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Bacharelado em Administração 1

FILOSOFIA E ÉTICA APLICADA Á ADMINISTRAÇÃO


CRONOGRAMA DE AULAS

1- TEXTO PARA AULA – FILOSOFIA CLÁSSICA

É Platão quem nos dá uma idéia magnífica sobre a questão da ordem implícita e explícita no seu célebre
"Mito da Caverna" que se encontra no centro do Diálogo A República.

Vejamos o que nos diz Platão, através da boca de Sócrates:

Imaginemos homens que vivam numa caverna cuja entrada se abre para a luz em toda a sua largura, com
um amplo saguão de acesso. Imaginemos que esta caverna seja habitada, e seus habitantes tenham as
pernas e o pescoço amarrados de tal modo que não possam mudar de posição e tenham de olhar apenas
para o fundo da caverna, onde há uma parede. Imaginemos ainda que, bem em frente da entrada da
caverna, exista um pequeno muro da altura de um homem e que, por trás desse muro, se movam homens
carregando sobre os ombros estátuas trabalhadas em pedra e madeira, representando os mais diversos
tipos de coisas. Imaginemos também que, por lá, no alto, brilhe o sol. Finalmente, imaginemos que a
caverna produza ecos e que os homens que passam por trás do muro estejam falando de modo que suas
vozes ecoem no fundo da caverna.

Se fosse assim, certamente os habitantes da caverna nada poderiam ver além das sombras das pequenas
estátuas projetadas no fundo da caverna e ouviriam apenas o eco das vozes. Entretanto, por nunca terem
visto outra coisa, eles acreditariam que aquelas sombras, que eram cópias imperfeitas de objetos reais,
eram a única e verdadeira realidade e que o eco das vozes seriam o som real das vozes emitidas pelas
sombras.

Suponhamos, agora, que um daqueles habitantes consiga se soltar das correntes que o prendem. Com
muita dificuldade e sentindo-se freqüentemente tonto, ele se voltaria para a luz e começaria a subir até a
entrada da caverna. Com muita dificuldade e sentindo-se perdido, ele começaria a se habituar à nova visão
com a qual se deparava. Habituando os olhos e os ouvidos, ele veria as estatuetas moverem-se por sobre o
muro e, após formular inúmeras hipóteses, por fim compreenderia que elas possuem mais detalhes e são
muito mais belas que as sombras que antes via na caverna, e que agora lhes parece algo irreal ou limitado.

Suponhamos que alguém o traga para o outro lado do muro. Primeiramente ele ficaria ofuscado e
amedrontado pelo excesso de luz; depois, habituando-se, veria as várias coisas em si mesmas; e, por
último, veria a própria luz do sol refletida em todas as coisas. Compreenderia, então, que estas e somente
estas coisas seriam a realidade e que o sol seria a causa de todas as outras coisas. Mas ele se entristeceria
se seus companheiros da caverna ficassem ainda em sua obscura ignorância acerca das causas últimas das
coisas. Assim, ele, por amor, voltaria à caverna a fim de libertar seus irmãos do julgo da ignorância e dos
grilhões que os prendiam. Mas, quando volta, ele é recebido como um louco que não reconhece ou não
mais se adapta à realidade que eles pensam ser a verdadeira: a realidade das sombras. E, então, eles o
desprezariam....
1: Como o "Mito da Caverna" de Platão pode ser relacionado à gestão de equipes e liderança na
administração de empresas?
2: Qual é o papel da educação e do desenvolvimento contínuo na administração, à luz do Mito da Caverna?
3: Como a busca da verdade e a busca do conhecimento podem se refletir na tomada de decisões éticas na
administração de empresas?
4: Como os administradores podem aplicar alegoricamente a ideia de "voltar à caverna" do Mito de Platão
em situações de mudança organizacional?

