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E-FOLIO A – 06 a 13 de novembro de 2023

Cátia Filipa Domingues Correia Aires, Turma 3, Nr. De Estudante: 2103853

1. Segundo Prainat (2007), a mediação é reconhecida como “conceito nómada” esta assume
um expressivo sucesso, paradigma, metodologia, ação múltipla, uma função ou instrumento
(Gremmo, 2007; Triby, 2007, citado em Silva, 2011), como meio de criação, recriação e iteração
de laços interpessoais, atuando na prática informal ou formal, na solução e mutação de conflitos,
não como mera resolução de demandas, cabe-lhe um papel primordial na prevenção e no
combate à inadaptação social e escolar, como formação democrática, paz na educação, dos
direitos humanos, violência, criação de clima cultural, valores, inclusão, criatividade e diálogo.
Inserida em três modelos: Harvardiano, Transformativo e Circular Narrativo, este aborda os
conflitos escolares, através da estimulação da solidariedade, igualdade e juízo crítico, apostando
na valorização do conflito e na sua reapropriação pelos sujeitos intervenientes, proporciona o
aproveitamento como oportunidade de aprendizagem, crescimento e transformação (Costa, et al.,
2009). A mediação escolar transfigurou após a Convenção de Salamanca (1994), passando o
mediador como intermediário nas questões lúdicas, sociais, linguísticas, comunicativas e
pedagógicas, gerador de competências que fixem o dinamismo, a capacidade de resistência,
preocupação pelo outro, confidencialidade, análise e orientação de processos de grupos, que em
contexto escolar consiga criar um clima de confiança, calmo e neutro, mediado pelo diálogo. Do
ponto de vista de Bonafe-Schmitt (2012, p.190), assistiremos ao surgimento de novas formas de
conflitos, ligados a profundas mudanças da sociedade “no meio escolar (…)”, já Boqué (2003),
defende “a necessidade de gerir a mudança de forma construtiva, criando pontes de comunicação
e relação entre pessoas, tempos e espaços”, tendo como objetivo oferecer oportunidades na
progressão das competências sociais e interdisciplinares, como uma sociedade aberta e em
mudança, nos saberes estratégicos, fruir de mecanismos de gestão positiva e recusar a crueldade,
tendo como vantagens beneficiar a integração entre membros, estabelecer compromissos e
compreensão, de modo eficaz, como base e modelo em negociações futuras, e na melhoria da
formação integral do aluno.
Todavia, Almeida (2010, p.68), refere que a organização escolar “sendo o espelho da
sociedade, se afigura cada vez mais diversa e complexa na sua composição e nas suas
dinâmicas”, assim torna-se claro que a mediação no contexto educativo, pretende mostrar aos
jovens alternativas aos conflitos reais da vida, assim como conduzir o seu protagonismo na
estruturação da sociedade e do mundo.

2. Na visão de Warat (2004, p.62) “ a mediação é um tratamento do conflito, através dos


sentimentos, é um processo assistido não adversarial (…) de administração da justiça”, pela
globalização do mundo a que estamos expressos, às diversas culturas, classes, géneros, a
“obrigação” de um agir comunicativo que proporcione a recognição do outro como ser humano,
e sobretudo que contribua a consciência sobre o ódio na substituição pelo amor ao rente,
aceitando as diferenças, uma vez que a mediação traz autonomia básica para fornecer aos
indivíduos a vontade de orientar o seu próprio destino.
A mediação é vista como um instrumento de emancipação, libertação e luta social, que
tenta chegar além de todos os direitos, encarregando-se que os envolvidos possam formar os seus
interesses pela restauração do convívio perdido, visando o relacionamento mediante o respeito às
diferenças, esta conduta é exercida pela alteridade e como resultado, de direitos humanos quando
habilita o diálogo e evita a discriminação.
Bertaso e Prado (2011, p.11), incidem “o modelo conhecido como terapia do reencontro
mediado (TRM), desenvolvido pelo Prof. Luís Alberto Warat, trabalha a mediação como uma
forma de encontrar o outro, ou seja, a mediação aqui deve seguir o caminho da outridade e da
alteridade”, como alternativa de conduta aos conflitos, uma vez que se trata das comunidades
vulneráveis, não permitindo envolver-se com as visões da sociedade individual ou comparativa,
atuando nos relacionamentos de maneira respeitosa e humana em articulação igualitária entre
diferenças, na coexistência, empatia, igualdade, como elemento de eficácia no procedimento da
mediação, ao promover um convívio identificador entre as partes, atendendo às suas essências,
sem avaliações e sem rejeições ou criação de preferências, para que exista um equilíbrio de
interesses e poder como meio de prevalência de ideias. Estas diretrizes levam ao entendimento
da técnica da mediação de conflitos como aplicação social avessa, abrindo espaço para a
autorreconstrução do sujeito, que deverão trasladar que o “eu importo, e estou aqui”, na busca de
autocomposição e realização de direitos emancipatórios e humanos, qualificados a consolidar o
espírito da humanidade que existe em nós, ao qual através deste encontro e união com a
diferença e com a alteridade, será possível gerar uma nova mobilidade social.

Referências Bibliográficas:

Bertaso, J. M. e Prado, K. (2017). Aspetos de Mediação Comunitária, Cidadania e Democracia.


Revista Novos Estudos Jurídicos, Vol. 22, nº 1, p. 50-74;

Costa, E. P. (2010). Novos espaços de intervenção: a mediação de conflitos em contexto escolar;

Morgado, C., Oliveira, I. (2009). Mediação em contexto escolar: transformar o conflito em


oportunidade. Exedra;

Silva, A. M. (2011). Mediação e(m) educação: discursos e práticas. Revista Intersaberes, 6, 249-
265.

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