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A Educação para a Emancipação:

Theodor Adorno (1903-1969)


BIOGRAFIA – aspectos da vida pessoal
Theodor Wiesengrund Adorno nasceu em
Frankfurt, aos 11 de setembro de 1903, e
morreu no dia 06 de agosto de 1969.

Filho de Oskar Wiesengrund, rico e instruído


comerciante judeu, e de Maria Calvelli-Adorno,
católica de origem genovesa, cantora
profissional de renome. Gretel Karplus
(1902-1993)
 Em 1937, casou-se com Gretel Karplus, Doutora
em Química e grande colaboradora na redação
das obras de Adorno.
BIOGRAFIA – Aspectos da vida pessoal

Ficou conhecido como sociólogo,


filósofo, musicólogo e crítico da cultura
do século

Intelectual precoce, conviveu desde


muito jovem com grandes teóricos, como
Max Horkheirmer (1895-1973) de quem foi
amigo e parceiro de escrita.

Adorno foi batizado católico, confirmado


protestante e, durante toda vida, ateu.
BIOGRAFIA – Obras de destaque
 Dialética do Esclarecimento: fragmentos
filosóficos (1947);
 Mínima Moralia: reflexões sobre a vida
danificada (1944-1947);
 A Personalidade Autoritária: estudos sobre
preconceito (1950);
 Dialética Negativa (1967);
 Teoria Estética (1966);
 Conferências e entrevistas sobre educação
(1959-1969): Educação após Auschwitz (1965);
Educação – Para quê?; Educação e
Emancipação (1969).
A “ESCOLA DE FRANKFURT” –
Esclarecimentos Conceituais

Amplo movimento filosófico que tem


origem na Alemanha na década de 20

Intelectuais preocupados com as


condições da classe trabalhadora no
mundo contemporâneo e com a
possibilidade de fundamentar criticamente
uma teoria da sociedade.
A “ESCOLA DA FRANKFURT”

Autores que se reuniam em torno do


Instituto de Pesquisa Social: Max
Horkheimer (1895-1973), Theodor Adorno
(1903-1969), Walter Benjamin (1892-1940),
Herbert Marcuse (1898-1979)

Pensadores que fundamentam a escola:


Hegel, Marx, Freud (1ª. Fase) e Nietzsche
e Weber (2ª. Fase)

Sigmund Freud
(1856-1939)
A “ESCOLA DA FRANKFURT”
Contexto Argumentativo: Três Acontecimentos...
a) BUROCRATIZAÇÃO do Socialismo
Soviético – FRACASSO do projeto crítico
anunciado por Marx;
b) CRESCIMENTO DO NAZI-FASCISMO –
REESTRUTURAÇÃO do Capitalismo,
evitando transformações, ante uma
ameaça revolucionária;
c) CULTURA DE MASSA = Indústria Cultural
nos EUA – o poder INTEGRADOR do
Capitalismo, que ocorre sem o uso
ostensivo de mecanismos repressivos.
A Crítica à RACIONALIDADE INSTRUMENTAL

“No sentido mais amplo do progresso


do pensamento, o Esclarecimento tem
perseguido sempre o objetivo de livrar
os homens da condição de escravos e
elevá-los à posição de senhores [...] O
programa do Esclarecimento era o
DESENCANTAMENTO DO MUNDO. Sua
meta era dissolver os mitos e substituir a
imaginação pelo saber” (Dialética do
Esclarecimento, 1985, p. 19.)
QUESTÃO CENTRAL:

“Descobrir por que a


humanidade, em vez de
entrar em um estado
verdadeiramente
humano, está se
afundando em uma nova
espécie de barbárie”
(Adorno).
A DIALÉTICA do Esclarecimento

O RETORNO À BARBÁRIE como


possibilidade – o PROGRESSO não é
uma lei inexorável da história; uma
sociedade humana depende de um
ato de LIBERDADE.
O cerceamento da IMAGINAÇÃO
TEÓRICA – o pensamento perdeu suas
potencialidades críticas –
limites da teoria tradicional
(ciência oficial) e das pretensas
Teorias Críticas.
A DIALÉTICA do Esclarecimento

Insuficiência e Autodestruição do
Esclarecimento – pretendia pelo
SABER livrar os homens do medo e
conduzi-los à posição de senhores,
mas limitou-se à constatação dos
fatos e ao cálculo de probabilidade
– perda da capacidade de
REFLEXÃO e de CRÍTICA da Teoria.
DIAGNÓSTICO SOMBRIO do Projeto Iluminista:
O FRACASSO do Projeto Emancipador
está no próprio conceito de RAZÃO – a
INSTRUMENTALIZAÇÃO da Razão.