Érica Souza Tupiná


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CRONOGRAMA DE AULAS

2- TEXTOS PARA AULA – FILOSOFIA MEDIEVAL

Texto 2.1- Santo Agostinho


Santo Agostinho, foi um dos mais importantes teólogos e filósofos nos primeiros séculos do cristianismo,
cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental. Foi bispo de
Hipona, uma cidade na província romana da África. Escrevendo na era patrística, é amplamente considerado
como o mais importante dos Padres da Igreja no ocidente. Suas obras-primas são De Civitate Dei ("A
Cidade de Deus") e "Confissões", ambas ainda muito estudadas atualmente. Desenvolveu uma abordagem
única sobre o conceito de amor e desejo em sua obra "Confissões". Para compreender melhor suas ideias, é
fundamental explorar sua visão sobre o amor e o desejo.

1. O Amor como Força Motriz:


Para Santo Agostinho, o amor era uma força poderosa e central em nossa vida. Ele via o amor como a força
que impulsiona nossas ações e escolhas. O amor, para Agostinho, não se limitava apenas às emoções
românticas, mas também abrangia uma gama de sentimentos, incluindo o amor a Deus, aos outros e a si
mesmo.

2. O Desejo como Busca de Plenitude:


O desejo, para Santo Agostinho, estava intrinsecamente ligado ao amor. Ele via o desejo como a busca da
plenitude e da felicidade. Agostinho argumentava que o desejo é a ânsia que sentimos, a busca incessante
por algo que preencha nossos corações e nos satisfaça verdadeiramente. O desejo, portanto, não se limita
apenas a desejos materiais, mas também inclui a busca espiritual pela conexão com Deus.

3. Amor a Deus como o Amor Supremo:


Agostinho destacava o amor a Deus como o amor supremo e a fonte de todos os outros amores. Ele
acreditava que, ao amar a Deus, encontramos a verdadeira plenitude e alegria. Para ele, o amor a Deus é o
caminho para a realização pessoal e o cumprimento de nosso desejo mais profundo.

4. Os Desafios do Amor e Desejo:


Agostinho reconhecia que o amor e o desejo podiam ser complexos e, às vezes, levavam a desejos egoístas
ou pecaminosos. Ele enfatizava a importância de direcionar nossos amores e desejos para o que é eterno e
virtuoso, em vez de serem consumidos por prazeres passageiros e vaidades mundanas.

5. A Conversão e Redirecionamento:
Uma parte fundamental da filosofia de Santo Agostinho é a ideia de conversão e redirecionamento. Ele
argumentava que, por meio da fé e da graça divina, poderíamos transformar nossos desejos, buscando o
amor verdadeiro e eterno em Deus.

Em resumo, para Santo Agostinho, o amor e o desejo eram forças profundamente interligadas que
moldavam nossas vidas e nossas escolhas. Ele nos incentivava a direcionar nossos desejos para Deus,
encontrando a verdadeira plenitude e satisfação. Sua filosofia continua a influenciar o pensamento
contemporâneo sobre a busca da felicidade, a ética e a espiritualidade.

Santo Agostinho (de "Confissões"): Trecho: "Ama e faz o que quiseres."


Questão: Como o conceito de amor e desejo em Santo Agostinho pode se aplicar à tomada de decisões éticas
na administração de empresas?

Érica Souza Tupiná


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Texto 2.2 - São Tomás de Aquino
Tomás de Aquino, em italiano Tommaso d'Aquino, foi um frade católico italiano da Ordem dos
Pregadores cujas obras tiveram enorme influência na teologia e na filosofia, principalmente na tradição
conhecida como Escolástica. Um dos mais influentes filósofos e teólogos medievais, desenvolveu uma
abordagem notável sobre a formulação da lei, enfatizando a importância da razão e do bem comum. Para
entender seus conceitos, é fundamental explorar sua visão sobre a razão e o bem comum na formulação
das leis de maneira didática.

1. A Razão como Guia da Lei:


Para São Tomás de Aquino, a razão era o alicerce da lei. Ele acreditava que a lei deveria ser formulada
com base na razão, ou seja, na capacidade humana de discernir o certo do errado. A razão, nesse contexto,
não se limita a uma lógica fria, mas abrange a capacidade humana de compreender os princípios éticos e
morais que promovem a justiça.

