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Uma educação humanizante passa pela arte, pois esta tem profundo
impacto no ser humano. Não à toa foi cooptada pelo nazismo, como mostra o
documentário. A importância da arte para o Führer era imensa, sendo ele
próprio um artista frustrado, mas conhecedor do quão significativo poderia ser o
papel da arte para seus objetivos. Obras cujos elementos pudessem, de
alguma forma, contribuir para os distorcidos valores hitleristas foram
acumuladas na coleção pessoal de Hitler ou ainda expostas em mostras da
“verdadeira arte ariana”. Além disso podemos ver, nos cartazes de propaganda
do regime e no poder de domínio psicológico exercido pelo mesmo, o potencial
que a arte tem de penetrar e seduzir – ainda que em favor da barbárie. Vale
lembrar, ainda, as monstruosidades que foram cometidas em nome do “belo”
como sinônimo de saúde racial, estética e intelectual, no qual não se
encaixavam doentes, deficientes e demais “degenerados”, como judeus,
ciganos, homossexuais, comunistas, entre tantos outros grupos perseguidos
pelo nazismo. O princípio fundamental do regime era embelezar o mundo,
ameaçado pela miscigenação, e torna-lo “puro”, mesmo que para isso tivesse
que destruí-lo. E muito foi destruído; um genocídio foi levado a cabo em nome
desse ideal.
Tal estética da morte pode ser chocante quando exposta dessa maneira,
mas é necessário ressaltar que ela aconteceu, que as pessoas validaram
tamanha desumanidade. As vítimas do Holocausto têm muitos algozes, mesmo
que alguns nunca tenham sequer saído de suas casas para tomar parte direta
no genocídio. Isso por uma tendência de desagregação do indivíduo diante do
geral, do que vem “de cima”, da opinião pública, gerando uma identificação
cega com o coletivo. Como exemplo bastante atual, podemos citar o
Bolsonarismo, no contexto político brasileiro, e como as massas vão
cegamente às ruas pedir por brutalidades como intervenção militar, entre
outras. Como menciona Adorno (1995) em seu texto, “A pressão do geral
dominante sobre tudo que é particular, os homens individualmente e as
instituições singulares, tem uma tendência a destroçar o particular e individual
juntamente com seu potencial de resistência.” Quando o subjetivo é anulado,
anula-se também capacidade de reflexão, o que torna as pessoas incapazes
de perceber e se mobilizar contra a barbárie, ou até mais: capazes de
colaborar com a mesma.
A importância da arte para o Führer era imensa, sendo ele próprio um artista
frustrado mas conhecedor do quão significativo poderia ser o papel da arte
para seus objetivos, afinal a força motora do nazismo era estética. Obras cujos
elementos pudessem, de alguma forma, contribuir para os distorcidos valores
hitleristas foram acumuladas na coleção pessoal de Hitler ou ainda expostas
em mostras da “verdadeira arte ariana” – sempre remetendo à antiguidade
clássica, à pureza da beleza, ao homem ideal (física e intelectualmente). Tais
elementos também foram utilizados na arquitetura, sempre clássica,
monumental e megalomaníaca. Além disso podemos ver, nos cartazes e filmes
produzidos na época, a propaganda da ideologia nazista e o poder de domínio
psicológico exercido por ela, demonstração do potencial que a arte tem de
penetrar e seduzir – ainda que em favor da barbárie. Não à toa ela foi cooptada
pelo regime. Mas também foi perseguida pelo nazismo, em especial a arte
bolchevique e a arte moderna, consideradas decadentes e sem sentido. Vale
lembrar, ainda, as monstruosidades que foram cometidas em nome do “belo”
como sinônimo de saúde racial, estética e intelectual, no qual não se
encaixavam doentes, deficientes e demais “degenerados”, como judeus,
ciganos, homossexuais, comunistas, entre tantos outros grupos perseguidos
pelo nazismo. O princípio fundamental do regime era embelezar o mundo,
ameaçado pela miscigenação, e torna-lo “puro”, mesmo que para isso tivesse
que destruí-lo. E muito foi destruído; um genocídio foi levado a cabo em nome
desse ideal.
Podemos traçar um paralelo com a contemporaneidade ao lembrar do discurso
do ex-Secretário de Cultura do Governo Bolsonaro, Roberto Alvim, em 2020,
que imitou uma fala de Goebbels (que foi ministro da propaganda de Hitler). Ao
dizer que a arte brasileira da próxima década seria heroica, nacional e
imperativa, ou então não seria nada o ex-Secretário resgata um
ultranacionalismo nocivo e preocupante, além de demonstrar simpatia a
regimes totalitários e criminosos; e deixa clara a intenção de interferência
estatal no âmbito da arte, ditando o que é e não aceitável de acordo com as
ideologias do governo, de maneira semelhante ao que foi feito na Alemanha
nazista. Além disso, o discurso foi feito numa estética visual e simbólica cheia
de referências ao regime, e ao som do compositor favorito do führer. Com a
repercussão negativa, Roberto perdeu o cargo, mas seu ato acende um alerta
ao perigo à cultura e liberdade de expressão que ideologias como o
bolsonarismo representam.