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PRINCIPAIS

MATRIZES TEÓRICAS
DA EDUCAÇÃO

Prof. Iarley Brito


Matriz iluminista
 Rousseau escreveu seu Emílio ou Da Educação, uma obra que como
vimos durante a apresentação está dividida em cinco livros.

 livro I notamos que este foi dedicado a uma compreensão do papel da


ama e da mãe, assim como do pai ou preceptor nos cuidados iniciais.

 “Tudo está bem quando sai das mãos do autor das coisas, tudo degenera
entre as mãos do homem. Ele força uma terra a alimentar as produções de
outra. Mistura e confunde os climas, os elementos, as estações. Mutila
seu cão, seu cavalo, seu escravo. Perturba tudo, desfigura tudo, ama a
deformidade e os monstros. Não quer nada da maneira que a natureza o
fez (...) (p. 7).

 O filósofo não se colocou de forma pessimista e nos
apresentou sua crença no poder da educação (não da
educação tradicional escolar de sua época) quando
aponta:

 “Moldam-se as plantas pela cultura e os homens pela


educação” (p.8), mas a educação “(...) vem-nos ou da
natureza, ou dos homens ou das coisas”
Sobre as escolas Rousseau afirma:

 “(...) Não posso encarar como instituição pública esses ridículos
estabelecimentos que chamados colégios. Tampouco considero a educação da
sociedade, pois, tendendo essa educação a dois fins contrários, não atinge
nenhum dos dois; só servem para criar homens de duas faces, que sempre
parecem atribuir tudo aos outros (...)” (p. 13).

 E diante de tal modelo educacional centrado na escola que segundo o pensador


francês acabamos não encontrando acordo com nós mesmos, pois o singular e o
plural se excluem em tal realidade educacional. Uma verdadeira educação não
deve ter a finalidade de formar um guerreiro, um sacerdote ou a um artesão,
mas sim um ser humano, por isso:
 o “nosso verdadeiro estudo é o da condição humana” (p.15)
 E durante todo o livro apresenta diversas situações e medidas
que podem ser tomadas pelo preceptor para que a criança
possa se desenvolver, tais como: não prender a criança, deixar
chorar, mas associar o choro com o carinho para que este o
supere, não alimentar o choro sem fundamento, não bater, etc.
Por fim, Rousseau acredita que:

 “Essa é uma das razões por que as crianças do povo, mais


livres e mais independentes, geralmente são menos doentes,
menos delicadas, e mais robustas do que aquelas que se
pretende criar melhor pela contrariedade contínua” (p.55).
 Aqui o autor defende que o verdadeiro aprendizado deve
ser construído a partir de forte ligação entre o campo das
palavras, mas que deve se fundamentar em um
conhecimento de base empírica. Saber realizar os
desejos seria fundamental para o ser humanos, pois:

 “De onde provém a fraqueza do homem? Da


desigualdade existente entre suas forças e os seus
desejos”. (p.211).
Ativista/funcionalista

Jonh Dewey fornece grandes contribuições à educação por


colocar em questão o modelo tradicional de educação, que em
seu tempo (e talvez ainda hoje em muitas escolas) apenas
reproduzia o conhecimento e desprezava o contexto da
experiência dos indivíduos tornando-os passivos no ato
educativo. Outro fator de se destaca é sua indicação de que o
professor é peça chave no trabalho pedagógico ao orientar e
facilitar todas as etapas do trabalho educativo. Por fim, com
Dewey e os escola-novistas posteriores, a escola passa a ser a
vida e não o lugar onde se encontra um sentido para ela e para
a ação humana.
 Foi nesse contexto de profunda crença no
metodologismo científico e no papel da
educação bancária que surgiu o pensamento
de Jonh Dewey. Como vimos em sala e a
pós a leitura da obra o educador conseguiu
revolucionar a educação da época ao propor
mudanças nas metodologias pedagógicas
que corroboravam com o estado liberal, e
justamente por essas características Dewey
ficou conhecido como o precursor da
Escola Nova ou Escola Progressista.
 Na base da filosofia da Escola Nova se
encontra a ideia de que cabia à escola
atuar como um instrumento de
construção da sociedade via formação
dos indivíduos pela valorização de suas
qualidades pessoais. A educação em sua
ótica, portanto, precisava levar em
consideração o necessário movimento de
humanização, e a consequente e não
menos importante transformação social.
 Matriz Marxista
 Antônio Gramsci foi um militante político
italiano, filósofo marxista, nascido em
Ales, em uma ilha Sardenha, em 22 de
janeiro de 1891, e falecido em Roma, em
27 de abril de 1937.
 Como pensador originalmente marxista e
leninista era, portanto, materialista
histórico dialético. Nesse sentido Gramsci
contribuiu com a teoria marxista
acrescentando-lhe alguns elementos de
ordem revolucionária.
 Admite ser o choque de classes inevitável na luta por
uma sociedade emancipada, mas passa a chamar “luta
de classes” de “relações de força” e desenvolve
estratégias novas como a “Guerra de Posições”, uma
nova relação entre “Sociedade Civil e o Estado” e
concepções de “Hegemonia” e “Cultura” como
fundamentais para a tomada de poder dos subalternos,
assumindo outras dimensões na luta de classe, que
perpassa pela apropriação do conhecimento.
Pergunta fundamental...

