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Educação

APÓS
AUSCHWITZ

Autor: adorno
Que tipo de
educação nós
queremos? A
educação
pode
emancipar/lib
ertar ou
escravizar os
seres humanos.
Segundo Adorno, as
características da
educação que geraram
Auschwitz permanecem
até os dias de hoje. Para
ele, a “barbárie continuará
existindo enquanto
persistirem no que têm de
fundamental as condições
que geraram esta
regressão”. ADORNO, T. W.
Educação após Auschwitz.
“A educação tem
sentido
unicamente
como educação
dirigida a uma
autorreflexão
crítica.” Theodor
Adorno,
Educação após
Auschwitz.
algumas das
críticas feitas
por Adorno:
 Frieza nas relações
 Severidade estúpida e
desumanizadora, como
por exemplo “elogio a
uma educação
baseada na força e
voltada à disciplina”
 Não desenvolvimento
da autonomia
algumas das
críticas feitas por
Adorno:
 Ausência de um ambiente que propicie
um “esclarecimento geral”; (seres
fechados em sua arrogância dogmática,
julgam-se donos da verdade, tendo
profunda ignorância e estreiteza em sua
compreensão de mundo)
 Ausência de compromisso – As pessoas
não se envolvem, não se engajam,
acreditam que de nada adianta lutar
contra o estabelecido, contra o status quo
 Ausência de empatia – pessoas que não
conseguem se colocar no lugar do outro.
Alunos que não conseguem se colocar no
lugar de seus colegas, professores que não
conseguem se colocar no lugar de seus
alunos
algumas das críticas
feitas por Adorno:
 Alunos que agem em bando, em
grupo, em massa. Ações coletivas
que geram a perda de autonomia,
da individualidade
 Repressão do medo e de outros
sentimentos ditos como “fracos” –
aquele que não consegue lidar
com a “brincadeira” (bullying) é
covarde
 Práticas esportivas que valorizam a
barbárie e brutalidade (atletas e
torcedores). “Brincadeiras”,
expressões homofóbicas,
machistas, racistas são
naturalizados em certos espaços.
Ex.: “jogue igual homem, sua
bichinha”, “não seja mulherzinha”,
“tinha que ser preto” etc
algumas das
críticas feitas por
Adorno:
 Presença constante do caráter
autoritário, professores autoritários,
líderes autoritários, controladores,
que não estimula o pensamento e
impõe uma norma a ser seguida
por todos, massificam todos os
indivíduos distintos num mesmo
corpo homogêneo
 “Consciência coisificada”,
processo de desumanização, no
qual o sujeito torna-se objeto, o ser
humano torna-se coisa
algumas das críticas feitas
por Adorno:
 Ausência de remorso por
práticas sádicas, masoquistas,
brutais, selvagens e bárbaras,
pelo contrário, sentimento de
orgulho por essas práticas
 Amor às coisas, “o seu amor
era absorvido por coisas,
máquinas enquanto tais”
 Ausência do amor
 Incapacidade de amar
 Pregação vã do amor
algumas das
críticas feitas por
Adorno:
 Brutalidade de hábitos como
trotes escolares, no bullying, ritos
de iniciação
 A barbárie que se transforma em
hábito popular, costume e
normalidade
 Mera modelagem de pessoas,
por algo exterior a elas próprias
 Mera transmissão de
conhecimento e conteúdo
“Quando falo de educação após
Auschwitz, refiro-me a duas questões:
primeiro, à educação infantil,
sobretudo na primeira infância; e,
além disto, ao esclarecimento geral,
que produz um clima intelectual,
cultural e social que não permite tal
repetição; portanto, um clima em que
os motivos que conduziram ao horror
tornem-se de algum modo
conscientes.” ADORNO, T. W.
Educação após Auschwitz.
“A seguir, e assumido o risco, gostaria de
apresentar minha concepção inicial de educação.
Evidentemente não a assim chamada modelagem
de pessoas, porque não temos o direito de modelar
pessoas a partir de seu exterior; mas também não a
mera transmissão de conhecimentos, cuja
característica de coisa morta já foi mais do que
destacada, mas a produção de uma consciência
verdadeira.” ADORNO, T. W. Educação e
emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 2006, P. 141.
“Pessoas que se enquadram
cegamente em coletivos convertem a
si próprios em algo como um material,
dissolvendo-se como seres
autodeterminados. Isto combina com
a disposição de tratar outros como
sendo uma massa amorfa.” ADORNO,
T. W. Educação após Auschwitz.
“É preciso buscar as raízes nos perseguidores e não nas
vítimas, assassinadas sob os pretextos mais mesquinhos. Torna-
se necessário o que a esse respeito uma vez denominei
inflexão em direção ao sujeito. É preciso reconhecer os
mecanismos que tornam as pessoas capazes de cometer tais
atos, é preciso revelar tais mecanismos a eles próprios,
procurando impedir que se tornem novamente capazes de
tais atos, na medida em que se desperta uma consciência
geral acerca destes mecanismos. Os culpados são
unicamente os que, desprovidos de consciência, voltaram
contra aqueles o seu ódio e sua fúria agressiva. É necessário
contrapor-se a tal ausência de consciência, é preciso evitar
que as pessoas golpeiem pra os lados sem refletir a respeito
de si próprias. A educação tem sentido unicamente como
educação dirigida a uma autorreflexão crítica. Contudo, na
medida em que, conforme os ensinamentos da psicologia
profunda, todo caráter, inclusive daqueles que mais tarde
praticam crimes, forma-se na primeira infância, a educação
que tem por objetivo evitar a repetição precisa se concentrar
na primeira infância.” ADORNO, T. W. Educação após
Auschwitz.
 “Tudo isso tem a ver com um pretenso ideal que desempenha um papel
relevante na educação tradicional em geral: a severidade. Esta pode até
mesmo remeter a uma afirmativa de Nietzsche, por mais humilhante que
seja e embora ele na verdade pensasse em outra coisa. Lembro que
durante o processo sobre Auschwitz, em um de seus acessos, o terrível
Boger culminou num elogio à educação baseada na força e voltada à
disciplina. Ela seria necessária para constituir o tipo de homem que lhe
parecia adequado. Essa ideia educacional da severidade, em que
irrefletidamente muitos podem até acreditar, é totalmente equivocada. A
ideia de que a virilidade consiste num grau máximo da capacidade de
suportar dor de há muito se converteu em fachada de um masoquismo
que — como mostrou a psicologia — se identifica com muita facilidade
ao sadismo. O elogiado objetivo de "ser duro" de uma tal educação
significa indiferença contra a dor em geral. No que, inclusive, nem se
diferencia tanto a dor do outro e a dor de si próprio. Quem é severo
consigo mesmo adquire o direito de ser severo também com os outros,
vingando-se da dor cujas manifestações precisou ocultar e reprimir. Tanto
é necessário tornar consciente esse mecanismo quanto se impõe a
promoção de uma educação que não premia a dor e a capacidade de
suportá-la, como acontecia antigamente. Dito de outro modo: a
educação precisa levar a sério o que já de há muito é do conhecimento
da filosofia: que o medo não deve ser reprimido. Quando o medo não é
reprimido, quando nos permitimos ter realmente tanto medo quanto esta
realidade exige, então justamente por essa via desaparecerá
provavelmente grande parte dos efeitos deletérios do medo inconsciente
e reprimido.” ADORNO, T. W. Educação após Auschwitz.

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