RACIONALIDADE INSTRUMENTAL –
Reducionista, Unidimensional – reduz o
mundo a OBJETO

Correlação VERDADE e EFICÁCIA – o


poder de manipulação e a obtenção
de resultados imediatos.
DIAGNÓSTICO SOMBRIO do Projeto Iluminista:

Racionalidade moderna é
DOMINADORA e REGRESSIVA
A Razão que nasce com a
pretensão de libertar os
homens do domínio do MITO,
torna-se um novo mito
encarnado na CIÊNCIA
POSITIVA.
COMO SUPERAR ESSE QUADRO???
Revisão CRÍTICA e Redefinição da
noção de RACIONALIDADE
predominante – caráter destrutivo e
limitador da Razão

O potencial emancipador da ARTE


genuína – momento utópico que
aponta para uma futura
transformação política e social.

A Teoria Crítica encontra-se


interligada aos objetivos de
Emancipação Social e Política – o
nexo do pensamento e da Ação.
Educação para a
Emancipação

Theodor Adorno
(1903-1969)
Educação e Emancipação
1. Uma discussão que assume a problemática
kantiana da EMANCIPAÇÃO como referência =
“Resposta à pergunta: O que é Aufklärung?”
➢ Trata-se de uma leitura ATUAL – fato relacionado às
exigências da DEMOCRACIA: a formação da
INDIVIDUALIDADE: “formação da vontade de cada
um em particular” (p. 169).
Educação e Emancipação

2. A AUTO-AVALIAÇÃO – reconhecimento de que “não somos


educados para a Emancipação”
➢ Aspecto que se relaciona à estrutura da Educação na
Alemanha – os diferentes tipos de Escola, para diferentes
capacidades cognitivas:
➢ Escolas para os Altamente Dotados
➢Escolas para os Mediamente Dotados
➢ Escolas para os Desprovidos de Talento
Educação e Emancipação

❑ A crítica expressa a esse FALSO CONCEITO de Talento


❑ A defesa de que o talento é algo se constitui em meio aos
DESAFIOS, a partir de PRÁTICAS MOTIVADORAS
❑A exigência de que a Escola supere as “desigualdades
específicas de classe” que tem se perpetuado
➢ O QUE POSSIBILITA A EMANCIPAÇÃO NÃO É A OFERTA DE
“ESCOLAS PARA TODOS”, MAS A DEMOLIÇÃO DAS
ESTRUTURAS VIGENTES EM TRÊS NÍVEIS; UMA FORMAÇÃO
DIFERENCIADA E MÚLTIPLAS EM TODOS OS NÍVEIS (cf. p. 170)
Educação e Emancipação
3. A exigência de superação do “fetiche do talento”,
enquanto disposição natural = reconhecimento da função
das CONDIÇÕES SOCIAIS
➢ A AUTO-AVALIAÇÃO de Adorno = os efeitos de suas
produções não podem ser debitados a um talento
individual, mas a alguns “acasos felizes” (p. 171)
➢ “NÃO FUI SUBMETIDO EM MINHA FORMAÇÃO AOS
MECANISMOS DE CONTROLE DA CIÊNCIA NO MODO USUAL”
(p. 171).
Educação e Emancipação

4. A correlação dos problemas dos


Primeiros Anos - momento de
desenvolvimento da Linguagem na
Infância
➢ As visões de Basil Bernstein e Oevermann
= assinalam o prejuízo ante condições
desfavoráveis no início da Socialização e
a ausência de Emancipação durante a
Vida.
Educação e Emancipação