 “Os intelectuais e a organização da cultura”


Gramsci tenta responder às seguintes
perguntas: “Os intelectuais constituem um
grupo social autônomo e independente, ou
cada grupo social possui sua própria
categoria especializada de intelectuais”?
Qual o papel dos intelectuais na construção
de uma cultura crítica da sociedade?
Resposta:

 O autor responde afirmando que cada grupo


social acaba criando, de um modo orgânico,
suas camadas de intelectuais. Sobre seus
papéis Gramsci afirma que estes buscam
fundamentar os ideais de seu grupo a partir de
seus interesses! Porém podemos dizer que
todos os homens são intelectuais, apenas não
podem exercer esta função na sociedade
devido as condições econômicas e a
conjuntura estrutural do capital.
 Segundo o autor, o desenvolvimento alcançado pela
atividade e pela organização escolar nas sociedades que
surgiram do mundo medieval indica a importância
assumida no mundo moderno pelas categorias e funções
intelectuais, ou seja, a história nos mostra a
centralidade e importância do conhecimento para a
transformação da vida humana.
 Mas o movimento histórico transformou todas as
atividades práticas, e estas se tornaram tão complexas
que foi necessário a criação de escolas especializadas,
que ao lado das escolas humanistas foram formando um
grande número de profissionais.
 Esse abandono do ensino humanista em detrimento do
ensino técnico foi o que para Gramsci causou a crise
escolar e por sua vez uma crise orgânica. Essa divisão
escolar seria pensada, racionalizada, para manter o status
quo, ou seja, a relação de dominação entre os
frequentadores das escolas clássicas e as escolas
técnicas.
 Como superar essa crise?
 Porém, como vimos para o autor a superação dessa crise
na educação seria possível via introdução de uma única
escola formadora, capaz de proporcionar o contato com a
cultural geral e o desenvolvimento das capacidades de
trabalho intelectual e manual.
Makarenko
 Foi um pedagogo russo-soviético que nasceu 1888 na
cidade de Bielopólhe, Ucrânia, e a falecer em em
Moscou, em 1939.

 Autor do “O poema Pedagógico”.

 Intenção de relatar de forma crítica uma experiência


sua como administrador de uma escola para
recuperação de menores chamada Colônia Gorki.
As dificuldades...
 Ao ser convocado para tal função lhe foi pedido que a partir de
seus cuidados fossem criados novos homens, ou seja, que ele
conseguisse transformar e formar moralmente cada indivíduo
sob seus cuidados. Então o autor relata que no começo passou
por muitas dificuldades, tais como fome, frio, sujeira e
doenças...

 Makarenko relata na obra que chegou até a agredir um colono


por falta de controle e meios pedagógicos para manter a ordem
na colônia, algo que o fez sentir vergonha de si mesmo, mas
que o possibilitou ser observado de outra forma por parte dos
internos
Então...
 E observando que os colonos não se sentiam em casa e
muitas vezes roubavam de si mesmos Makarenko
acaba por tratar de promover a conscientização deles
diante do fato de que aquele lugar era deles. Algo que
com um tempo surtiu efeito, pois logo os colonos
aprenderam que dividindo funções poderiam assumir
novos compromissos e proteger a colônia de assaltos e
outros crimes.
Educação pelo exemplo!
 Observando que novos membros estavam sendo
encaminhados para a colônia e que os veteranos os
olhavam com desconfiança Makarenko sentiu medo de
possíveis agressões, porém ficou surpreso com o fato
de que o grupo acabava indiretamente modificando os
comportamentos daqueles que entravam lá. Foi após
encontrar esse ambiente mais tranquilo de Makarenko
relata ter pensado em educar de verdade, ou seja, em
realizar uma ação pedagógica recorrendo à literatura,
tratando de ligar a vida de cada colono com as histórias
narradas.
Matriz culturalista
 Michel W. Aplle
 “Ideologia e currículo”.
 Tese principal:
 visão de que a escola reproduz e menor escala a cultura na
qual está inserida, mas que na maioria das vezes devido ao
currículo ser construído por uma classe social abastada
não comporta os fenômenos culturais regionais,
proporcionando às crianças, jovens e adultos, o contato
com um conhecimento estranho à eles.
Ideologia e currículo
 O currículo, segundo Aplle, se constrói a partir de uma
teleologia que se diz neutra, ou seja, não levanta para si a
pretensão de se posicionar a favor ou contra um
determinado grupo social, mas tal posicionamento já
anularia o princípio da neutralidade, pois como podemos
ficar imóveis observando a discrepância existente entre
as possibilidades de ser mais entre a burguesia e a classe
trabalhadora?!