2. O Bem Comum como Objetivo da Lei:


São Tomás enfatizava que a finalidade da lei era promover o bem comum. Ele via o bem comum como o
objetivo supremo das leis, algo que beneficia toda a comunidade, em vez de apenas alguns indivíduos ou
grupos. O bem comum, portanto, é o resultado de leis justas e equitativas que visam o benefício de todos.

3. A Lei Natural como Expressão da Razão e do Bem Comum:


São Tomás introduziu o conceito de "lei natural," que é a expressão da razão humana em relação ao bem
comum. A lei natural é um conjunto de princípios éticos inerentes à natureza humana, que serve como
base para a formulação de leis positivas (as leis criadas pelos governos). Assim, a lei natural é uma
extensão da razão e do bem comum.

4. A Importância da Justiça:
São Tomás via a justiça como a virtude central na formulação das leis. A justiça, segundo ele, garantia
que as leis fossem equitativas, promovendo o bem comum e respeitando os direitos individuais. Leis
injustas, por outro lado, eram consideradas como violações do bem comum.

5. A Função do Legislador:
Para São Tomás, o legislador tinha a responsabilidade de criar leis justas, guiadas pela razão e voltadas
para o bem comum. Ele argumentava que os legisladores deveriam agir com sabedoria e virtude,
considerando as consequências de suas leis para a comunidade como um todo.

Em resumo, São Tomás de Aquino via a razão como o alicerce da lei e o bem comum como seu objetivo
supremo. Suas ideias influenciaram profundamente a teoria legal e ética, destacando a importância da
justiça, da equidade e da consideração do benefício de todos na formulação das leis. Sua filosofia continua
a ser uma fonte de reflexão fundamental no campo da ética e do direito.

São Tomás de Aquino (da "Summa Theologica"): Trecho: "Lei é uma ordenação da razão em vista do bem
comum, promulgada por aquele que tem o cuidado da comunidade."
Questão: De que forma a noção de lei como ordenação da razão em busca do bem comum se relaciona com a
ética empresarial e a tomada de decisões em uma empresa?
Questão adicional para discussão: Como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino abordam o conceito de
justiça e como isso se aplica à gestão de conflitos e à promoção da equidade dentro de uma empresa?

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3- TEXTOS PARA AULA – FILOSOFIA MODERNA

Texto 3. 1- Maquiavel

Niccolò Machiavelli (1469-1527), um destacado pensador político e diplomata italiano do Renascimento,


legou à posteridade uma das obras mais influentes e controversas da literatura política: "O Príncipe".
Publicada em 1532, cinco anos após a morte de Maquiavel, essa obra é um guia astuto sobre a arte da
governança, marcada por uma abordagem realista e pragmática dos assuntos políticos.

Em "O Príncipe", Maquiavel desafia as concepções idealizadas do poder, propondo que um governante deve
priorizar a estabilidade e a eficácia em detrimento da moralidade convencional. Para ele, a política é uma
esfera separada da ética, e o governante deve estar disposto a utilizar quaisquer meios necessários para
preservar o Estado. Esta abordagem pragmática foi, muitas vezes, interpretada como a defesa da crueldade e
da astúcia como instrumentos legítimos de governança.

Machiavelli introduz a noção de virtù, uma qualidade que combina habilidade, coragem e determinação,
fundamentais para o sucesso político. Ele destaca a importância do equilíbrio entre a ação e a prudência,
advertindo que o excesso de benevolência pode ser prejudicial ao governante. Além disso, o autor aborda
estratégias de conquista, manutenção e expansão do poder, aconselhando líderes a adaptarem suas táticas às
circunstâncias.

Ao longo da história, "O Príncipe" suscitou debates intensos sobre a natureza da política e a moralidade do
poder. Muitos interpretaram a obra como uma justificação do maquiavelismo, uma abordagem manipuladora
e desprovida de escrúpulos na busca do poder. No entanto, outros argumentam que Machiavelli estava, na
verdade, alertando os líderes para os perigos da ingenuidade política e defendendo uma abordagem realista
diante dos desafios que os governantes enfrentam.

