provo
são elevadas. ca quedas de temperatura nas regiões tropicais
Logo, nas áreas de médias e altas latitudes, e equatoriais, mas atemperatura não é tão
bai
Alísios Alisios formam-se massas de ar frias.Nas áreas de bai xa quanto a de sua área de origem ou próxima
xa latitude formam-se massas de ar quen tes. a ela.

Hemisfério Sul Areas Tropicais Hemisfério Norte Equatoriais possuem ar quente e úmido.

Tipos de possuem ar quente, seco ou úmido,


massas de Tropicais conforme originem da terra ou
As temperaturas, sendo elevadas nas proximidades do equador, formam
áreas de bal ar do oceano.
Xas pressoes ou ciclonais, como também provOcam uma ascensão
que se tornam mais leves. Nas regiões (próximas aos trópicos) das massas de ar,
extratropicais de pres
sões mais elevadas que a região equatorial, formam-se centros dispersores de ventos;
são as chamadas áreas anticiclonais. Para substituir as massas da região possuem ar frio e pouco úmido se,
ascenderam em equatorial que Polares
virtude das termperaturas elevadas, para lá convergem massas menos sobretudo, forem continentais.
quentes e mais densas, oriundas das regiões temperadas ou
sao os
ventos alísios, extratropicais

64 65
Um exemplo do que acabamos de citar é AS MASSAS DE AR QUE ATUAM
a massa de ar polar atlântica. Éuma massa de Dependendo da estação do ano, pois as quando ocorre o inverno no hemisfério
NO BRASIL áreas de alta e baixa pressão atmosférica des no inverno que o anticiclone polar migrasul.É
para
ar que se forma no sul da Argentina e se deslo
ca em direção ao Brasil no inverno do hemisfé locam-se no decorrer dO ano, essas massas de o norte, pois, em julho, a área ciclonal (baixa
Com as explicações anteriores, compreen ar avançam parao território brasileiro ou dele
rio sul. É a responsável pelos invernos rigorosos pressão) desloca-se para o Atlântico Norte,
de-se, então, que há necessidade de estudarmos
na Argentina, no Uruguai e nos Estados do sul as massas de ar que atuam no Brasil (as suas recuam. "atraindo" as massas de ar dos anticiclones lo
Os seus avanços Ou recuOS é que vão deter calizados no Atlântico Sul e na Argentina.
do Brasil. Entretanto, quando essa massa de ar qualidades e os seus deslocamentos), para en minar o clima, pois você deve estar lembrado A polar atlântica (Pa) avança sobre o ter
atinge São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e ou tendermos o tempo, o tipo de tempo e os cli de que as massas de ar são portadoras de uma ritório brasileiro segundo três orientações ou
tros Estados, já está bastantemodificada. Não mas do país. certa combinaço de elementos (temperatura três ramos:
fosse isso, ela traria clima de neve ao Brasil, mes Observe, no mapa a seguir, a localização e umidade). Elas imprimem em cada área so
O primeiro ramo da massa polar atlântica
mo nos Estados situados em baixa latitude. das massas de ar que atuam no Brasil e a orien bre a qual pairam certas características de tem avança pelo litoral, seguindo a linha da costa.
tação de seus deslocamentos. po e de tipo de tempo, decorrentes de suas Chega a alcançar o litoral do Nordeste brasi
ne
qualidades ou propriedades (quente, frio, leiro, provocando chuvas frontais (veja figura
MASSAS DE AR QUE ATUAM NO BRASIL bulosidade, chuva etc.). seguinte) quando do contato com a tropical
No entanto, as massas de ar recebem da su atlântica (Ta). São duas massas de ar de quali
cer
Denominação Centro de origem Características perfície terrestre, para onde se deslocam, dades diferentes, uma friae outra úmida e quen
ou qualidades tas qualidades que acabam por transformá-las. te. Logo, pode ocorrer a condensação do vapor
mEc Equatorial continental Noroeste da Amazônia Mas não se esqueça de quea climatologia é di de água da Ta, que, ao atingir o ponto de satu
quentee úmida
nâmica, isto é, que a atmosfera está em cons ração, pode ocasionar chuvas no litoral do Nor
mEa Equatorial atlântica Anticiclone dos Açores quente e úmida tante movimento. Uma massa de ar é substituí deste. Assim, compreende-se por que o litoral
mTa
da por outra, existindo sempre uma troca ou do Nordeste apresenta chuvas de inverno. Veja
Tropical atlântica Anticiclone de Santa Helena quente e úmida substituição. Por exemplo, a massa de ar polar que isto depende desse mecanismo ou desse jo
Chaco (prolongamento do Pantanal atlântica, quando chega o inverno no hemisfé go da Pae da Ta. Ocorrem chuvas de inverno
mTc Tropical continental em território boliviano e paraguaio) quente e seca rio sul, avança em direção ao território da Amé no litoral do Nordeste oriental, enquanto no
rica do Sul, perdendo as suas propriedades resto do interior do Brasil as chuvas são de
mPa Polar atlântica Patagônia (sul da Argentina) no início é friae úmida, iniciais quando atinge, vamos dizer, o interior verão.
depois torna-se seca
do Brasil (planalto Central), depois de algum Do contato da Pa com a Ta, surge a frente
tempo de atuação. Mas poderá vir logo em se polar atlântica (F.P.A.), ocasionando uma zo
guida, ou ao mesmo tempo, à sua diluição ou na de instabilidade.
MASSAS DE AR AMERICA DO SUL COM CENTROS
DE AÇÃO E
SEUS DESLOCAMENTOS tra massa polar atlântica, na mesma área de
Tropical Atlântica do H.N, e
Alisios de Sudeste e NordesteE
dominação da primeira.
Anticiclone dos Açores A ação dessas massas de ar no território CHUVA FRONTAL
Equajód Ayäntica brasileiro apresenta certas características. Umas
Hemisfério Norte decorrem da altitude do relevoede suas linhas
Frente fria
mestras, outras da configuração do território
Equador
eda posição astronômica e geográficado Brasil, Fronte quente

Cordiiheira conforme assinalamos no início de nosso estu Massa de


ar quente
Andes
Ec Equatorial Contitent do do clima e que em seguida vamos destacar. Massa de
ar sfn
da Amazõnia OCEANO
ATLNTICO

Tropical Continentan Tc

do Chco Trópico de Capricórnio

OCEANO PACIFICO
W
A MASSA DE AR POLAR
Anticiclone de Santa Helena
Trodc Atläntica do H.S. ATLÄNTICA NO INVERNO
AUSTRAL OUDO HEMISFÉRIO
SUL
Frente Polar Hemisfério Sul A linha ou zona de contato entre duas massas de ar
Pacífica
(F.P.P.)
a de qualidades diferentes, formando uma descontinui
Dada configuracão do relevo do Brasil dade térmica e barométrica (pressão), recebe a deno
Polar Pacífica
Polar Atlántica
Frente Polar Atlantica
(F.P.A.)
ha porção sul, a massa de ar polar atlântica con minação de frente. E uma zona de instabilidade, com
sCgue penetrar a fundo o território brasileiro, trovoadas, chuvas e nevoeiros.

66 67
Tentando compreender agora a influência
do relevo sobre o clima e tomando como exem ATUAÇÃO DAS MASSAS
AS MASSAS DE AR NO BRASIL OS CLIMAS DO BRASIL
plo o Nordeste brasileiro, veja o que acontece. DE AR NO INVERNO NO VERÁO AUSTRAL OU DO
O
Nordeste brasileiro apresenta várias cha
Planalto Guiano HEMISFERIO SUL Classificação de Arthur Strahler
padas, isto é, grandes superficies de relevo por
vezes horizontais, sedimentares e a mais de Durante o mês de janeiro (verão austral ou
mEa Baseado no estudo da dinâmica das mas
600 m de altitude. Essas chapadas sërvem de Equado
do hemisfério sul), a área ciclonal (centro de sas de ar, dos elementos e dos fatores do clima,
obstáculo à penetraço de massas de ar para o lanalto baixa pressão) localiza-se na porção do Panta Os especialistas propuseram váias classifica
interior e funcionam como elemento de con mE Brasileiro A
nal Mato-grossense. Para aí convergem massas Ções climáticas.
densação do vapor de água das mesmas. Andes de ar provenientes de duas áreas anticicl onajs Uma delas cabe a Arthur Strahler ea se
Eo caso da chapada da Borborema, do situadas no Equador e no Atlântico Sul. gunda a Wilhelm Köppen.
Araripe e do Apodi, que provocam as chuvas Nessa estação do ano, sopram com mais in A classificação de Strahler baseia-se nas
orográficas ou de relevo, isto é ocasionadas pe RAMO
tensidade os ventos alísios: os de Nordeste áreas da superficie terrestre, controladas ou do
la condensação, motivada pela ascensão força Trópico de
Capricórnio (mEa) e os de Sudeste (mTa), que penetram pe minadas pelas massas de ar. Assim sendo, éuma
da do ar quando encontra um relevo acentuado lo território brasileiro. classificação que atende ao que expusemos até
(veja figura abaixo). Em parte a semi-aridez do A massa de ar equatorial continental (mEc) agora, isto é, deriva do estado das massas de
Sertão nordestino, ou Poligono das Secas, po estende-se por quase todoo território brasilei ar. A sua classificação pertence a uma escola
de ser compreendida através desse mecanismo. mTa ro, com exceção do Nordeste, que permanece da climatologia, denominada dinâmica, que es
sob o domínio dos alísios da massa equatorial tuda a dinâmica geral da atmosfera através das
RAMO atlântica. a massas de ar.
A
OU DE RELEVO
A Bcé responsável pelas temperaturas ele Observe o mapa que se segue e procure
1 vadas e pelas chuvas de verão na maior parte entende-lo, relacionando-o com o que foi ex
do território brasileiro. posto até aqui sobre as massas de ar.
A área de origem da Ec éde instabilidade
permanente, com chuvas de convecção (veja a
Planaltos
figura seguinte).
Planícies e baixos CLASSIFICAÇAO CLIMÁTICA SEGUNDO O CONTROLE
planaltos
cONFORME ARTHUR STRAHLER
CHUVA DE CONVECCAO

Org. Silvio C. Bray

Em virtude da menor temperatura em altitude maior,


dá-se a condensacão do vapor de água, podendo ocor
giões de planalto no Brasil, a Pa encontra aí um
rer chuvas. São as chuvas orográficas ou de relevo. verdadeiro corredor para a sua penetração. O
relevo baixo facilita, portanto, a sua incursão.
O segundo ramo éresponsável pelas geadas nas
lavouras dos Estados do sul e de São Paulo, além
Contudo, quando as chapadas formam gar de quedas de nevee dos ventos frios, como é
gantas ou vales, a massa de ar penetra para o o caso do minuano e dopampeiro no Rio Gran Ocorre a ascensão vertical do vapor de água, o qual,
interior do Sertão nordestino, formando os bre ao entrar em contato com as camadas de ar frio, sofre
de do Sul. condensação e precipita-se.
jos ou pés de serra. São áreas de vegetação ver
O terceiro ramo, em vista também do rele CLIMAS CONTROLADOS POR MASSAS
de, dentro do Sertão semi-árido. As terras dos vo baixo do planalto Central do Brasil, chega
DE AR EQUATORIAIS E TROPICAIS
Enquanto a mEc atinge grandes porções do Clima Equatorial Ümido
brejos ou pés de serra são bastante valorizadas, a atingir o norte de Mato Grosso e, não raro, território brasileiro, a mTà tem uma atuação convergêncla dos Alisios
pois constituem um verdadeiro "oásis". São uti o alto Tapajós, provo cando a friagem. mais acentuada no litoral. Aíprovoca chuvas
Clima Litorâneo umido exposto às
Maritimas
lizadas pela agricultura. A friagem consiste, portanto, na penetração, de relevo, principalmente no litoral do Sudeste.
A C
Dmido e Seco Alternadamente

O segundo e o terceiro ramos da polar duranteo inverno, da massa polar pela regiao Citamos, apenas como exemplo, alguns as
Clima Tropical Tendendo a Seco pela
Irregularidade de ação das Massas de A

atlântica deslocam-se em direção ao Brasil, obe equatorial. Caracteriza-se pela queda acentua pectos das massas de ar no inverno e no verão, CLIMAS cONTROLADOS POR MASSAS
DE AR THOPIGAIS E RoLAntO
decendoàseguinte orientação: dada a confi da de temperatura. Com isso os moradores da épocas extremas do ano, pois omecanismo de orlentais e subtropicais dominado
guração do relevo na América do Sul, com Amazônia, habituados às temperaturas eleva seus deslo camentos é bastante complexo tam largamente por Massa Tropical Maritima
planícies entre a cordilheira dos Andes e as re das da região, sofrem grandes transtornos. bém nas outras estaçöes do ano.
68 69
Classificação climática de Köppen por Lysia Maria Cavalcante Bernardes,
geógra
A segunda classificação, de Wilhelm Köp fa do Conselho Nacional de Geografia, e por linha de instabilidade, provoca chuvas
durante
pen, ainda utilizada, pertence à escola tradicio outros geógrafos. TIPOS DE CLIMA (SEGUNDO
KÖPPEN) todo o ano. Daí se compreende por que o cli
A classificação climática de Köppen ma da Região Sul é sempre
nal ou separatista. Estuda separadamente os seia-se fundamentalmente na temperatura, na
ba úmido.
Note que, nessa região, o clima Cf apresen
elementos do clima (temperatura, umidade, ta os subtipos Cfa (clima subtropical sempre
precipitação e na distribuição dos valores de
pressão e vento) para depois recompô-los no seu temperatura e precipitação durante as estações úmido, com verões quentes) e Cfb (clima sub
todo. Contudo, pode ser utilizada pela escola tropical sempre úmido, com verões brandos).
dinâmica. do ano.
Os tipos de clima são representados por le Aw No primeiro caso (Cfa), a ação termorre
Esta classificação foi adaptada ao Brasil tras, da maneira que se segue: Af guladora do oceano no verão se faz sentir,
Af
primindo verões quentes. No segundo caso
im
Am Aw
(Cfb), as altitudes do relevo respondem mais
A primeira letra, A segunda letra,
Aw pela característica de verão brando.
A terceira letra,
Procure, depois destes exemplos e explica
Ções, entender os climas das outras
A

áreas, sem
Cwa pre relacionando-os com o deslocamento das
massas de ar.
CWe
representada
por maiúscula,
representada representada Fazendo um resumo da classificação climá
por minúscula, por minúscula, tica do Brasil, segundo a proposta da Prof?
Lysia Maria Cavalcante Bernardes, tem-se cin
Cta
co tipos de clima, conforme o mapa que se
segue.
corresponde à corresponde às corresponde às
caracteristica geral particularidades do características da
do clima de uma regime das chuvas temperatura de uma
área. de uma área. área. CLIMAS DO BRASIL

Assim explicado, vamos relacionar as é


semi-árida, as chuvas caem durante o inver
letras: no e a temperatura é sempre quente. Veja, no Observe também, no mapa acima, o no
mapa dos tipos de clima, segundo Köppen, na roeste da Amazônia. Lápredomina o tipo de
1: letra página a seguir, que esse tipo de clima no Bra clima Af, segundo Köppen, isto é, clima quen
A = clima quente e úmido sil domina grande parte do Nordeste brasilei te e sempre úmido.
B = clima árido ou semi-árido ro, o Polígono das Secas. Quando falamos da massa de ar equato
C = clima subtropical ou temperado Outro exemplo:o climaAs corresponde ao rial continental (Ec), dissemos que ela é uma
2* letra clima quente e úmido, com chuvas de inverno. massa de ar quentee bastante úmida. Além dis
f = sempre úmido Observando o mapa acima citado, vemos que so, salientamos também que, no
inverno do he
m = monçônico (com uma pequena esse tipo de clima aparece no litoral oriental do misfério sul, a Ec fica restrita ao noroeste da
estação seca) Nordeste brasileiro. Amazônia, provocando chuvas.
= chuvas de inverno Você deve estar lembrado do que falamos Nas outras estações do ano, com o recu0 Equatorial e
Subequatorial
w = chuvas de verão sobre a circulação das massas de ar ou, mais da Pa, a Ec avanca pelo território brasileiro,
w' = chuvas de verãoe outono especificamente, sobre o primeiro ramo da mas atingindo as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste Tropical

sa de ar polar atlântica. Explicamos, anterior e Nordeste. Apesar desse avanço, a Semi-árido


3* letra área de ori
mente, que o primeiro ramo da Pa avança em gem da Ec é uma área de instabilidade perma
h = quente Tropical de altitude

a = verões quentes direção ao território brasileiro, segue o litoral, nente, isto é, nela sempre chove. São chuvas de
Subtroplical
b = verões brand os
alcança o litoral oriental do Nordeste brasilei Convecção e ocorrem durante todo o ano.
ro, e, de seu encontro com a massa de ar tropi Logo, este tipo de clima pode ser caracte
cal atlântica (Ta), resultam chuvas frontais no rizado pelas letras Af (f = sempre úmido).
Fazendo a combinação dessas letras, ob litoral nordestino. Isso ocorre justamente no in Observeo resumo da classificação climá
O sul do Brasil é dominado pelo clima Cf,
teremos um tipo de clima. Por exemplo, Bsh verno, quando o anticiclone polar se desloca pa Ou seja, clima subtropical e sempre úmido. tica de Köppen adaptada ao nosso país, na ta
corresponde ao clima semi-árido, com chuvas ra o norte. Veja como fica mais fácil a com bela que se segue. Estude-a, olhando o mapa
Essa região está, durante o ano, sujeita à
de inverno e quente. Em outras palavras, signi preensão desse mecanismo e suas relações com penetração da Pa. Formaa frente com a Ta Ou do Brasil com os tipos de clima segundo
fica que a área onde domina esse tipo de clima a classificação climática de Köppen. Com a Ec mais ao norte, A frente, sendo uma Köppen.
70 71
RESUMO DA CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE KÖPPEN
E
Caracteristicas
TEXTO PARA LEITURA umidade, vegetação de dificil penetração, altas tempera
Climas Caracteristicas gerais Símbolos Área de ocorrência turas, disenterias, febre amarela, malária e homens
básicas DISCUSSÃO lentes.
indo
Temperaturas elevadas, entre Amazônia Oriental e litoral da Essa imagem propagou-se desde o século XVI, até
25° e 27C. Pluviosidade média Af
não possui estação
Bahia e trechos do litoral do
o
significado da tropicalidade os dias atuais. Em razão disso chegou-se até mesmo ao exa
seca gero de admitir que as realizações
de 2.000 mm anuais. Na porção Sudeste humanas são limitadas
Equatoriais Após o estudo da situação geográfica e dos climas pelo clima tropical. Tal quadro serviu admiravelmente aos
ocidental chuva de 3.000 mm do território brasileiro, sabemos que o Brasil é, na sua maio interesses de certos grupos que pretendiam explorar os re
com pequena
anuais. Pequena amplitude Am estaçaoGrande parte da Amazônia parte, um país tropical, cursos naturais e humanos das áreas tropicais, pois eles mes
térmica. seca no inverno Tal fato possui implicações tanto de ordem fisica ou mos entendiam ou justificavam que as áreas tropicais
Brasil Central, parte de Minas natural como históricas. possulam limitadas possibilidades de desenvolvimento.
chuvas no verão Sabe-se que o território brasileiro foi descoberto pe Diante desse retrospecto, não é de estranhar que, nos
Aw Gerais e Bahia. Território de los curopeus no século XVI, num momento em que se es
Temperaturas médias entre 19° e seca no inverno séculos que sucederam as grandes navegações, surgisse para
e
28°C. Pluviosidade média in Roraima truturava na Europa o capitalismo comercial. o homem europeua idéia dos trópicos hostis. A hostilida
ferior a 2.000 mm anuais. Duas e O europeu via as áreas tropicais como um mundo que de tropical decorria das limitações de conhecimentos dos
Tropicais estações bem definidas, a chu Aw
chuvas de verão Litoral Setcntrional até o Ceará Ihe poderia oferecer uma série de produtos não existentes novos espaços terrestres e da falta de meios técnicos efica
vosa e a seca, tipica do planal outono em seu continente. Assim sendo, essa perspectiva de explo zes para combat-la. A formulação de um panorama
de
to Central, do Meio-Norte e ração dos recursoS naturais das áreas tropicais tornou-se sanimador em relação àadaptação do homem branco às
parte da Bahia. Litoral Oriental do Nordeste um reforço para os propósitos da política mercantilista e novas terras tropicais de certo modo, compreensível nos
As chuvas no outono e
(Rio Grande do Norte até a é
inverno para o desenvolvimento do capitalismo comercial, além, séculos passados. Contudo, não se concebe em nossos dias
Bahia) evidentemente, de contribuir de forma significativa para que tal pensamento ainda predomine. Admiti-lo é menos
riquecimento e desenvolvimento dos Estados europeus.
o enriq prezar ou subestimar a capacidade que o homem possui
Temperaturas elevadas, geral
Percebe-se, então, que desde o início da colonização de organizar racionalmenteeo espaço, desde que obtenha
mente superiores a 25°C. Em
das áreas tropicais ocorreu a divisão internacional do tra as condições necessárias para romper as forças fisicas das
Semi-áridos alguns pontos, médias superio Bsh chuvas escassas e
res a 32°C. Chuvas inferiores a Sertão nordestino balho. As colônias tornaram-se as produtoras de matérias áreas tropicais e ultrapassar as estruturas sociais arcaicas
quentes irregulares primas para as metrópoles e estas, as vendedo ras de ma que oprimem milhões de seres humanos.
L.000 mm e em algumas áreas
entre 500 e 700 mm. nufaturados para aquelas. Sabemos que o problema não decorre das condições
Foi, então, o comércio que atraiu a população para naturais das áreas tropicais. Se no passado as forças natu
os trópicos. "O colono europeu não traria comn ele a dis rais exerceram um peso considerável nas relações entreo
Cwa chuvas de verãoe posição de pôr-lhe a serviço, neste meio tão difícile estra homem eo meio natural dos trópicos, no presente as for
verões quentes Domina parte do Sudestee pe nho, a energia de seu trabalho fisico. Viria como dirigente ças histórico-sociais e culturais explicam melhor essas re
Tropicais Termperaturas médias anuais de quena porção do sul de Mato da produção de gêneros de grande valor comercial, como lações, isto é, entreo homemea terra e entre os homens
de 19 e 27C. Pluviosidade média chuvas de verão Grosso do Sul empresário de um negócio rendoso, mas só a contragosto entre si.
altitude de 1.500 mm anuais. Cwb
verões brandos como trabalhador" (Caio Prado Júnior, ormação do Brasil Assim, a solidariedade dos países tropicais, na bus
contemporâneo, 1961.) ca de tecnologias criativas e de superação de seus violen
chuvas de outono Planalto da Borborema Ao mesmo tempo em que eram estabelecidas as rela tos e brutais contrastes sociais, chega mesmo a representar
Csa
inverno (Nordeste) çöes entre o homemeomeio tropical, relações que visavam um caminho para a libertação da herança colonial que ainda
tirar da terra e dos nativos aquilo que eles pudessem ofere mantém um mundo dividido em paises fornecedores de
chuvas bem distribui-RioGrande cer ao mercado europeu, traçava-se a imagem de um tró matérias-primas e paises que se julgam donos das técni
do Sul, litoral da Re
das durante o ano egião Sul e partes cas, dos produtos industrializados e da verdade.
Cfa
do interior
pico hostil, que apresentava chuvas torrenciais, grande
Temperaturas médias anuais en verões quentes
Subtropicais tre 17 e 19°C. Chuvas entre
1.250 e 2.000 mm anuais. chuvas bem distri
Cfb buidas durante o ano Interior da Região Sul
e verões brandos
VOCABULÁRIO
EXTREMOS CLIMÁTICOS DO BRASIL Amplitude térmica anual: é a diferença entre Poligono das Secas: área que abrange 1.800.000
Maior total anual de chuvas (4.514 mm)
a média de temperatura do mês mais quente km², existente no Nordeste do Brasil, sujei
Menor total anual de chuvas (279 mm) Itapanhaú (SP) ea média de temperatura do mês mais frio. ta a secas prolongadas. Recebe o nome de
Cabaceiras (PB) Poligono, pois quando foi realizado o
ma

Maior temperatura média mensal (dezembro: 28,9°C) peamento das áreas ou municípios que se en
Sobral (CE)
Menor temperatura média mensal (julho: 8,4°C)
A. do Itatiaia (R.J) Brejo: no Nordeste do Brasil é um termo utili contram na zona semi-árida, unindo entre
si tais áreas ou municípios, obteve-se a figu
Maior indice mensal de chuvas (fevereiro: 1.410 mm)
zado para designar as áreas úmidas do
Itapanhaú(SP) Agreste ou do Sertão. ra de um poligono.
Menor índice mensal de chuvas Gulho: 0,0 mm) Xiquexique (BA)

Maior número de dias de chuva anual (254 dias)


Menor número de dias de chuva anual (33 dias) Javareté (AM)
.*.. Remanso (BA)
Maior amplitude térmica anual (134°C) .....
Uruguaiana (RS)
Menor amplitude térmica anual (0,7°C)
.sTefé (AM)

72 73
Formações campestres campos Formações florestais

FLORESTA LATIFOLIADA EQUATORÍAL


AS FORMAÇÕES VEGETAIS cerrado • Recobre cerca de 40% do território brasilei
ro, constituindo uma das mais vastas áreas
Formaçôes complexas caatinga
florestais contínuas do mundo.
• Recebe várias denominações: latifoliada (fo
complexo do =
Iha larga); Hiléia, do grego hylaia da flo
Pantanal
resta" (nome dado por Humboldt); floresta
equatorial, por causa do clima equatorial;
floresta pluvial, em virtude dos elevados ín
dos litorais
arenosos dices pluviométricos que caracterizam a Re
FATORES QUE INFLUEM NA Entretanto, cumpre lembrar que a vegeta Formações litorâneas gião Norte; floresta Amazônica, nome refe
DISTRIBUIÇÃO DOS VEGETAIS ção original que cobria o imenso território manguezais
rente à lenda das amazonas, guerreiras que
está, em largos trechos do país, bastante modi combateram os espanhóis quando da con
ficada pelo homem. Se não forem tomadas pro quista da região.
O estudo da distribuição dos vegetais na vidências mais enérgicas quanto ao desma • Possui uma variedade enorme de espécies ve
superficie da Terra érealizado por um dos ra tamento desordenado que se tem processado no BRASIL: FORMAÇOES VEGETAIS
getais e é uma floresta fechada.
mos da Geografia, denominado fitogeografia • Pode ser dividida em três partes, tendo-se por
Brasil, as reservas florestais tendem a desapa
(do grego phytón = "planta") ou geografia das recer. Isso ocorrendo, haverá, comno base a sua composição de vegetais, ou em três
plantas. principal degraus, baseando-se nos diferentes níveis erm
conseqüência, o desequilíbrio climático e eco que ela se apresenta: a mata de terra firme ou
Ao estudar a distribuição dos vegetais na
lógico.
superficie da Terra, a fitogeografia preocupa caaetê, a mata de várzea e a mata do igapó
se com os vários fatores que influem nessa dis ou caaigapó.
tribuição. A mata de terra firne recobre as áreas mais
AS FORMAÇÕES VEGETAIS
elevadas, osfirmes, que não são atingidos pe
temperatura las inundações. É o habitat da castanheira, do
A classificação das formações vegetais mogno, do angelim, da andiroba, do cedro,
do caucho, do guaraná e de muitas outras
Fatores que umidade plantas do extrativismo vegetal amazônico.
Segundo Dora de Amarante Romariz, geó
influem na
distribuição
clima grafa do Conselho Nacional de Geografia, po A mata de várzea corresponde à parte da flo
dos vegetais dem-se classificar as paisagens vegetais do Brasil resta que está sujeita a inundações periódi
vento cas. E aí que surge uma das principais plantas
em quatro formações com suas respectivas
di do extrativismo vegetal brasileiro, a seringuei
visões:
luminosidade ra, destacando-se a Hevea brasiliensis.
A mata do igapó ou caaigapó ocupa a planí
Floresta latifoliada cie típica da Amazônia. Está permanente
equatorial
solo
Formaçbas Florsstals
mente alagada e apresenta-se bastante intrin
Floresta latifoliada
Floresta Latifoliada Equatorial cada. E aí que surge a piaçava e outras plan
tropical
Floresta Latifollada Troplcal Mata Galeria tas que fazem parte do extrativismo vegetal.
altitude Floresta Latifolada Tropical Úmida
• As plantas são higrófilas, istoé adaptadas
de Encosta
Formações
florestais
Mata de Araucária
Mata dos Cocals
à umidade.
animais
Floresta latifoliada
tropical úmida de Formagles Campestres
•Essa formação florestal vem sofrendo inten
encosta Campos
so desmatamento, cuja tendência é aumen
tar em virtude do processo de colonização
Formaçbes Complexas
homem Cerrado
recente, iniciado por meio da implantação de
Floresta aciculifoliada
ou mata de araucária Caatinga
Complexo do Pantanal
grandes fazendas de gado, dos projetos de mi
Entre esses fatores, o clima exerce grande ou floresta subtropical neração e do povoamento de modo geral.
influência. Formacles Litorlneas

Jásabemos que o território brasileiro pos


Vege taclo do Litoral
FLORESTA LATIFOLIADA TROPICAL
Subtipos: mata dos • É umaformação florestal que ocupava gran
sui uma diversidade de climas; assim sendo, Cocais e matas Adaptado de Dora de Amarante Romariz, A vegetação,
existem diferentes paisagens vegetais. galerias e ciliares in Brasil, a terra e o homem, v. 1. des extensões de terra, desde o Nordeste até

74 75
o Paranáe alguns trechos de Santa Catarina
e Rio Grande do Sul. Tanto a floresta latifoliada tropical úmi • Essa formação vegetal é largamente explora
• Sofreu grandes desmatamentos, sobretudo da de encosta comoa floresta latifoliada da, pois o pinheiro fornece a madeira mole,
em virtude da penetração da cafeicultura em que opinho, de grande comercialização. En
tropical cederam lugar à agroindústria da é
tretanto, o seu desmatamento também foi in
Minas Gerais e, principalmente, São Paulo e cana-de-açúcar no Nordeste a partir do
norte do Paraná. século XVI. Elas foram, em largos trechos, tenso, exigindo, por conseguinte, uma eficaz
• É denominada, também, floresta tropical do derrubadas para o colonizador fazer o fiscalização e incentivos ao reflorestamento.
interior, para diferenciá-la da floresta tropi plantio de cana-de-açúcar. Retirava-se
cal úmida de encosta, que se encontra reco madeira para várias finalidades: para a
brindo certas porções da serra do Mar e construção do engenho, para combustí
próxima do Atlântico. vel e ainda para a fabricação de caixotes
• Possui em muitos trechos vegetação impo para embalar o açúcar. Os caixotes eram
nente, com árvores de 25 a 30 metros de altu forrados com folhas de bananeira e ca
ra, como perobas, paus-d'alho, figueiras e lafetados com barro, pela parte externa,
cedros. nos vãos, pois o açúcar não podia estar
sujeito à umidadedo oceano no seu trans
FLORESTA LATIFOLIADA TROPICAL porte até Portugal. No Sudeste, essas flo
ÚMIDA DE ENCOSTA restas foram bastante desmatadas pela
expansão da cafeicultura. A marcha do Aspecto de um babaçual, ao fundo, e a quebra do fruto

No passado, essa formação florestal ocupa para retirar a semente.
va as terras desde o Rio Grande do Norte até café processou-se utilizando a agricultu
o Rio Grande do Sul, cobrindo as escarpas ra itinerante, isto é, derrubada da mata,
voltadas para o mar. queimada e plantio. Quando o solo co b) Matas galerias ou ciliarese os capões
• Desde o século XVI, com o processo de ocu meçava a apresentar um baixo rendimen
to, abandonava-se essa área em busca de As matas galerias correspondem a peque
pação das terras brasileiras, essa floresta so nas florestas alongadas que se desenvolveram
novas áreas, onde o processo se repetia, Aspecto da mata dos pinhais ou mata de araucária,
pro
freu grandes intervenções. Primeiramente, a ao longo dos rios, aproveitando a umidade do
extração do pau-brasil; posteriormente, a in
e
assim sucessivamente. Atrás de si o café fundamente alterada pela ação humana.
solo. São encontradas nas regiões de cerrado,
troduço da agroind ústria da cana-de-açúcar deixava um solo profundamente erodido,
de campo e mesmo de florestas.
no Nordeste e, a partir do século XIX, a ex fato que ainda pode ser observado no vale
do Paraíba. SUBTIPOS DE MATAS Quando a umidade do solo é proveniente
pansão da cafeicultura no Sudeste. do afloramento do lençol de água subterrâneo,
.
E conhecida com o nome de mata atlântica. a) Mata dos cocais ou mata de transição o qual dá origem a uma pequena bacia, surgem

E uma formação vegetal exposta à umidade A área de ocorrência dos cocais de baba os capões, denominados também de capões de
das massas de ar oceânicase bastante rica e FLORESTA ACICULIFOLIADA OU MATA çu, como pode ser observado no mapa das for mato. Surgem em áreas de campos e de cerrados.
variada (cedro, peroba, jacarandá, jatobá, je DE ARAUCÁRIA OUFLORESTA mações vegetais do Brasil, localiza-se entre a Apresentam formas arredondadas e se desta
quitibá etc.). SUBTROPICAL floresta Amazônica a oeste, a caatinga (vege cam de longe, pois quebran a monotonia da
• Eencontrada desde o norte do Rio Grande tação do Sertão nordestino) a leste e o cerrado vegetação rasteira, constituindo verdadeiras
do Sul até a porção sul do Estado de São Pau ao sul. Localiza-se, portanto, numa área de ilhas" de vegetação em meio aos campos.
lo, cobrindo porções do planalto Meridional. transição entre o clima úmido da Amazônia, o
Entretanto, é no Paranáe em Santa Catarina clima semi-árido do Nordeste e o clima menos
que essa formação é encontrada de forma úmido do planalto Central.
contiínua. Abrange vastas áreas do Maranhão, Piauí Formações campestres
Recebe o nome de aciculifoliada em virtude enorte de Goiás, predominando nos trechos de
de suas folhas pontiagudas, e de araucária solos úmidos e dos vales fluviais, como é o ca CAMPOS
graças à abundância da conífera Araucaria so dos rios Mearim, Itapecuru, Grajaú, Pinda
ré, Parnaíba e outros da Região Meio-Norte. • Como diz o próprio nome, tais tipos de for
angustifolia. mações caracterizam-se pela predominância
Embora predominem os pinheiros, essa flo O babaçu constitui um grande recurso na a cen
tural regional, pois de sua semente é extraido de gramíneas, cuja altura varia de 10 50
resta nãoé homogênea. Existem vegetais la tímetros aproximadamente. Além disso, sur
um óleo de grande aplicação industrial (indús
tifoliados associados, comno é o caso da im gem subarbustos, sendo que os arbustos são
buia, da erva-mate, várias espécies de cane tria de cosméticos, de alimento, de aparelhos
de alta precisão, como éo caso de balanças de mais raros.
las, cedros, ipês etc. • Quando ocorre o predomínio de gramíneas,
• Em virtude de altitudes mais elevadas da serra laboratório). Além disso, oferece outras apli
cações, como estudaremos no capítulo referente formam-se os campos limpos; quando ocor
da Mantiqueira, no Estado de Minas Gerais, ao extrativismo vegetal no Brasil. rem os arbustos, formam-se os canpos sujos.
Aspecto da floresta atlântica. existem também os pinheiros.
77
76
• Os campos limpos surgem desde o sul do Es • Podem-se distinguir o cerradão e o cerrado.
tado de São Paulo atéo Rio Grande do Sul, O primeiro caracteriza-se pela predomninân •A vegetação de mangue (ou manguezais) e a
cia de árvores e o segundo é ralo, quase cam que se forma nas reentrâncias da costa (baías,
onde são denominados campos da campanha
gaúcha. Ocupam o planalto Meridional e pestre, com árvores distantes umas das outras. estuários). Por se tratar de uma área com so
• A origem do cerrado é discutida. Atribui-se lo salino e deficiência de oxigênio, pois as ma
constituem excelentes áreas para a criação de rés alcançam tais tipos de áreas, as plantas
gado, como éo caso também dos campos da ora ao clima, ora ao solo, e mesmo àinter
tiveram que desenvolver vários dispositivos
vacaria no Mato Grosso do Sul. venção humana.
morfofisiológicos para absorver o oxigênio.
• Podem-se distinguir também: os campos de •O cerrado tem sido utilizado pela pecuária,
altitude ou serranos e os campos da Hileia ou há muito tempo. Entretanto, nos últimos Eo casodas raízes aéreas e dos pneumatófo
ros (raízes respiratórias). Os vegetais são ge
inundáveis. Os primeiros surgem nas áreas anos, o mesmo tem sido ocupado pela agri
ralmente de tronco fino e de pequena altura
mais elevadas do relevo, nas quais a altitude cultura, com êxito. e classificados como halófilos e higrófilos.
modificaa vegetação (serra do Caparaó, Ita
tiaia etc.). Os segundos ocupam terras baixas,
sujeitas a inundações, como é o caso dos cam
pos da ilha de Marajó.

Aspecto da caatinga.

COMPLEXO D0 PANTANAL
• Recobre a planície do Pantanal Mato-gros
sense.
• Éuma
formação vegetal que possui espécies
vegetais da floresta, dos campos, do cerrado
e mesmo plantas xerófilas da caatinga.
• Constitui importante área de criação de ga
Cerrado. do, além do extrativismo vegetal da poaia e
do quebracho. Da poaia é extraída a emeti Aspecto do mangue.
na, que é utilizada na indústria farmacêuti
CAATINGA
• Localiza-se na região de clima semi-árido do
ca como medicamento antivômito. Do que
bracho extrai-se o tanino, utilizado na indús
Campos da campanha gaúcha com criação de gado. Nordeste brasileiro e éconstituída de vege tria de couro.
tais xerófilos, como é o caso das cactáceas TEXTOS PARA LEITURAE
(mandacaru, facheiro e xiquexique) e das bro DISCUSSÃO
meliáceas (macambira).
Formações complexas Apresenta grande heterogeneidade quanto ao Formações litorâneas
aspecto e àcomposição vegetal. Em certos Texto 1

trechos forma uma mata rala ou aberta (de • Ocorrem ao longo de todoo litoral brasileiro,
São assim denominadas em virtude da he
terogeneidade de seus aspectos. Compreendem caá = «mata' e de tinga = "branco'") e em apresentando ora vegetação de praiae dunas, A floresta vai acabar?
o cerrado, a caatinga eo complexo do Pantanal. outros o solo apresenta-se quase a descober ora vegetação de mangue, além do jundu.
to, possuindo arbustos isolados. •A vegetação de praia e dunas é constituída Com esse título um do Instituto
Nacio
Na época das secas as plantas da caatinga per principalmente pela salsa-da-praia, picão-da
nal de
Pesquisas daAmaAador Philip M. Fearnside, mos
CERRADO dem suas folhas, tornando a paisagem triste. praia e por gramíneas. tra o processo de desmatamento da Amazônia. Baseando-se
• Predomina em quase todo o Brasil Central, A perda das folhas, que é uma adaptação das Após a vegetação de praias e dunas, surge o em estudos e observações locais e em fotografias forneci
por meio
parte de Minas Gerais, parte ocidental da Ba Jundu. E um tipo de vegetação arbórea, cuja das pelo satélite Landsat, esse pesquisador revelou,
plantas às condições climáticas, faz com que n. 10, jan./fev.
de um artigo na revista Ciência Hoje (v. 2,
hia e sul do Maranhão, nas áreas onde o cli a planta diminua a transpiração e evite, as altura máxima é de 5 metros. Forma um ema 1984), o que vem ocorrendo na grande floresta
Amazôni
ma apresenta duas estações bem marcadas, sim, a perda da água armazenada. Basta caí ranhado confuso, com muitas plantas espi ca, quanto ao seu desmatamento.
uma seca e outra chuvosa. Além disso, apre rem as primeiras chuvas no sertão para que nhentas. Segundo estudiosos, o jundu repre Em alguns trechos, o desmatamento já atingiu 50%
senta-se em forma de manchas em vários pon a caatinga readquira o verde, quando é, en senta o esforço realizado pelos vegetais da flo ou mais da área, como é o caso da região bragantina, no
Velho.
tos do território, como éo caso dos Estados tão, utilizada pela pecuária extensiva e rudi Testa para chegar até o litoral, e, assim sendo, Pará, e em Rondônia, nas proximidades de Porto
Os Vegetais tiveram que sofrer modificações.
Em outros trechos, principalmente ao longo das rodovias,
de São Paulo e Paraná. mentar.
79
78
o desmatamento atinge 30 a S0%, como é verificado no Texto 2
UNIDADE
eixo da rodovia Belém--Brasilia e da Quiabá-Porto Velha,
As causas do desmatamento apontadas são várias: Que forças, alm das atuais, poderiam
desmatamento para fins de produção agricola de subsis influir, no futuro, sobre o desmatamento
tncia e de lenha (pequena participação em relação a ou da Amazônia?
tras causas), a expansão das fazendas de eriação de gado,
a exploração madeireira, a esulação imobiliaria, as cons
"A exploração madeireira, que atualmente atinge uma

II
truções de usinas hidrelétricas e os projetos de mineração
Entre as causas assinaladas, imobilia fração relativamente pequena da rea total da regio, po
na e a expansão das farende dEuiaçao de gado onsti de tornarse uma fonte substancial de perturbação. No mo
tuem os principais fatores de desmatamenta menta, os mercados mundiais para madeiras tropicais estão
a
Quanto à espeulação imobiliária, o autor chama sendo abastecidos principalmente pela destruição das flo
atençåo para o fato de que "b desmatamento seguido do restas do sudeste da Asia. As florestas tropicais asiáticas
plantio de capim o meiodo usado para asSegurar a posse são denominadas por uma única familia de årvores, Dip
da terra. O sistema é utilizado tanto por pquenos
s que nem sempre
sse
eståo pensando em especlação pos
teroarpaeRE, e quase todas têm alta qualidade madei
reira, sendo de caracteristicas muito mais homogêneas, e
terio, oomoplos grandes gnileiros A legitimaço jurndica portanta mais facilmente industrializáveis do que a flo
do desmatamenta praticada h sôulos na Amazônia bra resta Amazònica, Nesse ritma, as florestas tropicais asiáti
sileira, då ao desmatador o direit de possee em seguida, cas estarão extintas antes do fim do seculo, e, segundo os
0de propriadade Apastagem representa, assim, a manei comerciantes de madeiras tropicais, os volumes comerciais
amaisoàl de auar uma area extensa, aumentando em de madeiras de lei provenientes da Asia podem baixar a A
muito impato desmatador.
A
speal ação de terras na Amarônia tem prpor
cionado ucros espetaculares em anos eentes, ultrapas
niveis insigniticantes até o final desta década. Isso signifi
ca que as grandes empresas madeireiras, atualmente mui
to mais ativas na Asia do que na America, devem transferir
POPULAÇÃO
sando de maito as rendas que a produão agricola poderia sua atenço para a Amazônia. Muitas florestas explora
alcançar
Os grupos eindividuas que lucram com o desmata
mento nãosão geralmente os mesmas que pagam seus cus
das intensivamente por estas firmas são deixadas em con
diçðes fortemente alteradas, com poucas chances de recu
peraçãa, mesmo sem terem sido derrubadas por corte raso
ou queimadas. E provavel que esta forma de destruição au
BRASILEIRA
tos amhientais sociaise financeiras emuitos dos beneficias
pratundos são canalirados para fora da região amarônica mente muito na Amazônia. O aperfeiçoamento de mto
Alem do que fai descrita, cumpre ainda lembrar que dos para o aproveitamento de um maior nümero de espécies
o proceso de acupação reente da Amarônia, realizado na fabricação de compensados, celulose e outros produ
atravs do grande capial (praeso de colonização efetuado tos madeireiros aumentaria tambem as áreas atingidas por
por grandes empresas nacionais e estrangeiras com apoio Corte raso enm
gOVeTamentall, tem proporaonado uma grande concen Uma outra causa potencial de destruição grande
tração de terras nas mos de poucos proprietärios Tal si a
escala da floresta Amazônica fabricação de carvåo ve
getal. Seria o caso por exemplo, do plano para coletar ma
tuação confita com os interesses do pequeno proprnietária
do bomem sem terra, qucé transformado em "peão" e sub deira da loresta nativa para o abastecimento de unma
metido a condiçles miseráveis de trabalha, com os inte indústria siderüngica em associação com o Programa Grant
rSses do posseiro e ainda com os interesses dos indigenas. de Carajás.
Beneficiando grupos econmicos inluentes vemos atual ..No futuro, os desmatamentos devidos às concen
mente, de foriha brutal, tomada de terras de tribos indi
a
trações de populaçðes associadas com os pólos de minera
genas e a violação de parques e reservas para facilitar a ção devem aumentar consideravelmente. Os planos para
implantação de grandes empresas e a conseqüente trans implantação de projetos hidreltricos também implicam
formação da floresta, que ea fonte de vida para as comu
a
eliminação de áreas substanciais, Os planos hidrelétri
cos parecem ter dado pouco valor à floresta destruida, co
nidades in digenas, em pastagens ou em terras que visam
mo por exemplo nos casos de Samuele Balbina, em Rondo
à especulação imobiliária
nia e Amazonas, respectìvamente, onde as barragens,
ex
que o panorama da ocupação e coloni
Vàse, ent
zação recente da Amazônia é desanimador em vrios as tremamente rasas, vo produzir por volta de 12 vezes me
pectos: social, econämico, politico e ecológica, onde se nos quilowatts por quilômetro quadrado de floresta sacri
o
coloca, neste última a questão desmatamento com con ficada do que no caso de Tucuruí:"
seqüências drästicas para um futuro práxima, caso não se (Philip M. Fearnside, A floresta vai acabar?,
jam tomadas providências enérgicas e eficazes. Ciência Hoje, v. 2, n. 10, jan./fev. 1984.)

VOCABULÁRIO

Halófilo: que habita meios ricos em sal. úmidos e que se caracteriza por grandes
res
folhas.
Higrófilo: vegetal que se desenvolve em luga Xerófilo: vegetal que vive em lugares secos.

80
CAPÍTULO I
relacões raciais no Brasil, sendo utilizado in Quem pretende estudar a origem do índio
clusive para justificar a escravização do índio brasileiro não pode dissociar-se, em geral, do
e do negro. estudo do indígena americano.
A FORMAÇÁO DA POPULAÇÁO A serviço dos interesses da classe dominan
te, sempre se colocoua ciência, comprometida
com
Vários estudiosos dedicaram-sea esse pro
blema, destacando-se principalmente Hrdlicka
com essa classe Social. Assim, a ciência e Paul Rivet.
prometida divulgava "verdades" ditas científi Hrdlicka defende a tese de que tenha exis
BRASILEIRA: A DIVERSIFICAÇÃO cas, que satistaziam os interesses da classe tido apenas uma corrente de povoamento, pois
dominante. Eo caso dos estudos" do conde considera o indígena americano uniforme. Ad
que
Gobineau (que esteve no Brasil em 1869) mite que eles são de origem mongolóide, ten
ÉTNICA previu uma degeneração genética para os
sileiros no prazo de duzentos anos em virtude
bra
an
do vindo de regiões setentrionais da Ásia Orien
tal. Atravessaram o estreito de Bering, distri
da mestiçagem; de Nina Rodrigues, médico buindo-se pelo continente americano, onde
a
tropólogo baiano, que recebeu cabeça de An
posteriormente desenvolveram e diversificaramn
A DIVERSIFICAÇÃo ÉTNICA tônio Conselheiro, após o massacre de Canudos, a sua cultura.
POPULAÇÃO SEGUNDO OS para avaliar se a mesma apresentava alguma Paul Rivet, baseando-se em elementos cul
GRUPOS ÉTNICOS – 1950 e 1980 anormalidade. Além deles, existem estudos de turais, lingüísticos ou antropológicos, não con
A população brasileira é formada por três Oliveira Viana, Silvio Romero e outros, impreg sidera a existência de apenas uma corrente de
tipos étnicos básicos: o indígena, o branco e o 1950 1980
povoamento ou migratória e sim de quatro:
negro africano. nados do pensamento racista da época e que
Grupos étnicos exercem enorme influência até os nossos dias • corrente asiática
Contudo, no atual século, mais um grupo
97o
da
população
70 da
na formação do racismo ou preconceito que –éa corrente mais impor
populaço tante e explica certos traços culturais e fisicos
veio participar da formação da população bra
existe na sociedade brasileira. uniformes encontrados no indígena america
sileira. Trata-se dos asiáticos, representados brancos 61,7 54,8
Quanto aos indigenas (os mesmos não fi no. Esta tese coincide com a de Hrdlicka, pois
principalmente pelos japoneses. pardos 26,5 38,5 guram nos censos), o seu número no Brasil tem admite as migrações através do estreito de
Be

O cruzamento desses tipos étnicos deu ori


gem a diversos grupos mestiços ou a uma diver pretos 11,0 5.9 diminuído de forma espantosa, desde o perio ring, há cerca de 30.000 anos, isto é, nos pe
do colonial. A marcha de ocupação do territó ríodos interglaciais;
sificação étnica, conforme o quadro abaixo. amarelos 0,6 0,6
rio brasileiro, a formação de frentes pioneiras
A visão de que a população brasileira é for
• corrente australiana da qual os represen
não declarados 0,2 0.2 ou de colonização de áreas interiores, tem pro tantes mais expressivos são os índios pata
mada basicamente pela miscigenação das três vocado o lento, mas constante, desaparecimen gões, habitantes da Patagônia, ao sul da
100,0 100,0
etnias pode conduzir a uma falsa compreensão TOTAL
to do indígena ou provocado a sua miscigena Argentina, e grupos indígenas do Chile;
da questão; pode levar a entender que a misci Fonte: Alceu Vicente W. de Carvalho, A população brasi ção com outros grupos. Desse modo, o primiti • corrente malaio-polinésia –deve ter-se des
genação no Brasil constitui o argumento váli leira; estudo e interpretação, IBGE, 1960; e Anuá vo habitante do país tem perdido os seus valo locado pelo oceano Pacifico, pois até hoje os
do para se falar que aqui sempre existiu uma rio Estatístico do Brasil, 1982, IBGE. res culturais e a sua terra, fonte de sua subsis grupos melanésios e polinésios são grandes
"democracia racial"; que a integraço é uma tência e de sua unidade. navegantes;
prova de que não existe racismo no Brasil ou sa história, o preconceito de cor ou o precon
que ele é mais “humano'" ceito em relação ao indígena e ao mestiço. Esse • corrente esquimó ou uraliana – de origem
O mito da democracia racial, no entanto, mito serviu de forma admirável à classe domi do norte dos montes Urais (entre a Europa
OS INDÍGENAS e a Asia), que penetrou na América pelo
sempre disfarçou uma realidade brutal na nos nante para mascarar a opressiva realidade das
Ártico.
A origem do índio Embora a possibilidade de existência das
A ETNIA BRASILEIRA três últimas correntes possa ser verificada, a
branco negro mongolóide corrente asiática, através do estreito de Bering,
índio "Se achamos queo nosso objetivo aqui,
asiático é a mais aceita, em virtude:
em nossa rápida passagem pela Terra, é • de que os estudos quanto ao povoamento da
mestiços acumular riquezas, então não temos na América, por outros grupos humanos, ain
da a aprender com os índios. Mas, se acre da não estão encerrados;
ditamos que o ideal é o equilíbrio do • de que jáé questão aceita que no passado (en
mulato caboclo cafuzo ainocô homem dentro de sua própria familia e tre 28.000 e 10.000 anos atrás) existiu uma
caiçara (misturado) dentro de sua comunidade, então os in
branco + negro índio t negro ponte terrestre" entre o Alasca e o nordeste
mameluco dios têm lições extraordinárias para nos da Ásia. Não existia o estreito de Bering. O
branco + japonês
caipira dar. » nível das águas do oceano não cobria a pas
capiau sagem terrestre ou a ponte terrestre. Existia
Orlando Villas Boas
índio + branco uma grande planície ligando a Asia à Améri

82 83
vê-se, assim, que ainda permanece na maio Desde as primeiras décadas do século XVI,
ria das pessoas a visão das diferenças entre os o território brasileiro foi progressivarnente
homens, pois, tendo por base dados'" bioló
in
AS CORRENTES DE POVOAMENTO PARA AMÉRICA.
tegrado à economia européia, fruto da expan
gicos ou "raciais" consideram desiguais aque
GLACIA
oCEANO SEGUNDO PAUL RIVET
ARTICO são marítima comercial portuguesa e de outroS
les indivíduos e grupos racialmente' tidos povos da Europa. Em vista disso, as populações
como diferentes. Ainda nos dias atuais, perce indígenas do Brasil e do restante da América,
be-se o preconceito em relação aos "diferentes" inferiorizadas nos aspectos técnico emilitar, fo
ou
isto é, ao indígena, ao negro aos mestiços
e ram pouco a pouco vencidas, dizimadas ou aín
ROPA AMERICA DO àqueles que não possuem riqueza mnaterial (os da expulsas pelos invasores para o interior dos
NORTE despossuídos, independentemente de sua "ra territórios. Brilhantes civilizações como as dos
ca"). São considerados como "seres inferiores" astecas, maias (México, Guatemala e Hondu
dentro da sociedade, a qual cultua o enriqueci ras), assim como a dos incas (Peru, Equador e
AMERICA
mento material como a grande mneta pessoal; Bolívia), não suportaram a avidez do conguis
CENTRAL e
constitui um “direito" das classes dominan tador em busca de lucros e riquezas. Suas cida
Melásia tes usá-los sem nenhum cuidado quanto à sua des foram saqueadas e destruídas, e os grupos
Poltnésie
oCEANHA
AMÉRICA DO
condição de ser humano. indígenas procuraram afastar-se para o interior,
em busca de maior segurança.
SUL
Assim, desde o século XVI, com o início
AUSTRALJA A população indigena do Brasil: a do processo de colonização, empreendido pe
dificuldade de sua avaliaço e o seu lo europeu na América, teve início o processo
extermínio de desmantelamento das culturas indígenas.
A cOrrente esquimó
de algum ponto da Asia
Deu-se a eliminação progressiva das popu
meridional os esquimós Édifícil calcular o número de indígenas que lações indígenas por vários fatores: transmis
Chegerhedos Corrente australiana: Corrente malaio-polinésia:
Corrente
mongóis vivem no território brasileiro. Os recenseamen são de doenças, exploração de sua força de
do nordeste da &sin
pelo Leste e pelo Oeste a imigração saiu da a corrente imigratória saiu
tos nunca fizeram referências aos mesmos, não trabalho, desprezo pelas suas condições de vida,
alguns chegaram à Austrália pelo Oceano da Oceania através do através do Estreito de
Europa e outros
penetraram na América.
Pacificoe chegou
América
Oceano Pacifico e
chegouà América.
Bering. chegou
só pelaprópria dificuldade em recenseá-los co expropriação de suas terras; e ainda, mesmo
América
mo também pelo isolamento de muitos grupos aculturadas, sofrem um processo de segregação
do processo de aculturação que muitos sofre ou preconceito; chegam mesmo a ser transfor
ca, e o homem primitivo deve ter entrado por minada "raça". Se fosse assim, a identificação ram e pela própria dificuldade, em alguns ca madas em "produtos", para satisfazer a curio
essa época na América, a pé, seguindo o des se reduziria a uma questão biológica e não s0 sos, de identificá-los como índios. sidade de turistas desejosos de conhecê-los.
locamento dos animais. ciológica, fato que foi muito comum, princi
• de que existe uma uniformidade de certos tra palmente durante o século XIX e início deste, SITUAÇÃO DOS GRUPOS INDÍGENAS BRASILEIROS EM RELAÇÃO
ços culturais e fisicos no primitivo habitante AO GRAU DE INTEGRAÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA
quando as Ciências Sociais e particularment a
da América que correspondem aos povos Antropologia estavam impregnadas do racismo. Totais dos
mongolóides. Procuravam explicar o subdesenvolvimento dos grupos em 1900
1957
povos ou a sua “inferioridade" material a partir Grau de
integração
das características "raciais" (cor da pele, tipo absoluto em o isolados contato contato integrados extintos
O racismo ainda serve de critério de cabelo, dimensões cranianas etc.), chegan intermitente permanente
para definir o que é ser índio do a absurdos. Tal posição "científica" atendia 13 3 33
isolados 105 46 33 23
principalmente aos interesses do colonizador
Discute-se, ainda nos dias atuais, a própria branco, pois servia de justificativa para a sua contatO 29 10 14
57 25 4
definição do que seja um índio, ou quais os cri ação de dominação e escravização dos povos intermitente
térios que devem ser utilizados para caracterizá indígenas enegros. Será que essa visão ou ideo
Contato
lo como tal.. Essa dificuldade decorre do pró logia racista ainda não permanece na socieda permanente 39 17 3 8 28

prio processo de integração de muitas comuni de atual? Permanece. Pessoas, grupos sociais,
dades indígenas à sociedade brasileira, as quais ainda se sentem "superiores" em relação aos integrados 29 12
17 12

assimilaram muitos elementos culturais e per indígenas, negros, mestiços e em relação a cer 45 38
totais 27
deram muitos dos seus. Diante disso, o critério tos brancos. Utilizam certos clichês que infe 230 100 33

utilizado para definir um índio é o da auto riorizamo indígena e mesmoo negro, deixando estimativa 23.200 37.650
12.750
identificação étnica, ou seja: índios são aque claro o seu racismo. E esse o caso, quando se populacional 99.700 26.100
les que se identificam como tal. diz: "eles pareciam índios", referindo-se às de
Ribeiro, Educação e ciências sociais, 1957, apud Salzano
e Maia, Populaçõôes brasileiras, São Paulo,
Esse critério afasta outro que foi muito uti
e
LDarcy
sordens ou "primitivismo" nas atitudes de um Ed. Nacional, EDUSP, 1967.
lizado: índio significa pertencer a uma deter grupo de pessoas.
85
84
se lação, como ocorreu com os índios Kayapó. dae
Apesar das dificuldades de elaborarem margens do rio Araguaia, que por volta de 1910
estudos relativos àpopulação indígena brasi e constituíam uma população de 6 a 8 mil indi.
leira, vários estudiosos dedicaram-se dedicam
víduos. Com a invasão de suas terras pelos
se

se à questão.
ringueiros e os conflitos daí surgidos, em 1929
Segundo estudos do prof. Darcy Ribeiro, estavamn reduzidos a apenas 27, e hoje esse gru
no ano de
dos 230 grupos indígenas do Brasil,
AREAS DE CONFLITOS ENTRE ÍNDIOs E OS
emn re po estáextinto; com os Timbira, que em 1900 "NOVOS CONQUISTADORES
1900, 105 grupos mantinham-se isolados e
constituíam um grupo de 1.000 indivíduos,
lação às populações neobrasileiras. em 1950 esse número caiu para 40; com os Mun lPARA 8 366
Entretanto, em 1957, dos 105 grupos iso
e

Os Gorotire, Txucarramãe, Xikrim, Temnbé


duruku, que de 20.000 diminuíram para 1.200
e

apenas 33 Assurini desentendem-se com fazendeiros


ano.
lados existentes em 1900, restavam entre 1915 e 1950; e muitos outros.
colonos. Já houve 31 mortos neste
isolados: 33 tinham sido extintose outros fo AMAPA 2 350
Os Galibi, Palikur, Karipuna e Oipi não
ram integrados à sociedade brasileira ou
man A dizimação das populações indígenas se RORAIMA 28 729
Os Makuki, Wapixamma, Ingarikó e Tau querem a construção da BR-156

contato permanente ou intermitente. fez ao longo de nossa história e se prolonga até repang estáo sitiados por granoe
e em choque com
ndes fazen
tinham os dias atuais, apesar do protestoe da luta dos
das MARANHAO 7 978

Além dos estudos de Darcy Ribeiro, mui


Jruby-Kaapor Krikati
AZONAS 43 297 USum conflitos com peões e
o
tos outros existem, destacando-se realizado, próprios indígenas e de associações que se es AMAZ Tukuna, Marubo, Sate fazendeiros.
ré-Mawé, Miranha, Wal
recentemente, pelo Centro Ecumênico de Do forçam em defende-los. miri e Atroari lutam
com
GOIAS 1 670
o fazendeiros empres Os Xerente têm parte
cumentação e Informação (CEDI). Segundo Entretanto, nos últimos anos, o povoamen de extração de made de suas terrasnn
a indígena do Brasil, em e
minér
CEDI população total to e a ocupação das terras das regiões Norte e deiros, com o apolo do
prefeito de Tocantins.
1980, era de 227.801 pessoas. Centro-Oeste, pelos novos conquistadores, têm
es
Outro estudo é de Angel Rosenblat. A ameaçado os grupos indígenas. As suas terras CEARA
RIO GRANDE
timativa de Rosenblat para 1950 (200.000 ín têm sido invadidas pelos fazendeiros e ocupa DO NORTE

dios), se comparada com a de Darcy Ribeiro das em virtude da construção de rodovias e dos PIAUIPERNAMBUCO
1PARAIBA
para 1957 (99.700 índios), apresenta-se elevada. projetos minerais, como é o caso de Carajás. YALAGOAS 6 558
Segundo a prof: lara Ferraz, pesquisado ACRE 6.072
SERGIPE 150

ra do Departamento deCiências Sociais- An Os Kulina e Kaxinawá


querem ficar juntos na
tropologia Social, da Universidade de São mesma reserva indigena
DF
os separa
Paulo, aproximadamente 25 grupos indígenas,
FUNA! Que
POPULAÇÃO INDÍGENA DO BRASIL (1500-1950) MINAS
GERAIS
RONDONIA BAHIA8 100
com cerca de 10.000 indivíduos, serão atingidos 4
416a.Wau. UraPan-In.
3 875
toivindi:
População População 70 de índios sobre aroa e Arara brigam com
pelo Projeto Carajás. A ferrovia para escoar Otl
o
Ano a
população total fazendeiros, colonos 0 empresas de mi
PAULO
terras que fol trans
indígena total
minério de ferro de Carajás atravessará terras neração RIO DE ferida pela FUNAI
para o BDF
801 e MATO GROSSO DO JANEIRO Os
pertencentes aos Guajajara, Apinajé, Gaviões, MATO GROSSO 11
1.000.000* 100 be,
1500 1.000.000* SUL 21 231 SANTA ankar
Os Nambikuara lutam para impedir que CATARINA

850.000 94
Krikati e muitos outros. BR-364 corte seu territórlo. Os Kayoá, Karaja 2 750
posseiros
1570 800.000 e Xavante brigam com a FUNAI e fazendei ESPIRITO
A demarcação adequada das terras indíge NIO 666
ros SANranl co
mecaram por conta própria
1650 700.000 950.000 73,6 nas não tem sido realizada, constituindo, portan RIO GRANDE Do SUL
o75 1/ a dernarcar suas terras, par
te delas ocupadas peln Ara
to, uma ameaça à sobrevivência dos indios, já cruz Celulose.
1825 360.000 4.000.000 9,14
reduzidos drasticamente ao longo dos quatro PARANA 4 715
Angelo
| Depois da morte do cacique
1940 200.000 41.236.315 0,40 séculos de conquistas. Cretan, os Kaingang e Guarant começa
ram a retomar suas

52.645.479
O mapa que se segue apresenta uma amoS Grupos arredios: 15 000 índios empresa agoricola madeireira do
1950 200.000 0,37 Eetodo
tra das áreas de conflito. Outras existem, pois Destribalizados: 30 000 indios

margem de erro de 20%0, segundo o Autor.


os problemas continuam e se agravam.
Cumpre lembrar que atualmente os indíge
Fonte: Angel Rosenblat, La población indígena y el mes nas já se acham mais organizados para defen Fonte: revista Veja, São Paulo, Ed. Abril, 19 de novembro de 1980, p. 34.
tizage en América, La población indígena,
1492-1950, Buenos Aires, Ed. Nova, 1954, v. 1.
der os seus direitos. Possuem uma organização
que reúne as nações indígenas, um indígena co
mo deputado federal (Mario Juruna) e várias A contribuição cultural culturais de suas culturas, presentes ainda nos
dias atuais na sociedade brasileira.
organizações ou comissões pró-índio integra No contato entre culturas diferentes ocor Em relação aos indígenas é importante
Apesar de existirem divergências quanto ao das por setores da Igreja e por antropólogos rem trocas de elementos culturais (hábitos, cos lembrar que não podemos fazer generalizações
número de indígenas que viviam e vivem no ter que, reunidos, procuram defender os direitos quanto às influências culturais, pois não foi so
tumes, técnicas etc.). Assim, no contato entre
ritório, sabe-se que desde que o colonizador dos índios. Essas organizações têmn crescidoe mente com uma tribo que os colonizadores ou
aqui chegou o seu número diminuiu de forma
OS conquistadorese os indígenas ocorreu, de
já se fazem ouvir junto aos governos estaduals ambas as partes, a incorporação de elementos Os colonos entraram em contato. Foi com
tri
acentuada, provOcando uma grande depopu e federal.
87
86
veram lanças, tacapes e, nas tribos amazônicas, era formado de uma população mesclada de vá
GRUPOs INDÍGENAS D0 BRASIL a IMIGRAÇÃO PARA O BRASIL
GRU
(MAPA SIMPLIFICADO) zarabatana. rias origens, incluindo-se judeus e mouros. Des
No contato com o colonizador ou conquis SEGUNDo A NACIONALIDADE (1820 1980)
de os tempos antigos, a diversidade portuguesa,
seus co
tador, os indígenas cederam muitos de além de contribuir para a diversidade étnica da
nhecimentos ou elementos de sua cultura, prin
para o cultivo de populaço brasileira, contribuiu também para
cipalmente os conhecimentos a nossa diversidade cultural. Os portugueses
plantas tropicais. JAPONESES OUTROS que povoaram o Brasil apresentavam uma va
Nesse contato, o colonizador procurou es A17% 17,10%
PORTUGUESES riedade de elementos culturais, pois para aqui
cravizaro indigena colocá-lo a seu serviço,
e
31,06% vieram os fidalgos e militares (classe mais ele
Entretanto, este resistiu, pois não aceitava a
es
ALEMES vada na época do Brasil-Colônia), os sacerdo
cravidão. Frente a essa resistência do indígena 4,87% tes, os degredados e criminosos, além dos
ao trabalho escravo, a classe dominante criou ESPANHÓIS
12.90%
"homens bons" (lavrad ores, artesãos etc.).
o clichè de que o indígena é preguiçoso, que não ITALIANOs Diante, portanto, da presença portuguesa
é dado ao trabalho. Para substituí-lo, a classe 29,90% no processo de colonização, foi dos portugue
dominante buscou o negro africano, utilizando ses que recebemos a herança cultural funda
Aruacue se do pretexto que ele constituía amão-de-obra mental. Realizaram uma transplantação
Cara ba
ideal, pois na Africa ele já estava acostumado cultural para o Brasil, podendo-se destacar vá
Pang e utros orupos ao trabalho e até mesmo conhecia a instituição rios elementos:
• a lingua portuguesa, com as particularidades
da escravidão. Assim, o Brasil inaugurava mais

uma pågina sombria de sua história a escra significativa na formação da população brasi de adaptação do negro e do indígena, que
bos de várias familias ou grupos, que possuiam vidão negra. constitui o principal elemento de união ou
leira. Assim sendo, da Ásia destacam-se os sírio
culturas diferentes entre si. identidade de todos os brasileiros;
No entanta, foram as tribos do grupo Tupi libaneses e os judeus. Estes últimos, presentes • as instituições administrativas, sociais e
que mais estabeleceram relações com os coloni no Brasil desde o tempo colonial, eram na maio
zadores, fato esse decorrente de sua localização
O ELEMENTO BRANCO morais;
ria cristãos-novos.
Do continente africano o Brasil recebeu pe
•a religião católica;
pelo litoral brasileiro (localizavam-se também O elemento branco que participou da for •o tipo de construção de povoados, vilas ou
ao sul do rio Amazonas, no vale do Tapajós, mação da população brasileira é originário de queno número de imigrantes brancos. Contu
cidades: a mesma disposição na distribuição
Madeira, Tocantins e Xingu). vários grupos étnicos, tanto europeus como do, podem-se destacar os egípcios, que aqui
das casas residenciais, dos edificios públicos,
Os grupos localizados no mapa apresen asiáticos e africanos. Entretanto, é da Europa chegaram principalmente após a revolução das ruas, da igreja matriz e das praças; as ruas
tavam entre si diferenças culturais. O grupo Jê que veio a maior contribuição, podendo-se des egipcia que levou Gamal Abdel Nasser ao po estreitas e sinuosas, subindo ou descendo
possuia uma cultura material rudimentar, des tacar vários grupos: der em 1954. morros ou colinas; a habitação térrea com o
conhecendo, inclusive, a agricultura, vivendo os atlanto-mediterrâneos representados De todos esses povos citados, destaca-se o alpendre ou varandaeo sobrado com os bal
pelos portugueses, italianos, espanhóis e fran português. A história da imigração portugue
da caça, da pesca e da coleta. sa para o Brasil confunde-se com a própria his cões ou sacadas;
Os Aruaque possuíam uma agricultura ceses, sendo que estes últimos participaram,
desenvolvida, cultivando mandioca, milho, ta em número bastante reduzido, na formaço tória do Brasil. Foram eles os colonizadores e
oS responsáveis pela formação inicial da neo
baco e batata. Destacaram-se dos demais gru da população brasileira. A maior parte da po
pos pelo artesanato: cerâmica, tecelageme pulação brasileira descende desse grup0, população brasileira, através do processo de
cestaria, e usavam tangas de barro cozido. destacando-se principalmente os portugue miscigenação com índios e negros africanos,
ses, os italianos e os espanhóis; pois de 1500 a 18O8, portanto por três séculos,
Os Caraíba, Cariba ou Caribe faziam ha Os portugueses eram os únicos europeus que po
bitações palafitas (sobre estacas). Como a sua • oS german os ou teutõesrepresentados pe
los alemães, austríacos, neerlandeses ou ho diam entrar livremente no Brasil. Mesmo apóS
área de domínio se estendia atéa atual Vene 1808, e até os dias atuais, eles predominam em
zuela, esse nome (Veneza pequena) originou landeses, suíços, ingleses e escandinavos. De
se em virtude dessa forma de construção. todos esses povos, aquele que mais partici nùmero como imigrantes para o Brasil.
Depilavam o corpo, conheciam a enxada pou numericamente na formação da popu Vieram de várias provincias de Portugal e
mesmo das ilhas dos Açores e
de pau e fabricavam canoas e remnos. lação brasileira foram os alemães; da Madeira. E
• oseslavos-representados pelos russos, po ISSo que explica a variedade
Algumas tribos Tupi praticavam a agricul de aspectos ou ca
tura, principalmente a cultura da mandioca, do loneses, tchecos, eslovacos e iugoslavos. De racteristicas fisicas desse povo que migrou em
milho, feijo, amendoim, cará, abóbora, gua todos esses povos, cumpre destacar os polone grande escala para o Brasil como também para
ses, que se fixaram principalmente no Paraná. a Africa, onde Portugal
raná, mate, cabaças, varas de flecha etc. Prati mantinha as suas co
cavam a pesca utilizando anzol e linha, arco e Da Ásia, apenas alguns grupos brancos lonias (Angola, Moçambique e Guiné Portu
flecha e o puçá (espécie de rede), além do siste destacaram-se na formação da população bra guesa). Vieram portugueses morenos e louros
ma de barragem e veneno. Faziam cestos e te sileira. Outros, em virtude do pequeno núme ou mesmo ruivos, demonstrando que Portugal Aspecto de uma rua da cidade de Ouro Preta, antiga Vila
celagem, esta com algodão silvestre. Desenvol ro entrado no Brasil, não influíram de forma hào possuía uma homogeneidade étnica c, sim, Rica.

88 89
• os coches, as liteiras e os carros de duas ro • Bahia -foram af introduzidos para servir
das foram meios de transporte introduzidos Os sudaneses são originários da África
no Brasil pelo português; também como mão-de-obra no engenho, na Ocidental, de regiões próximas ao golfo da Gui
cultura do algodão. Da Bahia eles foram le né, que corresponde, na atualidade, às áreas
• a alimentação portuguesa sofreu influências
vados para Sergipe; ocupadas pela Nigéria, Gana, Togo, Daormé,
do que o meio oferecia (substituição do trigo • Maranhão onde a lavoura do algodão ne Costa do Marfim etc.
pela mandioca) e também da alimentação do cessitava de mão-de-obra. Do Maranhão, Os negros pertencentes ao grupo suda
indígenae do negro africano. Até hoje, mui posteriormente foram levados para o Pará; nês foram introduzidos principalmente em
tos produtos conservam a sua característica • Minas Gerais -trazidos do Nordeste, inicial Salvador.
de origem, falando-se ainda em pimenta-do mente, para os trabalhos de exploração do ou Ooutro grupo, o dos bantos, veio em maior
reino, azeite português, farinha-do-reino etc.; ro e, depois, do diamante; mais tarde, eram número. São originários de regiões próximas ao
• no folclore, a contribuição portuguesa foi trazidos diretamente da África; rio Congo, correspondendo, na atualidade, às
grande. Seja nos folguedos, nas festas, nas • Rio de Janeiro utilizados a princípio na áreas de Angola e mesmo da contracosta, ou
lendas e superstições, nas canções, nos jogos, lavoura da cana-de-açúcar; posteriormente, seja, Moçambique.
nas brincadeiras infantis e nas artes (borda com a expanso da cafeicultura, o negro afri Quanto às contribuições do negro africa
do, cerâmica etc). De todas as manifestações cano foi levado para as diversas áreas dessa no na formação da cultura brasileira'", vários
folclóricas, aquelas mais conhecidas pela po cultura: vale do Paraíba, território paulista, aspectos podem ser apontados.
pulação brasileira e que são festejadas tanto Espírito Santo e Minas Gerais. Primeiramente, cumpre destacar que a sua
pela população rural como urbana são: o Na situação ou condição de escravo dificultou ou
tal, o Ano-Novo, o carnaval e as festas juni Habitacão típica da colonizaço estrangeira no Sul do Os grupos negros africanos introduzidos mesmo impossibilitou que mantivessem na ín
nas (Santo Antônio, São João e São Pedro). Brasil. no Brasil e suas contribuições tegra a sua cultura. Tal situação impediu-os,
Historicamente, foram então os portugue culturais também, de utilizar suas técnicas no contato
ses, entre os elementos brancos que participa com o novo meio natural ou social ou mesmo
ram da formação da população brasileira, O NEGRO Baseando-se em elementos culturais de de desenvolver novas técnicas. Eles foram, por
aqueles que mais contribuíram para a forma grupos negros africanos, a exemplo dos ritos tanto, "podados" em suas manifestações cul
ção da cultura brasileira". Entretanto, com o Areas de introdução do negro no Brasil religiosos, dialetos, usos, costumes e caracte turais plenas. Assim sendo, houve um intenso
fluxo imigratório de outros povos para o Bra rísticas físicas, confrontados com os negros do sincretismo ou um processo de transformação
sil, cada um deles trouxe a sua contribuição, seja O negro africano foi introduzido no Bra Brasil, tornou-se possível distinguir dois gran cultural caracterizado pela influência de ele
na alimentação, na agriculturae suas técnicas, des grupos africanos dos quais o negro brasi mentos de outra cultura, com a perda ou alte
sil para servir como mão-de-obra éscrava.
nos meios de transporte, no vestuário, na habi leiro deriva. São os sudaneses e os bantos. ração dos já existentes (transcult uração).
tação etc.
Assim, a introdução do elemento negro no
Brasil obedeceu à evolução da economia brasi
leira. Entretanto, certas atividades econômicas ÁREASDE ORIGEM DO ELEMENTO NEGRO
destacam-se no conjunto comno polarizadoras DO BRASIL E PORTOS DE DESEMBARQUE

da migração forçada do negro para o Brasil. Es


sas atividades foram:
• a agroindústria da cana-de-açúcar, iniciada AFRICA
OCIDENTAL
no século XVI, no Nordeste e no Recôncavo ÁFRICA
AREA DA
COSTA DA GUINÉ
Baiano;
• a lavoura do algodão no Maranhão, nos sé Equador

culos XVIl e XVIII;


Q
São Lurs AREA
DOCONGO
• a mineração, no século XVIIe parte do XVII,
BRASIL Recife
no planalto Central e Minas Gerais; Salvador ORIENTAL
• a cultura cafeeira, no século XIX, no Espíri
ANGOLA
to Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Bio de Janeiro
A imigração forçada do negro africano pa
rao Brasil, processo opressivo, aviltante e vergo
nhoso da história, realizou-se segundo quatro OCEANO ATLANTICO

focos:
-
• Pernambuco onde a economia açucareira
e as atividades domésticas, sobretudo nos en Bantos
genhos, exigiam mão-de-obra numerosa. De Sudaneses
Carroça de quatro rodas, contribuição da imigração po Pernambuco, os africanos se irradiaram pa
lonesa no Brasil. ra Alagoas e Paraíba;
91
90
Outro fato importante a ser destacado é • no vestuário: a grande influência foi o "traje
que os negros trazidos para o Brasil pertenciam de baiana", com turbante, saias rendadas, bra mentos sobre a escravidão no Brasil foram os indios das Américas?, em Ciêncla Hoje, n. 6). Inicial
a diferentes grupos aftricanos e a diferentes áreas celetes, colares etc.: aueimados a mando de Rui Barbosa, provavel mennte, renzavam-se ações com os 'descimentos, em que,
• na agricultura: trouxeram modos de cultivo mente para tentar apagar da história essa insti ou da persuasão, os índios eram trazidos
geográficas e culturais desse continente. Assim através da
ou 'descidos' de seus habitats tradicionais para os aldea
sendo, entre eles havia diferenças culturais acen da Africae desenvolveram o algodão, a erva tuição ou mais precisamente para impedir que mentos mnissionários (que deram origema grande número
O8 donos de escravos exigissem indenizações
tuadas. No Brasil, as culturas negras africanas doce, a pimenta e outros; de vilas e cidades da Amazonia), Ocorriam também as
em 1888.)
(dos grupos que aqui foram introduzidos) re • na mìneração: o uso da bateia (recipiente de após a abolição, 'guerras justas, por represália ou razðes religiosas, decla
A escravidão do negro no Brasil, comno em radas todas as vezes que o indigena se recusava a auxiliar
ceberam ou perderam certos elementos cultu madeira que se usa na lavagem do cascalho portugues na luta contra outros grupos tribais, ou quan
toda a América, revestiu-se de grande brutali
o

rais em vìrtude dos contatos entre si. Eo caso ou da areia para encontrar diamante ou ou do se opunha ao cristianismo, impedindo a pregação do
ro) e muitas outras contribuições de forma dade. Os castigos impostos ao negro, segundo
da sobrevivncia cultural do "traje de baiana", evangelho, ou quando se aliava a povos considerados ini
cronistas da época, ultrapassam a imaginação. migos da Coroa, ou, ainda, quando se recusava a defen
trazido pelos negroOs maometanos (ou haussas); geral. A dureza do trabalho nos canaviais, no enge der a vida e as fazendas dos colonos e se atacasse ou
nitida influència, por sua vez, dos årabes, Ou
nho, nas minas e na cafeicultura e em outras roubasse esse mesmo colono. Havia também a ação das
ainda, a ioruba, considerada amais adiantada O aviltamento do ser humano com a "tropas de resgate, encarregadas de salvar da morte os ín
das culturas negras introduzidas no Brasil, que atividades, como, por exemplo, na guerra do dios capturados por outros indios: os resgatados passavam
escravidão Paraguai, onde o negro foi o soldado de frente
deixou, entre vários elementos culturais, ìnstru então a ser escravos de quem os resgatasse. E havia ainda
de batalha, contribuía parao seu genocídio. as expedições de coleta de 'drogas do sertåo, o cacau, a
mentos de msica como tambores, atabaques Da mesma forma que os indigenas ou at Ao lado de toda essa violentação, no en salsaparrilha, o urucu, o cravo, a canela, o anil, as semen
e outros, tes oleaginosas, as raizes aromáticas, o puxuri (tipo de plan
mais que eles, os negros introduzidos no Brasil tanto, a classe dominante procurou sempre
Sem nos preocuparmos em apontar os ele e na América em geral foram submetidos a bru mascarar as relações branco versus negro, atra ta medicinal) e a baunilha, assim como o trabalho escravo
mentos culturais dos diversos grupos africanos nas obras públicas e nas salgações de peixe. Todas essas
tais condições de existência. vés do mito da democracia racial, afirmando ações dizimadoras foram substituídas pelo avanço das fren
que foram trazidos para o Brasil, podemos ci
Arrancados à força de sua tribo, de sua fa que, no Brasil o homem é livre e que a miscige tes pioneiras e pela ação desenvolvimentista que se desen
tar, de forma geral, as contribuições do negro cadeou na regiäo, principalmente a partir de 1970.
milia e de suas terras pelos traficantes de escra nação éa prova dessa democracia racial.
africano na formação da "cultura brasileira'". vOs, atravessaram o Atlântico nos sujos porões Grande engano. Esse mito tenta obscure
As doenças trazidas pelo branco, particularmente o sa
• na alimentação: vatapå, acaraj, acaçá, co dos navios negreiros como cargas ou mercado cer a realidade. Criam-se para o negro, como
rampo, a gripe, a tuberculose, a febre puerperal e as doen
ças venéreas, sempre contribuíram para o decréscimo das
cada, pde-moleque etc; rias, para satisfazer "necessidades" de seus também para o indígena e certas classes sociais, populaçoes indigenas, e muitas vezes grupos inteiros fo
• nos instrumentos musicais: tambores, ataba compradores. Seriam a força de trabalho para obstáculos à sua ascensão social. O negro en
ram exterminados.
ques, cuica, berimbau, afoxé etc.: O objetivo principal dessa ação colonial, que tem su
a economia açucareira, para a mineração, para contra-se, ainda, engrossando a massa dos des
• nas danças: quilombos, maracatus e aspec a cafeicultura e para muitas outras atividades co possuídos da sociedade brasileira.
jeitado os indigenas da Amazônia desdeo século XVII,
levando muitos grupos à extinção fisica ou cultural, foi sem
tos do bumba-meu-boi; pre a invasão de suas terras eaexploração dos recursos na
• na msica: mandadas pela classe econômica privilegiada.
O tráfico de escravos para a América cons turais...nelas existentes.
• nas manifestações religiosas: candomblé (na Atualmente, com a política desenvolvimentista para
titui uma das páginas mais trágicas da história TEXTO PARA LEITURA E a Amazônia, inaugurada nos anos 60, após a transferên
Bahia), macumba (Rio de Janeiro), xangô (no
do homem. DISCUSSÃO cia da capital federal para Brasília ea abertura da rodovia
Nordeste). Contudo, são prticas resultantes A pretexto de salvar as suas almas, a bula Belém-Brasília, iniciou-se a mais forte investida da ex
de influências ou misturas de outras religiões; Dum Diversas do papa Nicolau V, de 1452, au pansão interna, não só na Região Norte como também no
torizava a escravido. Permitia aos portugue
Esta terra tem dono Centro-Oeste, liderada por grandes grupos empresariais.
Os índios passaran a ter suas terras reduzidas drasticamente
ses, nas suas viagens de descobertas, penetrar por projetos de colonização e criação de gado, empreen
"A palavra índio foi eriada pelo colonizador europeu,
no reino dos sarracenos, dos pagãose de ou que ao chegar ao Novo Mundo, em 1492, pensou estar che dimentos agricolas, de mineração e extração de madeiras.
e al
tros inimigos de Cristo e tomar como escravos gando às Indias. Está sobrecarregada de estereótipos, sig Além disso, suas terras foram cortadas por rodovias
gumas delas ameaçadas de inundaço para permitir a cons
seus prisioneiros. Estes deveriam ser batizados nificando, para muitas pessoas, um ser inferior, exótico,
trução de usinas hidrelétricas.
para terem as suas almas "salvas".O que viria que gosta de roubar, andar sujo, não trabalhar e beber ca
Assim, em nome do "progresso' os indios da região
chaça, carecendo de ser cristianizado ou 'civilizado. Com
depois, segundo a moral da época, isto é, a es base em tais preconceitos, muitas ordens religiosas, mui amazônica (e do Brasil como um todo) estão tendo sua si
cravidão ou a exploração do homem, era de im tuação mais agravada diante do avanço capitalista, que
con
t0s grupos econômicos e muitos particulares justificam suas
ações deculturativas e dizimadoras desde os tempos co tinua a visar à posse da terra e de seus recursos naturais"
portância secundária.
loniais.
Inicia-se, assim, sob o manto protetor da (Adélia Engracia de Oliveira, Esta terra tem dono,
Na Amazônia, particularmente, os indígenas tiveram
Igreja a grande brutalidade e desrespeito para reduzidas de cerca de dois milhões para
Suas populações Ciência Hoje, Rio de Janeiro, SBPC, v. 2, n. 10,
com o ser humano. Milhões de negros foram aproximadamente cem mil indivíduos (ver 'Quantos seriam jan./fev. 1984.)
trazidos. Calcula-se que o seu número atingiu
10milhões, sem considerar os que morriam du
rante a viagem ou eram mortos durante a resis VOCABULRIO
tência por eles oferecida na África. Desse to
O maracatu é um desfile real da tradição afro-brasileira, tal, a maior parte foi introduzida no Brasil, Cristão-novo: recém-convertido ao cristianis Sarraceno: designação comum na Idade Mé
Origina-se das antigas festas de coroação de reis ne cerca de 3,5 milhões ou 35%. (O número corre mo; descendente de pais ou avós converti dia às populações muçulmanas do Oriente,
gros, os reis do Congo. to é difícil de ser calculado, pois muitos docu dos do judaísmo ao cristianismo. da África e da Espanha.
92 93
CAPÍTULO 2
Fazendo um retrospecto do crescimento da
população brasileira no período de 1500 a 1872. CRESCIMENTO
e tendo por baseo gráfic0 ao lado ou a tabela

CRESCIMENTO DA
O
abaixo, podemos concluiro seguinte:
. Foram necessários 372 anos para que a po
DA POPULAÇÃO DO BRASIL
DE 1500A 1872 (estimativas)

pulação do Brasil atingisse a cifra de 9,9 mi milhões milhõe

POPULA4ÇÃO DO BRASIL Ihões de habitantes. 10


cresceu, em média,
•A população do Brasil
266.130 habitantes em cada dez anos. Para fi
car mais compreensível, podemos dizer que 8 8
o crescimento da população do Brasil, entre
7
1500 e 1872, foi, em média, de 26.613 habi
7

tantes por ano. 6


• Do total de 4 milhões de habitantes, em 1808,
a população branca de origem européia ou 5 5

APRESENTAÇÃO cas importantes, como as taxas de natalidade


seus descendentes correspondia aproximada
e mortalidade, a população segundo as faixas 4
mente a um terço. Embora essa população
de idades, segundo as Unidades da Federação
branca fosse pequena, era ela quem domina
3 -3
Neste capítulo, vamos estudar o crescimen e outras mais.
va os meios de produção (terras, engenhos,
to da população do Brasil desde o ano de 1500 Nesse segundo período, a intenção é a de 2 2
minas, edificios etc.) e a sociedade como um
até os dias atuais. destacar o grande crescimento populacional
Para tal estudo, dividimos esse longo espa todo. Por causa desse domínio, não havia mo 1

brasileiro a partir de 1940. Demonstraremos, bilidade social. A sociedade, então, era escra
ço de tempo em dois períodos: aqui, que tal fato constitui um fenômeno em
– vagista, formada de opressores e oprimidos, 1550 1600 1680 1700 1750 1808 1850 1872
de 1500 a 1872 escala mundial e do qual o Brasil faz parte. Tan
19periodo
2° periodo - de 1872 a 1980
Na fixação das datas dos períodos, utili
to o crescimento populacional brasileiro, a par
tir de 1940, como o mundial (principalmente
sendo que estes últimos eram constituídos
e
los escravos negros, indígenas mestiços.
pe

zamos, como critérios, o que se segue. nos chamados paises pobres) decorrem princi
O primeiro período (1500-1872) caracteri palmente da revolução da tecnologia bioquími
za-se pela não-existência de dados oficiais ca dos anos de 1940 e 1950.
quanto ao contingente populacional do Brasil. Assim justificado, podemos iniciar o nos CRESCIMENTO DA POPULACÃO DO BRASIL DE 1500 A 1850 (ESTIMATIVAS)
Assim sendo, baseamo-nos nas estimativas exis so estudo. 1872 19 RECENSEAMENTO
tentes.
Ressaltamos, nesse período, os efeitos da Ano População
economia açucareira, da mineração e ainda da
cafeicultura na dinâmica populacional. Tam O CRESCIMENTO DA 1500 15.000
bém procuramos ressaltar os primeiros movi POPULAÇÃO NO PERÍODO DE
mentos migratórios estrangeiros para o Brasil, 1600 100.000
da primeira metade do século XIX. 1500 A 1872
Osegundo período (1872-1980) é marcado 1660 184.000
por um fluxo migratório estrangeiro considerá Introdução
vel. Tal fato foi uma decorrência de modificações 1.500.000
1750
implantadas a partir de 1870, pelo governo im Em 1872, o Brasil realizou o primeiro re
perial, em relaçãoàassistência ao imigrante e censeamento oficial de sua população. O resul 18082 4.000.000
ao desenvolvimento da cultura cafeeira. tado desse recenseamento foi de 9.930.478
A realização do primeiro recenseamento habitantes. 1850 7.100.000
oficial da população brasileira, em 1872, con Antes dessa data, existiam apenas estima
tribuiu igualmente para tal diviso em perío tivas de valor muito precário. Umas se basea 1872 9.930.478
dos. A partir de 1872, o Brasil passou a realizar vam em observações de viajantes e outras, em
recenseamentos periódicos de sua população. registros paroquiais, isto é, nos registros de bati 22 milhöes de eseravos, 300 mil mestiços,
Não estão incluidos os índios, mas somente
Tal acontecimento passou a permitir uma zados existentes nas diversas paróquias. Portan a população portuguesa. S00 mil indios *integrados'" e 1,2 milhão de
melhor análise do crescimento populacional, to, as fontes de dados eram bastante precárias, brancos.
pois o recenseamento não somente apura o total pois o regime de registro civil obrigatório data
da população mas também outras característi somente de 1889, Fonte: Paul Hugon, Demografia brasileira, 1973.

