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Educação em Ciências e Teoria Crítica na pesquisa

e na Extensão

Sônia Cristina Vermelho


PPGECS/Instituto NUTES/UFRJ
Brasil
Teoria Crítica: Educação em Ciências,
Pesquisa e Extensão
• Fundamentos epistemológicos
• Lógica Dialética em oposição à Lógica da Identidade
• Herdeiros de Hegel (Idealismo Alemão) e Marx (Materialismo Histórico-
Dialético)
• Fundamentos históricos
• Crítica ao positivismo
• Crítica ao liberalismo
• Século XX
• Escola de Frankfurt (Adorno, Horkheimer, Marcuse, Benjamin, Eric Fromm etc)

IX CONGRESO INTERNACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS


Teoria Crítica: Educação em Ciências,
Pesquisa e Extensão
• Crítica (Filosofia/Sociologia)
• Organização social burguesa (Estado Burguês)
• Modelo Econômico de Acumulação (Liberal/Neoliberal)
• Estrutura produtiva (ciência à serviço da indústria e da Economia)

• Crítica (Educação)
• Educação reprodutivista (adaptação à sociedade)
• Hegemonia da ciência positivista
• Formação Heterônoma

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EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS
• “Educação após Auschwitz”, palestra transmitida no dia 18 de abril
de 1965 na Rádio de Hessen
“É preciso conhecer os mecanismos que tornam as pessoas
capazes de cometer tais atos (campos de concentração nazista), é preciso
revelar tais mecanismos a eles próprios, procurando impedir que
se tornem novamente capazes de tais atos, na medida em que se
desperta uma consciência geral acerca desses mecanismos”

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EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS
• “A Educação contra a barbárie”, Theodor Adorno debate com
Hellmut Becker, eminente educador alemão, em 14 de abril de 1968,
na Rádio de Hessen
“(...) ninguém estará inteiramente livre dos traços de barbárie, e tudo
dependerá de orientar esses traços contra o princípio da barbárie, em
vez de permitir seu curso em direção à desgraça.”
A barbárie não é filha bastarda do capitalismo tardio e sim é gerada
permanentemente no interior no próprio processo civilizatório, pela
necessidade de dominação (do sujeito e da natureza)

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FORMAÇÃO ATUAL: princípios

1. Subjetividade burguesa: frieza é princípio fundamental da subjetividade


burguesa promovido e reforçado pela indústria cultural, pela escola, pela
igreja, pelas políticas.
2. Relações impessoais como “uma regra geral de sobrevivência”
3. Sujeitos elaboram um sistema de proteção dos próprios interesses, para
diminuir risco de perda de si numa sociedade imanentemente competitiva e
conflitiva (fragilidade do eu/ego/sujeito)
4. Sistema de relações que gera indiferença pelo outro, consciência
coisificada, tanto dos indivíduos isolados quanto dos coletivos (todos
somos objetos intercambiáveis)

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FORMAÇÃO ATUAL: Educação Crítica versus Educação Eficiente
 
5. Competição como princípio pedagógico: competição é contrária a uma
educação humanística. É mitologia que a competição aumenta a eficiência
da educação. Quando não balizada por formas mais flexíveis, representam
em si um elemento de educação para a barbárie. Questionar o
sucesso/progresso como fim último da educação.

6. Relação com as coisas: inversão de valores: coisificação da


consciência/pessoas e humanização das coisas, valorização do inanimado,
frieza com a vida humana. Fundamental que a educação seja capaz de
dotar as pessoas de um modo de se relacionar com as coisas, como
coisas!

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FORMAÇÃO ATUAL: Educação para o Progresso versus Educação para a Civilização

7. Passividade inofensiva: é uma forma de barbárie, pois ensina como


contemplar o horror e se omitir diante dele. Educação que desperte desde
a pré-escola uma verdadeira “vergonha” da violência e da rudeza existente
no princípio da cultura, de maneira que as pessoas não tolerem a
brutalidade e a rudeza dos outros com os outros.

8. Princípio da autoridade: para ser possível uma educação contra a barbárie,


temos que renunciar ao comportamento autoritário e a formação de um
superego rigoroso e frio para suportar o sofrimento que o processo
educacional gera. Pensar numa “autoridade esclarecida” que não seja
cega, e que não se origine a partir do princípio da violência, que sejam
transparentes em relação a sua finalidade.
 
