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CÁTIA AIRES, TURMA 3, Nr. 2103853

1. Segundo Ortega et al., (2007, p.494, citado em Oliveira & Freire, 2009),“ o uniforme e
homogéneo deu lugar ao complexo, plural e mestiço, e esta transformação supõe e exige afrontar
pedagogicamente a diversidade e as identidades culturais”, ou seja, pela mundialização e
complexidade das sociedades, torna-se imperativo as sucessivas formas promotoras e facilitadoras
na instauração de justiça, compreensão, confraternização, comunicação e organização social entre
indivíduos, “diferentes domínios, desde o político, laboral, judicial, educacional, coesão, ao
comunitário e ao das relações internacionais”(Oliveira & Freire, 2009, p.13), é neste sentido que a
mediação e a importância dos seus princípios encaixam, constituindo e contribuindo na mudança
veloz em que vivemos, “sustentada em valores positivos, como a solidariedade, a participação, o
compromisso, a cooperação, o respeito, a criatividade, a perseverança, a paciência, a
confidencialidade e o diálogo” (Oliveira & Freire, 2009, p.19). Quando falamos de ética da
mediação, falamos no reconhecimento do próprio (eu), de causas de problemas, conflitos e
resolução, das conexões e relações humanas e sociais, dando aos valores éticos uma harmonia com
as finalidades, as práticas e os contextos em que se desenvolve a mediação, orientadas na visão de
Oliveira & Freire (2009) por: respeito por si próprio e pelos outros (o nosso autognose, como
pessoa e mediador, transmitindo essa autoconfiança, aceitação e autoconhecimento nos outros,
acarretando uma maturidade emocional. Ao atingir este grau, teremos um domínio, uma influência e
humildade de agir antecipadamente a qualquer situação e resolução); responsabilidade perante os
seus actos e perante a vida (o mediador sente-se responsável e incurso pelos seus feitos, assumindo
a autoria no exercício da cidadania de forma inclusiva); liberdade (em crescente atualização,
voluntariamente decidido, existe um percurso transformador, uma análise conjunta dos problemas
entre as partes envolvidas, através de negociações e estratégias de mudança, por intermédio das
próprias vivências, o individuo assume autonomia e condução da sua própria vida) e não-violência
(cultiva-se os valores humanos sobrepondo as diferenças, na tomada de decisões, contando com a
perspectiva do outro lado, pelo diálogo e trabalho conjunto com a mediação, na construção,
manutenção e práticas das relações sociais da justiça e paz, em defesa dos direitos como uma
fraternidade). Oliveira & Freire (2009, p.19), remetem-nos a três amplas diretrizes, definidas como
modelos/escolas, ilustrando o Modelo tradicional – Linear de Harvard (Fisher & Ury); “os fiéis a
este modelo encaram o conflito a obstáculos por interesse e necessidade interpretando a mediação
com processo orientado na resolução de problemas por acordo de partes (Santos, 2012); Escola
Circular Narrativa (Sara Coob, Marines Suares; Winslade & Monk.), “os mediadores têm a tarefa
de possibilitar a construção de novas histórias (Vasconcelos, 2014) e Escola Transformativa
(Folguer; Bush; Lederach), Santos (2012) interpreta “o conflito sob a perspetiva do outro, revelando
como medida para o processo de crescimento moral”.

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2. Atravessamos tempos em cada vez mais ocorrem situações de conflagração diária no seio
escolar, neste contexto admite-se plenamente a aplicação de políticas públicas de apoio a programas
de mediação escolar. A mediação por pares, apresentada por Trevaskis (1994), é uma opção
interessante, vem proporcionar aos discentes no seu quotidiano episódios problemáticos e
desafiantes, com exigências emocionais e cognitivas, envolvendo os mediadores como “árbitros”
ditando o final do conflito, mediando-os através das etapas a uma negociação, de independência,
iniciativa, a lutar pelo seu bem-estar dentro do meio educativo ao mesmo tempo a confiarem nos
seus atos, assentando-se na “ideia de auto-responsabilização e de auto-regulação” (Nascimento,
2003, p.228). Segundo Costa (2003, p.231) ”(…) o conflito faz parte do desenvolvimento
psicológico humano”, os mediadores são instruídos a cumprir um regulamento, que decompõe
algumas etapas, o seu critério de formação privilegia Role-play (simulação de situações de
conflitos), e Role-Talking (competências diplomáticas - os alunos aprendem a ouvir, usar o
pensamento critico, a compreensão como planeamento de futuro sobre as consequências das suas
escolhas), “trata-se essencialmente de estratégias de mediação de conflitos construtivas, positivas e
humanísticas”(Nascimento, 2003, p. 231). Uma dissidência bem trabalhada e resolvida, pode
significar criatividade, inovação e mudança através de soluções, que aplicadas na prática, traduzem
modificações na vida escolar (Costa, 2003), embora possam existir novas adaptações ao programa,
este adopta o formato inicial do procedimento padrão do processo de mediação de antagonismo por
Trevaskis (1994) e Gale Group (2001), dividido em seis partes. A primeira parte consiste na
Introdução (é onde inicia o processo, no que toca a apresentações entre intervenientes e o
mediatário, de forma geral a explicação das regras básicas/etapas/ passos a seguir sobre a mediação
e qual o papel de cada elemento, e no caso de existência, explanação de dúvidas). Na segunda parte,
identificamos o problema, cada integrante conta a sua versão da história, o mediador junta todos os
cenários, certifica que compreendeu e que as partes entendem o conflito, é feito um registo escrito
da ocorrência e dos pontos-chave. Numa terceira etapa (Identificação de Factos e Sentimentos), é
feita uma inversão dos papéis, exercendo um destaque dos factos e das comoções presentes, à
medida que são empregues questões com o intuito de auxiliar e refocar o problema sob outros
pontos de vista. Produzir Alternativas de Escolha, complementa a quarta etapa, é consumada uma
recolha de opiniões e formas de deliberação das partes, o interventor regista e assinala o que levará
ao acordo, mesmo que por via das dúvidas este tenha que reunir separadamente com cada individuo.
A quinta parte, é consistida pelo Acordo Final, o mediador define as soluções consensuais, redige
um contrato com cláusulas e todos assinam. Follow-up (6ª etapa), existe uma explicação do termo,
seguidamente de uma convocatória (após um determinado período de tempo), para apurar se as
partes cumpriram o estabelecido contrato, terminando com um agradecimento no cumprimento e
ajuda ao serviço de mediação.
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Referências Bibliográficas:

Costa, M. E. (2003). Gestão de conflitos na Escola. Lisboa: Universidade


Aberta. ISBN 972-674-369-9, pp. 195 a 255;

Costa, M. E. (2003). Gestão de conflitos na Escola. Lisboa: Universidade


Aberta. ISBN 972-674-369-9, pp. 259 a 299;

Nascimento, I. (2003). A dimensão interpessoal do conflito na escola. In Costa, M. (Ed.), Gestão de


conflitos na escola. pp. 194-255. Universidade Aberta;

Oliveira, A., Freire, I. (2009). Sobre ... a mediação sócio-cultural. Cadernos de apoio à formação: 3.
ISBN 978-989-8000-60-6;

Saraiva,V.M.&Santos,R.G.(2012).Manualdemediaçãodeconflitos.RiodeJaneiro:LumenJuris;

Vasconcelos,C.E.(2014).Mediaçãodeconflitosepráticasrestaurativas.rev.atual.eampl.SãoPaulo:Méto
do.

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