94 95
O
crescimento da população do Brasil litava que pessoas de recursos limita
dos pudessem a ela se dedicar, ao grande tráfico de escravos e, em posição se rente do conjunto da colonização empreendida
nos séculos XVI, XVIle XVIII até então. A partir do mesmo, deu-se preferën
Era explorado o metal de aluvião de eundária, ao fluxo imigratório de portugueses
e ao crescimento natural da população, isto
é.
cia a grupos familiares, o que constituía uma
Até meados do século XVIl, a economia positado no fundo dos rios. Para tal ex a diferença entre taxa de natalidade
a e morta exceção na história do povoamento do Brasil.
se na
do Brasil baseava produção e no comér ploração, necessitava-se apenas de Além disso, para atrair povoadores, o governo
alguns instrumentos de trabalho e da lidade.
cio do açúcar. passou a oferecer o custo do transporte dos co
essa o pro própria força de trabalho. Não era,
Erao Brasil, até época, primeiro
portanto, uma exploração de minas, O crescimento da população do Brasil lonos e o fornecimento gratuito ou a longo pra
zo de instrumentos agricolas, animais de traba
dutor mundial de açúcar. Abasteciaomerca
como se fazia com a prata no Peru e de 1800 até 1872 (data do primeiro
do europeu, e Portugal obtinha, com isso, no recenseamento do Brasil) Iho, sementes etc.
grandes lucros. Contuda, essa atividade era pra México, a qual exigia um equipa Planejou-se, inicialmente, o povoamento
ticamente privilégio de poucas pessoas. Quem mento de custo vultoso. Os metais dos da porção sul do território, em vista de sua fra
Vários acontecimentos ocorridos na pa
pri
possuísse capital ou financiamento da coroa aluviões dos rios possibilitavam a qual ca concentração populacional e da necessidade
quer pessoa sua exploração. meira metade do século XIX contribuíram
portuguesa poderia dedicar-se ao plantio da rao crescimento da população do Brasil,
nesse de assegurar a posse das terras, pois a Espanha
cana-de-açúcar, à sua industrialização e ao co Essa facilidade de exploração foi um as reivindicava.
mércio do açúcar, pois o engenho exigia vulto motivo de estímulo à emigração por período: Não sendo a porção sul do Brasil adequa
A vinda da família real,
em 1808, eo deslo
SOs capitais, visto que era uma unidade de tuguesa, em larga escala, durante o sé da para a produção de gêneros tropicais, como
culo XVIII. camento da corte portuguesa para o Brasil, a cana-de-açúcar e outros, destinados a abas
produção bastante complexa. que fugia do bloqueio continental realizado
A não ser pela introdução de escravos no Contudo, esse primeiro fato não pode tecer o mercado externo, estabeleceu-se ai, ini
ser dissociado de outro na explicação por Napoleão Bonaparte.
Brasil, durante a economia açucareira, cujo nú por D. cialmente, uma estrutura fundiária de pequenos
do fluxo imigratório para o Brasil nes A organização das forças armadas,
mero atingia cerca de 370 mil até 1650, a imi com a restabelecer a so lotes e com produção destinada a atender as ne
se século. Eo caso da situação econô João, finalidade de cessidades dos colonos. Diferente, portanto, do
gração portuguesa no periodo da economia personalidade internacional da
mica precária da metrópole portuguesa beraniaea que vinha ocorrendo, desde o início da coloni
canavieira foi pequena, pelas razões apontadas, monarquia portuguesa, tão afetadas pela re
in

a
isto é, necessidade de grandes capitais para no final do século XVII e início do zação do Brasil, com a ocupação das terras do
vasão napoleônicae pela necessidade de
o empreendimento. XVIII. a Nordeste, por intermédio da formação de gran
2º) A decadência das exportações açuca solver questões de fronteira, entre elas des propriedades e com produção destinada ao
Com a decadência da economia açucarei questão do Prata (Província Cisplatina). Pa
ra no Brasil, em vitude da intensa concorrên reiras do Brasil, durante a segunda me ra a constituição das forças armadas, o go mercado extern0.
cia dos produtores das Antilhas, principalmen tade do século XVII, levou Portugal a verno de D. João recorreu a tropas recrutadas Foi dentro dessas caracteristicas que se ini
pa
as e
te colônias inglesas, francesas holandesas, entrar em crise econômica.
em Portugal depois da expulsão dos france ciou o povoamento dirigido que contribuiu
a alternativa encontrada por Portugal foi a de A crise, prolongando-se por vários ra o crescimento da população do Brasil. Esse
ses, e a tropas mercenárias alems e irlande
incentivar a descoberta de metais preciosos. anos e entrando pelo século XVIII, es
sas. Procedeu dessa forma em vista de o Brasil povoamento ocorreu da seguinte maneira:
a timulou a emigração de portugueses
Portugal, compreendendo experiência já possuir, na época, uma população predomi • em 1808, veio a primeira corrente de colonos
para a colônia (o Brasil), a qual ofere ou imigrantes portugueses, totalizando cer
adquirida pelos homens do planalto de Pirati nantemente escrava, heterogênea e esparsa
ninga na busca de metais preciosos, passou a cia alguma ou grandes perspectivas de pelo território, sem experiência militar. A ne ca de 1.500 famílias de açorianos, que se es
fornecer-Ihes ajuda técnica. trabalhoe de enriquecimento material, tabeleceram no Rio Grande do Sul;
por meio da atividade mineradora. cessidade da força armada era imediata; as
Nos primeiros decênios do século XVIII, sim, não havia tempo para sua formação por • em 1818, o governo de D. João subvencionou
a descoberta do ouro nas Minas Gerais come
Quanto àintensificação do tráfico de es a fixação de 100 famílias suíças no Rio de Ja
çou a alterar a estrutura da população do Bra meio de treinamento. Fri
cravos para o Brasil, a atividade mineradora
•A política de povoamento, a dificuldade en neiro, que deram origem à cidade de Nova
sil e a sua distribuição pelo espaço. Tanto do exerceu grande influência. a
burgo. Foi primeira colônia de imigrantes
Nordeste brasileiro como do planalto de Pira
contrada na formação das forças armadas e
No século XVI, e até meados de XVII, ti as questões do Prata despertaram no gover nãoportugueses, organizada e subvenciona
tininga, a população emigrou em massa para nham sido trazidos para o Brasil cerca de 370 no a necessidade de elaborar umapolítica de da pelo governo;
a região das minas. mil escravos negros, para servir como mão-de • em 1824, D. Pedro Iprocessou a colonização
povoamento do território. Para tanto elabo em São Leo
Além desse deslocamento interno de po obra, principalmente na economia açucareira. rou um decreto datado de 25 de novembro de alem no Rio Grande do Sul,
pulação, o Brasil conheceu, nesse período, uma Após a descoberta das minas, intensificou poldo, nas mesmas bases da colonização
I808, pelo qual o governo poderia conceder
grande corrente migratória espontânea de por se o tráfico de escravos. Somente no século terras aos estrangeiros: açoriana;
tugueses e a intensificação do tráfico de es XVIII, foram trazidos cerca de Imilhão e 600 • em 1827, seiscentos imigrantes alemães fun
"Hei por bem, que aos estrangeiros residen
cravos. mil para servir como mão-de-obra na ativida tes no Brasil se possam conceder datas de ter daram em Rio Negro, no Paraná, outra colô
Compreende-se a formação desse fluxo de mineradora. Esses escravos foram submeti nia de povoamento;
ras por sesmarias pela mesma forma com que,
imigratório de portugueses para o Brasil a par dos a condições brutais de trabalho e a castigos • em 1828, 140 prussianos estabeleceram-se em
tir de dois fatos: Segundo as minhas reais ordens, se concedam
fisicos que encurtavam as suas vidas. aOs meus vassalos, sem embargo de quaisquer Pernambuco;
Conclui-se, pelo descrito acima, que o cres
leis ou disposições em contrário"
• em 1829, em Santo Amaro (hoje localidade
19) A não-necessidade de grandes capitais
para a atividade mineradora possibi cimento da população do Brasil, nos séculos Odecreto citado possibilitou que fosse ado integrada à cidade de São Paulo), foi forma
XVI, XVIle XVIII, deveu-se principalmente da outra colônia de alemes;
tado um sistema de colonização original, dite
96 97
Entre outras coisas, que analisaremos no
NÚMERO DE NEGROS ENTRADOS capítulo referente à agricultura no Brasil, a Lei
NO BRASIL AREA OcUPADA PELA CAFEICULTURA NA PROVINGIA de Terras destinava o produto das vendas de ter
eAO PAULO E RESPECTIVA PARTICIPAÇAo NA PRoDuCAO
ras de domínio público (patrimônio da Nação)
século XVI 20.000 à importação de colonos, ou seja, de trabalha
século XVII 550.000 dores para a grande lavoura.
Utilizando, portanto, o dinheiro obtido
século XVIII 1.610.000 com a venda de terras públicas, a partir de 1850
iniciou-se um considerável fluxo imigratório pa
século XIX (de rao Brasil, para suprir de mão-de-obra a gran
1801 a 1852)
1.352.000
sITUAÇAO EM 1836 de lavoura.
total 3.532.000 Entre 1850 e 1870 entraramn no Brasil cerca
88%
de 218.000 imigrantes, que contribuíram para
Fonte: Julio José Chiavenato, Onegro no Brasil; da sen 12% o aumento da população do Brasil.
zala à guerra do Paraguai, 1980. Em 1852, um grande plantador de café, o
senador Vergueiro, resolveu contratar, direta
Aspecto das habitacões da colonizacão italiana em Ca A população negra representava em 1872 mente, trabalhadores na Europa, visando, com
xias do Sul (Rio Grande do Sul). cerca de 31%0 da população total do Brasil. A SITUAÇAO EM 1854 isso, complementar a mão-de-obra servil de que
• em 1829, 146 familias de alemães fundaram sua participação havia diminuído, pois em 1800 dispunha. O governo financiouo transporte e,
a colônia de São Pedro de Alcântara, em San correspondia a cerca de 500. Isso ocorreu em assim, o senador Vergueiro transferiu para a sua
ta Catarina. virtude do processo de miscigenação e da en fazenda, em Limeira (Estado de São Paulo), oi
Contudo, muitas das colônias fundadas trada de imigrantes, na primeira metade do sé tenta famílias de camponeses alemes.
apresentaram, posteriormente, uma vida eco culo XIX, além da maior taxa de mortalidade O exemplo foi seguido por outros planta
nômica extremamente precária, principalmente desse grupo. dores de café, sendo que, até 1859, mais de seis
as do sul do Brasil. O
tráfico de escravos somente diminuiria mil pessoas tinham-se transferido para São
Não havendo mercado para os excedentes após a Lei Eusébio de Queirós, em 1850, a qual Paulo. Eram principalmente alemães e suíços.
de produção em virtude da falta de assistência proibiu a sua existência. Essa lei foi o resulta
14%
O imigrante e sua família ficavam, contu
por parte do governo imperial do Brasil, as co do das pressões que a Inglaterra exercia sobre
6% do, obrigados a pagaro financiamento da via
lônias regrediram para uma economia de sub o governo brasileiro, para acabar com a escra 2% gem como seu trabalho no cafezal, assinando
sistência. um contrato pelo qual não podiam abandonar
vidão e tornar a sociedade brasileira da época
Viajantes europeus que conheceram as co uma sociedade assalariada, fato que interessa a fazenda antes de pagar a dívida.
lônias se surpreenderam com a forma de vida va ao capitalismo inglês, desejoso de aumen Esse esquema, que perdurou até 1870, de
primitiva dos colonos. Voltando à Europa, es tar as suas vendas ao Brasil. SITUAÇÃO EM 1886
sestimulou a imigração para o Brasil e possibi
ses viajantes contavam o que tinham visto nas
Quando ocorreu a proibição do tráfico de litouo aparecimento de uma forma de servidão
colônias do sul do Brasil. Com isso, não demo escravos, pela Lei Eusébio de Queirós, a cafei temporária da qual o fazendeiro tirava proveito.
rou muito para que se formasse na Europa um cultura já apresentava uma grande expanso. Não tardou para que reações tanto inter
movimento de opinião contrária àemigração Apesar de o café ter sido introduzido no nas como externas surgissem contra essa situa
para o império escravista da América. Em 1859 Brasil no ano de 1727, foi somente a partir do sé ção. Como reação interna, podemos citar a
proibiu-se a emigração alemã para o Brasil. culo XIX que ocorreu a grande multiplicação revolta dos colonos em Limeira no ano de 1857.
Vê-se, assim, que a política de povoamen de cafeeiros e de fazendas produtoras, tendo co 25% e mais Externamente, em 1867, um observador alemão
to do Brasil, realizada na primeira metade do mo centro irradiador o Rio de Janeiro. Daí a apresentou à Sociedade Internacional de Emi
gração de Berlim um relatório onde acusava que
16-25
século XIX e início da segunda, não foi um cafeicultura expandiu-se parao Espírito San
sucesso. to, Minas Gerais e principalmente em direção
4%
as pessoas emigradas para as fazendas de café
Além dos fatos já mencionados, a expansão à província de São Paulo.
19%
do Brasil viviam sob a forma de escravidão.
da cafeicultura eo tráfico de escravos também Entretanto, a expansão da cafeicultura Enquanto, de 1850 a 1860, entraram no
contribuíram para o crescimento da população coincidia com a promulgação da Lei Eusébio Fonte: Sérgio Milliet, Roteiro do café, 1946. Brasil 121.717 imigrantes, no período de 1861
do Brasil no período que estamos estudando a 1870 entraram 97.571. Houve uma redução
de Queirós, o que contrariava os interesses dos
(1800 a 1872). grandes fazendeiros, desejosos de utilizarem a lneficiente para os plantadores de café, estes de de 20%.
O tráfico de escravos para o Brasilconti mão-de-obra escrava em suas lavouras. Assim, cidem agir diretamente sobre o problema. Note que, em 1886, a marcha do café já ti
nuou intenso na primeira metade do século diante da proibiço do tráfico de escravos, da Os grandes proprietários de terras que nha alcançado grande parte do Estado de São
XIX. De 1801 a 1852 foram forçados a entrar escassez de mão-de-obra para a grande lavoura constituíam a classe dominante, principalmente Paulo e ainda atingidoe a fronteira de Mato
no Brasil, para servir como mão-de-obra escra e,de uma política de povoamento ou coloniza OS grandes fazendeiros
de café, conseguem, emn Grosso do Sul, Paraná noroeste do Estado de
va, cerca de 1.350.000 negros. ção realizada até então pelo governo imperial, t6s0, a promulgação da Lei de Terras. São Paulo.
98 99
café já representava quase 50% das
O ex Essas medidas, ao lado de problemas po
no 1850 a 1870. líticos em alguns países europeus e do desen CRESCIMENTO DA POPULAÇAO BRASILEIRA CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL
portações brasileiras período de SEGUNDO OS RECENSEAMENTOS
A imigração somente encontraria maior
es
volvimento da cafeicultura, cstimularam a
tímulo a partir de 1870. Foi nesse ano que o go imigração para o Brasil a partir da década de milhões de
habitantes o
bilhöes de habitantes
125
verno imperial adotou certas medidas, passando 1870, conforme estudaremos posteriormente.
a se encarregar dos gastos do transporte dos Concluindo este tópico, percebe-se, então,
imigrantes que se dirigiam para a lavoura cafeei que o crescimento populacional do Brasil no
ra. Ao fazendeiro cabia a responsabilidade de período de 1800 a 1872 é explicado pelo tráfico 6

cobrir as despesas do imigrante durante o seu de escravos, que continuou intenso até 1850, pe 100

primeiro ano de trabalho. Além disso, o fazen la contribuição da imigração, pelo crescimento
deiro devia fornecer uma parcela de terra para natural da população e ainda pela "integração" 4
que o imigrante cultivasse produtos de primei de indígenas àsociedade brasileira da época,
ra necessidade para o sustento de sua família. conforme a tabela que se segue. 75

2
POPULAÇÃO DO BRASIL EM 1872
50

brancos mulatos indios total de livres escravoS negros total 850 1900

3.787.289 4.254.428 386.955 8.419.672 1.510.806 9.930.478


31,00 42,8T0 3,9% 84,80 15,270 100% 25 Analisando os dados anteriores, observa
se que:
• foram necessários milênios para que a popu
Fonte: Julio José Chiavenato, O negro no Brasil; da senzala à guerra do Paraguai, 1980.
lação do mundo atingisse a cifra de 1,6 bilhão
0 de habitantes, pois já faz muito tempo que
o Homo sapiens surgiu;
O CRESCIMENTO DA lo, o Brasil realizou nove recenseamentos ofi de 1900 a 1950, a população mundial cresceu
ciais de sua população. Brasil passou a apresentar uma maior acelera em 800 milhões de habitantes em números ab
POPULAÇÃO DO BRASIL ção demográfica, isto é, um maior crescimento.
Verifica-se, pelos dados anteriores, que foi solutos; isso corresponde a um crescimento
DE 1872 A 1980 a partir da década de 1940 que a população do Seria esse um fenômeno somente brasileiro? de 50% no espaço de 50 anos;
Sabemos que não, pois, analisando o cres de 1950 até 1970, a populaço mundial
cres

O crescimento da população brasileira cimento da população mundial, perceberemos ceu em 1,2 bilhão de habitantes, o que cor
que a aceleração demográfica no mundo (ou
por meio dos recenseamentos e o RECENSEAMENTO DA responde a 50% em apenas 20 anos;
a explosão demográfica mundial, como dizem
crescimento da população mundial POPULAÇÃO BRASILEIRA • de 1950 até o ano 2000, a população passará
os demógrafos) começou a ocorrer a partir, de 2,4 bilhões para mais de 6,5 bilhões, segun
também, da década de 1940 ou da segunda me do previsões da ONU; isso representaráum
Atéo ano de 1871, os estudos referentes ao Ano População
total da população brasileira eram baseados em tade do século em que estamos vivendo. crescimento sem precedentes na História,
estimativas. Recorria-se, normalmente, aos re 1872 9.930.478
pois em apenas 50 anos a população do
mun
gistros paroquiais, procedendo-se ao levanta 14.333.915 do quase triplicará.
1890 CRESCIMENTO DA
mento do número de pessoas batizadas. Era, POPULAÇÃO MUNDIAL Percebe-se, pelas observações anteriores,
então, com base nesses registros que se realiza 1900 17.438.434 que estamos vivendo um momento de verda
va o levantamento do contingente populacio deira explosão demográfica'", jamais existen
1920 30.635.605 Ano População
nal existente no Brasil. Percebe-se que eram te na história do homem.
estimativas precárias, pois nem todas as pessoas 1940 41.236.315 1850 1
bilhão Conclui-se, então, que o crescimento ace
eram batizadas. 51.944.397 1900 1,6 bilhão lerado da população brasileira, a partir de 1940
Nesse mesmo ano de 1871, o Brasil organi 1950 e prolongando-se até os dias atuais, faz parte
zou a sua Repartição de Estatística, 1960 70.119.071 1950 2,4 bilhões do comportamento demográfico mundial.
órgão este
especializado em levantamentos estatísticos,
93.139.037 3,6 bilhões Desse modo, vamos estudar as causas do
1970
preparado para que se realizasse o primeiro re 1970
crescimento populacional brasileiro por meio
censeamento oficial da população brasileira no e
dos recenseamentos (1872 a 1980) dentro
des
1980 119.070.865 2000* + de 6,5 bilhões
ano de 1872. se período as causas do maior crescimento po
De 1872 até 1980, pouco mais de um sécu Estimativa da ONU. pulacional a partir de 1940.
Fonte: Anuário Estatistico do Brasil, 1982, IBGE.
100 101
CLASSIFICAÇAO DOs PAÍSES SEGUNDO A TAXA DE NATALIDADE
Causas do crescimento populacional ferença entre a taxa de natalidade e a taxa de
do Brasil mortalidade de uma populaço num certo es
paço de tempo.
Podem-se distinguir, fundamentalmente, Observando a tabela que se segue, pode
duas causas: o crescimento natural da popula mos verificar, por meio dos recenseamentos, o
ção do Brasil e a contribuição da imigração no comportamento das taxas de natalidade e mor
crescimento populacional brasileiro. talidade e portanto, do crescimento vegetati
vO através dos anos.
1. O CRESCIMENTO NATURAL DA PO a) As taxas de natalidade do Brasil (casamen
PULAÇÃO (TAXAS DE NATALIDADE E tos em faixas de idade precoce, custo de cria
MORTALIDADE) ção e progressos da Medicina)
Já sabemos que crescimento natural da Durante quase 100 anos (de 1872 a 1960).
população ou crescimento vegetativo é a di a taxa de natalidade se manteve em níveis ele

Taxa de natalidade
BRASIL-TAXAS DE NATALIDADE E MORTALIDADE inferior a 20%
POR 1.000 HABITANTES entre 20 e 30ee
Superior a 30%e
Periodos Natalidade Mortalidade Crescimnento vegetativo
Buscando uma explicação para essa rela lo período de existiráa possibilida
35 anos,
1872-1890 46,5 30,2 16,3 de de fecundação e, portanto, de procriação.
ção, podemos encontrá-la numa conjugação de
1891-1900 46,0 27,8 18,2
fatores: maior período de fertilidade
1901-1920
1921-1940
1941-1950
45,0
44.0
26,4
25,3
18,6
18,7 Casamento em faixas de idade precoce
Corresponde aos casamentos ou mesmo
- menor período de fertilidade
43,5 19,7 23,8
1951-1960 44,0 15,0 29,0 uniões livres que as pessoas realizam em ida
1961-1970 de jovem. 14 anos 28 anos 49 anoS
37,7 9,4 28,3
34,0 Tal fato se verifica em grande percentagem
1971-1980 8,0 26,0 nos países subdesenvolvidos. Assim, a pos Os casamentos ou uniões livres, verificando-se
em idades mais velhas, implicam uma dimi
Fonte: Anuário Estatistico do Brasil, 1982, IBGE; e Alceu Vicente W. de Carvalho, A população brasileira; estudo sibilidade de procriação maior em vista de
é
e interpretação, IBGE, 1960. o período de fertilidade também ser maior. nuição do período de fertilidade. Teoricamen
te, implica menor possibilidade de procriação.
Esse fato gera nos países subdesenvolvidos
uma maior taxa de fecundidade. • Custo de criação do indivíduo Todos nós
vados. No período de 1872 a 1890, era de 46,5o0 Observe que os países com taxas de natali
custamos um certo valor monetário para os
e, no período de 1951 a 1960, 44,0o0. dade inferiores a 20%o são aqueles que conse nossos pais e para a sociedade ou mnesmo pa
A taxa de natalidade somente começou a guiram, através da história, um grande desen ra o país em que vivemos. Isso se verifica até
Taxa de fecundidade é a relação entre o
apresentar uma diminuição mais significativa volvimento sociale econômico. a nossa idade adulta ou até o momento em
no período entre 1961 e 1970, caindo para Os paises com taxas entre 20 e 30o0 cons
número de crianças com menos de 5 anos
de idade eo número de mulheres em ida que não entramos na atividade produtiva.
37,7o0 e apresentando, assim, uma diminuj tituem uma minoria. Éo caso de Israel, Argen O valor monetário necessário para a nossa
de reprodutiva (14 a49 anos; 15 a 44 anos
ção de 8,8oo ou 0,88To em relação ao primei tina, Uruguai, Portugal e Espanha.
ro censo. Já no último período declinou para ou 20 a 44 anos). formação recebe o nome de custo de criação.
A maior parte dos países do mundo enqua Nas famílias de menor renda, a criança, des
3400. dra-se na terceira classificação, isto é, com ta de pequena idade, já participa do
processo
A manutenção dessas altas taxas de nata xas de natalidade superiores a 30oo. São países
Para ficar mais clara a influência dos casa produtivo, isto é, já trabalha, representando
lidade é responsável pelo grande crescimento subdesenvolvidos. Eo Brasil, com sua taxa de para os pais uma força de trabalho aprovei
mentos ou uniões livres em idade precoce nas
demográfico do Brasil. natalidade a 34,000, encontra-se nesse tercei tável e utilizada na manutenção da casa. Por
Para avaliarmos o significado das taxas de taxas de natalidade e, conseqüentemente, no
ro grup0. tanto, as crianças, nas famílias de menor
natalidade do Brasil, precisamos comparar com crescimento populacional, vamos considerar
Conclui-se, com essa classificação, que O seguinte: admitindo-se que o período de renda, apresentam um baixo custo de criação
as de outros países. -existe uma relação entre a taxa de natalidade fer
tilidade do ser humano esteja compreendido para os pais.
Pode-se classificar os países segundo a sua eonível de desenvolvimento de um país. Em
taxa de natalidade em: países com taxas infe entre as idades de 14 a 49 anos, ocorrendo um Assim sendo, e em decorrência evidentemente
outras palavras, o país desenvolvido apresenta do padro educacional e cultural, se verifica
riores a 20 %0,paises com taxas de natalidade uma pequena taxa de natalidade e os subdesen casamento ou união livre na idade de 14 anos,
o período de fertilidade compreenderá 35 nessas famílias uma grande prole, isto é um
entre 20 e 30o0 e finalmente aqueles com ta
xas superiores a 30%o.
volvidos, alta taxa de natalidade. anos (49 - 14 = 35 anos). Sendo assim, pe grande número de filhos.

102 103
Considerando que grande parcela da popu para 9,4o0 em 1970 e, no último censo, em
2.A CONTRIBUIÇAO DA IMIGRACÃO No final do século XIX, o total de imigran
lação dos paises subdesenvolvidos se encon 1980, declinou para 800.
se, então, que NO CRESCIMENTO POPULACIONAL tes que entravam nos E.U.A., por ano, atin
tra ainda em situação educacional e cultural foi a partir de 1940 que
baixa, observa-se nesses países a grande pro a taxaVde mortalidade no Brasil começoua apre
BRASILEIRO gia a cifra de 1 milhão. No século XX, a
sentar uma redução significativa. Isso é explica imigração continuou intensa em vista das
le por família. Comparado com outros países arnericanos, perspectivas da economia norte-americana.
• do pelo grande sucesso da revolução da tecno
Progressos da Medicina e melhoria das con Brasil aparece em quarto lugar em número
o
A imigração sofreria declínio a partir de 1924,
logia bioquímica, iniciada por Sir Alexander
dições sanitárias e de higiene -A manuten de imigrantes recebidos. quando foi estabelecida a Lei de Cotas da Imi
Fleming, durante a Segunda Guerra Mundial.
ção de altas taxas de natalidade ou mesmoa A descoberta da penicilina, feita por Fleming, gração.
elevação da mesma em muitos paises pode
abriu novas perspectivas para a Medicina no ENTRADA DE IMIGRANTES
também ser explicada por meio dos progres campo da terapêutica. A Lei de Cotas de 1924, dos E.U.A., tinha
sos da Medicina. O aparecimento de medi (1800-1955)
A partir desse importante passo dado por na realidade um conteúdo político e ideo
camentos eficazes contra inúmeras doenças, esse cientista inglês, a bioquímica
as melhorias sanitárias ou mesmo a orienta fe novas País Número de imigrantes lógico racista, pois através dela procurou
se "proteger" ou "salvaguardar" a civili
ção médica através do serviço pré-natal cons aquisições. Surgiram novos medicamentos,
principalmente os antibióticos e quimioterápi E.U.A. 40.000.000 zação anglo-saxônia da presença de ra
tituem fatores que, ao lado de outros, ajudam cos, que, uma vez utilizados, passaram a redu ças inferiores" que para lá se dirigiam
a explicar as altas taxas de natalidade. Argentina 7.000.000
zir sistematicamente os óbitos. 5.200.000 após a Primeira Guerra Mundial. De iní
Muitos casos de esterilidade causados por Eesse o
Canadá
cio, essa lei restringiu para 360.000 o nú
processos infecciosos foram debelados com principal fator da reduço da taxa Brasil 4.300.000*
de mortalidade, não somente no Brasil, mas em mero de imigrantes que poderiam entrar,
a utilização de antibióticos. Contudo, ape
sar dos progressos da Medicina, as altas taxas todo o mundo a partir de 1940. a
cada ano, nos E.U.A. Posteriormente, foi
Descontada reemigração.
diminuído para 157.000, mas a essência
*

de natalidade refletem, na realidade, o baixo Contudo, a redução da taxa de mortalida


Fonte: Paul Hugon, Demografia brasileira, 1973, p. 102. da lei, que era eliminar ou diminuir gru
de do Brasil, em níveis significativos, não foi
nível sócio-econômico de uma populaço. pos indesejáveis como os mediterrâneos
acompanhada de uma redução da taxa de na A imigração para os Estados Unidos
talidade na mesma proporção. A redução da ta (portugueses, espanhóis, italianos, gregos
b) As taxas de mortalidade xa de natalid ade no período de 1941 a l1950 foi Como se percebe pelos dados da tabela, os eturcos), os judeus e os eslavos, foi man
insignificante, diminuindo apenas com 0,5 %0 Estados Unidos destacam-se como o país ame tida. As maiores cotas eram reservadas
Observando o gráfico da taxa de mortali ricano que ma's recebeu imigrantes. Vários fa aos britânicos, alemães e irlandeses.
em relação ao período anterior (1921-1940). To
dade do Brasil, por meio dos censos, conclui tos explicam esse grande fluxo imigratório para (Melhem Adas, Geografia da
se que ela apresentou um considerável declínio davia, o declínio da taxa de mortalidade foi
acentuado, sendo de 5,600 no período de 1941
os Estados Unidos no período considerado América, p. 168.)
a partir de 1941. (1800-1955):
a 1950, em relação ao período
Enquanto no periodo de 1921l a 1940 a ta de 1921 e 1940. • A promulgação do
xa de mortalidade era de 25,3 o0 , no período Observe que na tabela das taxas de natali Homestead Act (Ato da A imigração para a Argentina
dade e mortalidade (p. 102) houve período, co Propriedade Rural) em 1862, que dava l160
seguinte (1941-1950) essa taxa declinou para acres de terra arável, no oeste do território dos Quanto à Argentina, o fluxo imigratório pa
19,7o0, para depois baixar para 15oo em 1960, moode 1951 a 1960, em queaoa taxa de natalidade E.U.A., a quem a cultivasse pelo menos por ra esse pais somente intensificou-se após 1880,
aumentou. Esse aumento, lado da diminui
cinco anos. Diante da situação européia des quando o governo de Júlio A. Roca (1880-1886)
ção da taxa de mortalidade no mesmo perío
TAXAS DE NATALIDADE favorável, como, por exemplo, o desempre abriu o país ao capital estrangeiro, principal
E MORTALIDADE DO BRASIL do, possibilitou um maior crescimento da go, crise na agricultura, o Ato da Propriedade mente inglês, e firmou a posição da Argentina
por oe população brasileira.
50 Rural atraiu milhares de imigrantes. na área de influência inglesa. E nesse periodo
natalidade
Somente nos períodos de 1961-70 e 1971-80 • A construção de ferrovias transcontinentais, que a Argentina estimula a imigração européia
éque se verificou uma redução significativa da por meio de propaganda na Itália e Espanha,
taxa de natalidade. Entretanto, também ocor ligando o Atlântico ao Pacifico, a partir de
40 reu uma acentuada queda da mortalidade. Des 1869, que facilitou a penetração do imigrante. assegurando paz e trabalho para o imigrante.
se modo, o crescimento da população brasileira O grande desenvolvimento industrial dos Em 1869, cerca de 12% da população ar
EU.A. (em 1895, os EU.A. já detinham a lide gentina era constituida por estrangeiros que re
Crescimento (crescimento vegetativo) manteve-se, ainda, em rança na produção industrial mundial, supe sidiam no pais. Em 1895 atingia 25o em 1914,
e,
vegetativo 34o
30 níveis elevados: 28,3Voo e 26o0, respectivamen 30%.
nortalidade te, nos períodos citados. rando a produção da França e da Alemanha
em conjunto) acelerou o crescimento das ci Vê-se, então, que antes de 1880, a Argenti
Podemos concluir esse tópico dizendo que na não constituía uma área de atração popula
o grande crescimento demográfico brasileiro se dades desse país. Estas, por sua vez, amplia pou
20 Tam o setor de serviços (comércio, bancos, cional como outras áreas da América, pois
manifestou principalmente a partir da década co oferecia aos interesses mercantis da metr
abastecimento de água, transportes, coleta de
de 1940, sendo resultado do grande crescimento
lIxo, escolas, hospitais etc.) para atender ao pole. Para se ter idéia, à época de sua indepen
vegetativo ou natural da população brasileira, dência (1816) possuía apenas 500 mil habitantes.
10 grande crescimento populacional. Como con
Foi, portanto, a imigração após 1880 que
decorrente, notadamente, da queda acentuada con
8% da mortalidade e da manutenção da taxa de na Seqüência, o mercado de trabalho ampliou
1920 1940 1950 1960 1970 1980 Se consideravelmente, atraindo o imigrante. tribuiu para o seu crescimento populacional.
1890 1900 talidade em altos níveis.
105
104
A imigração para o Canadá brasileiro (alemães, suíços, açorianos) esti
mulados pelo governo de D. João epelos que No conjunto, percebe-se que a 2: fase (1850
Em relação ao Canadá, o fluxo imigrató a ele se seguiram. Entretanto, o volume de 1930)apresentou fatores favoráveis à imigra
posteriormente reiterada pela Consti
rio para esse país somente se intensificou de tuição de 1937. A quota era de 2 %, isto
imigrantes entrados no Brasil, nesse periodo. cão parao Brasil que superaram os desfavo em cada ano não poderiam entrar no
é,
pois que se esgotaram as terras oferecidas pelos ráveis. Os desfavoráveis forarn de curta dura
E.U.A. aos imigrantes europeus, por meio do foi pequeno. Brasil mais de 2% sobre o total de entra
Homestead Act (1862). A partir daí, imigran •29 fase (de 1850 a 1930) -Como fatores que cãoe, portanto, pouco influíram nos fluxos das para cada nacionalidade, nos últi
impulsionaram a imigração parao Brasil en. migratórios. O gráfico a seguir fornece uma mos 50 anos, com exceção
tes europeus dirigem-se para o Canadá. Além clara visualização desses acontecimentos. dos portu
desse fato, cumpre ressaltar como fatores que tre 1850 e 1930, podemos citar: gueses.
estimularam a imigração para o Canadá: a cons A proibição do tráfico de escravos pela
.34 fase (de 1930 até os dias atuais)
nio da imigração -A terceira fase da imi
-o
decl( Procurando compreender essa atitude
do governo de Getúlio Vargas, sob o as
trução da ferrovia transcontinental em 1885, Lei Eusébio de Queirós (1850). øracão para o Brasil foi marcada por uma pecto político, Jacques Lambert, um s0
que facilitou o povoamento em direção ao oes A atitude do governo imperial (até 1889) série de acontecimentos que a desestimula ciólogo francês que estudou o Brasil,
te canadense e a valorização do trigo no mer de custear os gastos de transporte do ram. O volume da imigração para o Brasil aponta o seguinte:
cado mundial, no final do século XIX, que imigrante. após 1930 sofreu uma redução acentuada. "A legislação brasileira de 1934 inspi
atraiu imigrantes para a sua lavoura em virtu O desenvolvimento da cafeicultura, Em alguns períodos, como o da Segunda rava-se no mesmo princípio preser
de da expansão da área plantada com esse principalmente no Estado de São Pau de
Guerra Mundial, a redução foi muito gran vação da composição étnica da popula
cereal. lo, exigindo numerosa mão-de-obra. de, situando-se em níveis só encontrados na ção que o triunfo provisório do mito
A imigração para o Brasil A iniciativa do fazendeiro de café de se primeira metade do século XIX. nórdico eo receio das raças inferiores
responsabilizar por cobrir as despesas A imigração para o Brasil apresentou uma pe levaram os Estados Unidos a adotar. "*
Quanto ao Brasil, este se coloca em quar do imigrante durante o primeiro ano de quena elevação entre 1949 e 1953 (sem con
to lugar, na América, em quantidade de imi Em 1938 foi estabele cido que 80o dos
grantes recebidos ou entrados.
trabalho. Tambémo fato deo fazendei tudo ser significativa), para depois declinar imigrantes deveriam ser constituídos
ro fornecer uma parcela de terra para até os dias atuais. por agricultores.
Os maiores fluxos imigratórios datam do
final do século XIX e início do XX.
Até 1888 (Lei Aurea) a exištên ciada escra
que o imigrante cultivasse produtos de
primeira necessidade para o sustento de
E, portanto, uma fase, quando comparada à
primeira, de pequena expressão.
- Seleção doutrinária.
-A Segunda Guerra Mundial.
sua família. Vários acontecimentos foram responsáveis
vidão no Brasil repelia a imigração, pois oimi A abolição da escravatura em 1888. pelo declínio da imigração:
-Atasmelhoria do padrão de vida de mui
grante temia ser tratado da mesma forma como populações da Europa.
era tratado o escravo. A unificação política da Itália, isto é, A Revolução de 1930 no Brasil estabe
a integração do reino das duas Sicílias,
Para facilitar a compreensão, podemos di ao sul, ao resto da Itália. Em conse leceu medidas restritivas à imigração,
vidir os movimentos imigratórios para o Brasil chegando mesmo a proibi-la em 1932.
qüência, as indústrias manufatureiras A Constituição de 1934 estabeleceu
após 1800 em três fases: Jacques Lambert, Os dois Brasis, São Paulo, Ed. Nacio
1: fase -- de 1800 a 1850;
2: fase de 1850 a 1930,
do sul, diante da concorrência das do
norte, se desorganizaram. Havendo de
semprego tanto no setor industrial co
uma quota de entrada de imigrantes, nal, 1970.

32 fase-de 1930 até os dias atuais. mo agrícola, seguido de intranqüilidade


Essa divisão não só decorre da necessida social, a emigração surgiu como uma al
de didática, mas também do fato de que ressal ternativa. O fluxo de imigrantes italia
nos parao Brasil, de 1878 até o final do
ta certos acontecimentos que individualizaram IMIGRANTES ENTRADOS NO BRASIL (1808-1978)
essas fases. Basta observarmos o século, foi significativo. Segundo a na
gráfico da en
trada dos imigrantes no Brasil (p. 107) para per cionalidade, foi o imigrante italiano o 220
MILHARES

cebermos que essas fases se diferenciam quanto que mais entrou no Brasil nesse período. 200
ao volume de imigrantes. Contudo, essa 2: fase conheceu fatores que
180

• 19fase (de 1800 a 1850)-Já estudamos ante frearam o fluxo migratório para o Brasil. São
160

140
riormente que nesse periodoo fluxo imigrató eles:
120
rio parao Brasil foi pequeno em compara A PrimeiraGuerra Mundial. Durante 100
ção com a fase seguinte.
A existência da escravidão nesse periodo re
cinco anos, a quantidade de imigrantes 80

para o Brasil apresentou uma conside 60


pelia a imigração, além do que a classe do rável redução. 40
minante estimulava o tráfico de escravos para A crise da economia mundial, tendo co 20
suprir a lavoura de mão-de-obra gratuita. mo ponto de partida a Quebra na Bol
Como já vimos, ocorreu nesse período a for sa de Nova York em 1929,
mação de alguns núcleos de povoamento es
A existência da escravidão, que repeliu
trangeiro em pontos esparSOs do território
aimigração durante um grande periodo.
106
107
A mudança do fluxo imigratório euro terem-se fixado no pais 4,3 milhões, descon. PARTICIPAÇÃO DA
A
Percebe-se, pelos dados da tabela, que a
peu, que, após a Segunda Guerra, dei tada a reemigração, a participação dos imi. POPULAÇAO BRASILEIRA NO participação da população brasileira no con
XOu de ser intercontinental para tor grantes em nosso crescimento populacional CONJUNTO DA POPULACÃO junto da população mundial tem crescido. De
nar-se intracontinental, isto é dentro da foi significativa. Entretanto, se essa partici MUNDIAL E NO CONTINENTE 1% no início do século, deverá ser
de 3% ou
Europa. pação for comparada com a participação da 3,3o no ano 2000. Isso decorre do grande cres
imigração no crescimento da população dos
AMERICANO cimento da população brasileira, isto do gran
Uma vez explicados os fatores anteriores, po é
demos concluir que, apesar de o Brasil ter re Estados Unidos, apresentará uma menor ex de crescimento vegetativo ou natural da popula
pressão, conforme mostra a tabela abaixo. Diante do grande crescimento da popula ção e do pequeno crescimento populacional
cebido 5,4 milhões de imigrantes e somente cão brasileira, principalmente após a década de América do Norte, da Europa de maneira ge
da
40, a sua participação no conjunto da popu ral, da U.R.S.S. e do Japão.
lacão mundial tem crescido de forma signifi Assim sendo, e considerando que o Brasil
RELAÇÃO ENTRE A POPULAÇÃO DOS E.U.A. E DO BRASIL E
NUMERO DE IMIGRANTES cativa. Para tanto, observe a tabela que se segue. já possui um grande contingente populacional,
Ofo
dos
População imigrantes sobre
Pais (1980) N° de imigrantes o total da
população
EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA NO
E.U.A. 215.000.000 40.000.000 18,60 CONJUNTO DA POPULAÇÃO MÜNDIAL
Brasil 119.070.865 4.300.000 3,6%
População População Participação da população do Brasil
Ano no conjunto da população mundial
brasileira mundial (bilhões)
Mesmo sem considerar os descendentes de A partir de 1940, a participação da imigra
imigrantes, mas somente os que se fixaram ção tornou-se inexpressiva no crescimento 1900 9.930.478 1,6 1,0%
no Brasil, a participação dos mesmos no cres populacional brasileiro.
cimento demográfico brasileiro não pode ser 1950 51.944.397 2,4 2,17%
desprezada até pelo menos o ano de 1940. Em virtude do reduzido fluxo imigratório pa
Houve um periodo em que a contribuição da rao Brasil, nos últimos anos, o crescimento 1970 93.139.037 3,6 2,60
imigraço no crescimento populacional bra atual da população brasileira resulta, princi
sileiro atingiu grande importância. Eo caso palmente, do crescimento natural da popu 1980 119.070.865 4,4 2,7%
de 1890 a 1900, quando a sua participação lação, ou seja, da diferença entre as taxas de
chegou a ser de 41%. natalidade e as de mortalidade. 201.161.900! 3,0%
2000 + de 6,6
222.112.2472 3,30

PARTICIPAÇÃO DO SALDO IMIGRAÇÃO/EMIGRAÇÃO NO Estimativa inferior do IBGE.


CRESCIMENTO POPULACIONAL BRASILEIRO Estimativa superior do IBGE.
Fonte: Anuario Estatistico do Brasil, 1979 e 1982; e dados da ONU.
Crescimento absoluto Participação percentual
Saldo
Período da pop., descontado o imigraço/ do saldo imigraço/
saldo imigração/
emigraço emigração no crescimento
emigraço da pop. brasileira
Os acréscimos de população em
números abso A taxa de natalidade, no Japão, situa-se em
1808-1890 9.499,020 lutos tornam-se grandes. 16,300 ea taxa de mortalidade em 6,3%0. O
834.895 9,0%
1890-1900 2.201.065 903.454 41,0% Em 1973, o Brasil passou do oitavo lugar, crescimento natural ou vegetativo é, portanto,
1900-1920 entre os paises mais populosos de 10,0'o0 ou de 1% ao ano (16,3o0 menos
12.257.218 939.953 7,6% do globo terres
tre, parao sétimo lugar, em 6,3%0 10,0o0 ou 1,0% ao ano). Vê-se, as
1920-1940 9.740.868 859.482 9,0% virtude da separa
1940-1950 10.600.848 ção do Paquistão Oriental (que se tornou Ban sim, quee umpequeno crescimento populacio
107.234 1,0%%
gladesh) do Ocidental.
1950-1960* 17.738,033 436,641 2,4o nal, pois no Brasil o crescimento encontra-se
1960-1970* 22.876.970 142.996 Em 1978, o Brasil ultrapassou o Japao em em nivel superior a 2,0% ao ano.
0,6%
quantidade de populacão, colocando-se em sex A tabela que se segue permite comparar a
*Não foi considerada a emigração. 0 ugar no mundo entre os paises mais po população absoluta do Brasil com a de outros
pulosos. paises populosos.
Fonte: Alceu Vicente W. de Carvalho, A população brasileira, 1BGE, 1960; Paul Hugon, Demografia brasileira, 1973
109
108
Em relação àAmérica Latina e à América E
OS PAÍSES MAIS POPULOSOS DO MUNDO do Sul, prevê se uma pequena diminuição da
TEXTO PARA LEITURA a 1920**; o Brasil, 3.656.000,
de 1808 a 1914.
participação percentual da população brasilej DISCUSSÃO Quando a imigração européia começou a se
Paises População ra. Isso em virtude, provavelmente, de as taxas mar após 1840, atraída pelo ouro, passa avol
ndo de cem mil
anualmente, o governo norte-americano criou leis que
19 China (1982) 1.008.175.288 de crescimento natural das populações latino Política de colonização do Brasil cilitaramaa posse da terra pelos imigrantes. 'Pela fa
legisla
americanas se situarem, no conjunto, um pou e dos E.U.A. no século XIX ção Homestead, que ganhou força de lei em 1872, todo
2° Índia (1981) 683.810.000 co acima da taxa de crescimento natural da po cidadão maior tinha direito, gratuitamente, a 160 acres de
terras devolutas, ou seja, mais ou menos 70 hectares. pro
268.825.000 pulação brasileira. "Antes de passar ao grande surto da imigração euro priedade jurídica decorria automaticamente da ocupação
A
3° U.R.S.S. (1982)
péia, é interessante comparar a evolução dos Estados
Uni
efetiva durante cin
cinco anos.
dos e do Brasil, de extensão geográfica parecida e que No Brasil, o regime de sesmaria prevaleceu atéa
4° E.U.A. (1980) 226.504.000 In
receberam, ambos, importante corrente migratória, no sé dependência. Depois, a legislação tornou-se um pouco mais
145.100.000 culo XIX. liberal, assegurando a posse a quem ocupasse a terra.
5° Indonésia (1981) OS PAÍSES MAIS POPULOSOS DA No século XVI, 0s dois países estavam povoados de go porém
orém que começou a prosperidade do café, modificou
Lo
AMÉRICA LATINA indígenas, mais numerosos no território brasileiro do que se a lei, voltando-se ao sistema anterior. Promulgou-se a
69 Brasil (1980) 119.070.865 no norte-americano. No século XIX, ambos os países le Lei de Terras, que tornou dificil para o imigrante pobre ace
Brasil (1980) 119.070.865 varam ao término o processo de extermínio desses habi der à propriedade da terra. A República ratificou toda es
79 Japo (1975) 111.939.643
tantes originais. No final do século, sobravam apenas grupos ta legislação restritiva, de forma ainda mais ardilosa.
México (1981) 79.749.200 reduzidos, completamente marginalizados. Numa palavra, o governo norte-ameriano favoreceu
8° Bangladesh (1981) 87.051.000
Ambos os países praticarama escravidão, os E.U.A. o acesso à terra, o governo brasileiro o restringiu. Nos Es
83.782.000 Argentina (1982) 28.430.000 durante 250 anos, o Brasil durante 350 anos. No Brasil, a tados Unidos, criou-se uma agricultura próspera, um vi
9° Paquistão (1981) escravatura abrangia todo o território, nos E.U.A. ficou con goroso mercado interno, e uma base sólida para o processo
Colômbia (1980) 27.090.000 centrada nos Estados do sudeste, ao lado de extensas áreas da industrialização. O Brasil, atéé Ihoje, importa alimentos,
10° Nigéria (1973) 79.758.969 de trabalho livre. O Brasil limportou cerca de 3.600.000 es malgrado a extenso e a riqueza do seu território. Seu mer
Peru (1981) 17.031.221 cravos, os E.U.A. aproximadamente 427.000. O Brasil pôs cado interno está restrito a um terço apenas da população,
Fonte: Calendario Atlante De Agostini, 1983. fim ao tráfico em 1857 e aboliu a escravatura em 1888; os ficando o resto sem condições de comprar. O país conti
Venezuela (1981) 14.310.000 E.U.A. em 1808 e 1865 respectivamente. Apesar destas di nua dependendo do exterior, tanto para gêneros alimentí
No continente americano, na América La ferenças, a população de sangue africano nos E.U.A. era cios, como para investimentos industriais.
aproximadamente equivalente à brasileira no final do sé Até hoje, a grande fazenda é o padrão de proprieda
tina e na América do Sul, a participação da po Fonte: Guia do Terceiro Mundo, 1984-85, Rio de Janei culo XIX, devido ao crescimento natural da população es de rural. E ela que recebe preferência nos planos de finan
pulação brasileira também é significativa. ro, Edit. Terceiro Mundo. crava nos E.U.A. e sua estagnação demográfica no Brasil. ciamentos do governo na colonização amazônica. Ainda
Ambos os países foram modificados na sua feição po hoje, quem se 'rebela contra a ordem fazendeira, seja o cam
pulacional pelattransferência de populações européias que ponês que invade terra alheia, o intelectual que estuda pro
PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA ocorreu no século XIX, quando nada menos de 40 milhões blemas sociais ou o político que luta pela reforma agrária,
de europeus emigraram (cf. Reinhard, 3 seção, § ID! Desta age como um 'subversivo' atraindo sobre si todo o peso da
Ano Continente americano América Latina América do Sul avalancha humana, os E.U.A. colheram 33.766.000, de l800 máquina oficial de repressão (D. Ribeiro, As Américas,
p. 269). "
1970 18,2% 32,7% 48,0% (Michel Bergmann, Nasce um povo, Petrópolis,
Vozes, 1977, p. 120-1.)
2000 20,1% 31,3% 47,2%
Das IIhas Britânicas, emigraram 17 milhões, de 1825 a ** Dados do US Bureau of Census, Historical Statistics
1920. Da Alemanha, 6 milhões, da Itália, 9 milhöes pa ofthe United States, Colonial Times to 19S7, Washing
ra as Américas e outros tantos para outros ton 1960, p. 48-59. Foram-me comunicados por Michael
países euro
peus etc. (Reinhard, ibid.) A. 0. Toole.
OS DEZ PAISES MAIS POPULOSOs DO MUNDO

Circulo Polar Artico VOCABULÁRIO


URSS.
Acre: medida agrária de alguns países. O acre Haiti ou São Domingos, Jamaica e Porto
9.9
SPAQUISTAO inglês e o norteamericanoequivalem a 40,74 Rico.
EUA.
cNA ares. O are equivale a 100 m². Desse modo Bioquímico: relativo à bioquímica, ramo da
Trópico de Câncer O acre equivale a
4.074 m'. química que trata das reações passadas nos
INDIAV, Aluvião: detritos ou sedimentos carregados e organismos vivos. É também chamada de
8.
Equador 10,
BANGLADESH depositados pelos rios. química biológica ou química fisiológica.
BRASIL) NIGERIA INDONESIA
Antilhas: arquipélago constituído por várias Dinâmicapopulacional: corresponde às trans
Tróplco de Capricórnio
llhas, que se estende desde a península do lu formações que sofre uma população em seus
catã(México) até as vizinhanças do litoral diferentes aspectos (crescimento, estrutura
da Venezuela. Fica na América Central. As por idades e sexo, segundo a etnia etc).
principais ilhas do arquipélago são: Cuba, Estimativa: avaliação, cálculo.

110 111
CAPÍTULO 3
Estrutura fundiária: corresponde à distribui tal situação, passaram a ter problemas eco.
ção dos estabelecimentos agropecuários em nômicos e financeiros que logo influíram na
relação às categorias dimensionais, isto é, ao cotação de suas ações.
tamanho dos estabelecimentos ou pro A queda do valor das ações foi-se agravan.
priedades.
Força de trabalho: éa energia fisica e mental
do até o ponto de nenhuma pessoa querer
ações e sim o dinheiro. Tal fato caracteriza
AS PRINCIPAIS CORRENTES
de uma pessoa.
Legislação: conjunto de leis acerca de determi
a crise econômica dos Estados Unidos. co
nhecida com o nome de crack da Bolsa de IMIGRATORIAS PARA O BRASIL
nada matéria. Nova York.
Mercenário: aquele que trabalha sem outro in Quimioterápico: referente à quimioterapia, tra
teresse que não a paga, isto é, dinheiro. tamento por meio de agentes químicos ou
Movimento migratório estrangeiro: movimento substâncias que podem atuar de modo efe
de população de um pais para outro. tivo sobre certos organismos causadores de
Nórdico: diz respeito aos paises do norte da Eu moléstias (patogênicos) ou sobre certos ór
ropa ou Escandinávia; entretanto, no texto, gãos doentes. CAUSASE TIPOS DOS populações controladospor alguma legislaco
o autor, Jacques Lambert, refere-se aos Quota: quantidade determinada. MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS e por um órgão disciplinador. Foi o caso, no
germanos. Recenseamento: conjunto de dados estatísticos Brasil, da Constituição de 1934, que estabele
Planalto de Piratininga: nome dado ao planalto dos habitantes de uma cidade, Estado e na Causas dos movimentos migratórios
ceu a Lei de Cotas da Imigração, permitindo
onde se situa a cidade de São Paulo. ção, com todas as suas características (o mes que entrassem no Brasil apenas 2% do total de
Prussiano: pertencente ou relativo à Prússia, mo que censo). As causas dos movimentos migratórios po imigrantes, segundo a nacionalidade, entrados
antigo Estado alemo, dividido atualmente Subvenção: auxílio em dinheiro, por via de re nos últimos cinqüenta anos.
dem ser agrupadas em três ordens de fatores:
entre a República Democrática Alem, a Re gra, concedido pelos poderes públicos. • de ordem material ou econômica As migrações forçadas constituem uma
pública Federal da Alemanha, a Polônia e Taxa de mortalidade: é o número de óbitos (ex •religiosa forma de violação da liberdade humana, pois
a U.R.S.S. clusive natimortos) por 1.00 habitantes de • política
o ser humano é deslocado de um ponto para
Quebra na Bolsa de Nova York: os Estados Uni uma dada população, durante o ano consi Estudando-se os movimentos migratórios outro segundo a vontade eo interesse de gru
pos. Foi o caso das migrações forçadas dos ne
dos, mesmo após a Primeira Guerra Mun derado. através do tempo, percebe-se que as causas mais
dial (1914-18), continuaram com o mesmo gros africanos para o Brasil, para servirem
Pode ser calculada, dividindo-se o número comuns têm sido as de ordem econômica. As
como escravos, fato que constituiu um dos epi
ritmo de produção industrial e agricola que de óbitos ocorridos numn determinado ano sim, é a busca de melhores condições de exis
possuiam durante a guerra, quando tinham tência material que tem levado o ser humano sódios mais deprimentes da história do Brasil
pelo total da população nesse mesmo ano. e da América. Os negros, brutamente arranca
sido os grandes fornecedores para os paises Para evitar o excesso de decimais, pode-se através da história a deixar o lugar onde nas
envolvidos no conflito. ceu e a se deslocar para outros lugares. dos de sua terra, de sua tribo e de sua família,
multiplicar o resultado por mil. eram forçados a trabalhar, no Brasil, para o co
Contudo, à medida que os países europeus Taxa denatalidade:éo número de indivíduos Além do fator de ordem material ou eco
se recuperaram dos desastres da guerra, eles nômica, o ser humano também migra impeli lonizador, com a anuência da coroa portugue
nascidos vivos por 1.000 habitantes de uma sa e da própria Igreja católica da época.
retornavam à sua produção, diminuindo, as
dada população, durante o ano considera do por questões religiosas ou políticas. Eo caso
Constituem, também, migrações forçadas
Sim, as suas compras dos Estados Unidos. do. A taxa de natalidade é calculada dividin das migrações resultantes de perseguições reli as grandes deportações, durante a Segunda
Chegou um determinado momento em que do-se o número de indivíduos nascidos vivos giosas, tão comuns na história da Europa, ou
este pais passou a ter uma superprodução Guerra Mundial, de judeus europeus e de ou
num determinado ano pelo total da popu ainda aquelas decorrentes de insatisfações com
agricola e industrial. As empresas, diante de a
ideologia política, comuns ainda em nossos tros povos.
lação existente nesse mesmo ano. Em vários países da América Latina, em
dias em todo o mundo. tempos bem recentes, ocorreram, também, mi
grações forçadas. Os golpes de Estado que se
Tipos de movimentos migratórios
sucederam em vários países latino-americanos,
Devemos diferenciar as migrações espon nas décadas de 60-70, conduziram ao poder go
vernos ditatoriais. Estes iniciaram perseguições
tâneas e controladas das forçadas.
As migruções espontâneas ou livres corres políticas, torturas, provocaram o desapareci
pondem a movimentos de população sem o mento de pessoas e realizaram outras atrocida
controle de qualquer órgão disciplinador. Foi des. E o caso do Chile, por exemplo, com o
Oque ocorreu no povoamento do território bra golpe de stado de setembro de 1973 que der
Sileiro, até 1934, quando para cá vieram imi rubou o governo de Salvador Allende, eleito pe
&rantes de várias nacionalidades.
lo povo. Em 1977, quatro anos após o golpe
As migrações controladas,
como diz o pró militar liderado pelo general Pinochet, havia
nomne, correspondem a deslocamentos de mais de S50 mil exilados chilenos vivendo em ou
Pio
113
112
tros paises e uma drástica situação econômica grante para o país que o recebe, baseadas no o recebe, é aquela com que ele exer-
que oferecia poucas possibilidade de empregos. custo de criação ou de formação do individuo, o
pals que • de 1808 a 1850
cerá por maior tempo a atividade produtiva. • de 1850 a 1930
mesmo ocorreu com o Uruguai após o
O
• de 1930 até os dias atuais
golpe de Estado de 1973, coma Argentina Todo individuo custa certo valor mone RELAÇOES ENTREA IDADE DO IMIRANTE Oprimeiro perlodo(de 1808 a 1850) inicia
(1975), com o Brasil (1964) e com outros paises tário para a familia e para a sociedade, Es EO TEMPO DE TRABALHO NO se com a abertura dos portos às nações
amigas
latino-americanos. No Uruguai, a população se valor monetário é chamado custo de PAÍS RECEPTOR e
termina com a promulgação da Lei Eusébio
tem diminuído por causa das migraçdes para criação, erificável atéo momento em que de Queirós, que proibiu o tráfico de escravos
dade de inlcio Tdade do
da Número de anos de
outros paises. o individuo começa a trabalhar, a exer para o Brasil.
cer atividade produtiva. atividade produtiva imigrante trabalho no país
fluxo imigratório existente nesse perio
O

18 30 do foi estimulado pelo decreto de D. João, de


IMIGRANTE: ASPECTOS
O 18
18 20 28 25 de novembro de 1808, permitindo ao estran
Assim sendo, se nos fluxos imigratórios
DEMOGRÁFICOS, SOCIAISE houver grande participação de crianças, isso re
18
18
25
30
23
18 geiro ser proprietário de terras no Brasil.
ECONÔMICOS Relembrando os vários acontecimentos ou
presentará para o pais receptor, notadamente 18 40
fatos que explicam o pequeno fluxo imigrató
comumconsiderar-se o imigrante apenas
É para aqueles de população jovem numerosa, 18 42 6
uma necessidade de elevação dos investimen rio para o Brasil, nesse periodo, tem-se:
como um dado quantitativo Contuda, nos es • as facilidades de obtenção de mão-de-obra
tudos sobre o imigrante, outros aspectos devem tos sociais ou demográficos (escolas, hospitais) Entretanto, cumpre lembrar que não pode
sem a correspondente compensação econômi haver discriminação quanto àidade do imigran escrava;
ser considerados, como foi apontado pelo prof. • instabilidade politica do período regencial;
ca. Se nos fluxos imigratórios predominar unma te, pois isso constituiria, também, uma viola
Olavo Baptista Filha, em População e desen •a prolongada Guerra dos Farrapos (movi
vobimento, p. 76. Tata-se dos aspectos sociais população adulta, na faixa de idade de 18 a 30 co da liberdade do ser humano. E, ainda mais, mento de reação, de 1835 a 1845, contraano
a família continua representando o fator de
e econômicos anos, por exemplo, essa população, já tendo o meação do presidente da provincia gaúcha
seu custo de criação pago pelo seu pais de ori aglutinação do ser humano quantoasua vida
pelo poder central):
Os aspetos sociais do imigrante: gem, representará uma vantagem para o país espiritual e afetiva.
• o temor do imigrante de ser tratado como um
a) cultura e etnia: receptore, conforme a situação,
b) instituiçbes dos paises de origem;
acarretará um escravo, diante de toda uma estrutura men
c) formação profissional dentro de um proces desperdicio de força de trabalho para o país de tal ou psicológica, no Brasil, formada há mui
partida. oS PERÍODOS DA to tempoe tendo por base a escravidão.
so de educação;
IMIGRAÇÃO AS CORRENTES
E

d) religião: Nesse primeiro periodo, as principais cor


e) formação ideológica: Todo individuo
IMIGRATORIAS PARA O BRASIL rentes de imigrantes eram formadas por: açoria
nos, suíçose alemäes que se fixaram, principal
e os aspectos econômicos: A história da imigração para o Brasil pode mente, em certas áreas do Sul do Brasil.
a) ampliação da força de trabalho; custa certo valor monetário para a ser dividida em três períodos, tendo por base segundo periodo (1850 a 1930) foi o de
O

familia e para a sociedade


b) introdução da mão-de-obra qualificada; certos acontecimentos, como já estudamos an maior entrada de imigrantes no Brasil. Obser
c) custo de criação já pago; ve o gráfico para constatar tal afirmativa.
teriormente:
d) ampliaçlãoe diversificação do mercado con até o momento em que começa a trabalhar;
sumidor:
) estimulo à elevação da produtividade" dai a preocupação de muitos paises IMIGRANTES ENTRADOs NO BRASIL (1808-1978)
Como um dado quantitativa, o imigrante com a idade do imigrante.
participa do aumento da população absoluta, 220
MILHARES

decorrente da simples adição de novas pessoas. Considerando como sendo de 30 anos o es 200
Altera a estrutura da população segundo a paço de tempo em que o homem exerce ativida
ida 180
de, sexo, etnia, nacionalidade, religião, grau de de produtiva, e aos 18 o inicio dessa atividade, 60
instruçãoesegundo a população ativa e não ati concluímos o seguinte: se a idade do imigrante 140
va economicamente. for de 18 anos, ele executará teoricamente, sem
Retratando a sua sociedade ou a comuni imprevistos, principalmente de saúde, a ativi 100
dade de origem, desloca parao pais de recep dade produtiva durante 30 anos, Se a idade do
cão a sua cultura. Pode ocorrer dai todo umn imigrante for de 30 anos, exercerá a atividade
processo de assimilação cultural. produtiva por 18 anos.
Incluem-se em sua cultura valores nativos Å medida que aumenta a idade do imigran 20

do pais que o recebe, como também se transfe te, ocorrea diminuição no número de anos de
rem valores de seu pais de origem aos nacionais.
trabalho no país que o recebe. Diante disso,
Sobo aspectoeconômico, podem-se levan chega-se à constatação de que a idade ideal do
tar algumas hipóteses sobre a idade ideal do imi imigrante do ponto de vista econômico, para
114 115
•a Lei de Cotas da Imigração, estabelecida na
Para compreender esse segundo período da AS PRINCIPAIS CORRENTES colônias africanas (Angola, Moçambique e
vamos os fa Constituição de 1934 e reiterada pela Consti.
imigração para o Brasil, recordar
IMIGRATORIAS PARA O BRASIL Guiné Portuguesa) e da facilidade de o por
tores favoráveis e desfavoráveis ao fluxo imi tuição de 1937, como já foi apontado ante
tuguês emigrar para países europeus com0 a
riormente, fixando em 2o o total de imigran.
gratório. tes que poderiam entrar no Brasil, em cada
França, Alemanha, Inglaterra e outros.
Fatores favoráveis à imigração para o Brasil: ano, segundo a nacionalidade, sobre o total A imigração portuguesa Portugal sempre foi um país de emigração.
Isso decorre das dificuldades de sua econo
de imigrantes entrados nos últimos 50 anos, mia em absorver a força de trabalho dispo
• o desenvolvimento da cafeicultura, exigindo com exceção dos portugueses;
• Durante três séculos (1500 a 1808), os portu
numerosa mão-de-obra; gueses foram os únicos europeus que podiam nível. Assim sendo, enquanto não houver
• a proibição do tráfico de escravos, através da •80% dos imigrantes deveriam ser agriculto entrar livremente no Brasil. modificações na economia portuguesa, pas
res (fixado em 1938);
Lei Eusébio de Queirós; • Os portugueses foram os povoadores iniciais sÍveis de absorver a força de trabalho dispo
• seleção doutrinária; nível, a emigração continuará.
• a disposição do fazendeiro de café de cobrir eos responsáveis pela formação inicial da po
as despesas do imigrante durante o primeiro •a Segunda Guerra Mundial; pulação brasileira através dos cruzamentos
• a melhoria das condições sociais de povos eu
ano de trabalho, além da permissão para cul com o indígena e com o negro africano.
tivar produtos de primeira necessidade para ropeus; Em virtude da presença portuguesa no pro A imigração italiana
O sustento de sua familia, numa parcela de
•o desenvolvimento econômico de vários pai cesso de colonização, foi de Portugal que o
ses europeus reorientou o fluxo imigratório. •
terra fornecida pelo fazendeiro; Brasil recebeu a herança cultural fundamen Constituio segundo maior fluxo imigratório
• custeio dos gastos de transporte do imigran Antes da Segunda Guerra Mundial havia uma tal: a língua portuguesa, as instituições ad no Brasil, depois dos portugueses.
te pelo governo; grande imigração intercontinental (da Euro ministrativas, sociais e morais, a religião O período de maior entrada de imigrantes ita
• abolição da escravatura em 1888; pa para a América ou para outros continen lianos no Brasil está compreendido entre 1891
católica, o tipo de construção de vilas e cida
• crise econômica na Itália, caracterizada pe tes). Após a guerra, a imigração tornou-se des, elementos do folclore etc. e 1900. Somente nesse período entraram
lo desemprego, estimulando o fluxo imigra intracontinental, isto é dentro da Europa. No conjunto, a imigração portuguesa no Bra 678.761 italianos de um total de 1.129.315 imi
tório para o Brasil. sil domina quantitativamente. Entretanto, grantes.
durante um longo período, a quantidade de

Principais Estados de fixação do imigrante
Fatores desfavoráveis:. imigrantes italianos entrados no Brasil supe italiano no Brasil: So Paulo, Rio Grande do
Quanto à Lei de Cotas da Imigração, rou o número de portugueses. Isso ocorreu Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Espírito
• obrigatoriedade, por parte do imigrante, de cumpre destacar que: "Em 1934, o regi
pagar o financiamento da viagem com o seu me ditatorial do presidente Vargas ado de 1820 a 1900. Esse fato pode ser compreen Santo. Entretanto, foi o Estado de São Paulo
dido, considerando que entre os anos de 1831 que recebeu o maior contingente imigratório
trabalho no cafezal, assinando um contrato tou uma legislação destinada a organizar italiano em virtude da cultura do café, onde
pelo qual não podia abandonar a fazenda an
a 1853,
decorrente de revoltas no Brasil (co
cientificamente a imigração, mas que aca mo, por exemplo, O movimento que levou à ele serviu como mão-de-obra. Posteriormente
tes de pagar a dívida Esse tipo de relação per bou, enquanto esteve em vigor, por torná passou a participar ativamente do processo
abdicaço de D. Pedro, e a Praieira, em Per
durou até 1870 e desestimulou a imigração la quase impossível. Foramn adotadas me
para o Brasil, pois gerou uma forma de ser nambuco), chegou-se mesmo a propor a proi de industrialização.
didas de restrição que, sem dúvida, cor bição de entrada de portugueses no Brasil. A escassez de mão-de-obra, principalmente
vidão temporária da qual o fazendeiro tira respondiam ao sentimento popular, mas para a cafeicultura, representou uma atração
va proveito; Quanto ao período de 1853 até 1900, a imi
cuja orientação, tratando-se do Brasil, gração portuguesa foi numericamente infe para a vinda de italianos para o Brasil, mor
• a Primeira Guerra Mundial (1914-1918); pode parecer estranha, pois, em condi mente nos fins do século XIX e início do sé
rior à italiana, pelo fato de a Itália apresentar
•a crise da economia mundial, tendo como ções inteiramente diferentes, seguia os problemas político-econômicos que estimu culo XX. Enquanto a cultura cafeeira na
ponto de partida a quebra da bolsa de Nova moldes adotados nos E.U.A. para restrin atual Região Sudeste dava ocupação ou tra
laram a saída de italianos de seu país de ori
York, emn 1929. gir a imigração depois da Primeira Guerra gem. Além disso, não devemos nos esquecer balho ao imigrante, nas províncias do Sul
Nesse segundo periodo, as principais cor eram outros fatores que influíamn sobre essa
rentes imigratórias eram formadas por italianos,
Mundial. de que o desenvolvimento da cultura cafeei
A legislação brasileira de 1934 inspirava ra da segunda metade do século passado foi imigraço.
alemes, espanhóis, sírio-libaneses, poloneses, se no mesmo princípio de preservação da um atrativo muito mais para o italiano que Um desses fatores de atração para o Sul era
ucranianos e japoneses, como estudaremos composição étnica da população que o para o imigrante português. O português é a existência de terras não ocupadas. A for
posteriormente. triunfo provisório do mito nórdico e o re um imigrante que procuramuito mnais o meio macão de colônias no Sul possibilitou quepeo
O terceiro período (de 1930 até os dias ceio das raças inferiores levaram os E.U.A. imigrante, logo de início, se tornasse um
urbano que o rural.
atuais) representa a queda acentuada do fluxo a
adotar" (Jacques Lambert, Os dois Bra Aos portugueses não foi aplicada a Lei de Co queno proprietário. Esse fato, istoé, o aces
imigratório para o Brasil, com exceção da dé sis, p. 71.) tas da Imigração. Assim sendo, desde 1934, so fácil à propriedade da terra pelo imigrante,
cada de 1950, quando entraram muitos imigran influiu na taxa mnais elevada de fixação defi
tes, sem, contudo, atingir o nível de períodos eles predominam como imigrantes no Brasil.
Antes de 1950,90% da emigração portugue nitiva no pais.
anteriores a 1930. E marcado por uma série de sa para cáse dirigia. Em São Paulo, Rio de Janeiro e mesmo no
Es

acontecimentos que frearam a vínda de imi Portanto, de 1930 até os dias atuais, os fa pírito Santo, as dificuldades de acesso à pro
grantes: Após 1950 a imigração portuguesa no Brasil
tores acima apontados fizeram declinar, de for
diminuiu: em virtude de o governo portuguës priedade da terra foram um fator que influiu
• as revoluções de 1930 e 1932 ea instabilidade ma significativa, a entrada de imigrantes no na sua reemigração.
ter estimulado a emigração para as suas ex
política e econômica delas resultantes; Brasil.
117
116
à cultura trabalhando em indús.
tos operários italianos em Santa Catarina, no vale do Itajaí, em
•No Rio Grande do Sul, dedicou-se
como Bento trias alems, francesas e de outros paises. 1850; um alemão, de nome Hermann
da vinhae fundou cidades Gon
çalves, Garibaldi e Caxias do Sul, além de ou
membros do Mercado Comum Europeu. Blumenau, fundou a cidade de Blumenau,
tras atividades: indústria metalúrgica (armas,
• Contribuição na economia, destacando-se a hoje importante centro industrial e comer
reação contra a monocultura, difundindo
a
cial. No ano seguinte, foi fundada a colô
baixelas, faqueiros etc.), selaria, curtumes, te
policultura. nia Dona Francisca, que deu origem à
celagem etc. • Apresentou facilidade de integração na v cidade de Joinville, também importante
• Em Santa Catarina, dedicou-se à agricultu
da brasileira, mas introduziu vários traços de centro comercial e industrial na atualidade:
ra variada e fundou as cidades de Nova Tren em São Paulo, na região de Limeira, em
sua cultura: na alimentação (pizza, polenta,
to, Uruçanga e Nova Veneza.
risoto, macarro), na música (a sanfona), nos 1852; um plantador de café, o senador Ver
• No século passado, de 1878 até 1900, o fluxo
jogos (bocha) etc. gueiro, transferiu oitenta famílias de cam
imigratório italiano para o Brasil foi grande poneses alemães. Posteriormente, outros
em virtude da instabilidade social e econô
e fazendeiros fizeram o mesmo.
mica na Itália. Lá havia desemprego, tal fa A imigração espanhola • Os imigrantes alemães e suas famílias que se
to estimulou a emigração italiana.
• A partir de 1920 houve uma redução da emi dirigiram para as fazendas de café assinaram
• Constitui, numericamente, o terceiro fluxo um contrato, no qual era estabel ecida a obri
gração italiana. Pode-se destacar como causa imigratório para o Brasil.
a politica demográfica natalista de Mussoli gatoriedade de pagarem as suas despesas de Aspecto da Rua da Glória (São Paulo) evidenciando a
• Dirigiu-se principalmente para os Estados de a
ni, que impôs certas medidas restritivas à emi
viagem, não podendo abandonar fazenda presença da cultura japonesa.
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio antes de fazê-lo. Esse contrato gerou uma for
gração italiana, além da Lei de Cotas da ma de servidão temporária da qual o fazen
Imigração do Brasil. Após a Segunda Guer Grande do Sul.
ra Mundial, a imigração italiana passou a se
• Participaram, em São Paulo, como mão-de deiro tirava proveito. Surgiram reações como • Os principais Estados do Brasil para onde se
obra na cultura do café, ao lado dos italianos. a revolta dos colonos de Limeira (esse tipo de
dirigiu a imigração japonesa foram: São Pau
dirigir muito mais para os paises europeus • Fora do extremo sul do Brasil, épequena a contrato ocorreu também com imigrantes
que para os paises fora de seu continente, dei lo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Pará.
participação de elementos da cultura espa de outras nacionalidades). • Foi o Estado de São Paulo que recebeu a
xando, assim, de ser uma imigração oceâni colônias alemãs do Sul do Brasil apresen
ca para tornar-se continental. nhola na vida brasileira. Entretanto, no Rio • As
maior quantidade de imigrantes japoneses,
Grande do Sul, a presença da cultura espa tavam, inicialmente, uma vida econômica cerca de 75%. Fixaram-se ao redor da cidade
Contribuiu para tal modificaço da direção ou precária, pois não havia possibilidade de uma
nhola, via países do Prata, é grande: o som de São Paulo, onde participaram ativamente
sentido do fluxo imigratório italiano a inte economia de mercado. Viajantes europeus na formação do cinturão verde e no bairro
gração da Itália no Mercado Comum Euro brero de feltro com abas largas, o poncho e
termos castelhanoS no português regional etc. que conheceram as colônias se surpreendiam da Liberdade e Pinheiros. Fixaram-se na re
peu. Esse organismo econômico que congrega
vários paises europeus, além de incrementar •A emigração espanhola, nos últimos anos, com a forma primitiva de vida dos colonos.
Formou-se, assim, na Alemanha, um movi
gião da Alta Paulista (Tup, Bastos, Marília),
as relações econômicas entre eles, também es
também tornou-se, como aportuguesa e ita dedicando-se à cultura do algodão. No vale
liana, mnais intracontinental que interconti mento contrário à imigração para o Brasil. do Paraíba, nas áreas alagadiças, desenvol
tabeleceu facilidades de imigração entre os nental. Assim sendo, desde 1962, o Brasil tem Em 1859, proibiu-se a imigração para o veram a cultura do arroz. No vale do Ribeira
seus países. Assim, podem-se encontrar mui
recebido poucos imigrantes dessa naciona Brasil. de Iguape, litoral sul do Estado de São Pau
• Em virtude do isolamento em que viveram, lo, introduziram a cultura do chá-da-índia,
lidade.
formaram comunidades fechadas, preservan destacando-se a cidade de Registro.
IMIGRAÇÃO PARAO BRASIL A imigração alem
do elementos de su cultura.
• Percebe-se a influência alemã principalmen
• No Estado do Pará, na região de Bragança,
em Tomé-Açu, cultivam a pimenta-do-reino.
SEGUND0 A NACIONALIDADE (1820-1980) te na arquitetura de suas casas e na agricul No Amazonas, realizam a cultura de várzea,
• Constitui o quarto grupo mais numeroso que tura, onde se destacou a pequena propriedade destacando-se a juta e o arroz.
se dirigiu para o Brasil, correspondendo a • Em virtude das acentuadas diferenças entre
eo seu fracionamento para os filhos ou para
quase 5o do total da imigração. os recém-chegados. a cultura luso-brasileira e a japonesa, a assi
OUTROS • Data de 1824 a chegada ao Brasil dos primei milação cultural dos imigrantes foi mais de
17.10
JAPONESES ros imigrantes alemães. Fixaram-se no Rio morada. Por isso, conservam vários costumes
PORTUGUESES A imigração japonesa
4,17% 31,06% Grande do Sul, onde fundaram a cidade de de seu país de origem: religio, organização
ALEMES São Leopoldo. Após essa data, outras levas familiar (tipo patriarcal), técnicas agrícolas,
4,87%
Constitui o quinto grupo mais numeroso que cerimônias fúnebres e de casamento etc.
de imigrantes fixaram-se: se dirigiu para o Brasil, apesar de ser o fluxo
ESPANHÓIS
no Paraná, na localidade de Rio Negro,
imigratório mais recente, pois os primeiros
12,90% em 1827;
imigrantes japoneses chegaram em 1908. Outros grupos de imigrantes
1TALIANOs em São Paulo, emn Santo Amaro, em 1829;
29,90%
em Santa Catarina, colônia de São Pedro sa imigração processou-se de maneira co
OS ESLAVOS: entre estes destacam-se os po
letiva, isto é os japoneses imigravam somente
de Alcântara, em 1829; depois de formarem colônias. loneses e ucranianos. Fixaram-se principalmen
no Espírito Santo, em 1830;
119
118
te no Estado do Paraná (Curitiba, proximidades tomou por base a Constituição dos EU.A. Imitamos a
a
Iheicos, mas também na maneira de vestir,
na introducão não seguirem os modelos importados serão considerados
nominação de "Estados Unidos" na denominação dada e no
das cidades de Ponta Grossa, Castro e Lapa). ao Brasil, de palavras inglesas no uso corrente da população
ou fora dele.
"caipiras'" ou "quadrados" na linguagem comum. A in
Dedicaram-se à agricultura e pecuária. O prin Apesar de poucos imigrantes norte-americanos no anrendizado da língua no currículo escolar versão de valores é tal que hoje muitos se sentem inferiori
a mais ouvida pe
Amúsica norte-americana passou ser com
a
zados diante do homem norte-americano ou ainda do
cipal núcleo polonês é o de Ivaí, no Paraná. Da Brasil, se comparados com outros pövos, a influência dos
lo público; as histórias en quadrinhos
personagens europeu (referência aos países de tradição colonialista).
tam de 1878 as primeiras entradas de poloneses. EUA. na vida brasileira tornou-se marcante através do a nossa realidade in Subestima-se a própria cultura e admite-se que é válido so
e
narrativas que nada tem a ver Com
OS sÍRIO-LIBANESES: não possuem uma tempo.
Com a perda da hegemonia, pela Inglaterra, após a vadiramo mercado editorial;
e
Coca-Cola substituiu o
a
mente o que é importado, numa típica atitude de subordi
área geográfica definida no Brasil. Distribui Primeira Guerra Mundial, e os E.U.A. despontando como guaraná e refrescos de frutas brasileiras. nação cultural, decorrente da dominação econômica
ram-se por todo o território nacional, dedican Através dos anos a influência cultural assumiu pro exercida por esse país.
grande potência, o Brasil passou da área de influência in e o adulto que
porções tão grandes que mesno criança
a
do-se principalmente ao comércio e posterior glesa e francesa para a área de influência norte-americana.
mente à indústria. Vieram a partir, principal permanecendo até os dias atuais.
mente, da segunda metade do século XIX. Após o processo de europeização, o Brasil e outros
países na área de influência dos E.U.A. sofreram o proces
Apresentaram grande capacidade de adaptação so de americanização de seus costumes.
e de aceitação dos elementos culturais luso Os E.U.A. tornaram-se o modelo que deveria ser se VOCABULÁRIO
brasileiros. guido por outros povos. A própria indstria cinematográ
OS JUDEUS: estão presentes no Brasil desde fica norte-americana e a televisão foram e são as grandes
o descobrimento, procedentes da peninsula Ibé armas publicitárias utilizadas para tal fim. Certos filmes
produzidos em Hollywood, quando ainda não havia a te Anuência: consentimento, acordo, aprovação. gislação a esse respeito por eles criadas: "O
rica. É o caso do judeu Fernando de Noronha, leviso, mostravam o estilo de vida da população dos EU.A. governo alemão, desde o advento de Hitler
que foi o primeiro arrendatário da terra do Bra Tais filmes, além de divulgar o "modelo de vida que deve Atrocidade: crueldade, barbaridade. ao poder, havia adotado essa linha de con
sil (exploração do pau-brasil). A principal ati ria ser seguido" por outros povos, serviam de forma ad Cinturão verde: corresponde à agricultura de duta: lei de 1° de junho de 1938, que insti
vidade econômicaa que se dedicaram foi o mirável para a publicidade dos produtos norte-americanos
no mercado mundial, abrindo as portas para a comerciali
jardinagem, realizada na cidade ou próxima tuía emnpréstimos para casamentos e que
comércio, destacando-se como exemplo a rua a ela, ou ainda ao seu redor, visando à pro
zação dos mesmos. previa o não-reembolso de tais empréstimos,
José Paulino, na cidade de São Paulo, que apre Além disso, muitos filmes apresentavam um conteú dução de legumes, verduras e frutas para desde que o casal tivesse quatro filhos; lei
senta atualmente grande concentração comer do ideológico racista, percebido através do massacre indis abastecer a população. de março de 1936, que concedia gratificações
cial de judeus (a rua 25 de Março é a dos sí criminado de índios, que eram mostrados como "selvagens" Mercado Comum Europeu: organização eco às famílias numerosas. O governo da Itália
na visão do colonizador branco e de sua classe dominante.
rio-libaneses). Modernamente, os judeus que se Além dos índios, os filmes também discriminavam nômica que reúne vários países europeus fascista havia manifestado, desde 1928, por
dirigiram para o Brasil vieram principalmente oS negros e mexicanos. Os negros eram mostrados como com a finalidade de promover uma integra meio de medidas de isenção fiscal, seu pro
da Alemanha, Polônia e Rússia. Mantêm a uni grupo subalterno ao branco, executando trabalhos sempre ção econômica, social e política entre os mes pósito natalista; mas esperou o ano de 1937
dade cultural, principaimente a religião. sob as suas ordens e fiscalização. Os mexicanos eram apre mos. Foi fundado em 1957 e sua sede é em para fazer votar as medidas legislativas apro
OS HOLANDESES: apesar de terem emigra sentados como malfeitores, indolentes e bêbados.
A penetração do cinema norte-americano no mun
Bruxelas (Bélgica). priadas" (P. Renouvin e J. B. Duroselle, In
do para o Brasil desde o tempo colonial, foi re do divulgou, assim, a sua civilização e o seu modo de vida Política demográfica natalista: caracteriza-se trodução à história das relações internacio
centemente que a sua presença mais se fez sentir e com ela a ideol ogia do sucesso individual, do homem que pelo estímulo à natalidade, isto é, pelo au nais, p. 45.)
no Brasil, através de um trabalho de coloniza "se faz" por si mesmo. Mas essa ideologia oculta a exis mento da população. Como fator que ates Praieira: movimento de brasileiros (1842-1848)
ção bastante eficiente Eo caso das colônias de tência de uma sociedade de opressores e oprimidos. O va ta a política natalista do nacional-socialismo contra o monopolio português do comércio
lor do homem passou a ser medido pelo que ele aparenta
Castrolândia, no Paraná, de Não-meToque, no ser, através da acumulação de bens mater iais, e não pelo ou mesmo do fascismo, pode ser citada a le (a varejo e a atacado) na cidade de Recife.
Rio Grande do Sul, e a colônia de Holambra, que ele é.
no municipio de Moji-Mirim, no Estado de São A criançae mesmo o adulto dos países sob a área de
Paulo. infiuência norte-americana passaram a interpretar o mundo
segundo a visão fornecida pela civilização dominante. Até
hoje, se for solicitado a uma criança que desenhe um in
dio, ela o fará segundo os modelos fornecidos pelos filmes.
Desenhará o índio com a tenda cônica, o cavalo e as rou
TEXTO PARA LEITURA E pas, tal qual os indios da América do Norte. Se a ela for
perguntado o que é índio, diráque é um homem ruim, sel
DISCUSSÃO vagem e primitivo, em virtude de desconhecer o indigena
de seu pais, e de ser educada segundo a visão da classe do
A influencia norte-americana minante.
Jorge Enrique Adoum, poeta e escritor equatoriano,
umn concurso de
participou em seu país como jurado de
Data do século passado a entrada de norte-americanos contos infantis escritos por crianças de 9 a 12 anos e cita
no Brasil. Eram principalmente confederados fugidos da oque se segue: Cerca de oitenta por cento dos trabalhos
Guerra de Secessäo dos ELUA. Entretanto, nada ficou en apresentados tiveran que ser sumariamente eliminados,
tre nós desse contato, com exceção da fundação da cidade por seremn versões servis de contos de fadas ou de filmes
de Americana, no Estado de São Paulo, e da instituição de cowboy' (0 C Correio da Unesco, março 1979, p. l6.)
de ensino Mackenzie, na cidade de São Paulo. Foi apósa Segunda Guerra Mundial que se intensifl
Entretanto, diante do exito da experiência norte
cOu a penetração da cultura norte-arnericana. Isso se 1e
americana, a Constituição Republicana do Brasil de 1891 sentir nåo somente através dos filmes e seus conteúdos ldeo
120 121
CAPÍTULO 4
cientes para educar a família (defendida por Chegará um momento em que a adição de
Malthus). mais um homem não corresponderá a um au
A sujeição moral constitui a chave da teo mento proporcional de produção, ocorrendo,
ria malthusiana, pois Malthus via nela me
AS TEORIAS DEMOGRÁFICAS
a por conseguinte, um rendimento decrescente.
a
Ihor maneira de se reduzir natalidade: daí Observando o exemplo dado pela tabela
podermos caracterizar a sua teoria de anting abaixo, perceberemos mais claramente a lei dos
(FOME VERSUS CRESCIMENTO talista.
Apesar da grande repercussão e aceitação
pessoas, ela
rendimentos decrescentes.
Percebe-se que, inicialmente,o rendimen
da teoria malthusiana, por muitas to foi crescente, pois, com a introdução de mais
POPULACIONAL) apresenta pontos possíveis de serem criticados.
Quando Malthus tratou o problema de que
um homem trabalhador, obteve-se não o dobro
de produção, porém mais que o dobro (5.000 kg
a
produção de alimentos não acompanhao na
em vez de 4.000 kg).
crescimento populacional, baseou-se lei dos pe
Em seguida, porém, o rendimento se tor
rendimentos decrescen tes. Essa lei, utilizada na decrescente. Acrescentada nova dose de ho
o século XVIII, mem-trabalhador (3), obteve-se um aumento de
Apesar de ser uma teoria demográfica ela los economistas clássicos desde
A TEORIA DE MALTHUS borada no final do século XVIII, tem sido cons sustenta que o rendimento do solo não
cresce produção de 5.000 kg para 5.500 kg, mas o
em proporção à intensificação progressiva do acréscimo de produção foi de apenas 500 kg em
tantemente discutida nos dias atuais.
trabalho ou ao aumento de trabalho. relação à produção anterior. Já não se observa
Desde a Antiguidade até os dias atuais, a Malthus estabeleceu alguns princípios em um rendimento proporcional e sim um rendi
sua teoria que podem ser citados da maneira Malthus baseava-se no fato de que a área
questão do crescimento populacional e suas
re
e de terras cultiváveis é limitada, portanto é um mento decrescente.
lações com a vida social, econômica politica que se segue:
fator fixo. Assim sendo, ocorrendo um aumen A lei dos rendimentos decrescentes éváli
sempre constituiu motivo de preocupações. Des • 19 Princípio
Podemos estar certos de que, to da população (fator variável), chegar-se-ia da em certas circunstâncias, isto é, em peque
se modo, surgiram, através da história, teorias quando a população não é detida por algum a um ponto-limite onde ocorreria uma renda nas propriedades rurais, os minifúndios.
ou políticas demográficas de várias orientações obstáculo, duplica em cada vinte e cinco anos não haveria um aumento
é,
Malthus, ao se apoiar nessa lei, não deve
e tendências. Umas de orientação religiosa e ou e cresce de período em período segundouma decrescente, isto
proporcional de rendimnento da terra em rela ter levado em conta o desenvolvimento da ciên
tras de conteúdo político-econômico. progressão geométrica!" cia e da técnica aplicado à agricultura.
• 29 Princípio – ção ao aumento populacional ou em relaçãoà
Jána Antiga Grécia, Plato e Aristóteles "Os meios de subsistência, quantidade de trabalho e capital empregado. Como desenvolvimento da tecnologia agrí
estudavam a população ideal que as cidades nas circunstâncias mais favoráveis, nunca po
Para ficar mais compreensível, vamos re cola, muitas áreas tornaram-se agricultáveis,
Estado deveriam possuir. dem aumentar mais rapidamente que segun presentar a lei dos rendimentos decrescentes da afastando, assim, o temor malthusiano eapos
No Império Romano, chegou-se a estimu do uma progressão aritmética" sibilidade de ocorrência da lei dos rendimen
Cumpre lembrar que Malthus utilizou as seguinte maneira:
lar o crescimento populacional, pois a expansão Tomemos uma área de terra de dimensão tos decrescentes em todas as áreas agrícolas.
territorial do império necessitava de soldados noções de progressão geométrica e progressão igual a 10 ha. Essa área, não se alterando, cons Não considerou, também, que à medida
para as conquistas. Assim, o governo incenti aritmética apenas para ilustrar o seu pensamen o
fator fixo (que Malthus consi que uma população melhora suas condições de
vava o casamento e a procriação. Tal atitude to. Ele sabia que a relação entre o aumento de titui chamado vida, as taxas de natalidade declinam, manten
derou como sendo uma área limitada de terras
reveste-se de um caráter político com relação população e oaumento da produção de alimen do-se em níveis baixos, como demonstram os
tos não se faria segundo uma precisão matemá cultiváveis).
à questão populacional. Introduzimos nessa área de 10 ha um ho países da Europa, do Japo, da Austrália, da
Na Idade Média, os filósofos cristos, como tica dada pelos dois tipos de progressões. e
mem, que cultivará a terra no primeiro ano; dois Nova Zelândia, além dos Estados Unidos do
Santo Tomás de Aquino, baseavam seus estu Destacava, em sua teoria, a tendência apre que possuem taxas de natalidade in
homens irão cultivá-la no segundo; três no ter Canadá,
dos referentes às questões populacionais no pre sentada pela população em aumentar mais de ceiro e assim por diante. feriores a 20%0
ceito bíblico de "crescei-vos e multiplicai-vos". pressa que as subsistências de que pode dispor.
Na Idade Moderna, vários pensadores dedi À
medida que Malthus verificou essa tendên
caram-se ao estudo das questões populacionais: cia, procurou também demonstrar que a mes
ma édetida por certos obstáculos. DECRESCENTES
Maquiavel (1469-1527), Jean Bodin (1530-1596), QUADRO DEMONSTRATIVO DA LEI DOS RENDIMENTOS
marquês de Mirabeau (1715-1789), Cantillon Os obstáculos ao crescimento natural da Acréscimo de produção mediante
(1680-1734) e outros. população, apontados por Malthus, podem ser Fator fixo (área Fator variável Produção em kg a adição de um fator variável
Entretanto, é na fase da denominada Es classificados em três categorias: de terra = 10 ha) (n de homens-ano) (trigo) (n de homens-ano)
cola Liberal que um economista e pastor da 1°) as epidemias, as doenças, a fome, as guer
igreja anglicana, de nome Thomas Robert Mal ras e outras calamidades; 10 ha
thus (1766-1834), publica, em 1798, seus estu 2.000 2.000
2°) as práticas viciosas de anticoncepção (con 10 ha
3.000
dos sobre o crescimento populacional e as suas denadas por Malthus, principalmente por 10 ha 5.000
S00
5.500
implicações na vida social e econômica, conti sua formação religiosa); 10 ha 3
5.800 300
dos no livro Ensaio sobre o princípio da po 30) a sujeição moral, isto é, o homem não deve
10 ha
5.900 100
10 ha
pulação. casar-se enquanto não tiver recursos sufi
122 123
O que existe, na realidade, não é uma pres
A
TEORIA NEOMALTHUSIANA
• Não aceitam a noção de que desenvolvimen
são da população sobre os recursos ou sobre a PODEMOS CONTINUAR COM O TIPO
terra. O problema se situa muito mais em ter to econômico seja o aumento da renda per
A exemplo da teoria malthusiana, a teoria mesma é uma mé ATUAL DE DESENVOLVIMENTO?
mos da distribuição das terras entre as pessoas capita, pois se sabe que a
e também no tipo de agricultura desenvolvida.
neomalthusiana também propc o controle da dia aritmética e, assim sendo, não retrata
as
Alguns tecnocratas e políticos ingênuos dizem
natalidade Enquanto Malthus falava em suje. reais condições de renda da população
segun que os problemas ambientais podem ser resolvidos
Muitos países ainda destinam grande par ção moral para a diminuição da natalidade, os que desenvol quando as necessidades básicas dos pobres forem
te de suas terras àcultura de exportação e pou do as classes sociais. Entendem atendidas. Quase todos os problemas ambientais
neomalthusianos propõem o controle da nata vimento econômico um
é processo bern mais
cas terras às culturas que constituem a base de mundiais podem ser atribuídos ao superconsumo
lidade por meio dos diversOs processos de an amplo, que consiste em mudanças sociaise dos ricos, não ao subconsumo dos pobres. Esses tec
alimentação da população.
Logo, o problema é muito mais de estrutu ticoncepção. mentajs de uma população. nocratas revelam lamentável incompreenso dos
teoria neomalthusiana apareceu com
A
problemas da pobreza. Muitos pobres de hoje não
ra fundiária e de tipo de agricultura realizada. eram pobres há 100 anos e viviam em harmonia com
grande vigor após a Segunda Guerra Mundial,
Enquanto no minifúndio se verifica a lei Procuram mostrar que neomalthusianismo
• o a natureza.
como decorrência da necessidade de uma res sociais, desejo
interesses de classes Até a definição de "desenvolvimento" foi de
dos rendimentos decrescentes, no latifúndio se posta às inquietações de um mundo dividido
esconde
turpada. Em vez de ser definido como um proces
verifica a baixa utilização da terra e o desper sas de controlar a natalidade. Por quê? Em em
em países ricos e países pobres. em que so peloqual pessoas, comunidades e nações
dício da mesma. virtude de a economia, nos moldes suma, todas as camadas sociais se tornam cada
A fome de muitas populações advém des estáorganizada, satisfazer aos interesses de vez mais estáveis, exercendo controle cada vez maior
sa situaço e não do crescimento populacional. A argumentação neomalthusiana pode ser certos grupos econômicos (tanto nacionais sobre seu destino, desenvolvimento é agora defini
ser
resumida nos seguintes itens: como estrangeiros), o nível de insatisfação da do como sendo quase uma espécie de produtoa
São fatores sociais, políticos e econômicos que obtido mediante o crescimento econômico. Desen
melhor explicam o problema, conforme estu sociedade tende a aumentar à medida que volvimento não pode ser equacionado
r
com consu
crescimento demográfico acelerado
O
ocorre um acentuado crescimento populacio
daremos no texto para leitura e discussão no fi mo e produção crescentes de bens materiaismas
dificultao desenvolvimento econômico. nal. Lembram, ainda, que é interessante
pa
essa é a definição prática de desenvolvimento que
nal do capítulo. As grandes taxas de natalidade formam ra o sistema capitalista, isto é, para a classe vigora em todo o mundo. Essa definição traz
a mar
uma população jovem numerosa. ca da cultura de consumo que se está criando.
Milhões de seres humanos no Terceiro Mun dominante, a existência de maior oferta de Se a definição de desenvolvimento como pro
do pagam um pesado tributo anualem mortes, -A população jovem numerosa exige mão-de-obra que a procura pela mesma, pois cesso para maior estabilidade en todos os níveis
so

doenças, carências diversas -à fome eàdesnutri grandes investimentos em escolas, hos tal situação gera salários baixos paraa classe ciais, inclusive no do indivíduo e no da comunidade,
ção. A subalimentação (menos de 2 mil calorias/dia) pitais e em outros investimentos demo trabalhadora, situação essa vantajosa para os
se
for aceita, então os países ditos desenvolvidos sub
afeta 28o da população da Ásia, 25% da África, gráficos ou sociais, sacrificando os massa desenvolveram em ritmo mais rápidosuas
de

donos do capital. Entretanto, quandoa em muito os recursos


13% da América Latina. Segundo a Organização escassos recursos de capitais de muitos cresce de um certo mandas havendo ultrapassado
de desempregados além
Mundial da Saúde, 17 milhões de crianças de me de seu ambiente do que os paises em desenvolvi
limite, os descontentamentos e a miséria
au
nos de cinco anos morrem a cada ano, a maioria paises. mento e estão propagando um processo econômi
nos países em desenvolvimento; 15 milhões dessas A necessidade de um país realizar gran mentam, constituindo uma ameaça para a or co que está subdesenvolvendo o Terceiro Mundo
crianças escapariam se se beneficiassem das con des investimentos demográficos para dem social estabelecida pela classe dominante. também.
dições alimentares e das precauções sanitárias que atender o grande crescimento popula Daí se explica o porquê da proposta do contro (Anil Agarwal, Desenvolver sem destruir,
vigoram nos países industrializados. O Correio da Unesco, ano 10, n. 10/11,
Como pode nossa triunfante civilização tec cional diminui a possibilidade desse le da natalidade pela teoria neomalthusiana.
país em aumentar os investimentos pro out./nov. 1982, p. 24-5.)
nológica permitir tal "escândalo", essa "'situação
limite na qual a história coloca a humanidade", no dutivos (transportes, energia, siderur • Existem interesses de grupos fabricantes de
dizer do diretor-geral da Unesco, Amadou-Mahtar gia, indústrias em geral), dificultando, pílulas anticoncepcionais, juntamente com
MBow? Um escândalo: as reservas mundiais são
assim, o seu desenvolvimento. alguns governos de países desenvolvidos, em
suficientes para garantir a todos 3 mil calorias e 65
controlar a natalidade de muitos povos. Isso OS REFORMISTAS
gramas de proteínas por dia, ou seja, mais do míni -A população sendo numerosa emodes os in
mo necessário a uma vida normal. Por que isso não vestimentos produtivos sendo implica maior venda dos laboratórios farma neo
acontece? Pela simples razão de que 43 % dessas re tos, a renda per capita da população cêuticos que comercializam as pílulas ou os Os reformistas contrapõem-se à teoria
malthusiana. Não acreditam que o grande cres
s
Servas de cereais torna-se baixa; o país não se desenvolve.
consumidas pelo gado (essen ingredientes para a sua fabricação.
cialmente nos países ricos, para satisfazer seu
consumo exagerado de proteinas animais). E gran Sendo a renda per capita o quociente da cimento populacional sejaa causa da situação
de número de países que passan fome exportam ali divisão da renda nacional pelo contin Ao lado de tudo isso, entretanto, não po precária em que vivem muitas coletividades hu
mentos para consumo de gente populacional, para que a renda manas. Para eles, a situação de pobreza de mui
de.pessoas e
animais dos demos esquecer que existem pessoas que abra
países ricos. Um dos muitos problemas de saúde é aumente, há necessidade de se diminuir çam movimentos de controle da natalidade com tos paises éque seria a causa do grande cresci
decorrente justanmente da superalimentação. a população. Para tanto, há necessida objetivos de boa fé e interessadas em melhorar mento demográfico.
Pode-se justificar um modelo de desenvolvi A partir dessa tese, oS reformistas propõem
de do controle da natalid ade. as condições de vida de bilhões de seres huma
mento que leva a tais extremos, modelo baseado no
superconsumo da minoria rica e que agrava a po nos. Entretanto, não podemos ser ingênuos ou necessidade de reformas sociais e econômi
cas. Estas tornariam possíveis a adequação dos
breza dos pobres, leva à marginalização dos povos
A argumentação neomalthusiana é refuta omissos frente à realidade; infelizmente, os in
do Terceiro Mundo eàcxploração predatória de nos teresses individuais sufocam os interesses co fatores de produção à realidade demográfica.
sO ambiente? da por muitos economistas, sociólogos e outros Além disso, as mnudanças sociais e econô
especialistas, principalmente do Terceiro Mun letivos; e verifica-se que não éapopulação que
(Extraído de O Correio da Unesco, ano 10,
tem que se adaptar à economia e sim esta à po micas possibilitariam uma melhor distribuiçãO
n. 10/11, out./nov. 1982.) do. As divergências podem ser resumidas da
pulação. dos recursos e a elevação do nível de vida.
forma que se segue:
125
124
Ocorrendo a elevação do nível de vida, ha
,
realizar a unificação política conseqüente.
veria a diminuição das taxas de natalidade. Pro mente, formar um mercado nacional depois de O IMPERIALISMO NA ÁSIA NO FIM Do SÉCULO XIX
Cessar-se-ia, portanto, um controle espontâneo 1870. Compreende-se, assim, o atraso da indus.
ou natural do crescimento populacional. trialização, no século XIX, de muitos países eu. TUROUESTAO CORÉIA
ropeus em relação à Inglaterra. AFEGANISTAO ASIA JAPÃO
Numa primeira fase, o mercado nacional
A TESE DO GRANDE MERCADO foi o fator necessário para que ocorresse a in TIBET CHINA
dustrialização. Mas, diante da disputa pela li-.
DE CONSUMO derança da economia e da vida política mundial Diu (Port.) INDIA
Chanderpagore (Fr.)
FORMOSA
que se travouentre as potências européias, os OCEANO
Para a explicação dessa tese, há a necessi paises industriais reconheceram a necessidade
Damão
(Port.)
anzon SIAO INDOCHINA
dade de recorrermos à História. de ampliar o mercado de consum0, como con Goa (Port.)e
Mahe
Pondichéry
(FrJeKari kal (Fr.)
(Fr.))g FILIPINAS
PACIFICO
A Revolução Industrial da Inglaterra, ini dição necessária para aumentar a sua produ
ciada emn 1750, foi possivel de ser realizada, en ção industrial. E a fase do imperialismo do BORNÉU
NOVA GUINE
tre outros fatores, pelo fato desse pais possuir século XIX. JAVA
um mercado nacional consumidor em virtude A formação de colônias na África, na Ásia, OCEANO
de sua unidade politica. ou mesmo a formação de áreas de influência
Enquanto isso, a Alemanha, a Itália, a Po por parte de nações européias no século passa NDICO
OCEANIA
lônia e outros paises europeus desejavam fazer do e atual, foi fator fundamental para que se
a sua unificação politica, por causa do reconhe estruturasse uma economia de escala (econo
cido papel que desempenha, na industrializa mia de grande produção de bens e serviços) para POSSESSÕES
AUSTRALIA
ção, a existência de um mercado para absorver muitas nações européias e também para os Es Norte-americanas

a produção. Esses paises somente conseguiram tados Unidos e o Japão. Holandesas


NOVA
Francesas ZELNDIA
O IMPERIALISMO EUROPEU NA Japonesas TASMÂNIA
ÁFRICA
Túnis NO FIM DO SÉCULO XIX
Tânger Inglesas
Madeira Argel
Tripoli
Alems
Canárias Cairo
Argélia
RIO DO OURO Libia EGITO