A influência de Maquiavel é duradoura, estendendo-se além da política para áreas como a filosofia, a ciência
política e até mesmo a literatura. Seu trabalho provocador continua a inspirar reflexões sobre a natureza da
liderança, o papel da ética na política e a complexidade das relações de poder. Em última análise, "O
Príncipe" permanece como uma obra-chave que desafia as noções convencionais de governança, forçando a
reflexão sobre os dilemas éticos e estratégicos inerentes ao exercício do poder.

Maquiavel (do livro "O Príncipe"):


Trecho: "Um príncipe deve ser temido, pois o medo mantém seus súditos obedientes. No entanto, ele não deve
ser odiado, pois o ódio pode levar à rebelião."
Questão 1: Qual é o papel do poder e da liderança carismática na administração de empresas?
Questão 2: Como um administrador pode equilibrar a necessidade de ser respeitado e temido com a
necessidade de manter o apoio e a lealdade de sua equipe?

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Texto 3.2- Adam Smith

Adam Smith (1723-1790), um dos fundadores da economia moderna, deixou um legado duradouro através
de sua obra seminal, "A Riqueza das Nações", publicada em 1776. Smith, um filósofo moral e economista
escocês, explorou de maneira abrangente os princípios da economia política, delineando ideias que
moldaram o pensamento econômico ao longo dos séculos.

No cerne de "A Riqueza das Nações" está o conceito de "mão invisível". Smith argumenta que, quando
indivíduos buscam seus próprios interesses egoístas no mercado, inadvertidamente contribuem para o
bem-estar geral da sociedade. Essa ideia foi fundamental para o desenvolvimento da teoria do liberalismo
econômico, destacando a importância do livre mercado e da competição como motores do progresso
econômico.

Smith também explorou a divisão do trabalho, observando que a especialização aumenta a eficiência
produtiva. Ele ilustrou esse conceito através do exemplo notável da fabricação de alfinetes, destacando
como a colaboração e a especialização podem resultar em maior produção e prosperidade.

Outro ponto central na obra é a crítica às restrições mercantilistas da época. Smith defendia a ideia de que
os governos deveriam limitar sua intervenção na economia, permitindo que as forças de mercado
operassem naturalmente. Ele argumentava que a concorrência livre e a busca do interesse próprio, quando
não tolhidas por regulamentações excessivas, poderiam levar a uma alocação eficiente de recursos.

A teoria do valor-trabalho, um conceito-chave na economia clássica, também é discutida por Smith em


sua obra. Ele sugere que o valor de um bem é determinado pela quantidade de trabalho incorporado nele,
embora mais tarde essa ideia tenha sido revisada por outros economistas.

"A Riqueza das Nações" não apenas delineou os fundamentos da economia clássica, mas também
influenciou profundamente as políticas econômicas subsequentes. As ideias de Smith foram adotadas por
defensores do liberalismo econômico e capitalismo, moldando as políticas de muitos países ao longo dos
séculos XIX e XX.

Em síntese, Adam Smith e sua obra "A Riqueza das Nações" desempenharam um papel crucial na
formação do pensamento econômico. Suas ideias sobre livre mercado, competição, divisão do trabalho e a
mão invisível continuam a ser fundamentais para a compreensão da economia contemporânea e continuam
a influenciar debates sobre políticas econômicas em todo o mundo.

Texto de Adam Smith (do livro "A Riqueza das Nações"):


Trecho: "A busca do lucro não é a busca do mal, mas a busca do benefício próprio. É este último que a mão
invisível direciona para a promoção do bem público."

Questão 1: Como o conceito de "mão invisível" de Adam Smith se relaciona com a ideia de autointeresse na
administração de empresas?
Questão 2: De que forma a busca do lucro pode ser alinhada com a promoção do bem público em uma empresa?

Érica Souza Tupiná


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Texto 3.3- Imanuel Kant

Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão, é conhecido por sua vasta contribuição para a filosofia,
especialmente por sua obra "Crítica da Razão Pura". A ideia central por trás de sua obra é a noção de
"crítica", um termo que ele utiliza para descrever a análise rigorosa e reflexiva das capacidades da razão
humana.