 Future-se?!
 Novo ensino médio?!
Fenômenos escolares

 Na escola encontramos diariamente os efeitos do


controle excessivo, tais como: a indisciplina, a
uniformização, a verticalidade, a evasão, etc. Tais fatos
são melhores entendidos se articulados com a
compreensão dos interesses políticos e sociais daqueles
que constroem o currículo, pois não os interessam
qualquer tipo de ação que seja capaz de resolver o
problema das desigualdades ou das minorias, visto que
são desses problemas que se alimentam.
Ensinar a obdecer

 Tal realidade é imposta a partir das


pequenas e grandes estruturas sociais.
Nas escolas ensinar desde cedo a ser dócil
e a aceitar a realidade desigual como
processo natural no decurso do progresso
parece ser, segundo Aplle, a estratégia de
dominação mais presente.
Sobre a questão da inclusão!

 O tema das ditas “minorias”, por uma questão de humanismo


deve ser colocado sempre à vista nas escolas, pois a diversidade
de formas de manifestação parecem ser resultado de uma
sociedade democrática, e o exercício da democracia requer a
aceitação do diferente, este entendido não como oposição, mas
como fenômeno singular. É nesse sentido que Aplle ressalta que
as questões de raça, gênero e classe, devem ser pauta dos
currículos das escolas, pois como manifestação da pluralidade
presente na cultura não podem ser negadas na construção das
práticas pedagógicas.
Matriz culturalista

 McLaren desvela o caráter docilizador da


educação estatal e suas implicações sociais
na manutenção da lógica do poder da
classe opressora sobre a classe oprimida.
Para comprovar o que teoricamente discute
o autor utiliza-se de uma experiência
vivida por ele em uma escola do Canadá,
espaço onde se inseriam constantemente,
conforme seus relatos, imigrantes
portugueses pobres.
Peter Mclaren

 Partindo do conceito de ritual, McLaren


afirma que estão presentes nas escolas diversas
formas de manifestação ritualísticas que são
capazes de reproduzir os conflitos vividos
socialmente pelos estudantes. Uma análise
antropológica levou o autor a traçar um
paralelo entre os rituais construídos
socialmente e os rituais nas escolas, e tal
observação acabou por gerar rico material
sobre a dinâmica escolar.
Dinâmica ritual da escola, algumas macro categoriais de rituais, onde se
destacam:

 Dinâmica ritual da escola, algumas macro categoriais de rituais, onde se


destacam:
 Rituais de instrução: rituais mais diretamente envolvidos na dinâmica formal
da escola.
 Rituais de revitalização: injetam uma renovação de compromisso para com
as motivações e valores dos participantes do ritual.
 Rituais de intensificação: unificam e fortalecem as emoções dos professores e
alunos, sem reforçar necessariamente os valores dos participantes no ritual.
 Rituais de resistência: que são uma forma de “desestruturação” cerimonial,
são, se ativos, tentativas intencionais de subverter ou sabotar a instrução dos
professores e outras formas de regras/normas estabelecidas pelas autoridades
escolares.
O que é a escola?

 Espaço social que possui seus ritos


próprios, relacionados às estruturas,
subjetividades e ritos mais amplos,
que por sua vez formatam a
realidade social.
Stuart Hall: Identidade e pós
modernidade
 Analisando o que chama de crise de identidade, Hall acaba por
promover um estudo sobre a formação de novos fenômenos sociais
resultantes das transformações das estruturas pós modernas.
 Essa crise de identidade que se apresenta nas sociedades
contemporâneas se manifestou no presente momento histórico, pois se
antes o iluminismo fornecia ao homem a segurança da força da razão, e
o homem como átomo social a ideia de que o particular são se perde
diante do todo embora faça parte dele, a pós modernidade inaugura a
insegurança por substituir tais valores pela ideia de que o todo está
fragmentado em várias partes sem ligação umas com as outras. Ou seja,
o plural não se constitui da soma das singularidades, mas sim de sua
destruição
 Mas Stuart Hall promove sua análise sobre as mudanças
originadas pós fenômeno da modernidade tardia,
chegando a afirmar, por exemplo, que o que marca o
tempo atual é a aceleração, a fragmentação, a ruptura e o
deslocamento constantes. É nesse contexto que Hall
pensa a identidade como resultado do processo de
globalização. É na contemporaneidade que as
identidades, antes unificadas por valores e “mestres
universais”, se tornam totalmente desorientadas, pois
toda identidade deveria comportar em si as diferenças.
 O que parece está em jogo na obra de Hall é a necessidade
de se pensar em uma comunidade global, que sem diluir os
regionalismos integre à noção de identidade a ideia de que
um nacionalismo exacerbado não tem sentido frente ao fato
de que as culturas nacionais, construindo um dispositivo
discursivo, representam a diferença como unidade ou
identidade, pois são “unificadas” apenas através do
exercício de diferentes formas de poder cultural, são,
portanto, híbridos culturais
 Para a educação tal noção lança a necessidade de se pensar
a escola como espaço propício para a garantia de direitos,
onde os sujeitos podem assumir identidades diferentes e em
diferentes momentos, não tendo uma identidade fixa,
essencial ou permanente, por estarem em constante
transformação. À escola, portanto, cabe a tarefa de garantir
o espaço de manifestação das identidades culturais, que
híbridas ou não, representam o resultado da
multiculturalidade.

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