Mauritânia Os países industriais da Europa sabiam que


O processo de europeização das colônias afri não podiam apenas depender de seu mercado
Sudão canas, asiáticas e americanas realizou-se de diferen
Cabo Toribuctu
Gec Anglo-e-egipcio
tes formas. Inicialmente, promoveu-se em algumnas interno para estabelecerem uma economia de
Verde Cartum
áreas a destribalização de povos. Depois, introdu escala e lucrarem mais, pois as suas populações
AOES ziram-se valores, hábitos ou costumes europeus de eram numericamente reduzidas.
Adis Abeba e
SERRA LEOA
LagosCAMARO
ABISSÍNIA
consumo. Em seguida, como na Africa, em socie Assim, o grande surto industrial e o gran
Lorne
dades que se dedicavam à atividade de subsistência de desenvolvimento alcançado por muitos paí
Somália não-monetária, introduziu-se o trabalhoo assalariado ses somente foram possíveis de serem realizados
Principe
Nairóbi
e instituíram-se impostos por família ou por caba
Sio Tomé à custa
da população dos países subdesenvol
Mogadíscio na. Quando alguém se negava a pagar os impostos,
Congo Belga os "administradores" ingleses realizavam prisões ou vidos e das colôniasepossessões formadas nes
Ascensão Africa Zanzibar queima de cabanas em expedições punitivas de co sa fase do imperialismo. Isso ocorreu não só por
COLONIAS
Oriental leta de impostos. Para pagar os impostos, os nati causa do fornecimento de matérias-primas a
Luande OCEANO vos tinham que trabalhar para o colonizador, como
Francesas 0CEANO INDICO assalariados, abandonando sua organização eco preços baixos para os países industriais, mas
ATLANTICO Angola
Britänicas nômica primitiva não-monetária. Diante da resis principalmente em virtude de os países subde
tência de muitos povos àaceitação do novo modo senvolvidos representarem um mercado de
Portuguesas Santa Helens de vida, a administração colonial estabelecia leis de compra dos produtos industriais dos países de
repressão àvagabundagem, pois todos precisavam
Belgas
Madagascar tornar-se assalariados e formar um mercado de con senvolvidos, permitindo, assim, que estes últi
mos pudessem realizar uma industrializaçãoa
Alernãs

Italianas
so nos moldes dos interesses do capitalismo do
XIX. partir da absorção desses mercados.
O momento histórico atualé outro. Hoje,
(Melhem Adas, Geografia da América, p. 210.)
Espanholas Cabo os países subdesenvolvidos não vão
repetir a

126 127
história dos desenvolvidos ou o modo como eles de ao pagamento de um salário míni.
se desenvolveram. Eles necessitam mo vigente na poca, aos sament0, para
a melhoria das terras, que eramn de
voltar-se pa pais, quando proprie- ou dá-se maior atenção a uma agricultura muito
mais pa
ra si mesmos, isto é desenvolver seu mercado dade comum da aldeia. Hoje, no entanto, com o desman ra servir de exportação do que para atender ao mercado
interno de consumo. do nascimento de um filho. telamento da organização social originaleaintrodução de€ interno. Em vista disso, ocorre escassez de alimentos bási
a
Se política demográfica brasilcira fosse hábitos, costumes e valores do colonizador, Bangladesh cos para o mercado interno ou o seu precoé tão elevado
Para um pais alcançar altos índices de in antinatalista ou neomalthusiana, não haveria um dos palses mais pobres do mundo, com gravíssimos pro que dificulta a sua
a

aquisição por grande parte da popula


dustrialização, precisa possuir, na atualidade, esses incentivos à entre eles a fome.
natalidade, c as declarações: blemas sociais, ção de baixa renda.
um grande mercado de consumo, isto é, uma 0 subaproveitamenlo da terra ou do espaço agrlcola, Quanto à estrutura fundiária, isto é, onúmero e o ta
oficiais mudariam de orientação. no mundo, também contribui para a existência da fome;
população numerosa. No entanto, cumpre lem apenas 0,5 hectare (5.000 m)écultivado por habitante, no
manho das propriedades rurais e sua distribuição segun
do as dimensões, ocorrem também violentos contrastes, oS
brar quea existência de uma população nume mundo, quando existe uma disponibilidade de 1,6 ha/hab., quais são causadores da fome.
rosa é apenas uma condição necessária, mas sem considerar áreas que, com o emprego de técnicas ade
TEXTO PARA LEITURA E
quadas, podem produzir de forma satisfatória. No Brasil,
Um exemplo de estrutura fundiária injusta éa da
não suficiente, para a industrialização e o de a relação entre hectares cultivados e habitante é muito bai
América Latina e do Brasil, conforme podemos observar
senvolvimento econômico. Outros fatores são DISCUSSÃO xa, pois apenas cerca de 0,4 hectare é cultivado por cada
nas tabelas abaixo.
Várias observações podem ser feitas a partir dessas
necessários como, por exempla, reformas sociais. habitante, enquanto a disponibilidade é superior a 4 hec tabelas:
Para os países de grande população, exis Fome e crescimento populacional tares por habitante. E, no entanto, milhões de brasileiros • Existe uma predominância nítida do minifúndio ou da
tem perspectivas mais favoráveis que outros paí são subnutridos e vivem em péssimas condições de exis pequenaa propriedade rural na América Latina. Note que
ses de população reduzida não poSsuem. É
bastantecomum dizer-se que o crescimento popu tência. 74,4o dos proprietários rurais possuem apenas 2,9o do
Os problemas decorrentes da inadequada utilização total da área ocupada pelos estabelecimentos rurais. Mui
Conclui-se, deste modo, que não se pode lacional éresponsável pela existência fome.
da Essa vergo da terra também pesam de forma considerável na explica tos desses estabelecimentos, pela própria exigüidade da
desprezar a grande vantagem que as dimensões nha da humanidade não tem a sua causa no ção da fome. Os países subdesenvolvidos têm, geralmen
crescimnento terra, não são suficientes para atender as necessidades
eo crescimento de uma população oferecem ao populacional ou, como pretendem alguns, nas adversida te, um passado colonial, isto é, foram colônias. Dentro da
des do clima e do solo. Claro que para básicas de quen nela trabalha, no caso, o grupo fami
desenvolvimento econômico. muitas pessoas que atual ordem econômica mundial, a maioria desses pafses liar. Assim sendg, no minifúndio, verifica-se o desperdí
têm maior responsabilidade ho problema apesar de to não conseguiu livrar-se do colonialismo econômico que ain cic do recurso mão-deobra, agravado por uma produção,
Assim se constitui a argumentação básica dos nós termos-é uma posição bastante cômoda, da predomina nas relações internacionais. As suas econo como já foiressaltado, que nãoé suficiente para atender
da tese do grande mercado de consumo, sendo serve para oculta as verdadeiras causas, a qual
responsabilizar mias ainda estão voltadas para o exterior, isto é, estruturadas as necessidades alimentares da família.
uma orientação que pode aplicar-se ao Brasil, o crescimento populacional, as adversidades de forma a atender as necessidades do mercado externo (co • Observe que, no outro extremo da tabela, apenas 1,2%
do clima e do
em vista de seu grande contingente solo por tal problema. mo no passado) em prejuízo do mercado interno. Assim, dos proprietários rurais, na América Latina, detêm 70,6%
popula Entretanto, numa análise mais detalhada, chega-se a utilização
da terra nos palses subdesenvolvidos de pas da área ocupada pelos estabelecimentos. uma enorme
cional. à triste constatação de que a fome éuma criação humana. sado colonial é comandada pelo exterior, isto é, pratica-se concentração de terras nas mãos de poucos. Essas terras
Pode também essa tese ser caracterizada de Ela existe e maltrata bilhões de seres humanos e, princi
reformista. Ao mesmo tempo em que analisa palmente, as crianças, porque ao se organizarem em so
as implicações de uma população numerosa e ciedade, os homens criaram uma desigualdade entre si. De
um lado, uma minoria de proprietários A ESTRUTURA FUNDIÁRIA NA AMÉRICA LATINA
de seu crescimento sobre a economia, ela tam de riquezas e de
outro, a grande maioria despojada das mesmas.
bém propõe mudanças sociais e econômicas. os
Entre vários fatores que explicam a existência da Categorias dimensionais ooudos estabelecimentos o sobre o total da
fome, podem-se citar: o processo de colonização implan dos proprietários
área ocupada pelos
das propriedades estabelecimentos
tado pelo coloniador, o subaproveitamento da terra ou
A POLÍTICA DEMOoGRÁFICA do espaço agrlcola, a inadequada utilização da terra e a
existência de estruturas fundiárias defeituosas. De a 20 ha
1
74,4 2,9
BRASILEIRA Oprocesso de colonização implantado pelo europeu,
na América, África e Ásia, conduziua uma De 21 a 100 ha 18,0 6,8
desarticula De 101 a 1.000 ha 6,4 19,7
ção da vida original de seus habitantes com graves conse
Oficialmente, o Brasil sempre se colocou qüências. Alteraram profundamente a organizaço social Mais 'de 1.000 ha 1,2 70,6
numa posição contrária ao original, impondo uma nova opor
sianismo.
neomalthu a
eastëncia de uma classe de
o,
tendoj
s(o coloniz
e de explorados (os Fonte: Cepal, 1979.
A política demográfica brasileira sempre nativos). Os primeiros passaram a ex
plorar a terra e tudo aquilo que ela pudesse oferecer para
foi natalista ou populacionista. os
atender interesses da burguesia e do Estado metropoli
Para provar tal posição, basta analisarmos: tano, além de escravizar os nativos e explorar a sua
força
-
A ESTRUTURA FUNDIÁRIA NO BRASIL 1980
As declarações oficiais dos vários go de trabalho. Implantaram grandes propriedades agrícolas
vernos do Brasil. Sernpre se com produção destinada àexportação, Total da área
falou na ne gerando, por con
seguinte, um desequilfbrio na produção de subsistência, Categorias dimensionais Estabelecimentos ou ocupada pelos
cessidade de povoar o território, tanto inaugurando, dessa forma, problemas de subnutrição e fo proprietários
dos estabelecimentos estabelecimentos
do ponto de vista de segurança nacio me. Se, antes, a população nativa
produzia paraa sua sub
nal como também no que diz respeito sistência, isto é,
para alimentar-se, com a chegada
do 2,4%
ao aproveitarmento dos recursos conquistador, a produção foi colocada a serviço do capl Menos de 10 ha 50,40
naturais. talismo, destinando-se à exportação através 39,0% 17,4%
A legislação trabalhista. A existência do de grandes la De 10 a menos de 100 ha
tifúndios ou exploração de minas.
o

salário-família (5% do salário mínimo De 100 a menos de 1.000 ha 9,4% 34,4%


Sabe-se, por exemplo, que em Bangladesh (hoje um
por filho menor), pago mensalmente ao dos países em que; c
Mais de 1.000 ha 1,2% 45,8%
trabalhador que recolhe aposentadoria. fome), antes de ingleses parcela
os da população padece de
introduzirema propriedade par
O auxíio à maternidade, que correspon ticular ou privada, em 1793, era hábitoa comunidade se
Fonte: Anuário Estatistico do Brasil, 1982, IBGE.
associar para a realização de obras de irrigação e de repre
128 129
CAPÍTULO 5
formam, geralmente, os latifúndios, muitos deles suba
proveitados e até mesmo inaproveitados, à espera, muitas
utilizadas pela soja e cana-de-açúcar, como apontado
Fernando Homem de Mello, cm Oproblema alimentarno n
vezes, de sua valorização, ou são utilizados, principal Brasil, p. 196, em relação ao Estado de São Paulo: "Ho
mente, por lavouras de exportação. Presos ainda a uma São Pauloéum Estado relativamcnte pouco importan
na produção de alimentos; está tendendo a ficar maie
herança colonial, os países latino-americanos são for
necedores de matérias-primas ou produtos alimentares
para o exterior (café, cacau, algodãg, cana-de-açcar, ta
pecializado em algumas culturas de cxportação c na cana.
de-açúcar, cujo mercado principal passará a ser o álcoot
MOBILIDADE ESPACIAL EA
A

e nâo o açúcar, graças aos objetivos de producão do


baco, frutas tropicais e outros) em prejuizo de sua agri
cultura de subsistência, que visa atender as necessidades
alimentares de suas populações.
Proálcool".
São esses fatos, portanto, decorrentes da ação humana
DISTRIBUIÇÃO TERRITORIAL DA
na organização da atividadc cconômica, quc contribuem
Grandes empresas estrangeiras operam no setor agri
cola dos países da América Latina. Sâo possujdoras dass

melhores terras e dedicam-se à agricultura de exportaçãa,


de forma brutal para a cxistência da fome.
No mundo atual, cerca de metade da população in. POPULAÇÃO NOBRASIL
utilizando a mão-deobra barata dos nacionais, seja de pe fantil, com menos de 6 anos, apresenta sintomas de des.
quenos camponeses ou de trabalhadores temporários que vi nutrição grave, moderada ou leve. Calcula-se, também, que
vem em estado de miséria. É esse ò caso, por exempla, da mais de 2 bilhões de seres humanos sofrem de desnutricão
United Fruit Company, que opera em vários paises da Amé sendo na maioria crianças.
rica Latina, como no Equador, onde possui grandes pro Segundo dados da Organização das Nações Unidas.
tuem exemplos de como os fatores históricos
priedades dedicadas ao plantio e à exportação de banana. "se os gastos militares fossem canalizados para atividades MARCHA DO POVOAMENTO
A

No Brasil, a estrutura fundiária também demonstra pacificas o mundo seria diferente; em 1980, os gastos mili E OS MOVIMENTOS INTERNOS influíram na ocupação do espaço.
a grande concentração de terras nas mãos de uma
mino
tares mundiais foram de 500 bilhões de dólares, ou seja. Opovoamento do território brasileiro se fez
ria. As grandes propriedades no Brasil tambm estão mui aproximadamente 10 dólares por cada grupo de homem, MIGRATORIOS NO BRASIL baseado na formação de áreas de atração de po
to mais voltadas para a produção de gëneros de exportação, mulher e criança do mundo' pulação e de dreas de repulsão.
incentivadas por estimulos governamentais. Desse modo, Percebe-se, assim, após essas considerações, que a fo As áreas de atração são aquelas que ofere
tem-se observado uma contração de áreas ocupadas ou uti me não éo resultado do crescimento populacional. Ela é
As áreas de atração e de repulsão de cem para os homens melhores perspectivas ou
lizadas por arroz, feijãa, milhoe uma ampliação das áreas fruto de conjunturas econômicas defeituosas. população como fatores de explicação possibilidades econômicas, atraindo a popula
das migrações internas e do povoamen ção para a sua área de influência e passando
to do território brasileiro a ser, num dado momento, as mais povoadas.
VOCABULÁRIO Nordeste no período colonial,
Eo caso do
Agricultável: que se pode cultivar. Latifündio: grande domínio privado de terra, A distribuição espacial da população é co quando do apogeu da atividade açucareira, ou
Anglicano: pertencente ao anglicanismo, Igreja mandada por fatores tanto de ordem natural da Regio Sudeste na atualidade.
geralmente explorada por um sóproprietá As áreas de repulsão, como diz o próprio
como de ordem histórica,
oficial da Inglaterra desde Henrique VIII rio e que utiliza mão-de-obra mediante sa nome, so aquelas que impelem os homens a
(1491-1547). lário baixo. Há latifúndios que são grandes Para muitos povos, as condições naturais,
a exemplo do clima, relevo, solo, vegetação e hi se deslocarem para outras åreas, principalmente
Escola Liberal: assenta-se sobre três princípios: empresas rurais (veremos o seu conceito no as de atração. Muitas zonas do Nordeste brasi
"19) Existe no domínio econômico uma or Brasil no capítulo sobre agricultura). drografia, exercem um papel condicionante de
sua distribuição pelo espaço. leiro, da região sul de Minas Gerais são, nos dias
dem natural que tende a estabelecer-se es
pontaneamente, contanto que os indivíduos Minifúndio (ver também Latifúndio): estabe Todavia, a partir do momento em que uma atuais, típicos exemplos de áreas de repulsão de
fiquem livres para agir, inspirando-se nos lecimentos rurais incapazes, pela sua dimen população desenvolve as suas forças produti população.
seus próprios interesses. 2°) Essa ordem na são, de ocupar a força de trabalho de uma Vas, o papel dos fatores naturais como condi Opovoamento do território brasileiro se fez
tural é a melhor, a mais capaz de assegurar família e proporcionar um salário mínimo cionantes da distribuição dos homens à superfi através de várias fases. Cada uma das fases se
a prosperidade das nações: é muito superior vital. cie da terra tende a diminui. desenvolveu em circunstâncias históricas bem
os
atodas as coordenações artificiais que se po Renda nacional: a renda nacional é a soma de Assim sendo, basta possuirmos uma ava características ou definidas. Desse modo,
durante um
deriam obter com a ajuda de leis humanas. todas as rendas auferidas durante um deter liação quantitativa e qualitativa das forças pro movimentos internos migratórios,
3°) Não háantagonismo, mas harmonia en minado período de tempo pelos membros de dutivas de uma dada sociedade para sabermos longo período de nossa história, quase sempre
tre os interesses individuais, eo interesse ge uma naço. Inclui-se, como renda percebi o grau de dominação ou de submisso dessa so se processaram movidos pelos deslocamentos
ral concorda, igualmente, com os interesses da, o salário, aluguel, lucro, juros, além da ciedade em relação ao meio físico. dos centros econômicos do pais, comandados
individuais. Esta harmonia econômica for renda auferida por aqueles que trabalham Ao lado dos fatores naturais, os fatores de pelo exterior.
ma a própria essência da ordem natural!" por conta própria, como o artesão, o escri ordem histórica influem consideravelmente na Cumpre lembrar que, segundo as necessi
(Henri Guitton, Economia polltica, v. 1, p. tor e outros. distribuiço da população pelo espaço. dades do mercado externo, em determinados que,
47.) Renda per capita: éo quociente da divisão da Entre os fatores de ordem histórica, aque produtos tropicais, surgiam áreas no Brasil
Fatores de produção: terra, trabalho e capital renda nacional pelo número de habitantes les ligados principalmente à vida material éque respondendo às solicitações do exterior, trans
(admite-se também a administração como de um dado país (ver Renda naciona). comandam, ou melhor, explicam os desloca formavam-se em áreas de atração populacio
um fator de produção). mentos dos contingentes populacionais. nal (cana-de-açúcar, tabaco, algodão, café,
Thabalho: éo conjunto de energia física e men
Imperialismo: política de expansão e domínio tal (força de trabalho) aplicada à produçáo A história das imigrações para o Brasil, os borracha etc).
territorial e econômico de uma nação sobre movimentos internos migratórios e a marcha medida que ocorria a substituição de
de mercadorias e serviços para uso próprio uma área de atração por outra, apareciam áreas
outras. ou alheio. do povoamento do território brasileiro consti
131
130
de repulsãocom todos os seus inconvenientes Numa primeira fase do povoamento do mente através de deslocamentos de população,
Brasil, que corresponde ao início da coloniza GADO,
e
de dificil recuperação, pelas próprias circuns AREAS DE DOMINIO DO ACUCAR, DO
MINERACAO E DIREÇAo GERAL DAS não só do planalto paulista, mas também do
tâncias de dependência da economia brasileira ção, ocorreu a ocupação inicial de trechos do BANDEIRAS PAULISTAS (SEC. XV, XVII XV)
Nordeste açucareiro e da Bahia, nos séculos
em relação ao exterior. Essa dependência ge litoral e posteriormente o estabelecimento da XVIbe XVIII.
rou, desde o passado, graves desequilíbrios so agroindustria canavieira no Nordeste. O deslocamento da economia do Nordes
Em virtude das condições favoráveis, co te para Minas Gerais implicou também
o des
ciais, políticos e econômicos entre as várias
regiões do Brasil, possibilitando até o apareci mo o clima, o solo eamaior proximidade com locamento do centro políticO-administrativo da
metrópole, a cultura canavicira se fixou na Zo.
a

mento de uma verdadeira discriminaço poli colônia. A capital deixou de ser Salvador e pas
na da Mata nordestina. Foi nessa área que se sou a ser a cidade do Rio de Janeiro, bem mais
tica no passado quanto à aplicação de recursos
financeiros entre as várias regiões. Em vez de processou a fixação do homem, motivada não próxima da região de mineração.
se diminuir os desequilíbrios regionais, através somente pela atividade açucareira, mas também
de uma política isenta de discriminação regio por atividades que visavam abastecer a popu
Principais áreas MARCHA DO POVOAMENTO
nal no que diz respeito à aplicação de recursos lação do engenho. A
de mineração A URBANIZAÇÃO- SECULO XVIII
financeiros, foi dada ênfase a grandes inversões Assim, o povoamento nesse período inicial Area de criação de
de capital nas áreas de atração populacional. da colonização extavasou a área de plantio e gado bovino

Diante disso, as disparidades regionais foram de industrialização da cana, alcançando o Area de produção de 7BELEMA.SAO LUIS

se acentuando através da história, pois o desen acúcar


Agreste e o Sertão nordestino. A pecuária foj Area de criação
OEIRAS
-r
volvimento não se propaga de maneira difusa a atividade responsável pela penetração do po de muares PARAIBA
e uniforme pelo espaço. Tal fato acabou for voamento mais para o interior e prosperou em &OLINDA
Cultura do tabaco
mando um Brasil de arquipelágos econômicos, vista de a população do engenho representar SALVADOR
Direção geral das Bandeiras
isto éde áreas de economia moderna ao lado um mercado garantido de consumo de carne e
Paulistas
de áreas de economia arcaica e de baixo nível COuro.
MARIANA12
de vida. Conforme Raul de Andrade e Silva, a Evolução econômi
Portanto, a história do Brasil quanto ao po ca, in Brasil, a terra e o homem, 1970, v. 2. CIDADES e Vilas S CABO FRIO
RIO DE JANEIRO
Voamento se fez não só baseada na sucessão de Areas provavelmente
SAO PAULO 1711

formação de áreas de atração de populaço, AMARCHA DO PovOAMENTO


nnuencila das
Cidadese Vilas
mas também na sucesso de formação de áreas –
EA URBANIZAÇO SÉCULO XVI Além da cana-de-açúcar e da criação de ga
Areas conhecidas e
de repulsão. do, a cultura do tabaco incentivou o povoamen povoadas de maneira

Em nossos dias, diante de um intenso êxO to do Recôncavo Baiano, nos séculos XVII e tl
nenhuma Viia ou
do rural, provocado, entre outros fatores, por XVIII. Cidade

problemas no campo, muitas cidades sofrem o Conforme Pasquale Petrone, Povoamento e colonização,
peso de uma pressão populacional, não conse terraeo homem, 1970, v. 2.
in Brasil, a
guindo dotar as suas populações de uma infra A mineração e a formação de áreas
Natat
estrutura urbana satisfatória. O problema se de atração de população
agrava a cada dia ou ano, diante da precária si Olinda T537

Com o declínio da atividade açucareira, em


A
migração para São Paulo em busca de
tuação social e econômica do país, pois as áreas Sio Cris toyão

virtude principalmente da concorrência das solos férteis para a agricultura com a


de repulsão continuam repelindo homens, mu SAUADOR
decadência da atividade mineradora
Iheres e crianças para as áreas de atração. Shus534 plantações das Antilhas e do aparecimento da
A questão estáem se resolver os problemas mineração, a área de atração populacional se
causadores da repulsão da população na sua
535
deslocou para Minas Gerais e regiões de Mato A fase áurea da mineração começou a de
própria área, procurando, portanto, transfor ANTICO Grosso e Goiás nos séculos XVIl e XVII. clinar quando ocorreu o esgotamento dos
má-la em área de melhores condições de vida, Enquanto Minas Gerais se tornou uma aluviões.
sem as brutais desigualdades sociais que se ve área de atração populacional, principalmente A alternativa encontrada por muitas popu
rificam entre os homens. RIO DE
ANEIRO
na primeira metade do século XVIII, o Nordes lações das zonas de mineração, diante da deca
dência desta atividade, foi a prática da agri
1565
te passou à condição de área de repulsão, for
necendo contingentes populacionais para Mi cultura.
nas Gerais e sua área de influência. Exigindo bons solos para o seu desenvolvi
A marcha do povoamento no Brasil e as
CIDADESe Vilas
Areas orovsvelne.te sob Data dessa época a formação de núcleos mento, a agricultura, na sua marcha de ocupa
migrações internas através da história
inliuenc das Cidades VIa de origem mineradora, concentrando-se neles ção de terras, impeliu populações a migrarem.
ms ao netuna Vils ou Cidade grandes parcelas da população da colônia. Amigração interna nesse período, em bus
A formação de áreas de atração pela ativi ca de melhores solos, conduziu muitos colonos
A agroindústria canavieira, a pecuária, o
Conforme Pasquale Petrone, Povoamento e colonização, dade mineradora explica em grande parte o in de Minas Gerais a penetrar na então capitania
tabaco e o povoamento in Brasi, a terra eo homem, 1970, v. tenso movimento interno migratório, principal de São Paulo. Muitas cidades do nordeste do
2.
132 133
A MARCHA DO ovOAMENO
A cafeicultura e aformação de dreas mesmo atingiu as famosas terras roxas do pla cultura do algodo, no Estado de São Paul0,
EA URSAN de atração de população nalto ocidental do Estado de São Paulo,
em
foi um exemplo.
1840, o fluxo migratório interno para essas A própria marcha rumo
ao oeste paulista
Noano de 1810, o café já surgia na pauta Áreas se intensificou. Também não devemos
nos esteve condicionada ao avanço das plantações
SAO LUIS de exportação do Brasil. esquecer das correntes imigratórias estrangei de algodão.
A produção de algodão, que
era de 10.000
Das proximidades do Rio de Janeiro, o ca ras para essas áreas, jáestudadas anteriormente,
avançou em direção às vertentes do vale do e
da imigração forçada de negros africanos
pa toneladas em 1931 passou a ser de 444.000 to
ANARA
f ra servir como mão-de-obra. neladas em 1936, atingindo 740.000 toneladas
Paraíba e alcançou as terras de Minas Gerajs
(Juiz de Fora). As áreas de repulsão de população nesse em 1939-40.
SALVADOR No vale do Paraíba, o café dinamizou vá período compreendiam grande parte de Minas O avanço das plantações de algodão duran
Gerais, Bahia e Nordeste. Essas áreas forneciam te o período da crise da cafeicultura possibili
bos rios povoados pertencentes às antigas rotas de
contingentes populacionais para áreas de
as ex tou o aparecimento de áreas de atração
e
CIDADES Vilas

MARANA tropeiros. A sua penetração no Estado de São populacional também na Bahia e em Minas
Areas provevel Paulo, pelo vale do Paraíba, criou nessa área pansão da cafeicultura.
CARDFRIO
JANEIRO uma típica paisagem cultural, favorecendo o A marcha do café extravasou as fronteiras Gerais.
e
do Estado de São Paulo. O café alcançou o sul
des Vilas SaD
aparecimento de fluxos migratórios.
de Mato Grosso do Sul e as férteis terras do nor
Aeas eonhecdas
heira mais qme A área do curso médio do rio Paraíba foi A extração da borracha natural e os
os
ese. ma
o centro de maior riqueza do Império. Apre te do Paraná. movimentos internos migratórios
Ce
Via
sentava caracteristicas tão peculiares, que se co Essa marcha do café foi criando condições para a Amazônia
para o deslocamento de populações em sua di
Conforme Pasquale Petrone, Povoamento e colonização, gitou, num dado momento, formar com ela
in BrasilL a terra eo homem, 1970, K 2. uma provincia à parte (província de Resende), reção, favorecido pela construção de ferrovias No mesmo periodo da grande expansão ca
e posteriormente de rodovias, até as chamadas a ex

pois suas terras compreendiam trechos de pro as -feeira, uma outra atividade econômica,
"bocas do sertão", estimulando ainda mais tração da borracha natural, atraiu contingentes
Estado de São Paulo tiveram seus núcleos ini vincias diferentes.
migrações internas, tendo como causa o avan populacionais para a sua área de ocorrência.
ciais fundados no inicio do século XIX por po Posteriormente, com o avanço do caf em ço das plantações de café.
pulações de Minas Gerais. Eo caso de Ribeirão direção à Depressão Periférica Paulista (Cam Esses contingentes populacionais eram princi
A crise do café em 1929, por causa da que palmente de nordestinos.
Preto, Franca, Descalvada, São Simão e outras. pinas), por volta de 1830, e depois quando o bra da Bolsa de Nova York, comprometeua eco A grande seca do Nordeste, da segunda me
EXPANSÃO DO CAFÉ - RJ-MG-SP-PR-MS nomia brasileira, em virtude da mesma ser tade do século XIX (1877), repeliu populações
dependente desse produto. para a Amazônia.
Iniciou-se, assim, no Brasil, nesse periodo, Grandes levas de nordestinos, na busca da
a diversificação da economia. Os capitais dis seringueira na floresta Amazônica, chegaram
Pires de Rio poníveis, existentes depois da crise de 1929, pas a atingiro extremo ocidental do território bra
saram a ser aplicados em outros setores da sileiro. Inciusive, deve-se a esses deslocamen
Nanuque
o economia e em outros tipos de cultivo. A agri tos de populações do Nordeste para a porção
MG Gov.
Valadares Sáo Mateus
ocidental do Brasil a anexação do Acre ao ter
PRINCIPAIS ÁREAS DE PRODUÇAO DE CAFE E BORRACHA
(fins do séc. XIX Iniclo
ritório brasileiro, pois antes o mesmo perten
Jales cia à Bolivia.
MS Sâo Jost Colatina No entanto, esse fluxo migratório inter
regional apresentou um decréscimo, quando a
do Rio Preto
Cachoeiro
Araçatube
da
beirão Preto do tapemlrim
Muriaé c
AiÓRIA Inglaterra colocou no mercado mundial a bor
Prex
Ararauara o
Soe Vta,
racha natural proveniente de suas colônias asiá
ticas, durante e após a Primeira Guerra (1914-18).
Nova Bndradina Bay SP RJ
Paranavaio AssiDerhos 3 Reserce A produção brasileira de borracha natural
Maringée CampigdscoBatnçu Paulista sofreu um impacto com a concorrência da bor
Avaré SAOTaubaté RIO DE
JANEIRO racha da Ásia. O interesse pela produção dimi
Londrin Sorocabe *PAULO
Umurama Campo
Santos 9Sho
oS&o Sebasti &o
Vicente
nuiu no Brasil, apresentando perspectivas bem
Mourlo diferentes daquelas existentes antes da concor
1-Vale do Paralba Fluminense e
Paulista rência asiática. Assim sendo, a importância de
2- Zona da Mata Mineira até 1850 Principala dreas
produtoras de cafá alguns trechos da Amazônia, como årea de
3-Região de
Campinas
Princlpals áreas de atração populacional, foi passageira.
de 1850a 1900
4- Centro-Oeste Paulista produçãoide borracha A Amazônia somente voltariaa atrair um
5- Norte do Paraná-Vale do Ival de 1900 a 1950
6- Sudeste do Mato Grasso do Sul certo contingente populacional bem mais tar
depois de 1950 de. Isso ocorreu durante a Segunda Guerra
Fonte: João Antonio Rodrigues,
Atlas para estudos sociais, Rio de Janeiro,
134 Técnico, 1977. Ao Livro 135
induialisaçdo poveo m arande
A
olodarodovia hansanazdnkeaede ouraero Ior exemplo, se numn determinnda regia,
evweimeto tax cidades, e extax, por sua v ovas fedleas nenn rextao e da auação euja dre de 60.000 n, vivem90 000 pes
&
do
RoaR, A pepulaqao relatlva ou densdade de:
e a
Iherat que diveritvare aiar o xeusetor Istiuto Naclonalde Coloaesçae Refoma
1970
abuxneto leune NNhn vixta da e eniario (olas, aalde tranNportes, oomde Arda INCHA), desde moraiea é caleulda do seguinte modor
INCHA erpomo
eh me de dgua, exgoo en) pata atender aN Owlano nclais
de
povoamente da Amazola por melo das
ver o
Pa 0,000
testates da erewente populaçdo
ovilas, inatalalas ae lono das odovias,
60,000
ahelevendo a uma orientaçdo governamental de entao,
aliviartesoes socials emourasregióe do pals
Bave e e Nove elrwe e
e

oumpri objetivos de "'segurança nacional"


90000
G0000
os

srattrio Nontese NI & Negil Nore tÀO na moda durante limos governosmil
aes, Panillas forn transteridas ou nmigraram Respota Pr ,5 hab./knm
No periodo de t9s6 a 196l, a inieiaiva de para varios nucleo8, vindasdasmais diferentes
o e
deslocannento da capital do pais para Brasitia ioaioes, lnretanto, plano de colonização
povoamento da Amazonia, tendo por base as Quando um pals regiao apresenta ele
o

eaonstução da rodovia BelémBrasilia to. vadas densidades demográficas, fala-se que ele
ees esNeS ram fatores que estimularam o ttuxo migrato. atrovilas, no se desenvolveu de forma satis
rio inteto para o planalto Central, tatória, pois os colonos iveram que enfrentar ebem povoado, e quando ele possul grande con
ANis a Segunda Guera Mundial & prin Atualmente, caleula se que cerva de 2,5 mi
muitas diticuldades, A partir de 1974, o gover tigente populacional, diz-se que é populoso.
no alterou a poliica de povoamento para a re Analisando a situação demográfica de al
cialente a partir da década de S0, durante Ihdes de pessoas se fixaram ao longo da rodo
oOvernode Jusoolino ubitschek, oreuum via BelèntBrasilia, aio, dando preterencia a grandes empresas se sa
guns paises do mundo, veremos que:
nem todos os pases populosos do mun
grande desevovimente industrial no Brasil agropecurias ou de mineraÇão, pois já
(Sudestel Atraves do Pograma de Metas" do bia da existência de grandes jazidas minerais do são bem povoados;
OINCRAe os movimentos internos como ada serra dos Carajás, De 1974 até os nos nem todos os pafses bem povoados sao
gOverna inicio-se uma industrialização de mignatorios sOs dias verificou-se a implantação de grandes os mais populosos.
edente isto realizada oom aintensa parti
&

cmpresas nacionais e estrangeiras na região, cu


o
ciaco capital estrangeir Como exemplos do primeiro caso, citam
jos interesses contlitam com os interesses do pe se a U.R.S.S., os B.U.A. eo Brasil. São paises
Exsa industrializaçåa que se prolonga ate Outra lase de deslocamento de população
s dias atuais, atraia população das mais dife
rentes regies do pais e do exterior.
para a Região Norte ocorreu recentemente
Tata-se das iniciativas decorrentes da constru
queno proprietário, do peão, dos posseirosedos
indigenas, cujas terras têm sido objeto da co
populosospois constituem respectivamen
te o terceiro, quarto e sexto paises de maior po
biça do grande capital. pulação domundoeno entanto sâo pouco
Omodelo de colonização recente da região povoados, pois as suas densidades demográfi
agravou, assim, o problema da luta pela terra. cas são baixas. (Vejaa primeira tabela que se
A OcUPAÇAO DA AMAZONIA
PROGRAMADA PELO INCRA Não tem atendido a objetivos sociais e sim a segue.)
grandes empresas que operam na Amazónia. No segundo caso, isto é nem todos os paises
bem povoados såo os mais populosos, desta
cam-se Mônaco, Malta, Países Baixos, Bélgi
A DISTRIBUIÇÃO DA ca, Republica Federal Alemå, Reino Unido e
POPULAÇÃO BRASILEIRA outros. (Veja a segunda tabcla que se segue.)
PELO TERRITÓRIO E SEUS Além desses fatos, existem paises de gran
CONTRASTES de extensão territorial, mas que são subpovoa
o
dos ou de baixa densidade demográfica.
É

caso de:
As densidades demográficas:
stae o ne 2,3 hab./km?
adovia
comparação entre o Brasil e
projetades
Amania Nae eiaan brencasue es acom Canadá
outros paises e a relatividade Austrália 1,6 hab./km?
Roltgae de eas coideradasparetérteis, de de seu significado Em relação ao nosso pais, podemos dizer
BaOoedo peie vere etore que o Brusilé um pais populoso, mas pouco po
egraria

Sentide das migreçbes


prosover
ue e poverne quer
Densidade demográfica ou população re voado, pois somos 119 milhões de habitantes
(1980) vivendo em 8,5 milhões de quilômetros
Areas onde oa cokoncoa lativa (Pr) éa relaço entre a população
tensbes BOCls absoluta (Pa) ea área por ela ocupada (S).
quadrados, que é a área territorial do país.
119,000.000
)
Area com 10
0s0 habitantes /(kn
Pa Essa relação (Pr 8.500.000 km? dá
Ares com menos de
t0 habitantes /kn Pr
como resultado apenas 14 hab./km?.
Fonte: revista Realidade, outubro de 1971.,
137
136
Entretanto, cumpre lembrar que a densi
DENSIDADE DEMOGRÁFICA DOS DEZ PAÍSES MAIS dade demográfica constitui apenas uma média BRASIL: DENSIDADES DEMOGRAFICAS
POPULOSOS DO MUNDO de pouco signticado. Ela não retrata efetiva POR REGIÔES 1980
mente a distribuição da população pelo espa
Densidade demográfica Classificação entre ço territorial.
Pais (hab./km) países mais populosos Em todos os países existem áreas densa
mente povoadas ao lado de áreas de baixas den
sidades. É caso, por exemplo, da China. Na
o
Bangladesh (1981)
8
604 Rogláo Norto
região de Tientsin, a densidade demográfica é
70 de 1.250 hab./km², mas no Tibete é de apenas Rogláo Nordaste
Japão (1978) 300
1
hab./km². Esse exemplo da China ocorre na
Índia (1981) 208 20 maioria dos países. Reglão
Percebe-se, assim, que o estudo da densi Centro Oeste

Paquistão (1981) 105 99 dade demográfica somente assume um real sig


nificado se realizado por regiões ou áreas, ou Hagtho Sudesté)
e
China (1979) 104 1
ainda se relacionado com a terra cultivada
com as condições naturais (relevo, clima etc.)
Nigéria (1979) 86 109 da região estudada. Região Norte
1,70 hab/km?
Reglso
A relação população e terra cultivada ou Região Nordeste
Sul

Indonésia (1980) 62 cultivável retrata melhor a realidade, pois ela 22,60 hab,/krh
nos fornece o conhecimento mais adequado da Regißo Sudeste
56,32 hab./km'
E.U.A. (1975) 14 40 situação das relações dos homens com a terra Região Sul
e dos homens entre si. 32,87 hab./km
Regiáo Centro-Oeste
Brasil (1980) 14 6
-401 hab./km

U.R.S.S. (1982) 12 39

A distribuição da população do Brasil


Fonte: Calendario Atlante De Agostini, 1983; e Guia do Terceiro Mundo, 1984-85.
pelo território (entre as grandes regiões BRASIL: DENSIDADE DEMOGRÁFICA
DA FEDERAÇAO1982
e entre as unidades da federação) fferitdno aso
de horonha wee

O
Brasil, a exemplo de outros países, pos
PAÍSES DE ELEVADA DENSIDADE DEMOGRÁFICA sui uma irregular ou desigual distribuição da
população pelo território.
Pais Densidade demográfica População absoluta
Área Como estudaremos no tópico que se segue,
(hab./km²) (km) isso decorre tanto de fatores naturais como de
AM
fatores históricos.
Mônaco (1975) 13.400 25.029 1,8 Os mapas e as tabelas que se seguem per
mitem que observemos a distribuição territo
Malta (1978) 986 311.421 316 rial da população brasileira.
MI GO

Tendo por base os dados dos mapas e ta


Países Baixos (1982) 421 14.285.829 33.940 belas, podemos realizar algumas observações:
Bélgica (1981) 323 9.863.347 30.519 •O Sudeste é a região brasileira mais populo
Sa e mais povoada, pois possui 44o da po Menos de 1 hab /km?
República Federal pulação total do país e uma densidade demo a menos de 10 hab /km?

(1980) 240 62.000.000 248.000 gráfica de 56,32 hab./km,


Alem 10 menos de 20 hab./kr?
20 a nenos de 5O hab/km?

Reino Unido (1981) 235 229.897 •O Norte é a regio menos populosa e menos 50 a menos de 100 hab /km?
54.128.000 povoada, pois possui apenas 59% da popula 100 a menos de 200 hab./km

ção brasileira e uma densidade demográfica 200a mals habJkm


Fonte: Calendario Atlante De Agostini, 1983. baixa, de apenas 1,66 hab./km².
138 139
Nas circunstâncias em que ocorreu a marcha Foi assim que em 1960-70 já estava crescendo bastante a
BRASIL: DENSIDADES DEMOGRÁFICAS DISTRIBUIÇÃO DA
do povoamento do território brasileiro, coman chegada de migrantes nas terras situadas em torno de Con
DAS GRANDES REGIÕES E UNIDADES
DA FEDERAÇÃO
POPULAÇÃO BRASILEIRA dada principalmente pelo exterior, se com ceição do Araguaia, Santana do Araguaia, São Geraldo
1980
PELAS GRANDES REGIÕES do Araguaia, Marabáe algumas outras. Entre 1950 e 1960,
preende o pouco interesse pela Região Norte e a área domunicípio de Conceição do Araguaia passara de
Grandes regiões e Densidade demográfica De cada 100 pela Região Centro-Oeste. Se essas regiões ti
unidades da federação (hab./km) 6.322 a l1.283 habitantes. De 1960 a 1970, a mesma área
Grandes População brasileiros vessem apresentado através da história uma ati passou para 38.038 habitantes, assim divididos: 28.953 no
regiðes total vivem na vidade lucrativa nos mesmos moldes da agro município de Conceição e 9.085 no de Santana do Araguaia,
Brasil 14,08 região*
indústria canavieira ou da mineração ou ainda criado na década de 60, por desmembramento do de Con
51.746.318 ceição. Contemporaneamente, criaram-se os núcleos de pos
NORTE 1,66 Sudeste 44 pesSoas da cafcicultura, a sua situação demográfica se seiros (além dos preexistentes, que se expandiram com a
Rondônia 2,02 |Nordeste 34.855.469 29 pesSoas ria outra. Enquanto o Norte manteve uma eco chegada de novos contingentes de migrantes rurais) pro
Acre 1,98 Sul 19.038.935 16 pesSoas nomia baseada no extrativismo vegetal, sem venientes de certas áreas do Nordeste, do próprio Norte e
grande assistência e sujeita às oscilações do do Centro-Sul.
Centro-Oeste 7.544.607 6 pessoas Entretanto, em escala mais ampla, tomando-se por
Amazonas 0,92 mercado externo, o Centro-Oeste tradicional base a região amazônica, foi a partir de 1970 que se inten
Roraima 0,35 Norte 5.885.536 5 pessoas mente se dedicou à pecuária extensiva. Essas sificou e generalizou a migração para o sul do Pará, o nor
2,78 |Brasil 119.070.865 100 pesSoas duas atividades, como se sabe, não atraem gran te de Goiás, o norte de Mato Grosso, os territórios do
Pará Amapá, Acre, Roraima, além de outras áreas. Estava em
des contingentes populacionais.
curso uma espécie de reforma agrária espontânea, com o
Amapá 1,26 *
Cálculos do Autor. Jáa Região Sudeste desenvolveu há muito crescente afluxo de trabalhadores rurais para as terras in
NORDESTE 22,60 Fonte: Anuário Estatistico do Brasil, 1982, 1BGE. b tempo uma economia diversificada. Formou dígenas e devolutas dessas áreas.
um setor de mercado interno e externo que pos A essa mesma época, com a criação da SUDAMedo
Maranhão 12,32 BASA, em 1966, o governo colocou à disposição de lati
sibilitou e estimulou a implantação industrial,
a urbanização e o desenvolvimento da agricul fundiários e fazendeiros estímulos e favores fiscais e cre
Piaui 8,52
Se somarmos a área territorial das regiões ditícios, politicos e econômicos, para a formação e o
tura, tornando-se a área de atração populacio crescimento de latifúndios, fazendas, ou empresas agro
Ceará 36,08 Norte e Centro-Oeste, obteremos a cifra de. nal de mais forte influência nacional.
5.460.635 km², o que equivale a 65% da área pecuárias, de extrativismo e mineração. Foi assim que se
Rio Grande do Norte 35,87 Entretanto, em vista do esgotamento da intensificou a migração de trabalhadores, empreiteiros, ge
territorial do Brasil. Nessa grande área territo rentes, técnicos, latifundiários, fazendeiros e empresários
Paraíba 49,13 disponibilidade de terra na Região Sul e na Re
rial vivem apenas 11% da população total do para diferentes áreas da Amazônia. Desse modo, em pou
gião Sudeste, essas regiões, nos últimos anos, cos anos, desde 1966, intensifica-se e generaliza-se a colo
Pernambuco 62,55 Brasil (no Norte, 5%0, eno Centro-Oeste, 6%). têm-se apresentado como focos de êxodo ru nização espontânea na região. Um elemento bastante visível
Alagoas 71,96 Percebe-se, desse modo, que as regiões citadas ral. Famílias e pessoas têm-se deslocado para desse processo foi a construção de uma extensa rede de ro
A
constituem grandes vazios demográficos. a Amazônia, dirigindo-se, principalmente, para dovias. Os próprios empresários, fazendeirose latifundiá
Fernando de Noronha 52,92
olsc rios, diretamente ou por intermédio de empreiteiros de
Rondônia (em 1970, a suapopulação era de 111 mão-de-obra (os gatos) trataram de atrair, ou buscar,
Sergipe 51,69 mil habitantes e emn 1980 elevou-se para 490 mil) Ihadores disponiveis, perto, longe ou distante. Å medida
Bahia As regiões Norte e Mato Grosso. que se iniciavarn ou expandiam os empreendimentos capi
16,92 A Região Sudeste
Centro-Oeste talistas na Amazônia, os empresários, fazendeiros e lati
SUDESTE S6,32
Quanto ao Nordeste, continua como região
de repulsão de população em direção ao Sudes fundiários tratavam de atrair para a região contingentes
de trabalhadores do exército de reserva constituído no Nor
Minas Gerais 22,98 te e à Amazônia.
deste e outras partes do Pais.
Espírito Santo 44,30 corresponde a 10o correspondem a Desde 1970, intensificou-se a execução do programa
da área do 657%da área do do Governo federal de construir rodovias na Amazônia.
Rio de Janeiro 260,96 território brasileiro território brasileiro Por razões de 'segurança interna, 'defesa nacional' ou 'se
gurança e desenvolvimento' iniciaram-se ou intensificaram
São Paulo 101,23
TEXTO PARA LEITURA E se as construções de vårias rodovias de grandes proporções.
SUL 33,87 Estas foram as principais, dentre as muitas que passaram
e afvivem 44% da e nelas vivem 11o DISCUSSÃO a
cortar erecortara geografia da região amazônica: Tran
Paraná 38,33 população total do da população total
e

samazônica, com cerca de 2.300 quilômetros de extenso;


Brasil
do Brasil Perimetral Norte, com aproximadamente 2.450 quilôme
Santa Catarina 38,03 O trabalhador rural em busca de terra tros; Cuiabá-Santarém, com cerca de 1.320; Manaus
Rio Grande do Sul 29,07 Fronteira da Venezuela, com 800; e mais de uma dezena
"A migração de trabalhadores rurais e seus familia de outras de razoável extensão. Mas essas rodovias não po
CENTR0-OESTE 4,01 Após os dados anteriores, percebe-se cla res para a região amazônica intensificou-se bastante des dem ser tomadas sempre como 'precursoras' da chegada de
Mato Grosso do Sul 3,90
ramente que o Brasil é um país de grandes con de 1970. Ela já ocorria em escala notável antes dessa data, posseiros, grileiros, latifundiários, empresários, agentes do
e
trastes quanto à distribuição de sua população SE tomarmos, por exemplo, o que vinha ocorrendo no sul poder público, igrejas e seitas, bancos outros indícios da
Mato Grosso 1,29 do Pará, desde a construção da rodovia Belém--Brasília metamorfose de "terras virgens' em roças, criações, fazen
pelo território. nos anos 1956-60. Ao construir-se essa rodovia e estabelecer das, posses, dominios, empresas, colônias. Em muitos
ca
Goiás 6,02 Como já estudamos anteriormente, os fa Se uma ligação, por terra, entre Guaraí, que se acha sobre
sos, a rodovia caminha de par em par, depressa ou devagar,
Distrito Federal tores históricos é que melhor explicam essa dis CSSa rodovia, e Couto de Magalhães, à margem do rio Ara
com a ocupação da árca. Outras vezes, a ocupação prece
203,42
tribuição territorial da população e não os e
guala, começou a crescer o afluxo de populaçöes de ori de a rodovia. E houve casos, como continua a haver, em
Fonte: Anuário Estatístico do Brasil, 1982, IBGE. para as e no
terras indígenas devolutas sul do Pard. que a ocupação e a rodovia encontram na área populações
fatores naturais (relevo, clima, vegetação etc.). 8em rural

140 141
.. As terras indígenas ou devolutas estão sendo ocu
CAPÍTULO 6
indigenas trabalhando a terra e a vida a seu modo. Em to
dos os casos, é inegável que a construção da rodovia tende padas, griladas ou compradas por grileiros, latifundiários
a assinalar uma nova fase na formação ou desenvolvimento fazendeiros ou empresários. Em geral, estes empreendimen
das atividades econômicas e políticas em cada área. E, no tos privados, que afastam, expulsam ou destroem núcleos
a
conjunto, as rodovias assinalam uma fase nova para Ama indígenas e de posseiros (colonização espontânea) estão A
zônia ...como um todo.
Também no norte de Goiás, norte de Mato
Gros
apoiados pela suaa própria força econômica e política e pro.
tegidos pelos órgãos do poder estatal. POPULAÇÁO RURAL E
so, no Acre e Rondônia, além de outras áreas, tem ocorri
do intensa busca de 'terras virgens'. Desde
que o poder
Sob vários aspectos, a colonização espontânea, ou as
migrações espontâneas de trabalhadores rurais para a Ama
zônia, configuram uma espécie de reforma agrária de fa
URBANA, O PROCESSO DE
público iniciou ou retomou a construção de estradas, ao
mesmo tempo que estabeleceu ou ampliou os incentivos
e as isenções, no que diz respeito a impostos, créditos, ju
Desde o término da construção de Belém-Brasília, em
1960, a criação da SUDAM e do BASA, em 1966, a cria URBANIZAÇÃO E AS ÁREAS
ros etc., cresceu bastante a migração para essas áreas. As ção do INCRA, em 1970, e a construção das rodovias tran.
populações excedentes do Nordestee inclusive dos Esta
dos do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina,
pas
samazônicas, Cuiabá-Santarém, em 1970-78, acelerou-se
e estendeu-se a expansão do capitalismo na Amazônia. Ao
METROPOLITANAS
saram a buscar as terras da Amazônia; além de se mesmo tempo acentuou-se e generalizou-se a migração es
encaminharem para as cidades médias e grandes nas
res
pontânea de trabalhadores rurais, e seus familiares, para
pectivas regiões. Foi assim que se deu a corrida às terras as áreas de terras devolutas e indigenas. Desenvolveu-se uma
do norte Mato Grosso. corrida à terra, tanto por parte de grileiros, latifundiários, POPULAÇAO RURALE No conjunto das regiões brasileiras, é a Re
.. deAcre, desde 1972, cresceu muitoa entrada de mi fazendeiros ou empresários, como por parte de campone
A
No
grantes vindos de outras partes do Pais. Há cinco anos, 'o ses e operários do campo. Estes, os camponeses e operá URBANA E A URBANIZACÃO gião Sudeste que exerce maior peso na deter
Acre foi redescoberto pelos brasileiros, desta
vez os sulis rios, em muitos lugares estavam na prática realizando uma minação da média geral da população urbana
e
tas, que correram em busca das terras férteis baratas dos reforma agrária espontânea, de fato!" e rural do Brasil. Cerca de 837o da população
antigos seringais desativados por proprietários endivida No estudo da distribuição espacial da po do Sudeste é urbana e apenas 17% rural. Nas
dos com a crise da borracha natural. Os ocupantes da ter (Octavio lanni, Ditadura e agricultura, Rio de
ra foram expulsos, havendo luta entre os posseiros e os novos Janeiro, Civilização Brasileira, 1979, p. 128-41:) pulação brasileira, observa-se nos últimos anos regiões Norte e Nordeste a população urbana
donos. Surgiram fazendas de gado. Mas o INCRA
come uma grande tendência ao processo de urba equilibra-se com a população rural, e nas re
çou a contestar os títulos de propriedade, forçando os ban nização. giões Sul e Centro-Oeste, a população urbana
a

Cos a dificultarem financiamentos,


por falta de garantias Tem havido um aumento contínu0 e ace já ultrapassou a rural, como demonstra a ta
hipotecárias. A corrida ao Acre foi interrTompida. Pela atua lerado da população urbana e, conseqüente bela que se segue, comparando os anos de 1970
ção do sindicalismo rural, da Igreja e do próprio governo
do Estado, seringueiros e colonos começaram a adquirir
* José Maia Santana, Acre -a ocupação indefinida, 100
anos depois, O Estado de S. Paulo, São Paulo, 6 de no mente, uma diminuição da população rural, de e 1980.
consciência de seus direitos* vembro de 1977, p. 40. tal modo que, desde 1970, a maior parte da po
pulação brasileira vive em cidades. POPULAÇÃO RURAL E URBANA SEGUNDO
AS GRANDES REGIÕES DO BRASIL
EM PERCENTAGEM (1970 e 1980)
BRASIL: População Rural e Urbana
1970 1980
VOCABULÁRIO 1940 1950 Regiões
Rural Urbana Rural Urbana
Agreste: zona natural do Nordeste brasileiro, Forças produtivas:correspondem aos meios de 31% 36%
Norte 54,9 45,1 48,4 51,6
compreendida entre a Zona da Mata eo produção (instrumentos de produção) e for 69%
Sertão. ça de trabalho de que dispõe uma sociedade 58,0 42,0 49,5 50,5
Nordeste
Aliados: denominação dada, durante a Segun ou comunidade.
72,8 17,3 82,7
da Guerra Mundial, à aliançarealizada en Infra-estrutura: corresponde, no texto, aos Sudeste 27,2
1960
tre os Estados Unidos, Inglaterra, França, transportes, comunicações, saneamento bá 1970
Sul 55,4 44,6 37,6 62,4
U.R.S.S. e outros países, para combater a sico etc.
Alemanha, a Itália e o Japo (países do 45%
449% Centro-Oeste 51,7 48,3 33,0 67,0
Eixo). 55%
56%
Brasil 44,0 56,0 33,0 67,0

Fonte: Anuário Estatístico do Brasil, 1982, IBGE;e cál


1980 culos do Autor.

33% Rural
67%
Urbana
O processo de urbanização que se verifica
no Brasil reflete as mudanças por que passa o
país, destacando-se principalmente a industria
lização do Sudeste.

142 143
o desejo de melhores condições de vida, isto
Desde a década de 1950, a Região Sudeste
apresenta um intenso processo de metropoli é, maior proximidade de assistência médica.
zação e urbanização, comandado principal hospitalar, educacional e melhores salários,
mente pela industrialização. tem levado o homem a se deslocar para as
O censo de 1960 já confirmava essa tendn cidades;
cia, pois 57,3 % dos habitantes do Sudeste, nesse •a penetração das imagens da televisão, no
ano, já viviam em cidades. campo, e a divulgação da vida urbana e das
sociedades de consumo têm criado o desejo
de "morar" em cidade;
sUDESTE: POPULAÇÃO RURAL E URBANA
•a estrutura fundiária injusta, onde os mini 1Monte
Gover nador Valadares
BVaolnha
eidente Prudente
REGIAO
sUSS
PRINCIPAIS

Anos Rural Urbana fündios, não sendo suficientes para atender 4Beo oronte

as necessidades minimas de uma família, im 6Vitoria


7 Mur
Ourinhos
Soocaha
1940 60,6 39,4 pelem a migrar não sópara outras áreas ru 0AlE
10-Rio
de Fora
de Janelro
26-So Paulo

rais como também para as cidades.


1950 S2,5 47,5
13 -Uberaba
de Rio Preto

1960 42,7 57,3 10 -Ritbelrlo Preto

AS MALHAS URBANAS E O
1970 27,2 72,8 MINAS GERAIS
DESIGUAL PROCESSO DE
1980 17,3 82,7 URBANIZAÇÃO ENTRE AS ESPIRITo
SANTO

Fonte: A
nuarioEstatistico do Brasil, 1982, IBGE.
VÁRIAS REGIÕES DO BRASIL
ANTICO
O processo de urbanização é caracteriza
do por duas formas: ceAn
Entretanto, não podemos considerar, de • o surgimento de novos núcleos urbanos isso B21
sAO RIO DE JANEIRO
forma generalizada, que ésomente a industria ocorreu e ocorre principalmente nas regiões
lização a causa do intenso processo de urbani e
Norte Centro-Oeste, áreas de povoamento PAULO

zação do Brasil e, principalmente, do Sudeste. mais recente;


Existem outros fatores: • o aumento da população de cidades já exis CATEGORIA DAS CIDADES

• o próprio crescimento natural da população tentescomum nas outras regiões do Brasil. Metrdpole
Cento Regional

urbana; Entretanto, nem todas as regiões do Brasil •Cantro Sub-Ragional


•o Estatuto do Trabalhador Rural, em 1964, apresentaram, no decorrer de nossa história, o 00 kr Cantra Local

que levou ao trabalhador do campo uma le mesmo índice de urbanização. Esta ocorreu
gislação social, até então existente somente principalmente na Região Sudeste e na Região Fonte: IBGE, Região Sudeste, in Geografia do Brasil, 1977, v. 3.

para o trabalhador urbano. Muitos proprie Sul, decorrente, entre outros fatores, da inten
tários de terras, não podendo arcar com os sa industrialização dos últimos anos. Assim
dispositivos da nova legislação (salário mí sendo, encontra-se atualmente no Sudeste a O oeste de Santa Catarina eo oeste do Para sim sendo, a distribuição das cidades nessa re
nimo, férias remuneradas, 13 salário e pre mais densa malha urbana do país, isto é, uma possuempequenas cidades em grande ritmo gião é linear, mas esparsa. Em toda a região,
vidência social), ou não querendo ter esses forte concentração de cidades. No entanto,
ná destacam-se apenas duas grandes cidades, Be
de crescimento, pois são áreas de povoamento
encargos, dispensaram os seus trabalhadores. cumpre destacar que nem todo o Sudeste po recente. lém (934.322 habitantes) e Manaus (634.659),
Estes migraram para as cidades. Muitos foram de assim ser caracterizado. A maior parte das Quanto à urbanização do Nordeste, des demonstrando uma grande centralização urba
absorvidos pelo mercado de trabalho urba cidades estáconcentrada nos Estados do Rio taca-se o crescimento das cidades da faixa lito na. Excetuando as capitais dos territórios e dos
no, mas outros formaram os grandes contin Estados do Acre e de Rondônia, as demais
ci
de Janeiro, São Paulo, centro-sul de Minas e sul rânea (as capitais) e de algumas cidades do
gentes de diaristas, bóias frias ou marmiteiros, do Espírito Santo. Mas, no norte de Minas Ge dades da Região Norte possuem menos de
Agreste, como é o caso de Campina Grande, no
como são designados, procurados pelos pro rais e Espírito Santo, as cidades encontram-se Estado da Paraíba. 100.000 habitantes, predominando aquelas com
prietários de terras, principalmente na épo distribuídas de forma esparsa. menos de 50.000 habitantes.
Enquanto a malha urbana da faixa litorâ
ca das colheitas, constituindo a força de tra A Regio Centro-Oeste apresenta uma
se
A Região Sul apresentou um processo de nea do Nordeste é densa, a do interior éespar
balho à disposição dos grandes fazendeiros; urbanização mais recente e menor que o do Su Sa e constituída quase somente de pequenas melhança com a Região Norte, quanto à ma
• a absorção das pequenase médias proprie deste. A sua malha urbana caracteriza-se por cidades. lha urbana.
dades rurais pelos grandes proprietários, num maiores concentrações em alguns pontos, co Na Região Norte, a localização das cida Predominam as cidades pequenas e espar
processo de concentração da terra, tem leva mo é ocaso das áreas próximas a Porto Alegre des sempre foi comandada pelas vias fluviais samente distribuídas. Contudo, nos últimos
do famílias a se deslocarem para as zonas (Canoas, Esteio, São Leopoldo e Novo Ham em virtude da facilidade de comunicação. As anos, tem-se observado nessa região um gran
urbanas; burgo) e a Curitiba e no leste catarinense.
145
144
Pinheiro
SAO LUIS
Bento
Parnaib
Camocim REGIÃO NORDESTE:
Itapecuru- Mirim e Vargem Grande Luzilihdia PRINCIPAIS CIDADES
Chapadinha
ltapipocs
Pindaré-Mirim Bréjo
Tiangu Sobral
FORTALEZA
REGIÃO SUL: Bacabal Coroatá Bafras
Piripiriipu Canindét
Marangbape
PRINCIPAIS CIDADES Pedreiras BCodó OBaturité
D.
Pedro BCaxias BCampo Maior CEAR Russas
Aracat
TERESINA Crateús Quixada

S. João do Gaiuá
Jtaquajé Pres, Dutra
Quixeramobinm Limoeiro Mossoroacáu RIO GRANDE
Porecatu do Norte D0 NORTE
Loanda Nova
Bandeitantes MARANHÃO Sen. Pompeu Caraüba
Grajaú Lajen JosolCamara
ParanavaiA Esperança LondrinaJacarezinho Colinas LAgua Branca
OTaud Jaquaplbe NATAL
Paraiso do Norte A Açaí Joaqulm Távora Valéncia do Piaui Pau dos Ferros Currahs Novos Sta. Cruz
Maringá Sâo Joo dos Patos Iguatu Catolé do'Rocha
Apucarana Cajazeira Pombi0
Cuité CCanguaretama
CianorteA Floriano Calcó
Guarabira
Umuarama Ibaiti Venceslau Brás Oeiras Picos Juazeiro dóNorte.cePatos Picut Rio Tinto
Campo Mourão s Pedro do Ivaí
Jaguariaíva
Ufucuí Campos.gales. Crato PiancóPARAIBA
Esperança
OO PEssOA
Balsas PIAU Campina Grande
Guaira Araripina Mooces Itaporangar
Telêmaco Borba Mendes talhada Golana
Marechat eMontejre
Cândido Rondon Pitanga CCastro S. João do Piaui
Salgueiro D
PERNAMBIlai,
Toledo Caruaru RECIFE
Ponta Grossa Cabrobs A
Arcoverde
ACascavel
PARAN CURITIBA,
Paraaguá
Bom JesSUs s Raimundo Nonato
Floresta
Garanhuns PalgarepBarreiros
SRibgirão

Laranjeiras do Sul Alrati Petroina Santana do.


Foz do Iguaçu Rio Negrg s. José dos Pinhais Paulo Afonso Ipanema
União dos Palmares
Capanema Remanso Juazeiro Viçosa
S. Mateus do Sul
@

União da Vitór almeirMACEIÓ


ArapiracaBos
Francisco BeltrãoA
Pato B1
Branco
toria Mafra uohville indie
AGOAS
Corrente
Porto União Itaiópolis Senhor do Bonfimn Euclides da Cunha

S. Miguel d'Oeste
Clevelândia
Caçador Blumenau
Xiquexique Cícero Dantas
tabiannMarutm
y
SERGIPE LANTICO
Xanxerê Aitajai Barra
Pinhalzinho AVideira Taió ABrusque ARACAJU
Chapecó recè BJacobina
Frederico Westhphalen
Joaçaba OARio do Sul) BAHIA
Olindina Estáncia
Curitibanos
tuporanga FLORIANÓPOLIS Mundo Novo
Campo Novo Erexim SANTA
Três de Maio Lajes ORui Barbosa Alagoinhas oCEANO
Tuparendi Seabre O
Sarandi Braço do Norte Flira de Santaná
S. Rosa
Palmeira
das Missöes
CATARINA Macaúbas aberaba

s Angelc Passo Fundo ALaguna


Bom Jesus da Lapa
Andarai
SALVADOR
Bjui RIO GRANDE vacaria
Jubarão
Paramirim Maracás valença
Cruz Alta Criciúma
Soledade Bento Gonçalves Cqetité Jequié
Guanambi @Brumado Ipiaú
Júlio de Casti lhos Encantado Ubaitaba
Caxias do Sul Cacule
Coarac
Sobradinho LajeadoA Novo Hambúrgo
Jaguari S. Cruz do SulA
ltabuna eus
S Leopotdo Esteio
Vitória da Conquista CATEGORIA DAS CIDADES
S. Maria Canoas
Uruguaiana
A PORTO ALEGRE Btapetinga Metrópole Regional
S. Sepé Cachoeira do Sul
Centros Regionais
Caçapava do Sul DO SUL
Camaquã 0 100 200 km B Centros Sub-Regionais
Santana do Livramento
Centros Locais

Bajé Canguçu
Pelotas
Fonte: IBGE, Região Nordeste, in Geografia do Brasil, 1977, v. 2.
Rio Grande
CATEGORIA DAS CIDADES
Jaguarp
Metrópole Regional

Centros Regionais Centro-Oeste pelo seu crescimento e por exer


de crescimento das cidades. Goiânia, em 1950,
50 100 150 km pOssuía apenas 41.584 habitantes; em 1970, pos cer uma forte influência na área em que se en
A Centros Sub-Regionais
Suía 361.904; atualmente possui 717.948 habi contram.
Centros Locais tantes.
Outras cidades, como Brasília, Anápolis, Quanto ao processo de urbanizaço das re
Corumbá, Campo Grande, Cuiabáe Dourados, giões brasileiras, o quadro da página 149 forne
Fonte: IBGE, Região Sul, in Geografia do Brasil, 1977, v. 5. ce elementos comparativos através dos censos.
destacam-se no conjunto da rede urbana do
146 147
REGIAO NORTE:
PRINCIPAIS CIDADES POPULAÇÃO RURAL E URBANA SEGUNDO AS
dCEANO
AS GRANDES REGIOES DO BRASIL EM %
BOA VISTA

AMAPA
ArLANTICO
1940 1950 1960 1970 1980
RORAIMA MACAPA

VigiSeallnpolis Regiões
Tsoure
LoBregnca P.R. P.U. P.R. P.U. P.R. P.U. P.R. P.U. P.R. P.U.
RELEM Ce

hale
Obido
Alenquer CaptBo Poco
Oriximins
Monte Alegre
Portel losrapéMu
Norte 72,3 27,7 68,5 31,5 62,2 37,8 54,9 45,1 48,4 51,6
Car
MANAUS Rarintins Santarém
Ioltecoatiny OAltamira
Manncendru OTucuryf
Nordeste 76,5 23,5 73,6 26,4 65,8 34,2 58,0 42,0 49,550,5
Tele
Cori

AMAZONAS PARA
MarabsCO
Sudeste 60,6 39,4 52,5 47,5 42,7 57,3 27,2 72,8 17,3 82,7

Sul 72,3 27,7 70,5 29,5 62,4 37,6 55,4 44,6 37,6 62,7
Concelçho do Araguaia (b
Orueine do Sul
Centro-Oeste 78,5 21,5 75,6 24,4 65,0 35,0 51,7 48,3 33,0 67,0
ACRE PORTO VELHO
Brasil 68,8 31,2 63,8 36,2 54,9 45,1 44,0 56,0 33,0 67,0
BIO RRANOO CATEGORIA DAs CIDADES

Guaieré-Mirim Cantro Metropoll tano Reglonal

RONDÖNIA Centro Regional


Fonte: Anuário Estatístico do Brasil, 1982, IBGE.
Oantros Sub-Regiaon ais
100 200 300 krm
Centros Locais
me
dades médias possuem produtos e serviços
Fonte: IBGE, Região Norte, in Geografia do Brasil, 1977, v. 1. A HIERARQUIA URBANA nos freqüentes; e as cidades grandes possuem
A análise da rede urbana de qualquer país produtos e serviços de consumo raro.
REGIÃO CENTRO-OESTE:
conduz a certas observações importantes: Como exemplo, pode-se citar o caso de se
precisar de um especialista em cálculo de con
PRINCIPAIS CIDADES
• existência de cidades de diferentes categorias
Araguaina @
dimensionais, isto é, de diferentes tamanhos creto para grandes edificações. Numa cidade
quanto ao contingente populacional; pequena dificilmente será encontrado tal pro
GPedro Afonso • cidades que possuem funçõesurbanas detini fissional, pois não existe procura em quantida
e de para esse tipo de serviço que justifique
a sua
Miracenga do Norte
das, isto é, portuárias, industriais, religiosas, nas
Paraiso do Norle de Golás existência. No entanto, cidades médias ele
Porto Nacional centros político-administrativos, turísticas,
ou ainda aquelas que possuem múltiplas será encontrado. a última
Gurupl Das caracteristicas apontadas,
funções;
• cidades que se diferenciam de outras pelo apresenta grande importância na caracterização
Uruans,S Miguel do Araguaie de da hierarquia urbana, isto é, da classificação das
Ceres senvolvimento de seu setor terciário, isto é
cidades pela importância de seu equipamento
M Porangatu
Rubialabe
Itapuranga Jrusgu Golanésia que possuem a rede de serviços diversificada
taberal e desenvolvida e, assim sendo, exercem in terciário (serviços).
através do setor terciário que uma cida
E

fluências sobre outras cidades e sobre o


CUIABA onos es
eGrande Barre do Garças
o espaço. Assim sen
duçare E
de exerce influência sobre
Guiratingu eRASILIA
Chce
SPaconé LuTania
paço rural ou sobre a região. de cidades:
Rondonógolis Fiminógolis GOLANIA
do, existem várias categorias
Pairere aAnicuns Pir do Ric Cada cidade possui um mercado consumi • metrópoles nacionais: São Paulo e Rio de
Helena de
ipajeri dor, não só interno, mas também externo (rela
Goias/ MCakalio
tivo à região). Janeiro; Be
•metrópoles regionais: Recife, Salvador,Brasí
uirinopolia
\Piracanjuba
olptube
A medida que uma cidade consegue desen
Ladarie Cassiandi
Paranaita
itumbiar uritl Aeore
lém, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia,
GAMPO GANDE WAparecide do Tataiado Volver e ampliar ou diversificar os produtos ou
Aguieu lia, Fortaleza;
Serviços, para atender às necessidades de con • centros regionais: Ribeirão Preto (SP), Bau
D
CATEGORIA DAS CIDADES
Centros Regionais e Vate Doudet oe Agadi 100 200 300 km Sumo da população, ela exercerá maior influên ru (SP), Londrina (PR), Campina Grande
Centros Sub-Regionais cia sobre uma regio. (BA),
Centros Locais Faima, a Bl (PB), Caruaru (PE), Feira de Santana
Nevical
Analisando-se a rede urbana, observa-se Blumenau (SC), Florianópolis (SC), Pelotas
que as cidades pequenas possuem produtose (SC) e outros;
as ci
Fonte: IBGE, Região Centro-Oeste, in Geografia do Brasil, 1977, v. 4. serviços de consumo muito freqüentes;
149
148
BRASILt REDE URBANA
BOA VISTA . centrossub-regionais: Jacarezinho (PR), Rus
sas (CE), Jacobina (BA), Santarém (AM)e
ACAPA Conurbação: conjunto formado por ci

CRvthal
. outros; dades reunidas.
ELEa
Sthetenbe Cainea SAO LUIS
centros locais: observe os mapas anteriores
sobre as regiões e suas cidades.
MANAUS. Darnaihs
FORTALEZA
Becabal C
Choo in
Cada uma das categorias citadas estásu medidaque ocorre a junção de cidades,
Å

Marsbs TERESINA
NATAL bordinada ao centro imediatamente superior. 0s problemas se agravam, em vista das adminis
OAOPESSOA
Após essas explicações, compreende-se trações separadas ou isoladas. A criação das
ORTO VELHO petrolinCrato
Caniaruo mais facilmente o conceito de região dado pe áreas metropolitanas surgiu, então, da neces
RANC
Proeris NO MACEIO
lo geógrafo francês Bernard Kayser: sidade de superar problemas decorrentes desse
Estncia oARACAAU fato, isto, da administraço isolada. Assim
Feirs de Santanae
SALVADOR
Região éo espaço polarizadoe organiza sendo, com a criação das áreas metropolitanas,
CUABA RRASIA
Vitoria da Conguista
do por um centro (cidade). tornou-se mais racional o planejamento do de
OIthéus
AnoplisE
GOANA
senvolvimento das cidades que as compõem,
Thumbi Catale através de uma administração integrada.
A tendência atual é dividir o espaço emre
2
Patos de Minas
Commb
OUbe
Uherahe
OGovernador Valadares Diante disso, em 8 de junho de 1973, pela
Rieirao BELO
es giões funcionais urbanas, isto é, divisão regio Lei Complementar n° 14, o Congresso Nacio
GRANDE Pet Juiz
HORIZONTE
OVITORIA
nal tendo por base a influência das cidades
Bauru o de Fora Oro do Itapeminim
nal aprovou a existência de oito áreas metro
Londig Vlta Reconta
sobre o espaço ou a sua polarização. E isso que
c
SAO
PA
Sorbcaba politanas no Brasil. Em 1° de julho de 1974,
CURTIRA ec JANEIRO oDepartamento de Geografia do Instituto Bra pela Lei Complementar n° 20, foi reconhecida
-agu sileiro de Geografia e Estatística tem procura outra área metropolitana, a do Rio de Janeiro.
Passt Fund
ajesEORANOPOLIS
FLORL do fazer em relação ao Brasil. Tal medida é
Casis do Su importante para a política de desenvolvimen Assim, são nove as áreas metropolitanas
Peloas
PORTO ALEGRE
to regional, pois facilita a administração do brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Ho
Fie Grande
espaço. rizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Curiti
ba, Belém e Fortaleza.
Fonte: Análise geográfica do Brasil atual, Belo Horizonte, Livraria Lë Ed., 1977.
Em cada área metropolitana deve haver:
BRASIL- REGIÖES DE INFLUÊNCIA URBANA • um conselho deliberativo, criado por lei es
tadual, constituído de cinco membros no
ÁREAS METROPOLITANAS DO meados pelo governo do respectivo Estado;
BRASIL
Sio Luis
•um conselho consultivo, criado por lei esta
Manaus Parnaiba
Fortaleza
dual, composto de representantes de cada
município integrante da região metropolita
Área metropolitana corresponde a um
Mossor
Natal na, dirigidos pelo presidente do conselho de
aine Pessoa conjunto de municípios contíguos e in liberativo.
Petrolim Cararue Recife
tegrados sócio-economicamente a uma
Espaco inderenciado Maceib
Aracaju
cidade central, com serviços públicos de conselho deliberativo é o responsável pe
O

infra-estrutura comuns, ou necessidade la elaboração, coordenação e execução do pla


Feira de Santana
Salvador
Vitori daonquista de seu estabelecimento, em função de um no de desenvolvimento integrado para a sua
Cuiab Brasllia/Montes
r sistema de conexão existente entre as uni respectiva área metropolitana, destacando-se
Ge Goernador
dades que a compõem. os seguintes serviços comuns aos municípios:
oropta
Aracat
Rero Vitôria •planejamento integrado do desenvolvimen
gos
As áreas metropolitanas surgiram da gran to social e econômico;
etpe
iSorocabo de Janeiro
euigu
Punte
So Paulo de concentração de população e de atividades • saneamento básico (água, esgotos, limpeza
uibe verificada em determinados núcleos urbanos,
one pública);
iorianpolis
Os quais ultrapassaram os limites de seus muni
Ga
gese Cays do Su uso do solo metropolitano;
fucs das metres Cipios e incorporaram, em sua expansão, munt
Cipios vizinhos. Formaram-se, assim, coalescên •
sistema viário e de transportes;
cias de cidades, isto é junção de cidades que
Se encontravam separadas. Esse fato urbanoè

produção e distribuição de gás combustível
Apud Projeto brasileiro para o ensino da Geografia, Indústria, fatores de localização, São Paulo
canalizado e outros serviços.
Edart, 1976, p. 83. conhecido com o nome de conurbação.
151
150
BRASIL: ÁREAS METROPOLITANAS 1980 TEXTO PARA LEITURAE Se as levas de migrantes rurais podem procurar as ci
dades menores, em geral elas se dirigem para as maiores,
População Área terrestre (km)
Densidade demográfica DISCUSSÃO acentuando a tendència à metropolização. O fenômeno de
(hab./km) macrocefalismo, por sua vez, apresenta vários problermas,
Areas metropolitanas Da área Da área Da cidade Da área entre os quais citaríamos a crônica deficiência de serviços
metropolitana Da cidade metropolitana Da cidade
metropolitana básicos, incapazes de acompanhar o ritmo de crescimento
São Paulo e mais 12.S88,439
A
urbanização na América Latina das grandes cidades. Além disso, elas concentram a maior
36 municipios 8.493.598 7.951 1.493 1.583,25 5.688,94 parte dos serviços, causando uma distribuição não eqüita
tiva em relação aos centros urbanos menores.
Rio de Janeiro e mais 9.018.637 S.093.232 6.464 "A análise de alguns problemas atuais da urbanização Para frearo contínuo crescimento das metrópoles, al
1.171 1.395,20 4.349,47
13 municipios
irracional e pronunciada por que vem passando a Améri gumas medidas necessitariam ser tomadas com urgência,
S

ca Latina indica ser esse processo o responsável ou co-res como a desconcentração de atividades econômicas ea
Recife e mais tal
8 municipios 2.348.362 1.204.738 2.201 209 1.066,95 5.764,29 ponsável por uma série de problemas gerais a todos os países seleção de alguns centros regionais para atuar como no
latino-americanos ou específicos de alguns deles. vOs pólos de desenvolvimento, aliviando os centros metro
Belo Horizonte e mais
2.541.78S 1.781.924 3.670 335 Em primeiro lugar, observa-se que o crescimento cons politanos. Infelizmente, em ambos os casos, tais medidas
S,
13 municipios 692,58 5.319,17 tante da população urbana não corresponde à melhoria dos vêm sendo prejudicadas pela centralização político-admi
Porto Alegre e mais 2.232.370 níveis de produção agrícola, que parece incapacitada pa nistrativa, mantendo-se, praticamente, em nível meramente
13 municipios 1.125.901 S.806 497 384,49 2.265,39 ra fornecer os necessários excedentes para industrialização teórico. Por outro lado, poder-se-ia procurar fixar o ho
Ou exportação. Assim sendo, fica patenteada a necessida mem rural ao campo ou, se inevitável sua emigração, orien
e

Salvador e mais
1.772.018 1.506.602 2.183 294 811,73 de de uma política de desenvolvimento nas áreas rurais atra tá-lo para as cidades menores. Evidentemente, para isso,
7
municipios 5.124,49
vés de reformas agrárias que compreendam melhorias seria necessário que essas cidades menores fossem dota
Fortaleza e mais 1.581.588 1.308.919 tecnológicas e apoio financeiro. Infelizmente, raros ou ine das de meio de produção que abrissem mercados de traba
3.483 336 454,08
municipios 3.895,59 ficientes esforços têm sido feitos nesse sentido, deixando
4

lho; para evitar que para elas se transferisse o problema


Curitibae mais às populações rurais, que mal conseguem um insumo que das favelas, seria aconselhável a criação de centros de trei
13 municipios 1.441.743 1.025.979 8.763 431 164,52 2.380,46 Ihes garanta a mera subsistência, a solução de emigrarem namento técnico nas pequenas cidades, de modo a tornar
para os centros urbanos. Assim sendo, a transferência de o migrante rural um trabalhador capacitado para os no
Belém e mais
1.000.349 934.322 1.221 736 populações rurais para as cidades acarreta uma urbaniza vos tipos de trabalho.
I município 819,28 1.269,45 ção à custa de uma "migração de fome", pois é feita à cus Como conclusão geral, a idéia básica relacionada aos
ta da transferência do campo para as cidades, do desequi problemas de urbanização na América Latina reside na no
Fonte: A nuário Estatistico do Brasil, 1978 e 1982, IBGE; e cálculos do Autor. lbrio econômico das áreas rurais. Não havendo nas cida ção de que sua solução não é apenas uma questão de pla
des empregos produtivos suficientes para absorver a mão nejamento urbano, mas uma questão de planejamento
de-obra proveniente de seu crescimento vegetativo e da imi nacional integrado, numa estratégia conjunta de desenvol
AREA METROPOLIT PAULO
(GRANDE SAO AAO gração, os menos habilitados (em geral os imigrantes) são vimento. Infelizmente, tal idéia nem sempre é bem com
forçados a aceitar situações de subemprego ou mesmo de preendida, além de prejudicada pelas realidades emanadas
Francisce
desemprego, criando-se uma situação de grandes diferen da estrutura político-administrativa, da escassez de recur
Morato
ças nos insumos da população urbana, o que só pode le sos e da inconsciência da necessidade de uma visão ampla
var ao desenvolvimento de tensões sociais. Sem apoio em relaço aos interesses nacionais, freqüentemente pre
Rcha Santa lsabe
dairinnck
financeiro e sem meios próprios, os migrantes rurais ten judicada por agudos sentimentos de provincianismo"
Caieiras dem a se aglomerar nas áreas vazias do espaço urbano, dan
Cuararema do origem às "favelas", que podem corresponder a focos (Nice Lecocq Müller, A urbanização na América La
Santana do Paena
Itaquaquecetuba
auars
de criminalidade, analfabetismo e de péssimas condições tina, Geografia urbana, Instituto de Geografia, 1971,
sanitárias. Cad. 6.)
ltapevi Moji das Cruzes Salesópolis
Susano
Caetano do Sul Biritiba Mirim

Itapecerica ds Serrye
Andre Mau VOCABULÁRIO
Hibeirão Pires
nard
me
Rio Grande Deliberativo: referentea deliberação, isto é, dis Metropolização: relativo à formação de
da Serra
cussão para se estudar ou resolver um assun trópole.
SAO PAULO
to, um problema, ou tomar uma decisão.
Area urbanizada
Sede de Grande
6ao Paula
Divisa municipal
Principais eixos rodoviários
Estradas de ferro

Fonte: GEGRAN (Secretaria de Economiae


Planejamento).
A área metropolitana
de São Paulo assume importância nacional. Contudo, essa área apresenta
mas a serem resolvidos, desde os de habitação, transporte, grandes proble
mento de água, rede de esgotos etc. Em 1967, foi criado o assistência médico-hospitalar, educação, abastec
-, órgão técnico da Secretaria de Economia e Planejamento Estado Grupo Executivo
GEGRAN- da Grande São Paulo
do de Sáo Paulo para enfrentar os grandes
problemas.