A "Crítica da Razão Pura" propõe uma investigação profunda sobre a natureza e os limites do
conhecimento humano. Kant argumenta que, para compreendermos verdadeiramente o mundo, é essencial
compreendermos as estruturas a priori da mente humana que moldam nossa experiência. Ele introduz a
distinção entre fenômeno e nômeno, sugerindo que só podemos conhecer as coisas como aparecem para
nós, não como são em si mesmas.

A ideia central da "crítica" kantiana é destacar que nosso conhecimento é condicionado pelas categorias e
formas mentais que trazemos conosco. Assim, Kant busca estabelecer os limites do conhecimento
humano, delineando o que é possível saber e o que está além do alcance da razão.

Outra obra importante de Kant, "Crítica da Razão Prática", explora a ética e a moralidade. Aqui, ele
introduz o conceito de "imperativo categórico", uma regra moral fundamental que deve ser seguida
independentemente das circunstâncias. Kant argumenta que a moralidade é baseada na razão prática, e as
ações éticas são aquelas que podem ser universalizadas sem contradição.

Na "Crítica da Faculdade do Juízo", Kant explora a estética e a teleologia. Ele examina como julgamos a
beleza e propõe a ideia de que nossa capacidade de apreciar a beleza está fundamentada em princípios
universais.

A crítica de Kant estende-se também à religião, política e metafísica. Em suas obras, ele busca estabelecer
os fundamentos racionais para diversas áreas do conhecimento humano, promovendo uma abordagem
crítica que busca entender os princípios subjacentes aos nossos modos de pensar.

A ideia da crítica em Kant, portanto, transcende a análise meramente crítica de teorias ou sistemas
existentes. Ela representa uma abordagem sistemática e reflexiva para compreender os próprios
fundamentos do conhecimento humano. Kant desafia os filósofos a questionarem as bases de suas
convicções, a examinarem os pressupostos subjacentes ao pensamento humano e a entenderem as
limitações inerentes à nossa capacidade de conhecer e agir no mundo. Assim, a ideia da crítica em Kant
permanece como um marco essencial na filosofia, moldando o pensamento filosófico e influenciando
diversas disciplinas até os dias atuais.

Texto de Immanuel Kant (do livro "Fundamentação da Metafísica dos Costumes"):


Trecho: "Age de tal maneira que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer
outro, nunca simplesmente como meio, mas sempre ao mesmo tempo como fim."

Questão 1: Como o imperativo categórico de Kant se aplica à gestão de recursos humanos e relações
empresariais?
Questão 2: Como as empresas podem tratar seus funcionários e clientes como fins em si mesmos, em vez de
meros meios para um fim lucrativo?

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4- TEXTO PARA AULA – FILOSOFIA COMTEMPORÂNEA

Karl Marx (1818-1883)


A teoria marxista, desenvolvida por Karl Marx e Friedrich Engels no século XIX, é uma análise crítica do
sistema capitalista e uma proposta para uma transformação social radical. Marx abordou diversas áreas,
desde a economia até a filosofia e a sociologia, apresentando uma visão abrangente da sociedade e das
relações de classe.

No âmago da teoria é uma concepção materialista da história, que sugere que as mudanças sociais são
impulsionadas por fatores econômicos, especialmente pelas relações de produção. Marx argumentou que a
história da sociedade é uma história de luta de classes, destacando a oposição entre a classe dominante
(burguesia) e a classe trabalhadora (proletariado). Ele previu que o capitalismo, ao concentrar riqueza nas
mãos da burguesia, levaria a contradições insustentáveis.

A alienação é um conceito central na teoria marxista, referindo-se à separação dos trabalhadores de seus
produtos e ao controle sobre o processo de trabalho. A mais-valia, outro princípio crucial, destaca a
exploração da força de trabalho dos capitalistas, que extraem valor adicional além do necessário para a
reprodução da força de trabalho.

A teoria marxista também examina a superestrutura ideológica, argumentando que as ideias e valores
dominantes em uma sociedade refletem os interesses da classe dominante. A revolução proletária é
concebida como uma resposta desenvolvida à exploração capitalista, com o objetivo de criar uma
sociedade sem classes, o comunismo, caracterizada pela propriedade coletiva dos meios de produção.