5. Ausência do Problema da
Emancipação na Literatura Pedagógica
➢ Os limites dos discursos produzidos:
capazes de SABOTAR o conceito
➢ “uma ontologia existencial da Autoridade,
de compromisso, ou outras abominações
que sabotam o conceito de
emancipação” (p. 172).
Educação e Emancipação

6. A questão da EMANCIPAÇÃO como Problema Mundial =


algo que extrapola os tipos de Regime Político/Econômico

➢ Essas mudanças nem sempre implicam em alterações no


Sentido da Educação

➢ As CONTRADIÇÕES da realidade burguesa e sua


glorificação da HETERONOMIA
Educação e Emancipação

7. A Relação entre AUTORIDADE e EMANCIPAÇÃO


❑ Afinal, AUTONOMIA é um conceito oposto a AUTORIDADE?
(Becker)
❑ Para Adorno = um conceito PSICOSSOCIAL: “O conceito de
Autoridade adquire seu significado no âmbito do contexto
social em que se apresenta” (p. 176)
❑A conversão de alguém “em um ser emancipado” não
implica no protesto contra toda autoridade
Educação e Emancipação

Um importante diagnóstico: crianças comportadas X Crianças


refratárias
A AUTORIDADE CONSTITUI-SE EM PRESSUPOSTO À
EMANCIPAÇÃO
 A QUESTÃO: “O processo de rompimento com a Autoridade
é necessário, porém que a descoberta da identidade, por
sua vez, não é possível sem o encontro com a Autoridade”
(Becker, p. 177).
 “O professor precisa ter clareza quanto a que sua TAREFA
PRINCIPAL CONSISTE EM SE TORNAR SUPÉRFLUO” (Becker, p.
177)
Educação e Emancipação

8. Emancipação e FORTALECIMENTO
DO EU
 “a emancipação precisa ser
acompanhada de uma certa firmeza
do Eu, da unidade combinada do eu”
 Os LIMITES da atual situação =
sociedade MASSIFICADA que tende à
DILUIÇÃO DO INDIVÍDUO
Educação e Emancipação
9. O Sentido DINÂMICO da Emancipação
➢ Trata-se de um VIR-A-SER e NÃO UM SER!
Aspecto que nos permite compreender a
crítica ao apelo PESSOAL ao COMPROMISSO –
o discurso dos compromissos é vazio e alheio
às grandes dificuldades para efetivação da
Emancipação.
 O caráter HETERÔNOMO da nossa sociedade
– forma as pessoas conforme suas próprias
determinações, através de inúmeros canais e
instâncias.
Educação e Emancipação

10. A posição de Adorno = assinala a exigência de que se


vá além do âmbito institucional, direcionando a questão
para “todos os planos de nossa vida” (p. 183)
 Reconhece que as condições para a Emancipação
encontra-se em uma EDUCAÇÃO PARA A
CONTRADIÇÃO E A RESSISTÊNCIA
 A proposição de ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS (cf. p.
183) = a crítica da música instituída e a busca de
IMUNIZAR os jovens.
Educação e Emancipação
11. Sobre Possibilidades e Impossibilidades – um alerta ao
otimismo exagerado
“Permanece a questão da possibilidade de, mesmo
ocorrendo tudo isso, aquele que por esta via se torna
esclarecido, criticamente consciente, ainda permanece
teleguiado de uma determinada maneira em seu
comportamento, não sendo, em sua aparente
emancipação, autônomo no sentido que se imaginava
nos primórdios da Ilustração” (Becker, p. 184).
Educação e Emancipação
Adorno assinala a RESISTÊNCIA ante a possibilidade da
transformação
 Essas tentativas tendem a ser submetidas à POTÊNCIA
AVASSALADORA do existente, sendo condenada à
impotência
“Aquele que quer transformar provavelmente só poderá fazê-
lo na medida em que converta esta impotência ela mesma,
justamente com a sua própria impotência, em um momento
daquilo que ele pensa e talvez também daquilo que ele faz”
(p. 185).

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