152 153
CAPÍTULO 7
topo estreito retrata a pequena percentagem de tae um topo mais longo. A base mais estreita
idosos no conjunto da população, fato esse
re
decorre do menor número de crianças no con
sultante da baixa vida média da população. junto da população, resultante das baixas ta
A
ESTRUTURA DA POPULAÇÃO Nos países desenvolvidos, a pirâmide de
idades apresenta-sc com uma base mais estrei
xas de natalidade. O topo mais largo representa
a maior percentagem de idosos no conjunto da
populaço e tal fato é resultante da maior vida
DO BRASIL média da população em vista da melhor alimen
tação, melhor assistência médica, enfim das
PIRÁMIDES DE IODADES melhores condições de existência.
Franca
Compare a pirâmidade de idades do Mé
15 xico com as pirâmides de idades da França e
B0-85
75-79
dos Estados Unidos para perceber o que foi
70-74| descrito.
63-69
60-64 60

A COMPOSIÇÃO DA os efetivos da população em cada idade (ou em 55-59


cada grupo de idades), em valores absolutos ou 50-54
POPULAÇÃO DO BRASIL POR em percentagem, separando a população do se 45-49
40-44 A
IDADESE SEXOS xO masculino de um lado ea do sexO feminino 3 35-39 pirâmide de idades do Brasil:
do outro.
30-34
25-29
comparações com os paises
Importância de seu estudo De maneira geral, nos países subdesenvol 20-24 20 desenvolvidos e subdesenvolvidos
vidos, a pirâmide de idades apresenta uma ba 15-19
10.14|
se larga e um topo estreito quando comparada Quanto à pirâmide de idades do Brasil, ela
Ototal absoluto da população de um pais,
5-9

às pirâmides de idades dos paises desenvolvi 0.4 10


se apresenta comn a base larga e um topo mais
região ou mesmo um municipio não tem gran 10 9
8
76543 21012 3456789
dos. A existência de uma base larga éo resultado estreito quando comparada à pirâmide de ida
de significado desde que não se refira a outros Homens Percentagem Mulheres

da grande percentagem de crianças no conjun des dos paises desenvolvidos. E típica de um


dados. Entre esses dados, destaca-se a compo país de população jovem, numerosa, decorrente
to da população, a qual decorre das altas taxas
sição por idades e sexos de uma população. Tal das altas taxas de natalidade que se verificam
estudo fornece elementos indispensáveis à in de natalidade que se verificam nesses países. O Estados Unidos
no Brasile da menor vida média da população,
terpretação da situação, num dado momento, 85 em
fruto das precárias condições de existência
da economia de um pais. Fornece, também, ele
30-8
75.79 que vivem milhões de brasileiros.
mentos indispensáveis à programação de desen 70-74
65-69
volvimento social e econômico. Entre os fatores PIRAMIDE DE IDADES DO MEXICO| 60.6 60 BRASIL: PIRÅMIDE DE IDADES
que podem ser planejados, destacam-se: o mer mals de S s5-59 1970 e 1980

cado de consumo, a produção, a criação de no S0-54

vOs empregos, a assistência médica e hospitalar, 8 40.44

a construção de novas moradias, a ampliação 5 35-39


HOMENS MULHERES
30-34
da rede escolar e outros fatores da vida econô 5054 25-29

mica e social podem ser planejados com maior 454 20-24


15-19 45a4
eficiência, uma vez conhecido o comportamen 3034 40 a 44
to da população segundo a estrutura de idades. 5.9
20 e 4 0.4
Assim, entre as distribuições da população 34867 89
10
0 9 8

76
5 4

321012 30a 34
num dado momento, a análise dos grupos de Homens Percentagem Mulheres
idade é muito rica de significado, podendo ser 024
representada pelo gráfico chamado Pirâmide Hunen Fercentegee dhere

de Idades.
A pirâmidede idades: como se constrói
e exemplos de interpretação Nos países desenvolvidos, as crianças são, propor
cionalmente, em menor nmeroe0os idosos mais nu
o

As piramides de idades dos palses subdesenvol


merosos do que nos pafses subdesenvolvidos, MILHEN DEHABITANTE8
A
pirâmide de idades de uma população vidos apresentam uma base larga e um topo os re
treito. lsto reflete a situação em que há uma Tosuitando uma piramide de idades de pertil 1970
1980
pode ser construída da seguinte maneira: mar tangular.
ca-se, na ordenada, as idades de zero até o li grande percentagem de crianças e uma percen
tagem menor de pessoas idosas na população. Fonte: Anudrio Estatistico do Brasil, 1982,
Fonte: Glenn T. hewartha, Geogrfla da populaçdo, I974.
mite superior (80 anos ou mais) e, na abscissa, Fonte: Glenn T. Thewartha, Geografia da populaçdo, 1974.
155
154
Podemos dividir a população em grupos Existe quase uma igualdade entre o con. POPULAÇÃO
A
de idadeseclassificá-lada maneira que se segue: tingente dos dois sexOs, sendo que a quantida. Observe os dados a seguir. Eles permiterm
populaço jovem de Oa a19 anos de da população feminina é um pouco superior ECONOMICAMENTE ATIVA que se estabeleça comparação entre vários pai
ses e o Brasil quanto à população ativa.
populaçåo adulta de 20 $9 anos A
masculina, conforme atesta a tabela: Perceba que os países subdesenvolvidos
população velha t de 60 anos População economicamente ativa corres possuem uma menor percentagem de popula
Analisando-se os dados de 1940 a l980, na ção economicamente ativa que os países desen
tabela que se segue, pode se ter uma avaliação DISTRIBUIÇÃO DA
BRASIL ponde às pessoas de 10 ou mais anos de
POPULAÇÃO SEGUNDO OS SEXOS volvidos. Isso ocorre, entre outros fatores, em
da evolução da população brasileira. idade, de ambos os sexos, que exerçam ati
virtude da maior proporção de crianças no con
em h vidades extradomésticas e remuneradas
(segundo o Burcau Internacional do junto da população total, resultado de altas ta
Anos xas de natalidade.
Mulheres Homens Trabalho).
BRASIL: PERCENTAGEM DA POPULAÇÃO
SEGUNDO OS GRUPOS DE IDADEs 1940 S0,01 49,99
1950 S0,16 49,84
Grupos Em peroentagem REPARTIÇÃO DA POPULAÇÃO
1960 S0,09 49,91
de 1970 S0,29 49,71
Conforme o recenseamento da população ECONOMICAMENTE ATIVA EM %
DA POPULAÇÃO TOTAL
idades 1940 9s0 1960 1970 1980 1980 $0,30 49,70 brasileira, em 1980, do total de 119.070.865 ha
bitantes, 88.149.948 pessoas possuíam idade Pais
anos
0a igual e superior a l0 anos.
19 S3,3 S2,3 S2,8 $3.,0 48,5
Fonte: Anuário Estatistico do Brasil, 1974 e 1982, IBGE.
20 a S9 anos
Desse total (88.149.948): U.R.S.S. (1979) 50,3
42,6 43,7 2,7 41,8 45,0 Reino Unido (1981) 48
O fato de apopulação feminina no Brasil ser • 43.796.763 constituíam a população econo Alemanha Ocidental (1977) 48
+ de 60 anos 4.0 4,5 S,2 6,5 numericamente superior à população mascu
lina é também caracteristica da maior parte dos micamente ativa, isto é 49,7%. Suíça (1980)
Suécia (1982)
• 44.353.185 constituíam a população econo 44
Fonte: Amudrio Estetistico do
Brasil, 1978e 1982, IBGE. paises. Mas, mesmo assim, pode-se falar num E.U.A. (1980) 45
certo equilitbrio biológico, pois a diferença é pe micamente não ativa (50,39%). França (1979) 43
Brasil (1980) 36
quena entre os sexos. Venezuela (1976) 35
Interpretando a tabela acima, podem-se fa No nascimento, a proporção entre os sexOS Peru (1972) 37
zer algumas observações: é de 105 do sexo masculino para l100 do sexo fe Em relação à população total do Brasil em 1980
• Apopulação brasileira é formada, predomi minino. Mas a mortalidade do sexo masculino
(119.070.865 habitantes)
Cálculos do Autor, tendo por base o Calendario Atlante
nantemente, por jovens, pois quase metade ésuperior à do sexo feminino, fazendo com que, De Agostini, 1983.
da população (48,5o) está compreendida en por volta dos 4 anos de idade, se estabeleça um
tre as faixas de idades de 0 a 19 anos; isso re
equilíbrio entre ambos. A partir dessa idade (4
sulta das altas taxas de natalidade existentes anos), a proporção de homens declina, atingin a população a população
no Brasil. economicamente ativa economicamente não Outro fato que deve ser abordado eque in
do em idades avançadas uma nítida inferiorida
• A população com mais de 60 anos é quanti de numérica em relaço à população feminina.
torresponde a ativa correspondea
flui de forma direta nas caracteristicas de uma
tativamente pequena (6,5%) e isso resulta da Precisamos tomar cuidado quando exami economia é aquele relativo à qualidade da for
baixa vida média da população. ça de trabalho. Em todas as estruturas econô
namos a distribuição segundo os sexos de uma
• Comparando os dados de 1970e 1980, nota população, para não cairmos em erros. Por micas, éo homemno agente da vida econômica.
se que houve um decréscimo da participação
exemplo, se formos analisar a pirâmidade da 36,8% 63,2 Ele participa de todos os processos, eé de sua
percentual da população de 0 a 19 anos. U.R.S.S., verificaremos que a população mas força de trabalho que resultam as caracteristi
Tal fato decorre, principaimente, da diminui cas das diferentes economias.
culina é inferior à população feminina, fugin
ção das taxas de natalidade. Houve um pe Se força de trabalho corresponde à ener
do do padrão encontrado na maioria dos países. O estudo da população economicamente
queno aumento da população com mais de ativa é de grande importância. Auxilia na in gia fisicaemental de um ser humano, conclui-se
No caso da U.R.S.S., a questão da predominân
60 anos de idadee da população entre 20 e cia numérica da população feminina se deve ao terpretação da estrutura econômica de um pais que a sua qualidade depende de vários fatores:
As
59 anos. no que diz respeito à sua força de trabalho, pois alimentação, educação e assistência média.
fato da grande perda de homens durante a Se
o é influenciado sim sendo, considerando que nos países subde
gunda Guerra Mundial. É esseo caso de mui desenvolvimento econômico
senvolvidos tais fatores são escassos, a qualidade
tos paises que participaram com homens na pela proporção existente entre a parte produti
va e a improdutiva de sua população. Sabe-se de sua força de trabalho fica comprometida.
Segunda Guerra. Logo, entre os paises desenvolvidos sub
e
A distribuição por sexos O
Brasil atingiu um certo equilíbrio nume que é da parte da população economnicamente apenas
desenvolvid os, não existem diferenças
rico entre os sexos em 1940. Antes dessa data ativa que depende o desenvolvimento econo
Quanto à distribuição por sexOs, verifica quantitativas quanto à população ativa, mas
O sexo masculino
predominava, pois o imigrante mico. Se esta parte for pequena em relação à acen
se na pirâmide brasileira uma grande aproxi tambémn qualitativas, fato que torna mais
era principalmente do sexo masculino. Após es população economicamente não ativa, ela te as diferenças de força de trabalho entre
mação quantitativa entrea população mascu sa data a imigração declinou, possibilitando o Ta que suportar um maior peso ou encargo eco
tuadas
lina e a feminina. equillbrio numérico entre os sexOS. nômico. eles.
157
156
ECONOMICAMENTE ATIVA, POR SETOR DE ATIVIDADE - 1980 POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA PELOS
POPULAÇÃO
SETORES DA ECONOMIA
MULHERES
HOMENS
País Primário Secundário Terciário
119%

E.U.A. (1975) 5% 36% 62%


369%
109
Japão (1975) 15% 33,5% 51,5%0
9%
Reino Unido (1975) 4,7% 38,9% 56,4%
4
França (1975) 14,9% 35% 50,10
109% México (1976) 40% 18% 420
109 16%
189%
Peru (1980) 40% 20% 40%
Brasil (1980) 30% 25% 450
Atividades agropecuárias, de Eonte: Pierre George, Populações ativas, São Paulo, Difel, 1981; Calendario Atlante De Agostini, 1983; e Anuário
extração vegetal e pesca Indüstria da construção Administração pública
Estatístico do Brasil, 1982, IBGE.
Indústrias de transformacão Comércio de mercadorias Atividades sociais
Transportes e comunica Outros setores e procurando
to do setor terciário, pois, aumentando a po
Prestacão de serviços cões trabalho pulação urbana, esta necessita mais dos vários DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO
ECONOMICAMENTE ATIVA DO BRASIL
serviços (transportes, abastecimento da água, SEGUNDO OS SETORES DA ECONOMIA
Fonte: Anuário Estatistico do Brasil, 1982, IBGE. rede de esgotos, abastecimento alimentar, ser
viços médicos etc.), os quais irão ampliar, por Setores 1940 1950 1960 1970 1980
conseguinte, o mercado de trabalho.
Primário 70,2% 60,7% 54,0% 44,30% 30%
Paralelamente à industrialização, pode
A ESTRUTURA DA POPULAÇÃO mente ativa pelos setores primáio, secundário ocorrer a mecanização da agricultura e esta
e terciário. Entre os fatores que causam altera Secundário 10,0% 13,1% 12,7W% 17,8% 250
SEGUNDO AS ATIVIDADES também libera mão-de-obra para o setor secun
Ções, destácam-se: 19,8% 26,2% 33,0% 38,0% 45%
ECONÔMICAS • a industrialização; dário e terciário. Terciário
Se analisarmos a distribuição da popula
• a urbanização;
ção pelos setores da economia, em vários paí Fonte: Paul Hugon, Demografia brasileira, 1973; eAnuá
As atividades econômicas podem ser agru • a modernização do setor primário, como a ses, perceberemos que os países desenvolvidos rio Estatístico do Brasil, 1978 e 1982, IBGE.
padas em três setores: mecanização da agricultura por exemplo; possuem um pequeno contingente de sua po
Setor primário: corresponde às atividades re • a estrutura fundiária injusta e sua reafirma
pulação economicamente ativa no setor primá
lacionadas com a agricultura, ção: é ocaso do minifúndio que não é capaz, rio. Tal fato é resultado da avançada racionali A POPULAÇÃO BRASI LEIRA
a pecuária, a silvicultura, a ca pela sua pequena dimensão, de atender as ne zação ou organização desse setor nesses paises, SEGUNDO O RENDIMENTO
ça e a pesca. cessidades básicas de uma familia, fato que incluindo-se aí a intensa mecanização da agri
Setor secundário: corresponde às atividades leva membros da família a procurar empre cultura e a grande industrialização.
go, não somente nos latifúndios, mas também Uma das principais caracteristicas da gran
relacionadas às indústrias Nos países subdesenvolvidos a economia de desigualdade entre as classes sociais
no Brasil
de transformação, à indús nas cidades; a concentração de terras através em geral, predominantemente agrícola. A e entre as regiðes diz respeito ao rendimento da
e,

tria de construção e às ati de grandes latifúndios improdutivos; o difíf agricultura apresenta baixos rendimentos por
cil acesso à terra através de uma política de população.
vidades extrativas minerais. trabalhador, exigindo, por conseguinte, nume
Setor terciário: abrange as atividades relacio concentração da mesma realizada pelo gran rosa mão-de-obra nessa atividade.
de capital; a política salarial desfavorável ao RENDIMENTO DA POPULAÇÃO DE 10 ANOS
nadas com os serviços (bancos, A industrialização épequena, limitando 1978
E MAIS, NO NORDESTE E SÃO PAULO,
trabalhador rural, o qual é submetido a rela
transportes, comércio, funcio
nalismo público e o exercício
profissional liberal).
Ções de trabalho de exploração - todos esses
fatos estimulam a migração campo-cidade,
se a indústria de bens de consumo imediatos
(alimentos, sapatos, tecidos, confecções etc.).
Entretanto, os países subdesenvolvidos têm
Rendimento mensal Nordeste
Estado de
São Paulo
Pode-se estudar a distribuição da popula alterando a distribuição da população pelos apresentado um acentuado processo de urba salário mínimo 52% 20%
ção economicamente ativa de um pais, segundo
1

setores da economia. nização e terciarização de sua população. Mas até


1a2 salários mínimos 18% 30%
os setores da economia ou segundo as ativida A industrialização é um fator de grande im estes fatos não devem ser sempre entendidos co 2 a 5 salários mínimos 9% 290
des econômicas. portância para gerar a mobilidade da popula mo o resultado da industrialização e sim como + de 5 salários mínimos 470 187%

Tal tipo de estudo é importante, pois for ção do setor primário para o secundário e decorrência de problemas em suas economias
sem rendas 17% 39%

nece elementos para a avaliação da economia terciário. Além de o desenvolvimento da ativi Ou organização social e econômica, como
a
de um país e suas transformações. dade industrial representar novas fontes de em e Fonte: IBASE, Dados da realidade brasileira: indicado
questão, já apontada, da estrutura fundiária res sociais, Petrópolis, Vozes, 1982.
As transformações de uma economia alte prego, ela provoca uma intensa urbanização. A organização agrária.
ram a distribuição da população economica urbanização, por sua vez, acelera o crescimen 159
158
54,8 anos, as que rcccbem mais de 5 salários cão da renda no Brasil: o analfabetismo, difi
Sabemos que na economia capitalista a sa
em 1960 a cesta de alimentos básicos era adquirida com
tisfação ou o atendimento das necessidades do mínimos possucm a cspcrança de vida de 69.6 ouldades de acessoà escola eà educação no seus 5 horas e 45 minutos, em 1965 eram necessárias 7 horas e

e anos. Veja quc o rcndimento influi na cspe diferentcs graus, jornadas de trabalho prolon oito minutos e em 197l a cesta era adquirida com 8 horas
Ser humano dá-se pela compra de bens servi e 31 minutos de trabalho. Isto significa que o
trabalhador
ços. Desse modo éo rendimento das pessoas rança de vida, c, at af, as desigualdades so. ondas para obter um adicional de rendimento. deveria trabalhar mais 3 horas e 14 minutos em 1971 para
que determinaráo seu padrão de vida, isto é ciais são gritantes. Uns possucm o "dircito quc comprometem ainda mais a saúde do tra alimentar-se da mesma forma como fazia em 1960.
sua alimentação, habitação, vestuário, saúde e de viver mais tempo quc os outros. balhador, e outros mais. A tabela seguinte, baseada nos dados do DIEESE,
• Deficientes condiçõcs de sancamento básico: mostra o problema de forma mais completa.
muitas outras coisas. Assim sendo, o baixo nivel Entre 1970 e 1978 o salário mínimo real diminui em
de rendimento do trabalhador fará com que cle apenas 27, entre 100 domicílios no Brasil, cerca de 30%. Em conseqüência ó trabalhador deveria gas
E
tenha uma vida precária, que viva em condições possucm suas instalações sanitárias liga TEXTO PARA LEITURA tar 32 horas a mais, em 1978, para adquirir a ração míni
ma de alimentos necessáios a sua sobrevivência
subumanas, sem possibilidades de aquisição de das à rede geral de esgoto; DISCUSSÃO Correspondente a 1970.
bens e serviços necessáriosàsuasobrevivência 24 domicílios, entre 100, não possuem ins
Trabalhando mais e alimentando-se menos, é obvio
talações sanitárias; que os efeitos sobre a saúde do trabalhador e de sua famí
de forma digna.
38 domicilios, entre 100, realizamo escoa
Salário e saúde lia se farão sentir sob diferentes formas, indo desde o au
Tal situação resulta da má distribuição da
mento de detritos em valas, rios, lagos e mento das chamadas doenças profissionais e mentais até
renda entre as classes sociais. Uma minoria é "O problema da saúde pode ser relacionado às
con
o aumento da mortalidade de seus filhos.
possuidora da maior renda, enquanto a gran mar. dicões de trabalho e aos salários. Quanto menor salário
o
sua jorna
de maioria da população possui baixo ren Quanto ao abastecimento de água tem-se: mais o trabalhador se verá forçado a prolongar
e
apenas 51, em cada 100 domicílios no Bra da de trabalho para aumentar seus rendimentos atender
dimento. suas necessidades básicas.
Observe os dados anteriores. Além de dar sil, são abastecidos por rede geral de água; o seu SALÁRIO MÍNIMO REAL MÉDIO ANUAL EM CR$
Quanto maior a jornada de trabalho maior será
uma amostra das desigualdades de rendimento 32 domicilios, em cada 100, utilizam-se de desgaste fisico e mental, afetando
sua saúde DE MARÇO DE 1978
entre as pessoas, mostra as diferenças ou desi poço ou nascente; O caso dos metalúrgicos de São Paulo, relatado pelo
HORAS DE SALÁRIO MÍNIMO PARA AQUISIÇÃO
DA RAÇÃO MÍNIMA
gualdades de rendimento entre os trabalhado 17 domicílios, em cada 100, abastecem-se Secretário-Geral de seu sindicato, ilustra este problema: os
operários trabalham quase 12 horas por dia. 97% deles ado ÍNDICE DE PRODUTO INTERNO BRUTO
res do Nordeste e de São Paulo. de água, servindo-se de outras fontes: por dia, REAL POR PESSOA
tam o seguinte esquema semanal: 8 horas regulares
No Nordeste, de 100 trabalhadores, S2 pos água de chuva, fontes públicas (poços ou mais 2 horas extras (o máximo permitido por lei)
e um adi
suem, miseravelmente, um rendimento mensal torneiras), carro-pipa e água de rios.o cional de hora e 36 minutos para compensar os sábados,
1
Salário Minimo Tempo de Aquisição
de um salårio minimoe apenas 4, um rendimen As deficientes condições de saneamento dia em que também trabalham mais 8 horas. Temos assim Real' PIB³
um total de 66 horas semanais em lugar das 48 horas Ano
to superior a 5 salários mínimos. básico atingem, predominantemente, as Tempo |Índice
Valor Índice
No Estado de São Paulo, tido como o Es classes sociais de baixa renda, exercendo normais*
Tanto as estatísticas oficiais, como os dados produ
tado mais rico da Nação, a situação da classe influência nas condições de saúde precá 19701.571,63 100,00 10Sh e 13min. 100,00100,00
zidos pelo DIEESE, mostram a queda do salário dos tra
a extensão da 1971 1.504,12 9s,70 111he 47min. 106,03|110,23
trabalhadora também não é satisfatória. 20% rias em que vivem. balhadores, tendo como conseqüncia 1972 1.477,12 93,99 119h e 08min. 113,27 |119,80
da população economicamente ativa possui um • Precárias condições de alimentação. Grande jornada de trabalho ea diminuição de sua capacidade de 86,13 147h e 04min. 139,86|132,76
adquirir os alimentos indispensáveis à manutenção de sua 19731.353,63
rendimento de até 1 salário mínimno e 30% de parcela da população brasileiraévitimadape saúde. Na tabela do IBGE, abaixo, v-se claramente que 1974| 1.242,22 79,04 163h e 32min.155,35|141,81
e
149h 40min. 142,11 |145,82
1a 2 salários mínimos. la desnutrição. Ela ocorre, principalmente, 1975 1.297,96 32,59
Sabe-se que o salário mínimo é um salário nas famílias de baixa renda. 1976 1.289,01 82,02 157he 29min. 149,61154,93
Quantidade de Trabalho 1977 1.343,46 8s,48 141he 49min. 134,59|158,03
muito aquém da possibilidade de proporcionar No Estado de São Paulo, que é considerado Itens 19781.106,40 70,41 137h e 37min. 130,79
ao ser humano a satisfação de suas necessida o Estado mais rico do País, verifica-se que: 1960 1965 1971
des mínimas de existência (alimentação, habi um terço das crianças na faixa de idade en
20 kg de carne 1:08 1:33 Fonte: Izabel Picaluga, "Histórico Recente do Setor Saú
tação, vestuário, saúde). E um salário de fome, tre 6 meses e 5 anos são desnutridas; 5 ovos
1:04
1:13 1:07 de'", CNPq, 1979, mimeo.
0:33
Tabela especialmente organizada por Helena
Ma
de miséria. a predominância da desnutrição atinge 251kg de feijão 0:16 0:13 0:25
Em decorrência da baixa renda, graves pro ria M. O, Barros, CPB/CNPg.
principalmente as famílias de baixa ren 10 bisnagas de pão 0:43 1:03 0:25
(4)) Divulgação 1/78. Salário Minimo, Tabela II
blemas afligem a maior parte da população bra da; 86% das crianças pertencentes a fa 1,25 1 de leite 0:55 0:51 0:S1
sileira: 25 kg de arroz 0:16 0:20 DIEESE, mimeo, p. 6.
mílias com rendimentos compreendidos 20 kg de farinha de
0:15
(2) Op. cit., p. 13.
entre 0,5e 1,5 salário mínimo são desnu 0:10 0:13 (3) Op. cit., Tabela II, considerando 1970
como
• Alta incidência de doenças em virtude da po mandioca
0:08
breza de grande parcela da população, des tridas. 26 kg de açúcar 0:13 0:20 0:18 ano-base.
tacando-se as doenças infecciosas e parasi • Péssimas condições de habitação: 10 kg de manteiga 0:58 0:38 0:31

tárias como responsáveis pelas elevadas taxas 25, em cada 100 domicílios no Brasil, pos S bananas 0:15 0:45
suem menos de 4 cômodos, não atenden
S batatas/tomates 0:26 0:50 0:36
de mortalidade. Essas doenças decorrem, ge 10 kg de café
0:09 0:10 0:45 Outro efeito da situação de baixos salários é
a pres
ralmente, das deficientes condições de vida do, portanto, às funções que uma moradia Total 5:45 7:08 8:31 são para que outroS membros da família se incorporem ao
da população. deve oferecer: repouso, higiene corporal, e
trabalha, particularmente as mulheres filhos
ou filhas me
nores, sem que lhes sejam proporcionados os serviços os
e
• Desigualdade de esperança de vida entre as preparaço dos alimentos, convívio sqcial Fonte: Auário Estatistico do Brasil, 1963, 1969 e 1973.
classes sociais de baixa e alta renda. e lazer. beneficios sociais correspondentes"
Enquanto as pessoas com renda de até 1 sa (IBASE, Condições de vida, saúde e trabalho
Além dos problemas apontados, muitos Asituação da classe trabalhadoru ng América Latina, Brasil, Petrópolis, Vozes, 1982.)
lário mínimo possuem a esperança de vida de outros existem, decorrentes da injusta distribui DEDEC/Paz e Terra, 1978, p. 61. (Vários autores.)
161
160
UNIDADE
VOCABULÁRIO

Esperança de vida: é a duração média da vida te: o abastecimento de água através de um


humana.
Saneamento básico: corresponde a um conjun
to de procedimentos aplicados a um aglo
merado humano, com o objetivo de
assegurara saúde da população. Fazem par
sistema de encanamento, a rede de esgosto
a coleta de lixo, a despoluiço ou tratamen
to das águas dos rios, o combate a mosquj
tos etc.
Silvicultura: cultura de árvores florestais.
III
O APROVEITAMENTO
ECONÔMICODO ESPAÇO
BRASILEIRO

USON

162
CAPTULO I
Bstado do Maranhão,
que também fazem a co Atualmente, o extrativismo vegetal é ain
os cortado por populações das regiões Nor
leta do babaçu. Outro exemplo são da realizado
res de lenha, os garimpeiros emuitos seringuej te, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, as quais
castanha-do-pará.
EXTRATIVISMO VEGETAL NO ros c coletorcs de encontram nessa atividade o seu meio de sus
O tento. Praticam o extrativismo vegetal sob
Extrativismo vegetal através de diferentes formas: seja como simples coleta, co
empresas comerciais organizadas mo atividade econômica complementar, ou ain
BRASIL para tal fim da na forma mais adiantada, por intermédio
de empresas comerciais organizadas para tal
Corresponde à forma mais adiantada,
his fim e com emprego de técnicas mais desen
volvidas.
toricanente, no Brasil, de extração de produtos
ou de produ A organização da produção caracteriza-se
vegetais. As relações de trabalho por formas pré-capitalistas e capitalistas, defi
pelo sistema capitalista. Desse
ção são regidas
no trabalho assala nida, portanto, pela propriedade da terra e de
modo, elas estão baseadas na seus recursos. Desse modo, as relações de traba
FORMAS DE ATIVIDADES riado. Essa forma constitui, principalmente
DIFERENCIAÇÃO ENTRE O Região Norte Centro-Oeste,
e nova modalida Iho ou de produção (relações que se estabele
EXTRATIVISMO VEGETALE A EXTRATIVAS VEGETAIS a essas cem entre os donos da terra e os trabalhadores)
de, em vista da extensão do capitalismo ocorrem, pelo mnenos, segundo três formas:
AGRICULTURA regiões em tempos recentes -principalmente
Existem várias formas de atividades extra pós-1964–obedecendo a orientação governa • Quando o trabalhador mora no latifúndio,
ve tivas vegetais. Variam conforme o nível de de mental, tendo por base um modelo econômico o seu sustento não se dá somente mediante
Não devemos confundir extrativismno senvolvimento das forças produtivas. Assim o assalariamento monetário. Existe a com
getal com agricultura. dependente aos centros capitalistas nacionais
sendo, pode-se reconhecer: e internacionais. plementação de seu sustento através do seu
trabalhoe de seus familiares no roçado, ou
Simples coleta de produtos do meio ainda do recebimento da "quarta"' ou da "ter
Extrativismo vegetal çorresponde àque
natural para fins de auto-subsistência ça" (quarta-parte ou terça-parte) do cultivo
las atividades nas quais o homem retira de algum outro produto ou da criação de
produtos das associações vegetais ou dos O EXTRATIVISMO VEGETAL
A
coleta de produtos do meio natural para gado.
vegetais, sem ter participado do proces NO BRASIL Percebe-se que essa relação de trabalho apro
fins de auto-subsistência, isto é, a extração do
So de sua criação. xima-se do "morador de sujeição" ou do
produto para fins de alimentação, abrigo ou ha "agregado", onde o trabalhador sujeita-se
a
bitação e, ainda, instrumento de trabalho, cor A organização da produção Es
essas condições de relações de produção.
respondea uma forma primitiva de exploração sa forma foi muito comum durante o feuda
da terra. Erealizada por sociedades primitivas. Em virtude da existência de diferentes pai europeu.
Agricultura é a atividade que consiste na sagens vegetais no Brasil, as associações vege lismo e o periodo pré-capitalista
reprodução de plantas, realizada pelo Essa atividade constituiu e ainda hoje consti o
• Quando trabalhador não mora no latifún
tui a base de vida para essas sociedades. Eo
caso tais oferecem uma diversidade de produtos em par
homem. grupos dio, o seu sustento origina-se grande
de grupos indígenas do Brasil, de afri utilizados pelo homem.
te da caça, da pesca e do roçado
em sua
canos, de aborígines da Austrália, dos esqui Desde a chegada dos primeiros portugue
ses ao Brasil, no começo do século XVI, iniciou pequena propriedade ou posse. Para comple
mós e de muitos outros. se o extrativismo vegetal. Primeiramente foi o mentar a baixa renda para o seu sustento
e
O extrativismo vegetal difere, portanto, da
pau-brasil, extraído da Mata Atlântica, para a de seus familiares, dedica-se ao trabalho no
agricultura, da criação de gadoe da piscicul
tura, pois estas atividades são reprodutivas, is Extrativismo como atividade atender às necessidades da Europa de substân latifúndio, como coletor de produtos vegetais.
a mas
to é, consistem na reprodução, realizada pelo econômica complementar cias de tingimento de tecidos e mesmo madei Desse modo, o trabalhador engrossa
sa de trabalhadores temporários que se acen
homem, de plantas e animais. ra, para diferentes finalidades. Posteriormente
No extrativismo vegetal, o homem retira Trata-se de uma forma atrasada de extra foram as "drogas do serto", fornecidas prin tuou após a penetração ou extensão do
das associações vegetais os produtos de que ne tivismo, pois as técnicas utilizadas são arcaicas. extrativismo vegetal.
-
cessita alimentos, madeira, fibras etc. -sem
participar de sua reprodução.
Geralmente, é realizada por populações que não
encontram na agricultura a sua total subsistn
cipalmente pela floresta Amazônica.
No século XIX, a extração do látex de vá
rias plantas da floresta Amazônica intensificou
•Oreutrabalho assalariado: a partir de 1964 ocor
um desenvolvimento extensivo do capi
talismo nas regiões Norte Centro-Oeste, de
e
Entretanto, muitos vegetais que eram ex cia. Ao mesmo tempo que o grupo familiar pra a migração interna para a Região Norte, prin as relações
por conseguinte,
plorados sob a forma de extrativismo vegetal, tica a agricultura, elementos do grupo fazem cipalmente de nordestinos. senvolvendo-se,
com o
isto é, não eram reproduzidos pelo homem atra a coleta de produtos da natureza com a finall capitalistas de produção, juntamente
Paralelamente a esses produtos, outros se forças produtivas.
vés de seu plantio, hoje o são. Êo caso da ma dade de comercializar. Complementam, assim, destacaram: a castanha-do-pará, a cera de car
desenvolvimento das
a renda do grupo. o caso dos trabalhadores Deu-se, a partir dessa data,
uma maior inte
deira, da seringueira, do cajueiro, da erva-mate, É naúba, o babaçu, a castanha de caju, a erva Norte e Centro-Oeste, às
da piaçava e de outros. das plantações de arrOZ nas várzeas de rios do mate e muitos outros. gração das regiões
164 165
demais regiðes, principalmente o Sudeste, on Como diz Fernando H. Cardoso e G. Mül..
ler, em Amazônia: expansão do capitalismo,
• as plantas oleaginosas
e a
-o babaçu, o tucum
oiticica.
existir preocupação em renová-la. Ainda nos úl
timos anos, os projetos principalmente volta
(amêndoa), o licuri
de o capitalismo já estava articulado com os
mercados mundiais. 200: "Em poucas palavras, o esforço oficial em -
.as borrachas a Hevea brasiliensis,
a
o cau
maçarandu
dos para a pecuária, na Amazônia, causaram
grandes devastações na imensa floresta Ama
Seguindo a orientação governamental, ten beneficio de uma colonizaço social' acabou cho, e as gomas não elásticas,
atraindo mão-de-obra excedentária que, levan zônica.
ba e a balata.
se
do por base a questão da necessidade de o ou ouricuri. Diante disso, está se formando na consciên
povoar os espaços vazios, por questão de do, como os rios, mais água para o mar, engros • as ceras-a carnaúba, licuri
sou o caudal da superexploração do trabalho com predomi
grande cia do brasileiro o espírito conservacionista. A
segurança nacional e de aliviar tensões sociais
em beneficio da grande empresa. Seja na zona
• as
fibras-a piaçava,produção deste grupo. opinião pública, nos últimos anos, tem-se ma
em outras regiðes ou lugares do pais, frente ao nância no valor de
esgotamento das fronteiras agricolas e calca agropecuria do norte de Mato Grosso e sul do Além desses produtos citados, muitos ou nifestado no sentido de que há necessidade de
se ditar uma política mais racional de aprovei
do no modelo econômico de desenvolvimento Pará, seja nos latifúndios dos seringalistas ou tros fazem parte do extrativismo vegetal bra
associado (capitais nacionais e estrangeiros). nas serrarias que brotam legal ou ilegalmente sileiro.
tamento dos recursos florestais, a fim de evitar
ocorreu a implantação, nas regiðes Norte e um pouco por todaa parte, reanimandoo ex Analisando-se o valor da produção (1983), danos irrecuperáveis para o Brasil. Assim sendo,
os
destacam-se em ordem decrescente seguintes vOzes têm-se levantado contra a intervenção
Centro-Oeste, de várias empresas nacionais trativismo da madeira, a mão-de-obra barata.
e estrangeiras. desprotegida e errante, encontra no empresário produtos: as madeiras, a erva-mate, o babaçu, inadequada de empresas nacionais e estrangei
a Hevea brasiliensis, a carnaúba, a piaçava,
a ras na Amazônia, as quais visam somente a lu
A
penetraçãodessas empresas passoua alte o complemento necessário para transformar a
rar as relações de produção. De formas pré migração, pela vìa da exploração, em elemen castanha-do-pará. cros sem preocupação com o equilíbrio ecoló
castanha de cajuea
capitalistas, as relações de produção cami to dinamizador da acumulaçã". gico regional. Organizações têm sido fundadas
com o objetivo de preservar, orientar e disci
nham para o trabalho assalariado, alterando A MADEIRA
as antigas formas existentes. plinar a ação sobre os recursos naturais, como
Dos vários produtos do extrativismo
vege
éo caso do Instituto de Pesquisas da Amazônia.
As conseqüências da expanso ou desen Em 1967, foi fundado o IBDF (Instituto
tal brasileiro, a madeira ocupa um lugar de
des
volvimento do capitalismo nessas regiðes gerou aplicação, como Brasileiro de Desenvolvimento Florestal), sur
uma mudança na orientação da produção. An taque, tanto pela sua variada
também pelo valor de sua produção. gido da fusão do antigo Departamento de Re
tes, era considerável o peso da produção desti cursos Naturais do Ministério da Agricultura,
nada ao autoconsumo dos produtores, isto é, A atividade do extrativismo da madeira,
as atividades econômicas estavam voltadas para em algumas áreas do Brasil, é caracterizada pelo do Instituto Nacional do Pinho, do Instituto
a subsistência ou sustento da familia, dos indí emprego de técnicas modernas, constituindo da Erva-Mate e do Conselho Federal de Flo
genas, dos povoados, dos lugarejos, das vilas etc. uma ativa indústria extrativa vegetal. E esseo restas.
caso da exploração do pinho, na Mata dos Pi Os objetivos do IBDF podem ser traçados
A "nova conquista" dessas regiões, em na busca de medidas para controle do corte da
preendida pós-1964, alterou as relações de nhais ou de Araucáia, no Sul do Brasil.
Em outras áreas, contudo, essa atividade madeira e incentivo ao reflorestamento.
trabalho. Apesar da atuação do IBDE, muitas coi
Inicialmente, tendo por base as rodovias ali encontra-se ainda na fase de um extrativismo
predatório, constituindo verdadeira ameaça de sas ainda estão para ser realizadas e as dificul
construídas (Transamazônica, Cuiabá -Santa
extinção para várias espécies vegetais. Esse ti dades aumentam, considerando-se a grande
rém e outras), realizou-se uma tentativa de co po de extrativismo corresponde ao abate ou cor extenso territorial do paisea falta de recursos
lonização por meio de agrovilas. Frente ao insu
cesso das mesmas, implantou-se, posteriormen Após a década de 60, com a "nova conquista'" e colo te de madeiras de lei para a indústria de móveis, técnicose financeiros.
nização da Amazônia, o indigena foi incorporado à mas
além do abate de várias espécies para o forne Na produção de madeira em tora, destaca
te, uma ocupação com um grande capital, isto sa de trabalhadores despossuídos. se a Região Sul seguida da Região Norte.
cimento de lenha e carvão (como combustíveis)
é pore intermédio de grandes empresasgovernanacio
para grande parte da população e certas in Quanto à produção de lenha, destaca-se
o
nais estrangeiras, além de projetos e, carvão vegetal, o Sudeste.
dústrias. Nordeste, de
mentais de pólos de desenvolvimento regional,
voltados para a exploração agropecuária, mi Os principais produtos do extrativismo Desde o século XVI, as formações flores
neral e extrativista vegetal. Essa orientação le vegetal brasileiro, em valor de produção tais brasileiras sofrem a ação de devastação rea A ERVA-MATE
vou à expansão das relações capitalistas na lizada pelo homem. Primeiramente, a Mata uma
A erva-mate (Ilex paraguaiensis) é
região. Com base no valor de produção, pode-se Atlântica, no Nordeste, foi largamente devas
Como já foi assinalado, a produção, que se destacar cinco classes ou grupos de riquezas ve tada para ceder lugar à agroindústria da cana planta arbustiva. Nativa do planalto Meridio
e
destinava em grande parte ao autoconsumo dos getais. Em ordem de valor de produção, des de-açúcar, seja para o plantio de cana, seja pa nal do Brasil (Paraná, Santa Catarina Rio
surge à Mata dos Pi
produtores, frente a essas modificações, tor ra fornecer lenha e madeira para o engenho. No Grande do Sul), associada
tacam-se: como em regiões de campos. Em
nou-se uma produção destinada ao grande mer • as madeiras destinadas à produção de le século XIX, a marcha de ocupação dos solos nhais também
cado interno e externo, alterando as relações de nha, carvão e em toras, sendo responsáveis pelo café, através da agricultura itinerante, pro Mato Grosso do Sul se desenvolve no Sudeste
e, no território paraguaio, cresce na região
produção. O trabalho assalariado acentuou-se moveu grandes desmatamentos novamente na
e, com ele, o agenciamento de mão-de-obra para
o grande proprietário, através do "gato" ou em
pelo grande desmatamento.
-
• asplantas alimentícias a erva-mate, a cas
tanha do pará, a castanha de caju, o açaí, o
Mata Atlântica ou Floresta Tropical no Sudeste.
No atual século, a Mata dos Pinhais foi
Nordeste.
A erva-mate fornece uma bebida de sabor
preiteiro de mão-de-obra. palmitoe outras. também largamente explorada, sem contudo agradável. E largamente consumida nos Esta

166 167
marrão; quando adoçada é o chá-mate.
-
dos do Sul do Brasil na forma amarga o chi O BABAÇU
cima, onde colocam o coquilho. Utilizando um
porrete, batem várias vezes sobre o coco ou co
quilho, pois ele é de grande dureza, até quebrá
A sua extração é realizada segundo duas Éuma palmeira que surge em estado nati lo e retirar as sementes. Entretanto, tomam o
formas: como atividade econômica comple vo e em grande quantidade, na Mata dos Co
cuidado de não ferir a semente, porque, urma
mentar, isto é um modo de trabalho resultante cais, situada entre a floresta Amazônica a oeste, vez machucada, ela perde o valor comercial,
da associação da exploração da floresta com a a caatinga a leste e o cerrado ao sul. Os baba
pois passa a perder o óleo e torna-se rançosa.
cultura dos campos, tudo segundo o ciclo das çuais localizam-se, então, em largos trechos do Nessa operação rudimentar são comuns os aci
estaçõese ainda através de empresas comerciais Maranhão, Piauíe norte de Goiás, acompa dentes, cortes nas mãos e nos dedos.
que, além de explorar as ervas nativas, realizam nhando os vales dos rios Mearim, Itapecuru, De 40 kg de coco coletados, a família ob
a sua plantação. Pindarée Parnaíba. tém cerca de 4 ou 5 kg de sementes. Vende as
Os ervateiros cortam os ramos da erva, sa Trata-se de uma planta que atinge 15 me sementes a um intermediário, que é geralmen
pecando-os numa fogueira feita no mesmo lo tros de altura e que possui grandes cachos de teo vendeiro", ou troca por gêneros de que ne
cal de extração. Posteriormente, os ramos são cocos de cor marrom, de grande dureza, do ta
cessita.
quebrados a mão e selecionados, sendo trans manho de um limão siciliano, sem forma de O "vendeiro" negocia com a indústria lo
portados em feixes para o local onde ocorre o finida. cal, que realiza a extração do óleo. A torta (se
primeito beneficiamento através da dissecação. O coco de babaçu pode ser totalmente mente prensada e dela retirado o óleo) évendida
Os feixes são submetid osao calor lento e pos aproveitado. Divide-se em quatro partes: Aspecto de um babaçual no Maranhão. ao criador de gado eo óleo, por sua vez, éven
teriormente vão para a cancha", espécie de ba dido às íindústrias do Sudeste, que o submetem
epicarpo, que é a camada externa;
tedouro, onde as folhas são quebradas com bas mesocarpo éa camada intermediária com a tratamento segundo suas necessidades.
tões de madeira. Logo em seguida, são ensaca cerca de 6 cm de espessura, constituindo a
No Piauí, já existe uma indústria exploran
Além da coleta de plantas nativas, os Es
das, empilhadas e conduzidas para os engenhos polpa do fruto. Daí pode ser retirada uma fa tados do Maranhão e Piauí realizam plantações
de beneficiamento em Curitiba, Joinvillee ou rinha adequada à alimentação infantil ou ain do o babaçu com finalidade de fornecer carvão.
tras cidades do Sul. de babaçu. O Estado do Maranhão é o maior
da dela se pode fazer uma bebida tipo Aprópria Companhia de Desenvolvimento do produtor. A sua produção anual é superior a
Atualmente se desenvolve no Brasil a plan Piauí fez uma análise do produto, chegando à
chocolate, de grande valor nutritivo; 75% do total da do Brasil. Em seguida surgem
tação de ervais. Tal fato permite a obtenção de endocarpo éa camada interior que protege concluso de que o carvão de babaçué ideal co Goiás, Piauí, Cearáe Pará.
variedades com qualidades gustativas mais de mo matéria auxiliar da indústria siderúrgica na
as sementes;
acordo com a preferência dos consumidores.A semente, riquíssima em óleo, com possibili produção de aços finos, em virtude de seu gran
erva-mate não éproduzida somente para o mer de poder calorífico, baixo teor de cinzae total
dade de servir na alimentação, seja como óleo
cado interno, mas também é exportada para a ausência de enxofre, o que reduz consideravel HEVEA BRASILIENSIS
doméstico ou como matéria-prima para a fa
Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile. bricação de margarina. Além disso, pode ser mente o índice de poluição. o
O Estado do Paraná lidera a produção, Diante dessas qualidades, o Piauí já ven Várias plantas produzem a borracha:
utilizado na fabricação de sabão, de perfumes a a
destacando-se os municípios de São Mateus do e cremes para barba e, também, em aparelhos de no mercado interno brasileiro o carvão para a
caucho, mangabeira, maniçoba, balata,
Sul, Guarapuava, Rio Negro e Prudentópolis. algumas empresas (Fiat, General Motors), além a maçaranduba ea Hevea brasiliensis. Entre
de alta precisão (balanças de laboratório), e
Logo em seguida, destacam-se Santa Catarina de exportar para a Noruega e para a Alemanha tanto, de todas elas, a Hevea brasiliensis é a mais
ainda atua como lubrificante, além de servir
(Mafra e Canoinhas), Rio Grande do Sul (La na laminação do estanho. Ocidental. importante, seja pela quantidade produzida, se
jeado, Erexim, Venâncio Aires etc.) e, finalmen Apesar de todas essas possibilidades ofe ja pela aplicação. Todas elas recebem o nome
O babaçu é de grande utilidade para a po ao
te, Mato Grosso do Sul (Ponta Por, Amambaí recidas pelo babaçu, o seu extrativismo é ain geral de seringueira e isso estárelacionado
e Campanário). pulação regional. Da palmeira macho retira-se da uma atividade arcaica. A população que a fato de que, atéo século passado, a grande apli
o palmito, que serve de alimento; a palma é uti
Cumpre destacar que a erva-mate, como ele se dedica apresenta baixa renda, e o seu ex cação da borracha era na fabricação de serin
chimarrão, constitui um elemento da cultura do lizada em esteiras, cestos e nas paredes das ha gas de uso médico; daí o nome de seringueira
bitações; o caule fornece a madeira para a trativismo pode ser caracterizado como ativi
gaúcho. A imagem do gaúcho não está com dade econômica complementar, isto é realizado à
planta produtora de matéria-primaa para
as
pleta se faltarem a cuia e a bomba típica para sustentação das casas e ainda serve como com e seringueiro o homem que coleta.
bustível. O óleo é utilizado como combustível por populações que não conseguem obter da seringas,
se tomar a bebida. Ele faz parte do dia-a-dia A Hevea brasiliensis, principal planta pro
de lamparinas e atémesmo misturado no mo agricultura a sua total subsistência. Assim sen
do homem do Sul e até de versos que traduzem do, a mão-de-obra utilizada na coleta do coco dutora de borracha, é uma árvore de tronco
ro
o espírito gaúcho: tor de popa. A semente, uma vez prensada pa e folhagem escassa, nativa de várias áreas
ra dela se retirar o óleo, constitui excelente de babaçu é aquela que vive em subemprego. busto
"Peço pouco nesta vida Dentre os problemas impostos à melhor ex da Amazônia (alto dos rios Juruá, Purus, vale
pra minha felicidade: alimento para o gado.
Háanos, estudos realizados demonstraram ploração do babaçu, figura a quebra do coqui do Madeira, Tapajós e nas matas de igapó do
uma cabrocha destorcida, oeste da ilha de Marajó).
que do babaçu se pode obter alcatrão, gás, fe Ino. A quebra é manual e rudimentar e dela
uma viola bem sentida,
facão, mate e liberdade" nol, e que seu carvão pode ser utilizado como
filtro emn máscaras contra gases, além de cons
-
participa toda a família homens, mulheres
e crianças. Utilizam machados ou foices. Ficam
A maior importância econômica da bor
racha teve início depois que Charles Goodyear,
(Recolhido pelo historiador Romário tituir umn combustível melhor que o coque de cócoras ou ajoelhados, prendendo as ferra nos E.U.A., e Thomas Hancock, na Inglaterra,
Martins do folclore gaúcho) Car descobriram o processo de sua vulcanização.
dife (Inglaterra). mentas nos joelhos com o gume voltado para
168 169
Contudo, foicom o advento do pneumático, to a Malásia produz, por ano, mais de 1.500.00o
ainda não foi industrializada de formamoder a principal área de ocorrência são os tabulei
invenção de Dunlop, em 1888, que a borracha toneladas de borracha natural, a Indonésia, cer
g como seria de se desejar, com exceção no de ros do litoral sul, onde existe o clima quente
ca de 800 mil toneladas, o Brasil em 1980 pro
adquiriu grande importância no mercado mun algumas indústrias do vale do Jaguaribe, sempre úmido.
dial, devido ao seu emprego em larga escala. duziu 21.250 toneladas. Ceará. Constitui para muitas famílias
uma ati Após a derrubada das matas pluviais primi
Os maiores produtores'mundiais são: Ma e de baixa
O Brasil, através dos seringais nativOs da vidade econômica complementar tivas, a piaçava se propaga, ampliando de for
Amazônia, tinha praticamente o monopolio do lásia, Indonésia, Tailândia, India, Sri Lanka (ex ma considerável a sua área de domínio.
Ceilão), Libéria, Filipinas, Nigéria, Vietn, Zai renda.
produto até 1912, pois a produção dos simila
re e República Popular da China.
Cada planta fornece, em média, de 60a 80 No sul da Bahia, a exploração da piaçava
res nativos da América Central, da Africa gramas de cera de larga aplicação: fabrico de constitui uma atividade bastante antiga e repre
Equatorial e da India era insignificante. velas, preparo de couros, enceramento de cal senta o meio de sustento de grande parcela da
A CARNAÚBA
Data dessa época, isto é, dos fins do sécu cados e madeiras, sabonetes, fósforos, lubrifié população, seja como atividade econômica
lo XIX até 1912, o periodo áureo da borracha e
cantes, isolantes para cabos, dela ainda complementar ou através do trabalho assala
na Região Norte. Milhares de pessoas migra A carnaubeira é uma planta nativa do Nor e riado e, ainda, sob a forma de empreitada.
possível extrair-se ácido pícrico pólvora.
ram para a Amazônia em busca de riqueza, deste. Ocorre em associações densas em vales Diante da possibilidade de extrair-seo áci Sua colheita é realizada, geralmente, duas
além da intensa migração de nordestinos, mo de rios do Meio-Norte, sobretudo o Parnaíba, Mundial, vezes ao ano, por empreitada, desbastando-se
do pícrico, durantea Segunda Guerra
tivada pela grande seca de 1870, os quais che edo Nordeste Oriental, principalmente no Cea a sua produção foiconsideravelmente
aumen a maior quantidade possível de folhas, sem
garam até o Acre. São exemplos desse periodo rá, nos vales dos rios Jaguaribe, Acaraú e Co para os E.U.A. preocupação com a possibilidade de extinção
rea, além de outros. tada e exportada
áureo as velhas construcões nas cidades de Be A carnaubeira é um exemplo significativo do vegetal.
lém e Manaus, feitas com ostentação, utilizan Trata-se de uma palmeira com folhagens aos
em forma de leque e dela tudo se aproveita, daí de planta que se adaptou a áreas sujeitas Os principais municípios produtores são:
do materiais importados da Europa. grandes períodos de estiagem ou seca. Obser Cairu, IlIhéus, Jaguaripe e Una, localizadas no
a denominação a ela atribuída de árvore da
Entretanto, esse periodo foi de curta dura ve a descrição feita por José Veríssimo da Cos Estado da Bahia.
ção. Enquanto o Brasil ficou confiando na co vida" ou árvore da providência'". ta Pereira, em Tipos e aspectos do Brasil, sobre A produção destina-se a abastecer o mer
leta da borracha silvestre, sema preocupação Da raiz extraem-se medicamentos; do cau a carnaubeira. cado interno.
le, madeira de grande durabilidade para cons o
de plantá-la e de racionalizar o seu cultivo, os "O longo período sem chuvas durante
ingleses, percebendo a grande importância eco trução; das folhas fazem-se cobertura para as ano exige da carnaubeira adaptação ao perío
nômica do produto, levaram sementes da Ama habitações, cordas, chapéus, alpercatas e vários do seco que, por seis ou mais meses, é normal
outros objetos. Das folhas extrai-se também a CASTANHA DE CAJU
zônia. em toda a vasta extensão de seu habitat. Para
cera, de grande aplicação industrial e, de seu
Em 1876, um inglês, de nome Henry A. protegera planta contraa inexistência da água, O
cajueiro é planta nativa do Nordeste, tí
Wickham, obteve 70 mil sementes de seringuei fruto, faz-se alimento parao gado; a polpa é as células epidérmicas das folhas se revestem
utilizada para a elaboração de doces, e do ca e pica dos tabuleiros sedimentares litorâneos, de
ra do vale do Tapajós e as transportou no vapor de uma camada de cera, mais abundante de solos aren osos, e ainda das dunas.
roço éextraído o óleo.
inglês Amazonas. As sementes foram levadas melhor qualidade nas folhas novas. Trata-se de E um vegetal que sobressai dos demais
pe
para o Jardim Botânico de Kew, em Londres, A cera de carnaúba constitui uma ativida singular autodefesa que, obstruindo os esto apesar
la sua área de ocorrência, de disperso,
onde o seu diretor (Hooker) aclimatou-as e cui de extrativa tradicional no Nordeste, contudo mas foliáceos com matéria cerosa, impede a a
pois éencontrado desde o Maranhão até Ba
dou para que elas germinassem. Das 70 mil, transpiração, determinando a diminuição da in hia, passando por todos os Estados nordesti
apenas 2,400 germinaram. Logo em seguida, fo tensa evaporação, o que implica uma conside nos. Admite-se que a sua área de origem seja
ram transportadas para as colônias inglesas da rável economia d'água. o Maranhão.
Ásia do Sule do Sudeste (a Inglaterra tinha um Os maiores produtores são: o Piauí (baixo O caju, a fruta do cajueiro,
é constituido

grande império colonial). Primeiramente foram rio Parnaíba e região Centro-Oriental), o Cea de duas partes: o pedúnculo e a amêndoa.
introduzidas na ilha do Ceilo (atual Sri Lan rá (principalmente no vale do rio Jaguaribe) e Do pedúnculo ou da polpa extrai-se uma
ka), na sua capital, a cidade de Colombo. Pos o Rio Grande do Norte (vales dos rios Açu e
substância, que se presta de forma admirável
teriormente, foram plantadas em Cingapura e Apodi). para o fabrico de sucos, refrigerantes e de uma
daí as plantações ocuparam grandes áreas do bebida, a cajuina, além do vinho.
Sudeste Asiático, formando-se assim grandes A PIAÇAVA Da castanha de caju o aproveitamento
é

plantations. completo. Retira-se óleo, além da extração da


Uma vez racionalizado o seu cultivo, a pro
E uma palmeira produtora de fibras em amêndoa, muito apreciada tanto no mercado
dução das colônias inglesas logo superou a do interno como externo.
Brasil, que continuava confiando apenas na pregadas no fabrico de vassouras.Constituio
Sexto produto do extrativismo vegetal brasilei O cajueiro possui muitas outras aplicações:
produção de espécies nativas. ro, em valor de produção. as raízes têm função diurética, a casca'" é uti
De primeiro produtor mundial, o Brasil lizada como cicatrizante, além de outras.
passou a ocupar uma posição secundária, pois Existem duas espécies: a Attalea funifera,
na Bahia, e a Leopoldinia piassaba, no Além da exploraço nativa, existem várias
atualmente éo 12° produtor do mundo, com altoe pro
médio rio Negro, na Amazônia. plantações. O Estado do Ceará é o maior
uma produção bem modesta se comparada, Norte e
Per
A principal delas em quantidade produzi dutor, seguido do Rio Grande do
principalmente, a0s paises asiáticos. Enquan Carnaubal sendo explorado. da é ada Bahia (95% do total). Nesse Estado, nambuco.
170 171
CASTANHA-DO-PARA E não tinham estas mudas de
A
cidade de Marabá, no sul do Pará, &o oringucira da Anazönia? cidade, não havia como vencer a resistência da madeira.
nas estufas dde Kew Garden
maior centro comercial da castanha-do-pará. pois de aclimadas -0 Jardim
no Orien
Isto vale dizer que o tipo de serraria adequado às matas
Botânico de LondresVingado perfeitamente heterogêneas da Amazônia ainda estava por ser inventa
O
castanheiroé uma árvore de caule cilindri que visa principalmente ao mercado externo: e transformando-se nas maiores plantações de borracha do. Deste ponto de m
Simples floresta de pinhei
Coe se apresenta sem ramos até a fronde. Possui no mercado norte-americano cla é conhecida ros do Alasea valia aa floresta Amazônica.
do mundo? Maso pior
de 20 a 30 metrosde altura e aparece em estado com o nome de Brazil-nuts (n0zes do Brasil). Ora, se, transplantadas, as mudas da Hlevea brasilen de tudo ainda estava por vir. O pior seria o milhão de pés
cde vingavam dessa mancira, deslocando de
Belém do Pará de seringueiras definhando pelo excesso de sol epela falta
nativo na mata de terra firme, na Amazônia. Várias são as suas aplicaçòes. A sua casca de borracha, que
é utilizada como ara Ceilio ceixo dos fabulosos negócios
mesmae de umidade e de humo. Depois de florescerem com exube
Grandes castanhais se estendem pelo vale combustível para defumar não essas mudas uma vez räncia durante certo tempo, estavam murchando ao sol da
prodigios simetrie
do baixo Tocantins eno vale do rio Itacaiúnas, borracha. A semente fornece um óleo comes plantadas no solo original? Tudo estava em região, exatamente como o café que na Amazônia não é
no Pará, além de em áreas do Amazonas e Acre. em terras apropriadas.
tivel, outrora utilizado como sucedâneo do azei. oreanizar seringais homogèneos plantado àsombra de arbustos que o protejam. Å falta de
rumo à Amazônia.
Em virtude da altura da copa, a colheita te de oliveira, aplicado na fabricação de sabão Por conseguinte, rumo ao Brasil, proteção das sombras da floresta tropical, o exército de se
ideal seriam as everglades,
nos Estados Unidos: mas ringueiras de Mr. Ford ia morrer ao sol. Era a tragédia no
da castanha se realiza no chão, quando os fru ena indústria farmacêutica e de cosméticos, co o

seu
Henry Ford, que sabia do malogro das experiências do mundo vegetal em todo o seu horror. Segundo Darwin, a
tos (os ouriços) começama cair das árvores, o mo lubrificante na indústria de aparelhos de al no sentido de plantar borracha em
vida é luta, e na luta triunfa o mais forte. Na Amazônia
amigo Thomas Edison
que se dá em fins de janeiro. ta preciso, além de constituir um alimento de território americano, era pragmático demais
para insistir. triunfava o desordenado da selva contra a disciplina do se
e na
O castanheiro constrói a sua pequena ha alto valor nutritivo. A
coisatinha de ser mesmo na Amazônia; e Amazônia, margens
ringal.
no Pará; e no Pará, às margens do Tapajós, nas Daí por diante a história da Fordlândia se precipita.
bitação na floresta com a cobertura da mesma Além do Estado do Pará, que é o maior em que Henry Wickham Em 1938 Ford pede ao governo brasileiro nova concessão
do Tapajós, exatamente no local
inclinada, de tal forma que, caindo o volumo produtor, ocorre também no Amazonas, Acre, recolhera, em 1892, com as mudas da seringueira, futu
o –
de terras-a gleba de Belterra abrindo mão da anterior
so e pesado fruto (o ouriço), ele não causa da Rondônia, Amapá e Mato Grosso. ro título de lorde. Era lamentável, mas infelizmente aque a preço
vil. O governo brasileiro imediatamente acede. O
nos. Dentro de sua habitação, o castanheiro las árvores tão cobiçadas pela indústria americana, talvez governo brasileiro fazia-Ihe todas as vontades, como se Ford
aguarda os ventos que, balançando os galhos, por teremo sangue branco como os deuses, e que, por isso já tivesse recebido a extrema-unção. Depois é o silêncio,
OUTROS PRODUTOS mesmo, no plano vegetal, deviam corresponder ao ariano a Fordlândia cedendo o primeiro plano e a primeira página
fazem desprender os ouriços maduros. Poste no plano antropológico por um equívoco da natureza, do noticiário a inventores e produtores de borracha sinté
riormente, uma vez cessado o vento, sai da ha Além dos produtos anteriormente citados, só vingavam nos trópicos. tica, com eos
Estados Unidos resolveriam de 1944 em
alha da borracha.
bitação e recolhe os frutos caidos no chão. existem muitos outros que fazem parte do ex Enfim, não podendo ser nos Estados Unidos,
que fos diante a
Dentro da habitação, enquanto aguarda trativismo vegetal brasileiro, tornando-se difí se na América. Estava decidido: Henry Ford ia plantar bor Para encurtar a história: em janeiro de 1946 corre pe
racha na Amazônia. Os dias do monopólio inglês da lo mundo a notícia melancólica: Ford se retira da Amazô
outra vez o vento, inicia o trabalho de que cil aqui relacionar todos: nia. Ford withdraws from Brazil. Era o fim. Todo o final
borracha estavam contados. O castigo divino, pela espada
bra do fruto para retirar as sementes ou casta • a guaxima e a malva, fornecedoras de fibras, vingadora do arcanjo Henry Ford, ia descer sobre um
mo da história está sintetizado nesta legenda. Aliás, toda a his
nhas. Cada fruto possui de 12 a 22 sementes. e o guaraná, encontrados na Amazônia;
nopólio originado no furto, na burla e no contrabando. tória da Fordlândia pode ser concentrada no estilo telegrá
Uma vez feita a coleta, a quebra dos frutos • a oiticica (óleo vegetal) e o caroá (fibra), no rumo ao Brasil, rumo à Amazônia. fico das legendas de jornal e de revista. E para reconstituí-la
Por
...Entretanto Henry Ford ia recebendo lendo os
e re basta recolher ao acaso estas últimas, tal como foram ca
ea retirada das sementes, estas são transporta Nordeste; talogadas no livro próprio pela Biblioteca de Nova Iorque,
latórios. E estes contavam histórias um pouco diferentes
das por canoas até o barracão do proprietário
ou do arrendatário do castanhal. Nesse siste
asubstância
poaia ou ipecacuanha, fornecedora de
para a fabricação de medicamen das que figuravam no frontispício dos jornais. Alémn do
motim dos caboclos, houve algumas dificuldades técnicas.
de 1928 a 1946 sob a rubrica Rubber. Constituem a síntese
de uma história empolgante"
ma, o trabalhador também fica com a menor tos, encontrada no sul de Rondônia e no tre Por exemplo: a serraria destinada a cortar todas as árvores ár
da heterogênea floresta tropical não dera resultado. As
parte. cho amazônico de Mato Grosso; (Vianna Moog, Bandeirantes e pioneiros paralelo
• oquebracho, do qual se extrai o tanino, utili vores cuja madeira interessava ao mercado americano, co
mo o acapu, inutilizavam todas as serras e queimavam os entre duas culturas, 8. ed., Rio de Janeiro, Ed. Delta,
zado na indústria de couros, com ocorrências motores, e por mais que se lhes duplicasse a força e a velo 1966, v. 1, p. 38-9 e 44-5.)
no Pantanal Mato-grossense, emuitos outros.

TEXTO PARA LEITURA E


DISCUSSÃO VOCABULÁRIO

Aborígine: habitante primitivo de uma região. Cardiff, na Inglaterra, considerado de


te de
A batalha da borracha boa qualidade.
Alpercata: sandália que se prende ao pé por ti
ras de couro ou de pano (o mesmo que al Diurético: que facilita a secreção da urina.
"Por volta de 1928, Henry Ford debatia-se com uma Estomas foliáceos: pequena abertura
na epider
idéia fixa: queria encontrar uma fórmula salvadora para pargata).
o angustiante problema do suprimento de borracha para me foliar que se abre, inteiramente, em um
Arrendatário: pessoa que toma de aluguel, por as
a sua indústria. Estava cansado de aturar os preços que os
certo tempo e preço, o uso e gozo de certo sistema de canais aeríferos, que permitem
ingleses de Ceilão e também os holandeses de Java lhe im trocas gasosas necessárias
à
vida das plantas.
punham. E decidira que o império da borracha na mão dos imóvel.
Gustativo: relativo ao sentido do gosto.
ingleses era imoral e que a maneira de purificá-loe redimi Coque Cardife: residuo sólido da destilação do os
lo era transferir este império da tutela retrógrada do capi Piscicultura: arte de criar e multiplicar
carvão mineral e que constitui uma grande
O castanheiro talismo inglês para a tutela progressista do joveme saudå
fonte de energia utilizada principalmente pa peixes.
constitui uma vel capitalismo americano. Como? Plantando borracha na
ra aquecer os altos-fornos da siderurgia. "Plantation": é um tipo de agricultura que sur
árvore de Amazônia. Não havia o súdito inglês Henry Wickham em direção às
grande porte. transportado às escondidas para a Inglaterra as mudas da Cardife, diz-se do carvão mineral provenien giu com a expansão européia
173
172
• é monocultura, isto é, cultiva em grande
CAPÍTULO 2
regiões tropicais, através das grandes nave
gações. Uma vez iniciadaa colonização das escala um só produto;
reas tropicais do globo terrestre, o europeu visa a atender o mercado externo;
se apoderou de grandes porções de terra. In
geralmente os capitais são estrangeiros,
troduziu certas culturas nessas terras Com a
finalidade de abastecer a Europa.
como
isto é, o proprietário das terras e das cul
turas é estrangeiro ouéuma sociedade es
A
AGRICULTURA BRASILEIRA
A plantation, que pode ser entendida trangeira;
as
plantações tropicais, apresenta seguintes • o produto pode ou não ser industrializado.
características:

éa agricultura comercial, isto é, a sua pro Tabuleiro: paisagem de topografia plana, sedi
dução é comercializada; mentar e de baixa altitude, que surge próxi
e
grande emprego de capital de mão-dees mo à costa em todo o Nordeste do Brasil.
obra (no passado a mão-de-obra foi o
cravo africano e depois o assalariado); Vulcanização: processo químico em que se tor para atender às necessidades do mercado eu
na elástica, resistente e insolúvel a borracha HISTÓRICO ropeu e justificar, através de altos lucros, a co
• ocupa grandes extensões de terra (lati
fúndio); natural. lonização pela coroa portuguesa das terras
A descoberta do território brasileiro pelos brasileiras. A opção portuguesa foi então im
europeus foi fruto da grande expansão maríti plantar, desde o início da ocupação das terras
e
mo-comercial portuguesa nos séculos XV brasileiras, as sesmarias, que deram origem aos
XVI. latifúndios.
Desde o início, a ocupação das terras bra Além dos trabalhadores livres do período
sileiras pelos portugueses assumiu as caracte colonial (os assalariados do engenho, os merca
rísticas de uma colonização de exploração: dores que vendiam mercadorias aos engenhos,
retirar da terra tudo o que ela pudesse oferecer os clérigos que viviam na própria casa-grande
para atender às necessidades do mercado con do senhor de engenho), existiam pessoas que
se estabeleciam em um pedaço deterra, que não
sumidor europeu., Assim, desde os primórdios
da colonização a economia da colônia voltou havia sido doado pela coroa, para dedicar-se
a
Se paraoexterior. à agricultura de subsistência, constituindo gê
Foi através dessa perspectiva colonizado nese dos pequenos agricultores. A sua posse,
con
ra que ocorreu a introdução da agroindústria dentro dos parâmetros oficiais, era ilegal;
canavieira e com ela a implantação do regime tudo, foi desse modo que se formaram as pe
da grande propriedade rural, a partir de 1530. quenas propriedades rurais no Brasil.
"Esses tipos, que foram a gênese dos
pe
Aintrodução do cultivo da cana-de-açúcar
na colônia implicou a doação, pelo rei, de gran quenos agricultores no Brasil, sempre foram ti
des porções de terras (as sesmarias) a quem de dos como 'vadios, 'ociosos, e qualificações
sejasse dedicar-sea essa atividade. Entretanto, semelhantes. Sempre foram considerados como
e
para o rei doar terra, "este baseava-se na ava marginais pelas autoridades da colônia pela
dominante na época. Não resta dú
liação do pretendente, o que implicava conside ideologia
rar o seu status social, suas qualidades pessoais vida de que esses 'marginais' nada mais são do
e seus serviços prestados à coroa. Desta forma, que reflexos criados pelo próprio sistema lati
a aquisição de terras, apesar de regulamentada fundiário implantado noBrasil." (J.F. Graziano
e
pela lei, derivava do arbitrium real e não de um da Silva coord., Estrutura agrária produção
na brasileira, p. 20.)
direito inerente ao pretendente'". (Emília Viotti de subsistência agricultura
essa estrutura fundiária, isto é, de
Costa, Política de Terras no Brasil e nos Es Com
da
tados Unidos, Da Monarquia à República; mo grandes propriedades latifundiárias voltadas
mentos decisivos, p. 129.) para abastecer o mercado externo e de peque
nos agricultores isolados, a colônia conheceu
As sesmnarias doadas no Nordeste eram
maiores que as doadas no Sul. Isso decorre do vários períodos de crise de subsistência devidocana
Tato de que para o Nordeste dirigiam-se pessoas à fome. Isso ocorreu não só no periodo da
agravou-se na fase da minera
de-açúcar, mas
e maiores posses, que iriam dedicar-se à agro
Indústria canavieira, que por sua vez exigla ção, pois essa atividade
ocupou inteiramente a
Srande capital. Além disso, a produção açuca mão-de-obra na procura de ouro e pedras pre
elra teria que ser realizada em grande escala ciosas.
175
174
olassificar os imóvcis rurais em quatro catego inadequadamente explorada, de modo a ve
Tal fato levou a coroa portuguesa a baixar • cm 1850, o café jå ocupava o primciro lugar
na pauta de cxportaçòcs do Brasil, fornccen rias:minifúndio, empresa rural, latifúndio por dar-Ihe a classificação como empresa rural".
uma lei, obrigando os proprietários rurais a exploração c latifúndio por dimenso. A empresa rural corresponde ao imóvel ru
plantar gêneros de subsistência. do grandes lucros aos fazcndeiros e rcquisi. Para se ter a caracterização do que éum
mi
ral explorado "econômica e racionalmente"
Entretanta, a atividade mineradora acabou tando grande quantidade de trabalhadores: nifúndio ou latifúndio, o Estatuto da Terra que tenha área de um módulo até seiscentas ve
determinando, com o passar do tempo, a for • a lei, claborada pcla classe dominante, basca.
va-se no princípio de quc numa região onde criou a noção de módulo rural: zes esse valor.
mação de um setor de subsistncia, não só por que, em determinada po
intermédio do pequeno produtor, mas também o acesso à terra era fácil, era impossivel obter Área explorável Baseando-se nesses conceitos, o INCRA
sicão do pals, direta e pessoalmente explorada (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
pelo possuidor da grande propriedade rural. mão-de-obra para trabalhar nas fazendas, a por um conjunto familiar equivalente a quatro Agrária) realizou o Cadastramento dos Imó
Em 1820, foi suprimido o regime de sesma não ser que fosse requisitada pela escravidão: pessoas adultas, correspondendo a 1.000 jor veis Rurais em 1972, facilitando a compreen
em 1850, a Inglaterra reforçava as suas pres
rias e não surgiu logo de imediato nenhuma re nadas anuais, Ihe absorva toda a força de tra são da situação agrária brasileira atual, marcada
gulamentação sobre a posse da terra. Somente sões contra o tráfico de escravos, dando ori. balho em face do nível tecnológico adotado por grandes contrastes, como estudaremos mais
em 1850, após trinta anos da extinço do siste gem à Lei Eusébio de Queirós, em 1851, que e, o
naquela posição geográfica conforme tipo adiante.
ma de sesmarias, é que surgiria uma nova le finalmente proibiu o tráfico; de exploração considerado, proporcione um
• a lei criou obstáculos à aquisição de proprie
gislação -a Lei de Terras.
No entanto, foi durante esses trinta anos dade rural, pois elevou o preço das terras, fa
rendimento capaz de assegurar-lhe a subsistên
e econômico"
que a ocupação de terras se intensificou., atra vorecendo o grande proprietário, possuidor cia e o progresso social O SUBAPROVEITAMENTO DO
Assim, minifúndio (segundo o Estatuto) ESPAÇO BRASILEIRO PELAS
vés do sistema de posses, ampliando conside de capital;
ravelmente as pequenas unidades rurais de o dinheiro obtido com a venda de terras em será: ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS
"Todo imóvel com área explorável inferior
produção. hasta pública seria empregado para subsidiar ao módulo fixado para a respectiva região e ti
Com a criação da Lei de Terras, em 1850, a imigração, trazendo europeus para o Brasil
o critério de acesso à terra foi modificado. a fim de substituir os escravos nas fazendas,
pos de exploração nela ocorrentes". sabemosque a área territorial brasilei
Já8.511.965
Será latifúndio: rá éde km².Desse total,
55.457 km?
No começo da colonização, a terra era vis resolvendo assim o problema da força de tra
ta como parte do patrimônio pessoal do rei e
• por dimensão
Todo imóvel com área su constituem a área de águas internas (a rede hi
balho em conseqüência da Lei Eusébio de perior a seiscentas vezes o módulo rural

drográfica brasileira).
seria obtida através de doação. Em 1850, a ter Queirós; para a e O grande território brasileiro presta-se quase
dio fixado respectiva região tipos de
ra tornou-se de dominio público, patrimônio aLei de Terras, proibindo a aquisição de terras

exportação nela ocorrentes" que totalmente à ocupação produtiva, configu


da nação, pois então o Brasil já era indepen por outrO meio que não a compra, liquidou • porexploração-"Todoimóvel cuja dimen rando-se, portanto, como um dos maiores es
dente de Portugal. os tradicionais meios de acesso à terra, ocu
são não exceda aquela admitida como máxi paços agropecuários do mundo, pois cerca de
pação, formas de arrendamento e meação; ma para empresa rural (600 vezes o módulo 800 milhões de hectares são possiveis de ser uti
A Lei de Terras (1850), citada por Grazia • esta lei favoreceu principalmente os fazendei
ros de café (São Paulo, Minas Gerais e Rio rural), tendo área igual ou superior à dimen lizados.
no (p. 29-30): são do módulo da região, mas que seja man Entretanto, apesar desse extraordinário po
1. proibia as aquisições de terras por outro meio de Janeiro), interessados em desenvolver a tencial de espaço agropecuário, eiste até o mo
que não a compra (Art. 1°) e, por conseguin tida inexplorada em relação às possibilidades
plantation. físicas, econômicas e sociais do meio, com mento no Brasil um acentuado subaproveita
te, extinguia o regime de posses; A partir de meados do século XIX, o de fins especulativos, ou que seja deficiente ou mento do mesmo.
2. elevava os preços das terras e dificultava a sua senvolvimento da cafeicultura estimlou o cres
aquisição (o Art. 14 determinava que os lo cimento de cidades, como éo caso de São Paulo,
tes deveriam ser vendidos em hasta pública Rio de Janciro, Campinas, Santos e outras.
com pagamento à vista, fixando preços mí Com isso começou a existir oproblema de abas
nimos que eram considerados superiores aos tecimento das populações urbanas. BRASIL: DISTRIBUIÇÃO DOS IMÓVEIS RURAIS POR CATEGORIA
vigentes no país); Como a marcha do café se fez através de
3. destinava o produto das vendas de terras à uma agricultura itinerante, as terras cansadas
importação de "colonos", ou seja, de traba Categoria de imóvel rural N° de imóveis Área ocupada Área
passaram a sofrer um processo de retalhamen em relação ao total em relação ao total média (ha)
lhadores para a grande lavoura. to e foram ocupadas por uma agricultura vol
Além disso, a Lei de Terras regulamentava tada para abastecer o mercado interno, mai5 Minifúndio 72% 12,5% 19
o tamanho das "posses" (terra adquirida atra propriamente dirigida para os centros urbanos.
vés da ocupação): elas não podiam ser maiores Oretalhamento da propriedade rural inten Latifúndio exploração 73,0% 343,1
23,2%
do que a maior doação feita no distrito em que sificou-se, sobretudo, a partir de 1930, como
se localizavam. E toda terra que não estivesse conseqüência da crise de 1929, Contudo, a pe Latifúndio dimensão 4,90 102.739,3
-0,10
utilizada ou ocupada deveria voltar para o Es quena propriedade rural continuou sendo um
tado como terra pública. apêndice da grande propriedade, até os dias Empresa rural 9,8%0 221,0
A análise da Lei de Terras, de 1850, nos le 4,80
atuais.
va a entender que ela foi feita para reafirmar Em 30 de novembro de 1964 foi criado o
Fonte: J. F. Graziano da Silva, coord., Estrut uraagrária e produçãode subsistência na agricultura brasileira, p. 41.
a grande propriedade no Brasil, pois: Estatuto da Terra, Esse dispositivo passou a
177
176
Baseando-se nos dados de 1980 publicados Já sabemos que a área de lavouras, no Brasil.
corresponde a 491.000 km². Tal cifra é menor Outro critério para avaliar o subaproveita
pelo Anuário Estatístico do Brasil, pode-se AREA DE LAVOURAS E DE PASTAGENS mento da terra corresponde à relação entre hec
que a área ocupada pelos Estados do Rio Grande oRASIL:
constatar que apenas 369.587.872 hectares ou EAM
1980 EM RELA ÇAOA ÁREA DO TERRITORIO
tares cultivados por habitante.
3.695.878 km² constituíam a área total dos do Sul, Santa Catarina e Paraná (577.723 km) BRASILEIRO

A área de pastagens é de 1.845.000 km', o que


Considerando-se a área ocupada pelas la
estabelecimentos* agropecuários do pais. Tal vouras e relacionando-a coma
equivale à área dos Estados do Amazonas e do população abso
cifra corresponde a apenas 43 % da årea total 5,8%
luta do Brasil, em 1980, obtêm-se 0,41 hectare
do Brasil. Acre conjuntamente (1.800.000 km?).
cultivado por habitante.
Entretanto, nem todo esse espaço de Observando o mapa, perccbe-se o grande 22o
3.695.878 km², que corresponde a årea dos es subaproveitamento do território brasileiro c, no
tabelecimentos agropecuários, totalmente uti entanto, existem milhões de trabalhadores ru 72,2°% ha/hab, = área ocupada pelas lavouras
lizado pela atividade agrícola e pela pecuria. rais sem terra para cultivar e milhões de brasi população absoluta
Desse total, apenas 13,3 o (491.853 km²) era leiros subnutridos. 49.185.302 ha
ocupado pelas lavouras permanentes e tempo 119.000.000 0,41 ha/hab.
rárias, cerca de 51% (1.884.000 km). pelas lavouras
pastagens, e o restante compreendendo a área matase terras não A cifra de 0,41 ha/hab. demonstra um
pastagens aproveitadas baixo índice de utilização da terra, quando sa
de matas e terras não aproveitadas. REPRESENTAÇÃO DA AREA DE LAVOURA E DE
PASTAGENS EM RELAÇÃO A ÁREA TOTAL DO BRASIL
Em relação à área do território brasileiro, bemos que existe uma grande disponibilidade
o subaproveitamento se acentua, pois apenas AORAIRMA
de terras em nosso país. E também um baixo
5,8o do espaço brasileiro é ocupado pelas la AMAPA
RIO GRANDE Da área total dos estabelecimentos agropecuários
índice, quando comparado a outros países.
vouras e 22o pelas pastagens. DO NORTE no Brasil (369.587.872 ha ou 3.695.878 km²)
Para melhor compreensão do que acaba AMAZONAS PARA
MARANHOCEARA
HECTARES DE TERRA CULTIVADA
mos de expot, e para se ter uma melhor idéia
PIAUI
PARAIBA
POR HABITANTE
do subaproveitamento do território brasileiro ACRE
PERNAMBUco
ALAGOAs
RONDONIA apenas
pela atividade agropecuria, podemos lançar MATO GROSSO
BAHIA
SERGIPE
Hectare cultivado por
mão de um recurso didático. Vamos represen País
JGOIAS habitante
tar, no mapa do Brasil, a área ocupada pelas DFS
MINAS
lavourase pelas pastagens, obtendo-se, assim, MATO GROSSO GERAIS
ESPIRITO SANTO 13,3% é utilizado pelas lavouras, Bolívia 0,12
elementos de comparação com a área territo DO SUL
SAO
DE JANEIRo
PAULORIO
rial do país. PARANA Peru 0,15
Area de lavouras SANTA CATARINA S1% é utilizado pelas pastagens
RIO GRANDE DO SUL
Area de pastagene Brasil 0,41

Índia 1,00
e 35,70 constitui a área de matas e terras
OCenso considera como estabelecimento "todo terreno inaproveitadas.
de área continua formado de uma ou maisparcelas con Canadá 1,60
finantes, sujeitoa uma única administração onde se pro
cessa uma exploração agropecuária, ou seja, o cultivo Resumindo os dados apresentados, tem-se: E.UA. 1,50
do solo com cuituras permanentes e temporárias, a
cria
ção, recriação ou engorda de gado, a criação de peque BRASIL: ÁREA DAS LAVOURAS, PASTAGENS E DAS
nos animais, 2 silvicultura ou o reflorestamento e a Da área total do território brasileiro, 8.511.965 km, MATASEE TERD APROVEITADAS EM RELA. Fonte: L. Dudley Stamp. Geografia aplicada; Pedro Cu

extração de produtos vegetais" São exciuidos da inves CAO À ÁREAYOAO


ESTABELECIMENTOS cill, A América Andina; e cálculos do Autor.
tigação os quintais de residencias e hortas domnésticas. AGROPECUARIOs (1980)
O INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Refor Após os dados apresentados, percebe-se o
ma Agrária), nos seus levantamentos cadastrais, usa o apenas 43% constitui a área dos estabelecimentos
rurais (369.587.872 ha ou 3.695.878 km)
acentuado subaproveitamento do espaço bra
ter imóvel rural, conceituand-0 como sendo "o pré 13,3%%

leien
dio
r
de srea contin ua. formado de uma ou mais sileiro quanto às atividades agrícolas.
parcelas de terra, pertencenies a um mesmo dono, que Mais de 70% do território brasileiro encon
seja ou possa ser utilizado em cxpioração agricola, pe 51% tra-se inexplorado por essas atividades, apesar
cuária, extrativa vegetal ou agromineral" contudo, em relação à área total do Brasil, apenas 35,7% da existência de milhares de trabalhadores ru
s
Enquanto o Censo considera as un unidades efetivanmen
te exploradas, o Cadastro inciui também aquelas total rais sem terra, e da fome, como citamos ante
mente inexploradas Em vista disso, alertamos contra as riormente.
comparações de dados cntre um e outro, uma vez que 5,8o corresponde à 22o corresponde à Algumas áreas do território oferecem di
a unidade básica é diferente Uma propriedade inexplo área ocupada área ocupada lavouras
matas e terras
ficuldades para a sua utilização. Entretanto, tal
rada é contada como imóvel, mas não é um estabele pelas lavouras. pelas pastagens. fato não deve constituir-se em justificativa pa
pastagens nao aproveitadas
cimento.
ra o subaproveitamento da terra, pois o papel
178
179
Em vista desses fatores, observa-se des Em 1960, a área colhida de soja era de
BRASIL: AUMENTO DA ÁREA DAS LAVOURAS, CRESCIMENTO DA de o período colonial que a utilização da ter 170.000 hectares. Em apenas 20 anos,
ra. no Brasil, é comandadapor necessidades frente às
POPULAÇÃO E RELAÇÃO HECTARE CULTIVADO POR-HABITANTE possibilidades de exportação, a área ocupada
do mercado externo e não interno. pela soja elevou-se para 8.765.000 hectares,
Área das lavouras Num artigo na revista da Unesco, O Cor salojandoo café daposição de principal produ de
em relação à Hectare reio, de julho de 1975, dedicado ao problema to de exportação do Brasil. A grande expansão
Árca cultivádo da fome em escala mundial, o brasileiro
Nel
Ano das População dessa cultura verificou-se, principalmente, no
por son Chaves (médico, pro fessor de Fisiologia na
área dos lavouras Rio Grande do Sul.
área do Brasil habitante Faculdade de Medicina da Universidade Fede
estabelecimentos Quanto à cana-de-açúcar, nota-se
ral de Pernambuco e consultor científico do Ins uma acentuada expansão da área também
de cultivo,
1960 3,4% 110 27.500.000 ha 70.191.370 0,391 tituto de Nutrição da mesma Universidade), principalmente no Estado de São Paulo. De
abordando o problema da luta contra a fome uma área cultivada em 1960, de cerca 345.000
de
no Nordeste do Brasil, fez a seguinte ob
1970 4,0% 11,5% 34.081.443 ha 93.139.037 0,365 hectares, passou para 1.300.000 em 1982. En
servação: tre vários fatores, a produção de álcool para
1975 4,50 120 38.803.077 ha 106.406.566* 0,364 K.. Os canaviais se espalharame asfixiaram as ou abastecer automóveis, dentro das metas do
tras culturas, o que determinou um regime alimentar Proálcool, estimulou o aumento da área de cul
13,3%0 119.070.865 monótono baseado na carne-seca, na farinha de man tivo dessa planta, em detrimento da área de la
1980 S,8T0 49.185.300 ha 0,41 dioca, no feijão, na batata-doce e no açúcar, com pe
quena quantidade de leite e de laticínios, ovos, frangos,
vouras alimentares.
peixe, legumes e frutas.
A cultura da laranja também ampliou-se
Alternativa inferior; a superior, segundo o IBGE, é de 107.0$1.173 hab. Por outro lado, os resíduos das usinas de açúcar lan consideravelmente, tendo por base a exporta
Fonte: Anuário Estatistico do Brasil, 1977 e 1980, IBGE; cálculos do Autor. cados nos rios poluíram as águas e mataram peixes ção de seu suco. No Estado de São Paulo, no
e crustáceos, privando a população de uma fonteim
portante de proteínas animais.
final da década de 60, a área cultivada com la
Tudo isso mostra que o processo de desnutrição ranja era de 76.000 hectares. Diante da política
dos fatores naturais sobre as sociedades huma A origem dessa situação pode ser encon da Zona da Mata de Pernambuco e no Recife se
de de estímulo à exportação seguida pelo gover
nas não tem um caráter de permanência. me
trada em vários fatores: senvolveu paralelamente ao ciclo do açúcar. Na épo no federal, privilegiando o seor de mercado ex
Å
dida que a sociedade desenvolve as forças pro •O nosso passado colonial: na divisão inter ca colonial era bem melhor. Em 1801, a junta de
governos do Estado de Pernambuco obrigou os pro
terno, a área de cultivo de laranja, em 1980,
dutivas (instrumentos de produção e força de nacional do trabalho, realizado pelos países atingia, no Estado de São Paulo, cerca de
prietários de engenhos e os plantadores de cana,
trabalho), a sua capacidade de transformar o dominantes, o Brasil e outras colônias fica algodão e outros produtos a plantarem também man 413.000 hectares. Apresentou num curto espa
espaço através do trabalho ou da produção ram apenas como fornecedores de produtos dioca, feijão e milho. Em 1811, outra lei isentara do ço de tempo, apenas dez anos, uma ampliação
torna-se maior. agrícolas ematérias-primas. Assim, desde o serviço militar quem produzisse gêneros alimen da área cultivada superior a 200%.
O subaproveitamento do território brasi início de nossa colonização, a agricultura tícios" Em relação à agricultura de produtos ali
leiro quanto à agricultura e pecuária faz parte orienta-Se para produzir gêneros de exporta Nos últimos anos, três produtos aumenta mentares, destinada ao mercado interno, obser
dos grandes problemas que envolvem a ques ção (açúcar, café, tabaco, cacau e outros), co ram consideravelmente a sua área de cultivo: va-se desde 1970 uma queda de produção de
tão agrária em nosso país, onde se coloca a di locando em plano secundário uma agricul a
soja, a cana-de-açúcar e a laranja. alguns ea estagnação de outros. Como exem
ficuldade ao acesso àpropriedade da terra, a tura de alimentos para a sua população ou
sua utilização por lavouras voltadas para o mer para o mercado interno.
cado externo e, ainda, por uma estrutura fun Diante de uma economia brasileira agrário
diária concentracionista, além de outros. exportadora, desde o século XVI, continuan EVOLUÇÃO DA ÁREA CULTIVADA DE ALGUNS PRODUTOS,
do pelo século XX, constituindo-se na princi MÉDIAS TRIENAIS (EM 1.000 ha)
pal fonte de divisas, as atenções governamen
UTILIZAÇÃO DATERRA
A
tais dirigiram-se mais para os produtos de ex Cana-de
Período Soja Laranja Milho Arroz Feijão Mandioca
portação que à agricultura de alimentos,des açúcar
POR UMA AGRICULTURA tinada ao mercado interno. Aqui se coloca
VOLTADA PARAO EXTERIOR também aquestão das instituições de pesqui 1970/72 1.752 1.742 218 10.315 4.854 3.788 2.049
sas agronômicas terem dirigido mais as suas
No Brasil, muitas culturas ainda estão vol atenções para os produtos de exportação, pos 1973/75 1.995 4.861 400 10.478 4.921 4.083 2.050
tadas para o abastecimento do mercado exter sibilitando inovações tecnológicas.
no, enquanto algumas fundamentais, que de Apolftica econômica de ênfase à exportação, 1976/78 2.250 7.088 428 11.332 6.066 4.400 2.121
veriam constar da alimentação diária da maio privilegiando por conseguinte as culturas des
ria da população (feijo, arroz, mnandioca e tinadas ao mercado externo, em vista da "ne 1979/80 2.621 8.548 554 11.482 5.835 4.479 2.099
outros), sempre ocuparam, no decorrer de nos cessidade" de obter divisas ou financiar as
sa história, uma posição de secundária impor importações de equipamentos para o desen O poblema alimentar no Brasil, Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 1983.
Onte: Fernando Homem de Mello.
tância na política agrícola oficial. volvimento de outras atividades econômicas.
181
180
AUMENTO EM PORCENTAGEM DA ÁREA CULTIVADA DE ALGUNS
A ESTRUTURA FUNDIARIA DO BRASIL - 1970, 1975 e 1980
PRODUTOS AGRÍCOLAS EM 1980 TENDO POR BASE O ANO DE 1970
Estabelecimentos ou Total da área ocupada
Soja Fcijão Mandioca Catcgorias dimensionais proprietários pelos estabelecimentos
Cana-de-açúcar Laranja Milho Arroz
dos estabelccimentos
2,5% 1970 1975 1980 1970 1975
49% 390% 154% 11% 20% 18% 1980