Apesar de críticas e adaptações ao longo do tempo, a teoria marxista continua a investir o pensamento
crítico e oferece uma perspectiva valiosa para analisar as estruturas sociais, econômicas e políticas, bem
como os desafios contemporâneos ligados à desigualdade, à exploração e à alienação.

Theodor Adorno (1903-1969)


Filósofo alemão e um dos principais pensadores da Escola de Frankfurt. Ao lado de Max Horkheimer
(1895-1973) criaram o conceito de Indústria Cultural, que está refletido na massificação da sociedade e
em sua homogeneização.
A teoria da indústria cultural, desenvolvida por Theodor Adorno e Max Horkheimer na Escola de
Frankfurt, é uma crítica contundente à massificação e padronização da cultura no contexto da sociedade
capitalista avançada. Formulada nas décadas de 1940 e 1950, a teoria abordada como a produção cultural,
incluindo música, cinema, televisão e outras formas de entretenimento, tornou-se uma mercadoria
fabricada em larga escala, perdendo suas desvantagens e capacidade de provocar o pensamento crítico.

Adorno argumenta que a indústria cultural molda o gosto das massas, impondo uma homogeneização da
experiência cultural e uma conformidade com padrões pré-estabelecidos. Essa homogeneização resulta em
produtos culturais que são facilmente digeríveis, mas cuidadosos de profundidade e originalidade. A
produção em série, segundo Adorno, gera uma cultura de consumo passivo, onde a arte é reduzida a um
mero produto de mercado.

A influência da indústria cultural é ampliada pelo desenvolvimento tecnológico e pela expansão dos meios
de comunicação de massa. Adorno destaca que a cultura de massa não reflete apenas as condições sociais

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existentes, mas contribui ativamente para a reprodução ideológica, obscurecendo as relações sociais reais
e mantendo as massas em um estado de conformidade.

Apesar das críticas específicas à cultura popular, Adorno não nega completamente o valor artístico no
meio da indústria cultural. No entanto, ele argumenta que a mercantilização e a massificação tendem a
sufocar a moderada e a expressão artística verdadeira. A teoria da indústria cultural continua a influenciar
os estudos culturais e críticos, fornecendo uma perspectiva única sobre as interações entre cultura,
sociedade e economia na era contemporânea.

Jurgen Habermas (1929-)


Filósofo e sociólogo alemão, Habermas propôs uma teoria baseada na razão dialógica e na ação
comunicativa. Segundo ele, seria uma maneira de emancipação da sociedade contemporânea.
Jürgen Habermas, renomado filósofo e sociólogo alemão, desenvolveu uma abordagem única e complexa
sobre o conceito de verdade, especialmente em relação à esfera pública e à comunicação. Em sua teoria, a
busca pela verdade está intrinsecamente ligada ao funcionamento saudável de uma sociedade democrática.
Habermas distingue entre verdades empíricas, relacionadas a fatos objetivos, e verdades normativas, que
envolvem normas e valores compartilhados.

Para Habermas, a verdade não é apenas uma questão de correspondência com a realidade objetiva, mas
também está entrelaçada com o processo comunicativo e a busca por consenso. Ele desenvolveu o
conceito de "verdade comunicativa", que se baseia na ideia de que as pessoas buscam alcançar um
entendimento mútuo por meio do discurso racional. A verdade, nesse contexto, emerge do diálogo aberto,
da argumentação e da justificação racional.

A esfera pública desempenha um papel crucial na teoria de Habermas. É nesse espaço que os cidadãos
participam de discussões públicas, trocam e buscam consenso. Habermas argumenta que uma esfera
pública saudável é essencial para o desenvolvimento de uma verdade intersubjetiva, que reflete um
entendimento compartilhado entre os membros da sociedade.

A verdade em Habermas não é uma entidade estática, mas um processo dinâmico moldado pelo discurso
racional e pela deliberação pública. A racionalidade comunicativa, que envolve a busca por entendimento
mútuo, é vista como uma força que pode levar a um consenso fundamentado em razões compartilhadas.
Assim, na verdade, para Habermas, é construído através da participação democrática e do compromisso
com normas comunicativas que permitem a expressão livre e a contestação aberta.