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EDUCAÇÃO ATUAL: Formação de Professores
Tabus sobre a profissão versus Identidade do professor
• Função disciplinar: estabelece com seus alunos uma relação hierárquica em que
ele detém o poder/saber e pode exercê-lo com a chancela de todo o sistema
educacional. Uma vantagem indissociavel de sua função que dificilmente abre
mão.
• Instituição escolar: separação entre sociedade (real) e o espaço escolar,
separação que cria situação de infantilização da atuação profissional, ao
substituir a realidade pelo microcosmo da escola (conhecimento desvinculado do
real, isolamento das questões sociais etc)
• Afetividade na relação docente-discente: profissão em que o trabalho em si é
indissociável do plano afetivo pessoal. Fraquezas e as inseguranças?
• Por que sufocar nossas reações afetivas??
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Educação Científica Crítica e Reflexiva
 
• Reflexão por si só não garante um enfrentamento à consciência
coisificada.

• Sem um fim claro e transparente, a reflexão pode levar tanto a


dominação cega quanto à emancipação.

• Reflexão é uma atitude que deve estar direcionada a finalidade


humana, deve ser transparente quanto aos seus fins.

• Educação em Ciências crítica?


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Pesquisa de base teórica crítica
desafios e tensões
• Rompimento com duas ordens
• 1. o funcionamento da ciência
• Positivismo  desvinculado das demais atividades do processo social, coloca a
produção teórica e sua função na sociedade isolada às esferas do saber em que foram
produzidas.
• Modo de divisão do trabalho  ciência é vista como independente e autônoma.
• Produção da ciência  necessário entender que a produção de ciência é “(...)
particularizações da maneira como a sociedade se defronta com a natureza e se
mantém nas formas dadas. São, portanto, momentos do processo de produção
social(...).” (Horkheimer, 1980, p. 123).
• Consequência  nos marcos do positivismo a ciência não se sente comprometida
diretamente com os demais setores da produção social.

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Pesquisa de base teórica crítica
desafios e tensões
• Rompimento com duas ordens
• 2. a prática do cientista
• Positivismo  a prática e a teoria podem estar desconectadas, pois na divisão social
do trabalho (nos marcos da sociedade atual) cabe ao cientista “(...) conceber e
classificar os fatos em ordens conceituais e dispô-los de tal forma que ele mesmo e
todos os que devem utilizá-los possam dominar os fatos o mais amplamente possível.”
(Horkheimer, 1980, p. 123).
• Dicotomia/Cisão do sujeito  entre sua prática social e profissional, não é necessário
guardar coerência filosófica
• Contradição  dualismo naturalizado e aceito da/na prática científica, entre o pensar
e o ser, entre o entendimento e a percepção
• Essência da Teoria Tradicional (Positivismo)  parcialidade dos processos sociais

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Pesquisa de base teórica crítica
desafios e tensões
• Teoria Crítica
• Não descarta os métodos, mas não se limita a eles e aos fatos, não se limita
ao mundo como é
• Retoma a centralidade da filosofia de base marxiana na atividade do
pensamento (materialismo histórico e dialético)
• Não neutralidade da ciência e do cientista

“Os fatos que os sentidos (empiria) nos fornecem são pré-formatados de modo duplo: pelo
caráter histórico do objeto (dialético e contraditório) percebido e pelo caráter histórico do
órgão perceptivo. Nem um nem outro são meramente naturais, mas enformados pela
atividade humana (...).” (Horkheimer, 1980, p. 125)

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Pesquisa de base teórica crítica
desafios e tensões
• Função da ciência e do cientista
• Teoria Crítica entende que a prática social do cientista, desde a formulação
de suas categorias teóricas e empíricas, passando por todas as fases da
pesquisa, segue conscientemente a intencionalidade de desnudar as
contradições sociais, e de demarcar claramente o interesse da prática
científica na organização racional da atividade humana, sendo fundamental
clarificar e legitimar os interesses da teoria crítica frente aos seus
propósitos filosóficos.
• Expor as contradições pela pesquisa, para superá-las na prática social.

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Pesquisa de base teórica crítica
desafios e tensões
• Função da ciência, do cientista e da Universidade
• Atividade do pensamento (produção de ciência) é trabalho social cujo
caráter de classe é sua pedra angular, pois entendemos que essa condição
impregna todas as formas e modos de (re)agir humanos.

“A penetração racional do processo, no qual a gnose e o seu objeto se


constituem, sua subordinação ao controle da consciência, não transcorre por
isso num terreno exclusivamente espiritual, mas coincide com a luta por
determinadas formas de vida na realidade efetiva.” (Horkheimer, 1980, p. 156)

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Pesquisa de base teórica crítica
desafios e tensões
• Função da ciência, do cientista e da Universidade
• Extensão Universitária: momento em que a prática científica se encontra
com a prática política
• Pautada pelo diálogo e (re)construção permanente visando a emancipação
• Relação horizontal: toda forma de conhecimento tem o mesmo valor do
ponto de vista humano
• Paulo Freire: grande referência e inspiração para a prática pedagógica e
extensionista....
.... Isso é uma outra conversa!!!!

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Muito obrigado!!
Gracias!!
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