Menos de 10 ha S1,4% 52,1% 50,4% 3,1% 2,9%0 2,4%


Fonte: cálculos do Autor, tendo por base dados contidos no livro de Fernando Homem de Mello, O problema ali
mentar no Brasil, Rio de Janeiro, Ed, Paz e Terra, 1983.
De 10 a menoS de 100 ha 39,3% 37,8% 39,0% 20,5% 18,6% 17,40
De 100 a menos de 1.000 ha 8,50 8,9% 9,4% 37,2% 36,0% 34,4'o
plo de produtos que tiveram queda de produ de alimentos necessários à sua sobrevivência.
ção no Brasil figuram o feijo, a mandioca e, ou uma ração mínima de alimentos, ele preci Mais de 1.000 ha 0,80 1,2% 1,2% 39,2% 42,6% 45,8%
entre aqueles que apresentaram uma estagna sava trabalhar:
ção, pode-se citar o arroz e o milho. • em 1970, com o salário mínimo da época, 105 Eonte: cálculos do Autor, tendo por base o Anuário Estatístico do Brasil, 1977 e 1982, IBGE.
As tabelas anteriores esclarecem em termos horas e 13 minutos;
numéricos a evolução da área cultivada dos pro • em 1978, com o salário mínimo da época, 137
dutos agricolas de exportação (no caso da cana horas e 37 minutos.
de-açúcar, para produzir álcool) e dos produ ficados segundo a dimensão em certos intervalos em 1980, em 1,2%). Entretanto, a área ocu
Vê-se, então, que o trabalhador, para asse. expressas em hectares: estabelecimentos
tos alimentares, destinados ao mercado inter gurar o seu sustento, teve que aumentar a sua de áreas pada pelos mesmos ampliou-se. De 39,2o em
com menos de 10 ha, de 10 a menos de 100 ha, 1970, passou para 42,6% em 1975 e em 1980,
no (milho, arroz, feijo e mandioca). jornada de trabalho em 32 horas e 24 minutos
A segunda tabela é bastante esclarecedo em 1978. de 100 a menos de 1.000 ha e aqueles com mais atingiu 45,8%, demonstrando uma tendên
ra. Tendo por base o ano de 1970, observa-se de 1.000 ha. A tabela também mostra a percen cia à reafirmação da grande propriedade no
Em vista do aumento do custo de vida ser tagem dos estabelecimentos segundo as dimen Brasil.
que o aumento da área cultivada dos produtos superior ao aumento do salário, o trabalhador,
para realizar sua tarefa, tem dispendido mais sões e a área ocupada pelos mesmos, nos anos Em vista dos dados, podemos falar que
de exportação, em apenas dez anos, foi muito
superior aos destinados à alimentação. En esforço, aumentando por conseguinte o avilta de 1970, 1975 e 1980. existe no Brasil uma persistência do elevado pa
mento de sua força de trabalho. Necessitando O cstudo da estrutura fundiária outro fa drão de concentração da propriedade da terra.
quanto a cana-de-açúcar apresentou um au
mento de área cultivada em 49%, a soja 390% trabalhar mais e alimentando-se menos, as con tor que ajuda a esclarecer os problemas que Além disso, nota-se também, um desper
ea laranja 154%, o aumento da área cultivada seqüências sobre a sua saúde e a de sua família apresenta a agricultura brasileira. dício dos recursos terra e trabalho, fato esse con
dos outros produtos relacionados (milho, ar tornam-se drásticas, com o aumento de mui Percebe-se pela tabela a desigual distribui traditório, quando se sabe dos graves problemas
ção da terra no Brasil. Esse fato, jå citado no que vive o trabalhador.
roz, feijo e mandioca) foi bastante modesto tas doenças que encurtam suas vidas.
se comparado aos primeiros. Diante do que foi exposto, percebe-se a inicio deste capítulo, tem as suas raízes no pe O desperdicio do recurso terra ocorre no
Vê-se, assim, que tal fato tem agravado a ríodo colonial, com a implantação do capita latifündio, naqueles que utilizam apenas uma
necessidade de se repensar, urgentemente, a pequena parcela da terra de que dispõem ou
situação alimentar da população brasileira, já questão agrária no nosso país e o modelo cco lismo comercial e reafirmado na atual fase do
a
bastante precária, principalmente para as fa nômico e político adotado. desenvolvimento do capitalismo no Brasil. ainda naqueles onde o seu proprietário nãoes
mílias de baixa renda. A situação se torna mais
• Os pequenos estabelecimentos (menos de explora, fazendo sua especulação, isto
a é,
grave ainda quando se observa a perda do va 10 ha), correspondem à metade (50,4o em perando a valorização para vend-la.
lor do salário do trabalhador nos últimos anos, A INJUSTA ESTRUTURA 1980), dos estabelecinentos rurais do Brasil. Jåo desperdicio do recurso mão-de-obra
em decorrência de uma política de achatamen Entretanto, cles ocupam apenas 2,4o do to é verificável no minifúndio, Aídesperdiça-se
FUNDIÁRIA talcda área ocupada pelos estabelecimentos grande parte da força de trabalho cm superfi
to salarial.
Para compensar a perda do valor do salá rurais, cies agricolas exiguas, gerando uma mão-de
Inicialmente precisamos comprecnder o consegue,
rio, a jornada do trabalhador tem sido amplia que é
estrut ura fundiária. No periodo de 1970 a 1980, nota-se a sua frag obra subempregada. A familia não
da, ou na própria empresa em que trabalha, ou mentaçãoeasua absorção por outros estabe no minifúndio, uma produção que atenda as
lccimentos maiores, fenômeno esse denomi suas necessidades minimas, Desse modo, mui
buscando mais de um emprego. Estrutura fundiária éonúmeroeotama cm
Segundo estudos realizados pelo IBASE nado "agocitose rural" por J. E. Graziano tos memnbros da familia buscam trabalho
(Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Eco nho dos estabelecimentos rurais, segun da Silva, pela semellhança com o processo bio outras propricdades, geralmente nos latifún
nômicas), entre 1970 e 1978 o salário mínimo do as categorias dimensionais, isto é, logico onde as clulas englobam e digerem dios, engrossandoamassa de bóias-frias tm
ou

real diminuiu cerca de 30%. Em vista disso, o segundo uma classificação por dimensão. outras a sua volta; balhadores temporários, cuja situação é
bas
trabalhador, para asseguraro seu sustento, te Os
grandes estalbelecimentos, de mais de tante precária em nosso pais.
ve que aumentara suajornada de trabalho. As
Analisando a tabela que se segue, observa I000 ha, aumentaram en número (de 0,8% A situação fundiárian do Brasil fazparte de
sim, para um trabalhador adquirir o conjunto se que os estabelecimentos rurais esto classi Cm 1970, para 1,29% em 1975, mantendo-se unna situação mais geral, pois se assemella ao

182 183
que ocorre nos países da América Latina. Sâo com culturas destinadas à cxportaçâo, cnguan. do morador. Entretanto, o pagamento é in arrendatários, parceiros ou ainda posseiros. O
aue
paises, a exemplo do Brasil, de um passado co to o trabalhador rural subnutrido. ferior àqucle realizado pelo trabalhador trabalho empregado éfamiliar e a produção vi
vem de fora, nas pocas cm que o proprietá sa, principalmente, atender as necessidades
lonial, cuja colonização se processou segundo de
os interesses da metrópole e atravs da intro rio da terra ncccssita de maior número de subsistência do grupo.
AS RELAÇÕES DE mão-de-obra.
dução de grandes unidades de produção (as
plantations), voltadas para atender às necessi TRABALHO OU DE PRODUÇÃO a parceria - constitui um acordo realizado
entre o proprictário da terraco trabalhador
Para complementar a renda, ou para ob
ter dinheiro para a compra certos
o
de produtos
indispensáveis, como remédio, por exemplo, es
dades do mercado externo e não do interno.
Foi atravs dessa perspectiva que ocorreu rural, mediante o qualécedida pelo primei sas unidades de produção muitas vezes vendem
Deum modo geral e tendo por base o cstu roa terra para o segundo trabalhar, dividindo o seu produto de subsistência, agravando ain
a ocupação das terras da América espanhola
e portuguesa. Ocupação comandada pelo ex
do de Juarez Rubens Brandão Lopes, Do lati se a produção obtida na proporção que for da maiso seu nível de vida.
fúndio à empresa, pode-se reconhecer quatro cstipulada. A proporção pode ser a meia,
a
Outra prática, também bastante comum,
terior em que, a partir da divisão internacional tipos básicos de organização da produção no ou
do trabalho, coube às colônias a tarefa de abas terça ou a quarta (metade, terça-parte
a éa venda da força de trabalho de alguns mem
parce bros da família para o latifúndio ou para a em
tecer de produtos primårios as suas metrópo Brasil: ainda a quarta-parte da produção). A
les e as nações industrializadas e delas comprar •o latifiándio
• a unidadefamiliar produtorade mercadorias
ria predomina nas culturas temporárias
ou
encon
se
presa agropecuária capitalista, em virtude da
OS produtos de origem industrial. ja, nas culturas de ciclo curto; é ainda baixa renda obtida com a exploração da terra.
• a unidade familiar de subsistência como por
Esse passado colonial ou a forma de colo trada em certas áreas do Brasil, Encontra-se também nessas unidades,
a empresa agropecuária capitalista em certos trechos do Nordeste, on
quando maiores em extensão (não sendo mini
nização empreendida na América Latina, e a exemplo,
o va
manutenção, até os dias atuais, de sociedades de se pratica a pecuária extensiva. Aí fúndios), a associação de culturas de mercado
formadas por privilegiados e despossuidos, dei queiro recebe uma pequena área para realizar com as de subsistência.
XOu como herança uma estrutura fundiria de O latifúndio a sua roça e participa comno seu trabalho nos
feituosa, arcaicae anti-social. cuidados para com o gado, recebendo a par
Segundo dados publicados pela CEPAL Corresponde a grandes propriedades dedi tilha das reses. Essa forma é conhecida co
(Comissão Econômica para a América Latina), cadas a uma produção voltada para o mercado mo sorte.
cONDIÇÃO DO PRODUTOR 1980
a estrutura fundiria da América Latina, em interno ou externo.
fins de 1970, apresentava gandes contrastes evi A produção érealizada por uma força de Aunidade familiar produtora de
denciados pela tabela abaixo: trabalho não assalariada pura. mercadorias ESTABELECIMENTOS
Percebe-se na tabela anterior que os peque Nesse tipo existem, pelo menos, duas situa -0,4%
nos estabelecimentos dominam em relação ao ções de relações de produção: Corresponde à utilização da terra realiza
número; todavia, a sua participação no total da • o moradorou o agregado – corresponde ao da por pequenos proprietários e arrendatários.
área ocupada é insignificante. No que diz res lavrador ou trabalhador rural que se estabe A produção visa abastecer o mercado de 11,6%
peito aos grandes estabelecimentos (acima de lece com a sua familia no latifúndio, com a
certos produtos; o trabalho é fundamentalmen
1.000 ha), eles correspondem a apenas 1,20, permissão do proprietário da terra, para plan te familiar, havendo eventualmente a contrata
cobrindo, porém, a impressionante cifra de tar a sua roça de subsistência, mas com a con 17,4°% 64,2%
ção de mão-de-obra suplementar, mediante o
70,6% do total da rea ocupada. dição de prestar trabalho certo número de dias
pagamento de salário.
Cumpre lembrar ainda que, na América da semana na grande lavoura do dono da ter
ra. Atualmente, encontra-se nessa modalida Os exemplos mais significativos desse tipo
Latina, grandes propriedades pertencem a em de organização da produção são encontrados 1982.
presas estrangeiras, as quais utilizam a terra de o pagamento em dinheiro pelo trabalho na cultura da pimnenta-do-reino, no Pará, e na
ÁREA
1,5% 1,0%
produção hortigranjeira nos arredores de gran Brasil,
4,0°%

des centros urbanos, como São Paulo e Rio de 7,2%


AMÉRICA LATINA: ESTRUTURA FUNDIÁRIA (1970) Janeiro. do
A unidade familiar produtora de mercado tico
Categorias dimensionais Total da área ocupada rias sofrea concorrência da grande empresa ca
Estabelecimentos
das propriedades ou proprietários pelos estabelecimentos pitalista. Para compensar e 'sobreviver" a essa
86,39%
Concorrência, realiza o intenso cultivo da ter
a 20 ha ra, utiliza o trabalho da família em
De 1
74,4% 2,9% jornadas
bem prolongadas, inclusive com crianças e mu
Iheres. Proprietário
De 21 a 100 ha 18,0% 6,8%
Ocupante Parceiro
De 101 a 1.000 ha 6,4% 19,7%
A unidade familiar de subsistência Arrendatário Sem declaração

Mais de 1.000 ha 1,20 70,6% Corresponde à exploração da terra realizada


POr pequenos proprietários (minifundiários),
184 185
e
A empresa agropecuária capitalista colhimento do fundo de garantia de previdên rer à coleta de restos de feiras nas grandes
cida
eia social, 13° salário, férias remuneradas, des ou à coleta de restos de alimentos ou objetos
Com o desenvolvimento capitalista no Bra pagamento de domingo e feriados etc.) decor nos fétidos lixões. Tudo isso nos faz lembrar um
entes do vínculo empregatício direto (empre verso de Salvador Díaz Mirón (1853-1928):
sil, ocorreram e vem ocorrendo alterações na
sa e trabalhador),
organização da produção agrária e, com ela, as
relações de trabalho tornaram-se ou estão se Percebe-se que, através das "novas" rela "Sabei, soberanos e vassalos,
tornando fundamentalmente assalariadas. Des cões sociais de produção, a vantagem cabe às próceres e mendigos:
se modo, a organização da produção agrária empresas rurais e que o trabalhador é visto co Ninguémn terá direito ao supérfluo
abandonou as velhas formas não capitalistas mouma mercadoria, e o valor de sua força de Enquanto alguémn carecer do
(morador ou agregado, parceria e outras-al trabalho é reduzidoà níveis baixos, impedindo necessário'"
guns autores falam em formas pré-capitalistas o de possuir uma vida digna.
ou semi-feudais) e transformou-se, principal Além disso, é importante destacar que as
mente nos últimos 25 anos, em relações capi novas" relações sociais de produção ou de tra
talistas de produção. balho, tendo por base a penetração do capita
A terra passou a ser Vista como fonte de lu lismo no campo, alteraram substancialmenteo
cro, a exemplo do que já ocorria na cidade, com modo de vida do trabalhador rural e a destina
a atividade comercial, industrial e de serviços. ção da produção. Observa-se o decréscimo da
Os trabalhadores permanentes que antes produção agropecuária para o autoconsumo e
existiam na grande propriedade rural, sob a for
a
inclusão do trabalhador rural na economia
Aspecto do trabalhador temporário ou bóia-fria sendo de mercado; para atender as suas necessidades,
ma de colono ou de morador, foram e estão sen conduzido ao trabalho no campo. O desenvolvimento
ele recorre ao mercado, mesmo quando se re
do substituidos por uma mão-de-obra especia do capitalismo no Brasil imprimiu novas relações de tra
fere à aquisição ou compra de alimentos (ar
lizada em certas tarefas empresariais (o moto balho ou de produção com a proletarização do traba
Ihador rural. roz, feijão, farinha etc.).
rista, o contador,o tratorista e outros) e por Vê se, então, que o desenvolvimento do ca
uma mão-de-obra temporária.
pitalismo no Brasil eomodelo econômicoepo
Desse modo, percebe-se que está em for
lítico excludente, adotado nos últimos anos,
mação no Brasil um proletariado rural, com agravou ainda mais a situação do trabalhador
pietando o quadro das relações capitalistas de A "nova" forma de relações sociais de pro Omodelo econômico e politico excludente adotado no
dução, tendo por base o trabalhador temporá rural. Expulso do campo e dividido entre ser
produção, hátempo iniciada com a constitui Brasil, nos últimos tempos, agravou ainda mais a situa
ção de um proletariado urbano, com a ativida rio, cristalizou a figura do empreiteiro. Este trabalhador rural e urbano, ele vive momentos ção social. Houve um aumento do proletariado urbano
corresponde a uma espécie de subpatrão ou pa de grandes incertezas. Como trabalhador ru despossuído que, para viver, recorre à coleta de coisas
de industrial e comercial.
trão imediato, saído, muitas vezes, da própria ral foi transformado em bóia-fria, como traba ou restos de alimentos depositados nos lixões.
Percebe-se, assim, desde alguns anos, a ex massa de trabalhadores rurais. O empreiteiro lhador urbano veio engrossar o proletariado
pulsão de moradores, de colonos ou parceiros, (recebe diferentes denominações: gato, cabo de urbano despossuído que, para viver, recorre a TEXTOS PARA LEITURAE
de posseiros e mesmo de indígenas e sua subs turma etc.) atua como intermediário entre o coleta de restos de feiras ou a coleta de coisas
tituição por trabalhadores temporários pela ou restos de alimentos depositados nos lixões, DISCUSSÃO
empresa agropecuária capitalista. Forma-se, as bóia-fria ea empresa agropecuária ou o pro
prietário da terra. Ele age como elemento que demonstrando a sua miséria absoluta. E, no en
sim, com a penetração do modo de produção reúne os trabalhadores rurais para serem trans tanto, sobram terras para serem cultivadas. Texto 1
capitalista no campo, um proletariado rural, o portados até o local de trabalho e os traz de volta Existem latifúndios improdutivos. Cresce
qual recebe diferentes denominações: bóias no fim do dia, para a vila ou cidade onde mo espantosamente a área cultivada de produtos
frias ou volantes em São Paulo, trabalhadores como a soja, a laranja e a cana-de-açúcar, As "novas" relações de trabalho
ram, geralmente na periferia, utilizando como des
de fora na Zona da Mata Nordestina e peão na
meio de transporte o caminhão. tinadas à exportação e à produção de álcool "Embora possa conter pequenos equívocos sobre
os
Amazônia e outras regiões, submetidos a du O empreiteiro exerce também o papel ou "para encher tanques de automóveis", e decres problemas do trabalhador volante (como o de julgar Es
o
ras condições de trabalho e ao pagamento de ce ou se encontra estagnada tatudo do Trabalho Rural uma de suas 'principais causas'),
sua força de trabalho a preço aviltante.
a
função de contratante ou capataz de turmas. a área de cultivo
o estudo de Elbio N. Gonzales e Maria Inês Bastos (1977)
Desse modo, é do interesse do empreiteiro, co de produtos alimentares para o consumo
inter pers
no. Formam-se tem o mérito de encarar aquele trabalhador sob uma
Para obter uma renda mesmo precária, pois mo intermediário do trabalho, obter a maior empresas agropecua
grandes com a formulação de
pectiva correta, além de contribuir
o trabalhoépago ou rem unerado segundo a ta margem ou parcela entre o valor recebido pela rlas capitalistas nacionais e estrangeiras, desa hipóteses úteis para situá-lo historicamente. Segundo
da

refa ou empreita, o trabalhador temporário é tarefa e o valor pago aos trabalhadores tempo lojando o indígena, o posseiro e o pequeno agri dos coligidos pelos dois autores, o trabalho nômade, bem
Cultor e transformando-os, juntamente com o como o sistema de empreitada, encontradiços não apenas
obrigado a utilizar a força de trabalho de seus rários pela execução da mesma.
nas culturas da cana e do café, mas também nas do algo
filhos, muitos deles menores de idade ou aínda Por outro lado, a empresa agropecuária ca rabalhador rural, em bóias-frias, cuja esperan emprega
dão e outras mais, ganharam a preferência dos
crianças, além de suas mulheres, que, como eles, pitalista ou o proprietário da terra, utilizando ya e possuir uma pequena renda para poder dores porque esse tipo de mâo-de-obra
e essa forma de
o empreiteiro como intermediário, alivia-se doS alimentar-se e libertar-se, juntamente com o sen
se submetem às condições extenuantes do tra contrato de trabalho, além de lhes permitirem reduzir
balho adulto. encargos sociais ou obrigacões trabalhistas (re Proletariado urbano, da necessidade de recor sivelmente as despesas de produção, ainda lhes possibili

187
186
tam evitar o pagamento de outros tantos gastos exigidos giões cconômicas mais atrasadas do mundo subdesenvol.
Texto 3 doce podre, outras laranjas esborrachadas, batatas ingle
por diversas obrigações legais, que eles deixam de cumprir. vido como sobrevivência do capitalismo pré-industrial sas em decomposição, cascas de verduras e uma couve-flor
Por tudo isso, as condições de vida e de trabalho do prole queimada. A seu lado, o menino Joilson Martins Barbo
tariado nômade se tornam cada vez mais insuportávcis:
(Alberto Passos Guimarâcs, A crise agrárig.
Rio de Janciro, Paz c Terra, 1979, p. 288.9 o Brasil descobre uma nova fome sa, 13 anos, catador desde os 7, conta que ele e seus cinco
'Esta relação de trabalho olante, dada sua natureza irmãos tomaram café preto de manhã, não almoçaram e,
de trabalho por tarefa e agravada pelo desamparo le Nos últimos doze meses, o preço dos alimentos com um pouco de sorte, jantariam alguns ovos, recolhí
gal, induz às mais variadas formas de exploraçãoe noRio subiu 1710, quase trinta pontos a mais do que o
dos num caminhão da prefeitura, com arroz. 'O lixo está
o
aviltamento dos trabalhadores rurais. Os volantes custo de vida em geral. No mesmo período, salário míni piorand, atesta Joílson. Hádoisanos, a gente conseguia
obrigam-se a um trabalho estiolante, seja pela dura mo cresceu só 110%. comida muito melhor, até biscoito.
ção da jornada de trabalho, seja pela intensificação Texto 2 a
'Nunca vi tanta fome como agora, horrorriza-se frei O menino tem razão. No Rio como em São Paulo,
do ritmo da produção que se impõem, seja, ainda, ra uruguaia Griselda Castclvecchi, da congregação
das em Brasília e no Nordeste, nem o lixoémais o mesmo.
por trin No
pelas condições precrias e penosas do transporte diá Desenvolvimento da agropecuária Oblatas Beneditinas, em São Paulo, credenciada Rio, por exemplo, o material orgânico encontrado no lixo
biscateiros.,
rio. A isto se alia todo um sistema de intermediação ta anos de convívio com os malditos da terra, diminuiu de 43,8 quilos por metro cúbico, em 1970, para
que implica reduções da remuneração dos trabalha gente disputar o li 36,7 kg/m', em 1981. Também é menor a quantidade de
"Os dados preliminares do Censo de 1980, divulga. mendigos, alcoólatras. 'Nunca vi tanta na peri
dores. Além do mais, para manterem uma remune xo dos ricos), diz ela. Com o que já lhe é dado ver e os
dos pela Fundação IBGE, revelama forte concentraço da se surpreendesse com ca papelão, vidros plásticos entre dejetos. Isso
papel, in
ração mínima necessária, os volantes se vêem na dica claramente que a populaçao esta
,
feria paulistana, talvez a freira não omenos, des
couteindus
o

contingência de utilizarem a força de trabalho pre renda em poder dos grandes proprietários rurais, no de. o que acontece no vazadouro de São Gonçalo,
no Estado perdiçando menos e gastando menos com a
correr da década de 70. Os mais ricos (1%) aumentaram
COce de filhos menores que se submetem às mesmas do Rio, o maior depósito de lixo da periferia
de Niterói, trializados. "O lixo está ficando pobre também, parece que
a sua participação no total dos rendimentos do ca
condições extenuantes do trabalho adulto?. campo, de
10,59o em 1970 para 29,3% em 1980, o que representa um que também recebe os dejetos de quase toda a Baixada Flu os brancos agora aproveitam tudo, diagnostica a baiana
O trabalho remunerado por tarefa e por empreitada, minense. Ali, todo dia, perto de duzentas famílias
vivem Maria do Carmo Alves, 34 anos, oito filhos, viúvae de
que tende a substituir, na agricultura brasileira, o trabalho enriquecimento de 1790 em dez anos. Por outro lado, os e para
de recolher restos de papelão, vidro, plástico metal sempregada hátrês anos. Todo dia ela se junta com a fi
remunerado por unidade de tempo, presta-se, em circuns mais pobres (50%) perderam terreno, tendo sofrido uma para sobreviver.
vender ao ferro-velho, e catam comida Iharada às quinhentas pessoas que convergem para o aterro
tâncias tais como as atualmente existentes no Brasil, à uti redução de sua participação no bolo, de 22,4% em 1970 as famílias sanitáio, no bairro de Canabrava, a 18 quilômetros do cen
para apenas 14,9% em 1980. Houve, portanto, sensível em Mal chegam os caminhões de descarga,
lização das formas mais brutais de exploração do homem. se atiram sobre o monturo, armadas de foices, vassouras tro de Salvador, em busca de algo para mastigar. Muitos
Essas formas são tipicas de épocas e situações em que coe pobrecimento relativo dos estratos mais baixos da popu e pás. Embora grávida de cinco meses, de seu segundo fi são operários desempregados, gente com domicílio certo
xistem dois fatores essenciais: 1. uma superabundante mão lação economicamente ativa da área rural. A própria lho, Jane da Conceição Leite, 17 anos, avança para lixo
o e sabido, filhos na escola, massem dinheiro para comprar
de-obra, em quantidade superior às possibilidades reais de Fundaço IBGE aponta como causa básica dessa concen com a desenvoltura de um moleque. Na quarta-feira
pas
'o de comer". Nem Maria do Carmo nem seus companhei
emprego; 2. um proletariado rural desorganizado e despro tração de renda 'o progresso técnico da agricultura, com ros se preocupam com o cheiro nauseante do lugar nem
a modernização das propriedades rurais, principalmente sada, seu arrojo a contemplou com um resto de 'quenti
tegido de um efetivo amparo legal. nha, despejada de um caminhão das Lojas Sendas,
e com a qualidade dos restos disponíveis"
aquelas voltadas para a agricultura de exportação'*. Alémn
Uma vista-de-olhos ao longo da história nos mostrarå algumas laranjas estragadas, para consumo imediato. Pa
que o que agora se estáverificando em nosso pais, na pre dessa causa básica, outros fatores contribuíram, também, ra casa ela conseguiu levar pão sujo e amassado, batata (Revista Isto é, 14 set. 1983, n. 351, p. 38-9.)
para o extraordinário enriquecimento dos grandes proprie
sente fase inicial de industrialização da agricultura, tem
muitas semelhanças com a situação do capitalismo pré tários rurais, na última década: a violenta concentração
industrial nosos paises hoje desenvolvidos, e especialmente da propriedade rural; a rápida valorização da terra nos anos
na Inglaterra do começo do século XIX. 70, os incentivos fiscais para a implantação de grandes pro
O saláio pago segundo os resultados do trabalho (por jetos agropecuários na Amazônia legal; o elevado volume
área, por tarefa, por peça), introduzido de modo sistemá de crédito subsidiado, de cujo total apenas 0,3% dos con
tico durante a fase primitiva do capitalismo, e numa épo
tratos absorvem anualmente cerca de 30%o do crédito dis VOCABULÁRIO
ca em que a classe trabalhadora ainda não tinha meios de ponivel.
defender-se contra relações de trabalho tão opressivas, como Com as medidas econômicas tomadas em dezembro
de 1979 e as adotadas em novembro de 1980, a preocupa sa que aumenta de cima para baixo, torna
o chamado sweating system ou sistema suador, havia sido Agricultura itinerante: caracteriza-se pela der
ção de 'encher a panela do povo' passa para um plano se se máxima na classe proletária, gerando de
o recurso mais fácil e mais rude ao alcance dos patrôes da
cundário. As circunstâncias des favoráveis e o agravamento ruba da mata, queimada e plantio; quando
quela época, para lograrem o máximo do esforço produti diminui o rendimento agrícola em virtude Sorganização social e pessoal, atitudes de
vo dos trabalhadores. Após algum tempo, entretanto, os da dependncia e da dívida externa levam o governo a con
tinuar a privilegiar a agricultura de exportação, apesar das do empobrecimento do solo, o agricultor não-conformismo, inquietação social e, so
constantes e crescentes abusos daguele sistema tiveram tão
grande repercusso na época que provOcaram repetidos mo
afirmativas oficiais em contrárioede algumas medidas ain desloca-Se para outra áreae assim sucessi bretudo, a chamada consciência de classe.
vimentos de protestos das associações de trabalhadores e da tímidas voltadas para o incentivoà produção de alimen vamente. Desta consciência depende, em última aná
tos. Como o endividamente externo continuará a crescer lise, um indivíduo ou grupo pertencer ou não
deram lugar a uma sequéncia de leis reguladoras, as quais, nos próximos anos, tudo indica que será mantida a nriori Apêndice: anexo; parte acessória.
afinal, detiveram os excessos. Não tardou que, mediante Aviltamento: tornar vil, rebaixamento. ao proletariado. A mera qualidade de ope
o aperfeiçoamento dos processos de produção eo avanço dade agricola voltada para o exterior, ao lado do subcon
rário ou assalariado nãoésuficiente para
ser
da tecnologia, a intensificação do trabalho fosse conseguida
sumo interno crônico, agravado pelos altos índices da Força de trabalho: energia fisica e mental do ser
sem o apelo às formas exageradarmente opressivas antes uti inflação edo custo de vida, que submetem milhões de bra humano. classificado como proletário, pois muitos
lizadas. Assim, o progresso técnico avançou tão rapidarmnen sileiros a um grave regime de carência alimentar. Gênese: formação ou nascimento. operários não se consideram solidários com
te que, apesar de serem as jornadas de trabalho da classe
Hasta pública: venda de bens em público, pre os demais e não compartilham de seus de
operária sucessivamente encurtadas de 14 para 12, 10 (Argemiro, J. Brum, O desenvolvimento econômico ou revolução
e 8 horas a produtividade ea produção diária por tra brasileiro, 2. ed., São Paulo, Vozes, 1982, p. 163-4.) gão efetuado por leiloeiros públicos; leilão. sejos e propósitos de reforma
balhador nas empresas rurais c urbanas registravam ao mes Parâmetros: no texto, refere-se a critérios. social. Ássalariados dessa categoria, na qual
mo tempo progressivos aumentos. Proletariado:“"Nas sociedades industrializadas, sobressaem os operários especializados, per
Wil
O trabalho por tarefa, associado ao regime de emprei a classe social mais baixa ou menos po tencem à pequena burguesia. " (Emílio
tada, em que a presença de um contratante ou subemprej lems. In Dicionário de sociologia, Porto
teiro se interpõe, para não somente aliciar trabalhadores,
*
Fundação |BGE– Dados preliminares do Censo de 1980. derosa, quer dizer, aquela que menos resis
como também para conduzi-los a um trabalho intensivo Apud Kristina Michahelles, Censo mostra maior dite tência pode oferecer à pressão exercida pelos Alegre, Globo, 1977, p. 277.)
e extenuante e, ainda mais, para extorquir-lhes parte de sua rença entre ricos e pobres, Jornal do Brasil, 27 set. 1981, demais estratos. A distribuição desigual de
já ínfima remuneração, continua a existir apenas nas re p. 38. Subsidiar: ajudar, auxiliar.
encargos e compensações, desigualdade es
188 189
CAPÍTULO 3
O CAFÉ
Origem e roteiro ESTADO DE SAO PAULO
ÁREA OcUPADA PELA CAFEICULTURA NO
E RESPECcTIVA PARTICIPAÇAO NA PRODUCAO

OS PRINCIPAIS PRODUTOS D4 O
caféé originário da Abissínia(atual Etió
pia). Foi levado para a Europa
provavelmente
SITUAÇAo EM 1836

e muito tempo foi aí cul


AGRICULTURA BRASILEIRA pelos árabes durante
tivado como simples planta de
jardim.
Posteriormente, foi levado da França para
as Antilhas e para a Guiana Francesa
nos pri
meiros anos do século XVII.
Em 1727, o sargento-mor Francisco de Me LEGENDA
Fran
lo Palheta, dirigindo-se Caiena (Guiana
a
trazer as 12
A AREA OCUPADA PELAS cesa) em missão oficial, conseguiu
primeiras mudas de café, que foram plantadas
LAVOURAS PERMANENTES E

BRASIL: UTILIZACÃO DA TERRA SEGUNDO A ÁREA em Belém do Pará.


TEMPORÁRIAS o ca
cOLHIDA EM 1982 Na primeira metade do século XVIII,
fé játinha penetrado no Maranhão
e, por volta
SITUAÇAO EM 1854

Culturas permanentes são aquelas em que


demais
algodão arbóreoyCulturas de 1770,.a Bahia já possuía plantações.
milho
as plantas cultivadas são plantadas numa de mandioca
12,3%
26% O bispo do Rio de Janeiro, D. José Joa
terminada época e produzem por certo perio quim Justiniano de Mascarenhas Castelo Bran
co, em fins do século XVIII, muito contribuiu
do de tempo, não havendo necessidade de sua trigo 6%
renovação anual ou por curto periodo. E o ca para o desenvolvimento da cafeicultura. Pos
cana-de- 6,2%o
suindo uma fazenda, o bispo distribuía mudas
soja
so do café, da laranja, do cacau, da banana, do açúcar feijão 17%
algodão arbóreoe de muitos outros. 12% arroz de café de seus viveiros para quem se interes
Asculturas temporárias são realizadas com 12,2% sasse em plantá-lo.
plantas que produzem ou apresentam safra, As plantações de café cresciam em direção
uma ou poucas vezes, isto é, por curto periodo a São Paulo pelos contrafortes da serra do Mar
LEGENDA
e pelo vale do Paraíba.
de
tempo. Aqui se incluemnomilho, o arroz, o Fonte: cálculos tendo por base o A nuário Estatístico do 78%

feijão, a soja, a mandioca, o algodão herbáceo, Brasil, 1982, IBGE. Supõe-se que a introdução do café na pro 14%

a cana-de-açúcar, o trigoe outros. víncia de São Paulo tenha ocorrido por volta 6

Dos 49.185.302 hectares de terras no Bra


2

O rendimento das culturas brasileiras é de 1790.


sil, ocupados pelas lavouras, as temnporárias tambémn outro problema a ser enfrentado e que Ganhando as terras paulistas, a cafeicul
ocupam a maior parte, cerca de 86% do total, implica uma série de fatores responsáveis: se tura desenvolveu-se espetacularmente. Em mea
enquanto as permanentes ocupam 140. leção de sementes e mudas, técnicas agrícolas, dos do século XIX, a região de Campinas era sITUAÇAO EM 1886
Das culturas, é o milho que ocupa a maior adubação, combate às pragas, educação agrí
área colhida no Brasil, cerca de 26W%, seguido cola do trabalhador, escoamento da produção PARTICIPAÇÃO DO CAFÉ NAS
da soja (17% ), do arroz (12,29%), do feijão e muitas outras. EXPORTAÇÕES DO BRASIL (1831-1890)
(120), da cana-de-açúcar (6,2%), do trigo Os produtos agrícolas, que vamos logo em
(670), da mandioca (4,3% ), do algodão arbó seguida abordar, destacam-se no conjunto da Período Participação
reo (40), do café (3,7%) e do algodão herbá
ceo (3,20).
agricultura brasileira tanto em área ocupada co
mo em valor da produção. Alén disso, repre 1831 - 1840 43,8%
A área ocupada pelo milho é maior que a
ocupadapor todas as lavouras permanentes no
sentam as principais culturas pelo significado
que apresentam nas exportações do Brasil e pela
1841 - 1850 41,4%

Brasil. Isso decorre do fato de o mesmo ser plan importância que muitas delas têm como ali 1851 1860 48,8% LEGENDA

tado em associação com outras culturas. mento básico da grande maioria da população 1861 1870
25% mals

Apesar de ocupar a maior área agricola do 45,5% -


brasileira. S8 25%

país, o seu rendimento médio por hectare é bai Assim, a nossa preocupação está dirigida 1871 1880 S6,6%
X0, situando-se em torno de 1.735 kg. Os EU.A. no sentido de assinalar algumas caracteristicas
apresentam um rendimento médio superior a dos produtos agrícolas abordados e destacar, 1881 – 1890 61,5%
3.000 kg/ha e a Argentina já ultrapassou principalmente, as áreas do Brasil que sobres Fonte: Nelson W. Sodré, História da burguesia brasilei Conforme Sérgio Milliet, Roteiro do café, São Paulo, Ed.
2.000 kg/ha. saem na sua produção. ra, p. 62 e 104. Bipa, 1946.

190 191
ROTEIR0 DO CAFE NO MUNDO FLUXO IMIGRATÓRIO PARA O BRASIL E PARTICIPAÇÃO DE
SO PAULO NO RECEBIMENTO DOS IMIGRANTËS
Imigrantes Imigrantes Percentagem de
Citeue Polat Artico
Decênios entrados no entrados em São Paulo em
Brasil São Paulo relação ao Brasil
MERIOA FRANCA ASIA
D0 NORT EUROPA 1850-1859 108.045 6.310 5,8

Tropico de cncer 1860-1869 106.187 1.681 1,6


ANTILHAS Origen
do CateEiopia
AMERICA
CENTRAL
Caiena
AFRICA ocEAN 1870-1879 203.961 11.730 5,7
EQuador
Recite
Salvador
CO 1880-1889 453.788 183.349 40,1
Tropiçe6e Coorkornle
FACIFC ATLAN
AMERICA
DO SUL ATL TOTAL 871.984 203.070
OCEANO
e
Fonte: Heitor Ferreira Lima, História político-econômica industrial do Brasil.
Culo
Polar Antártico
Em 1918, nova crise atingiu a cafeicultura. A erradicação de cafeeiros
Nesse ano, as geadas aniquilaram milhões de antieconômicos e a queda do cafe
pés de café. como gerador de divisas
Em 1924, foi criado o Instituto do Café,
com a finalidade de dar assistência e orienta Data de várias décadas o problema da su
a maior produtora o BrasilL.O café, nasuaa mar café no Brasil, em fins do
A produção de
ção à política econômica desse produto. perprodução de café no Brasil. Tal fato moti
cha no Estado de São Paulo, ultrapassou de século XIX, não encontrava rival no mundo,
No entanto, em 1929, com a quebra da bol vou diversas intervenções governamentais para
pressão periferica paulista e alcançou o planalto sendo que até hoje o Brasil é oprimeiro produ sa de Nova York, nova crise foi desencadeada.
Ocidental (Ribeiro Preto, Alta Paulista e Zo tor mundial. tentar resolver o problema.
na da Araraquarense). A expansão da demanda de café, nos paí Em decorrência dessa crise, inúmeras medidas Nos primeiros cinco anos da década de
Nos famosos solos de terra roxa do planalto ses da Europa e América, fez com que o volu foram tomadas: proibiu-se a plantação de no 60, produção de cafë superava em muito a pro
a
vos cafeeiros, decretou-se moratória aos fazen cura do produto. Restavam grandes excedentes
Ocidental, o café se desenvolveu extraordina me de produção desse produto atingisse cifras
riamente. muito elevadas. Novas áreas foram ocupadas deiros endividadose queimou-se grandeparte de produção, que eram estocados pelo IBC (Ins
Em 1830, o café já ocupava o primeiro lu pela cafeicultura, como o norte do Paraná há dos estoques de café para melhorar o preço. tituto Brasileiro do Caf), representando altos
gar na pauta das exportações do Brasil. cerca de 40 anos, possibilitando o rápido apa Em virtude da crise, muitas propriedades custos de estocagem.
Necessitando de um sistema de transpor recimento e crescimento de cidades como Lon foram vendidas ou abandonadas e outras fo Foi elaborado, então, um plano para equia
o
tes que pudesse escoar a produção de café até drina, Maringá, Apucarana e outras. Háalguns ram subdivididas e vendidas em lotes aos pe librar produção e consumo, levando IBC
pro
o porto de Santos, já no início da segunda me anos, o café ultrapassou os limites do Estado de quenos lavradores. adotar uma politica de racionalização de
tade do século XIX, ocorreu a implantação das São Paulo e penetrou em terras do Mato Gros Apesar de os aspectos negativos da crise de dução. Surgiu dai o GERCa (Grupo Executivo
ferrovias no Estado de São Paulo. Em 1868, fo so do Sul. Entretanto, a cafeicultura passou por 1929, ela estimulou o desenvolvimento da po de Racionalização da Cafeicultura).
ram inauguradas a E. F. Santos-Jundiaí ea
sérias crises. licultura e da indústria no Brasil, além de alte OGERCa orientou a erradicação de cafeei
Companhia Paulista de Estrada de Ferro. De rar a vida política
do pais. ros antieconômicos, atingindo até 1967 um to
1872 a 1875, entraram em operação a Cia. tal de 1.379.343 pés de café erradicados. as
So Com a entrada de novos produtores de ca
rocabana de Estrada de Ferro e a Cia. Mogia tê no mercado internacional, notadamente da O programa do GERCa visou substituir
na de Estrada de Ferro. antieconômi
América Central e África, a situação brasileira áreas ocupadas pela cafeicultura pro
Além dea cafeicult ura do Estado de São As principais crises do café de relativa tranqüilidade alterou-se em tempOs ca por culturas substitutivas, adaptando a
Paulo ter estimulado o desenvolvimento ferro (1906- 1918 - 1929) dução de café às reais necessidades do mercado
recentes. Tal fato levou o Brasil a adotar, na dé
viário, influiu também no aparelhamento do Cada de 60, outra política em relação ao prO interno e externo. a
porto de Santos e estimulou o fluxo imigrató A primeira crise do cafédata de 1906. A cau duto, procurando controlar a sua produção face Durante toda primeira metade deste sé
rio. No periodo de 1880 a 1889, os imigrantes sa dessa crise foi a superprodução, e sua conse a procura do mercado internacional, Para essa culo, o café liderou a pauta de exportações do
entrados em São Paulo representavam 40,1% e cacau. A
qüência, entre outras, foi provocar um intenso hova situação, foi adotada a politica de erradi Brasil, seguido do algodão, açúcar
do total dos imigrantes vindos para o Brasil. 60, o café apresentou uma
éxodo da população rural em direção às cidades. cação de cafeeiros antieconômicOs. partir da década de
192 193
tação para os países produtores. Propor cipalmente a região de Bengala, seja o local de
cionalmente às quotas básicas, são ado origem dessa planta.
DE CAFEEIROS OCONVÊNIO INTERNACIONAL DO acor Da região de Bengala a cana-de-açúcar se
ERRADICAÇÃO
(JUNHO DE 1962 A MAIO DE 1967) tadas quotas anuais, calculadas de
CAFÉ(CIC) do com as estimativas das necessidades expandiu para a China, Bornéu, Mesopotâmia,
em quotas tri Egito, até alcançar o sul da Europa (Chipre,
do mercado e subdivididas
Si
Cafeeiros Area "O atual Convênio Internacional do
Estados erradicados cília e Sul da Espanha).
diversificada (ha) Café (CIC), do qual faz parte a maioria mestrais.
dos países exportadores e importadores Não são computadas nas quotas de Em virtude do elevado preço do açúcar, so
São Paulo mente os nobres podiam consumi-lo. A maior
exportação as remessas para
299.364 366.897
de café do mundo, foi negociado em ju os denomi
novos, constituídos por parte da população ficava na dependência da
Minas Gerais 263.703 353.134 Iho e agosto de 1962, em conferência rea nados nercados
lizada em Nova York, sob os auspícios das países de baixo consumo
em vista de seu produção de mel de abelha, como única subs
Paraná 249,957 307.062 Nações Unidas, Entrou em vigor provi alto potencial para expansão. Outras me tância adocicante.
soriamente em meados de 1963 e defini
o
didas previstas pelo CIC são: estabele Diante da crescente procura do açúcar na
Espirito Santo 303.175 299,429 para Europa, os portugueses passaram a visualizar
tivamente em dezembro do mesmo ano. cimento de certificados de origem
do produ a possibilidade de desenvolver um grande co
Outros 163.144 165.726 Segundo dispõe seu artigo 1, os objeti o
controle da movimentação
vOs do CIC são: to; a limitação de compras dos países não mércio com essa planta e obter grandes lucros.
Total 1.379.343 1.492.248 • alcançar equilíbrio razoável entre a membros na base das compras efetuadas Assim sendo, os portugueses, no século
nos três anos anteriores; e recomendações XV, introduzirama cana-de-açúcar nas recémn
oferta ea procura em bases que assegu
Fonte: revista Coopercotia, set. 1968. rem, a preços eqüitativos, fornecimen relativas ao controle de produçãoeàre descobertas ilhas da Africa: Madeira e Cabo
to adequado de café aos consumido moção dos obstáculos ao maior desenvol Verde.
res e mercado para os produtores que vimento do consumo. Enquanto os espanhóis introduziram a
resultem no equilíbrio duradouro entre cana-de-açúcar nas ilhas da América Central
(Transcrito da revista Coopercotia, (Haiti e Cuba), difundindo-a a partir daí atéo
queda de importância na obtenção de divisas a produção e o consumo; set. 1968, ano 26, p. 227.)
e como fonte de renda e emprego. Isso ocorreu • contribuir para o desenvolvimento dos sul dos E.U.A., os portugueses a introduziram
em virtude do crescimento das exportações bra recursos produtivos e para a promoção no Brasil.
no
Com a introdução da cana-de-açúcar
sileiras de produtos manufaturados e do au e manutenção
dos níveis de emprego e A CANA-DE-AÇÚCAR os portugueses passaram a liderar rapi
mento das exportações de outros produtos de renda nos países-membros, possibi Brasil,
os es
agricolas, principalmente a soja e a laranja, e da litando salários justos, mais altos pa damente o seu comércio, em virtude de
drões de vida e melhores condições de Origem da cana-de-açúcare sua panhóis terem preferido a riqueza proveniente
decisão governamental, comno já foi citado, de
reduzir a área cultivada de café através da polí trabalho; trajetória até o Brasil da mineração.
• ajudara elevar o poder aquisitivo dos No Brasil, a introdução da cana-de-açúcar
tica de erradicação de cafeeiros antieconômicos. em
Diante disso, a participação do café no va A cana-de-açúcar já era conhecida
na Asia foi realizada por Martim Afonso de Souza,
países produtores pela manutenção dos Posteriormente, a agricultura da
preços em níveis eqüitativos e pelo in antes da era crist. Admite-se que a India, prin São Vicente.
lor das exportações brasileiras, que antes de
1970 chegou a atingir dois terços, reduziu a cremento do consumo;
• estimular o consumo do café por todos ORIGEM DA CANA-DEAÇUCAR
10- 15% no final dos anos 70 einício dos 80.
A
E SUA TRAJETORIA ATEO BRASIL
os meios possíveis;
• em geral, reconhecendo a relação entre o
comércio do cafée a estabilidade econô
5000
Milhares de toneladas CAFE EM COCO mica dos mercados para produtos in ASIA
Outras 1902 dustriais, incentivara cooperaçãointer AMERICA
PP nacional com respeito aos problemas DO NORTE
EUROPA
mundiais do cafE. da Madeira CHINA
ES A fim de pôr em execução o CIC, foi
3 Chipre
750
Sicilia HMevopotamia
criada a Organização Internacional do AFRÌCA
Café (O1C), com sede em Londres. A OIC AMERICA
CENTRAL
Haiti
Orige
Borneu
2500 tem um Conselho do qual fazem parte to provave
Pernambuco
dos os pafses-membros, sendo que a sua Salvador
mais alta autoridade é uma Junta Execu Sao Vicente

1 250
tiva (JE), composta de membros expor
AMERICA
tadores e sete membros importadores, DO SUL
escolhidos por eleição entre os membros
das respectivas categorias. Para alcançar
0
1978 Os objetivos visados, o CIC estabeleceu
1979 1980 1981 1982
um sistema de quotas básicas de expor
195
194
cana se expandiu para o Recôncavo Baiano e rante a Revolução Industrial ou, ainda, com a narte da área dos estabelecimentos agropecuá açucareira no Brasil foi o latifúndio, a mono
para a Zona da Mata Nordestina, onde se de importância do petróleo na atualidade. Isso sig. rios, pois apenas 1,2/o dos proprietários rurais culturaeo escravo.
mesmos,
senvolveu graças a uma série de fatores. nifica dizer que quem possuísse o domínio da detêm cerca de 46% da área total dos
produção de açúcar naquela época teria a im. enguanto 50% dos proprietários possuem so
Fatores de sucesso da cultura e da portância que assumem, na atualidade, os pa. mente 2,4% do total da área.
A cultura da cana-de-açúcar no século
ses produtores de petróleo ou, mais propriamen. Ouanto à monocultura, até pouco tempo XIX e no atual
indústria canavieira no Nordeste e a sua
importância nos séculos XVI e XVII te, aqueles que lideram a sua comercialização, predominante no Brasil, era representada pelo
O
açúcar, devido àsua grande importân café. Apesar da decadência da agroindústria da
Foi somente a partir da crise de 1929/30
que
Entre os fatores que explicam o desenvol cia nos séculos XVIe XVII, era um produto de cana-de-açúcar no período colonial ea substi
vimento da cultura e da indústria canavieira no luxo. Figurava, inclusive, em dotes de princesas. o Brasil começou a diversificar sua economia, tuição do açúcar, como principal produto de
ea
Nordeste do Brasil pode-se destacar: Os homens que aqui vieram empatar capi passando a desenvolver a policultura incen exportação, pelo ouro e pelo café, ele continuou
tais visavam a produção de um artigo de alto a
tivar industrialização. Observe que éum fato sendo um produto importante na economia
• Clima quente e úmido.
• Solo de massapê. valor comercial e que pudesse dar grandes lu recente na história do Brasil. brasileira. De 1831 a 1890, continuou ocupan
• Facilidade de transporte oferecida pelos cros, e a cana-de-açúcar oferecia grandes pos Inclusive, a monocultura cafeeira desenvol do um lugar de destaque nas exportações do
cursos de água que se dirigem para o oceano. sibilidades de obtenção de lucros. veu-se no Brasil, a exemplo da cana-de-açúcar pais, conforme atestam os dados da tabela
• A presença da Mata Atlântica, fornecendo Tão grandes eram as possibilidades do co nos séculos XVI e XVII, orientada para abas abaixo.
mércio do açúcar produzido no Brasil, e con tecer o mercado externo, tendo sido comanda No atual século e, principalmente, após a
madeira para as construções, inclusive para
a fabricação de caixotes para o transporte do seqüentemente dos lucros a serem obtidos, que da, portanto, pelas necessidades do mercado crise de 1929/30, as plantações de cana-de
açúcar. A madeira retirada da Mata Atlânti muitos capitais aplicados nessa atividade eram externo. Não houve, desde o início de nossa for açúcar se espalharam pelo Estado de São Pau
ca era utilizada também como combustível fornecidos por banqueiros judeus de Portugal mação, preocupações em formar um setor de lo, ocupando juntamente como algodo, anti
para os engenhos. e da Holanda. Tal
fato demonstra a certeza da mercado interno desenvolvido e que pudesse di gas áreas de produção de café. O Nordeste, que
•O mercado consumidor garantido, represen segurança de aplicação de capitais e a rentabi namizar a economia interna. Estamos até ho durante quatro séculos dominou a produção de
tado pela Europa. lidade que se podia obter dos mesmos. je, resultado dessa herança colonial, assistin cana-de-açúcar, cedeu lugar para o Estado de
presença do braço escravo. A euforia e a avidez pela plantação da do a uma dificuldade de integração de grande São Paulo. De um cultivo de cerca de 9% da
•A cana-de-açúcar eram tão grandes que somente massa da população brasileira à economia de área total brasileira cultivada com cana-de
Quanto a sua importância, durante os sé
culos XVIeXVII, o açúcar produzido no Bra se pensava em plantá-la, esquecendo-se de ou mercado. açúcar, em 1931/33, o Estado de São Paulo pas
tras lavouras básicas para a alimentação da po Data da época da agroindústria canaviei sou para 39% em 1979/80, liderando a produ
sil passou a ser o produto de maior comércio
internacional. Háautores que comparam0 pa pulação. ra do Nordeste, do século XVII, a instituição ção canavieira nacional.
pel do açúcar, no comércio dos séculos XVI e O Brasil daquela época conheceu até cri da escravatura no Brasil. Atualmente, pode-se destacar três princi
XVII, com a importância do carvão mineral du ses de subsistência pela falta de alimentos. Foi Podemos, depois dessas considerações, di pais zonas de produção:
necessário que a metrópole interferisse, através zer que o trinômio que caracterizou a atividade • Zona da Mata Nordestina
de uma legislação especial, exigindo que mui
AREA DA CANA-DE-AÇÚCAR, DA CRIAÇÃO
DE GADO E DA CULTURA DO TABACO
tas áreas fossem plantadas com mandioca e ou
NO SECULO XVIl tras lavouras de subsistência.
AS EXPORTAÇÕES DO BRASIL (1831-1 890)
O latifúndio, a monocultura e o
escravo -elementos que Produtos
Periodos

caracterizam a atividade açucareira 1831-1840 1841-1850 1851-1860 1861-1870 1871-1880 1881-1890


do Brasil-co lônia Café 43,8% 41,4% 48,8% 45,50 56,6% 61,5%

A grande produção açucareira, principal Açúcar 24,0% 26,7%0 21,20 12,3070 11,8% 9,90
mente dos séculos XVI eXVII, gerou o latifún Algodão 18,30 4,2%0
10,8% 7,5%0 7,5% 6,20
dio, a monocultura e a escravidão no Brasil.
1,27%
As doações de terras de grande extensão e, Cacau 0,6% 1,0% 1,0% 0,9%
logo de início, a estruturação de uma econo 3,1% 5,5% 8,8%
Borracha 0,3% 0,4% 2,30
Areas das culturas mia voltada para abastecer o mercado externo
da cana-de-açúcar
Area de criação
ea Lei de Terras de 1850 são, historicamnente, Fumo 1,9%0 1,8% 2,60 3,0% 3,4o
de gado responsáveis pelo aparecimento e pela reafir
Erva-mate 1,6% 1,270 1,50
mação, na estrutura fundiária do Brasil, da 0,5% 0,9%
Cultura do tab8co
grande propriedade rural e da monocultura. Couros e peles 7,9% 8,5% 7,2% 6,0% 5,6% 3,2%
Até hoje nós possuímos o latifúndio na es
trutura fundiária do país, dominando a maior Fonte: Nelson W. Sodré, História da burguesia brasileira.

196 197
Em relação à Zona da Mata Nordestina
a Baixada Fluminense e a Zona da Mata Mi
DE
neira foram ocupadas benm posteriormente pe. CONCENTRAÇÃO DA CULTURA
CANA-DE- AÇÚCAR
los canaviais. Isso ocorreu no século XVIIL
(Região Sudeste)
Atualmente, a lavoura da cana, nessa zo
na, se encontra mecanizada e com um rendi.
mento um pouco superior ao do Nordeste.
Destaca-se, na Baixada Fluminense, a ci
dade de Campos como a maior expressão ur
bana e centro regional. No Estado de Minas
Gerais, destacam-se os municípios de Ponte No
va, Urucânia e Visconde de Rio Branco.

O ESTADO DE SÃO PAULO

Os canaviais surgem no Estado de São Pau


Corte da cana-de-açúcar. lo principalmente no planalto Meridional ou
Arenito-Basáltico em seu trecho paulista. Igarapava
O Estado de São Paulo responde por cerca
• Zona da Baixada Fluminense e Zona da Ma de 50% do total de cana-de-açúcar produzido
ta Mineira no país. Destacam-se principalmente as regiões yRibelrão Pr

•o Estadode São Paulo de Ribeirão Preto, Araraquara, Piracicaba, Jaú


eo vale do Paranapanemna, com seus gran
s
des canaviais e usinas de produção de açúcar,
Campos

ZONA DA MATA NORDESTINA


álcool, aguardente etc. Piracicaba

A Zona da Mata Nordestina corresponde A ampliação da área cultivada com cana


à área tradicional de plantio de cana-de-açúcar de-açúcar no Estado de São Paulo, de 1960 a
no Brasil, e os canaviais se estendem desde o 1982, foi considerável. De uma área cultivada, Concentração baixa
Rio Grande do Norte até o Recôncavo Baiano. em 1960, com cerca de 345.000 hectares, pas 0 50 100150 km Concentração média
Os principais Estados produtores dessa zo sou para 1.300.000 hectares, em 1982. Houve
na são: Alagoas e Pernambuco. uma ampliação de quase 200% em apenas 22 Concentração alta
Os canaviais no Nordeste localizam-se pró anos, em virtude, entre outros fatores, do estí
ximo ao litoral, ocupando os vales de rios, co mulo dado pelo Proálcool (programa criado em
mo é ocaso do Paraíba do Norte, Una, Capi 1975 pelo governo federal), em prejuízo de cultu
beribe, Ipojuca e outros. ras alimentares para o mercado interno. Estu
O
rendimentoagrícola dos canaviais da Zo daremos, no capítulo 6, a questão do Proálcool.
Os E.U.A., a Áustria ea Itália são paises que
na da Mata do Nordeste é baixo quando com Milhares de toneladas CANA-DE-AÇÚCAR
apresentam o maior rendimento, pois atingem
parado com o de outras zonas do Brasil. São
280 000
1982 mais de 3 toneladas por hectare. A Argentina
obtidas, em média, 50 toneladas de cana por O MILHO PB Outras
possui um rendimento de 2,1 t/ha.
hectare, enquanto a média do Estado de São Nos últimos anos, a produção mundial, co
RJ
Paulo é de 72 t/ha e do Paraná 75 t/ha. Omilho éum vegetal nativo das Américas,
210 000
MG SP mo também a nacional, tem aumentado consi
conhecido dos indígenas que o utilizavam co PE deravelmente. Tal fato decorre do aumento
ZONA DA BAIXADA FLUMINENSE E mo alimento. É uma cultura encontrada em to AL tanto da população como dos rebanhos, pois
ZONA DA MATA MINEIRA das as unidades da Federação do Brasil. 140 000 o milho é utilizado em larga escala na alimen
Embora o Brasil dedique a maior parte de tação das populações e na criação de animais.
É no curso sua área agrícola a esse cereal, mais de 12 mi Pa
inferior do rio Paraíba do Sul, Os principais Estados produtores são:
na chmada baixada dos Goitacases, que se de Ihões de hectares (26% da área total cultivada), 70 000 raná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São
senvolve a agricultura de cana-de-açúcar no Es o rendimento que os seus milharais apresentam Paulo e Santa Catarina.
tado do Rio de Janeiro. édos mais baixos do mundo. Quanto à área cultivada com esse produ
Éuma área de clima tropical úmido, cons O rendimento médio tem sido de 1,7 tone to, nota-se nos últimos 22 anos (de 1960 a 1982)
tituída por terrenos aluviais argilosos e areno lada por hectare. Tal média somente não é al 0 um pequeno aumento, cerca de 110, cifra muito
cançada por vários países da Asia e da África. aquém da expansão da área cultivada, no
1978 1980 1982 mes
SOS e por terrenos cristalinos.
1979 98

198 199
mo periodo, da cana-de-açúcar (49%), da soja
(390%) e da laranja (154 %), demonstrando a MAPA DA REGIAO CACAUEIRA

tendência de estagnação dos produtos alimen Feira de Santana jAlagoinhas


tares destinados ao mercado interno, traço ca Seabra
racteristico da agricultura brasileira dos ultimos Itaberabao
Muritib
anos.
SALVADOR

BAHIA
O ALGODÃO Jequié
OCEANO ATLÁNTICO

No Brasil, podemos distinguir duas regiões Brumado


produtoras de algodão, segundo a variedade Poções
CONVENÇÕES

cultivada: Itabuna)ohéus O Cidades


• da Bahia para o Norte, onde se cultiva o al Vitória da Conquista) Estradas
godão arbóreo (é também cultivado o AioPardo Zona de Cacau Roxo
herbáceo );
• de Minas Gerais para o Sul, onde predomina Cacaual Zona de Cacau Branco
oriha
a variedade herbácea. PRINCIPAIS PRODUTORES DE
O algodão arbóreo prefere os solos aluviais CACAU NO BRASIL 1980
e adapta-se bem em clima quente e seco, razão Mapa de Situação
pela qual se desenvolve no sertão nordestino. Os astecas desenvolveram a cultura do ca Porto Sequro Outros

Ao lado da pecuária, a cultura do algodão cau e o utilizavam sob a forma de bebida.


ES
arbóreo constitui a principal atividade econô Quando os espanhóis empreenderam a
mica do Sertão nordestino. conquista do México e da América Central, co BRASIL
As variedades "mocó" e "seridó"", encon nheceram o cacau e sua utilização. A nova be
tradas no Sertão nordestino, são muito procu bida foi introduzida na Europa e logo teve boa Caravelas
8A

radas pela indústria têxtil, pois possuem fibras aceitaço e procura. Criou-se, assim, um mer
Iongas e resistentes. O Estado do Ceará é o cado para o novo produto tropical. ESPIBITO
SANTO
maior produtor de algodão arbóreo. No Brasil, o cacaueiro é encontradoem esta
O algodão herbáceo é umacultura tempo do nativo na Amazônia. Juntamente com o cra
vo, canela, baunilhae plantas de raízes aromá nidos. Como acontece na pecuária, o cultivo E uma planta conhecida desde a Antigui
rária, sendo necessário renová-la anualmente.
Durante a Guerra de Secessão nos E.U.A., ticas, o cacau foi uma das “drogas do serto". do cacau exige poucos trabalhadores, daí a bai dade e constitui o alimento básico de bilhões
a cultura do algodão se desenvolveu Em meados do século XIX, o cacaueiro foi xa densidade populacional na zona cacaueira. de seres humanos.
principal No Brasil, desde o período colonial, conhe
mente no Maranho. Contudo, foi somente de introduzido na Bahia e aí foi desenvolvida a sua A cidade de Itabuna, no sul da Bahia, é o
pois da crise do caféem 1929 que a cuitura do cultura. centro comercial do cacau e deve a esse produ cemos sua cultura.
algodão se desenvolveu satisfatoriamente, prin Diante da crescente procura do cacau no to o seu desenvolvimento. Ilhéus, próxima a Ita No século XVIII foram realizadas grandes
cipalmente no oeste paulista e norte do Paraná. mercado mundial, o cacaueiro foi plantado em buna, éo porto por onde se escoa a produção plantações de arroz no Maranhão, espalhan
larga escala no sul da Bahia, sendo até hoje a de cacau para o mercado externo. Toda a zona do-se, a partir dai, pelas várias regiões do Brasil.
A maior produção de algodão arbóreo é
realizada no Ceará, Paraíba e Rio Grande do sua principal área de produção no Brasil. cacaueira da Bahia é bem servida por rodoias Apesar de ser um dos alimentos básicos daa
Norte. O algodão herbáceo é produzido prin O Brasil durante muito tempo liderou a para escoar a produção. população brasileira, durante muitos anos
produção de cacau, perdendo a liderança de Além da Bahia, o norte do Estado do Es nossa produção não foi suficiente para atender
cipalmente nos Estados do Paraná e de São
Paulo, os quais respondem por cerca de 70% pois que países africanos, como Gana e Nigé pirito Santo, no baixo vale do rio Doce, Ron às necessidades do mercado, havendo necessi
da produção nacional. ria, passaram a produzi-lo. Hápoucos anos dônia e Pará também possuem plantações de dade de importações.
readquiriu a segunda posição na produção cacau. São cultivadas, no Brasil, duas variedades:
mundial, sendo superado apenas por Gana. o arroz de várzea e o arroz de sequeiro ou de
O
Estado da Bahia, na sua porção sul, éa encosta.
O CACAU principal área produtora de cacau no Brasil. Es O arroz de várzea é cultivado principal
sa área responde por mais de 90% da produ O ARROZ mente no Rio Grande do Sul, nos vales dos rios
O
cacau éuma planta nativa das florestas ção brasileira. Jacuí e Uruguai e na lagoa dos Patos; em São
equatoriais da América do Sul. No entanto, foi Foi a economia cacaueira a responsável pe O arroz é uma planta originária da Asia Paulo, no vale do Ribeira e no vale do Paraíba;
nas terras úmidas equentes da América Central lo povoamento da região, pelo aparecimento de tropical, ouseja, do Vietn, Indonésia, India no Maranhão, no vale do Mearim e em muitas
que o seu cultivo se deu pela primeira vez. cidades e de tipos de habitação rural bem defi e mesmno
da China. outras várzeas de rios do Brasil.

200 201
O arroz de sequeiro destaca-se principal tulo anterior, da política econômica adotada, Entretanto, foi somente a partir da déca • Pimenta-do-reino -introduzida pelos japo
de estímulo à agricultura de exportação frente no Brasil co neses no Pará, na Zona Bragantina, en Tormé
da de 1960 que cultura do trigo
a
mente em Goiáse em Minas Gerais.
à necessidade de obter divisas para as importa meçou a reccber mais atenção. Em janciro de Açu.
a compra
ções ou para pagamento dos juros da dívida ex 1951, um decreto tornou obrigatória Vinha-largamente cultivada no Rio Gran
O FEIJÃO terna brasileira. que, até então,
de trigo nacional pelos moinhos de do Sul, onde foi introduzida pelos imigran
Uma certa vantagem apresenta a cultura importá-lo, devido ao menor preço. tes italianos, incentivou a implantação de
preferiam
desse vegetal no Brasil em relação ao mercado Em 1962 foi instituído o monopólio de im indústrias de vinho em Bento Gonçalves, Ga
O feijão ocupa mais de 4 milhões de hec
tares cultivados no Brasil, o que corresponde internacional. A safra brasilcira ocorre na en portação pelo Banco do
Brasil. ribaldi, Caxias. Também em São Paulo e sul
a 12% do total da área ocupada pelas lavouras. tressafra dos grandes produtores mundiais. As Apesar de todas as pesquisas realizadas, o de Minas Gerais é encontrado o seu cultivo
sim, as exportaçðes de soja pelo Brasil vêm na produção e a sua industrialização.
Brasil ainda não éauto-suficiente
Com essa cifra, ocupa o quarto lugar em
área cultivada, sendo superado pelo milho, ar ganhando uma importância muito grande. É
o produto agrícola que apresenta o maior va
de trigo para atender
ao
esse
seu mercado
cercaléo
interno,
produto que
-
• Mandioca de grande importância na ali
mentação de milhões de brasileiros, é culti
roz e soja. Depois do petróleo,
Em virtude de apresentar a possibilidade lor nas exportações. mais onera a nossa pauta de importações. vada praticamente em todo o território bra
de ajudar na recuperação de solos esgotados, O Estado do Rio Grande do Sul lidera a Muitos problemas de ordem técnica têm sileiro. Os Estados da Bahiac do Maranhão
vem sendo utilizado no sistema de rotação de produção nacional, seguido do Paraná, Mato impedido que o Brasil atinjaa auto-suficiência são os maiores produtores.
culturas em muitas áreas do Brasil. Grosso do Sul e São Paulo. na produção. Entretanto, novas perspectivas pese
Os principais produtores são: Paraná, Mi abrem com a conquista do planalto Central a obten
nas Gerais, São Paulo, Santa Catarinae Bahia. CONCENTRAÇAO DA CULTURA DA SOJA las plantações de trigo, esperando-se
que se às condições TEXTO PARA LEITURA E
Apesar de ocuparo quarto lugar em área
NO RIO GRANDE DO SUL
ção de variedades adaptem
cultivada no Brasil, muitas vezes temos que fa naturais da área. DISCUSSÃO
Enquanto isso não ocorre, o Brasil, em
vis
zer a importação do produto para abastecer o
sSto Hos ta do aumento considerável do consumo do
mercado interno (o que também ocorre com o Paneg, Fundo cer O problema alimentar no Brasil
arroz), em vista da agricultura brasileira estar ljur produto nos últimos anos, tem importado
ca de 60% do trigo de que necessita.
mais voltada para os produtos de exportação, "Não parece haver muita celeuma na afirmação de que
como já estudamos anteriormente. solgd
Os principais Estados produtores são: Pa a agricultura brasileira, do ponto de vista da produção ff
Santiago e
Porto'Alegre raná, Rio Grande do Sul, São Paulo Mato sica tem, ao longo do tempo, apresentado um certo con
Grosso do Sul. traste. De um lado, a positiva evolução das quantidades de
A
SOJA produtos como o café, algodão, cana-de-açúcar, soja, la
ranja e alguns outros, via de regra, contribuindo significa
Lourenço
tivamente para a receita de exportações do Pais. Nota-sc,
S.

do Sul

também, as importåncias diferenciadasna renda agrí


Éum alimento de alto valor protéico. A sua inheiro
Machado cola e valor das exportaçõesde cada um desses produ
introdução no Brasil foi realizada por imigran tos ao longo do tempo. Durante toda a primeira metade
tes japoneses, no início deste século. Entretan OUTRAS CULTURAS deste século, o café predominou largamente como um
pro
to, somente nos últim os anos é que ocorreu a Indice de Concentraçbo duto primário emn nossa pauta de exportações, seguido de
grande ampliação de sua área de cultivo no Bra Outras culturas podem ser citadas: longe pelo algodão, açcar e cacau. A partir dos anos 60,
sil. Em 1960, a área colhida era de 170.000 hec
tares. Em 1980, a área de soja elevava-se para
baixa
média
• Laranja - grande concentração de sua cul
tura no Estado de São Paulo (80% da pro
entretanto, esse produto iniciou um processo de declínio
em sua importåncia na receita total de divisas e, mnesmo,
como fonte de renda e emprego na própria agricultura.
8.700.000 hectares, apresentando, portanto, alta
dução nacional). Abastece a indústria de suco Entre as razões para essa perda de importância do café,
uma expansão de 390o em apenas 20 anos. para exportação. Apresentou, nos últimos 20 pode-se citar o início do acelerado crescimento de nossas
A expansão da área cultivada de soja ocor Fonte: IBGE, Região Sul, in Geografia do Brasil, 1977. anos, grande expansão da área cultivada. exportações de produtos manufaturados, o desenvolvimen
• Chá-da-índia no vale do Ribeira delgua to de outras alternativas de exportação de produtos agri
reu principalmente no Rio Grande do Sul, no c, a
pe (litoral sul do Estado de São Paulo). colas, principalmente a soja e a laranja também, própria
Paraná, em São Paulo e em Mato Grosso do decisão governamental de reduzir a dimensão do
parque
Sul. Em 1980, a cultura da soja no Estado do • Juta-oriunda do Paquistão, é plantada nas cafeeiro nacional às reais necessidades dos mercados in
Rio Grande do Sul ocupava 47% do total da O TRIGO várzeas inundáveis da Amazônia e fornece fi terno e externo. Depois de ter chegado a representar nais
ao fi
de dois terços do valor total de nossas exportações,
área de lavouras. A expansão da área de soja bra para a fabricação de sacaria. a esta
A introdução do trigo no Brasil data da pri • Sisal ou agave plantada em regiões semi nal dos anos 70 e início dos 80, participação do café
foi seguida de efeitos negativos nas demais cul va reduzida a 10 - 15% do total. Por outro lado, os últimos
turas do Rio Grande do Sul. Houve a estagna meira expedição colonizadora que trouxe se áridas, fornece fibras para o fabrico de cor quinze anos revelaram o extraordinário crescimento da
pro
dução doméstica e da exportação da soja, de modo par
ção do crescimento da área de certas culturas a,
mentes da Europa. das e outras aplicações. É encontrada na Ba uma
nos últimos anos (milho, batata efumo) ea con Em 1556 tentou-se o seu cultivo na capita hia, Rio Grande do Norte e Paraíba. tindo de uma participação praticamente nula, alcançar
e superar
tração de outras (feijão, mandioca e arroz), nia de São Vicente. • Amendoim grandes lavouras se estendem receita de USS 2,5-3 bilhoes em 1980 1981e
neste último ano.
agravando a situação alimentar. No Rio Grande do Sul, a cultura do trigo dquela proveniente do café
pelo Estado de São Paulo, Paraná, Mato s

produtos agricolas mencionados, ainda que


A expansão da área de cultivo de soja no foi introduzida em 1749, por colonos vindos dos Grosso do Sul e outros. Largamente utiliza a um nível de menor importância em relação ao café eà
Brasil é resultado, como já estudamos no capí Açores. do na indústria de óleos. soja, apresentan uma caracteristica fundamental: eles são

202 203
CAPÍTULO 4
exportados pelo Brasil já por um longo periodo de tempo. como fazendo parte de nossa pauta de exportações, estes
Esse fato, por seu lado, tem uma implicação desprezível. últimos são muito mais importantes nos hábitos alimen.
Isto é esse conjunto de produtos tem sido capaz de com tares da população brasileira, a partir da tradicional com.
petir no mercado internacional com as exportações prove binação arroz-feijão e, também, mandioca, no Nordest
nientes de uma série de outros paises, alguns dos quais
plenamente desenvolvidos. Em outras palavras, mesmo com
Diversas crises de suprimento interno desses produ.
tos alimentaresescassez fisica e clevações de preços reais A CRIAÇÁO DE GADO NO
condições variáveis de preços internacionais e das próprias -têm caracterizado a história do abastecimento alimen.
políticas cambial e comercial internas, o Pais tem sido ca tar no Brasil, pelo menos durante todo este século. Em ou
paz de se apresentar competitivamente no mercado inter
nacional de produtos agricolas e em alguns casos, fazendo
tras palavras, apesar de termos tido periodos relativamente
tranqüilos, em termos desse suprimento, não pudemos con
BRASIL
crescer a sua parcela no total das transações efetuadas no tar com uma oferta plenamente confiável e crescente, de
mundo. modo que o Pais pudesse encaminhar a solução de seus
Entretanto, ao lado dessa situação sólida e bem esta problemas alimentares-nutricionais, inclusive através da rea
belecida de vários produtos, tanto interna como externa lização de preços reais declinantes ao longo do tempo. Ao
mente, a agricultura brasileira apresenta um outro conjunto contrário, as indicaçòes disponiveis são de uma significa
de produtos que muito raramente são exportados e, às ve tiva elevação, em termos reais, do indice de preços de ali
zes, devem ser importados com vistas a complementar o mentação no Brasil, a partir da segunda metade dos anos ÁREA DE PASTAGENS, REBANHO Tendo por base a área de pastagens natu
abastecimento da população brasileira. Entre os produtos sessenta!" BOVINO E RELAÇAO COM A rais e artificiais do Brasil e seus respectivos su
de origem vegetal incluidos nessa categoria, destaques po portes (0,2 cabeça de gado por hectare nas
dem ser dados ao feijão, arroz, milho, mandioca e batata, (Fernando Homem de Mello, introdução à obra Opro POPULAÇAO BRASILEI RA pastagens naturais e, em média, 1,0 cabeça de
enquanto que entre os produtos de origem animal, talvez blema alimentar no Brasil -aimportância dos de
o destaque maior seja para o leite Logo de inicio percebe sequilibrios tecnológicos, Rio de Janeiro, Paze Terra, gado/ha nas artificiais) e mais o rebanho bovi
se que, em comparação aos produtos inicialmente listados 1983, p. 11-12.) Em 1980, cerca de 227o do território brasi no (119 milhões de cabeças em 1980), os espe
leiro era constituído pelas pastagens naturais cialistas em criação de gado admitem que grande
e
artificiais. Tal cifra tem aumentado nos últi parcela do rebanho bovino brasileiro é insufi
mos anos pois, em 1960, a área das pastagens cientemente alimentado ou desnutrido. Tal si
VOCABULÁRIO correspondia a 14o do território nacional e, em tuação apresenta várias conseqüências para o
1970, 17,4%. rebanho bovino:
Contraforte: denominação dada às ramifica Em relação à área dos estabelecimentos • alta incidência de doenças;
Massapê: solo originário da decomposição do • baixa taxa de natalidade;
ções laterais de uma cadeia de montanhas. gnaisse (rocha metam órfica). agropecuários, a ampliação do domínio das
pastagens tem sido realizada de forma modes • alta taxa de mortalidade;
Guerra de Secessão: conflito entre os Estados • ausência de precocidade do gado para abate
do Norte dos EU.A. (industrializados) e os do Moratória: corresponde àdilatação de prazo ta pois, em 1960, era de 49% e, atualmente, cor
responde a 51%. no Brasil é de quatro anos, nos E.U.A. é
Sul (agrícolas, onde se destacava a produ concedido pelo credor ao devedor para pa
ção de algodão) entre 1861 e l865. gamento de uma dívida. de dois anos;
BRASIL: ÁREA DAS LAVOURAS, PASTAGENS E DAS • baixo peso;
MATASE TERRAS NÃO APROVEITADAS EM RELA
ÇÃO À ÁREA TOTAL Dos ESTABELECIMENTOS
• baixa fertilidade dos touros e das novilhas;
AGROPECUÁRIOS (1980) • alto índice de perda dos bezerros por insufi
ciência de leite;
• baixo rendimento da carcaça (500), isto é,
225 kg de carne para um boi de 450 kg em pé.
13,3%

BRASIL: POPULAÇÃO E EFETIVO BOVINO

35,7%
Populaço Efetivo Relação
Ano brasileira bovino bovino/habitante

1940 41.236.315 34.400.000 0,83

1970 93.139.037 78.500.000 0,85

lavouras 1975 106.000.000 100.833.000 0,95

matase terras não pastagens 1980 119,070.86S118.971.000 1,00


aproveitadas
Area total dos estabelecimentos 369.587.872 ha ou
3.695,875 km? *Estimativa
Fonte: cáleulos do Autor tendo por base o Anuário bsta Fonte: Anuário Estatístico do Brasil, 1977 e 1982, IBGE:
tístico do Brasil, IBGE, 1982. e cálculos do Autor.

204 205
Os especialistas no setor afirmam que o O GADOBOVINO Goiás eMato Grosso, estimulou a penetração às condições regionais e aí conseguiu-se urna
Brasil tem condições de oferecer gramineas e da pecuária no interior do
território. raça brasileira, a Indubrasil. Nessa área desta
leguminosas a todo o rebanho, durante o ano Histórico Nos séculos XVIIIeXIX, a exportação de cam-se como raças mais criadas: Gir, Nelore,
inteiro, em virtude de suas caracteristicas cli couro, além do ativo comércio de carne-seca Guzeráe Indubrasil.
máticas, coisa que não acontece com outros pai A introdução do gado bovino no Brasil da ou de sol, no mercado interno, contribuíram Na ilha de Marajó, foi introduzido o gado
ses, que são obrigados a fornecer rações ao seu ta dos primeiros momentos da presença por para o desenvolvimento da criação de gado no bufalino (búfalo) vindo da India, que se adap
rebanho. Brasil. tou muito bem às condições regionais, apresen
tuguesa nas terras recém-descobertas pelos
As gramineas possuem no máximo 120% de europeus, quando se iniciou o processo de co Oinício do século XX caracterizou-se por tando resistência às doenças, além de grande
proteína, enquanto muitas leguminosas che lonização. medidas oficiais emn relação à criação de gado: rendimento.
gam a atingir 45°o. Desse modo a melhoria ea facilidade de importação de reprodutores
pa
Os primeiros bovinos foram introduzidos
ampliação das pastagens artificiais constituem na capitania de São Vicente (São Paulo) em raa melhoria do gado, implantação do parque As zonas criadoras de gado bovino
uma das alternativas para sanar os problemas frigorífico, criação do Serviço de Veterinária e de outros rebanhos no Brasil
1534, enviados de Portugal por Dona Ana Pi
anteriormente apontados, além de possibilitar mentel, esposa e procuradora de Martim Afon do Ministério da Agricultura, em 31 de outu segundo as regiões
e
uma maior produção de carne e leite e aumen so de Souza. bro de 1910, criação de escolas de laticínios
tar com segurança o efetivo do rebanho bovino. Em 1535, Duarte Coelho introduziu os bo postos zootécnicos, além de outras medidas. REGIÃO SUDESTE
Estudiosos do assunto afirmam que, para vinos em Pernambuco, posteriormente outros
Na primeira metade deste século, três prin
o Brasil alcançar a auto-suficiência no abaste se
donatários fizeram o mesmo. cipais áreas de criação de gado bovino já in A Região Sudeste tem grande importân
cimento de carne evoltar a exportá-la, terá que Data também dessa época a introdução dividualizavam no Brasil: o Rio Grande do Sul, cia na pecuária bovina de corte e leite. Pos
existir no minimo uma relação de dois bovinos o Triângulo Mineiro e a ilha de Marajó. suio maior rebanho de gado bovino do país
para cada habitante Conclui-se, pelo visto na dos eqüinos, ovinos, caprinos, suínos e asini
nos (estes de origem espanhola e africana). No Rio Grande do Sul, foram introduzidas (29,590).
tabela anterior, que o Brasil deveria ter mais raças européias com a finalidade de melhorar Várias zonas se destacam na Região Sudes
que o dobro do rebanho bovino que possui A pecuária bovina, no período colonial, as espécies bovinas, como: Hereford, Devon, te quanto à criação de gado bovino: o Triân
desenvolveu-se em várias áreas, sobretudo no
atualmente. Polled Angus, Holandês, Charolês, Santa Ger gulo Mineiro, o vale do Paraiba, a Zona da
Nordeste. Tal fato é explicado por uma série trudes e Shorthorn. Mata Mineira, a Alta Sorocabana (Presidente
de fatores, tanto de ordem natural como de or
No Triângulo Mineiro, foi introduzido o Prudente) e Alta Noroeste (Araçatuba), desta
dem econômica:
• relevo sem barreiras, facilitando os desloca gado indiano (zebu), que se adaptou muito bem cando-se as duas últimas na pecuária de corte.
RELAÇÃO BOVINO-HABITANTE
mentos do gado;
País Bovino por hab. • abundância de pastagens naturais;
• depósitos de sal-gema, importantes para a
Uruguai (1978) 3,5 alimentação do gado; BRASIL: AREAS PASTORIS
•o rio São Francisco;
Nova Zelândia (1978) 3,1 • a não-necessidade de grandes capitais;
• mercado consumidor garantido de couros e
Austrália (1978) 2,3 carne, representado pelos engenhos.
No Sul do Brasil, o criatório foi desenvolvi Natai

Argentina (1978) 2,25 do inicialmente pelos padres jesuítas, nas missões Jo Pessoa
Recite

próximas ao rio Uruguai. Com o tempo, O ga Macero

Brasil (1980)* 1,00 do af introduzido se multiplicoue espalhou-se


por todo o Sul, dando origem às várias es
BRASILA

Anuário Estatistico do Brasil, 1982, IBGE. tâncias.


No principio do século XVIII, segundo es
Fonte: revista Visão, 25 jun. 1979, p. 47.
timativas de André Antonil, o rebanho brasi Canie

leiro já alcançavaa cifra de 1.500.000 cabeças. Areas predomiantemente pastoris

Em vista do que foi ressaltado anterior No ano de 1701, em virtude do crescimen SPastos plantados

mente, muita coisa deverá ser feita para que a to do rebanho brasileiro, foi publicada uma Areas de campos não pastoris

população brasileira possa ter carne emn abun carta régia proibindo a criação de gado no li anpois Areas agropastoris

dância e apreços acessíveis, pois condições para toral. Foi regulamentado que a criação somente 0
Areas predominantemente agricolas
200 400 600 800
atingir esses objetivos existem. No entanto, o poderia ser realizada além de dez léguas da li Areas florestais
que se observa é o aumento sistemático do pre nha de costa, para evitar que o gado estragasse
ço da carne, juntamente com outros alimen as plantações de cana-de-açúcar. Essa regula
tos, tornando-a um artigo de luxo para milhões mentação, juntamente com o desenvolvimen
de brasileiros. to da atividade mineradora em Minas Gerais, Tonte: MEC, Melhoramentos, Atlas das potencialidades brasileiras, p. 92.