Em suma, a teoria habermasiana da verdade destaca a importância do diálogo racional e da esfera pública
na construção de uma verdade intersubjetiva que sustenta uma sociedade democrática, onde a busca pela
verdade é inseparável do compromisso com normas comunicativas e participação cidadã.

Michel Foucault (1926-1984)


Filósofo francês, Foucault buscou analisar as instituições sociais, a cultura, a sexualidade e o poder.

Michel Foucault, filósofo e teórico social francês, desenvolveu uma abordagem inovadora para
compreender o poder, rompendo com as concepções tradicionais e institucionais. Ao ver o poder como
algo que uma pessoa ou instituição possui, Foucault realizou uma compreensão mais descentralizada e
difusa do poder, analisando suas manifestações em diversos níveis da sociedade.

Érica Souza Tupiná


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Para Foucault, o poder não é apenas coercitivo, mas também produtivo. Ele argumentou que o poder não
era apenas para restringir ou proibir, mas também para criar e moldar. O poder permeia todas as relações
sociais, instituições e práticas, sendo intrínseco à própria estrutura da sociedade. Essa perspectiva está
encapsulada em sua famosa frase "onde há poder, há resistência".

Foucault modificou o conceito de "biopoder", destacando como o poder se estende para além das
instituições políticas e alcança a gestão da vida e da saúde da população. A biopolítica, como ele a
chamou, envolve a regulação dos corpos e das populações, abordando questões como saúde pública,
natalidade e biotecnologia.

Outro conceito fundamental é o de "vigilância panóptica", inspirado na arquitetura das prisões projetada
por Jeremy Bentham. Foucault argumentou que vivemos em uma sociedade em que a vigilância e o
controle são internalizados, e as pessoas se disciplinam constantemente, antecipando a possibilidade de
serem observadas.

O poder em Foucault é relacional e não está concentrado em uma única fonte. Ele explorou como as
instituições sociais, como a escola, a família e os sistemas de saúde, exercem poder ao normalizar
comportamentos e moldar subjetividades. Foucault também enfatizou a importância da linguagem e do
discurso na perpetuação do poder, destacando como o conhecimento é uma forma de exercício de poder.

Em resumo, a contribuição de Foucault para a teoria do poder reside na desnaturalização das estruturas de
poder, na compreensão do poder como uma rede complexa de relações e práticas, e na análise das
maneiras pelas quais o poder molda tanto as instituições quanto as subjetividades individuais . Seu legado
continua a influência estudos culturais, sociologia e teoria política contemporânea.

Questões:
1: Em que medida as relações de trabalho nas corporações modernas refletem a inclusão de Marx sobre a
alienação e a exploração da força de trabalho?
2: Como a teoria marxista pode explicar a concentração de poder e riqueza nas grandes corporações,
contribuindo para a perpetuação das desigualdades sociais?
3: Como a teoria da indústria cultural de Theodor Adorno pode ser aplicada para analisar as dinâmicas da
cultura digital e do marketing nas plataformas online?
4: De que maneira a homogeneização da experiência cultural na era digital, conforme apontado por Adorno,
se reflete nas estratégias de personalização e segmentação de audiência no marketing digital?
5: Como a busca pela verdade intersubjetiva, conforme proposta de Jürgen Habermas, pode ser reconciliada
com as estratégias de comunicação e marketing adotadas pelas empresas no ambiente corporativo moderno?
6: Em que medida as práticas de construção de imagem e comunicação no marketing corporativo moderno
podem influenciar a esfera pública, considerando a teoria habermasiana sobre a formação do consenso
através do discurso racional?
7: De que maneira os conceitos foucaultianos de disciplina e biopoder podem ser aplicados para analisar as
dinâmicas de controle e gestão nas corporações modernas?
8: Como a noção de discurso e as tecnologias de poder de Foucault podem ser aplicadas para analisar a
construção de narrativas corporativas e o papel das empresas na produção de conhecimento e subjetividade?

Érica Souza Tupiná


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