206 207
rea
de Goiás), a partir da década de 60, tem-se Predomina em todo o Centro-Oeste a pe
% lizado o plantio de pastos
em terra de mata cuária de corte. As raças mais difundidas nes
EM
EFETIVO DOS REBANHOS, SEGUNDO AS GRANDES REGIÖES (1980) ("" terra de sa região são: o Nelore nas áreas de criação mais
(terra de cultura''") ou de cerrados recente; nas áreas de criação mais tradicionais
Regiões Bovinos Bufalinos Suinos Ovinos Caprinos Equinos Asininos Muares meia cultura'"). em virtude dos ou pouco evoluídas, destaca-se o gado curra
No norte de Mato Grosso,
Norte 3,20% 50,0% $,6% 0,6% 0,500 3,3% 0,5% 2,5% incentivos fiscais, vários projetos agropecuá leiro. Além dessas raças, ali existem o Gir, o
de ma holandês e outros.
92,0% 30,0% 95,2% 44,20%
rios ali se instalaram, derrubando áreas
Nordeste 16,7% 23,400 33,5% A Região Centro-Oeste tem apresentado
tas e plantando pastos.
18,3%
o nos últimos anos uma grande expansão da pe
12,3°% 18,0% 1,4°% 2,5% 27,4% 2,6% 35,0% Além dessas áreas, cumpre destacar Pan
Sudeste 29,5% uma qua
tanal Mato-grossense. E área de boa cuáia bovina. Em 1940, possuía 5 milhões de
Sul 20,6% 10,5% 44,6% 63,30 3,8%% 22,0% 0,2% 9,9% lidade de pastos naturais, mas que também em
tem bovinos; atualmente, possui cerca de 34 mi
recebidoo plantio de pastagens artificiais Ihões de cabeças, constituindo-se no segundo
Centro
28,3% 10,5% 8,4% 1,20% 1,270 17,207% 1,50 8,4% terras de vegetação florestal. rebanho bovino entre as grandes regiões do
Oeste
Brasil.
A tendência é que nos próximos anos a Re
N° total de 118.971.000 495.000 34.183.000 18.381.000 8.326.000 5.055.000 1.330.000 1.605.000
cabeças gião Centro-Oeste se transforme na principal
Fonte: cálculos do Autor tendo por base o Anuario Estatistico do Brasil, 1982, IBGE. área de criação de bovinos do Brasil. Possui
grande território para a expansão das pasta
gens, vegetação de cerrado e incentivos gover
namentais para a instalação de grandes fazen
das de gado.
Pode-se ainda citar a encosta da Mantiqueira Polled Angus, Shorthorn e outras), além de te
no trecho paulista (Mococa, São João da Boa rem desenvolvido técnicas de preparo de pas
Vista e São José do Rio Pardo). tagens para o inverno. REGIÕES NORDESTE E NORTE
A pecuária do Triângulo Mineiro possibi Os animais obtidos das raças européias,
litou o aparecimento da indústria de laticinios principalmente inglesas, dão excelentes novi Na Região Nordeste, predomina a pecuá
em bases modernas e abastece uma vasta região Ihos tipo frigorífico que, em três anos e meio ria bovina de corte, sendo a leiteira de impor
do pais. de idade, alcançam 450 a 500 quilos e bom ren
tância secundária.
No vale do Paraíba, as terras cansadas do dimento. Essa atividade está distribuída por toda a
café cederam lugar à pecuária. Devido à pro Aprodução destina-se notadamente à pro região, que é a mais antiga zona de criação de
ximidade dos grandes centros consumidores, dução de carnese de couros, destacando-se gado do Brasil. Assim, grandes concentrações
como São Paulo e Rio de Janeiro, desenvolveu também a fabricação de charque (carne-seca), são encontradas no Serto em vista da ativida
se aí umapecuária destinada principalmente à vendida principalmente para o Nordeste. de de cria e recria.
Reprodutor da raça Nelore.
produção de leite. Na zona do Agreste, além de a pecuária es
No conjunto, é a Região Sudeste a grande REGIÃO CENTRO-OESTE tar também voltada para o corte, faz-se a pro
área de criação de gado bovino, tanto para o dução de leite. O Agreste em Pernambuco é a
corte como para a produção de leite. Nessa região predomina a criação exten principal bacia leiteira do Nordeste, que visa
siva de gado nas áreas de vegetação de cerra
do. Essas áreas apresentam baixa capacidade abastecer Recife.
REGIÃO SUL Na Zona da Mata, a criação apresenta
de suporte, pois permitem apenas a lotação de
uma cabeça de gado em quatro a cinco hecta também áreas de grande concentração para o
Na Região Sul, destacam-se os campos da abastecimento de carne e para fornecer animais
campanha gaúcha no Estado do Rio Grande res. Entretanto, os criadores têm obtido nessa
às usinas.
do Sul. A ocorrência desses campos estáinti região pastos naturais melhorados, através do No conjunto do Brasil, a pecuária nordes
mamente ligada ao relevo suave da área. Apre desbaste parcial do cerrado, para que nele se
sentam uma cobertura herbácea contínua, man tina apresenta uma produtividade baixa.
alastrem de forma espontânea o capim-jaragua Na Região Norte a pecuária é encontrada
chada de vez em quando por arbustos isolados eo capim-gordura. Tal medida tem permitido nas áreas de campos naturais existentes no Ma
ou por capões. Esses campos são un prolon a elevação da capacidade de lotação: uma ca
gamento dos pampas argentinos e uruguaiOs. rajó, no alto rio Branco (Roraima) e no litoral
beça de gado em dois ou três hectares.
Éuma zona
de criação que se destaca, no Essa técnica tem sido utilizada no vale do do Amapá. Nessas áreas pratica-se a pecuária
conjunto brasileiro, pelo fato de apresentar vá extensiva e os pastos plantados são reduzidos.
rio Paranaíba, no alto e médio Araguaia, no
rios melhoramentos técnicos na criação. sudoeste de Goiás e no alto Araguaia.
O
gadocriado é principalmente o "criou
Os criadores realizaram a seleção de raças lo'", de pequeno porte e desenvolvimento len
Em outras áreas (Campo Grande, Rondo Reprodutor da raça Gir. to, porém resistente às doenças.
européias para o corte (Hereford, Durham, nópolis, sul de Mato Grosso do Sul, sudoeste
208 209
Além dele foram introduzidos o Nelore, outro, surgiu e expandiu-se agrande e média enmpresa
pri
o Gir, o Guzerá e outros. vada. Na mineração, no extrativisnmo, na agricultura enn moeda, para futuras atividades econômicas ou especula havia uma boa parte controlando imensas porções de ter
pecuária tornaram-secada vez mais freqüentes os empreen coes. De fato, as grandes facilidades fiscais e creditícias. ras. Assim, por exemplo, seis propriedades
Na área de transição entre a Amazônia e possuíam um
o Brasil Central, em trechos de campos cerra dimentos privados, nacionais e estrangeiros, Criaranm-se lém do apoio político, também ostensivo, ao grandee ca pouco mais de 10 por cento das terras. E as 25 maiores
de
oial nacionale estrangeiro, propiciaram uma intensa
ge

dos, faz-se a recria e engorda de gado. Nessa


inclusive empresas agroindustriais e industriais,
Praticamnente todo grande empreendimento privado neralizada corrida a terra, por parte de nacionais
novas mo
e
tinham
. quase
Ao
30
mesmo
por cento de toda a terra.
tempo que eriam desenvolvem as
se e
área, destacam-se Conceição do Araguaiae
Santana do Araguaia.
iniciado na Amazônia, depois de 1964, tem um apoio mais
ou menos amplo de órgãos e agëncias governamentais fe.
estrangeiros. Daf a recriação do latifúndio, sob
dalidades, ao lado da criação e expansão de empresas de ,
empresas agropecuárias, também se
formame crescem os
latifúndios. Isto as terras devolutas, tribais ou ocupadas
derais, estaduais, territoriais e também municipais. Aliás. extrativismo, agropecuária, agroindústria ou indústria. Mas so apropriadas por grileiros, latifundiários, fazen
Ao longo da rodovia Belém--Brasilia, vá a expansao da empresa privada na regido, nesses anos, foram os projetos agropccuários quc reccberam elevados deiros ou empresários. Com freqüência, os mesmos em
rias áreas novas de criação de gado surgiram, è apenas, ou principalmente, o resultado da expansåo dos
e
não incentivos fiscais e crediticios governamentais, que
provo
presários da agropecuária ou do extrativismo, da agroin
destacando-se Paragominas. interesses ou estruturas preexistentes, Desde 1966, com a caram uma intensa e generalizada transformação das ter dústria e da indústria se tornan proprietários de grandes
as de grileiros, latifundiários, fazendeiros ou empresários. extensoes de terras. Esse processo de apropriação privada
No inicio do atual século, foi introduzido criação da SUDAM, começaram a chegar na Amazonia. a
Na Amazônia, antes de 1964, em geral pecuária foi e legalizada da terra é
grandemente facilitado pelas facili
na regio o gado bufalino (búfalo) nos cam provenientes de outras regióes do país, enm especial do
praticada na forma extensiva, ou superextensiva. As gran dades fiscais e creditícias criadas pclos governos, para to
pos do Marajó, do baixo Amazonas e no Ama Centro-Sul, e tanmbém de outros países, empresas, empre
des disponibilidades de terras (devolutas e tribais), com pas dos aqucles que apresentamn grandes projetos
sários, gerentes, técnicos, empregados, know-how e capi
på. As várzeas constantemente alagadas dessas tagens naturais, induziram ao estabelecimento de uma agropecuários, agroindustriaise outros. A política de de
tal. Mas tudo sempre, ou quase sempre, articulado com os
pecuária de cunho bastante extensivo. Mesmo porque pro
a
senvolvimento extensivo e intensivo do capitalismo na agri
e

áreas possibilitaram o desenvolvimento da cria apoios e os estimulos governamentais.


ducão de carne, leite e derivados em geral era consumida cultura brasileira, em geral, e da Amazônia, em especial,
ção de búfalos. Esse animal apresenta grande Entre 1965 e 1977, a SUDAM aprovou um total de
em mercados locais ou regionais. Em grande partea eco ten significado uma vasta transferência, para o setor pri
549 projetos, para os quais concedeu incentivos fiscais,. Em pela econo
rusticidade, tendo-se adaptado com êxitoa es média, os projetos receberam cerca de 50°lo em incentivos. nomia o da peeuaria era determinada vado, de recursos financeiros controlados pelo poder
sas áreas, e com vantagens sobre o gado bovi A maior
quantidade dos projetos, precisamente 335, cou mia do extrativismo então predominante. público.
no. gadobufalino apresenta elevadaprodu
O
be à agropecuária. Os outros destinaram-sea empreendi Desde que a SUDAM eo BASA passaram a atuar, ...Com freqüência, no entanto, os recursos do crédi
em 1966, a pecuária amazônica ganhou outra conotação. to rural são derivados para finalidades diversas daquelas
ço de carne e leite. mentos industriais, agroindustriais e de serviços básicos.
... Continuou extensiva, mas com alguns artificios de 'mo previstas nos projetos que os empr sários apresentam pa
Esse desenvolvimento, principalmente extensivo,
do capitalismo na Amazônia, provocou uma espécie de 're dernização. Os fazendeiros e empresários passarama criar ra aprovação nos órgãos governamentais. Uma das apli
pastagens artificiais, precisamente devido aos incentivos cações freqúentes dos recursos provenientes do crédito rural
volução' na questão da terra na região. Em poucos anos, fiscais e creditícios que começaram a receber, para insta a aquisição de terras.
os indigenas viram as suas terras invadidas e o seu modo
lar e desenvolver os seus projetos agropecuários. Inclusive ..Essa aliança da empresa privada com o poder mo
es

de vida prejudicado, revolucionado ou definitivamente al o gado utilizado apresenta maiores índices de produtivi
terado. Freqüentemente se viram pressionados, submeti tatal-ou melhor, essauma captura do Estado pelo capital
dade. O gado é principalmente de raça indiana, Gir e Ne nopolista-propicia ampla eintensa corrida à terra.
dos, expulsos ou assassinados. As vezes, esses índios eram lore. E as pastagens são principalmente artificiais, isto é, Pouco pouco, ou de modo repentino, conforme a área,
a
prejudicados pelos posseiros que chegavam e estabeleciam plantadas com capins de melhor qualidade que os nativos. as terras devolutas, tribais ou ocupadas passam a ser gri
roças e criações em terras tribais. Outras vezes, os indios, Em conseqüência, a produtividade das fazendas instala ladas ou compradas pelos negociantes de terras, latifun
os caboclos amazonenses e os posseiros eram pressiona
das com projetos agropecuários incentivados pela SUDAM, diários, fazendeiros ou empresários. A Amazônia é trans
dos e expulsos de suas terras pelos grileiros, latifundiários, BASA e outros órgãos do poder público apresenta índices formada numa 'fronteira' de desenvolvimento extensivo do
fazendeiros ou empresários, que chegavam com a prote muito mais elevados do que os obtidos pelas fazendas pree capitalismo. Isto é, a economia da regiãoé impulsionada
ção econômica e política do poder estatal. Pouco a pouco, xistentes na região. e
'modernizada, de modo a articular-se dinamicamente com
ou repentinamente, conforme a área e a ocasio, indios, Em geral, são bastante grandes as fazendas, os la o capitalismo monopolista que capturou o poder estatal
caboclos e posseiros viram uma transformação social ra tifúndios e as empresas que se formaram na Amazônia.
e
desenvolve intensa acumulação no Centro-Sul e no exte
dical da terra. A terra dada, farta, do-sem-fim, tribal, ocu Se já eram imensos antes de 1964, devido às condições da rior. Esse o contexto em que se dá uma nova fase no de
é

pada ou devoluta, pouco a pouco, ou de repente, transfor economia extrativista, os novos empreendimentos inicia senvolvimento da questão agrária na Amazônia"
mou-se em mercadoria. Para os próprios trabalhadores ru dos desde esse ano também se constituiram com base em
rais, índios, caboclos, sitiantes e posseiros, nas margens e largas extensões de terras. Dentre as 341 propriedades re (Octavio lanni, Ditadura e agricultura, Rio de
centros, a terra ficou diferente, estranha, estranhada. Es gistradas na SUDAM com projetos de pecuária, em 1976,
p.
Janeiro, Civilização Brasileira, 1979, 74-83.)
tava em curso um amplo e intenso processo de formação
de latifúndios, fazendas e empresas de extrativismo, agri
Os búfalos adaptaram-se satisfatoriamente ben em vá cultura, pecuária, agroindústria e outras atividades, por
rias áreas do Brasil. meio do qual a terra se transformava em propriedade pri
vada, mercadoria, em con formidade com as exigências do
desenvolvimento extensivo do capitalismo na Amazônia. VOCABULÁRIO
Essa foi a forma pela qual o poder estatal foi levado a rea
tivar, diversificar e desenvolver o vasto enclave econômico e
TEXTO PARA LEITURA E da Amazônia, para servir à acumulação capitalista nos cen Agreste: constitui uma das zonas naturais do Agreste, localizado entre a Zona da Matape
tros dominantes, no Centro-Sul e no exterior. o Sertão, é uma área de transição. Possui
DISCUSSÃO Nordeste, compreendida entre a Zona da e
Em geral, foram os projetos agropecuários que ab quenas médias propriedades rurais
e de
sorveram as maiores extensões de terras. Seja pelas terras Mata e o Sertão. A Zona da Mata localiza
se no litoral e, desde o século XVI, foi ocu senvolve a policultura.
realmente destinadas às pastagens naturais e artificiais, seja
O latifúndio e a empresa agropecuária pelas terras deixadas virgens para reservas de matas, ou fu pada pela agroindústria da cana-de-açúcar; Asininos: compreende os jumentos os burros.
e

. turas pastagens, as empresas que trataram de implantar pro é que estão localizadas as principais cida
ai Capão: mato crescido e isolado no campo.
Nos anos 1964-78, a economia amazônica ingres jetos agropecuários absorveram, de longe, as maiores des nordestinas. Criação extensiva: é realizada em grandes áreas
sou na etapa da grande empresa privada, nacional e estran extensões das terras da região. Sem esquecer a prática, muitO ou propriedades, sem aplicação de técnicas
geira. Ao lado das tradicionais de extrativismo corrente na Amazônia, por parte dos grileiros, latifundia O Sertão éárea de clima semi-árido e com
adiantadas de criação; o gado fica solto a
e
mineral, vegetal
e
Ps por um lado.,e da ampla e es rios, fazendeirose empresários, de comprar terras para
secas prolongadas; desenvolve pecuário ex
garçada economia de subsistencia, de tipo camponés, por utilizá-las como 'reserva de valor, contra a depreciação da tensiva e agricultura de subsistência. 0 pastagem natural. Este tipo de pecuária
é

210 211
CAPÍTULO5
tornece, principalmente, carne para o mer Know-how: expressão que designa os conheci
cado consumidor; o número de cabeças de mentos técnicos, culturais e administrativos
gado por hectare é reduzido. A criação ex Légua: medida equivalente a 6.000 metros.
tensiva é comum em países de grande exten
são territorial, como o Brasil, os E.U.A., a Leguminosa: familia de vegetais que engloba
arbustos, ervas, trepadeiras e muitas outras:
DO EXTRATIVISMOPRIMITIVO
Austrália, o México, a Argentina e outros.
opostoéa pecuária intensiva, isto é, con exemplo: feijão.
ÀS ATTVIDADES MINERADORAS
O

siste num tipo de criação de gado com apli Rusticidade: qualidade do que é rústico (tos
cação de técnicas desenvolvidas. O gado vive co, simples).
mais tempo no estábulo que nos pastos.
Graminea: família de plantas que engloba ve Sal-gema: cloreto de sódio encontrado no sub MODERNAS
getais conhecidos vulgarmente como capins. solo (sal comum, sal de cozinha).

Nessa época, a atividade mineradora ca


HISTÓRICo racterizava-se pela existência das "faisqueiras"
e das lavras".
O período colonial As “faisqueiras" eram pequenas e médias
unidades de mineração, compostas por minera
Foi por volta de 1673 que tiveram início, no dores e por escravos. Por falta de maiores recur
Brasil, as expedições em busca de ouro. Multi sos, as faisqueiras" limitavam-se a "faiscar"
plicaram-se as bandeiras em direção a Minas o cascalho no leito dos rios.
Gerais e, posteriormente, em direção a Mato As "lavras" constituíam unidades maiores,
Grosso e Goiás.
e
formadas pelo minerador (ou mineradores)
A coroa portuguesa, diante dos problemas cinqüenta ou cem escravos. Possuíam mais ca
econômicos que enfrentava em fins do século pital e equipamentos de trabalho, além de tra
XVIl, chegou mesmo a incentivar os descobri balhadores, realizando uma exploração mais
dores de minas, concedendo-Ihes títulos e hon rendosae, além do que, explorando os veios de
rarias. metais preciosos existentes nas rochas.
Contudo, foi a penúria em que se encon
trava a população da capitania de São Vicente, BRASIL: REAS DE MINERAÇÃo
XVIIL
e em particular da vila de São Paulo, que esti SÉCULOs XVIL E
mulou as expedições em busca de metais pre
ciosos, visto que viviam de uma rudimentar
agricultura de subsistência.
A expansão das expedições ultrapassou a
linha do Tratado de Tordesilhas, contribuindo
decisivamente para assegurar a ampliaçaoe a
posse do território.
Todavia, o ouro extraído do Brasil, devido Scuiaba
ao Tratado de Methuen (1703), se dirigiu para a Ovila Boa
Inglaterra, contribuindo para que a economia OVila Rica
inglesa realizasse, inclusive, a sua Revolução In
LSio Paulg
dustrial (1750). Pelo Tratado de Methuen, Por
tugal abria as portas aos tecidos produzidos na Direção das bandeiras
Inglaterra (sufocando, assim, a indústria de te paulistas
Principals áreas
Cidos portuguesa) e a outras manufaturas, em de mineração
troca da exportação de vinhos. Nessa transa
ção, Portugal pagava em ouro, pois ela mais im Fonte: Raul de Andrade e Silva, A evolução econômica,
portava que exportava. in Brasil, a terra eo homemn.

212 213
fluviais. Isso explica a grande mobilidade es e
ristas, além dos trabalhos de arquitetura de nerais do Brasil. A questão do petróleo era dis
pacial dos mineradores. estatuária religiosa, onde se destacou Antô cutida, havendo uma corrente de orientação
A partir de 1763 teve início a decadência nacionalista que defendia a idéia de que o pe
nio Francisco Lisboa (o Aleijadinho).
da mineração, resultante de uma conjugação de tróleo deveria ser monopólio do Estado e que
fatores: Os recursos minerais deveriam ser explorados
•esgotamento dos aluviões; Do século XIX aos dias atuais por brasileiros e não por empresas estrangeiras.
• insuficiência técnica para a localizaçãoe ex Entretanto, desde o século passado, havia
ploração de jazidas ou filões; Apesar da exploração de metais e pedras o interesse de grupos estrangeiros pelos recu
os conhe
• desestímulo decorrente da sobrecarga tribu preciosas ao tempo do Brasil-colônia, ros minerais do Brasil. Como exemplo, pode
cimentos geológicos do território eram pratica
tária exercida pela coroa portuguesa. se citar a St. John Del Rey Mining Company
mente inexistentes. A geologia como ciência
Ltd., umna das primeiras empresas estrangeiras
não tinha ainda nascido. no Brasil, no setor da exploração de recursos
no Bra
BRASIL: PRODUÇÃO DE OURO Os primeiros estudos sistemáticos minerais. Estabeleceu-se no Brasil, em 1830, ex
sildatam do início do século XIX, realizados
plorando o ouro da mina de Morro Velho.
Anos Quantidade em toneladas pelos mineralogistas José Bonifácio de Andra Em 1894, operavam na extração do ouro,
da e Silva e pelo seu irmão Martim Francisco no Brasil, nove empresas, a maioria delas de ori
1701 a 1721 55 Ribeiro de Andrada, inspetor de Minas e Matas gem estrangeira.
Ouro Preto, antiga Vila Rica, surgiu da atividade mine da capitania de São Paulo, no interior paulista. A Constituição de l891 dava ao proprietá
radora. 1721 a 1741 180 Posteriormente, o Brasil passou a receber rio do solo o subsolo. Assim sendo, a St. John
expedições de naturalistas estrangeiros, que rea
von Spix, Frie Del Rey Mining Company Ltd. era proprietá
1741 a 1761 290 lizaram inúmeros estudos ria, desde o império, das grandes jazidas de mi
Å
medida que a mineração se tornou uma drich von Martius, Auguste de Saint-Hilaire,
atividade importante no periodo colonial, a me FE. nério de ferro do vale do Paraopeba, em Minas
a 1781 Peter Lund, Jean Louis R. Agassiz, Charles
1761 210 Gerais. Contudo, ela não as explorava, pois o
trópole portuguesa criou, em 1702, a Intendên Hartt, Orville Adalbert Derby, para citar ape minério de ferro das colônias britânicas era su
cia das Minas, órgão subordinado diretamente 1781 a 1801 110 nas alguns.
ficiente para atender às necessidades inglesas.
à coroa com os seguintes objetivos: Em 1870, o Brasil recebeu a expedição Mor
• controle da produção; gan, chefiada por Charles F. Hartt; com ela veio Além disso, as jazidas de minério de ferro do
1801 a 1821 55 Brasil, localizadas a longa distância do litoral,
• distribuição das datas (lotes para exploração o geólogo Orville Adalbert Derby.
exigiam a construção dispendiosa de uma fer
mineral); 1821 a 1841 Em 1876 foi fundada a Escola de Minas de rovia para escoar a produção atéo porto.
• cobrança do quinto (20% sobre a produção) Ouro Preto, abrindo novas possibilidades na
e outros impostos. A 10 de julho de 1934, o governo de Getú
1841 a 1861 45 formação de geólogos no Brasil. Muitos geó lio Vargas criou um Código de Minas. O artigo
Em 1720, foi proibida a circulação do ou logos de renome formaram-se nessa escola, 9°, parágrafo 1°, dava propriedade do subsolo
a
ro em pó. Ele deveria ser fundido em barras de contribuindo para o conhecimento geológico
Fonte: J. F. Normano, Evolução econômica do Brasil.
ao Estado, e as lavras de jazidas somente po
tamanho e peso oficiais e seladas com o selo do território brasileiro. deriam ser conferidas a brasileiros ou a em
real. Para tanto, a coroa portuguesa instituiu Em 1886 fundou-se a Comissão Geográfi presas organizadas no Brasil". Assim sendo, a
as Casas de Fundição, onde deveria ser reco A atividade mineradora dos séculos XVII, cae Geológica da Província de São Paulo, cuja
Ihido todo o ouro explorado e aí fundidoe co XVIIl e parte do XIX deixou uma série de con Constituição de 1934 consagrou esse princípio:
direção inicial coube a Orville Derby.
brado o quinto. seqüências: Em 1892 foi organizada a Comissão de Es
Tal regulamentação gerou violentos protes • deslocamento do povoamento para o interior tudos das Minas de Carvão de Pedra do Brasil, A propriedade do solo é distinta da do
tos, os quais culminaram com a Revolta de Vi do território, pois antes limitava-se às regiões que muito contribuiu para o conhecimento geo subsolo'".
la Rica em 1720. litorâneas; lógico das áreas sedimentares do Sul do país.
Em 1735 novo imposto foicriado, a "capi • deslocamento do centro político-administra Entretanto, foi a partir de 1907, com a cria Apesar do desejo de Vargas de dificultar
tação'" sobre o número de trabalhadores escra tivo da colônia, de Salvador para o Rio de ção do Serviço Geológico e Mineralógico do a penetração de empresas estrangeiras no setor
vos em cada unidade mineradora. Janeiro; Brasil, que a pesquisa passou a ser realizada em minerale de preservar o domínio da União so
Em 1765, em virtude do atraso do paga • possibilitou o aparecimento de vilas e cidades; âmbito nacional. Estudos sobre o maciço Atlân bre o mesmo, observe que a Constituição de
mento do quinto", Pombal decretou a "der provocou grande emigração portuguesa pa tico, principalmente na área de Minas Gerais, 1934 não conseguiu, poiso texto As autoriza
rama'", cobrança oficial e forçada, executada ra a região das minas, chegando ao ponto de pesquisas do petróleo em Alagoas, Bahia e São ções ou concessões serão conferidas a brasilei
inclusive pelas milícias. a
coroa portuguesa adotar medidas restriti Paulo assumiram grande importância. ros ou a sociedades organizadas no Brasil'"
Cerca de 85% do ouro extraído era de alu vas ao fluxo de emigrantes;
Em 1933 foi criado o Departamento Nacio permitiu, portanto, que fossem organizadas so
vião, isto é aquele que ocorre em depósitos dos provocou revoltas na colônia, estimulando o nal Produção Mineral, com a finalidade de
de ciedades no Brasil com capital estrangeiro.
vales fluviais (os aluviões). Desse modo, o es aparecimento do sentimento nativista; desenvolver estudos ligados à ciência aplicada. Na Constituição de 1937, a ambigüidade
gotamento era rápido, e tal fato levava o mine • desenvolvimento das artes e das letras com do Código de Minas foi desfeita, deixando cla
rador a se deslocar em busca de novos vales o aparecimento de poetas, prosadores e ju Já poressa época, havia polêmica quanto
à exportação e aproveitamento dos recursos mi
ro que:
214 215
no pals a ex mo a vasilha feita de argila, até os foguetes es
A autorização só poderi ser concedida a "Artigo 1$3 -0 aproveitamento dosrecursos mine. toriza às sociedades organizadas sociedades
rais e de cnergia hidráulica depcnde da autorizaçåo As
brasileiros, ou a empresas constituidas por acio ouconcessão federal, na forma da lei. ploração de recursos minerais. ser tanto nacionais
paciais.
nistas brasileiros, reservada ao proprietário pr organizadas no país podem Em vista de os minerais serem importan
$
1-As autorizaçòcs ou concessõcs serào conferj tes para a civilização, tal fato fez surgir no mun
jerência na evploraçãg, ou participação nos das cxclusivamente a brasileiros ou a socicdades or. como cstrangeiras.
lucros": ganizadas no pais, asscgurada ao proprictário do solo Em 1969 foi criada a CPRM (Companhia do uma intensa indústria de produtos minerais.
Na linha de nacionalizaço dos recursos preferência para a cvploração. Os direitos de prefc.
de Pesquisas de Recursos Minerais), empresa Com o ferro e os metais de liga são fabri
rência doproprietário do solo, quanto às minas c ja mista sob a jurisdição do Minis cados os diferentes tipos de aço. O alumínio,
minerais, houve logo no inicio da década de zidas, scro regulados de acordo com a naturcza de cconomia
com o objetivo de rea
1940 dois atos legislativos: tério de Minas e Energia, metal leve, é utilizado em peças de aviões, trens,
delas".
• O primeiro deles estabeleceu o novo Código lizar, juntamente com
a iniciativa privada, automóveis, em materiais para construção e
recursos mine mesmo em utensílios domésticos.
de Minas da Uniào, tendo comoponto de par
Seguindoa "politica entreguista", em no estudos de aproveitamento dos
brasileiro.
a
O
tida o de 1934. Pelo código de 1940, pro rais e hídricos do território cobreéometal mais utilizado depois do
vembro de 1948, o presidente Dutra assinou o recursos
priedade da superficie abrangeria do subsolo Acordo Intergovernamental Brasil-EUA., pelo Nos últimos anos, a pesquisa de ferro. Sendo ótimo condutor de eletricidade,
técnicas e com ele são fabricados fios de eletricidade, ca
minerais no Brasil passou utilizar
na forma do direito comum, nào incluind, a
qual, com recursos desse último pais, deveriam de
porém, nesta a das substârcias minerais ou ser realizados estudos detalhados de áreas de métodos modernos fornecidos pelo grande bos submarinos, fios telefônicos etc.
fösseis úteis à indústric".Quanto aos direitos senvolvimento da ciência geológica satélites O estanho é largamente utilizado na fabri
Minas Gerais, quanto ao potencial mineral. Data e outras cação de latas para conservas alimentícias (a
de pesquisa, cabe erclusivamente ao governo tambémn da época de seu governo a concessão artificiais, utilização de radar muitas
da União autorizá-la. e só para "brasileiros", de exploração do manganês do Amapá à Beth técnicas -, que têm permitido um melhor
co
folha-de-flandres).
O chumbo é utilizado na fabricação de ba
pessoas naturaisejuridicas, constituidas es
lehem Steel. nhecimento geológico do território brasileiro
tas de sócios ou acionistas brasileiros* em suas potencialidades minerais, principal terias, municação, tubulações, isolantes de ra
Com a volta de Getúlio Vargas à presidên diações de raios X etc.
•O segundo abrangeu o petröleo e foi criado
cia da República, eleito pelo povo, em 1951, o mente quanto à região amazônica.
em 1941, estabelecendo que "as jazidas de pe Essas iniciativas fazem parte da expansão O manganês entra na fabricação do aço.
seu governo retomou a questão da exploração
tróleo e gases naturais existentes no territó do capitalismo em direção à Amazônia
e a Ourânio é um mineral utilizado na obten
e
concessão dos recursos minerais do Brasil. vasta aos centros ção de energia atômica. E chamado de mineral
rio nacional periencem à Uniãg, a tulo de mantendo a linha nacionalista de seu governo
maior integração desta área
dominio privado imprescritível". capitalistas nacionais e internacionais. Tal estratgico, pois, em virtude de sua importân
anterior. cia como produtor de energia, sua produção é
Seguindo, portanto essa orientação de ba Durante o governo de Vargas, em 1953, de orientação insere-se no modelo econômico im
se nacionalista, o governo de Getúlio Vargas plantado desde 1964, tendo poré, base o desen controlada pelos governos. Cerca de 500 gra
pois de longa luta que envolvia pressões estran associado ao mas de urânio fornecem uma quantidade de
criou, em 1942, a Companhia Vale do Rio Do volvimento dependente, isto
geiras quanto à exploração do petróleo do colocou-se na energia igual à obtida em 1.300 toneladas de hu
ce, empresa estatal exportadora de mninério de
subsolo brasileiro, foi criada a Petrobrás em capital estrangeiro, ondeo Brasil
ferro. posição de sócio menor. Iha ou em 200.000 galões de petróleo.
presa estatal que passou a ter omonopólio em Apechblenda é um dos minérios de urânio.
Após a deposição de Getúlio Vargas em 29 Desse modo, observa-se, nos últimos anos,
três setores: prospecção e exploração do petró uma tendência que já vinha se manifestando no
de outubro de 1945, o governo do general Eu leo, refino e transporte do petróleo bruto.
rico Gaspar Dutra imprimiu uma nova orien A partir de 1956, com o governo de Jusce decorrer de nossa história, mas que se acentua Não existe nenhum pais do mundo que poS
D

tação na questão de minérios e do petróleo, pós-1964 –-a grande penetração de empresas


lino Kubitschek, ocorreu um intenso processo sua, em seu espaço fisico, quantidades suficientes
estabelecendo fores laços com os interesses de internacionalização da economia brasileira, estrangeiras na exploração mineral brasileira. de todos os minerais de que a sociedade industrial
en
norte-americanos. necessita. H, portanto, uma interdependencia
reafirmado com mais intensidade pós-1964. tre os paises no que diz respeito à produção mine
"A Assernbléiz Constituinte, instalada em 1946, ela No ano de 1960, foi criado um ministério AS PRINCIPAIS MATÉRIAS ral. Uns possuem certos minerais que outros não
borou a nova Carta Magna do Brasil, sob pressão dos para tratar de assuntos relacionados à ativida e vice-versa. Alëm disso, muitos paises, em vista de
trustes 2mericanos, notadamente a Standard Oil of PRIMAS MINERAIS E SUA sua grande industrialização e alto consumo ou uti
New Jersey e a International Telephone Telegraph Co.
de mineral do Brasil, o Ministério de Minas e
Energia. lização de minerais, já esgotaram ou apenas pos
(...) Os artigos 151, 152 e 153, sobre a propriedade do UTILIZAÇÃO suem minrios de baixo teor. Desse modo, lançam-se
subsolo eozproveitamento industrial das minas e ja
A
Constituiçãoelaborada em 24 de janeiro con
sobre o subsolo de outros paises, ávidos pelo
zidas, inquietavam a Standard Oi!. Um cidadão ame de 1967, no primeiro governo militar pós-1964, Existem, na crosta terrestre, mais de dois trole dos recursos minerais dos mesmos.
ricano, chamado Paul Howard Schoppel, chegou ao
ditounovo tratamento com relação aos direitos mil minerais conhecidos. Nem todos são uti No entanto, os paises desenvolvidos dominam
Rio de Janeiro para 2companhar os trabalhos da cons praticamente a extração e comercialização de
mui
tituínte. Hospedou-se no Hotel Giória. O ex-presiden de exploração de recursos minerais e, conse lizados. tos minerais, possuindo largo desenvolvimento tec
te da República e senador Artur Bernardes denun qüentemente, foi promulgado um novo Códi Para facilitar a compreensão, podemos des nológico e grandes capitais para explorá-los e
ciou-o. Schoppel era agente da Standard Oil. Tinha go de Mineração, em 28 de fevereiro de l967. tacar os minerais mais utilizados através de uma industrializá-los. Tais paises formaram grandes em
como objetivo a modificação do que dispunha a Carta
Pela nova Constituição, foi extinta a pre classificação: minerais metáicos, não-metáli presas de mineraço, além de indústrias de produ
do Estado Novo sobre a cxploração do petróleo. E tos minerais e químicos, que fazem a extração,
conseguiu-o. O Artigo 153 da Constituição saiu con ferência de que gozava o proprietário do solo cOs e os fsseis ou combustíveis (ver página se
no direito de exploração dos recursos minerais industrialização e comercialização de minerais exis
forme os seus desígnios. guinte). tentes no mundo, atingindo um alto grau de domi
do subsolo, embora lhe seja assegurada a par Todos esses minerais fazem parte de uma nação sobre os recursos minerais dos paises
(Moniz Bandeira, Presença dos Estados Unidos ticipaçãonos resultados econômicos da explo ativa indústria extrativa mineral. subdesenvolvidos, chegando até mesmo a influir nas
no Brasil; dois séculos de história, Rio de Janeiro, Cj ração dos mesmos. Entretanto, não foi alterado São utilizados para diversas finalidades, decisões politicas internas dos países dependentes.
vilização Brasileira, 1973, p. 310.) o Artigo 153 da Constituição de 1946, que au desde o simples objeto de uso doméstico, co
216 217
OS PRINCIPAIS RECURSOS Áreas de ocorrência:
Principais Minerais
MINERAIS DO BRASIL -
Minas Gerais é nesse Estado que está a prin
cipal área de produção de minério de ferro do
Brasil, o Quadrilátero Ferrfero ou Central.
ferro
cobre Os minerais metálicos Corresponde a uma área de 7.000 km2, forma
da pelas cidades de Belo Horizonte, Santa Bár
metais básicos zinco bara, Mariana e Congonhas, que formam os
estanho MINÉRIO DE FERRO vértices de um quadrilátero. Possui hematita,
chumbo limonita, canga, itabirito e outros minérios de
O território brasileiro possui grandes jazi
em terre teor variável. A produção visa abastecer o mer
das de minérios de ferro, localizadas cado interno, além de 70% destinar-se à ex
tungstênio nos pré-cambrianos, mais particularmente em
molibdnio portação.
terrenos que datam do Proterozóico. Pode-se reconhecer dois eixos de produção
vanádio um metal não encontrado em estado li
metais de liga cobalto
É
e de escoamento do minério de ferro do Qua
vre na natureza, a não ser nos meteoritos. Sua

Minerais
cromo
manganês
minérios, combinado com o
a
ocorrência natural se verifica sob forma de
oxigênio, o carbo
drilátero Central:
-
• Vale do Paraopeba sua produção é escoa
da para exportação até o porto do Rio de Ja
metálicos no, o enxofre e outros elementOs.
neiro, e terminal de Sepetiba pela E. F. Central
metais leves alumínio Os principais minérios de ferro encontra
manganês no do Brasil.
dos Brasil são: • Vale do Rio Doce a produção é escoada
• hematita é um óxido de ferro (Fe,O,) e até os portos de Vitória e Tubarão, no Espíri
Ouro possui elevado teor, cerca de 60% a 70%. to Santo, sendo explorado principalmente pe
metais preciosos prata • magnetita –também um óxido de ferro
é
la Companhia Vale do Rio Doce, com suas
platina (Fe,O4) e possui elevado teor (72%). minas em Itabira (explorada a céu aberto nas
• limonita (2Fe,O,3H,0) possui teor infe jazidas de Cauê), Conceição e Dois Córregos.
rior a 60%. A produção é escoada pela E. F. Vitória a Mi
outros metais
rádio
urânio
• siderita -
(FeCO,) éum carbonato ferroso
epossui médio teor, situado em torno de 48%.
nas e, como já dissemos, pela Companhia Va
le do Rio Doce, empresa de economia mista
mercúrio • pirita (FeS,) bissulfeto de ferro, éexplo da qualo governo possui mais de 85% das
o rádioeo urânio rado para o aproveitamento do enxofre. ações.
são minerais radioativos calcário
granito
basalto QUADRILÁTERO CENTRAL
utilizados em gnaisse
construção ardósia Sabará
BELO HORIZONTE
cascalho
mármore
areia Nova Lima Santa Bårbara
Minerais
não-metálicos nitrato
utilizados como potássio
fertilizantes fosfato
Itabiritoo

de aplicações sal
diversas enxofre
Mariana
talco Quro Preto RiO
mica MINAS
Congonhas GERAIS
quartzo
Minerais fósseis petróleo argila Belo Horizonte
ou combustíveis hulha pedras preciosas Arqueozóico
xisto betuminoso etc,
Minério de ferro Proterozolco

218 219
a credibilidade do
Mato Grosso do Sul- as reservas de mninério época, 1981/82, para manter e para
para colocar os seus minérios naquele importante
de ferro nesse Estado localizam-se no Panta. naís junto a banqueiros internacionais mercado. Nos E.U.A., o Canadá e a Venezuela estão
uma nova esperança em posição preferencial em relação ao Brasil.
nal Mato-grossense, no maciço de Urucum, nas despertar no brasileiro Não fosse a conjugação do terminal de Tuba
proximidades de Corumbá. É um minério de frente às dificuldades que passa o pais, chegan rão com o advento dos supergraneleiros, a posição
a nossa dí
ferro de boa qualidade, com teor de 60%. do-se a afirmar que Carajás pagará do Brasil seria marginal, sem condições de compe
Entretanto, em virtude da distância dos tir no mercado internacional. "
vida externa.
principais mercados consumidores, da falta de A exploração dos recursos mninerais de Ca (Prof. Antônio Dias Leite Jr., in Brasil potên
transportes e da pequena utilização in loco, a raiás deveráser realizada através da associação cia, 2. ed., São Paulo, Editoras Unidas Ltda.)
produção é modesta. com o capital est rangeiro.
a cerca de
Pará-as jazidas de minério de ferro do Esta Amazonas- no vale do rio Jatapu,
do do Parásão de descoberta recente e locali a
500 km nordeste de Manaus, existem jazidas
e em MINÉRIO DE MANGANÊS
zam-se na serra dos Carajás, a sudoeste da de hematita com teor que alcança 63%
cidade de Marabá (o centro comercial da cas quantidades. A exploração tem por fi
Transporte do minério de ferro pelo sistema de corre
grandes É de
grande importância para a siderurgia,
deiras pertencente à Cia. Vale do Rio Doce. tanha-do-pará), a cerca de 500 km ao sul de Be
nalidade suprir as necessidades da Siderama ao
pois, lado do ferro, constitui matéria-prima
lém, entre os rios Xingu e Tocantins. (indústria siderúrgica localizada em Manaus). para a fabricação do aço. Entra na composi
Os estudos aí realizados demonstram a exis Além dessas áreas citadas, existem outras: ção do aço na quantidade de 15 a 50 kg, com
Pa
tência de reservas de grande quantidade e de Bahia, na serra do Tombador, São Paulo, teor de 45 % para cada tonelada.
boa qualidade (hematita), além de manganês ranáe Santa Catarina. Na siderurgia, dependendo da quantida
e bauxita (alumínio), ouro e
Outro fato a ser destacado que o comér
é
cobre. de de manganês empregada, obtêm-se aços es
O transporte de minério de ferro para o Para a exploração dos recursos minerais de cio de minério de ferro no mundo é bastante peciais de grande dureza com aplicações diver
em vá
mercado externo tem sido realizado, principal Carajás há a necessidade, entre outros fatores, competitivo. Ele existe em abundância sas: peças mecânicas submetidas a atritos, fer
mente, pela Docenave (Vale do Rio Doce Na da construção de uma ferrovia para escoar a rios países, conduzindo, muitas vezes, à situa ramentas de corte etc. E ainda utilizado pela
vegação S.A.), subsidiária da Companhia Vale produço, de um porto equipado para tal fim cão de a oferta ser maior que a procura. indústria química e entra na fabricação do vi
do Rio Doce. e de energia elétrica. Para tanto Ao lado disso, o comércio do minério de
está sendo cons dro e de baterias elétricas.
No frete de retorno, depois de entregue a truída a ferrovia de Carajás que ligará as jazi ferro tem-se tornado complexo, em vista das exi É um
minério também encontrado em ter
carga, os navios da Docenave têm transporta das até o porto de Itaqui, em São Luís do gências dos compradores no que diz respeito às renos antigos, datando do Proterozóico.
do carvão mineral, cereais etc. Maranhão, e a hidrelétrica de Tucuruí, no rio características e propriedades do produto. Existem vários minérios de manganês,
Cumpre lembrar que a localização das ja Tocantins, inaugurada no final de 1984. Assim sendo, não basta mais hoje em dia podendo-se citar: pirolusita, manganita, polia
zidas de minério de ferro (juntamente com as O projeto Carajás como foi denominado, extrair o minério, britá-lo e classificá-lo. Ou
de minério de manganês) no Quadrilátero Fer nita, braunita, rondonita etc.
anunciado ou amplamente divulgado no Bra tras exigências so solicitadas ao ponto de a mi No Brasil, o minério de manganês aparece
rífero foi fator importante da concentração da sil e no exterior, constitui mais um projeto im neração do ferro se aproximar, cada vez mais,
atividade siderúrgica na Região Sudeste. associado a rochas metamórficas algonquia
pacto lançado pelo governo. Contribuiu, na de uma verdadeira indústria de transformação, nas, em companhia dos minérios ferriferos.
com a necessidade de investimentos cada vez As jazidas conhecidas de manganês do
maiores. Brasil colocam-se em terceiro lugar no mundo,
Isso tem acontecido com os países produ e
sendo superadas pelas da União Soviética do
Rodpvia TuCuru RECURSoS MINERAIS tores, como é ocaso da União Soviética, da Aus
(Carajás) Gabão. e de
trália, dos E.U.A., do Brasil, do Canadá, da In Principais zonas de ocorrência
Transarnazor

nazónica B Ferro Cobre dia, da Suécia e de muitos outros. produção:


Manganés e pro
O Bauxita Minas Gerais a área de ocorrência de
PARA ONiquel D Ouro
dução nesse Estadoéo Quadrilátero Ferrifero.
COMPANHIA VALE DO RIO DOCE
CARAJAS D Cassiterita
E SUA POSIÇÃO Portanto, coincide com a área de ocorrência do
minério de ferro. As maiores concentrações La
des

". A posição geográfica da Rio Doce não era se minério encontram-se em Conselheiro
encorajadora antes da construção do terminal de São João
Sa
faiete, onde está o morro da Mina
Pelade
Se Leste Tubaro e da revolução tecnológica ocorrida na e que apresentam
construção naval. del Rey, Itabira Ouro Preto,
Sao FeliaP
Com efeito, em todos os mercados importan teor de 40% a 45o. A produção dessa área vi
tes, enfrenta o Brasil concorrentes, cuja localização
sa atender às necessidades das indústrias side
è significativamente mais vantajosa. Em nenhum como se sabe, foi
mercado, exceto o da Argentina, tem o Brasil a me rúrgicas, cuja localização,
influenciada pela presença das jazidas de
mi
Ihor posição geográfica.
minério de
Lonceiçao do No caso do Japão, a India, a Austrália, o Pe nérios de ferro de manganês.
e O
e corres
7Areguaie rueo Chile estão mais próximos. No que se refere manganês aí extraido não é exportado
a Europa, a Suécia, a Libéria ea Mauritânia, bem no país.
como o Canadá, t ponde a 20% do total extraído
têm menor distância a percorrer
220 221
Mato Grosso do Sulnesse Estado, as reser. As unidades da Federação produtoras de COBRE
vas de nminério de manganês também coinci. cassiterita são: Rondônia, Amazonas, Minas
dem, quanto à ocorrência, com as reservas de Gerais, Mato Grosso, Goiás, Rio Grande do Sul É um
metal não-ferroso, largamente utili
minério de ferro. Assim, elas ocorrem no Pan. e Pará. zado em ligas (bronze e latas) e em condutores
De todas essas unidades da Federação, a elétricos. É conhecido desde a Antigüidade e
tanal Mato-grossense, no maciço de Urucum.
nas proximidades de Corumbá. Em virtude da principal é Rondônia, com seus ricos aluviões, usado em liga com o estanho, em forma de
grande distância dos centros consumidores in que responde por quase 70o da produção bra bronze, para a fabricação de armas e utensílios
ternos e externos e da dificuldade de aprovej sileira, sendo explorada com a participação de domésticos.
tamento no local, a produção af realizada é um grupo estrangeiro sediado na Holanda (o A descoberta do uso do cobre, há aproxi
pequena, não atingindo 20 do total produzi grupo Patiño, que durante muito tempo explo madamente 5.000 anos, no Oriente Próximo,
rou o estanho boliviano). representou uma verdadeira revolução tecno
do no país. A pequena quantidade extraida é
exportada pelo rio Paraguai, através do porto Cumpre lembrar que o escoamento da pro lógica, pois possibilitou que o homem passas
dução de cassiterita de Rondônia é dificultado se da Idade da Pedra para a Idade dos Metais.
de Corumbá.
Bahia as jazidas localizam-se nos pela escassez de vias de transportes. Para tanto Os minérios de cobre são: calcopirita e ma
municí
pios de Santo Antônio de Jesus, Brumado e Ja está prevista a pavimentação da rodovia Brasí laquita.
cobina. A produção também é pequena, um lia-Acre, a qual passa próximo da zona de ex A principal área de exploração no Brasil
pouco superior à de Mato Grosso do Sul, cerca ploração, facilitando o seu escoamento. Con localiza-se na Bahia (Caraíba), pois responde
Beneficiamento do minério de manganês, no Amapá. o por quase 100% do cobre produzido no Brasil.
de 2,50 do total, e visa, sobretudo, atender às tudo, trata-se de uma rodovia, quando e, ideal
necessidades regionais. no transporte de minérios seria a ferrovia mais Além da Bahia, Rio Grande do Sul, em Cama
Outros Estados produtores são Goiás e Es ainda, a hidrovia,devido ao seu baixo custo no quã e em Caçapava do Sul.
pírito Santo, contudo em pequenas quantidades. transporte se comparado à rodovia. Além dessas, estudos têm sido realizados
Amapá a principal jazida de minério de Os grandes produtores de estanho são: Ma no vale do Xingu, através do Projeto Cobre
manganês desse território localiza-se na serra lásia, Tailândia, Indonésia e Bolívia. Xingu.
do Navio, nas margens do rio Amapari, afluen PRODUTORES DE MINÉRIO DE MANGANES (em %)
A produço brasileira não é suficiente pa
te do Araguari. Possui um teor médio de miné 1982
ra atender as necessidades do mercado inter
rio de 49%. A sua exploração é realizada pela no, e o cobre, devido a sua grande aplicação,
Icomi (Ind ústria e Comércio de Minérios), em Outros CHUMBO tem representado o maior dispên dio de dóla
presa privada, constituída por capital brasilei Bahia. Goiás
Espirito Santo 7% res, depois do petróleo, entre os minérios im
ro e norte-americano ondea Bethlehem Steel e
Mato Grossa/ 10% biOs minérios de chumbo encontrados no portados pelo Brasil.
Corp. possui 49% do capital (trata-se do segun do Sul território brasileiro são a galena e a cerusita. Maiores produtores mundiais: E.U.A., Chi
do maior produtor de aço dos E.U.A.). Contudo, é a galena o principal minério de le, Zâmbia, Canadáe Zaire.
Para o escoamento da produção da serra do Na Minas Gerais Amapá
chumbo; quanto ao seu tipo de jazida, aparece
vio, foi construídaa Estrada de Ferro do Ama 20% 63% em filões e em rochas calcárias. A mineração
do chumbo no Brasil é controlada pela Plum ALUMÍNIO
pá, que une as jazidas até o porto de Santana,
também contruído para tal finalidade. Visan bum, empresa subsidiária de Peña e Roya.
As reservas brasileiras exploradas: A bauxita éo principal minério de alumínio.
do aumentar o aproveitamento de minérios de • na Bahia, no vale do São Francisco, e em Ma O
consumo de alumínio tem crescido nos
baixo teor, foi também construídaa usina de
caúbas; últimos anos, devido à variedade de utilizações
pelotização, em 1970, ampliando assim a pos e aplicações. E largamente utilizado na cons
sibilidade de venda no mercado nacional, que • no Paraná, em Adrianópolis;
Além do Brasil, os grandes produtores • em São Paulo. trução civil, na siderurgia, na indústria de uten
é, a exemplo do minério de ferro, um mercado
mundiais de manganês são: União Soviética, Desses três Estados, a Bahia lidera a pro silios domésticos ou eletrodomésticos, na in
altamente competitivo. A produção do miné África do Sul, Gabão, Austrália, India e Repu dução, pois responde por cerca de 75% do dústria automobilistica, na indústria aeronáu
rio de manganes do Amapá, ao contrário da blica Popular da China.
de Minas Gerais, destina-se quase que chumbo produzido no Brasil. No entanto, a tica e em outras áreas.
mente ao mercado externo, pelas seguintes total produção não é suficiente para abastecer total As principais áreas de exploração da bau
ESTANHO mente o mercado nacional, necessitando, con xita no Brasil são:
-
razões:
dificuldade de aproveitamento do minério
no próprio local; Éoutro mineral metálico de grande impor
seqüentemente, da importação.
Para a fabricação de baterias, cabos, mu
Pará-nasjazidas localizadas
miná,
na serra de Orixi
cabeceiras do rio Trombetas, no norte
tância, pois entra na formação de ligas e na fa nição, tubulações, isolantes de radiações de do Pará. Eexplorada pela Cia. Vale do Rio
Do
maior proximidade de centros consumido bricação de folha-de-flandres, além de ter inú ce, inicialmente associada à empresa estrangeira
res do exterior e grande distância dos cen meras outras aplicações. raios X e outras aplicações, o Brasil depende
tros consumidores internos. da importação, que é realizada do Perue do Alcan, e posteriormente com o grupo japonês
A cassiterita é o minério de estanho eco Light Smelters Metal Association, integrado
A produção do Amapá atinge cerca de 60% México.
nomicamente explorável. Ocorre na superficie
Os maiores produtores mundiais: Austrá por várias empresas. A energia elétrica para a
do total de minério de manganês produzído no da Terra sob duas formas: em pegmatitos e em
Brasil. lia, E.U.A., Canadá e México. usina produtora de alumina (forma exportável
aluviões associados a outros minerais.
223
222
a
OUTROS MINÉRIOS
• Fosfatos podendo-se destacar fosforita,
da bauxita) será fornecida pela Usina de Tucu que éo fosfato de cálcio de origem sedimen ÁREAS PRODUTORAS DE SAL
ruí. O escoamento da produção érealizado atra e
tar, proveniente de organismos marinhos, NO RIO GRANDE DO NORTE

vés do rio Trombetas e Amazonas. O Estado do • Nióbio–é um metal de grande resistência e me


a apatita, que surge nas rochas eruptivas
Arela Branca

Paráresponde por cerca de 70o da produção ao calor eà corroso. Sob a forma de ligas.
tamórficas. Os fosfatos são de grande impor Macau
é
empregado em revestimento de reatores nu Mossoró

de Caldas.
-
nacional de alumínio.
Minas Gerais Ouro Preto, Mariana e Poços cleares, naves espaciais e turbinas de aviões.
O Brasil destaca-se na produção e exporta
tância para a agricultura, pois destinam-se
fabricação de fertilizantes. As principais ja
Olin
à
Acu
NATAL
zidas: Araxá (MG), Jacupiranga (SP),
São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. ção com suas jazidas de Araxá (Minas Ge
Os maiores produtores mundiais são: Aus rais). E o primeiro produtor mundial. da (PE), Monteiro (PB).
Sal-gema -éo cloreto de sódio encontrado
trália, Jamaica, Hungria e Grécia. Urânio -égrande fonte de energia do mun no subsolo (o sal de cozinha). A acumulação
do moderno. O Brasil possui grandes jazidas
do sal-gema se realizou pela evaporação
da
em Minas Gerais (Poços de Caldas e Quadri
mares emn épocas geológicas passa Localização do Estado
látero Ferrifero), além de Goiás (Campos Be água dos no Brasil
é um sal fós
NÍQUEL los e Amarinópolis), Paraná (Figueiras). das, daí falar-se que o sal-gema
sil. No Sertão nordestino é encontrado sob
Entretanto, segundo o Departamento de En
O Brasil possui grandes reservas de miné genharia Mineral da Nuclebrás (Empresas
a
forma de eflorescência. Foi de grande im
rio de niquel, a guarnierita, que éum metal Nucleares Brasileiras S.A.), foi realizada uma portância para a criação de gado no vale do
branco-acinzentado, pesado, empregado na grande descoberta em 1976, no município de São Francisco.
preparação de várias ligas, na obtenção do aço Itatira, no Estado do Ceará, a qual supera a Sal marinho –étambém o cloreto de sódio
niquel e no revestimento de objetos de ferro (ni ou simplesmenteo sal de cozinha, produto
de Poços de Caldas. e ga
quelagem). • Tungstênio –mineral metálico, branco e du importante na alimentação humana do
Principais áreas de produção no Brasil: ro, cujo minério é a xilita; é largamente utili do, além de indispensável a uma série de in

Goiás-omunicipio de Niquelândia, ao nor zada em filamentos de lâmpadas de incandes dústrias. A produção de sal ocupa uma
te do Distrito Federal, possui as maiores reser posição importante no extrativismo brasilei
vas do pais e responde por cerca de 45% do cência. E explorado no Rio Grande do Nor
te, no Pará e na Paraíba. O Brasil se destaca ro, figurando na exportação, quando até 1925
niquel produzido no pais. como exportador desse mineral. o Brasil o importava, principalmente da
Minas Gerais nos municipios de Liberdade • Tório-é um metal radiativo existente nas Espanha.
e Pratápolis, onde se
situa o morro do Niquel. As principais áreas de produção:
No Brasil, a producão do minério de níquel areias monazíticas encontradas no litoral da
é também insuficiente, havendo, pois, a neces Bahia, Maranhão, Ceará e Espírito Santo Rio Grande do Norte-graças às condições
sidade de importação. (Guarapari). Esse metal é também exporta naturais favoráveis, esse Estado é omaior pro
Principais produtores mundiais: Canadá,
do pelo Brasil. dutor nacional de sal, respondendo por 80%
União Soviética e Austrália. do produzido no Brasil. Isso decorre do cli
ma de temperaturas elevadas e presença de
Os minerais não-metálicos ventos alísios de nordeste que influem na
grande evaporação das águas. Além disso, a
ZINCO A maioria dos minerais não-metálicos é de topografia baixa eo regime das marés per
baixo custo unitário e é utilizada em grandes mitem a penetraço das águas oceânicas na
E um metal branco, de tom azulado, utili quantidades, dificultando assim o comércio in planície litorânea.
zado, principalmente, para formar ligas, como ternacional, pois o custo de transporte é elevado Destacam-se nesse Estado como centros
o latão, e para recobrir metais facilmente oxi produtores:
dáveis, como o ferro (galvanização).
quando comparado ao valor da carga trans
portada. • o baixo curso do rio Apodi ou Mossoró, on Salina em Natal, Rio Grande do Norte.
Os principais minérios de zínco são: blen Vamos apontar apenas alguns deles: de surge o grande centro salineiro de Mos
da ou esfalerita, zincita e calanuna. Potássio, magnésio e sódio -jazidas em Ser soróe de Areia Branca;
Áreas de produção no Brasil:
-
Minas Gerais destacando-se Januária, Três
Marias e Vazantes, que respondem por cerca de
gipe (Carmópolis) e na Bahia.

Calcários de grande utilidade na fabrica
o baixo curso do rio Piranhas ou Açu, com
as localidades de Macau e Açu. Outros Estados também produzemn sal,
mas em quantidades pequenas, quando com
ção docimento, na siderurgia, no tratamen Estado do Rio de Janeiro as salinas loca
65% da produção brasileira, sendo ainda insu to de água e como material de construção, lizam-se, nesse Estado, na região de Cabo Frio parados ao Rio Grande do Norte e ao Rio de
ficiente para o consumo interno; além de ser corretivo do pH do solo. É extraí e Araruama, que também apresentam con Janeiro.Êo
caso de Maranhão, Piaui, Ceará,
Bahia completa a produção de zinco no do em várias unidades da Federação, desta Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Bahia.
dições naturais favoráveis, destacando-se os
Brasil.
cando-se, contudo, Minas Gerais, que respon alíisios de sudeste. É o segundo produtor na Nos últimos anos as salinas têm apresen
Principais produtores mundiais: Canadá, de por 28% da produção brasileira, e São cional e a sua produção corresponde a cerca tado uma certa modernização, inclusive no que
Austrália, E.U.A. e Japão. Paulo, com 27%. se refere à mecanização. O trabalho na salina
de 18% do total do país.
224 225
árduo, fazendo com que o trabalhador se ex
e
cassiterita foi o segundo produto mineral a ser cx.
A

VOCABULÁRIO
nlorada Em 1959, era uma atividadc dC
ponha a grande insolação, causando, muitas ve plo Rmpagemeas.
zes, distúrbios visuais decorrentes da grande sim continuou até 1971. Pela Portaria 195, do
1

reflexão da luz nos cristais de sal. Alm disso, das Minas e Energia, datada de 31 de manço de 1971, foi Eflorescência: substâncias solúveis que se de pll: símbolo do potencial de hidrogênio, loga
suspensa a garimpagem na Provincia Estanífera de Ron.
OS ventos constantes, carregados de sal, geram
positam na supcrfícic das rochas. Estas subs ritmo ncgativo (de Brigg) do peso em gra
dônia, Lá trabalhavam 6.000 garimpeiros, que ficaram de.
problemas na pele. sempregados. tâncias sobem por capilaridade, precipitan mas dos fons de hidrogênio livres contidos
Expandiram-se, ento, companhias associadas ao ca. do-se graças à cvaporação da água que em um líquido de solução. (Emprega-se na
pital estrangeinn Vem variando, no entanto, o grupo inte acompanha os sais. medida da acidez efetiva.)
ressada A Mineraçdo Rocha, a primeira a instalar-se em Prospecção: método ou técnica empregada pa
RondSnia, ligou-se aO grupo holandês Royal Dutch Shell. Folha-de-flandres: folha de ferro estanhado ra localizar e calcular o valor cconômico das
atravts de sua subsidiária Biliten Maatschappij NV, a Mi. usado no fabrico de numerosos utensílios.
neraes Brasileiras SA, –MIBRASA5eaogrupoame jazidas minerais.
ricano W.R, Grace e CO., relacionado, por sua vez, com Imprescritível: quc não prescreve, isto é, quc não Truste: associação financcira que realiza a fu
E o onsónio Patia se cxtingue. são de várias firmas em uma única empre
TEXTO PARA LEITURA O grupo Patiña, sediado na Holanda, uniu-se a Com
DISCUSSÃO anhia Estanifera do Brasil, e há tamtbém interesses japo Pegmatito: rocha intrusiva, da mesma compo sa; organização financeira que dispõe de
neses, de acondo com informaçðes
do Dep. Jerônimo
sição do granito. grande poder econômico.
Santana, na CPl das Multinacionais.
Capitais estrangeiros na Atualmente, há o grupo Patiño ligado à Mineraço
Brasiliense S.A., o grupo Brascan unido à Campanhia Mi
Amazônia brasileira neração Jacundá.O grupo Ita tem participação na Mi
neração Oriente Nova A nica empresa com capital
OtomamN mis pmradolosrustes, na exclusivaMente nacional é a Mineraçåo Taboca, do grupo
Amtis oda minaia EntanNa gresiamente, Paranapanema.
a erploaio madeirin e riaio de gado m ìnteres Na exploração mineral ainda em fase de implanta
sando a0apial srargeiran quc tamhemsinstalaem ra –
ção–ado ferro, da bauxita e docaulim estå a esperan
mSSis ds atividade sundiria, na Zona Franca ça do Governo em atingir niveis elevados de exportaço,
de Manus quilibranda, então, a balança comenial do Pais. Tanto as
Rus ds mursos minerais da Amarônia, têm sim que o Ministro de Minas e Energia fez, recentemente,
Sdo eoradts nomicamente tam-se o mangans, uma viagem ao Japão, para tratar da associação entre a
do Anú (hi cea d 02nosl, cassiterita, de Rond
ea Companhia Vale do Rio Doce e o grupo japonês Light
ia (hi aprinaimatr l0 znos). Esto em fase de im Smelters Metal Association, que parecia ter-se desinteres
ganacca mineaio do frra ramdos Carzjis Pri sado do projeto brasileiro, por haver encontrado impor
a ca
buuua co io Troabezs, Pri:ca do caulim, no tantes jazidas na Indonsia (Projeto Asahan, com previsåo
1ale do rio Ji, o
eatrr Prico Amapá. Aham-se sob de 75.000, a partir de 1981, e investimentos de USS 850
Grle tal ou prial, dos referidos trustes.
Além diSSo, sbs forns de grimpagem, cploram
milhões), O Ministro manteve contacto, igualmente, com
representantes da United States Steel Corporation, a fim
siROso our Do Tapajos, Pari, eo diamante, na serramì
do Tepequén.
de obter sua definição no Projeto referente ao minerio de
Rorzin Eostor no-trangeiro da ferTo na serra dos Carajás, em que esta empresa se asso
Deraçioetunheaonos sieificativa, conomicamente. ciou à Companhia Vale do Rio Doce.
As resenIDinis ci Amarinus sio bem dodas. O minrio de ferro da serra dos Carajás constitui re
Ade mrgans Tepocde a25 nilhôs de toneladas; a serva similar à do Quadrilátero Ferrifero, com 18 milhões
de caubm, a 4$ milbös de toneladas; e a de casseterita, de toneladas. Foi assinalado por levantamento geológico
150 mi tonclads A resen da baui, no Pari, é calcu Meridional de
ludi em l blbie 700 il toncladas, e a de ferra, em 10 do DNPM
Mineracio pela Companhia
brasileira da United States Steel Cor
blhis de tonelads poration, primeiro produtor americano de aço e 12: fir
No Progamdos Plos Agropecuáriose Agromine ma americana, em 1975, segundo Fortune. Posteriormente,
rais da Anrötia–POLAMAZNIA -iaram-se seis
constitui-se a empresa Amazõnia Mineração S.A., forma
olos zgrominerais Soaecte em dois Aripuanic Ro da pela United States Steel Corporation e a Companhia
raimi-pio bi ivestineatos srngeiros. Nos demais,
os truss sebeaefiiia indusive com as vzn2gens go ale do Rio Doce
Para o aproveitamento cconômico da bauxita, a Com
veDeaas cODtds, is como:capitaise instalaçåo panhia Vale do Rio Doce, de inicio, ligou-se à Alcan, em
presa canadense, para formar a Mineração Rio do Norte
-O desecvolvimecto da mineraçio, na Amazónia, SA, cm Oriximiná. Desfeito este projeto, a companhia
comepou em fins da deada de S0, com a es

instalaçio da tatal brasileira associou-se, então, ao grupo japons Light


ICOMI -Ibtisia:Comio de 1inéios SA, Do Ama
Smelters Metal Association, integrada pela Nippon Light
Arato co ngins vem-se farendo através da as Metal Corporation, Mitsubishi Chenical Industries Ltd.,
sodação da Steel Corporation com o St. Aze
vedo Antunes. Esta foi a primeira das muitas ligaçõcs do Mitsui Aluminiun, Showe Denko e Sumitomo Chemical."
Sr. Anunes com o grarnde capital estrangeira No caso da
ICOMMI, a Bethlehem Steel Corp. possui
49, do capial. (Irene Garrido Filha, O projeto Jari e os capitais es
Trat-tdo segundo maiorcomo
gurou, m
produtor de ao dos EA. ef
a 21: empresa daqucie país trangeiros na Amazónia, São Paulo, Vozes, 1980, p
Rorure, 1975, 44-8.)

226 227
CAPÍTULO 6
o A fontes de energia podem ser divididas erm
ca); utilizando a hulha; fez motor de explo
são (do automóvel) com o uso do petróleo. Em duas grandes categorias:
a possibilida • a primeira é composta por recursos não re
tempos mais recentes, descobriu
de de aproveitamento da energia proveniente nováveis, como petróleo, hulha, gás natural,
AS FONTES DE ENERGIA NO e
das quedas-d'água do Sol há
e, cerca de 40
anos, sua atenção voltou-se para a energia
urânio etc.;
• a segunda, por fontes energéticas renováveis
BRASIL (1): O PETRÓLEO EO atômica.
Toda essa evolução na descoberta das fon
modifica
que existirão enquanto existirem a Terra e o
Sol: ventos, ondas, marés, água, energia tér
tes de energia provocou profundas mica dos oceanos, o Sol, a energia das plan
Ções na vida do homem e provocará muitas tas, tecnologias de "biogás", que utilizam bac
ÁLCOOL (PROÁLCOOL) outras quando novas fontes de energia forem térias para transformar detritos orgânicos em
desenvolvidas a preços acessíveis. As distâncias metano, o principal componente do gás na
com o uso de
entre os povos foram encurtadas tural, além da energia geotérmica (aprovei
navios amotor, aviðes, automóveise ferrovias. tamento do calor da Terra) e o próprio hidro
a
Diversas atividades se beneficiaram: medici gênio, elemento abundante na natureza, além
na, a engenharia, a agricultura e o comércio. de outras.
A produção aumentou de forma
considerável
e Portanto, a busca de outras fontes de ener
e o homem pôde dispor de maior conforto
CONCEITO, FORMAS, gia, segundo as disponibilidades dos recursos
IMPORTÂNCIA E PROBLEMAS bem-estar. naturais de que dispõe cada nação, surge co
A análise do consumo energético, segun mo alternativa para superar problemas decor
do formas de energia utilizadas, é um dos cri
as rentes de uma futura escassez dos recursos não
térios para medir o nível de desenvolvimento renováveis, principalmente o petróleo.
Energia éa propriedade que certos cor de um país. Demonstra as possibilidades téc
pos possuem de produzir trabalho ou ge A humanidade já passou por transições
nicas de uma sociedade, sua capacidade de su energéticas, da lenha para o carvão mineral
e
rar força. perar os obstáculos e seu nível de industriali
deste para o petróleo e eletricidade.
zação e mecanização. Sabe-se que o mundo não sofrerá falta de
Desde os tempos antigos, o homem sem Assim, nos países desenvolvidos, nota-se energia e sim de petróleo. O importante, pelo
pre esteve em busca de fontes de energia que pu uma grande produção e consumo de energia menos nas circunstâncias atuais, é resolver, a
dessem substituira energia fisica humana e dos fornecida pelo petróleo, carvão mineral, gás na curto prazo, o problema de combustíveis líqui
animais. Essa busca decorre da necessidade de tural, quedas-d'água e pelos minerais radiati dos baratos para veículos automotores paraa
e
se obter maior produção no trabalho, além do vos (energia atômica). Nos países subdesenvol
as diversas atividades industriais, pois toda
que muitas tarefas não podem ser realizadas uti vidos, verifica-se ainda uma grande utilização tecnologia industrial, desde o início do século,
lizando apenas a força muscular do homem e da energia muscular (animal e homem), da
foidesenvolvida segundo as caracteristicas des
dos animais. energia calorífica, fornecida pela lenha ou car sa fonte de energia. E foi desenvolvida e expor
A forma mais primitiva de energiaéa ener vão vegetal, e, em menor quantidade, das ou
tada para omundo, pelos países industrializa
gia muscular. A mais avançada é a energia atô tras formas de energia. ou,
mica. Entre estas duas, existem outras: dos, e imitada pelos subdesenvolvidos
Essa deficiência energética dos países sub quando muito, adaptada.
• muscular: animal ou humana; desenvolvidos atrasao seu próprio desenvolvi
• calorifica: madeira, carvãomineral, petróleo Parece, portanto, que a preocupação daqui
mento ou as suas possibilidades de aumento de para diante serápreparare efetuar uma nova
etc., produtividade, que, ao lado de outros fatores, pois toda
• mecânica: moinho de vento (energia eólica); coloca-os numa posição de inferioridade eco transiço energética, efato complexo,
• elétrica: usinas hidrelétricas e termelétricas; a organização social econômica se fez tendo
nômica e política e de dependência em relação por base o petróleo.
• química: pilhas e baterias; aos países desenvolvidos.
•solar: Sol; Conseqüentemente, a busca de outras fon Dentro dessa perspectiva, espera-se que as
• nuclear ou atômica: usinas nucleares. tes de energia e o aproveitamento das diversas nações subdesenvolvidas não mais esperem so
e,
Através dos tempos, a utilização das fon luções ditadas pelos países industrializados
fontes constituem fatores importantes para o
tes de energia pelo homem passou por várias desenvolvimento econômico. sim, busquem os seus próprios caminhos, apro
fases: inicialmente foi a energia humana e ani No entanto, cumpre lembrar que diante de veitando os seus recursos energéticos.
mal, depois a energia calorifica produzida pe problemas decorrentes do preço do petróleo e O amanhãtem de ser preparado hoje, seja
pos
la madeira e pelo carvão vegetal; em seguida, do fato, segundo os especialistas, de que o fim através de pesquisas, de experiências e, se
o homem aproveitou o vento (energia eólica): sível, com o espírito de solidariedade interna
Dois mnomentOS na história do homem no aproveitamen da sua era se aproxima, outras fontes de ener
descobriua máquina a vapor (energia calorífi to da energia. gia devem ser procuradas. cional.

228 229
O PETRÓLEO O petróleo é encontrado na natureza nos leo, a poucos metros de profundidade.
Esse fa
Bolsa de Mercadorias de Salvador), que dese
estados sólido, liquido e gasoso. No estado li to foimuito importante para os E.U.A., poiso java auxílio para a pesquisa do petróleo nas pro
pa
Origem quido, encontra-se o petróleo propriamente di. petróleo contribuiu de forma considerável ximidades de Salvador, na região de Lobato.
nos século Cumpre lembrar que foi exatamente nesse lo
to; no estado gasoso, o gás natural e, no estado
sólido, encontra-se o betume, do qual o asfalto
rao seu desenvolvimento. Já fins do
passado, esse país dispunha da maior produ cal que em 1939 jorrou petróleo do subsolo bra
petróleo, da mesma forma que o carvão
O
parque refi sileiro pela primeira vez.
mineral, éencontrado em áreas sedimentares.
é um derivado. ção de petróleo, possuía o maior
exportando derivados para Na época, Monteiro Lobato fez duras crí
E formado por uma mistura natural, flui nador do mundo,
vários países. ticas à atuação do Departamento Nacional de
da e oleosa de hidrocarbonetos gasosos, liqui Produção Mineral e àpolítica governamental
dos e sólidos, originando um liquido de cor Histórico: das primeiras sondagens no Quando foi inventado o motor de combus
Brasilem 1892 até os "contratos de risco" tão interna e com ele a produção
em série de quanto ao petróleo e ainda ao Código de Mi
pardo-negra ou amarelada. Por destilação fra a do pe nas de 1934.
cionada dáorigem a uma grande variedade de automóveis e caminhões, importância
produtos industriais: óleos leves, óleos pesados, DO FINAL DO SÉCULO XIX ATÉ tróleo cresceu em escala mundial. A gasolina Na introdução do livro O escândalo do pe
eo óleo diesel tornaram-se os combustíveis bá tróleo e ferro(São Paulo, Ed. Brasiliense, 1961,
gasolinas, parafina, álcool, gases combustíveis, MEADOS DO SÉCULO XX
asfaltos, tintas, resinas, borracha, plástico, cos sicos da civilização moderna. Em vista disso, p. 9), Monteiro Lobato afirmou:
orga
méticos, produtos farmacêuticos etc. a
Desde Antigüidade o homem já conhe grandes companhias petrolíferas foram
nizadas na e
Europa principalmente nos EU.A.,
A sua origem é orgânica, resultante da cia o petróleo e dava importância ao mesmno, "O petróleo está hoje praticamente monopolizado
que, além de realizarem a prospecção do sub por dois imensos trusts, a Standard Oil e a Royal
transformação de grandes quantidades de res pois figurava como tributo de guerra. O'asfal
tos de animais e vegetais, o plncton. A depo to ou betume já era utilizado como material de solo, a extração, o refino e a comercialização Dutch & Shell. Como dominavam o petróleo, do
dos derivados de petróleo em seus paises, lan minavam também as finanças, os bancos,
sição de plâncton ocorreu no meio marinho, liga, tendo servido como tal na construção das do de dinheiro;
e como dominavam odinbee
desde remotas eras geológicas (Paleozóico). A muralhas da Babilônia. A civilização do Egito çaram-se em busca do ouro negro no território dominavam também os governos e as máquinas ad
matéria orgânica, enterrada nos sedimentos do antigojáo conhecia e o utilizava para diferen de outros países. A influência das grandes com ministrativas. Esta rede de dominações constitui a
fundo do mar, sofreu putrefação pela ação das tes finalidades. panhias petrolíferas, nos países em que se ins que neste livro chamamos os Interesses Ocultos!"

bactérias, formando o petróleo. Pesquisas realizadas sobre os povos primi talavam, era muitas vezes de ordem política,
Muitas áreas que no passado geológico tivos da América demonstraram que os incas interferindo até nos assuntos internos de mui Na época, admite-se que empresas inter
eram fundo de mar, local onde se depositouo já utilizavam o petróleo. Pavimentavam suas es tos deles. nacionais realmente não tinham interesse que
No Brasil, as primeiras prospecções do sub o Brasil descobrisse petróleo mas que conti
plâncton, sofreram, no decorrer da história da tradas com o betume, além de utilizá-lo como nuasse na condição de importador, em vista da
Terra, levantamentos ocasionados pelo tecto material de liga. solo na procura de petróleo datam de 1892. Des
superprodução domesmo. Entretanto, ao
mes
nismo. Nesses levantamentos, tais áreas deixa sa data, até 1939, foram realizadas sondagens
Entretanto, foi a partir do ano de 1859 que mo tempo, desejavam conhecer as característi
ram de ser fundo de mar. Desse modo, o petró teve início o aproveitamento industrial dessa esparsas, mas sem resultados promissores, o que
gerava um clima de desconfiança em relação às cas geológicas do país, as prováveis áreas de
leo é atualmente encontrado no interior dos fonte de energia. Nesse ano, nos E.U.A., na Pen
continentes ou, ainda, em fundos de mares que silvânia, Edwin Drake, perfurando um poço pa possibilidades brasileiras de possuir o valioso existência do precioso liquido para no futuro
não sofreram levantamentos ou soerguimentos. ra descobrir água, acabou descobrindo petró líquido. delas se apoderar.
Em 1930, o ministro da Agricultura, Assis Cumpre lembrar que, quanto aos interes
Brasil, escrevia: ses estrangeiros no Brasil, em relação ao petró
leo, destaca-se não só a atuação de grupos
"O Brasil é meia América do Sul, em território: to
ca em todas as colôniase em todos os países inde norte-americanos e ingleses, mas também ale
pendentes do continente, menos um; a quase tota mães. Enquanto os primeiros não mostravam
lidade de seus vizinhos já verificou possuir petró interesse em queo Brasil se tornasse produtor
leo.o, alguns eem formidáveis quantidades; só o Brasil de petróleo, os alemães, em vista da prepara
não o terá? E uma questão de dignidade nacional
verificá-lo'" ção para a guerra, tinham empenho em auxi
Gés
liar o Brasil na descoberta do petróleo. Essa
Na falta de técnicos brasileiros para estu atitude alemã não estava vinculada somente ao
Gés dar oterritório nacional, quantoà localização interesse em possuir abastecimento de petróleo,
Petróleo
de jazidas de petróleo, o Brasil contratava téc mas sobretudo em fortalecer vínculos econô
a
nicos estrangeiros. micos e políticos com o Brasil e com América
O Departamento Nacional de Produção do Sul. Haja vista que, em 1936, uma empresa
Mineral, criado em 1934, baseando-se nos es alem, especializada em levantamento geofi
tudos realizados por um geólogo de origem eu sico, fez estudos em Alagoas e chegou a apon
ropéia, Victor Oppenheim, que concluía pela tar perspectivas promissoras quanto à existência
inexistência de petróleo no Brasil, negava au de petróleo nesse Estado. (Sabe-se que o Esta
xílio às pessoas interessadas na busca'de petró do de Alago as éprodutor de petróleo na atua
Tipo clássico de jazimento de petróle0 em anticlinal., leo. Eo caso de Oscar Cordeiro (presidente da lidade).

230 231
Outro exemplo é do geólogo alemão Kurt distinta da do solo, atribuindo-se à União Fo. instituição do monopólio estatal. A3 de outu A grande dependência brasileira em rela
san ção ao petróleo importado foi sentida com
Dietz que esteve em Maraú, na Bahia, e que, an deral a propricdade das jazidas". bro de 1953, o presidente Getúlio Vargas e
tes de voltar à Alemanha a chamado de Hitler, Também, nesse mesmo ano (outubro de cionou a lei relativa à política do petróleo à maior intensidade a partir de 1973. Nesse ano,
1945), permitiu-se a instalação e exploração de criação da Petrobrás. os países-membros da OPEP (Organização dos
dissera:
refinarias no Brasil, por companhias nacionais O monopólio passou a ser exercido pelo Países Exportadores de Petróleo), que contro
"Se dispuséssemos na Alemanha de um Maraú, a his
privadas. Isso ocorreu um mês antes da queda Conselho Nacional do Petróleo, como órgão de lan a maior parte da produção mundial do pro
tória da Europa seria muito diferente!" co
da ditadura de Vargas. fiscalização e orientação, e pela Petrobrás, duto, ameaçaram paralisar o fornecimento,
(Citado por Gabriel Cohn, in Petróleo e na Depois da derrubada de Getúlio Vargas. mo órgão de execução, abrangendo as seguin caso não ocorressem aumentos do-preço.
cionalismo, São Paula, Difusão Europia do ocorreram modificações substanciais na poli. tes atividades: No ano de 1973,o preço do barril passou
Livro, p. 34.)
tica mineral brasileira, que era de cunho nacio a pesquisa do subsolo e a lavra das jazidas de USS 2,70 para US$ 11,20. Tal fato causou
A partir de 1937, com o Estado Novo, os nalista. A Constituição de 1946, como já foi de petróleo e outros hidrocarbonetos fluidos grande impacto na economia mundiale parti
militares brasileiros passaram a ter uma maior citado no capitulo anterior, alterou a Consti e gases raros; cularmente no Brasil, exigindo que as exporta
preocupação com a questão do petróleo. En tuição de 1937, favorecendo a participação do • a refinação do petróleo nacional e importa ções aumentassem para compensar a importa
tre eles, destaca-se a figura do general Horta capital estrangeiro na exploração do subsolo do (respeitadas as concessões já realizadas): ção do petróleo.
Barbosa, diretor da Engenharia do Exército, na brasileiro. • o transporte marítimo, ou por meio de con A partir dessa data, os aumentos do preço
criação do Conselho Nacional do Petróleo em O artigo 153, parágrafo 1° da Constituj dutos, do petróleo bruto. mo
do barril do produto vêm ocorrendo de forma
1938, organismo autônomo, subordinado ao ção de 1946, deixa de forma clara a novapolíti Passados dez anos da instituição do sucessiva, levando o Brasil a dispender grandes
Presidente da República. ca mineral implantada. nopólio estatal do petróleo, portanto, em 1963, somas de dinheiro na importação, como de
O
decreto-leique criou o CNP estabeleceu: no governo João Goulart, foi incluído mais um monstra a tabela que se segue:
As autorizações ou concessões serão conferidas ex Diante dessa situação e pressionado por in
clusivamente a brasileiros ou a sociedades organi item no monopólio, a importação do petróleo
"declata de utilidade públicae regula a importação, teresses externos, no ano de 1975 o Brasil im
exportaçâo, transporte, distribuição e comércio de zadas no pais, assegurando ao proprietário do solo bruto.
petróleo bruto e seus derivados, no território na
preferência para a exploração. Os direitos de prefe Entretanto, após todos esses anos da cria primiu uma nova orientação na política petro
cional, e bem assim a indústria de refinação de pe rência do proprietário do solo, quanto às minas ção da Petrobrás, o subsolo brasileiro ainda não lifera. Foi autorizada a contratação de serviços
jazidas, serão regulados de acordo com a natureza com cláusula de risco para a exploração do pe
tróleo importado ou produzido to país."
delas"
mostrou a sua potencialidade em petróleo. A
Percebe-se, por esse decreto-lei, a política Esse parágrafo deixa clara a possibilidade produção obtida não é suficiente para atender tróleo em território brasileiro. Tal medida ficou
de nacionalização dos recursos minerais segui tanto de grupos privados brasileiros como es às necessidades do mercado interno. conhecida com o nome de contratos de risco,
da pelo governo de Getúlio Vargas. trangeiros em participarem dos negócios per
No inicio do ano de 1939, foi descoberto tinentes ao petróleo. Como também já foi
petróleo no Recôncavo Baiano, na localidade citado no capítulo anterior, os norte-america
de Lobato. Após essa descoberta, o CNP pro
Participação da importação
nos enviaram um emissário com o objetivo de Valor das importações do petróleo no valor total
curou adquirir equipamentos modernos de pes Ano de petróleo
influir e pressionar, com promessas, legislado das importações do Brasil
quisa de petróleo nos E.U.A. Houve, durante res brasileiros, para alterarem a política mine
algum tempo, dificuldades de compra, pois ha ral do Brasil. 1
1973 bilhão de doláres 160
via entraves por parte dos norte-americanos. As
dificuldades foram superadas somente depois "O cidadão norte-americano Paul Howard Shop
que Getúlio Vargas interferiu de forma direta pel, que se instalara no Rio à época dos trabalhos 1974 3,2 bilhões de dólares 25%
da Constituinte, havia induzido legisladores brasi
nas negociaçõese mesmo após ter ensaiado ne leiros a introduzirem no art. 153 da nova Consti
gociações com o governo nazista.
1975 3,2 bilhões de dólares 26%
tuição a referência às 'sociedades organizadas no
Após a descoberta em Lobato, o CNP des país. Com isso, Shoppel teria cumprido o seu pa
cobriu outros campos, todos no Recôncavo pel de emissário de interesses petrolíferos norte 1976 3,5 bilhões de dólares 28%
Baiano, mas a produção mantinha-se em níveis americanos, nomeadamente a Standard Oil Com
pany de Nova Jersey?"
modestos. Diante disso e das pressões de gru 1977 3,7 bilhões de dólares 31%
pos privados estrangeiros, o CNP, em princí (Apud Gabriel Cohn, in Peiróleo e naciona
pios de 1945, apresentou um documento no lismo, São Paulo, Difusão Européia do Li 1978 3,9 bilhões de dólares 29%
vro, p. 81.)
qual propunha uma reformulação da política
petrolífera. 1979 7,5 bilhões de dolares 47%
DA CRIAÇÃO DA PETROBRÁS (1953)
Assim sendo, o CNP, depois de uma série
ATÉ OS DIAS ATUAIS 1980 7,9 bilhões de doláres 47%
de considerações, recomendava que se adotas
se uma política de atração de capitais externos
para o aproveitamento do petróleo brasileiro, As polêmicas, as pressões internas e exter 1981 11,2 bilhões de dólares 47%
nas e controvérsias em torno da política que o
dentro do "princípio de que as minas e jazidas Brasil deveria seguir em relação ao petróleo só di
minerais do subsolo constituem propriedade minuíram aparentemente em 1953, quando da Fonte: revista Veja, n. 565, 4 jul. 1979;e Anuário Estatistico do Brasil, 1981 e 1982.

232 233
e por ela são permitidas a empresas nacionais 3:) Instituição do monopólio estatal do petró • Grupo Shell, em dezembro de 1976, dirigin
PETROLEO BRUTo.
BRASIL: EXTRAÇÃO DE
Ou estrangeiras a prospecçãoea extração de pe leo em 3 de outubro de 1953, com a criação EM TERRA E NA PLATAFORMA do-se para uma das áreas selecionadas da foz
CONTINENTAL (1982)
da Petrobrás.
tróleo no território brasileiro, em áreas previa serviços com cláusula de
do Amazonas;
mente delimitadas e em prazos determinados, 4) Contratação de • ElfAgip, consórcio franco-italiano, em janeiro
sob o controle e fiscalização da Petrobrás. Se risco, para prospecção e lavra do petróleo de 1977, instalando-se para a prospecção na
a prospecção tiver êxito, as empresas serão pa brasileiro por empresas privadas, nacionais outra área selecionada da foz do Amazonas.
gas pelos investimentos realizados e a Petrobrás ou estrangeiras Os
contratos de risco Atéo momento, as prospecções realizadas
pagaráo óleo e o gás pelo preço operacional medida tomada a partir de outubro de 1975. por essas empresas não demonstraram a exis
da extração. Entretanto, se a prospecção for ne 46% 54% tência de petróleo em quantidade comercial.
gativa, os prejuizos dos investimentos realiza As áreas produtoras de petróleo no Háanos a Petrobrás começou a atuar tam
dos correrão por conta e risco da empresa, daí Brasil, as áreas selecionadas para os bém no exterior, através de sua subsidiária Pe
O nome dado de "contrato de risco". "contratos de risco" trobrás Internacional S.A. -a Braspetro. Essa
Tal medida teve como objetivo ampliar a subsidiária da Petrobrás tem atuado em vários
possibilidade de localização de petróleo no sub Várias são as bacias sedimentares no Bra países da África, do Oriente Médioe na Co
solo brasileiro e na plataforma continental, sil, conforme demonstra o mapa que se segue. lômbia, chegando a descobrir petróleo no Ira
complementando assim as pesquisas realizadas Entretanto, nem todas estão prospectadas que. Entretanto, essa empresa passou também
Extração de petróleo em terra
pela Petrobrás, com a finalidade de aumentar e outras, atéo momento, não demonstraram a dedicar-se à exportação de produtos brasilei
a
produção. rose ainda a importações nos locais onde se en
possuir petróleo em escala comercial. As prin Extração de petróleo na plataforma continental
Resumindo o que foi exposto até aqui, cipais bacias produtoras são: contrava operando. Desviou-se, de certa forma,
pode-se afirmar que a história do petróleo no • bacia do Recôncavo Baiano possui terre de sua finalidade, que é lacalizar e produzir pe
Brasil pode ser divida em quatro fases: nos que datam do Cretáceo e é a principal ba Fonte: cálculos do Autor tendo por base o Anuário Esta tróleo, fruto, talvez, das circunstâncias de bus
13) Até o ano de 1938, a pesquisa e a explora cia produtora de petróleo no Brasil. Responde tístico do Brasil, 1982, IBGE. car em outras atividades o capital necessário
ção do petróleo encontravam-se sobore por cerca de 40% do petróleo produzido no para a sua atividade principal.
Além da Braspetro, em 1967, foi constituí
gime de livre iniciativa
2:) A criação do Conselho Nacional do Petró
leo em 1938.
pais;
• bacia do Nordeste ou de Sergipe-Alagoas
é um prolongamento dos terrenos cretáceos
- do Recôncavo Baiano e produz cerca de 25%
do petróleo brasileiro;
da outra subsidiária da Petrobrás, a Petroqui
sa, com a finalidade de produzir, comercializar,
transportar e distribuir recursos para a indús

bacia do Espírito Santo -localizada ao norte
desse Estado, produz cerca de 8% do total tria petroquímica (borracha sintética, fibras
MARAJO-AMAPA sintéticas, solventes, fertilizantes, plásticos etc.).
brasileiro e data também do cretáceo;
MEDIO AMAZONAS
300 000

ALTO AAZONAS
km SAIX0 AMAZONAS
150.000 km?

SALINOPOLIS
AS BACIAS SEDIMENTARES I
AS AREAS DE CONTRATO DE RISCO •
-
plataforma continental destacando-se as
plataformas continentais de trechos do lito
A expansão da Petroquisa levou-a ainda for
mar várias empresas subsidiárias.
a

BRAGANÇA
VIsEU ral da Bahia, Sergipe, Rio de Janeiro (Cam Atualmente, a Petrobrás é um dos maiores
conglomerados industriais do mundo. Possui
5000
aO LUI5
pos), Ceará, Rio Grande do Norte e Espírito
mais de 40.000 empregados e interesses em 37
15.000 km² BARREIRINHAS
13.000
kTIGUAR Santo. empresas de vários países do mundo. Contu
2
Além das bacias sedimentares citadas, res
MARANHAO so0 km2

do, ainda lhe resta um grande desafio, que éo


700.000 kmt
PESSOA
ponsáveis pela produção de petróleo no Brasil,
RECIFE -JOAO
TUCANOJATOBA de tornar o Brasil auto-suficiente na produção
14 000 km? outras estão sendo prospectadas pela Petrobrás,
SERGIPE- ALAGOAS além de váios trechos da plataforma conti de petróleo.
10.000 km²
ACRE
RECONCAVO
11500 km
nental.
Quanto às áreas de contrato de risco", fo
ALMADA
200 kn
JEOUITINHONHA
ram selecionadas em número de dez, sendo nove O refino eo transporte do petróleo
2.000 km na plataforma continental e uma na porção no Brasil
PARANA BAHIA SUL
ESPIRITO SANIO
1000 000 km continental, correspondendoà bacia do médio
Amazonas, conforme se pode observar no ma A refinaria de petróleo é uma unidade de
produço, onde se processa a fase inicial de tra
GAMPOS
pa anterior.
Terciário (306 500 km')
Tão logo a Petrobrás anunciou a nova tamento, realizando-se a separação dos inúme
Cretáceo (126200 kn)
orientação dada à prospecção petrolifera, no ros produtos dele extraídos: gasolina, querose
Paleozbica (2 800 00 k) Brasil, algumas empresas se apresentaram e as ne, óleo diesel, óleo combustível etc.
Areas de Contrato de Risco sinaram os primeiros contratos: Brasiléauto-suficiente no refino dos de
O

• British Petroleum, em novembro de 1976, que rivados mais utilizados. Entretanto, certos óleos
Fonte: O petróleo e a Petrobrás, editado pelo Servigo de Comuicação Social da Petrobrás, se instalou em uma das áreas da bacia de lubrificantes, gás liquefeito e outros produtos
ago, 1981. Santos; são importados.

234 235
Como pode ser observado pelo mapa, das refinado, do que transportar a grandes distân Tal situação começou a ser desencadeada
REFINARIAS DA PETAOBRAS em 1973. Até esse ano o mundo dispunha de
E PARTICULARES onzes refinarias em operação, nove são da Pe cias os seus derivados.
abastecimento de petróleo em abundância ea
e

trobrá,, além de duas em construção (São José Quanto ao transporte do petróleo bruto
de seus derivados, o mesmoérealizado sob três preço baixo.
dos Campos e Araucária), também pertencen
formas: navios, oleodutos ou gasodutose
ter
tes a essa empresa. Contudo, os países-membros da OPEP,
As refinarias particulares foram instaladas minais. como já foi citado anteriormente, tanto por ra
A Petrobrás possui vários petroleiros,
que zões econômicas como políticas, elevaram o
antes da lei de 1953, que instituiu o monopólio
fazem parte da Fronape (Frota Nacional de Pe preço do produto de USS 2,70 para US$ 11,20
estatal. Elas operam de acordo com normas fi pe
xadas pelo CNP, que respeitao seu caráter de troleiros), responsáveis pelo transporte do o barril (cada barril possui 159 litros), no ano
empresas privadas. Entretanto, a capacidade de tróleo bruto nacional importado. O transporte de 1973.
produção ou refino dessas refinarias particu é ainda complementado através de petroleiros Diante dos aumentos, a economia mundial
o Refinarias particulares
lares é bem menor que a da Petrobrás. fretados. ressentiu-se e, o que é pior, demonstrou a vul
Refinarias da Petrobrás Pela própria natureza do produto, não exis Para os navios petroleiros desembarcarem nerabilidade dos países importadores, cujas
te uma concentração das refinarias pelo espa o petróleo, ou serem carregados com o produ economias se assentam principalmente sobre
ço brasileiro. É mais fácil transportar o petróleo to no porto, este precisa possuir instalações pró essa fonte de energia.
139
bruto para um certo ponto do território, eaí ser prias, isto é, terminais maritimos. Eles ligamo Desde 1973, a OPEP aumentou os preços
cru do petróleo várias vezes. Tendo por base o ano
litoral com os campos de produção de óleo
ou com as refinarias, através de oleodutos. de 1973, em 1983 o barril de petróleo custava
1-Ref. de Manaus (AM) cerca de 12 vezes mais.
2aoc e
Abes (Matarioe-BA) Entretanto, mesmo com as sucessivas al
4-Ref. Gabriel Passos (Belo Horizonte-MG)
5- Ref. Duque de Caxias (Duque de Caxias-RJ) Acrise do petróleo no Brasil deriva do tas do preço do petróleo, os países desenvolvi
DS losé dos Campos (SP) modelo de desenvolvimento implantado dos possuem grande capacidade de recupera
8-Ret. Pres ção, fato que não ocorre com os subdesenvol
Bernardes (Cubatão SP)
9Ref União (Capuava-SI
Pauiinia-SP)
11-ReAo Todos nós estamos assistindo à crise ener vidos, principalmente aqueles que não possuem
12-Ret Alberto Pasqualini (Canoas
petróleo em quantidades suficientes para asse
RS)
13- Ref Ipiranga (RS) gética mnundial ou à
crise do petróleo, como já
se tornou comum falar. gurar o seu desenvolvimento, mas que têm as

Fonte: Petrobrás
O PETRÓLEO NO MUNDO
As refinarias que operam no Brasil são em
número de onze, além de mais duas que estão
sendo construídas, uma em São Josédos Cam
pos (SP) ea outra em Araucária, no Estado do Ceculo Polar Artico.
Plataformas marítimas da Petrobrás em operação na ba
Paraná. cia de Campos, litoral do Rio de Janeiro. CANADA
UNIAO sOVIETICA CHINA
PERFIL DO OLEODUTO RIO-BELO HORIZONTE (365 km)
oIDENTAL
Horizonte
hJAPAO
EUA

Tropico de Cancer
1.200
Belo MEXICo
ORIENTE
000 MEDIO
Equador
800

600
Tropica
ann de Caoricónie
AUSTRALUA

200

Principais produtores
Paises auto-suficientes
Grandes exportadores
km 0 Paises importadores perma
permanentes
120 160 200 240 280 320 360 Paises importadores e produtores secundários
Clrcula.Polar Antártica

Fonte: revista Petrobrás, n. 247, jan./fev. 1977.

236 237
suas atividades econômicas dependentes em Em 1973, a importação de petróleo atin
co vezes mais energia que a ferrovia. No trans • incrementar o desenvolvimento ferroviário;
larga escala dessa fonte de energia. gia a cifra de 1 bilhão de dólares e representava
O Brasil coloca-se no grupo de paises cuja 16% do valor total das importações. Em 1974, porte de passageiros, o sistema rodoviário aproveitamento mais racional do carvão ve
atividade econômica está assentada largamente passou a 3,2 bilhões de dólares, representando participa em 90%; getal e mineral;
na utilização do petróleo. 25% do valor total das importações. E com os intensificar aprospecção do subsolo brasilei
ro na busca do petróleo, pela Petrobrás e pe
aumentos sucessivos do produto, o seu "peso'" DESLOCAMENTOS DE CARGA SEGUNDO
na balança comercial do Brasil tem-se tornado O TIPO DE TRANSPORTE 1982 lo sistema dos "contratos de risco";
Em 1940, Em 1977, • maior aproveitamento do potencial hidre
maior conforme demonstra o gráfico. Navegaço
do total de energia
consumida no país,
do total de energia
consumida no pais,
Em vista dessa situação, novas fontes de
energia substitutivas do petróleo estão sendo
Países Rodovia Ferrovia costeirae
fluvial
létrico;
• criação da CNE
Energia
-
Comissão Nacional de
em julho de 1979, como órgo
procuradas, seja no álcool, na mandioca, no eu coordenador e orientador da política energé
25% 50% 25%
calipto, no carvão mineral, na energia solar e E.U.A.
Alemanha 18% 53% 29% tica do país.
O petróleo o petróleo outras. E esse o caminho que o Brasil tem pro
Japão 200 38% 420 Ve-se, assim, com essas considerações, que
curado. Infelizmente, isso já deveria ter sido fei França 28% 55% 17% estamos pagando um pesado tributo, principal
to muito antes de atingir o ponto crítico em que U.R.S.S. 49% 83% 13%
representou 9o. representou 42%. mente a classe despossuída oumenos favoreci
nos encontramos.
Brasil 750 13% 997 da, à relutância brasileira em buscar, há mais
Assim, considerando-se: Outros fatores também pesam na explica tempo, fontes alternativas de energia e de ter
• as elevações constantes do preço do produto ção da crise de energia no Brasil e na necessida construído sobre o petróleo o modelo de indus
no mercado mundial; de da busca de outras fontes substitutivas: TONELADAS POR QUILÔMETRO COM UM
LITRO DE ÓLEO DIESEL: trialização, além da política rodoviária implan
• a grande dependência da economia brasilei • desde 1957, no Brasil, foi dada ênfase signi tada e reafirmada no país nos últimos anos.
o caminhão com I litro de óleo diesel transporta
ra em relação a essa fonte de energia; ficativa à indústria automobilística e ao de por km uma carga de ..... .....30t
• a necessidade de importações maciças; tem senvolvimento do transporte rodoviário, em a ferrovia com 1 litro de óleo diesel transporta
se observado que na balança comercial do
Brasil o petróleo tem apresentado, a cada ano,
detrimento do ferroviário, como atestam os
dados a seguir comparados a outros países,
por km uma carga de
a hidrovia com litro de óleo diesel transporta
1

por km uma carga de


125 t O
PROÁLCOOL PROGRAMA -
um maior ônus ou peso. lembrando que a rodovia consome quase cin 575 t
NACIONAL DO ÁLCOOL
•o consumismo em grande escala de produtos
manufaturados à basede derivados. dopetró Programa Nacional do Álcool
O
- Proál
criado em 1975, pelo governo fede
O PESO DO OLEO NA BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL
leo, como o plástico, por exemplo, substituin cool-foi
para crise do petróleo, buscan
à

e participação. em ,
(importações e exportaçôes brasileiras, em USS bilhão,
do petróleo nas importaçöes)
16,0
do a madeira, o vidro e a borracha natural,
fruto do processo de imitação dos padrões de
ral, fazer frente
do-se assim uma fonte alternativa de energia.
consumo de países desenvolvidos; Foi implantado em zonas agrícolas já possui
• a internacionalização das técnicas de produ doras de usinas de açúcar, com a explicação de
13,6| 14.0 que não haveria tempo e dinheiro de montar no
ção segundo os modelos de paises norte-ame vas usinas e realizar plantações de cana em re
12.6 12,4 12,6
12,2 12,0|12,1 ricanos e europeus, que há tempos desenvol giões de solos menos férteis. O Proálcool foi
veram métodos de produção calcados na uma iniciativa que beneficiou largamente as usi
10,1 energia fornecida pelo petróleo, exportando nas de açúcar e de álcool que operavam com
eimplantando tais métodos em países desen capacidade ociosa e que sentiam a baixa da co
8.7 volvidos; tação do açúcar no mercado internacional.
7,9
• atimidez ou relutância deváriospaíses, no ca A meta inicial estabelecida pelo Proálcool
6,26,2
7.5 so também o Brasil, em assumir liderança no foide 10,5 bilhões de litros de álcool em 1985.
47%
desenvolvimento de tecnologias de energia. Mas essa meta já foi transferida para 1988/89.
3,9
Para enfrentar o problema dos altos cus Até o ano de 1979 o Proálcool desenvolveu
3,5
3,7 29% tos de petróleo na economia brasileira, algumas se lentamente, aproveitando as destilarias ane
3,2 3,2 31%
25% 26% 28% medidas foram tomadas e outras são aponta xas às usinas de açúcar. Mas, a partir da Guer
das como necessárias por especialistas no setor: ra entre
Irãe Iraque, iniciada em 1979, e a
• criação do Programa Nacional do Alcool ameaça de interromper-se o abastecimento de
petróleo, realizado por esses países ao Brasil,
1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979
(Proálcool) em 1975, que tem por meta pro
duzir o álcool combustível (o etanol) para o Proálcool tomou um novo impulso, e a inds
importagbes
Exportaçóes Petróleo
Estinativa atender à procura adicional de gasolina nos tria automobilística apressou-se em apoiá-lo,
próximos anos e abastecer cerca de 2,5 mi pois viu nele o caminho para a sustentação de
Fonte: revista Veja, n. 565, 4 jul. 1979; e Anuário Estatístico do Brasil, 1981 e 1982, IBGE. suas vendas. Foi, então, a partir de 1979, que
Ihões de veículos com motor a álcool;
238 239
minhões, tratores e ônibus. Em vista dissO. latifúndio) e na monocultura. Em vista disso, Apesar de providências e a exigência do
o programa estálonge de ser o suporte de constitui-se num instrumento de pressão sobre
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO Proálcool que as usinas de cana adotem medi
DE ÁLCOOL energia do país, beneficiando notadamente o OS pequenos e médios proprietários que vendem
das de proteção ao meio ambiente, existem pro
rodoviarismo implantado no Brasil, a indús. as suas terras para as usinas ou as arrendam. blemas em relação ao vinhoto (resíduo da
Produção (bilhôesCrescimento tria automobilistica, as usinas produtoras de
Safra de litros) (%) produção de álcool). O vinhoto, apesar da exis
álcool e as fábricas produtoras de equipamen A UTILIZAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA tência de poços de decantação nas usinas, mui
75/76 0,6 tos para as usinas de álcool; tas vezesédespejado nos rios, constituindo um
• o Proálcool tem contribuído para a expulsão VOLANTE OU TEMPORÁRIA
17 (BÓIA-FRIA) NOS CANAVIAIS agente de poluição emorte dos peixes por asfi
76/77 0,7 de culturas de alimentos destinadas ao mer xia. Outras vezes éutilizado como fertilizante,
77/78 1,5 114 cado interno. Na cultura da cana-de-açúcar são reprodu pois érico em potássio. No entanto, a sua efi
2.5 67
Já estudamos anteriormente esse fato. Vimos
que a årea cultivada de cana-de-açúcar no zidas as injustas relações de trabalho ou de
pro cácia, in natura, como adubo ainda é discuti
78/79 da. A sua industrialização para transformação
dução existentes na agricultura brasileira. O
79/80 3.4 36 Brasil ampliou-se, no período de 1970a 1982 trabalhador dos canaviais, o bóia-fria, como é em fertilizante, segundo os conhecimentos
em 49%, enquanto a ampliação da área cul
9 denominado em São Paulo, ou o "trabalhador atuais, apresenta-se com um custo elevado.
80/81 3,7 tivada de arroz foi de 20%, a de feijão 18%, de fora' ou "clandestino", comoéchamado no Após essa abordagem, percebe-se que o
a de milho 11% e a de mandioca 2,5%. Proálcool deve ser ajustado às reais necessida
81/82 4.2 13
Nordeste, são submetidos a um trabalho exte
No Estado de São Paulo, em apenas sete anos des do país e não continuar sendo um progra
nuante, recebendo o pagamento por tarefa exe
82/83 5,5 31 (de 1974a 1980), verificou-se uma grande ex ma destinado a diminuir o consumo de gasolina
cutada e muitas vezes sem a proteção da
e do pansão da cultura de cana-de-açúcar em áreas legislação trabalhista ou sem direito aos bene em carros de passeio e não nos veiculos pesa
Fonte: Instituto do Açúcar Álconl
antes ocupadas por pastagens ou outras ficios sociais. Para cumprir a tarefa do corte de dos (caminhões, ônibus e tratores), benefician
culturas. cana e paragarantir um ganho mínimo neces do, desse modo, a indústria automobilística e
o Proálcool entrou na fase das destilarias au Percebe-se pelos dados da tabela a "corri contribuindo para areafirmação da grande pro
sário paraa sua sobrevivência e de sua família,
tônomas, montadas com a finalidade de pro da" em direção à cana-de-açúcar e a substitui o trabalhador utiliza a força de trabalho de seus priedade rural e para a expulsão do homem do
duzir álcool. ção de outras atividades pelo seu cultivo. Com campo e das culturas alimentares.
O Proálcool constitui uma iniciativa bas isso, a agricultura de produtos alimentares con filhos menores.
Essa orientação atende, como se vê, o mo
tante polêmica no Brasil. Muitas vozes criticam tinua sendo, como no período colonial, um delo econômico seguido no país, cuja preocu
o programa, discutindo vários aspectos: apêndice da política agrícola e agora da políti O DESEQUILÍBRIO ECOLÓGICO, A
DO SOLO E A pação está voltada para a produção de
• oálcooléum substituto para a gasolinae não ca energética. MINERALIZAÇÃO
mercadorias para uma minoria da população,
para o diesel; POLUIÇÃO COM A CULTURA E A enquanto a grande maioria não possui omíni
o engenheiro e empresário Jaime Rotstein, A REAFIRMAÇÃO DA "PLANTATION" INDUSTRIALIZAÇÃO DA mo para subsistir de forma digna.
afirma que o álcool é o combustível certo COM O PROLCOOL CANA-DE-AÇÚCAR
no veículo errado", ao criticar a orientação
do programa de produzir um substituto para O Proálcool assenta-se sobre o modelo de Especialistas apontam para esses inconve
a gasolina, para os carros de passeio e não um grandes lavouras (plantations), constituindo nientes, afirmando que os mesmos poderão sur TEXTO PARA LEITURA E

substituto para o óleo diesel utilizado em ca se numareafirmação da grande propriedade (o gir caso não se tome providências adequadas.
E uma prática comum o uso da queimada
DISCUSSÃO
do canavial para a retirada das folhas, a fim de
ATIVIDADES SUBSTITUÍDAS PELA LAVOURA CANAVIEIRA aumentar o rendimento do corte da cana. Com O poder das grandes empresas
EM ALGUMAS ÁREAS DO ESTADO DE SÃO PAULO ATÉ1980 as folhas, um trabalhador corta, em média, internacionais
quatro toneladas de cana por dia; sem elas, O
rendimento é de seis toneladas. Entretanto, a "Segundo conhecida anedota, o chefe do clã dos Roco
Atividade substituída Campinas Ribeirão kefeller e criador do império da Standard Oil dizia que
Bauru/Marília Preto queimada contínua destrói a microfauna e mi melhor negócio do mundo era uma refinaria de petróleo
croflora. A destruição desses elementos orgâ bem administrada. Perguntado qual seria o segundo me
Pastagens 71,30% 60,57% 63,94% nicos favorece a mineralização do solo, como lhor negócio do mundo, ele teria respondido que era uma
jå ocorreuem certas áreas da Baixada Flumi refinaria de petróleo mal administrada. O vulto gigantes
nense, na região da cidade de Campos (RJ), on co assumido pela economia do petróleo dá toda razão à

Produtos de anedota, principalmente se levarmos em conta um aspec


agricultura de exportação 8,76% 21,22% 3,830 de a produtividade de cana por hectare é to essencial da questão e que ela não menciona: o caráer
bastante baixa, cerca de 37 toneladas por hectare. altamente centralizado ou monopolista que a caracteriza.
Produtos agrícolas As lavouras extensivas provocam o rompi Para que se ténha uma idéia do poder concentrado nas
mento do equilíbrio ecológico. Ocorre a alte mãos das grandes empresas petrolíferas, basta dizer que
a r

alimentares destinados 19,94% 18,21% 32,230 as sete maiores, Esso, Shell, Mobil, Texaco, Gulf, Chevron
ao mercado interno ração do sistema de polinização com o e
British Petroleum, detinham, ainda em 1974, o controle
afastamento da fauna, possibilitando a ocor de mais de quarenta por cento do total do consumo mun
Fonte: Revista de Economia Rural, out./dez. 1981. rência de pragas e doenças. dial. Suas vendas, naquele ano, foram de mais de cento
e

240 241
CAPÍTULO 7
ras vào sendo desaproptiadas; as que ninda permanccem
vinte bilhões de dölares, ou seja, quinze vezes as cxporta
perdem as regalias totais de quc dispunham so precos
e submeti.
Bra
çoes brasileiras, quase duas vezes o Produto Nacional
das à politica comum acertada no scio da OPEP;
sileiro. c niveis de produção so fixndos pelos paíscs produtores
seu dominio jå cra fron
E isto numa época em que e não pelas empresas exploradoras.
mas
talmente contestado não apenas pelos paises socialistas
pela quase totalidade dos paises produtores de petröleo,
reunidos na Organização dos Paises Exportadores de Pe
Em outubro c dezembro de 1973, logo cm scguida a
mais um conflito de grandcs proporçõcs entre árabes
raclenscs, o mundo acordou boquiaberto coma
c ie.
nova rea.
AS FONTES DE ENERGIA NO
tróleo (Ir, Iraque, Arábia Saudita, \Venczucla, ]Kuwait, Emi
lidade. Os preços do petróleo são multiplicados por quatro,
rados Arabes, Argélia, Indonsia, Libia, Nigéria que
ou ainda não auto-suficientes, comoo Brasil,
e Equador),

há al
por decisão unilateral da OPEP, cm dois aumentos succs
sivos. E, a0 contrário do quc acrcditavam ou mesmo de.
BRASIL (I): O CARVO
guns anos vem dando preferência às emprcsas estatais or a
ganizadas por aqueles paises na importaço de petrólco. fendiam os defcnsores da livre cconomia de mercado.
Na verdade, a eonomia do petrólo jå nasceu
forte tendência ao monopölio foi totalmente dominada
e
com decisão sem preccdentes foi mantida, a despcito das inú
meras manobrase pressôcs cxercidas sobre aqucles pafses.
Isto, entretanto, não quer dizer que a gucrra acabou,
MINERAL, O XISTO, A ENERGIA
termo oficial
pelas grandes companhias (na tradução do

HIDRELÉTRICA EA ENERGIA
as 'se mesmo no que se refere espccificamentc às regiðes produ
mente usado maior companics-para designar
toras comprecndidas no cartcl da OPEP, para não falar do
te irms') até o final da década de cingenta, quando
o

resto do mundo. O poderio das sete irms, ainda que rela


começaram a aparecer os primeiros sinais de maior entro
samento entre os paises produtores.
tivamente reduzido, ainda muito grande; por sua vez, os
paises produtores, além das dificuldades que terão que en
.Sempre que apareciam indicios fortes da existên
cia de petróleo, as grandes empeses entravam
em enten frentar para operar os campos e refinarias, não têm
escapar ao sistema de comercialização montado pelas ma
como ATÔMICA
dimento para estudar a melhor forma (para clas, é claro) jors, que 'dáa clas condições altamente favoráveis de aces
de sua erploração. Assim. no caso do petróleo da Argenti So aos mercados; finalmente, não está excluída a possibili
na e do Brasil, por erempla a Shei Tecebia' a Argentina
com o Brasil. dade de que os governos dos principais países consumido
G cm troca, a Standard icava' res de petróleo, os mais ricos do mundo, aleguem razões
Se, ao invés de apenas indicios, havia grande quanti
e ern condicöes de produ de estado ede segurança para combater a OPEP até no ter
dade de petróleo ja localizado reno militar.
e em
ção, cono aconteeria mais tarde. na Arábia Saudita Os lucros das sete grandes, que se mantiveram abai Estágios de formação do carvão
outros paises do Oiente Médio e da Africa, todas as gran xo da média de S bilhões de dilares nos três primeiros anos
O CARVÃO MINERAL
des podiam' opcra:, implicando isKO não choques
e na Venezuela,
e

da década, atingiram quase 8,8 bilhões em 1973 e pouco


mineral ou hulheização
disputas, como inha ocorido no México
menos de 11,7 bilhões em 1974. Ou seja, a alta de preços
mas qu2se associação ou mesmo constituindo uma sóem
não reduziu, mas, ao contrário, aumentou consideravel
A importância do carvão mineral O carvão mineral é uma rocha sedimentar
prese conjunta, como fariam 2s irmâs americanas na Aram
co (Arabian Ameican Oi Company), criada para explorar mente o lucro das majors. Sintomaticamente, o ano de 1971, de origem orgânica, ou seja, originário da trans
marcado pela primeira alta de preços do petróleo desde Foi, principalmente, a partir do século de vegetais que se desenvolveram em
o petróleo da Arábia Saudita formaço
Ocerto é que foram qu2se sempre infrutíferas as ten
1947, foi tarmbém um ano de lucros recordes, embora bem XVIII que o carvo mineral passou a ser a gran grande quantidade em certas regiões da terra,
abaixo do nível que seria registrado em 1973, quando os de fonte de energia industrial. Isso ocorreu em e
tativas de enfrentar o poderio das sete irms.
.A preços já haviam dobrado em comparação com 1970
e
principalmente na era Paleozóica (Inferior Su
década de sessentz, no entanto, seria caracteri 1974, quando se fizeram sentir os efeitos das altas de
ou virtude da invenção da máquina a vapor, apli
z2da nåo por 2contecimentos espaculares, e sim pela ma perior).
e
tubro dezembro do ano anterior. cada às indústrias, realizada por James Watt, Em virtude de instabilidades geológicas ou
turação lenta de urnidade dos paises produtores. Fundada
Não há como supor, portanto, que o aumento verti em 1769, e pela descoberta, em 1780, do pro
em 1960, 2 Organização dos Paises Exportadores de Pe
cal nos preços do petróleo tenha prejudicado a posição
eco
cesso de redução do minério de ferro pelo co de transgressões e regressões marinhas que
tróleo levaria dez anos parz dar os primeiros frutos signi ocorreram no Paleozóic0, muitas áreas de flo
ficativos. Nsse peiodo, é borm iembrar, quzse toda a Africa nômica das grandes empresas internacionais. Pelo que (residu sólido da destilação do carvão
, contrário, elas hoje são mais ricas do que háalguns anos. restas foram cobertas por sedimentos. Através
se tornou independente jé nos últimos anos, a crise do
Pela primeira vez na história do big business norte-ameri mineral empregado para alimentar os altos do tempo geológico, a madeira (celulose) das
Oriente Médio se tornou ao mesmo tempo cronica e ex cano, a General Motors foi derrubada do primeiro lugar fornos da siderurgia).
plosiva (a partúr de 1967, com a guerra dos seis dias, é fe na lista das maiores empresas do país e substituída pela Ex
áreas florestais sofreu transformações ao abri
chado o Canal de Suez, cncarecendo em muito os fretes Baseando-se nessas descobertas e nas suas go do are sob a influência da atividade bacte
xOn, novo nome dado à Esso. E as sete irmãs continuam jazidas de carvão mineral, a Inglaterra pôde rea
do petróleo). na lista das dez maiores empresas de todoo mundo. " riana, dando origem ao carvão mineral.
Desde o início da dtcadz de setenta, o cartel dos paí lizar a sua Revolução Industrial no século O processo de formação do carvão mine
SES Proautores passa 2 entrentar mais frontalmente o
mo
(Fausto Cupertino, Os contratos de risco e XVIII, seguida por outras nações no século se e
nopólio sete irmžs. As empresas nacionais que alguns a Petrobrás (o petróleoDé nosso, o risco é de
é ral ou hulha recebe o nome de hulheização exi
países já tinham críado na décade enterior adquirem sig les?), São Paulo, Civilização Brasileira, 1976, guinte. ge longo tempo geológico.
p. O carvomineral constitui a fonte de ener
nificado muito maior; um2 2 uma, 2s empresas estrangei 99-108.) São estes os estágios de formação:
gia de diversas formas de indústrias metalúrgi
cas e cerâmicas, é utilizado nas caldeiras de
VOCABULÁRIO
navios e de locomotivas, fornece o coque que madeira turfa linhito hulha antracito
Geofisic0: relativo à Geofísica, ciência que in Subsidiária: empresa controlada por outra, a alimenta os altos-fornos das siderurgias, é uti + %C
vestiga os fenômenos fisicos que afetam a qual detém o total ou a maioria de suas lizado no aquecimento de residências, é com
Terra; Fíisica terrestre. ações. bustível nas usinas termelétricas, produz o gás
Hidrocarboneto: composto constituído por Tectonismo: movimentos lentos e prolongados de uso doméstico, além de fornecer inúmeros Cada um desses estágios apresenta uma
carbonoe hidrogênio. da crosta terrestre que provocam deforma produtos para a indústria química (carbo certa modificação quantitativa na composição
Sancionar: confirmar, aprOvar. ções nas rochas. química). química, que é demonstrada na tabela seguinte:

242 243
O
carvão mineral no Brasil Como pode ser observado no mapa, na Na cidade de Tubarão, o carvão mineral é
parte oriental da bacia do Paraná, encontra-se beneficiado, obtendo-se o carvão metalúrgico.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA MDIA DOSs
uma larga faixa de terra que se convencionou
CARVÕES EM % A produção é escoada pela E. E Teresa
Afirmou-se, durante muito tempo, qe o chamar "Cinturão Carbonífero do Sul do Bra
carvão mineral no Brasil apresenta certos incon e se
Cristina, atéos portos de Henrique Laje (Im
Estágios H N sil". Apresenta a forma de um grande "S", bituba) e Laguna, no litoral catarinense, e daí
venientes, como a alta percentagem de cinzas estende do sul do Estado de São Paulo, cruzan étransportado pelos navios da Cia. Siderúrgi
Madeira 48 43 1
eclevado teor de enxo fre. Contudo, cumpre res San
do transversalmente os Estados do Paraná, ca Nacional até Angra dos Reis, para ser leva
6
Turfa 55-60 34-39
1
saltar que tais "inconvenientes" decorrem do ta Catarina e Rio Grande do Sul, atingindo o do atéa Usina Siderúrgica Presidente Vargas
Linhito 66-70 25-30
Hulha 80-90 4-6 6-14 1 fato de que os altos-fornos existentes no Brasil município de Bagé, na fronteira com a Ar (Volta Redonda, no vale do Paraíba) e para a
Antracito 94-96 3 2-3 traços são copiados de modelos usados no exterior, de Usiminas (MG) e Cosipa (SP).
gentina.
paises que possuem carvões de alta qualidade. Entretanto, as jazidas de carvão adequa Na Região Norte e Nordeste (bacia sedi
Cada um dos estágios é caracterizado por Diante disso, torna-se necessário desenvolver do para ser beneficiado e produzir carvão
me. mentar da Amazônia), constataram-se no alto
um periodo da coluna geológica, isto repre tecnologias próprias para o melhor aproveita talurgico para a indústria siderúrgica são as
Amazonas (rio Solimões, nas fronteiras do Pe
senta o periodo em que ocorreu o inicio da mento e utilização do carvo nacional e não re no car ru e Colômbia) leitos de material carbonoso,
localizadas Estado de Santa Catarina. O
transformação dos restos vegetais. Assim, jeitá-lo, notadamente agora, diante da crise do vão dos outros Estados do Sul destina-se, prin como também na bacia do rio Xingu, no sul do
temos: petróleo. Tal propósito faz parte dos planos do cipalmente, para servir como combustível nas Pará. Entretanto, as pesquisas realizadas mos
• A turfa é o carvão menos transformado. governo, haja vista o incentivo às pesquisas
centrais termelétricas a vapor (é o carvão traram tratar-se de ocorrências sem valor eco
Contém estos de vegetais não transforma cientificas voltadas para o carvão nacional, a vapor) nas estradas de ferro e em alguns tipos nômico.
dos, possui pequeno poder calorifico e não modernizaço dos equipamentos de mineração de indústrias. Na bacia sedimentar do Meio-Norte (Ma
é utilizada como fonte de energia pela indús e outras providências.
No Rio Grande do Sul, as principais jazi ranhão e Piaui) também foram constatadas
tria. Em algumas regiões frias epobres, a tur A principal região produtora de carvão mi
das localizam-se em Butiá, Charqueadas, Ba ocorrências de carvão, mas sem significado eco
fa é utilizada como combustivel doméstico. neral no Brasil éa Região Sul. Ë nessa região gé, Candiota e Hulha Negra. nômico. No entanto, deve-se lembrar que as pes

Eo estágio mais recente, pois data do Qua que se localiza a principal área de ocorrência A produção do Paraná é modesta quando quisas deverão prosseguir.
de carvo mineral no Brasil, na bacia sedimen
ternário. comparada à de Santa Catarina e Rio Grande
•O linhito constitui um estágio mais adianta tar do Paraná. Essa bacia é caracterizada por do Sul.
do que a turfa. sedimentos continentais e nela destacam-se os O Estado de Santa Catarina é o principal
Possui grande teor de umidade, fato que pre terrenos permo-carboníferos (periodos geoló
produtor de carvão mineral no Brasil. A sua
judica oseu poder calorifico. Em geral, a sua gicos da era Paleozóica). produção corresponde a 80% do total produ
formação data geologicamente da era Meso zido no pais, destacando-se os municipios de
zóica e do periodo Terciário.
O XISTO
Criciúma, Lauro Müller, Siderópolis, além de
• A hulha ou carvão de pedra, geralmente de outros, localizados nas bacias dos rios Tuba
signada pelo nome de carvão mineral, data rão e Araranguá. O xisto betuminoso ou, mais corretamen
do Paleozóico, ocorrendo também em terre te, o folhelho pirobetuminoso é uma rocha se
AREAS DE OCORRENCIA DE CARVÄO NO BRASIL
nos meso0zóicos e terciários. Não se distin dimentar, impregnada de hidrocarbonetos.
guem na hulha, a olho nu, vestígios de origem Assim sendo, o alor do xisto decorre do fato
vegetal. BRASIL: CONSUMO DE CARVÄO
de poder fornecer óleo mineral e gás natural,
•O antracito data do Paleozóico. É Conside MINERAL (1982) uma vez industrializado.
rado o melhor carvão mineral, pelo fato de MANAUS
ORTAEZA
O
Brasil possui grandes jazidas de xisto, si
TERE ZNA
possuir na sua composição química grande OFSSOA tuando-se entre as maiores do mundo. Várias
quantidade de carbono, o que lhe dámaior OPORTO VELHO dRECIFE
MACEIo
ocorrências já foram verificadas: vale do Pa
poder calorífico. E muito usado no aqueci PARACAJU
raíba do Sul e nos terrenos permianos do Sul
do Brasil, desde o Rio Grande do Sul até São
LVADOR
mento doméstico porque queima sem cha cuIABA BRASIIA 24%
mas fuliginosas e sem o mau cheiro outros Paulo, na bacia sedimentar do Paraná.
de HORIZONTE

carvões. Telula
TORIA
51% Entretanto, devido à proporço relativa
ui GrooPAULO
ghio D JANEIRO
mente pequena de óleo mineral que pode ser
tunITIBA
O carbono tem 7.860 calorias, e o hidro ae FLORIANOPOLIS 25% extraida desse material, estudos estão sendo
gênio puro, 34.190. Assim sendo, quanto ORTOALE GRE Glacia realizados para avaliar a viabilidade econômi
maior for a quantidade de H num com Ooetoentai Marinhe ca de sua exploração. Para tanto, foi montada,
bustível, melhor será a sua qualidade. O em São Mateus do Sul (Paraná), a usina-piloto
alto teor de H nos combustíveis líquidos de Irati. Realizados os estudos, e apreciada a
Siderúrglcas
e gasosos justifica o seu
maior poder ca
Outros viabilidade econômica do projeto, a Petrobrás,
lorífico, em relação aos carvões. (a quem coube os estudos) deverá produzir 50
Fonte: Eng, Benjamim Mário Batista, Conjuntura do Termelétricas
vo Mineral no Brasil, in Brasil Potência, p. Car mil barris diários de petróleo, a partir do xisto.
139,

244 245
ENERGIA ELÉTRICA NO
A
Contudo, foi no ano de 1889 que se insta
BRASIL lou no Brasil, em Juiz de Fora (MG), no rio Pa • incorporou as quedas-d'água ao patrimônio Em 1966, em vista da necessidade de um
raibuna, a primeira usina hidrelétrica para da nação; planejamento global que abrangesse o Estaáo
serviço de utilidade pública. Além de abaste • atribuiu à União a competência de outorga de São Paulo, foi criada a CESP-Companhia
Histórico cer Juiz de Fora, essa hidrelétrica fornecia ele de autorização e concessão para o aproveita Energética de São Paulo que incorporou a
tricidade para uma fábrica de tecidos. mento da energia hidráulica para uso priva Celusa, a Uselpa, a CHERP e outras.
Em 1871, setenta e um anos depois de Vol
Nos anos que se seguiram, a instalação de tivo ou serviço público; Outras iniciativas importantes para o se
ta ter identificado a energia elétrica, o eletri usinas de eletricidade se multiplicou pelas ci • iniciouanacionalização dos serviços, restrin tor foram tomadas:
cista belga Gramme construiu a primeira má dades brasileiras, e ocorreu a concessão de ex gindo sua concessão a brasileiros ou empre • criação do Ministério das Minas e Energia em
quina de corrente contínua. sas organizadas no país, ressalvando os di 1960, ficando este com a responsabilidade da
ploração da energia elétrica a companhias
Em 1879, Thomas Alva Edison construiu estrangeiras, destacando-se entre essas a Light reitos adquiridos. política energética do Brasil, sendo a ele in
a primeira central elétrica, para o serviço p e a Amforp. Em 1939, foi criado o Conselho Nacional tegrados o Conselho Nacional de Águas e
blico de distribuição de energia elétrica na ci No ano de 1889, formou-se ogrupo Light, de Águas e Energia Elétrica que, juntamente Energia Elétrica (CNAEE), extinto em 1967,
dade de Nova York. na cidade de São Paulo, com o nome de The com a Divisão de Aguas do Departamento Na a Comissão Nacional de Energia Nuclear
Como conseqüênciado interesse que oim São Paulo Railway, Light and Power Co. Ltd., cional de Produção Mineral, atuou como ór (CNEN) eo Departamento Nacional de Pro
perador Pedro II demonstrava em relação às in eno ano de 1905 formou-se TheRio de Janeiro gão normativo e fiscalizador da atividade de dução Mineral (DNPM), com sua Divisão de
venções e descobertas cientificas, foi inaugu energia elétrica no Brasil, até 1960, quando foi Águas;
Tramways, Light and Power Company Limited.
rada em 1879 a iluminação elétrica da antiga Em 1901, em um trecho do rio Tietê, na lo criado o Ministério das Minas e Energia. • criação das Centrais Elétricas Brasileiras (Ele
Estação da Corte (hoje Estação D. Pedro II) da calidade de Santana do Parnaíba, próximo a No período compreendido entre 1943 e trobrás) em 1961, no governo do presidente
E.
F. Central do Brasil, substituin do os 46 bi 1953, a capacidade instalada de energia elétri
cos de gás que iluminavam essa área. Logo em
São Paulo, a Light inaugurou a sua primeira Jânio Quadros (o projeto ficou sete anos no
usina hidrelétrica (Usina Parnaíba), cuja cons ca cresceu apenas em 1,95o ao ano eo consu Congresso Nacional, pois tinha sido envia
seguida, em 1881, efetuou-se a iluminação elé trução durou apenas dois anos. A capacidade mo em 2,560. Tal situação conduziria o Brasil do pelo Presidente Getúlio Vargas, em 1954).
trica do campo da Aclamação (praça da Repú da usina era de 2.000 kW, considerada excep a uma crise
de energia elétrica caso não fossem
blica) no Rio de Janeiro, fornecida por um A Eletrobrás é atualmente uma sociedade
cional para a época eabastecia a cidade de São adotadas medidas eficazes. de economia mista que planeja, financia, coor
locomóvel com dois dínamos. Diante desse quadro, e em vista dos limi
Em 1883, a cidade de Campos (RJ) tornou Paulo, que contava 240 mil habitantes. dena e supervisiona os programas de constru
Posteriormente, várias outras unidades ge tados recursos financeiros da União, em 1953 ção, ampliação e operação dos sistemas de
se a primeira cidade do Brasil e da América do foi proposta ao Congresso Nacional a criação
Sul a receber iluminação pública elétrica. Era
radoras de eletricidade foram construídas, des geração, transmissão e distribuição de energia
tacando-se a Usina Henry Borden (Cubatão, do Fundo Federal de Eletricidade, constutuí elétrica no Brasil.
uma termelétrica acionadora de três dínamos, do pelo Imposto Único sobre Energia Elétrica
com potência de 52 kW, fornecendo energia pa SP), aproveitandoo desnível da serra do Mar. Nos últimos anos, a Eletrobrás acelerou o
Foi inaugurada em 1926, com capacidade de (IUEE), arrecadado nas próprias contas dos desenvolvimento da produção de energia elé
ra 39 lâmpadas de 2.000 velas cada uma. usuários de eletricidade, com a finalidade de
ano de 1892 marca no Brasil o primeiro 28.050 kWe de lápara cá foi ampliada diver trica no país, através da construção de várias
financiar a expansão do setor de energia elétri
O

sas vezes. usinas e outras em construção, além de ter ad


aproveitamento hidrelétrico, embora para uso Em 1924, instalou-se aqui o grupo norte ca. Além do IUEE, foi criado, posteriqrmente,
quirido as ações de concessionários estrangei
privado. Trata-se do aproveitamento do ribei o
empréstimo compulsório, dotandoo gover ros. Foi esse o caso da compra da Amforp, da
rão do Inferno, afluente do rio Jequitinhonha, americano American Foreign Power Company no de maiores recursos de capitais para o setor.
em Diamantina (MG), fornecendo eletricida (Amforp), atuando inicialmente no interior do Bepco (Brazilian Electric Power Co.) e do gru
Estado de São Paulo, na zona do café, dando Na década de 1950, e mesmo antes, O go po Light.
de para a mineração. origem à Companhia Paulista de Força e Luz. verno federal e os governos estaduais passaram
A Amforp ampliou-se consideravelmente, atra
a ter
maior participação na produção de ener
vés da compra do controle de diversos conces gia elétrica, em vista das necessidades crescen
sionários já existentes emn várias capitais e ci
tes do país em eletricidade. Potencial hidrelétrico e potência ins
dades do Brasil. Assim, várias empresas foram organizadas: talada

Até1930, os contratos de concessão de ex CHESF– Cia. Hidroelétrica do São Fran
cisco, em 1945;
ploração de energia elétrica eram firmados com Jásabemos que o Brasil não é aut0-sufi
os municípios. Com a revolução de 1930, Var • Cemig-Centrais Elétricas de Minas Gerais ciente na produção de carvão mineral e petró
gas e seus ministros procuraram dar uma nova S.A., em 1952; leo. Entretanto, o potencial hidrelétrico brasi
regulamentação. Assim, em 1934 foi aprovado leiro é um dos maiores do mundo. Segundo os
• Furnas, em 1957;
o Código de Aguas (lembre-se do Código de últimos estudos elaborados, o potencial hidre
Minas, que já estudamos), que desde 1907 ti • Uselpa – Usinas Elétricas do Paranapane létrico brasileiro é somente superado pelo da
nha sido proposto ao Congresso Nacional, e ma, em 1953; China e da U.R.S.S.
que levou quase trinta anos para ser aprovado. • Contudo, quanto ao seu aproveitamento,
CHERP. Cia. Hidroelétrica do Rio Pardo; ocupa o sétimo lugar no mundo, situando-se
O Código de Aguas, de 1934:
•separou a propriedade das quedas-d'água das Celusa Centrais Elétricas de Urubupun abaixo dos E.U.A., do Canadá, da U.R.S.S., do
Bonde do início do século, no Rio de Janeiro. terras em que elas se encontram; gá S.A., e outras. Japão, da Noruegae da China.
246 247
Foi somentenos últimos anos que opoten
a vantagem da redução do custo de construção Produção de origem hidráulica e elétrica. Sabe-se que existe um subaproveita
cial hideletrico brasileiro começou a ser ver
e do menor custo do quilowatt, Desse modo, térmica mento dessa fonte de energia para produção de
dadeiranmente conthecido, em vista dos estudos o potencial hidrelerico brasileiro pode ser su energia elétrica, pois calcula-5e o seu aprovei
realizados, principalmente nos rios amazòni perior a 400 milhòes de kW. A produção de energia elétrica no Brasil
&
tamento em apenas 4%.
COS, até então pouco conhecidos sob eSse
as Percebe-se assim que as possibilidades bra
basicamente de fonte hidráulica. A sua parti
sileiras em produzir energia clérica såo enor
pecto, mes, compensando largamente a escassez do cipação é da ordem de 84l% edeverá manter-sea
Hå poucos anos, considerava-se que a ba por alguns anos (cerca de 20 anos) próxima
cia do rio Paran seria de maior potencial hi carvão mineral e do petroleo, até O momento. esse nível. O consumo de energia elétrica
drelétrico, compreendendo 57% do potencial Damesma forma, cumpre destacar que os
total do pais, avaliado,
emn 1973, em quase 8O rios do Brasil podem fornecer energia elétrica
POR SETORES
milhòes de quilowatts. abundante e a preço mais baixo (cerca de um
terço) que as usinas nucleares. Tal fato consti BRASIL:PARTICIPAÇÃO DAS FONTES
No entanto, em virtude das necessidades HIDRAULICA E TÉRMICA NA PRoDUCÃO Do total de energia elétrica produzido no
crescentes do Brasil em energia elétrica, e te tui, sem dúvida, uma segurança para o desen Brasil, são as atividades industriais as que apre
DE ENERGIA ELÉTRICA (1982)
mendo-se a falta da mesma para assegurar o volvimento do país, além de oferecer uma maior sentam maior consumo.
crescimento da economia, a Eletrobrás e suas independência em relação ao exterior, em vir A utilização de energia elétrica no país, por
subsidiárias intensificaram os estudos quanto tude de a tecnologia brasileira no setor hidrelé setores, está distribuída da maneira represen
ao potencial hidrelétrico brasileiro, visando a trico estar bastante desenvolvida. tada no gráfico que se segue:
mplantação de novas usinas. A demanda de energia elétrica no Brasil 16%

Atualmente, a Eletrobrås reconhece a exis tem apresentado aumentos significativos, Pa


su ra fazer face ao crescimento econômico do país,
tência no Brasil de um potencial hidrelétrico
perior a 200 milhões de quilowatts, incluindo-se
e
conseqüentemente, para atender ao crescen BRASIL: CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA - 1982
te consumo de energia elétrica, a Eletrobrás pos
ai a maioria dos rios amazônicos.
Entretanto, esse potencial pode ser maior suiestudos relativos à potência que deverá ser
84% Iluminação pública.
podares DOblicos
ainda, considerando-se que nem todos os rios instalada nos próximos anos, de acordo com a poder
e outras
brasileiros estão devidamente estudados e que, tabela que se segue: Rural 1.7%.
além do mais, não foi dada a devida atenção 10,3%
às pequenas quedas-d'água (de até 20 metros BRASIL: ENERGIA ELÉTRICA Térmlca
por exemplo). Especialistas no setor afirmam DE FONTE HIDRÁULICA Comércio
que o aproveitamento das pequenas quedas Hidráulica
12%

d'água, com a instalação de miniusinas, além Ano Potência instalada Indüstria


56%
de aumentar o potencial hidrelétrico brasilei Residência
ro em mais de 200 milhões de kW, apresenta 1978 25.000.000 kW e 20
A energia elétrica de fonte térmica, tendo
por base o óleo combustível, predomina na re
1979 28.000.000 kW gião amazônica e em locais onde, pelo isola
mento, faz sentido apenas o uso de pequenas
POTENCIAL HIDRELETRICO (200 MILHOES KW)
POTENCIA INSTALADA (31 MILHOES KW–1982) 1980 33.400.000 kW unidades de geração. Já em Belém do Pará e
Manaus existem centrais termelétricas de maior
1990 59.000.000 kW porte, utilizando o óleo combustível, o quere
presenta um ônus para a economia, em virtu
85.000.000 kW Realizando um balanço dos últimos anos,
149% 1995 de da "crise do petróleo". Para se ter uma idéia,
quanto ao consumo de energia elétrica por
se
a Usina de Manaus consome cerca de 140 mil o
120.000.000 kW tores, é a indústria que tem apresentado maior
2000 toneladas anuais de combustível, o equivalen crescimento, seguido pelo consumo residencial.
te a mais de 15 milhões de dólares.
2005 175.000.000 kW As centrais térmicas que usamo carvão mi
neral nacional localizam-se, principalmente, na
2010 200.000.000 kW Região Sul, perto das minas. ÉO caso da Sotel
ca, termelétrica localizada em Tubarão (SC) e POR REGIÕES DO BRASIL
Percebe-se por esses dados que não estarão muitas outras.
Potência instalada esgotadas as possibilidades brasileiras de pro A partir da crise do petróleo, novos estu Quanto ao consumo por regiões do Bra
dução de energia elétrica de fonte hidráulica no dos têm sido realizados quanto às possibilida sil,destaca-se o Sudeste, com cerca de 69% do
Potencial hidrelétrico a ser aproveitado ano 2010, em vista de o potencial ser bem supe des de mnaior aproveitamento do carvão nacio total, em 1982, restando 31%, queé consumi
rior a essas previsões. nal do sul do país, para a produção de energia do pelas demais regiões brasileiras.

248 249
Almirante Alvaro Alberto, com potência de
tencial hidrelétrico, lançou-se precocemente à O calor da Terra tem sido explorado há séculos-até
BRASIL: CONSUMO DE ENERGIA 3.116.000 kW. Esse conjunto é também conhe
construção de usinas nucleares, que exigem mesmo pelos romanos, que utilizavam água aquecida geo
ELÉTRICA POR REGIÕES (1982) cido como nome deAngra l, Angra IIe Angra termicamente para o banho. Hoje hácercade 20 usinas geo
grandes investimentos. Apontam, também, que
II. o custo do quilowatt de origem nuclear é cerca térmicas, desde uns poucos megawatts até 500 MW cada,
Região Consumo Para a cxecução do programa nuclear, fo de três vezes superior ao custo do quilowatt de
produzindo em conjunto cerca de 1,5 GW.
ram transferidas para a Nuclebrás Empre A energja geotérmica só pode ser utilizada quando
sas Nucleares Brasileiras S.A. em 1964, as origem hidráulica (cerca de 3 mil dólares o de está bem próxima da superficie terrestre, isto costuma ocor
Sudeste 69,0% fonte atômica e 1.150 dólares o de fonte hidráu rer en regiões vulcânicas ou de atividade sismica freqüen
atividades industriais do setor nuclecar. Assim te. Entre os que exploram atualmente a energia
13,500 foi conferido à Nuclebrás praticamente o mo lica). zeotérmica incluem-se os EUA.. a U.R.S.S., Nova Zelân
Nordeste
nopólio da rea nuclear: atividades das pesqui dia, Japão, El Salvador, México, Filipinas, Islândia, Itá
lia, França e Hungria.
Sul 12,5% sas minerais nucleares e sua mineração, benefi
Estes dois últimos países utilizam somente água quen
ciamento e metalurgia, construção e operação te para calefação. A maior parte dos outros empregam va
Centro-Oeste 3,0% de usinas nucleares, comercialização etc. por seco ou água superaquecida sob presso como fonte
Em seguida, em 27 de junho de 1975, os de energia para mover turbinas produtoras de eletricida
governos do Brasil e da República Federal da de. Estas são as formas mais fáceis de exploração da ener
Norte 2,0% TEXTO PARA LEITURA E gia geotérmica. No entanto, grande parte da energia está
Alemanha assinaram um Acordo de Coopera contida em rochas quentes na crosta. Se pudesse ser bom
Total 100,0% ção Nuclear, pelo qual se obteve a transferên DISCUSSÃO beada água fria nelas, a energia poderia ser explorada co
cia de tecnologia para a implantação de uma mo vapor ou água muito quente pressurizada. Esta técnica
Fonte: cálculos tendo por base o Amuario Estatistico do está sendo pesquisada, e, se der resultado, aumentará muito
industria nuclear autônoma, no Brasil. Energia geotérmica as fontes de energia geotérmica.
Brasil, 1982. As obras de Angra foram iniciadas e a pre Háainda muito campo para produção de energia
visão era de que Angra I entrasse em funciona "Cada metro quadrado da superficie da Terra irra geotérmica, principalmente na área desconhecida da ex
Essa distribuição do consumo de energia mento no terceiro trimestre de 1979; Angra II, dia constantemente cerca de 0,06 watts não o suficiente ploração de calor das rochas quentes e na utilização de enor
em maio de 1983, e Angra III, em outubro de mes reservas de água quente subterrânea, que poderiam
elétrica no Brasil refiete as diversidades econô para ser percebido por umn ser humano, maso bastante para
que em todo o planeta se percam cerca de 2,8 x 10* kWh ser empregadas para calefação e parao cultivo em estufas.
1984. Contudo, problemas surgiram retardan
micas regionais existentes no pais. Deixa claro por ano. Neste ritmo a Terra se esfriaria até atingir a tem Além disso, a energia geotérmica tem poucas desvantagens
a grande concentração das atividades indus do as obras, com0 a questo do estaqueamen peratura do espaço em apenas 200 milhões de anos. O fato do ponto de vista ambiental. Mas é um recurso tecnicamente
triais na Região Sudeste, além da densa rede ur to em virtude da existência de falhas geológicas de que a Terra já tinha 4.500 milhões de an os significa que
finito, por que a energia contida na crosta desaparece gra
no local, lençóis freáticos muito altos, mata a energia vem do seu interior, do aquecimento através da dualmente ao ser utilizada. Em média um poço pode pro
bana que conta com a energia elétrica e as ou duzir cerca de 5 MW, tendo uma vida útil de 10a 20 anos"
tras atividades. cões (grandes blocos de rochas) e outros mais. decomposição radiativa de certos isótopos nas rochas da
crosta terrestre. Por isso a energia geotérmica é na realida (Texto extraido da revista O Correio da Unesco, ano
Além dissa, deve ser ressaltado que, no con Na execução do programa das usinas nu
de outra forma de energia nuclear. 9, n. 9, set. 1981, p. 23.)
sumo de energia clétrica destaca-se o Estado de cleares, estão envolvidas várias empresas, estan
São Paulo, pois esse Estado consome cerca de do a Nuclebrás como acionista majoritária, as
38o do total da energia elétrica consumida no sociada a várias empresas alems.
A execução do projeto levantou no Brasil
pais.
várias vozes discordantes. Entre as várias cor VOCABULÁRIO
Usinas nu cleares rentes, destaca-se aquela que salienta queo Bra
sil, não tendo ainda aproveitado todo o seu po
Compulsório: que obriga ou obrigatório. Regressão marinha: abaixamento do nível das
Datam do ano de 1956 as primeiras tenta águas oceânicas.
Lençolfreático: é também denominado lençol
tivas no Brasil paraa implantação de centrais aquífero, lençol de água subterrâneo que se Transgressão marinha: invasão da zona costeira
nucleares de pequeno porte em Cabo Frio e forma em profundidade, ou rocha cuja per pelas águas oceânicas, causada pela variação
Mambucaba, no Estado do Rio de Janeiro. meabilidade permite a retenção de água, do nível entre as águas e terras. Admite-se
Entretanto, foi a partir de 1967, uma vez que ela é ocasionada pela fuso dos gelos
criado ogrupo de trabalho, formado por repre dando origem a águas interiores ou freáticas.
Locomóvel: máquina de vapor sobre rodas. acumulados sobre os continentes.
sentantes do Ministério das Minas e Energia,
Eletrobrás, Comissão Nacional de Energia Nu
ciear (CNEN) e Conselho de Segurança Nacio
nal, que o programa nuclear brasileiro começou
a ser definido.
Decidiu-se pela instalação da primeira cen
tral nuclear no Brasil, na praia de Itaorna, no
município de Angra dos Reis (RJ), seguida de
mais duas centrais no mesno local, O conjun
to passou a ser denominado Central Nuclear Usina Angra dos Reis

250 251
CAPÍTULO8
lariado, ocorrendo, assim, o início das relações De 1850 a 1900, a Revolução Industrial es
capitalistas entre os homens. palhou-se pela Europa, América e Asia. Paí
No século XVIII (1750), ocorreu a Revo ses como França, Bélgica, Alemanha, Itália,
Iução Industrial, com a utilização da máquina Rússia, E.U.A. e Japo começaram a industria
IMPORTNCIA DASA a vapor e de outros recursos descobertos. A Re
volução Industrial deu origem à indústria mo
lizar-se.
Esse segundo período da Revolução Indus
derna e ao capitalismo industrial, trial (1850-1900) apresentou um grande desen
ATIVIDADES INDUSTRIAIS E SUA No período de 1750 a 1850, a Revolução
Industrial ficou praticamente limitada à Ingla
volvimento nas técnicas de produção de merca
dorias. Surgiram o aço, a eletricidade, a gasoli
terra. Esse país desenvolveu a indústria têxtil, na, o motor de explosão, o telefone, o microfone,
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL com a introdução da máquina a vapor, inven
tada por James Watt em 1768, e começou a uti
a lâmpada elétrica, os pneus, a bicicleta, a má
quina de escrever e muitos outros.
lizar em larga escala o ferro eo carvão mineral, Os transportes terrestres e marítimos, com
surgindo daí várias indústrias siderúrgicas. a utilização da máquina a vapor, mais aperfei
Com a Revolução Industrial na Inglater çoada, desenvolveram-se rapidamente. O mo
ra, o modo de produzir mercadorias passou de tor de explosão deu origem à indústria automo
CONCEITO, EVOLUCÃO E artesanal para a produção em grande quanti bilística. Enfim, o desenvolvimento industrial
queima da madeirae do carvão mineral. Pos dade realizada nas fábricas. Com essa mudan foi magnífico.
TIPOS DE INDUSTRIAS teriormente, a descoberta e utilização de outras ça, as pequenas oficinas artesanais, não supor De 1900 até os nossos dias a atividade in
fontes de energia, como mecânica, clétrica, quí tando a concorrência das fábricas, começaram dustrial cresceu de forma impressionante, com
mica, solar e atômica, foi de fundamental im a desaparecer. Os artesãos foram-se transfor inventos einovações industriais. As técnicas de
Conceitoe evolução portância para o desenvolvimento da atividade mando em operários, passando da condição de produção têm sido aprimoradas através de uma
industrial. Foi importante porque a energia é trabalhadores independentes para a de assala intensa automatização. A produção é realiza
a capacidade que certoscorpos poSsuem depro
Indústria é uma atividade econômica que riados. Houve um grande crescimento urbano, da em larga escala. Grandes mudanças têm
duzir trabalho ou gerar força. e as populações migraram do campo para as ocorrido na vida do homem, nas relações en
visa transformar, com a ajuda de um cer
to trabalho, objetos brutos ou matérias Assim, na indústria moderna, as fontes de cidades. tre os países e nas relações dos homens entre si.
primas em objetos que tenham utilidade. energia substituíram em larga escala as energias
humana eanimal. Com isso, o homem, de
ar

tesão, passou a controlar as máquinas e a pro


De acordo com o conceito de indústria, a dução pôde ser realizada em série.
PROPAGAÇAO DA REVOLUÇAo INDUSTRIAL
N
transformação de matérias-primas se faz 'com Analisando ainda o conceito de indústria,
a ajuda de certo trabalho". podemos afirmar que a atividade industrial sur
Todo ser humano possui uma certa ener giu com o primeiro homem à superfície da Ter
gia fisica e mental, chamada força de trabalho, ra. O homem primitivo, ao lascar a pedra para
que é aplicada quando se realiza uma tarefa.
construir sua arma, estava iniciando uma ati
Assim, ao transformarmos uma matéria vidade industrial. Quando o homem retirou a
prima em objeto que tenha utilidade, estamos madeira da floresta ou usou a argila (barro) ou
gastando uma certa quantidade de energia fi ainda quando começou a utilizar o cobre e, em INGLATERRA
sica e mental na execução desse trabalho. seguida, o ferro (há4.000 anos), a fim de fazer RUSSIA
Portanto: objetos para seu uso, podemos também dizer ASIA
que tudo isso já representava uma atividade in ALEMANHA
ELGICA
Trabalhoéaquantidade de energia física dustrial. LUA ITALIA
e
mental empregada pelo ser humano na Essa atividade durante muito tempo foi so EOROPA
inANÇA

elaboração de mercadorias ou serviços. mente familiar. Cada família produzia objetos MAR
de que necessitava. Era a fase da indústria fa AEoITERAANEO CrJAPAO
miliar.
Com o tempo, ocorreu uma cetta especia
Evolução da atividade industrial lização através da divisão do trabalho. Com is ocEANO
so, surgiua indústria artesanale seu produto, AFRICA PACIFICO
Durante muito tempo o homem empregou o artesanato.
suaenergia muscular, passando, depois, a usar A principio, o artesão utilizava apenas a OGEANO
a energia animal. Mais tarde, a descoberta do sua mão-de-obra. Mais tarde, com a contrata INDICO

fogo levou-o a usar a energia calorifica pela ção de empregados, o trabalho tornou-se assa
252 253
Tipos de indústrias A
indistria de transformação de bens de Além da indústria doméstica, a esse tem A indústria do ferrotambém sofreu perse
produçãoétambém denominada indistria de po surgiram também os artesãos ambulantes, guição da administração colonial. É interessan
De um
modo geral, as industrias podem ser base, indistria pesada ou indistria de bens de que de porta em porta ofereciam seus serviços. te notar que essa atividade não era desenvolvida
equipamento. Esse tipo de indústria é de gran É caso dos ferreiros. na metrópole; no entanto ela sofreu restrições
o
divididas em:
de importância, pois exige técnicas avançadas Contudo, foi nos centros urbanos que vá em vista dos grandes lucros que seu comércio
e grandes capitais. rias atividades ou offcios surgiramn. Eles eram propiciava, além da temida independência eco
vegetal
organizados em corporações e sofriam o con nômica da colônia, que fatalmente conduziria
àindependência política.
extrativas trole governamental.
Além dos artesãos, o Brasil-colônia conhe Entretanto, em vista das grandes dificul
mineral ceu o desenvolvimento de várias atividades in dades de transporte do ferro em lingotes que
dustriais: as olarias, caieiras para a preparação era importado, emn 1795 foi permitido pelo go
de cal, cerâmica, curtumes, manufaturas têx verno metropolitanoo estabelecimento das ma
de transformacão de bens de teis e de ferro. Estas duas últimas atividades che nufaturas de ferro. Após esse ato, as forjas se
producåo
garam a alcançar um relativo desenvolvimento, multiplicaram sem contudo atingir o número
na segunda metade do século XVIiI, o que che que se esperava, pois temiam-se ainda eventuais
duraveis gou a preocupar a administração colonial, pois: restrições.
de bens de
• faziam concorrência ao comércio do reino; Com a vinda da familia real para o Brasil,
comsumo em 1808, o regente D. João deu uma nova orien
não-uráveis • tornavam os povos da colônia por demais in
tação às questões ligadas à atividade industrial.
dependentes.
Em abril de 1808 revogou o alvará de 1785 e,
Tais preocupações foram levadas à metró no ano seguinte, concedeu isenção de direitos
As industrias extrativas são aquelas que
extraem da naturcza (solo, subsolo, vegetais) pole e não tardouo alvará de 5 de janeiro de aduaneiros às matérias-primas necessárias às
1785, assinado por Dona Marial, que manda fábricas brasileiras.
certos produtos, sem contudo alterar as suas ca va extinguir todas as manufaturas têxteis da co
A indústria de produtos alimentares é um exemplo de Apesar disso o desenvolvimento industrial
racteristicas. Podem ser divididas em: indústria indústria de transformação de bens de consumo no lônia, com exceção dos panos grossos que eram brasileiro foi pequeno, pois defrontava-se aber
extrativa vegetal c mineral. duráveis. Contudo, ela fabrica os alimentos utilizan utilizados pelos escravos. Diante disso os tea tamente com a concorrência dos produtos in
As indústrias de transformação, como diz do máguinas. As máquinas são produzidas pela indús res foram desmontados.
o próprio nome, são aquelas que alteram ou tria de bens de produço. gleses.
transformam as matérias-primas procedentes A partir de 1828, o Brasil, já independente
da agricultura, da mineração, da caça, da pes
Alvaráde 5 de janeiro de 1785 (D. Maria I) de Portugal, começou a adotar o protecionis
A indústria de bens de produção é respon "todas as fábricas, manufaturas ou teares de galões, moeconômico, através da cobrança de uma ta
ca, da pecuária c do etrativismo vegetal em ob de tecidos ou de bordados de ouro e prata; de velu
sável pela industrialização primária de maté xa de 15 sobre as mercadorias estrangeiras
jetos quc tenham utilidade para o homem. dos, brilhantes, cetins, tafetás e de outra qualquer que entravam no pais.
Difere, portanto, da atividade extrativa, se rias-primas que, depois, são encaminhadas para qualidade de seda; de balbutes, chitas, bombazinas,
javegetal, arimal ou mineral. No extrativismo,
a indústria de bens de consumo. Exemplo: si fustões ou de outra qualquer qualidade de fazenda Em 1844, o Ministro da Fazenda, Manuel
apesar de ser denominado inadequadamente derúrgica e química pesada. de algodão ou de linho, branca ou de cores; e de pa Alves Branco, criou uma nova tarifa alfande
nos, baetas, droguetes, saetas ou de outra qualquer
indústria etrativa, não ocorre a modificação gária sobre as mercadorias estrangeiras. Esta
qualidade de tecidos de l; ou os ditos tecidos se
ou a transformaçao da matéria-prima. jam fabricados de um só dos referidos gêneros ou beleceua taxa de 30% e, para certas mercado
A indústria de bens de consumo é aquela INDUSTRIALIZAÇÃO DO
A
misturados e tecidos uns com os outros (...) sejam rias, até 60%a lei ficou conhecida comono
que fabrica produtos (bens) destinados direta extintas e abolidas em qualquer parte onde se acha me de Lei Alves Branco.
mente ao cOnsumo da população. Esses
BRASIL: HISTORICO rem nos meus domínios do Brasil, debaixo de pena Essas atitudes foram favoráveis para o de
produ do perdimento, em tresdobro, do valor de cada uma
tos se dividem cm bens de consumo duráveis senvolvimento industrial brasileiro nesse perío
das ditas manufaturas ou teares e das fazendas, que
e não-duráveis Do período colonial até 1930 nelas ou neles houver?" do. Entretanto, cumpre lembrar que a elevação
A industria de transformação de bens de das tarifas al fandegárias não visava somente ao
consumno não-uráveis é aquela que desenvolvimento das indústrias nacionais, ti
produz Durante o período colonial o desenvolvi Em virtude da grande dependência de Por
mercadorias que aiendem as primmciras neces mento de atividades industriais no Brasil sofria nha também outros propósitos.
tugal em relação à Inglaterra, o alvará de 1785
sidades da população, como alimentação, ves restrições por parte da metrópole. visavaa proteger a indústria têxtil inglesa, o mer "0 que realmente determinará o progresso das ta
tuário, remédios etc rifas såo as necessidades financeiras do Tesouro Pú
Entretanto, em vista das grandes distâncias cado de consumo de tecidos de Portugal e da blico; o que convém destacar não somente porque
A indústria de transformação de bens de em relação a Portugal e, conseqüentemente, das
consumno duráveis, como diz o nome, fabrica colônia brasileira. explica convenientemente esta criação de barreiras
dificuldades de abastecimento, desenvolveu-se O oficio de ourives foi proibido em 1751 alfandegárias num pais em que a hegemonia poli
produtos duradouros utilizados pela popula na colônia uma pequena indústria doméstica, na capitania de Minas Gerais, e em 1766 essa tica pertencia ainda a uma classe, a dos grandes pro
ção. Eo caso da indústria de material elétrico, prietários rurais, cujos interesses Ihe eram
cntregue a cscravos mais hábeis ou às mulheres medida foi ampliada às outras capitanias, pois naturalmente contrários."
de comunicação, de móveis, indústria automo da casa (fiação, tecelagem, costura e pequenas Portugal temia fraudes no pagamento do (Caio Prado Jr., História econômica do Brasil,
1961,
bilística etc. forjas). quinto. p. 264.)

254 255
Os países europeus que tradicionalmente da história econômica, política e social brasileira,
vendiam mercadorias para o Brasil estavam em é o de ter apeado do poder a oligarquia agrário

guerra e, por iss0, não podiam vender os seus comercial brasileira, que por quatro séculos domi
nou o Brasil, inicialmente em conjugação com os
produtos. As indústrias desses países passaram interesses coloniais portugueses e, a partir da Inde
a fabricar principalmente material bélico. pendência, em conjugação com os interesses comer
Em virtude dessa situação, isto é, de não ciais dos países industrializados, particularmente
poder comprar mercadorias no exterior, o Brasil da Inglaterra. Depois dela, jamais a oligarquia
passou a desenvolver vários setores industriais. agrário-comercial brasileira voltou a contar com
uma parcela sequer do poder que detivera durante
Foram instalados 5.936 novos estabelecimentos séculos'"
industriais e, em 1920, terminada a guerra, havia (Luiz Carlos Bresser Pereira, Desenvolvi
13.336 estabelecimentos industriais no Brasil, mento e crise no Brasil, 1972, p. 35.)
empregando 275.512 operários. Eram indús
trias, predominantemente, de bens de consumo.
Váios fatores contribuíram para o desen
Jápor essa época, destacava-se a atuação volvimento industrial brasileiro a partir de 1930:
do movimento operário de diferentes orienta •o grande êxodo da população rural, com a cri
Ções ideológicas através das organizações sin se da cafeicultura, eo conseqüente aumento
dicais: o anarco-sindicalismo, o comunismo e da população urbana, favorecendo a consti
movimentos sindicais ligados ao patronato. tuição de um mercado de consumo;
Loja de sapateiro (Debret): uma pequena oficina do Brasil no início do século XIX. a redução das importações de produtos ma
OS TIPOS DE INDÚSTRIAS NO BRASIL EM nufaturados, e outros, em virtude da crise do
A Lei Eusébio de Queirós (1850), proibin 1920 E SUA PARTICIPAÇÃO NO CONJUNTO capitalismo mundial, criando com isso con
do o tráfico de escravos, contribuiu também pa dições internas favoráveis à industrialização,
ra o pequeno surto industrial do Brasil nesse INDÜSTRIAS EM 1850 Indústrias de alimentos 40,27o
2 fåbricas de tecidos 27,60
pois a indústria nacional viu-se livre da con
período. Muitos capitais, que até então eram Indústria têxtil
10 indústrias de alimentos Indústria de vestuários e objetos de toucador 8,2% corrência estrangeira;
aplicados na compra de escravos, tornaram-se 2 indústrias de caixas e caixões Indústria química e análoga 7,9%
• o
decretode Getúlio Vargas proibindo as im
disponíveis e foram assim aplicados no setor in 5 indústrias Outros tipos ... 16,1% portações de maquinarias para todas as in
dustrial. metalúrgicasebbiote
7 indústrias químicas 100,0% dústrias, consideradas em superprodução.
A promulgação dessa lei coincidia com o Para se ter idéia do desenvolvimento indus
desenvolvimento da cafeicultura. Esta, por sua
vez, estimulou o fluxo imigratório estrangeiro INDÜSTRIAS EM 1866 Fonte: Heitor Ferreira Lima, História político-econômica trial brasileiro após 1930, podemos verificar o
9 fábricas de tecidos eindustrial doBrasil, São Paulo, Ed. Nacional, 1970. número de estabelecimentos industriais cria
para a cultura do café, principalmente de ita dos. Enquanto entre 1920 e 1929 foram criados
lianos e alemães, os quais trouxeram novas mo Em 1928, foi criado o Centro das Indús
NOTA: as outras indústrias cresceram 4.697 estabelecimentos industriais, entre 1930
dalidades de técnicas de produção de manufa trias do Estado de São Paulo, por iniciativa de e 1939
foram criados 12.232. O desenvolvimen
muito pouco. Roberto C. Simonsen, que posteriormente deu
turas, que constituíram a semente de ativida to industrial concorreu, predominantemente,
des industriais desenvolvidas no fim do século origem à Federação das Indústrias do Estado em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do
XIX. INDÚSTRIAS EM 1881 de São Paulo, órgão representativo da nova bur
44 fábricas de tecidos, sendo: os industriais. Já por essa Sule Minas Gerais, definindo a grande concen
Nesse período, destacou-se a participação guesia brasileira tração espacial dessa atividade, que se manifes
12 na Bahia; 9 em São Paulo;
de Irineu Evangelista de Sousa (barão de 8 em Minas; 6 no Rio de Janeiro;
época a concentração industrial em São Paulo ta até os dias atuais.
Mauá), no desenvolvimento industrial, o qual se destacava no conjunto brasileiro.
5 na Capital (Rio de Janeiro); Logo no início da Segunda Guerra Mun
estimulou o desenvolvimento de vários setores: dial houve um decréscimo do crescimento in
4 em Alagoas.
fabricação de tubos para encanamentos, caldei De 1930 até a Segunda Guerra Mundial dustrial brasileiro, pois o Brasil não podia
ras, guindastes, até a indústria de construção
NOTA: foi muito pequenoo crescimen importar equipamentos em virtude da redução
naval. Outra fase importante do desenvolvimen das exportações dos mesmos pelos países en
A Guerra de Secessão dos EJ.A. (1861 to das outras indústrias.
to industrial surgiu com a crise de 1929/30, de
volvidos no conflito bélico. Desse modo, não
1865) favoreceu o desenvolvimento da agricul corrente da grande depressão norte-americana. possuindo uma indústria de bens de capital ou
tura do algodão e com ela o desenvolvimento Os primeiros anos da República foram di de produção que pudesse suprir o mercado na
da indústria têxtil. fíceis sob o ponto de vista econômico; conse "A Revolução Industrial Brasileira tem inicio nos cional, vários ramos da atividade industrial se
Assim, depois de todos esses fatores apon qüentemente, o desenvolvimento industrial foi anos trinta devidoàconjugação de dois fatores prin ressentiram de tal situação. Entretanto, se de um
tados, vários setores industriais se desenvolve pequen0. cipais: a oportunidade econômica para investimen lado houve tal limitação, de outro, estimulou
ram: indústria têxtil, fundições, indústria de Foi, no entanto, a partir da Primeira Guerra tos industriais, proporcionada paradoxalmente pela o desenvolvimento de vários tipos de indústrias
sabão, de cerveja, de produtos químicos e Mundial(1914-1918) que a atividade industrial depressão econômica, e a Revolução de 30. O sig
até então não existentes ou então que estavame
no Brasil apresentou um certo desenvolvimento. nificado fundamental da Revolução de 30, que lhe
outras. confere uma importância extraordinária no quadro tentando se desenvolver (indústria de óleos
256 257
A indústrla dle bens le consumo
eresceu em sil,Bntretanto, o desenvolvimento industríal foi
Braxas vegetais, indústria de transformação de bens de consumo (principalmente a de allmen calcado na forte participação do capital estran
tos e a textil), após 1940, outros tipos de ativi 63%,
minerais não-metálicos, material de transpor •A lndiústrla de lbens de produção
cresceu enn geiro, atraldo pelos incentivOs cambíais, tari
dades industriais se desenvolveram, como s
o
te, indistria metalúrgica e outras). farlos, fiscais e creditlcios oferecidos pelo go
caso do setor de nminerais, a metaldrglcn, a 370%. verno federal.
Diante, tambén, das dificuldades de in Ve-se, então, que a orientaçño da industria
derdrgicA, a de mdquinas e equipanmentos, a l'ol nesse período, portanto, que teve int
portação de certas natérias-primas ocorreu a llzaçño dlo Brasil lterou-se na décndu de
1950.
substituiço das nesmas por matérias-primas química, enfim, setores mais sofisticalos, sob de ocorrer um acentuadodesenvolvimen. cio em naior escnla a lnternuclonallzação da
opontode vista tecnoldgico, Nesse perlodo me. Alén
nacionais, Com isso, estimulou-se a produçao to da indústria de lbens de consumo, setor de
o economla brasileira, através da participação de
cde matérias-primas nacionais no sctor de tin rece destaque o infcio du produção de aço da
bens de produção
destacou-NC, empresS multluuclonals ou (ransLclonals, Bs
tase vernizes, na produçào metaliugica e na f Cia, Siderúgia Naconal (Volta Redonda), cuja
Contribuiu de lorna decisiv na industria tas transplantaram a tecnologia de sas matri
bricação de peças de reposição para a fhota de construçao foi iniciada no periodo do governo 7es, basenda na fonte de energia petrollfera,
llzaçño desse perlodo Znstruçãol13 da Supe.
n
autoveiculos, Terminada a guerra, a industria de Vargas, lissu usina entrou em produção em ignorando as limitações brasilelras no setor,
1947, abrindo novas perspectivas para o desen rintendênclu da Moeda edo Credlto (SUMOC),
de autopeças, para citar um exempla, que tinba que Além disso, desenvolveram necessidades de
sido apenas uma "ndustria de pordo", já se ca Iustitulcla em l955, uo goveruo Caté Plho,
volvimento industrial do pais, pois se sabe que consumo junto aOs consumldores brasileiros,
racterizava conO uma atividade industial, com o aço constitui a base ou a "matriz" para va substituu Vargas. a cde nnúqui tendo por base o nodelo de vida de seu pals de
pIodução cmgrande cscalu, comcapitaletec rios ramos ou tipos de indstrlas, hl instrução permitlu cntrada
e cquipamentos, sem cobertura camblal,
is origemenão quanto as paurticularidades nncio
nologia tipicamente nacionais, Isso deixa cla Bntretanto, o desenvolvinnento industrial Us nais, Introduzindo Assimomodo de vida cda
so
lo 6, necessicdade de deposltar os clólares
senm
ro que
ofuumtento doslaas de dominaçdo do Brasil esbarrava-sc, na década de 1950, conm necessários à sua aqulslção, no Bunco do Bra cledade de consumo.
cvonônica cNervido pcla lnglaterracpelos Es alguns obstdeulos: fltu de energa elétriea, bal
tados Unidos, sobre o Brasil, tinha favorccido M produdo de petrdleo c deficiente rede de
o seu desenvolvimento autônomo ou inde tnnsportes e comunicações, Os dois primeiros
pendente. obstáculos foranm enlrentudos por Vargas quan
do de seu retorno à Presicdênela da República
cm 1951, cleito pelopovo brasilciro. Oeorreu du.
rante o scu govern00aumento da produçño de INVESTIMENTOS ESTRANIEIROS ENTRDOS NO BRASIL, ATRAVÉS
De 1945 a 1964 DA INSTRUÇÃO T13, BNTRE OS ANOS DE 195S A 1959,
cnergia clétrica (inauguração du Cu. Hdrele.
PELAS FONTES DE ORIGEM
En 1945, apóso término da Segunda Gucr trica doSao hmcisco–Usina de Paulo Afon
ra Mundial c da queda de Vargas, o Brasil dis so)ca criuçåo da Atrobrisc outras iniciativas, Millhoes de dólares IPercentagenm
interrompidas em vista da crisc políticae de seu Paises
punha degrandes reservas de mocda cstrangeira
(divisas), pois no dccorrer da guerra o alor das suicidio, cm agosto de 1954. 48,8%
B.U.A. 192,5
cxportaçòcs brasilciras superou o valor das O enfrentamento dos obstáculos citadoS,
importaçòes. O novO governo (presidente Eu à industrialização do Brasil, tonmaria mais vi
73,2 17,8%
rico Gaspar Dutru) cstimulou as inmportaçòes gor durante o governo do presidente Juscelino Alenunha
de tal forma que esvaziou as rescrvas de divi Kubitschek (1956-1961), através do plano cla
Suiçau 27,0 6,0%
sas acumuladas no periodo da Segunda Guerra. borado, conhecido como Progrma de Metas.
Entretanto, esse foi umperiodo quc, cxcluindo O Prograna de Mctas declicou mais de dois 4,1%
se desperdicios de uma importação indiscrimi l'rança 17,6
terços de seus recursos cm estimular o sctor de
nada, favoreceu o reequipamento de vários sc cnergia c transporte. Diante disso, a produção 3,9%
tores industriais do pais c o seu respcctivo Inglaterra 16,1
de pctroleo aumcntou consideravclmente, a po
crescimento. As importações eram principal tência instalada de cnergia clétrica cresceu de
mente de máquinas para indústrias têxteis, tor Itália 11,2 3,5%
tal forma a assegurar a instalação de indústrius,
nos, geradores, motores elétricos, motores die eo descnvolvimento rodoviário foi impressio
sel, tratores, mquinas para trabalhar metais, nante, favorccendoa indústria automobilistica Outros pafses curopcus 19,1 6,2%
para conservação de estradas, locomotivas, va estrangeira que aqui se instalou, c desfavore
gões, caminhõcs, ônibus, pneumáicos, alumí cendo o transporte ferroviário, o qual se cncon Canadá 10,6 2,7%
nio em lâminas ou placas, chumbo em barras, tra atos dias atuais cm situação de inferiori
estanho, cobre, zinco, enxofre, gasolina, carvão Outros países americanos 11,4 2,9%
dade, tanto no transporte de cargas como no
mineral, querosene etc.; no periodo da guerra de passagciros.
a produção industrial cresceu 6,2lo e, no pc Japo 15,9 4,0%0
Ao lado do desenvolvimento da cnergia c
ríodo de 1946 a 1950, cresceu 8,9o. E impor dos transportes ocorreu, durante o governo do
tante também ressaltar que, enquanto na déca presidente Juscelino Kubitschck, um grande de Outros países oricntais 1,1 0,3%
da de 1930, a atividade industrial no Brasil senvolvimento industrial dependente do capi
limitava-se à indústria de transformação de tal estrangeiro. Fonte: Hcitor Ferreira Lima, História politico-econonica e industrial do Brasil, São Paulo, Ed. Nacional, 1976, p. 401.

258 259
alinnça com os interesses externos (ndmite-se toralde 1962, clegendo, assim, parlamentarcs O desenvolvimento industrial pós-64 foi
MOVIMENTO DE CAPITAIS ESTRANGEIROS que o governo de JUscclino Kubitschek resistiu contrários às reformas dc base. significativo. Ocorreu uma maior diversifica
DIRETOS NO BRASIL
ou gozou de relativn cstabilidade politica, ape Bm 31 de março de l1964édesfcchado o gol ção da pródução industrial, O Estado assumiu
(EM MILHÔES DE DÓLARES) pe de Estado, derrubando o governo Goulart.
sar da tentativa de impedimento de sua posse certos empreendimentos, comoaprodução de
Periodos Entrada Lucros remetidos Saldo c de duas rebelides de sctores da Acroáutica, As forças vitoriosas adotaram um modlelo energia clétrica, a produção de aço, a indústria
cm virtude das concessdcs realizadas ao capi cconbmico assoclado ao capitallsmo mundial petroquimica, a abcrtura de rodovias e outros,
1947-19S3 97 327 230 c dele dependente. Restabcleccram-se, assim, os assegurando para a iniciativa privada as con
tal cstrangeiro).
1954-1961 72 269 4S2 No periodo governamental scguinte, diante fortes laços com o capitalismo mundial, abrin dições de cxpansão ou crescimento de scus nc
das incertezas politicas (renúncia do presiden do-sc mais amplamentc o país para a penctra gócios.
Fonte: Luiz Carlos Bresser Pereira, Deservotvimento ecri te Jânio Quadros cm 1961) e da posse ou não ção do capital estrangciro cm vários sctores da Para se ter idéia do crescimento industrial,
se no Brasil, 1972, p. S3. do vicc-presidente João Goulart c das discus cconomia brasilcira, inclusivc quanto à agri de 1960 a 1980, podemos lançar mão da pro
sòes cm torno do presidencialismo ou parla cultura. dução de certos ramos básicos da atividade in
mentarismo, o crescimento cconômico c indus Após 1964, oS governos militarcs, quc se
su
dustrial. Os ramos industriais citados na tabcla
Os investimentos estrangciros dirigiram-se que se segue constituem atividades de grande
para vários setores industriais, destacando-se trial do Brasil declinou. cederam, rctomaram c acclcraramo crescimen
principalmente:
• indústria automobilistica, de máquinase fer A industrialização pós1964 e o modelo
to cconômico c industrial brasilciro. O Estado
assumiua função de órgão supcrvisor das re
,
influência em outros ramos industriais. Pos
suem efeitos multiplicadores, isto dinamizam
lações cconômicas, co modclo de descnvolvi outros ramos industriais.
ramentas; econômico adotado mento adotado, além de ser dependente e as Ao lado do acentuado crescimento dos ra
• indústria metalúrgica e siderrgica; mos industriais citados ocorreu uma grande ex
• indústria quimica e farmacutica; sociado ao capitalismo mundial, caracterizava
O golpe de Estado de 1964 representou o sc pela aliança entre a tecnoburocracia de um pansão da indústria de bens de consumo não
• indústria de construção naval; afastamento das possibilidades de o governo
lado, e o capital nacional e internacional de duráveis e duráveis com a produção inclusive
indústria de cimento, de material de constru Goulart implantar as "reformas de base da so de artigos sofisticados.
ção civil, além de vários setores da indústria ciedade brasileira. Deve-se entender por "refor outro.
de bens de consumo. mas de base", como um conjunto de medidas
A industrializaço nesse periodo, como consideradas necessárias, por grupos liberais e BRASIL: PRODUÇO DE DETERMINADOS RAMOS INDUSTRIAIS
tambm nos anteriores, baseou-se no processo progressistas, para superar o subdesenvolvimen 1970 1980)
de substituição de importações. Fez-se no senti to brasileiro, integrando, assim, a população de (1960
do de substituir total ou parcialmente as compras baixa renda ao processo de desenvolvimento.
realizadas do exterior de certos produtos, atra Produço
As reformas de base propostas abrangiam
vs de consideráveis importações. Produzindo vários aspectos da organização da sociedade Produtos
os internamente, deixávamos de importá-los. 1960 1970 1980
brasileira (reforma agrária, eleitoral, adminis
Entretanto, a instalação de empresas es trativa, educacional, bancária, tributária, cam
Aço em lingotes (t) 1.843.019 5.390.360 6.910.540
trangeiras no Brasil onerou o balanço de paga bial etc.), colocando-se, nitidamente, numa
mentos, isto é provocou o aumento dos encar linha nacionalista.
gos exteriores do pais, representados pelo pa Ferro gusa (t) 1.749.846 4.205.247 12.685.319
Entretanto, tais propostas, contidas nas re
gamento de royalties, de serviços técnicos, formas de base, não atendiam aos interesses da 3.993.515 S.383.753
dividendos, juros e outros. Desse modo, a ins burguesia nacional associada aos interesses es Laminados (t) 1.358.339
talação de empresas estrangeiras no Brasil não trangeiros. Viam com receio o avanço das em
deve ser entendida como um processo de inte presas estatais, da reforma agrária, e da propos Cimento (t) 3.822.054 9.002.431 21.709.000
gração das mesmas na economia nacional, e ta da participação dos trabalhadores no capi
4.708.202 10.890.224
sim, apenas a sua participação no mercado na tal, na gestão e nos lucros das empresas e em Petróleo bruto (m³) 9.533.921
cional. outras iniciativas governamentais. Diante dis
O desenvolvimentismo do períiodo jusce so, forças conservadoras se aglutinavam em tor Gás natural (1.000 m³) 534.885 1.263.605 2.205.169
linista deve ser entendido comoo abandono no de várias organizações ditas apartidárias"
do projeto de Vargas dirigido para a indústria para derrubar o governo Goulart (TBAD-Ins Autoveículos (unidades) 133.041. 416.394 1.168.006
de base. Optou-se pela indústria de bens de con tituto Brasileiro de Ação Democrática, IPES–
sumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, além Borracha sintética (t) 15.991 75.459 249.116
principalmente) e por alguns setores básicos co de outras). Essas organizações recebiam recur
moa energia elétrica e siderúrgica, para garan sos de empresas nacionais e estrangeiras e da Produção de Energia Elétrica (MWh) 22.864.928 45.459.803 139.307 GWh
tir o desenvolvimento industrial. Além disso, CIA (Central Inteligence Agency) a fim de sus
120.521 GWh
adotou-se um modelo de desenvolvimento as tentar as suas atividades dirigidas para deses Consumo de Energia Elétrica (MWh) 18.345.534 37.672.695
sociado ao capital estrangeiro, conciliando, as tabilízaro governo Goulart e com o objetivo
sim, os interesses de grupos nacionais em de auxiliar financeiramente a campanha elei e
Fonte: Conjuntura econônica, estatística básica de nov, 1972 dez. 1973; Anuário Estatistico do Brasil, 1982, IBGE,
e

260 261
Para sustentar o crescimento industrial, mar da politica cconômica scguida, cm vista da Em relação à redistribuição da propriedade região (matérias-primas e fontes de energia,
houve o aumento da capacidade aquisitiva da retirada das liberdadcs individuais c do controle agrária, já estudada no capítulo 2 desta unida por exemplo).
Classe média alta, através de financiamento de exercido pclo Estado sobre os órgãos reprcscn de, rcferente à agricultura, ocorreu uma reafir Após a decadência da agroindústria cana
seu consumo. Além disso, visando assegurar o tativos de classc. mação da grande propriedade rural com con vieira do Nordeste, no século XVII, e a desco
crescimento industrial, estimulou-se a expor Os sindicatos dos trabalhadores foram es seqücnte concentração da mesma nas mãos de berta de metais preciosos nas Minas Gerais, a
tação de produtos manufaturados através de in cravizados pös-64. Foram submctidos ao con poucos proprietários. Vimos, também, que o Região Sudeste começou a estruturar-se como
centivos governamentais. Em 1979, pela primei trole governamental, tornando-se apenas asso acesso à propriedade da terra tornou-se difícil área de atração de população e de inversão de
ra vez, as exportações de produtos industriali ciações assistencialistas, diante do autoritaris pelos "sem -terra'" e que ocorreu uma intensa capitais. Data, inclusive, dessa época, a mudan
zados e semi-industrializados superaram as mo governamental. Os trabalhadores foram im. proletarização do trabalhador rural. da capital político-administrativa da colô
exportações de bens primários (produtos da pedidos de lutarem pelos seus direitos em be Ouanto àredistribuição do poder, ocorreu nia, de Salvador para o Rio de Janeiro, cidade
agricultura, minérios, matérias-primas etc.). neficio do grande capital nacionale estrangeiro. uma repartição do mesmo entre as tecnoburo mais próxima da atividade mineradora. Esse fa
Entretanto, cumpre destacar que as expor Os teóricos do desenvolvimento dependen cracias civis e militares e os grandes interesses to constitui-se de grande importância no cres
ca
tações de produtos industrializados não devem te e associado viram os seus objetivos iniciais industriais e financeiros, com participação cimento da cidade do Rio de Janeiro e de sua
constituir um motivo de grande euforia, em vis ficarem muito mais longe do que pensavam da vez maior das empresas transnacionais. Tu área próxima, pois essa cidade tornou-se o cen
ta das condições em que os mesmos são pro propor: do isso, tendo por base um regime autoritário, tro de intercâmbio comercial. Através de seu
duzidos no Brasil. Para se fabricar um produto • a redistribuição da renda; que excluiu a participação do povo brasileiro porto, estabelecia-se o contato como exterior
industrializado, há a necessidade de três fato •a redistribuição dapropriedade (pelo menos na vida "política nacional ena escolha dos des e com as outras regiões do Brasil.
res: matéria-prima, a agrária com o Estatuto da Terra); tinos da Nação". Quando ocorreu a decadência da ativida
mo-de-obra e tecnologia. • a redistribuição do poder.
Os dois primeiros (matéria-prima e mão-de Para agravar ainda mais a situação imposta de mineradora, os trabalhadores das minas
obra) são nacionais, de baixo preço, e consti A redistribuição da renda aprofundou-se à população brasileira, pelo modelo econômi deslocaram-se em busca de solos mais férteis
tuem fatores abundantes no Brasil. A tecnolo brutalmente, aumentando o desnível entre as co e político e frente ao grande endividamento onde pudessem desenvolver uma agricultura de
gia é estrangeira e importada, sendo necessário, classes sociais. externo, o FMI(Fundo Monetário Internacio maior rendimento, encontrando-os no norte e
para a sua utilização, o pagamento de royalties, Falava-se, oficialmente, na necessidade de nal) passou a administrar a economia brasileira, nordeste de São Paulo.
além da remessa de lucros para o exterior (para “fazer crescer o bolo para depois reparti-lo". impondo sérias restrições à população (reces No início do século XIX, a cafeicultura,
a
matriz da empresa estrangeira). Desse modo, O que se vê entretanto, é queo bolo não foi re são, desemprego, maior desnacionalização da vinda do Rio de Janeiro, penetrava em solo pau
verifica-se uma grande participação de empre partido, foi consumido por uma pequena par economia através da absorço de empresas na lista e, logo em seguida, atingia os solos férteis
sas estrangeiras, sediadas no Brasil, no comér cela da população, ficando apenas as migalhas cionais por empresas estrangeiras etc.). do planalto ocidental (as terras roxas). Além de
para a grande maioria. Foi um desenvolvimen
cio exterior, isto é, exportando automóveis,
to concentrador da renda como pode ser ob
Omodelo econômico dependente, associa atrair populações de outras regiões e áreas do
eletrodomésticos e muitos outros produtos, do e excludente (excluiu de sua participação a Brasil, a expansão da cafeicultura requisitou
beneficiando-se, inclusive, dos incentivos fis servado na tabela a seguir. maior parte da população), apresenta-se frágil mão-de-obra estrangeira, representada por imi
cais (isenção ou redução de impostos e taxas) e esgotado. grantes italianos, espanhóis, alemãæs e outros.
e de créditos a juros subsidiados. Tais produ PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO Além disso estimulou o desenvolvimento fer
tos exportados, não gerando impostos para o ECONOMICAMENTE ATIVA NA RENDA
roviário ea concentração financeira.
governo, não canalizam recursos para a saúde, NACIONAL- 1960 1970 – 1980
A instalação da corte portuguesa no Rio
educação etc. A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA
Ano 5% mais ricos 50% mais pobres de Janeiro, a partir de 18OS, também contribuiu
Em virtude da política econômica ter se di ATIVIDADE INDUSTRIAL E OS para dinamizar não só a cidade, mas também
rigido, preferencialmente, para a atividade in 1960 28,3% 17,4% a área próxima àcapital.
dustrial, nota-se pós-64, uma grande contra
DESEQUILBRIOS REGIONAIS
1970 34,1% 14,9% A crise da cafeicultura de 1929/30 possi
dição. Enquantoo governo retira subsídios de bilitou que muitos recursos financeiros que
produtos que se destinam ao consumo alimen 1980 37,9% 12,6% A grande concentração industrial na eram aplicados nessa cultura fossem transferi
tar da população de um modo geral (trigo, açú Região Sudeste e no Estado de São dos para a atividade industrial.
car, leite, carne etc), fornece subsídios para a Paulo: explicação histórica e a Vese, então, que desde o século XVIII,
Fonte: Argemiro J. Brum, O desenvolvimento econômi o
exportação de produtos que vo atender às clas co brasileiro, 2. ed., Petrópolis, Vozes, 1982. formação do colonialismo interno como atra
ses médias e altas de outros paises. Produtos Sudeste foi-se estruturando área de
fabricados com mão-de-obra e matérias-primas ção de população e de capitais, tornando-se
Buscando as causas que influem na distri região concentradora da riqueza. Assim, o mer
baratas e cujos preços, no exterior, são inferio Vê-se, pelos dados da tabela, que os 59% buição espacial da atividade industrial, podem cado consumidor e financeiro que aí se formou,
res aos que pagam os consumidores brasileiros. mais ricos tiveram um aumento na participa se destacar dois fatores: o crescimento das cidades, principalmente São
Enquanto isso ocorre, os preços dos alimentos ção da renda nacional (de 28,3% em 1960, pa • fatores histórico-econômicos (mão-de-obra, Paulo e Rio de Janeiro, o desenvolvimento fer
elevam-se a níveis superiores aos aumentos dos ra 37,9% em 1980) enquanto os 50% mais
capital, mercado consumidor- interno e ex roviário e rodoviário, ao lado de recursos na
salários dos trabalhadores, aprofundando ain pobres viram a sua participação na renda na
da mais o baixo nível alimentar ea sua paupe
terno tecnologia, transportes etc.); turais favoráveis (potencial hidrelétrico, recur
cional decrescer (de 17,4%% em 1960, para 12,60 • fatores naturais, isto é, aqueles que derivam sos minerais, solos fertéis) e ainda o fluxo imi
rização. São impedidos de questionar ou recla em 1980).
das condições naturais de uma certa área ou gratório estrangeiro que trouxe técnicas de
262 263
As áreas oueixos de concentração lo (Santo André, São Bernardo do Campo, São
produção influíram na concentração espacial da Amazônia), SUDECO (Sup. do Des. do da atividade industrial no Sudeste Caetano do Sul, Diadema, Osasco, Guarulhos
da atividade industrial nessa região. Centro-Oeste), SUDESUL (Sup. do Des. do emuitos outros municipios no total, são 36
É nessa re
e mais o município de São Paulo).
Em tempos recentes, essa posição do Su Su); As áreas de grande concentração industrial
deste reafirmou-se, em vista de que, no governo •
criação de programas especiais para certas no Sudeste são: gião metropolitana que se a
localiza maior con
do Presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), áreas do pais, no sentido de estimular as suas • área metropolitana de São Paulo, do Rio de centração industrial, não só do Brasil como
Janeiro e de Belo Horizonte;
o Plano de Metas deu ênfase àconcentração in
dustrial nessa região e particularmente em São
Paulo. Os planejadores acreditavam na neces
potencialidades naturais: Polamazônia (Pro
grama de Pólos Agropecuários e Agromine
rais da Anmazônia), Polonordeste (Programna
• eixos de industrialização -
vale do Paraíba
(entre as cidades de São Paulo e Rio de Ja
também da América Latina.
As indústrias localizadas na Grande São
Paulo são de váios tipose capazes de suprir
sidade de se criar um grande pólo de desenvol de Desenvolvimento de Areas Integradas do neiro tendo por eixo a Via Presidente Dutra), o
país de um conjunto variado de produtos:
vimento, tendo São Paulo como centro e que Nordeste), Polocentro (Programas de Desen eixo da Via Anhangüera (da cidade de São metalúrgicos, mecânicos, químicos, alimenta
a partir do mesmo o desenvolvimento se pro volvimento dos Cerrados), e outros; Paulo em direção às cidades de Jundiaí, Cam res, têxteis, gráficos, farmacêuticos, eletrôni
pagaria, em circulos concêntricos, contagian • descentralização industrial com o estabele pinas e Ribeirão Preto), eixo da Via Pres. Cas cos e elétricos, de transportes, de construção
do as outras áreas e regiões do pais. Em vista cimento de indústrias básicas em outras re telo Bran co (da cidade de São Paulo em dire etc.
dessa interpretação, o governo de JK canalizou giões: Pólo Petroquimico de Camaçari (Ba ção a Sorocaba), eixo da Via Washington Luís Para se avaliar a participação do Estado
grandes investimentos públicos em infra-estru hia), Pólo Petroquímico do Rio Grande do (da cidade de Limeira em direção a São José de São Paulo, na atividade industrial do Bra
tura (energia e transportes, além de siderúrgi Sul, Pólo Metal-Mecânico (RS) e o plano do Rio Preto), eixo da Via Anchieta (que li sile da Região Sudeste, podemos observar os
cas) e empréstimos para a expansão econômica de Integração da Amazônia (PIN)'e outros. ga a cidade de São Paulo à Baixada Santista) dados que se seguem relativos ao ano de 1980.
de São Paulo e, emmenor escala, do Rio de Ja Essas iniciativas têm contribuído para ini e outroS menores (observe o mapa que se se O Estado de São Paulo possui:
neiro e do sul de Minas Gerais. ciar o processo de descentralização industrial. gue para localizar o que foi citado); • 39% dos estabelecimentos industriais do Bra
Essa orientação aprofundou ainda mais os Entretanto, a Região Sudeste continua centra • "Zona siderúrgica e metalúrgica"" de Minas sil e 67% dos estabelecimentos industriais do
desequilíbrios regionais já existentes e conso lizando e polarizando a vida econômica nacio Gerais, centralizada em Belo Horizonte, com Sudeste;
lidou a posição do Sudeste, como a região de nal, reproduzindo, como já foi assinalado, ao o aproveitamento dos minérios de ferro e • 48o do pessoal ocupado nas atividades in
forte concentração industrial, financeira, po nível interno, o neocolonialismo que se mani manganês do Quadrilátero Ferrífero. dustriais no Brasil e 72% do pessoal ocupa
pulacional e de renda. Desse modo, a Região festa nas relações espaciais internacionais: de A maior concentração industrial da Região do nas atividades industriais do Sudeste.
Sudeste tornou-se o centro das decisões do país, um lado os países centrais e de outro os países Sudeste localiza-se no Estado de São Paulo, Quanto ao valor da produção industrial,
exercendo forte polarização sobre as demais periféricos ou satélites dos primeiros. destacando-se aí a região da Grande São Pau o Estado de São Paulo participa em:
regiões. A tabela seguinte fornece uma idéia da con
Repetiam-se, assim, ao nível interno, isto é, centração industrial na Região Sudeste e da par
entre as regiões do Brasil, as relações de domi ticipação das demais regiões na atividade in
nação e exploração espacial, exercidas pela me dustrial do país. ESTADO DE SAO PAULO: EIXOS DE INDUSTRIALIZAÇAO
trópole sobre a colônia, no passado, ou pelos
países centrais (E.U.A. e países da Europa Oci
dental e Japo) sobre os países periféricos (paí
ses subdesenvolvidos) na atualidade. BRASIL: DISTRIBUIÇÃO DOS 5 Jose do
et
A Região Sudeste tornou-se a produtora de ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS, PESSOAL Araçatub OA RiDeiro Preto
GRANDES
AREAS ECONOMICAS

manufaturados e exportadora dos mesmos para OCUPADO E VALOR DA PRODUÇÃo


Predomioantemente industral
as demais regiões do país, a preços elevados e, INDUSTRIAL POR REGIÃo (1980)
Relativo equalibria setorial
estas, fornecedoras de mercados consumidores Valor da
Estabelecimentos Pessoal produção Pres. Prudente Predosinantemente agricola
e de matérias-primas a preços baixos. Repro
Regiões Ocupado Marila 0A
industriais
duziam-se, assim, ao nível interno, as relações co industrial Bauru)
loniais do passado e do presente entre os países. INDICADORES
Sudeste 58% 66,3% 73% SÓCIO-EcONÔMICos Campinas
Desde o passado, as demais regiões do Bra SETORES DENSIDADE Jose os Campos
S
sil ressentem-se das desigualdades de cresci Sul 20,3% 19,4% 16,2% PRODUTIVOS MÉDIA SAO
mento econômico e solicitan providências, ao Industrial OAlta (mais de 50) Sorocaba
@Equilibrio @ Média (35- menos de 501
governo federal, no sentido de diminuir as dis Nordeste 14,30 10,0% 7,7%
paridades regionais. Em decorrência disso, e re Centro-Oeste 1,8% 1,2%
S Agrícola Baixa (menos de 35) Santos
4,2% TAXA DE URBANIZAÇAÃO
conhecendo o problema, os governos federais A Alta
(64 me nos
de 100)
que se sucederam no poder tomaram várias ini Norte 3,20 2,5% 1,9% OMédia (55 menos de 64)
ciativas: A Baixa (0 menos de 55)
Brasil 100% 100% 100% Principais direçoes
• criação dos órgãos de planejamento regional:
SUDENE (Superintendência do Desenvolvi Fonte: cálculos realizados pelo Autor, tendo por base o Fonte: Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo, 1973.
mento do Nordeste), SUDAM (Sup. do Des. Anuário Estatistico do Brasil, 1982, IBGE.
265
264
nEGIAO SUL
REGIAO sUDESTE: ATIVIDADE INDUSTRIAL
CINTIOS INDUSTIRIAIS
44arg
PAULO

CENEHOs DE IND0sTHA
Vest exahada
Atnenta CNitusaria AMetes Clal
#9#AVGURISA
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-Prod. ninarais
MINAS
Teitde Oton

GERAIS Bumkpa
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Cunvelo Gov Valadares
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Ar Pedro ieeolde Culetina oRIANoPous
beraba eADE eo SOBVONTER Nove aira Lima
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G4PelMase
v. 3.
Fonte: IBGE, Região Sudeste, in Geografia do Brasil,
Mecinis #Meta

• 539o do valor da produção industrial do Bra calizama Refinaria Gabriel Passos, da Petro
brás, e a Fiat.
sil e
Além dessas áreas citadas, outras existem

730 do valor da produção industrial do no Sudeste, como demonstra o mapa anterior. Fonte: IBGE, Região Sul, in Geografia do Brasil, v. 1.
Sudeste.
Esses dados permitem que possamos ava
liar a grande concentração espacial da ativida pequenas indústrias e estas, por sua vez, derarn caracterizando-se pela diversídade de generos
de industrial no Estado de São Paulo.
A distribuição da atividade industrial de indústrias. Alérn de Soinville, destacam
se:
nas outras regiões do Brasil origem a algumas índústrias de grande porte, localízada no
Quanto aos gêneros de indústria, a Região No Río Grande do Sul, Porto A legre e sua Blumenau, grande centro têxtíl,
Sudeste apresenta uma grande diversificação. área próxíma (Esteio, Canoas, Niterói, Grava vale do Itajaí e tarmbérn fundada pelos alernães,
Aí operam desde as indústrias extrativas mine REGIÃO SUL taí, Cachoeirinha, Víarnão) constítuern a maior Brusque (indústria téxtíl), Lazes (indústría ma
rais até as indústrias de transformação, tanto área índustríal da Região Sul, onde se destaca deireira), Criciúna e Tubarão (carvão mine
de bens de consumo como de bens de produção. A Região Sul é depois da Região Sudeste a poliindústría. ral), alérn de outros centrOs merores, Observe
a que apresenta o maior desenvolvimento in
Além da Grande São Paulo, do vale do Pa As cidades de Caxias do Sul e São Leopol pelo mapa a pequena participação de Floria
raíba e dos eixos de industrialização já citados, dustrial, conforme pode ser observado na ta nópolis no processo Índustríal brasileiro.
destaca-se em segundo lugar no país a área me bela da página 264. do, alérn de possufírern vários gêneros de esta
A industrialização do Sul iniciou-se, prin belecimentos índustríais, destacarm-se ra indús Curitiba é outro centro poliínduurial do
tropolitana do Rio de Janeiro. Nos últimos
anos, vem apresentando um grande crescimen cipalmente, com os imigrantes europeus que tria vinícola. Novo Hamburgo, fruto da colo Sul, destacando-se, aí, a índstria madeireira
to industrial a área metropolitana de Belo Ho para láse dirigiram, desde a primeira metade nização alem, sobressai na monoindústria de ea de nóveis.
do século passado. Inicialmente, a produção
couros. Pelotas, na indústria de produtos ali
rizonte. Além das indústrias tradicionais (bens
era de base familiar, tendo por objetivo suprir mentares; Rio Grande, na indústria química e O norte do Etado do Paraná possuí ces
de consumo não-duráveis), essa área conheceu tros regionais com considerávd desesvolv
uma grande diversificação industrial, destacan as necessidades da família. Posteriormente, alimentar.
mento industrial: LLondrina, Maringá,Apuca
do-se o Centro ndustrial de Contagem, pró com o crescimento populacional e o desenvol No Estado de Santa Catarina, o maior cet a C

tro industrial é a cidade de Joinville (fundada rana, Paranavale lacatezinka,epróxima


ximo a Belo Horizonte, criado em 1970,
e
vimento dos centros urbanos, a indústria do
se méstica de base artesanal transformou-se em pela imigração alemã na década de 1850). rítiba, cidade de Ponta Gossa
a
Betim, também próximo à capital, onde lo
267
266
REGIÃO NORDESTE Natal, João Pessoa, Maceió, São Luís, Cam
pina Grande (Paraiba). todo um sistema de infra-estrutura para atrair do manganês. Encontra-se em organização a
O
Nordeste, a primeira região do Brasil a A área metropolitana de Recie (Recife, o investimento industrial, o que ocorreu num extração do minério de ferro e outros na serra
implantar a atividade industrial, a agroindus Moreno, Jaboatão, Cabo, Igaraçu, Itamara curto período de tempo. dos Carajás, próxima àcidadede Marabá, no
tria da cana-de-açcar, no século XVI, ocupa cá, Olinda, Paulista, São Lourenço da Mata) Observe no mapa anterior os outros cen
Pará, situada a 500 km de Belém.
hoje o terceiro lugar nas atividades industriais constitui a maior aglomeração industrial do tros industriais e os seus gêneros de indústrias. Para atrair investimentos industriais, foi
do pais. Nordeste. criada em 1967 a SUFRAMA (Superintendên
Entretanto, essa região sempre apresentou Em Caboe Paulista, foram instalados, por cia da Zona Franca de Manaus). Através des
problemas de falta de energia para o seu desen iniciativa estadual, distritos industriais que se órgão foram oferecidas condições fiscais
volvimento industrial. Foi somente após a apresentaram um maior desenvolvimento a REGIÖES NORTE E CENTRO-OESTE especiais (isenção de imposto sobre produtos
construção da Hidrelétrica de Paulo Afonso e partir de 1965. Predominam aí filiais de em industrializados -IPI; imposto de circulação
suas respectivas ampliações, da Usina Boa Es
perança (rio Parnaíba, divisa Maranhão–
presas do Sudeste, indústrias de bens de con
sumo duráveis e de bens intermediários.
Nessas duas regiões, o desenvolvimento in
dustrialé pequeno, como já foi citado na ta
de mercadorias -
ICM; imposto de importa
ção e exportação, com a finalidade de estimu
Piau), da constituição da Sudene (Superinten Na aglomeração de Salvador, destaca-se bela da página 469. lar investimentos na atividade industrial, numa
dência do Desenvolvimento do Nordeste), do a indústria química, pois a Refinaria Landul Entretanto, em vista das tentativas de des área de 10.000 km², àmargem esquerda dos
estabelecimento de distritos industriais, com o fo Alves e o Pólo Petroquímico de Camaçari centralização industrial levada a efeito pelo go rios Negro e Amazonas). Diante disso, muitas
apoio governamental, e da ampliação dos ai se localizam. verno federal, essas regiões têm apresentado empresas, principalmente estrangeiras, no se
transportes, que as possibilidades nordestinas Em 1956, visando à formação de pólos de um aumento do número de estabelecimentos tor eletrônico, instalaram-se nessa área como
de industrialização foram aumentadas. desenvolvimento no Nordeste, foi criado o industriais nos últimos anos, elevando por con montadoras de seus aparelhos, cujos compo
As duas maiores aglomerações industriais Centro In dustrial de Aratu, distante cerca de seguintea sua participação na atividade indus nentes so importados.
são Recifee Salvador, seguidas por Fortaleza, 20 km de Salvador. Esse centro foi dotado de trial do país. Além da atividade industrial incentivada
Na Região Norte, o gênero de indústria que pela SUFRAMA, esse órgão tem por objetivo
tem apresentado maior desenvolvimento em desenvolver um centro agropecuário para abas
valor de produção é aquele ligado à atividade tecer a cidade de Manaus.
REGIÃO NORDESTE: A AGLOMERAÇÃO extrativa mineral. Belém, Manaus e Macapá Na Região Centro-Oeste, os principais cen
CENTROS INDUSTRIAIS
E
são os três maiores centros industriais, sendo tros industriais so: Goiânia, Anápolis, Bra
SAO LUISE
Farna que no último a grande expressão é a extração sília, Campo Grande e Corumbá.
FORTALEZA
Sobral
Bacable
Caxse RIO GRANDE
CEARÁ
DO NORTE
MARANHAO 2 ebo REGIÃO NORTE:
NATAL Boa Vista e CENTROS INDUSTRIAIS
Cajarelip TERR. DO
Juazeipo oo
Ro Tinto
AMAPA
Horiano hore CamoifePatos JOAO PESSOA TERR DE
bn
JGrandé T
Vitota de Sto RORAIMA
Antog
Cratog PERNAMBUCO ORECIFEgos MÁCAPÁ
PIAU! Arcoverde LANTICo
Pesqueira/

Palmeiricg indioa MACEIO BELEI


JA MANAUS
Arapitácap ALAGOAS Santarem
Propra eheuPE ADD atiar
ARACAJU o on
stancia PARA
BAHIA
AMAZONAS
Feira de Santaha ounhes

Nazar a9SALVADORongA
yalençag Marabá
Jequié a

Vitórie da ACRE
Conquistae iaburoe lhéusgS
PORTO VELHO
tapetinge RIO BRANCO
GENEROS DE INDUSTRIA RONDONIA GENERos DE
INDÚSTRIA
Ouimica Couros e peles
Ahientar Borracha
O Couros e peles Setor não básico
calcados Madeira Alimentar
100 200 300 km Perfumaria Fumo Perfumaria
Prod ninerels Madelra
Bebidas B Bebidas Produtos minerais
Min oko metélicos O Borracha dumica
Edit e orática Outros gêneros Têxtil
A Eletrònica
Fonte: IBGE, Região Nordeste, in Geografia do Brasil, v. 2.

Fonte: IBGE, Região Norte, in Geografia do Brasil, v. 1.


268
269
• maior número de estabelecimentos indus
participação industrial do Centro-Oeste,
A

no conjunto brasileiro, é pequena. A ativida


PRINCIPAIS INDUSTRIAS DE
TRANSFORMAÇÃO QUANTO
-
triais éa indústria de produtos alimentares
que possuio maior número de estabelecimen
rais não metálicos, da madeireira, de vestuá
rio, de calçados, de artefatos, de tecidos e da
metalúrgica.
de industrial estámais dirigida para o setor de
AO VALOR DE PRODUÇÃo tos, seguida da indústria de produtos mine
bens de consumo e para a extração mineral, E
destacando-se o minério de ferro e manganês, OUTRAS CARACTERSTICAS
do maciço de Urucum, próximo à cidade de Co
rumbá(MS), no Pantanal Mato-grossense. Seguindo a classificação realizada pelo VALOR DA PRODUCAO 1980
Censo Industrial e pelo Anuário Estatístico do
Brasil, a atividade industrial divide-se em In
dústrias Extrativas de Minerais e Indústrias de Bilhões de cruzeiros
REGIO CENTRO-OESTE: Transformação. 2 000
CENTROS INDUSTRIAIS
Comparando a participação de cada uma
delas na atividade industrial do Brasil, a indús 1
600
Outras
tria de transformação destaca-se sobre vários 1-Ouimica
2-Metalúrgica
aspectos, como pode ser observado na tabela RS 3-Produtos alimentares
sP
seguinte. 1200 Mecanica
erial de transporte
Buscando caracterizar os gêneros de indús MG 6-Têxtil
trias de transformação, que se destacam quanto RJ
7- Material elétrico e de comunicacões
Vestuário,calçados e artefatos de
ao valor da produço industrial, ao número de 800
tecidos
e
MATO GROSSO 9-Papel papelão
pessoal ocupado e ao número de estabelecimen
GOIÁS
10- Produtos de matérias plásticas
cCUABA
Vargna BRASILIA tos industriais, tem-se: 11-Madeira
400
Cscee
eRondbnópol Dee
GOIANIA Anápplis • maior valor da produção industrial –indús 13- Mobiliário
e gráfica
14-Editorial
GENEROs DE INDUSTRIA
tria química, em seguida e em ordem decres 150utros
e Alimentar CAMPOeec
cente surgem a indústria metalúrgica, a de 6 7 8 9 10 14 12 13 14
15
e
G
Edit. e gráfica
No básico
GRANDE
MATO GROSSO
eJes LacOas
agoa produtos alimentares, a mecânica e a de ma
Minerais não metalicos
minerais
00 SUL terial de transporte;
tos Fonte: Anuário Estatistico do Brasil, 1982, IBGE.
Textit • maior número de pessoal ocupado –o pri
meiro lugar é ocupado pela indústria de pro
dutos alimentares, com quase 600 mil pes
soas, em 1980; trabalhando nesse gênero em
Fonte: IBGE, Região Centro-Oeste, in Geografia do Bra ordem decrescente surgem a indústria meta
sil, v. 4. lúrgica, a mecânica, a de vestuário e a têxtil; PESSOAL OCUPADO 1980

Milhares de pessoas
750

PARTICIPAÇÃO DA INDÚSTRIA EXTRATIVA MINERAL E DE


TRANSFORMAÇAO NA ATIVIDADE INDUSTRIAL DO BRASIL– 1980 600
-Produtos alimentares
2Metalúrgica
Outras Heetuario calcados e artetatos de
0
Participação percentual tecidos
SC
450 5- Têxtil
Sobre o n° de 6Produtos de minerais não-metálicos
Sobre o n de Sobre o valor MG
7-Material de transporte
8-Material elétrico de comunicacões
e

Tipo de indústria estabelecimentos de produção


pessoal ocupado* 9Madeira
industriais industrial 300
10
rio
2-Editorial e grática
Extrativa mineral 1,9 1,7 Produtos de matérias plásticas
1,5 Papel e papelão
150 14-
5Outros
De transformação 98,1 98,3 98,5
8 9 10 11 12 13 14 15
2 3
45 67
.* Em 1980, 4.734.097 pessoas trabalharam nas indústrias, sendo 4.650.358 nas indústrias de transformação e 83.739
nas indústrias extrativas minerais.
Fonte: cálculos do Autor, tendo por base o Anuário Estatstico do Brasil, 1982, IBGE, Fonte: Anuário Estatístico do Brasil, 1982, IBGE.
271
270
A INDÚSTRIA SIDERÚRGICA freu alteração. Oproduto comcçou a cscasscar,
despertando assim cstímulos à produçãq nacio
te hábil. Hátempo, solicitava a assistência constituído em 1968 o Consider (Conselho Na
nortc-americana para o projeto. Entretanto, cional de Siderurgia) e a Siderbrás (Siderurgia
Aindústria siderúrgica constitui umn setor nal. Algumas usinas foram instaladas: Usina
não cra do interessc dos E.U.A. que o Brasil pas Brasileira S.A.), empresa holding, constituída
básico da atividade industrial. Sem o aço, ne da Companhia Mecânica e Importadora (São
Cactano do Sul, SP), em 1918; Fábrica de Aço sasse a produzir aço, pois isso implicaria a re em 1973, executora da política siderúrgica go
nhum pais pode pensar em industrializar-se. ducão das vendas de produtos siderúrgicos por vernamental, englobando várias usinas siderúr
Foi, então, em vista de sua grande importân Paulista (cidade de São Paulo), em 1919; Cia.
esse país, além de reduzir a dependência do Bra gicas: Açominas (MG), Piratini (RS), Usiminas
cia que escolhemos esse gênero de indústria pa Metalúrgica Brasileira (Ribeiro Preto, SP),
em 1922;emuitas outras pequcnas usinas, mui sil. Diante disso, Vargas ensaiou várias apro (MG), Cia. Siderúrgica Nacional (RJ), Cosi
ra ser abordado. pa (SP), Usiba (BA)e a Cobrapi Cia. Brasi
tas delas já extintas. ximações com a Alemanha nazista, deixando
Anos mais tarde, empresas de grande porte entender que obteria ajuda para a concretiza leira de Projetos Industriais (RJ). Constam do
e plano siderúrgico brasileiro a expansão das usi
Histórico da siderurgia no Brasil e foram constituidas: ção da usina. Após vários acontecimentos,
as usinas siderúrgicas • Cia. Belgo-Mineira, constituída em 1921, ini com receio da aproximação brasileira ao na nas já instaladas e a construção de novas uni
zismo, os EUA decidiram auxiliar constru
a dades. As usinas siderúrgicas pertencentes ao
cialmente em Sabará (MG), inaugurando o
Admite-se que foi no Morro de Araçoia seu primeiro forno Siemens-Martin em 1938. ção de Volta Redonda. Esse fato érelatado com grupo Siderbrás respondem por cerca de 60%
nas que Foi essa empresa a primeira a fabricar trilhos detalhes no livro de Moniz Bandeira, Presen da produção brasileira de aço, constituindo-se
ba, proximidades de Sorocaba, surgiu na ça dos Estados Unidos no Brasil, dois séculos num grande aglomerado estatal.
o primeiro empreendimento siderúrgico do América Latina. Devido à escassez de car
por em vão mineral no Brasil e também em virtude de História, Rio de Janeiro, Civilização Brasi
Brasil, fundado Afonso Sardinha,
1590. das distâncias das jazidas (Santa Catarina), leira, 1973.
a Cia. Belgo-Mineira possui plantações de eu • Em 1953 ocorreu a constituição da Compg A distribuição espacial das usinas
Em 1597, a metrópole portuguesa enviou
para o Brasil alguns mineiros para prOcurar ou calipto e caieiras, que fornecem carvão ve nhia Siderúrgica Paulista (Cosipa). As obras siderúrgicas no Brasil e a
ro, pratae ferro. Dessa iniciativa resultou a getal para os seus altos fornos. de construção da usina foram iniciadas so Ferrovia do Aço
pequenas em • Em 1941, em decorrência do intervencionis mente em 1960 eo início da produção emn
construção de duas forjas lpa mo estatal na ordem econômica, que carac 1965. Foi construída no município de Cuba
nema. A indústria siderúrgica no Brasil distri
Contudo, foi com a vinda da família real terizou o governo de Getúlio Vargas desde tão, na localidade de Piaçagüera. buiu-se pelo espaço, independentemente da lo
para o Brasil que a produção de ferro assumiu 1937 (Estado Novo), foi implantada a em • Em 1956 foi fundada, por iniciativa do go
presa estatal Cia. Siderúrgica Nacional (Usi calização das jazidas de carvão mineral.
o caráter industrial. D. João contratou técni verno de Minas Gerais, a Usiminas, Usinas A concentração espacial da siderurgia no
na de Volta Redonda), no vale do Paraíba,
cos estrangeiros, destacando-se: Eschwege (na Siderúrgicas de Minas Gerais S.A., com a Brasil, pelo menos quanto às usinas de grande
turalista alemão) e Varnhagen (engenheiro ale entre as cidades de São Paulo e Rio de Janei participação de capital e tecnologia do Japão.
ro. porte, ocorreu principalmente em duas áreas.
que se O primeiro lingote de aço foi produzido Localizada em Ipatinga, junto com as jazi
mão mais tarde tornou Visconde de Por
em 1947, constituindo um marco histórico A primeira corresponde ao centro-sul de Mi
to Seguro). das de minérios de ferro e manganês, iniciou nas e a segunda foi estabelecida em São Paulo
Varnhagen criou e dirigiu fundições em para o desenvolvimento industrial do país. produção em 1962.
a e Rio de Janeiro.
Ipanema; Eschwege orientou o intendente Ma Váios fatores influíram na localização da Além dessas usinas citadas, muitas outras A concentração foi determinada, no caso
nuel Ferreira Câmara, na construção de um Cia. Siderúrgica Nacional em Volta Redon foram instaladas, tanto de médio como de pe do centro-sul de Minas Gerais, pela presença
alto-forno em Morro do Pilar em Minas Ge da, podendo-se apontar: queno porte: das matérias-primas para a indústria siderúr
rais, que começou a produzir em 1814. ponto intermediário entre os dois maio • usinas de médio porte: Mannesmann, Ace gica (minério de ferro e manganês). Na segun
Em 1811, o engenheiro francês Monleva res centros consumidores do país, São sita e Açominas (Ouro Branco no Vale do Pa da área, São Paulo e Rio de Janeiro, o mercado
de
jå colocava em funcionamento um alto-for Paulo e Rio de Janeiro; raopeba), no Estado de Minas Gerais; Cosi
no em Caeté, em Minas Gerais.
consumidor e a rede de transportes foram fa
área bem servida por vias de transportes gua (Cia. Siderúrgica da Guanabara), no Rio tores que influíram na determinação dos locais.
Na segunda metade do século XIX, o setor (E. F. Central do Brasil e Rede Mineira de Janeiro; Siderúrgica Mendes Júnior (Juiz Compreende-se assim que a localização
siderúrgico começou a estruturar-Se em bases de Viação); de Fora, MG); Cia. Siderúrgica de Tubarão das indústrias siderúrgicas foi determinada por
mais sólidas e para isso dois fatos importantes distância de 640 km do Quadrilátero Cen (Vitória, ES); outros fatores e não por aqueles decorrentes da
aconteceram: fundaço da Escola de Minas de tral ou Ferrífero; • usinas de pequeno porte: Usiba (Usina Side
Ouro Preto (1875) e da Escola Politécnica de localização das áreas de exploração de carvão,
proximidade do porto do Rio de Janeiro, rúrgica da Bahia); Anhangüera (SP); Rio pois estas, como já estudamos, são quantitati
São Paulo (1892), que passaram a formar pes por onde recebe o carvo importado e Grandense (RS); Cosim-Cia. Siderúrgica de va e qualitativamente insuficientes para aten
soal especializado para atividades ligadas à mi também o carvo nacional procedente de Mogi das Cruzes (SP); Aços Finos Piratini
neração e metalurgia. der as suas necessidades e também porque os
(RS) e muitas outras, como a Siderama na
Em 1910, no governo do presidente Nilo
Peçanha, o Brasil procurou facilitar a entrada
- Santa Catarina, via Angra dos Reis;
água abundante do rio Paraíba do Sul;
suprimento de mão-de-obra, pois é uma
Amazônia.
altos-fornos, no Brasil, foram montados para
serem alimentos segundo as especificações ou
de capitais estrangeiros no setor siderúrgico, Em vista das crescentes necessidades do características do carvão importado.
área bem povoada. pais de produtos siderúrgicos e por se tratar A Cia. Siderúrgica Nacional é a empresa
sem contudo encontrar receptividade. Para a obtenção de financiamento e tec também de investimentos de grande porte, o que mais utiliza o carvão de Santa Catarina.
No entanto, com a eclosão da Primeira nologia para a construção da Usina de Volta
Guerra Mundial, o abastecimento de aço s0 governo federal passou a ter uma maior parti Possui inclusive minas nesse Estado, como é
Redonda, Getúlio Vargas mostrou-se bastan o caso de Siderópolis, cuja extração se realiza
cipação no setor, através do planejamento do
desenvolvimento siderúrgico. Para isso foi a céu aberto. O carvão dí extraído é transpor
272
273
tado por uma frota de navios pertencentes à Ferrífero. Contudo, as obras da Ferrovia do
própria Companhia até Volta Redonda, via Aço estão paralisadas, aguardando solução go
cev
NNESMANNNipatingn
NES USIMINAS Angra dos Reis. vernamental.
CST
MATO GROSSO
DO SUL
Belo Horizonte efLGO-MINEIRA A produção brasileira de aço bruto, em
MINAS GERAIS Pomerode ESP. SANTO 1983, atingiu a cifra de 13 milhões de tonela CONSUMO APARENTE
Vitórla
das, colocando o país em 12° lugar entre os paí PER CAPITA DE AÇO
ses produtores do mundo.
SAO PAULO Volta Redonda O programa siderúrgico brasileiro, execu A relação produção de aço bruto e
cSN
tado pela Siderbrás (que coordena as políticas população absoluta fornece o consumo
de produção e de expansão do setor), visa à am aparente per capita do produto. Esse da
São Paulo Rio de Janeiro
pliação das usinas existentes e construção de
à
70 km
Santaso
do serve de elemento de medição do ní
novas unidades. Como exemplo, pode-se citar vel de desenvolvimento econômico entre
PARANA COSIPA a expansão das três maiores usinas do país: Vol
oS paises.
ta Redonda, Usiminas e Cosipa. A U.R.S.S., os E.U.A., o Japo, a Re
Entretanto, para que o Brasil consiga exe pública Federal da Alernanha, a Tchecoslo
OCEAN0 ATLANTICO
cutar o seu programa siderúrgico, especialis váquia, o Canadá, a Bélgica, a Romênia
CATARINA
tas no setor têm levantado a questão da neces ea Austrália possuem um consumo apa
STA
sidade de possuirmos um sistema de transpor rente per capita de aço superiora 500 kg
Usinas siderúrgicas te ferroviário que atenda à região siderúrgica por habitante, por ano. A Itáia, a Fran
Imbituba compreendida por São Paulo, Rio de Janeiro ça, o Reino Unido ea Polônia possuem
e Minas um consumo aparente de aço per capita
RIO Gde DO SUL Gerais. Dentro dessa perspectiva, foi
lançada em 1975 a construção da Ferrovia do situado entre 400 e 500 kg/hab. /ano.
BRASIL: CONCENTRACAO ESPACIAL
DA INDÚSTRIA SIDERÜRGICÁ DE GRANDE PORTE Aço, como demonstra o mapa a seguir, que, A Espanha, um pouco acima de 300
além de apoiar o programa siderúrgico brasi kg/hab./ano. O Brasil situa-se em tor
Fonte: Brasil potência, p. 271. leiro, incrementaria o escoamento da produ no de 100 kg/hab./ano.
ção de minério de ferro do Quadrilátero
O DA FERROVIA DO AÇO, NO TRINGULO
O TRAJETO
BELO HORIZONTE, RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO

p/Bahia Gov. Valadares

MINAS GERAIS
Usiminas
BELO HORIZONTE
SPÍRIT
Jeceaba SANTO
DAçominas
Itutinga QVITORIA
Linha
Lavrasi centro cla. Siderúrgica
Barbacena de Tubarão
Ivale do
Trés Coraçôes Paraopeba
Juiz de Fora
SÃO
PAULO Volte Redonda Trés Ri0s
Berre-do Piral:
Ramal Cia iderúrgica Japeri RIO DE JANEIRO
São Pauio.
Nacionaf
Atibaia Vale
doLa
Paraiba
Angra
DE JANEIRO
SAO PAULQ Porto de
dos Reis Sepetiba
Cosipa
Santos

Grandes Siderúrgicas
1,
Ferrovia do Aço
Estrada de Ferro Vitória-Minas
Fonte: Folha de S. Paulo, 4 mar. 1979.
Aspecto da Cia. Siderúrgica Nacional (Volta Redonda).
274 275
consumo da mente infantil através dos atrativos do 'País mento próprio, mas este preço será inferior ao atualmente
do Marlboro' apresentado na televiso, ao controle da tec pago!"
nologia e das eventuais alavancas de de
e
TEXTO PARA LEITURA E desestabilização dos (Kurt Rudolf Mirow, A ditadura dos cartéis
gola e Moçambique e outras naçðcs africanas, que hojc suprimentos, ou seja, de peças e materiais vitais à manu
não possuem o quadro minimo de médicos, cngenheiros (anatomia de um subdesen volvimento),17.
DISCUSSÃO tenção da vida econômica da nação. O país certarnente pa ed., Rio de Janeiro, Civilização Brasileira,
c administradores, indispensáveis à organização de um
gará um preço elevado por querer iniciar um desenvolvi 1979, p. 224-8.)
Estado-nação.
O know-how não se transfere por contrato de licen
Colonização do pais, "know-how" e ça. Adquire-se em trabalho árduo nas salas de desenho
desemprego oficinas de trabalho, c os ingleses já em 1945 questiona VOCABULÁRIO
ram a sabedoria da indiscriminada busca de licenças da
fabricação, alcgando ser melhor forçar empresas britâni
cas a despenderem csforços próprios no desenvolvimento
"Não h dúida de que optando pela dependència de tecnologia independente Aduaneiro: relativo à alfândega. quadro ou categoria especial, ao qual com
em relaço às metrópoles, o Brasil se conformou com o pete a exxecução dos serviços financeiros e
nroos
A simples aquisição dep
çao nos pode levar a um
prontoS para execu Alvará: resolúção rubricada pelo soberano
subdesenvolvimento perpétuo, o desemprego e a inflação, futuro de gra acerca de negócios públicos ou particulares.
conseqências inevitáveis do dominio de vastos setores da ves conseqüências. O Brasil de abastecimento das organizações mi
está gastando volumosos
economia nacional pelas empresas estrangeiras que vieram recursos em educação de sua juventude, enquanto o mer Apeado: destituído. litares.
recolonizá-la. cado de trabalho futuro dos engenheiros mecânicos, ele Caieira: carvoaria, estabelecimento onde se fa Multinacionais: empresas que detêm aproprie
'O surto de desenvolvimento teria ocorido de qual
quer maneira', salientou um porta-vOz do Banco Lar Bra
tricistas, técnicos eletrônicos se encontra controlado pelas brica e/ou vende carvão. Este termo éem dade ou o controle de estabelecimentos de
corporações multinacionais, que normalmente se abstêm pregado também para designar a fábrica de produção ou serviços fora dos países em que
sileiro, filiado ao Chase Manhattan Bank de Nova York, de contratar projetistas, gerar, ou mesmo fixar tecnolo
mas ele certarmente foi acelerado pela presença das multi gia no Pais. O Brasil futuro terá, pois, mercado de traba cal. No texto é relativo ao carvão vegetal. estão sediadas (ver transnacionais).
nacionais. Um relatório do mesao banco culpa as corpo Iho para engenheiros de operação e manutenção, jamais, Cambial: relativo ao câmbio, isto é, relação de Oligarquia: governo de poucas pessoas, perten
rações internacionais pela atual recessão econômica, no entanto, para engenheiros-projetistas que constituirão, valores entre moedas de vários países, regu centes ao mesmo partido, classe ou família;
salientando 'que a redução de crescimento perdurará tão desde formados, vasta reserva deproletariado acadêmico.
somente o tempo necessário àredução da dependência bra lada pela taxa de câmbio. preponderância de uma facção ou de um
Reconhecendo este problema, países como o Japão, grupo na direção dos negócios públicos.
sileira de capitais do exterior". Organizadas em rigidos car os Estados Unidos e a França nunca permitiram que fos Cartel: acordo comercial entre empresas pro
téis, as corporações estrangeires acabaram por endividar sem alineadas as suas indústrias estratégicas, assim como dutoras, as quais, embora conservem a au Onerar: sobrecarregar.
o Pais, em niveis intoleráveis, o que o forçou, em seguida,
a reduzira sua taxa de crescimento, em meio da recesso,
o chanceler alemão Helmut Schmidt declarou, por ocasião
tonomia interna, se organizam em sindicato Pauperização: estado de pobreza.
desemprego e miséria.
da venda de algumas ações da Mercedez Benz ao Kuwait,
que a Alemanha toleraria a aquisição de cervejariase in
para distribuir entre si cotas de produção e Pool: ajuste entre empresas para realizar ope
...A entrega de urm monopóliode fatoa uma corpo oS mercados, e determinar os preços, supri rações especulativas.
dústrias de importância estratégica reduzida, sabendo no
ração estrangeira como a British American Tobacco, no entanto, impedir a venda de empresas de ponta, como a mindo a livre concorrência. Royalty: palavra inglesa. Direito pago; paga
setor fumo, verdadeiras máquinas de arrecadar impos KWU, Kraftwerkunion, produtora de usinas atômicas. Dividendo: parte dos lucros líquidos de uma mento que se faz a outro país pelo uso de
tos, já se apresenta mais problemática. A Souza Cruz, real O esquema de divisão internacional do trabalho re empresa mercantil, correspondente a cada alguma tecnologia alugada.
mente foi bem remunerada, terndo, para um total investido servou ao Brasil até o presente momento a função demer
de 2,5 milhões de dólares, remetido nos últimos dez anos uma das ações formadoras do seu capital. Subsidiado (subsídio): que recebe contribuição
cado regulador de oferta e produção e fornecedor de
USS 82,3 milhões 20 exterior. mão-de-obra barata. O Sr. Ellis, funcionário da BEAMA, Gestão: gerência, administração. (subsídio).
A Firestone, fábrica de pneus, condenada por abu entidade patronal inglesa ligada ao cartel de Indústria Elé Hegemonia: supremacia, superioridade. Tear: aparelho ou máquina destinada a pro
so de poder econömico, investiu no Brasil 4,1 milhões de
trica, interpelado sobre atividades predatórias, explica o Infra-estrutura: no texto refere-se aos empreen duzir tecidos.
dólares e expatriou 50,2 milhões que certamente poderiam motivo: 'Os alemes o chamam de Realpolitik. Onde se
ter sido economizados, se houvesse apoio ao desenvolvi situaria o preço do petróleo e das demais matérias-primas,
dimentos de abastecimento de água, ener Tecnoburocracia: administração dos negócios
mento da 'Fåbrica de Pneus Brasil', falida háanos. se todos os países alcançassem o nosso estado de desen gia, comunicações, transportes etc., que públicos por técnicos.
Um estudo recente realizado peia Secretaria Geral do volvimento e consumo'. E assim o Brasil dominado, ex constituem a base para a atividade eco Transnacionais: o mesmo que multinacionais
Ministério das Comunicaçõe demonstra um ouro (ver no vocabulário), no entanto a palavra
ouuro aspecto
porta sapatos a salários de fome, a fim de poder pagar a nômica.
do problema. Comentando a dependncia tecnológica ele
salienta que 'foram despendidos inúmeros esforços nesse
importação de instalações hidroelétricas, vagões ferroviá Intendente: designação que até o primeiro transnacional expressa melhor a idéia de que
rios, garantindo empregos às metrópolese mantendo ocio
sentido (de eliminar gradativamente a alta dependencia do sas e subdesenvolvidas as suas indústrias próprias. quartel deste século se deu aos chefes do Po estas empresas não pertencem a varias na
Brasil em quase todos oS setores da indústria) através de E assim, com o objetivo de manter a mão-de-obra der Executivo Municipal, hoje prefeitos. ções, mas que atuam mais além das frontei
concessões de beneficios, incentivos fiscais e apoio finan brasileira competitiva em relação a países de miséria pere ras dos países onde têm a sua sede.
ceiro, sem resultados substancialmente positivos'. E con ne, como a India, e assegurando ao mesmo tempo nível
Pode ser também oficial integrante de um
tinua o estudo: 'Não houve, no entanto, a fixação local de vida condizente aos gerentes de corporações interna
da tecnologia, sem a qual continuaremos na dependéncia cionais, verdadeiros procônsules de interesses alheios, foi
total de seu detentor, ainda que fabricado localmente o necessário aumentar a concentração de renda e a mortali
produto (como o automóvel). Essa tecnologia, se retira dade infantil, a subnutrição, ea doença e a miséria dee vas
da por qualquer motivo, determina a suspensão total da Los setores de nossa população, A eliminação da iniciativa
fabricação do produto, invalidando qualquer esforço go privada nacional criou uma classe abastada de burocra
vernamental de incentivo à indústria respectíva'. tas, gerentes de empresas estatais e financeiras aos quais
Eo Brasil apoiouo seu desenvolvimento em corpo se aliam os gauleiter das corporações multinacionais, cu
rações multinacionais, cujo segredo foio controle da tec jas aspirações se voltam ao acompanhamento do padrão
nologia, através dos pools de patentes e do combate aos de vida das metrópoles.
possiveis concorrentes, assim como as antigas potências ...Ao Pals atualmente pouças alternativas sobram.
mundiais mantiveram dependentes as suas colönias, im Cabe reduzir gradualmente a níveis compativeis comase
pedindo a formação de quadros que porventura pudessem gurança nacional, o controle estrangeiro exercido em to
futuramente dirigir nações emergentes como o Zaire, An dos os níveis de nossa vida, desde o condicionamento ao
277
276
CAPÍTULO 9
AS FERROVIAS rovia no Vale do Paraíba, área onde se expandia
a cafeicultura. A Inglaterra não se interessou,
em virtude, entre outros fatores, da instabilida
de política do Brasil.
Histórico e traçado periférico
OS TRANSPOR TES NO BRASIL: comandado por uma economia
Em 1839, Thomas Cochrane tentou obter
capitais para fazer a ligação ferroviária entre
exportadora São Pauloe Rio de Janeiro, mas a iniciativa não
HISTÓRICO E A POSIÇÃO A aplicação do vapor à força mecânica foi
se consolidou.
As condições favoráveis para a implanta
descoberta por Watt em 1769, as minas de car ção de ferrovias no Brasil somente surgiram em
e

SECUNDÁRIA DAS FERROVIAS o


vão já utilizavam para impulsionar
vagões no transporte do produto.
pequenos 1850, ao ser promulgada a Lei Eusébio de Quei
rós. Essa lei proibiao tráfico de escravos para
Em 1824, George Stephenson inventou a o
Brasil e, por essa razão, muitos capitais que,
FRENTE A0 RODOVIARISMO locomotiva a vapor e construiu a primeira fer
rovia do mundo, na Inglaterra, ligando a cida
atéentão, eram aplicados nessa atividade, se tor
naram disponíveis. Aproveitando da disponi
de de Manchester (indústria têxtil) ao porto de bilidade de capitais, em 30 de abril de 1854,
Liverpool. graças à iniciativa do Barão de Mauá, foi inau
Não tardou para que o novo meio de trans gurada a primeira via férrea no Brasil. Tratava
porte fosse implantado em vários países euro se de uma pequena ferrovia, com extensão de
peus e nos E.U.A. 14,5 km, ligando a praia da Estrela à raiz da ser
o caminho aberto por Garcia Rodrigues Pais, ra de Petrópolis. Estava assim inugurada a Im
OS CAMINHOS COLONIAIS E AS No Brasil, o padre Feijó, já em 1835, se ma
iniciado em 1698 e concluído em 1725, unindo nifestava favorávelàimplantação de linhas fér perial Cia. de Estrada de Ferro de Petrópolis,
VELHAS ESTRADAS a região das.minas com o Rio de Janeiro. Fi
reas através da assinatura de um decreto auto a primeira ferrovia do Brasil.
cou conhecido como nome de caminho Novo.
rizando a sua construção. Nomeou o Marquês Em 1855 foi inaugurada a E. F.D. Pedro II,
No tempo em que o Brasil era colônia
Portugal, existiam apenas caminhos, verdadei
e Além desses, outros surgiram na fase da mine
ração: caminho dos Guaianás, ligando a região de Barbacena para entrar em contato com os semente da atual E. F. Central do Brasil, uma
ras picadas abertas no mato pelos indigenas, pe das minas à vila de São Paulo, caminho dos Em ingleses e conseguir despertar junto aos mes aspiraço dos fazendeiros de café do Vale do
mos, interesses para a construção de uma fer Paraíba.
los bandeirantes e pelos jesuítas. Esses cami boabas (Bahia com Minas Gerais), caminho
nhos partiam geralmente do litoral brasileiro dos Goiases (São Paulo ao sul de Goiás) e Uberaba
em direção ao interior. outros. o Araguar
No séculoXVI, já existia um caminho que No século XIX, passou a existir a preo Santa Fe do Sul RColdmbar SPedregulha
ligava o litoral de Säo Paulo ao planalto, co cupação em transformar os velhos caminhos
MATO GROSSO
DO SUL
nhecido com o nome de caminho do Padre José. em estradas, de tal forma que permitissem o trá Três Lagoas São Jose do Rio Preto
S Sebastiäa
do Paraiso
MG

Entretanta, cumpre destacar que os rios de fego regular dos meios de transportes da épo Bbeirão reto VFCO
MINAS
sempenhavam nessa época um grande papel co
Araçatuba
ca, como os coches e as diligências. Assim, o GERAIS Uberaba
mo vias de comunicação e integração do terri Panorama a
caminho Novo, aberto no final do século XVII Pres)
tório brasileiro. Os bandeirantes deles se ser e início do XVIII, foi remodelado nos meados Epitácio Tupa Araraquara Poçus de Caldas
viram, alargando o teritório além da linha de do século XIX, transformando-se na estrada VECOt tro
Bauru Sapuca
Tordesilhas. União e Indústria, ligando Petrópolis (RJ) a
Com o desenvolvimento da pecuária, par Juiz de Fora (MG). Foi inaugurada em 186l e Pto Euclides
ticularmente no Nordeste, muitos caminhos considerada a melhor estrada, pois possuía pe da Cunha BotucatuO Campinas.
Ourinhos Jundiai
surgiram para a passagem do gado. Nesse caso dra britada em eu leito.
inclui-sea cidade de Oeiras, no Piauí, que era Data também da segunda metade do sécu PARANA
um verdadeiro nó de comunicações, estabele SAO PAUio
lo XIX a abertura da estrada Graciosa, ligando
cido pelos caminhos de gado. Evangetista de Sousa
Antonina a Curitiba, estrada Dona Francisca, Santos
Na Região Sul, existia o caminho que liga unindo Joinville e Rio Negro, no atual Estado F Santos Jundiat
va Sorocaba ao Rio Grande do Sul, "caminho EF Noroeste do Brast (AFFSA)
de Santa Catarina, e muitas outras. E Central do Beasil OApial OCEANO ATLANTICO
do sul", possibilitando o deslocamento dos tro A essa época já tinha aparecido a ferrovia, Antiga EF Sorocabana
Antiga Ca Pauusta
peiros, que fundaram muitas cidades origina como o novo meio de transporte na Europa, MAniqga E F
Araragvara
Pautist
roVia

das de seus pousOs. revolucionando portanto as comunicações. VFCO Viacão Farrea do Centro Oeste
Com a mineração, novos caminhos foram Muitos países a adotaram rapidamente, já na ESTADO DE SAO PAUL0:
FERROVIAS
abertos para estabelecer o contato entre as Mi primeira metade do século XIX; o Brasil intro
nas Gerais e o litoral do Rio de Janeiro. Cita-se duziria o novo sistema de transporte em 1854.
278 279
O grande desenvolvimento ferroviário bra CIA. MOGIANADE ESTRADA DE FERRO
sileiro do século passado e inicio deste ocorreu BRASIL: DENSIDADE FERROVIÁRIA
com a expansão da cafeicultura. Necessitando Foi inaugurada em 1875. A construção des TRAÇADO DAS FERROVIAS

ser escoado para o litoral, de onde seria expor sa ferrovia teve também por finalidade escoar

tado, o café possibilitou que particularmente o


caf produzido no eixo nordeste do Estado
em São Paulo ocorresse um grande desenvol de São Paulo (cidades de Mogi Mirim, Casa
vimento das ferrovias no periodo de 1867 a Branca, Tambaú, São Simão, Ribeirão Preto e
1920. outras).
Tem início na cidade de Campinas e ultra
passa o rio Grande, na divisa do Estado de São
ESTRADA DE FERRO SANTOS A JUNDIAÍ Paulo com Minas Gerais. Através do entronca
mento com outras ferrovias atinge Brasília.
Foi inaugurada em 1868. Como o próprio
nome diz, essa estrada de ferro passou a ligar ESTRADA DE FERRO ARARAQUARA
a cidade de Jundiai até o porto de Santos.
Ela transportava principalmente as sacas Foi inaugurada em 1901. Essa ferrovia tam
de café produzidas no Estado de São Paulo até bém surgiu da necessidade de se transportar o
o porto de Santos, de onde era exportado.
café produzido na porção central e norte do Es
tado de São Paulo.
Em 1912, os trilhos da E.F. Araraquara atin
CIA. PAULISTA DE ESTRADA DE FERRO giram a cidade de São José do Rio Preto, no nor 0 400 600
200 4o0 800
1

000 km
Ferrovias

te do Estado (ver o mapa).


Foi inaugurada em 1872. O seu primeiro Posteriormente, seus trilhos chegaram até
trecho, em 1872, ligava a cidade de Jundiaí a Santa Fé do Sul, quase às margens do rio Pa
Campinas. raná.
Pouco a pouco essa ferrovia foi sendo am Em 1971, o governo do Estado de São Pau
pliada, atingindo o vale do rio Paraná, na divi
sa do Estado de São Paulo com Mato Grosso.
Também atingiu o Rio Grande, na divisa do Es
S.A. ,
lo organizou a FEPASA – Ferrovias Paulistas
que englobou as ferrovias citadas an
teriormente (com exceção da Santos a Jundiaf). R.F.F.S.A. (E. F. NOROESTE DO BRASIL)
tado de São Paulo com Minas Gerais (obser As ferrovias no Brasil foram construídas,
var o mapa). inicialmente, para servir às áreas agrícolas. Pos
E uma ferrovia de grande penetração no teriormente o foram para atender às áreas mi
Estado de São Paulo. Acelerou o povoamento neradoras e de criação de gado. Ao contrário PERU LA PAZ
de grandes áreas do Estado e o seu desenvolvi das ferrovias da área do café, onde há uma den Cochabamba
mento econômico. sa rede ferroviária, nas áreas de mineração e de BRASILIAe
Misque
criação de gado, a densidade ferroviáriaébaixa. Santa Cruz Corumba
Arica
Observando-se o traçado das ferrovias no CAMPO GRANDE
ESTRADA DE FERRO SOROCABANA Brasil, constante do primeiro mapa a seguir, BOLÍVIA
pode-se concluir:
Foi inaugurada em 1875, ligando a cidade • as
ferrovias no Brasil não processaram efeti Bauru
BRASIL
de Sorocaba àcidade de São Paulo, numa ex vamente a integração inter-regional; PACIFICO

tensão de 120 km. no caso do Nordeste, não possibilitaram nem PARAGUAI


SÃO PAULO
Nesse mesmo periodo foi feita a ligação da mesmo a integração inter-regional; Santos
O

cidade de Itu a Jundiaí, formando a Cia. Itua na Amazônia, a densidade ferroviária équa CHILE
na. Posteriormente, elas foram unidas numa só se nula; DCEANO

Cia. União Sorocabana e Ituana. •


otraçado das ferrovias no Brasil é tipicamente
Com a expansão da cultura cafeeira em di periférico. Demonstra nitidamente que ele foi
ARGENTINA
reção a oeste do Estado de São Paulo, a E. F.
montado para atender às necessidades de
Sorocabana estendeu os seus trilhos atéa cida uma economia exportad ora de produtos pri OCEANO
de de Presidente Epitácio, no vale do rio Paraná. mários, com ferrovias traçadas do interior pa FEPASA ATLANTICO
Atingiu também a divisa do Estado de São ra os portos regionais, sem a preocupação de Projetada
Paulo com o Paraná. integrar o território brasileiro; demonstra, E. F. Noroeste do Brasil URUGUAI
e E F. Brasil-Bolivia
280
281
desse modo, o caráter colonial da economia Em 1956, no governo de Juscclino Kubits transportes o ficial, em prejuízo do sistema fer la aquisição de bens materiais, dentre eles, o au
brasileira, voltada para o mercado externo e
chek, a situação do sistema ferroviário no Bra roviário, que foi deixado em segundo plano. tomóvel. Desse modo, o autoveículo não é vis
não para o mercado interno. sil era bastante precria. Havia dormentes De 1957 (data da criação da Rede Ferroviá to primeiramente como uma necessidade de
A únicaferrovia de penetração no territó podres, trilhos que já haviam ultrapassado to ria Federal S.A.) até os dias atuais foram ree transporte, mas como uma exteriorização do
rio brasileiro é a E. Noroeste do Brasil, inau
F.
dos os limnites de segurança, trechos do leito fer quipadas muitas ferrovias brasileiras. Entretan prestígio ou status social de quem o possui. É
gurada em 1905. Os seus trilhos partem da roviário com lastros de terra, as comunicações to, foram erradicados muitos ramais ferroviários por isso, que a produção da indústria automo
cidade de Bauru (SP), atingem Corumbá, no entre as esta,Jes eram feitas pelo telégrafo Mor considerados "antieconômicos" (o caráter an bilística é diversificada, isto é, possui vários mo
Pantanal Mato-grossense, para depois alcançar se, com aparelhos de cinqüenta ou mais anos tieconômico de alguns ramais decorre da inefi delos, muitos deles com grande sofisticação
Santa Cruz de la Sierra, na Bolivia. Pretende de uso, os carros eram na sua maior parte de ciente prestação de serviço do mesmo). De uma para atender a vaidade de uma minoria de alta
transformar-se na primeira Transcontinental, madeira e bastante antigos, e ainda predomi extensão ferroviária em tráfego, de 38.388 km renda, enquanto se sabe queo Brasil não resol
ligando o Atlântico ao Pacífico, quando alcan navam as locomotivas obsoletas, utilizandoo em 1956, passamos para 29.251 km em 1981. veu problemas básicos de existência de milhões
çar a cidade de Arica, no Chile carvão ou a madeira como combustível. A ex de brasileiros: a fome e as doenças, para citar
Houve uma diminuição de quase 10.000 km.
Contudo, a sua construção decorreu da as tensão ferroviária brasileira, nessa época, era Tal orientação beneficiou amplamente a in apenas dois.
sinatura do Tratado de Petrópolis, entre o Bra de 38.339 km. Extensão bastante modesta pa dústria automobilística, que tem, sistematica Quanto ao sistema ferroviário, que é um
sil e a Bolívia, para compensar o pais vizinho ra um país comn território de 8.511.965 km², mente, no decorrer dos anos, aumentado as suas transporte de massa, destinado a servir a todos,
da perda do Território do Acre. V-se, assim, quando os E.U.A., com território de dimensão a sua situação é obsoleta. Mais de 80% da ex
que a sua construço não decorreu de uma po vendas, e as empresas estrangeiras distribuido
semelhante à do Brasil, já possuíam mais de ras de derivados de petróleo (gasolina, óleo die tensão ferroviária do pais possui bitola de 1,00
lítica de integração do território brasileiro. 300.000 km de ferrovias, ou a Argentina, com sel, óleo lubrificante), que também viram as metro (quando, na ferrovia moderna, a bitola
apenas 2.000.000 de km2, já possuía cerca de suas vendas crescerem. E isso ocorre num país é de 1,44 ou 1,60 m), baixa velocidade de des
Panorama atual do sistema ferroviário 39.000 km (atualmente possui 45.000 km). que nãoéauto-suficiente em petróleo. Depen locamento, necessidade de baldeações entre tre
no Brasil eo rodoviarismo
Comparado, então, ao sistema ferroviário demos de importações maciças desse produto, chos de bitolas diferentes, eletrificação reduzida
Até o ano de 1920, o Brasil desenvolveu o dos E.U.A., o Brasil se apresentava bastante atra as quais oneram a balança comercial, como já e precária prestação de serviço.
seu sistema ferroviário, apesar de ser, como já
sado, pois deveríamos ter 394.000 km de fer estudamos anteriormente. Os dados que se seguem fornecem uma vi
foi ressaltado, um sistema periférico, e não de rovjas em relação ao território ou 133.000 km Enquanto o Brasil adotou o rodoviarismo, são da situação ferroviária do Brasil.
integraço regional, preocupado em colocar em em relação à população no ano de 1956. as ferrovias encontram-se naposição secundá
contato certas áreas produtoras de riquezas até Diante de todo esse panorama (pequena ex ria. E, no entanto, o sistema ferroviário pode BRASIL: EXTENSO DAS LINHAS FÉRREAS
o porto de exportação. tensão ferroviária e rodoviária, déficits ferro ria ter sido movimentado tendo por base o gran E
SEGUNDO A BITOLA (1981)
A partir de 1920, as ferrovias começaram viários, pequena extensão de rodovias pavimen de potencial hidrelétrico do país, que fornece
a sofrer a concorrência do sistema rodoviário,
tadas), o governo de JK, desejoso de acelerar ria a energia elétrica necessária para as loco Extenso
em vista da produção em série do novo meio o desenvolvimento do país, tendo por base o motivas elétricas. Bitola
Ofo
em km do total
de transporte, representado pelo caminhão e au Plano de Metas, enfrentou os obstáculos ofe
tomóvele do "oferecimento" pelos E.U.A. de fi
nanciamentos para abertura de rodovias, pois
recidos pelo sistema de transporte ferroviário
e rodoviário, através de duas orientações:
Comparações entre os sistemas de de 0,76 m 202 0,8%

isso significava para esse país novas fontes de • criação da Rede Ferroviária Federal S.A., que
transporte de 1.00 m 25.426 87,0%
lucros para as suas empresas automobilísticas, passou a administrar a maior parte das fer
para as empresas distribuidoras Em virtude da política de transporte im de 1,44 m 194 0,60
de petróleo e rovias do país. Cerca de dezoito ferrovias fo
plantada no Brasil, o deslocamento de carga e
ainda para a indústria de máquinas de terraple ram inCorporadas a essa empresa, com o de 1,60 m 3.429 11,6%
nagem. Diante disso, inicia-se no Brasil a de passageiro se faz fundamentalmente por ro
aber intuito de reorganizar, equipar emelhorar
c

dovias, consumindo grande quantidade de óleo Fonte: Anuário Estatistico do Brasil, 1982, IBGE.
tura de rodovias para permitir a utilização dos sistema ferroviário brasileiro;
veiculos a motor. • estabelecimento de um Plano Qüinqüenal de
diesel e gasolina, num país que ainda depende
Após a Segunda Guerra Mundial, ocorreu de importações maciças de petróleo, mas que
uma considerável expansão do Obras Rodoviárias, com a finalidade de am possui um dos maiores potenciais hidrelétricos
BRASIL: EXTENSÃO DAS LINHAS FÉRREAS
sistema rodoviá ELETRIFICADAS E NÃO ELETRIFICADAS
rio no Brasil e verificou-se que o sistema ferro pliar e pavimentar a extensão rodoviária do do mundo.
país. (1981)n sic S

viário mostrava uma obsolescência de equipa As novas gerações do Brasil quase não co
mentos, déficits e baixo nível de prestação Entretanto, frente à instalação da indústria nhecem o transporte ferroviário, poucos viaja Extensão
serviços. Em conseqüência disso e da pequena
de automobilística estrangeira no Brasil e o com ram de trem ou nunca viajaram por esse sistema Especificação em % do total
extenso de linhas férreas, já se observava que promisso governamental de apoiá-la em vários de transporte. Nasceram no tempo do Brasil ro
kmn

as ferrovias não acompanhavam as sentidos (isenção de impostos, financiamento doviário. 2.237 7,6%
transforma a juros baixos, câmbio preferencial) e, inclusi Eletrificadas
ções do país e que constituíam, juntamente com ve, quanto à abertura
A aquisição do automóvel último tipo é vis
a pequena extensão rodoviária e a escassez de de rodovias, para tornar ta como uma situação de prestígio ou status so Não cletrificadas 27.014 92,4o
o uso dos veículos automotores generalizado,
rodovias pavimentadas, obstáculos ao desen Ocorreu a partir daí a grande expansão rodo cial, de afirmação da posição social, fruto da Total 29.251 100,0%
volvimento brasileiro. viária. O rodoviarismo tornou-se a política ideologia do sucesso implantado na sociedade,
de isto é, de que o sucesso individual é medido pe Fonte: Anuário Estatistico do Brasil, 1982, IBGE.
282
283
na
plora o manganês (é formada por capital O SISTEMA RODOVIÁRIO
e
cional estrangeiro).
Quando comparada ao sistema rodoviário, A E.F. Campos do Jordão possui apenas O desenvolvimento rodoviário brasileiro
a participação das ferrovias no Brasil, no trans ENERGIA CONSUMIDA -CALCULA-SE oUE.
EM MÉDIA, A ENERGIA PRODUZIDA 47 km de extensão. uma ferrovia que serve iniciou-se timidamente no ano de 1926, a par
porte de carga, é eduzida. O sistema ferrovi POR 1 KG DE CARVÃO PERMITE a cidade de Campos do Jordão (SP)e outras tir do lema do presidente Washington Luís, de
rio éresponsável por apenas 18% do total res da TRANSPORTAR: localidades próximas a ela. Não se destaca
co
que "Governar é abrirestradas'". No seu gover
carga transportada, enquanto orodoviário no foram construídas a rodovia Rio de Janei
6,5 t em
mo as anteriores no transporte de um produto.
ponde por 75% e a hidrovia (navegação costei
1
sobre rodovia km
ra e fluvial) por 12%. sobre ferrovia 20 t cm I km Estáem construção a ferrovia dos Carajá,. ro-São Paulo e uma outra, entre o Rio de
sobre hidrovia 40 t cm 1
km que ligará a serra dos Carajás, no sul do Pará, Janeiro e Petrópolis.
com a fi Entretanto, o Brasil somente teria uma po
até ao porto de Itaqui, no Maranhão,
nalidade de escoar o minério de ferro dessa lítica rodoviária nacional a partir da criação do
DESLOCAMENTO DE CARGA SEGUNDOo TONELADAS POR QUILÔMETRO COM UM região. Departamento Nacional de Estradas de Roda
TIPO DE TRANSPORTE (I980) LITRO DE ÓLEO DIESEL: Em virtude do programa siderúrgico nacio gem, em 1937. Com a eclosão da Segunda Guer
Paises nal e das metas traçadas quanto ao aumento da ra Mundial, o transporte rodoviáio cresceu
Rodovia Ferrovia Hidrovia o caminhão com 1 litro de óleo diesel trans
porta por km uma carga de 30 t
exportação de minério de ferro, foi iniciada no lentamente e ocorreu uma maior utilização da
U.RS.S. 4
13% a ferrovia com 1 litro de 6leo diesel trans ano de 1975 a construção da Ferrovia do Aco, ferrovia, em virtude das dificuldades de impor
29
porta por km uma carga de 125 t para atender ao triângulo Rio-São Paulo tação de petróleo.
Alemanha Oidental 18% a hidrovia com 1 litro de óleo diesel trans
Belo Horizonte. No entanto, a construção
des Até 1940, o Brasil possuía apenas uma ro
EJA. 25* S0% 25%
porta por km uma carga de S75 t
ta ferrovia, de grande significado econômico dovia pavimentada, a rodovia Rio--São Pau
e social para a região, encontra-se paralisada, lo (a viaDutra somente foi concluída em 1950).
aguardando solução governamental, como Com a implantaço da Cia. Siderúrgica
Japo 20 38 42970

França 28 $S
17%
PESO MORTO -PARA0 TRANSPORTE
foi comentado no item referente à indústria
si Nacional em 1941, mas produzindo aço somen
DE 1 TONELADA: o mapa te em 1947, e a criação da Petrobrás em 1953,
derúrgica no Brasil. (Ver também do
Brasil 75 18% 12% o caminhão desloca peso morto de traçado da Ferrovia do Aço.) o desenvolvimento rodoviáio se acelerou, pois o
700 kg
a ferrovia desloca peso morto de 800 kg
o barco desloca peso morto de 350 kg

A tabela anterior deixa claro que em paí Castanhal RODOVIA BELEM-BRASILJA


ses de dimensões continentais e ricos em petró
leo, como a U.RSS.eos EA, a ferTOVia ocupa Ás empresas ferroviárias no Brasil T'Sta. Maria, do Pará
uma posição de destaque no transporte de
carga. Existem no Brasil duas grandes empresas Gurupi MARANHÃO
Hátempos, mesmo antes do início da cri ferroviárias: Açailndia
RIO Gde.
00 NORTE
se do petróleo, em 1973, muitos países elege • a R.EFS.A. (Rede Ferroviária Federal S.A.) Imperatriz CEARÁ
PARÁ
ram a ferroviaea hidrovia como meios de •a FEPASA (Ferrovias Paulistas S.A.) Porto Franco
Paranaidji
transporte mais económicos. Além dessas, existem três empresas meno Araguaína(Estreitg LBARAIBA
Existe um estudo publicado em 1968, pelo res: a E.F do Amapá, a E.F Campos do Jor PIAUI
PERNAMBUCo
Ministério das Relações Exteriores do Brasil, dão e a E.E Vitória a Minas.
Divisão da América Meridional, Seção de Pu Do total de 29,251 km de extensão de linhas ALAGOAS
blicações, denominado "Hidrovias e Interliga férreas, a Rede Ferroviária Federal possui Paraso do Norte
ção das Bacias Hidrográficas", que estabelece 23.171 km, o que corresponde a quase 80% do SERGIPE
,Gurupi
comparações entre os sistemas de transporte, total. A FEPASApossui 5.066 km (17%) e ape BAHIA
evidenciando as vantagens da ferrovia e da hi nas 1.014 km (3,4o) pertencem às outras em MATO GAOSSO
GOIÁS
JPorangatu }

drovia sobre a rodovia, conforme os dados que presas. UruaçuEstrela do (Norte


se seguem. AE.F. Vitória a Minas, com 773 km de ex Rialmao D.E OCEANO
tensão, liga a região produtora de minério de JaraguáBRASÍLIA ATLANTICO
ferro no Estado de Minas Gerais, o Quadrilá
FORÇA DE TRAÇÃO- UMA FORÇA tero Ferrífero, aos portos de Vitória e Tubarão, - Anápojs
DE
TRAÇÃO DEICV PODE
DESIOCABAr
no Espírito Santo, de ondeé exportado.
APROXIMADAMENTE: MINAS GERAIS
AE.F. do Amapá(194 km) coloca em con MATO GAOSSO
na rodovia 150 kg
tato as jazidas de minério de manganês da ser DO SUL
/ESPIRITO
SANTO
na ferrovia ra do Navio, do Amapá, ao porto de Santana,
S00 kg SAO PAULO
na hidrovia 4.000 kg próximo a Macapá, por onde é exportado. Es
sa ferrovia pertence à ICOMI, empresa que ex
285
284
pais passou a dispor de aço para a construção Após 1964, os governos militares que se su mográficos" e integrá-los às demais regiões Mas em vista do insucesso das agrovilas,
de pontes e de asfalto para a pavimentação das cederam deram maior ên fase à política de trans do país; a partir de 1974 a colonização dessas regiões
estradas. portes voltada prioritariamente ao sistema • facilitara exploração dos potenciais naturais tem-se processado através da grande empresa.
Entretanto, o grande desenvolvimento ro rodoviário. Para integrar ou incorporar as re dessas regiões (terras, minérios) através do
es
doviário brasileiro ocorreua partir de 1956, com giðes Norte e Centro -O este às demais regiões tabelecimento de um sistema de transportes Além das rodovias de integração,
a implantação da indústria automobilistica. O do pais e facilitar a penetração da 'nova colo hidrorrodoviário; procedeu-se nas demais regiões dopaísa aber
governo do presidente Juscelino Kubitschek • criar eixos rodoviários onde deveriam ser
as
nização'", procedeu-se a abertura de várias ro tura de novas estradas de rodagem e ampliou
deu ênfase ao setor rodoviário, iniciando o pro dovias, denominadas "rodovias de integração" sentadas famílias, inclusive de outras regiões, se consideravelmente a pavimentação. Os da
cesso de integração nacional comarodovia Be (Rodovia Transamazônica, Brasília--Acre, Pe para realizar a "nova colonização". dos das tabelas que se seguem fornecem uma
lém-Brasília, denominada rodovia Bernardo rimetral Norte, Cuiabá-Santarém, Porto Entretanto, a "nova colonização" dessas re idéia dessa expansão.
Sayo, e com a construção de Brasilia no pla Velho-Manaus ea Transpantaneira, ligando giões vem sendo realizada através do grande ca
nalto Central. Corumbá a Cuiabáe Campo Grande e a mui pital. Empresas nacionais
e estrangeiras,
A rodovia Belém--Brasilia possui mais de tos outros trechos na Região Norte e Centro beneficiando-se dos incentivos fiscais concedi
2.000 km de extensão e possibilitou o povoa EVOLUÇÃO DA REDE
Oeste, além de possibilitar a comunicação com dos pelo governo, instalaram-se nessas regiões,
mento ao longo de seu eixo. a Colômbia, Venezuela, Peru e Bolívia). implantando projetos agropecuários mine
e RODOVIÁRIA BRASILEIRA
A rodovia Rio-Bahia (1.878 km) foi as A abertura das rodovias de integração obe
rais. O grande capital sobrepõe-se ao trabalha EM TRÁFEGO
faltada em 1963, possibilitando a integração en deceu a vários objetivos traçados pós-64 e di dor, ao indígena, aos homens sem-terra ao
e
tre o Sudeste e o Nordeste. Na mesma época vulgados em declarações oficiais, podendo se pequeno proprietário. A nova colonização be Anos Extensão em km
asfaltou-se a rodovia São Paulo-Porto Alegre destacar:
e muitas outras, abrindo-se novas perspectivas neficiou amplamente a grande empresa capi
• a questão de segurança nacional, tendo por 1930 113.000
ao sistema rodoviário nacional. base a necessidade de povoar os vazios de talista.
Além do que foi citado, cumpre destacar
que as rodovias de integração e, principalmen 1940 258.390
BRASIL: PRINCIPAIS RODOVIAS te, a Transamazônica, serviriam para aliviar as
INTER-REGIONAIS
VISTA
tensões sociais" existentes no Nordeste. A se 1958 457.112
ca, o desemprego, a estrutura fundiária injus
ta, a baixa renda, enfim, a miséria do 1964 548.510
nordestino, constituíam preocupações oficiais,
Itamir SAO LUIS
pois poderiam se transformar em movimentos 1968 938.613
MANAUSs
FORTALEZA de questionamento da ordem social. Para ali
aitybe
1973 1.298.338
ônic Maraba
TERESINA viar as tensões, procedeu-se ao deslocamento
de famílias para certas áreas ao longo do eixo
MATAI

JOAO PESSOA
1981 1.382.890
AECIFE
rodoviário. O assentamento de famílias coube
ORTO
o Cachimbo ACEIO ao INCRA (Instituto Nacional de Colonização
ARACAU
e Reforma
Agrária), tendo por base as agrovi Fonte: Curso paraprofessores de Geografia, n. 19, 1973;
Sant
las já citadas anteriormente. e Anuário Estatístico do Brasil, 1982, IBGE.
SALVADOR

BRASIL: EXTENSÃO DA REDE RODOVIÁRIA PAVIMENTADA


cOLANIA
BRASILIA Vitda a
Conquista
E NÃO-PAVIMENTADA 1981 –
Witoria
Tras -Chlabd Pavimentada Não-pavimentada
b BELO
Rede Rodoviária Extenso em km em km em km
THORIZONTY VITORIA
Portr

oE
Federal 58.105 41.027 17.078
O
JANEIRo
AnCAULO
For do guaa oRITIBA Estadual e estadual 102.570
transitória 146.425 43.855
FLORIANOPOLIS

Unugu Municipal 1.178.360 4.567 1.173.793


SRIO ALEGRE

0 200 400 600 B00 1000 km


Total 1.382.890 89.449 1.293.441

Fonte: Anuário Estatístico do Brasil, 1982, IBGE.


286
287
O mais bem aparelhado éo porto de Ma finaria Duque de Caxias (RJ) e a Refinaria
naus, situado à margem esquerda do rio Negro Gabriel Passos (MG);
Quanto à distribuição das rodovias pelo via do Contorno. E um grande projeto, que per
território brasileiro, é a Região Sudeste que pos mitiráa ligação da região Norte do Brasil às (afluente do rio Amazonas). Eo porto fluvial Terminal Marítimo Almirante Barroso, em
sui a mais densa rede rodoviária. Possui 330 regiðes Centro-Oeste, Sudeste e Sul, caso im de maior movimento do Brasil. –
São Sebastião (SP) destina-se a receber o
do total da extensão rodoviária em tráfego do plantado. O seu significado econômico e social
Outro porto fluvial importante é o de Co
é escoa
petróleo que é refinado nas refinarias de Ca
pais, demonstrando, mais uma vez, os desequi é
de grande importância, pois permitiria um rumbá, nório Paraguai. Por esse porto puava, Presidente Bernardes, do Planalto
uma área (Paulínia) e a de São José dos Campos, to
líbrios regionais. transporte de baixo custo, visto que a hidrovia do o minério de manganês extraído de
é um sistema de transporte econômico, como próxima de Corumbá. das no Estado de São Paulo;
• Paranaguá (PR) além de ser um porto de
estudamos anteriormente. múltiplas funções, destaca-se na exportação
A NAVEGAÇÃO FLUVIAL Quanto aos portos fluviais, a maioria de de café, soja e óleos vegetais;
E
MARÍTIMA les encontra-se pouco aparelhada. Navegação marítima: considerações • Imbituba (SC) escoa o carvão mineral;

Navegação fluvial:
gerais • São Francisco do Sule Itajaí escoam ma
deiras;
-
Considerando os recortes, o litoral brasi • Terminal Marítimo Almirante Soares Dutra,
considerações gerais TRAÇADO ESOUEMÁTICO DA HIDROVIA DO cONTORNO
leiro se estende por 9.198 km. –
em Tramnandaí (RS) recebe o petróleo pa
No passado os rios tiveram um papel im um litoral que apresenta condições favo
E
ra ser refinado na Refinaria Alberto Pasqua
portante na ocupação do território brasileiro. ráveis ao desenvolvimento do transporte marí
lini, além de outros produtos.
Através dos rios Tietê, Amazonas, São timo, em virtude de uma série de fatores:
Francisco e seus afluentes efetuou-se a ocupa • existência de reentrâncias (baías, enseadas),
de ilhase de estuários que facilitam a insta
Durante muito tempo, a navegação marí
ção de vastas porções do território brasileiro. tima brasileira, quanto ao transporte de carga,
Atualmente, a navegação fluvial no Brasil lação de portos; esteve submetida às pressões dos cartéis inter
encontra-se, em relação aos outros sistemas de • vasto litoral dominando grande parte do
nacionais de empresas de navegação.
transportes, numa posição inferior.Eo siste Atlântico Sul; Os cartéis da navegação marítima dificul
ma de menor participação no transporte de • correntes maritimas que não dificultam a na
tam a penetração de novos concorrentes, haven
mercadorias no Brasil. vegação;
do entre eles uma diviso de rotas. As Confe
Esse fato pode ser explicado através de vá • posição geográfica do território vantajosa pa
rios fatores. ra o comércio externo. rências de Frete, dominadas pelas grandes em
• muitos rios do Brasil são de planalto,
presas, que repartiam entre si o transporte
São cerca de 22 os portos marítimos no marítimo, constituíam um obstáculo ao desen
apresentando-se encachoeirados, o que difi Hidrovia do contorno
Brasil que fazem o comércio externo ea nave
culta a navegação. E o caso dos rios Tiet, Pa
Areas de transposição
gação de cabotagem. volvimento da marinha mercante de vários
Sistema tluvial países.
raná, Grande, São Francisco e outros; Parans-Paraguai
Os portos do Rio de Janeiro, Santos, Pa
• os rios de planicie, mais facilmente navegá ranaguá, Porto Alegre, Rio Grande, Salvador e
veis, encontram-se afastados dos grandes cen Fonte: Hidrovias e interligação das bacias hidrográficas. Recife são os que apresentam o maior movi
troseconômicos do Brasil (São Paulo, Rio de Ministério das Relações Exteriores, 1968. mento de carga. BRASIL: PORTOS MARÍTIMOS
Janeiro, Minas Gerais e a Região Sul). São rios Ao lado dos portos que no Brasil podem
de planície o Amazonas e o Paraguai. ser classificados de portos de múltiplasfunções
Nos últimos anos estão sendo realizadas BOA VISTA

(Santos, Rio de Janeiro e outros), em virtude ACAPA


várias obras para permitir que os rios brasilei de escoarem produtos variados, existem os es SAO LU1S
ros se tornem navegáveis. Para tanto, estão sen pecializados. ANAUS ORTALEZA

do construídas eclusas (comportas) para se Os principais portos especializados são:


TERESINA,
NATAL
vencerem as diferenças de nível • Santana (Amapá)
das águas nas aparelhado para a ex ORTO VEUHO
AACEI
barragens das usinas hidrelétricas. Eo caso da portação do minério de manganês; ARACAJu..

eclusa de Barra Bonita no rio Tietêe da eclusa • Itaqui (Maranhão)– éo porto por onde se CUIABA sRASILIA
SALVADoR-L
ithéus
de Jupiá no rio Paraná, já prontas, além de ou ráescoadoo minério de ferro da serra dos Ca GOIANLA

tras projetadas. rajás (Pará); CAMPO GHANDE e


eTubaräo

No Rio Grande do Sul já foi providencia • Cabedelo (PB) escoa açúcar; JSantosoora
da a ligação do rio Jacuí ao Ibicuí, possibili
tando, assim, a navegação de cerca de 300 km

• IIhéus (BA) éo escoadouro do cacau pro aran
dos
sebastiäo
FLORIANOPOLUS
ReisJ

a partir
duzido no sul da Bahia;
de Porto Alegre, numa região ricae que • Tubarão e Vitória (ES) escoam o minério o
ORTO

Grande
ALEGRE

precisa possuir um sistema de transporte eficien de ferro de Minas Gerais;


te e barato. • Terminal Marítimo Almirante L Portos
Existe também um projeto de ligação da Tamandaré
Eclusa de Barra Bonita, no Rio Tieté, no Estado de São (RJ) –recebe o petróleo para abastecer a re
bacia Amazônicaà bacia do Paraná. É a hidro Paulo.
289
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Durante muito tempo o Brasil aceitou es
a partir principalmente de 1960, surgiram vá para as Sete Irms (Exxon, Gulf Oil, Mobiloil, estradas de ferro, arrancar trilhos, sob o fundamento de
sa situação de subordinaçãoe participava em rias empresas de txis areos, completando as
Ali
lantieRritishe Shell) que constituem o grande
Texaco, economia e a comprometer, cada vez mais, suas receitas
apenas l0% dos fretes do comércio exterior bra sim a cobertura do território brasilciro pcla cartel internacional, era mais interessante cxtrair rapida de exportação na compra de petróleo. Nos Estados Uni
sileiro. Participação muito pequena no trans aviação comercial. mentc do Oricnte Médio
diflcil controle militar –
- área altamente explosiva de
e

antes de qualquer outra parte,


dos, o Governo adquiriu as ferrovias deficitárias. Não as
destruiu.
porte de mercadorias exportadas e inportadas. Os aeroportos do Brasil de maior movi as da Amé.
Em 1967, o Brasil alterou essa situação. Im todo o pctróleo quc pudessem, deixando jazidas Com a ajuda das multinacionais que se
mento de passageiros são: Congonhas (SP), Rio como rescrva. da industria automobilística, os organismosintermtt
pôs, na Conferência de Fretes, a suamaior par de Janciro (RJ) e Brasília (DF).Os de maior mo
rica a
Isto mostrava a milhares de brasileiros conveniên como o Banco Mundial, o BIRD, o BID e outros, cuja pre
ticipação no transporte maritimo, vencendo o vimento de carga carregada são: Rio de Janci cia de buscarmos a independència
em pctróleo. Getúlio Var sidència cabe aos Estados Unidos, por ser o maior acio
que ficou conhecido como a batalha dos fre ro (RJ), Viracopos (SP), Congonhas (SP) e o gas, mesmo em 1938, tentara estabelecer com Germano nista, propiciaram recursos para construir rodovias asfal
tes". De 10%, que era a participação brasileira Busch, presidente da Bolívia, uma solução estatal, única tadas e para pagamento a longo prazo. Iludidos por essa
aeroporto Brigadciro Bduardo Gomes, de Ma Busch facilidade, os administradores do País montaram uma re
nos fretes gerados pelo comércio exterior, pas naus (AM). forma de cscapar à ação do cartel multinacional.
anos mais tarde
suicidou-sc e Getúlio fará mesmo, quinze de de estradas em tempo recorde, assombrando o mundo,
o

sou a 47% em 1974 e 650 em 1980. edez meses após promulgar a leique instituía
a Petrobrás! não apenas pela audácia do empreendimento, sem parale
O Governo Dutra tomara posição favorável às multinacio lo, como pela incomum ingenuidade e imprevidência.
e a im Estradas de rodagem e não ferrovias, nem hidrovias.
nais do petróleo. Os anais do Congresso Nacional
AVIAÇÃO COMERCIAL: prensa da época registram os espancamentos, as prisões, A política de financiamento à abertura de estradas de ro
inclusive de eminentes chefes militares integrados na cha dagem na América Latina data da V Conferência Pan
CONSIDERAÇÕES GERAIS TEXTO PARA LEITURA E mada campanha do 'Petróleo é nosso. A luta pelo
mono
que,
Americana, realizada em 1923, quando a representação dos
pólio estatal do petróleo prosseguiu até mesmo depois Estados Unidos anunciou, sob aplausos gerais, o propósi
DISCUSSÃO em eleicões diretas, Getúlio Vargas retornou ao poder, cau to de ajudar a construir a Estrada Pan-Americana. Ao de
A história da aviação comercial no Brasil teloso em relação às multinacionais, porém, em zigueza
começou em 1927. Nesse ano, foi fundada a Va fender os créditos necessários, perante o Congresso dos
A gue, desferindo-lhes alguns golpes. Estados Unidos, o Secretário do Estado Corder Hull ex
rig (Viação Aérea Rio-grandense), com umn ca luta pelo monopólio estatal do Os lances para obter a aproação da lei instituindo plicava, sem rodeios, os lucros que adviriam. Sendo norte
pital de 1.000 contos de réis, divididos em 5.000 petróleo e as multinacionais o
monopólio estatal, as artimanhas a que teve de recorrer americanas as empresas automobilísticas eas distribuido
ações nominais de 200 mil-réis cada. A primei o próprio Presidente da República, simulando oposição ao ras de petróleo, as rodovias significavam novas frentes de
ra linha da Varig ligava Porto Alegre a Pelotas Nesta breve resenha histórica da influência das mul projeto nacionalista, mostram o enorme poder político que lucros e de poder político.
e Rio Grande num percurso tnacionais não se poderia omitir uma referência, mesmo essas multinacionais enfeixavam. Perdendo a pesquisa, a Não mencionou que, sendo norte-americanos tam
de 207 km. sumária, à luta pelo monopólio estatal do petróleo, sem lavra e o refino, conservaram, todavia, a parte mais lucra bém os equipamentos de terraplenagem, de produção de
Em 1928, foi inaugurada no Brasil a Con dúvida, a mais esclarecedora. tiva donegócio -a distribuição. Sua influência na admi asfaltos e vencendo a juros altos os empréstimos concedidos
dor Lufthansa. Durante a Segunda Guerra Todos sabemos que a história do petróleo vem rechea nistração pública assumia tal força que a maioria dos órgos aos países onde se instalaria mais essa rede de dominação
Mundial, essa empresa foi nacionalizada, dan da de episódios sangrentos, envolta em traições, assassi governamentais adquiria combustíveis delas, e não da Pe invisível, o empreendimento se transformaria num dos mais
do origem à Cruzeiro do Sul. natos, guerras, subornos, pelos quatro cantos do mundo. trobrás, situação que até hoje perdura em alguns setores. valiosos instrumentos para a expansão econômica das mul
O aniquilamento de Mossadegh no Iran, de Enrico Mattei Oresultado desa influência irresistível, a par do preço tinacionais sobre o sul do continente.
Em 1930, surgiu a Latécoère, que transpor na Itália, os conflitos no México, 1 baixo do petróleo, se traduziu na adoção de uma política Não apena a atual crise do petróleo torna desolado
dTenezuela, a
Guerra
tava as malas postais que os navios deixavam dooChaca, a criação do Estado Israel, a Guerra do Oriente
e
de transportes totalmente contrária à emancipação econô ras as perspectivas, diante da leviandade de nossos gover
em Natal. Mais tarde, essa companhia foi subs Médio, de Biafrae mil outras, muitas das quais Gondim mica do Brasil. Enguanto que os pafses adiantados do mun nantes.
tituída pela Air France. da Fonseca relembra em seu manual Que sabe você sobre do, sem petróleo suficiente, centraram as comunicações na (Osny Duarte Pereira, Multinacionais no Brasil –
Também data dessa épocao aparecimento petróleo?, quando se aprofunda a busca da origem dos navegação fluvial e marítima e nas ferrovias, o Brasil, ao aspectos sociais e politicos, 2. ed., Rio de Janeiro,
acontecimentos, por uma coincidência impressionante, logo contrário, chegou mesmo a construir rodovias paralelas às Civilizaço Brasileira, 1975, p. 127-30.)
de duas empresas norte-americanas, a Nyrba se iráencontrar e com grandee destaque, um agente
do Brasil S.A. e a Pan American Airways, que das multinaeido, do ouro negro, manipulando os cor
passaram a explorar os serviços para os E.U.A. dões decisivos em proveito delas.
Essas duas empresas deram origemà Panair do Elas não se descuidaram do Brasil. Não cabe aqui re
memorar seu trabalho, conseguindo, antes de 1930, con
Brasil S.A., hoje incorporada à Varig. cessões para exploração no Amazonas, as sabotagens para
Em 1933, foi fundada a Vasp (Viação Aé a formação de empresas nacionais de pesquisa, os
obstá
rea São Paulo), com um capital de 400 contos –
culos para a formação de uma empresa estatal a Petro
VOCABULÁRIO
de réis, distribuídos em 2.000 ações nominais a
brás, matéria sobre qual há uma importante literatura.
de 200 mil-réis cada. Dispunham de concessões na Venezuela e no Oriente Mé.
dio que o
permitiam abastecer mundo. O México escapara
Contudo, foi somente após a Segunda Ihes das mãos e havia o risco de ocorrer omesmo no Brasil.
Baldeação: passar (bagagens ou passageiros) cado interno, de forma que compense os pre
Guerra Mundial que a aviação comercial no O obietivo não era retirar ou encontrar poços aqui, mas de um veículo para outro. juízos e favoreça aos trustes e cartéis a
Brasil apresentou um grande desenvolvimento. impedir que aparecesse uma nova fonte de suprimentos, Bitola: distância que separa os trilhos de uma colocação dos excedentes.
Muitos aviões exXcedentes da guerra foram ad capaz de acarretar um dumping e desmantelar o excelente via férrea.
negócio que representava. Disputavam concessões, mas para Lastro: camada de pedra britada ou de outro
quiridos por pilotos que deram origem a várias ímpedir que atrapalhassem a colocação aqui do produto Cabotagem: navegação mercante entre portos material semelhante colocada sob os dor
empresas de aviação. já descoberto e com instalações já pagas muitas vezes. Con de um mesmo país. mentes de uma via férrea para suportar e dis
Atualmente, as três principais empresas viria que continuásemos apenas importadores e nåo pro Dumping: sistema de economia protecionista tribuir à plataforma (ao chão) os esforços
são: a Varig-Cruzeiro, a Vasp e a Transbrasil. dutores de combustíveis. O pals que importa é dependente;
o que produz traz em si.a possibilidade
que, para incentivar artificialmente a expor por eles transmitidos.
Com a ocupação das regiões Centro-Oeste de assumir o con tação, lança no mnercado internacional pro
trole e libertar-se, como está acontecendo, agora, com os Obsolescência: o fato ou o processo de tornar
eNorte pelosestabelecimentos agropecuários, países detentores de lençóis em exploração. dutos pelo preço de custo, ou abaixo do se obsoleto ou antiquado.
custo, elevando-0S excessivamente no mer Promulgada: ordenada a publicação.
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p. 18-46. VISÃO. Sâo Paulo, 25 jun. 1979.

294
para o estu
A
Geografia como Ciência Social deve contribuir
a
do dos fatos sociais, e não apenas limitar-se fornecer explica
ções superficiais ou parciais dos problemas
que envolvem a vida
em sociedade.
O estudo e o ensino da Geografia têm-se mostrado
apenas co
mo descritiyos, quando deveriam também apresentar-se como ana
e
líticos. Assim, a realidade social, econômica política nacional
e exalta
e mundial vem sendo hámuito ocultada pela descrição
ção dos aspectos fisicos da natureza ou pela abordagem simplista
dos fatos sociais.
a o que se
A preocupação do Autor, no entanto, é de revelar
esconde por trás desses aspectos exaltadores dos elementos da
na
tureza e da redução simplista do estudo da vida social.
Em vista disso, a nova edição do Panorama geográfico do Bra
a

e econômi
sil procura não só mostrar a realidade social, política
ca que nos cerca como também (contribuir para a formação do
e
espírito crítico do estudante e para o esclarecimento resolução
dos problemas que afligem a vida em sociedade.

EIII
EDITORA
MODERNA

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