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“Será preciso lutar muito nos próximos anos para salvar dessa deriva u�litaris-
ta não somente a ciência, a escola e a universidade, mas também tudo o que
chamamos ‘cultura’. Será preciso resis�r à dissolução programada do ensino,
da pesquisa cien�fica, dos clássicos e dos bens culturais, porque sabotar a cul-
tura e a educação significa sabotar o futuro da humanidade. Há poucos anos
�ve a ocasião de ler uma frase simples, mas muito significa�va, inscrita numa
indicação de uma biblioteca de manuscritos num oásis perdido do Saara: ‘O
conhecimento é uma riqueza que se pode transmi�r sem se empobrecer.’ So-
mente o saber, ao desafiar os paradigmas dominantes do lucro, pode ser com-
par�lhado sem empobrecer quem o transmite e quem o recebe. Na verdade,
os enriquece.” (A utilidade do inútil, de Ordine).
Santo Agos�nho
Santo Agos�nho orienta sua reflexão buscando afastar-se dos prazeres sensí-
veis, das paixões e daquilo que pertence ao mundo natural – que nos afasta de
Deus – para, assim, guiar-se com as verdades eternas e imutáveis que radicam,
em úl�ma instância, em Deus. O homem, segundo o bispo de Hipona, deve
agir pelo desejo da felicidade ultraterrena e não a terrestre, ou seja, de sua
união com Deus após a morte. Esta é a base em que ele irá erigir toda a sua
reflexão acerca da moral. O fato do livre-arbítrio exis�r, incontestavelmente, é
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PARTE II - A HISTÓRIA DA FILOSOFIA
“O ouro, a prata, os corpos belos e todas as coisas são dotadas dum certo atra-
�vo. A vida neste mundo seduz por causa duma certa medida de beleza que
lhe é própria, e da harmonia que tem com todas as formosuras da vida terre-
na. Por isso, comete-se o pecado, porque pela propensão imoderada para os
bens inferiores, embora sejam bons, se abandonam outros melhores e mais
elevados, ou seja, a Vós, meu Deus, à vossa verdade e à vossa lei.” (Confissões,
de Agos�nho).
Santo Tomás introduziu uma dis�nção entre o ser e a essência, dividindo a me-
ta�sica em duas partes: a do ser em geral e a do Ser pleno, que é Deus. De
acordo com essa dis�nção, o único ser realmente pleno, no qual o ser e a
essência se iden�ficam, é Deus. Para Aquino, Deus é ato puro. Não há o que se
realizar ou se atualizar em Deus, pois ele é completo. Ele dirá que Deus é Ser,
e o mundo tem ser. Ou seja, Deus é o Ser que existe como fundamento da rea-
lidade das outras essências que, uma vez existentes, par�cipam de seu Ser.
Isso equivale a dizer que, nas outras criaturas, o ser é diferente da essência
pois as criaturas são seres não-necessários. É Deus que permite às essências
realizarem-se em entes, em seres existentes. Ele prova a existência de Deus a
par�r das seguintes provas: primeiro motor; causa eficiente, ser necessário,
graus de perfeição e finalidade do ser.
A quarta via, ou via dos graus de perfeição. “A quarta via se toma dos graus
que se encontram nas coisas. É fato que nas coisas se encontra o bem, o verda-
deiro, o nobre e outras perfeições semelhantes em grau maior ou menor. Mas
o grau maior ou menor se atribuem às diversas coisas conforme se aproximam
mais ou menos de algo sumo e absoluto; assim, mais quente é aquilo que mais
se aproxima do sumamente quente. Há, portanto, algo que é verdadeiro ao
sumo, ó�mo e nobilíssimo, e, por conseguinte, algo que é o supremo ente;
pois, como diz Aristóteles, aquilo que é máximo enquanto verdadeiro, é tal
também enquanto ente. Ora, aquilo que é máximo em dado gênero, é causa
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PARTE II - A HISTÓRIA DA FILOSOFIA
Maquiavel
“Nas ações de todos os homens, dos príncipes, onde não há tribunal para que
recorrer, o que importa é o êxito bom ou mau. Procure, pois, um príncipe,
vencer e conservar o Estado. Os meios que empregar serão sempre julgados
honrosos e louvados por todos, porque o vulgo é levado pelas aparências e
pelos resultados dos fatos consumados, e o mundo é cons�tuído pelo vulgo, e
não haverá lugar para a minoria se a maioria não tem onde se apoiar.” (O Prín-
cipe, de Maquiavel).
Descartes
“Suporei, pois, que não é um verdadeiro Deus, que é soberana fonte da verda-
de, mas certo gênio maligno, não menos ardiloso e enganador do que podero-
so, que empregou toda a sua indústria em enganar-me. Pensarei que o céu, o
ar, a terra, as cores, as figuras, o sons e todas as coisas exteriores que vemos
são apenas ilusões e enganos de que ele se serve para surpreender minha cre-
dulidade. Considerar-me-ei a mim mesmo absolutamente desprovido de
mãos, de olhos, de carne, de sangue, desprovido de quaisquer sen�dos, mas
dotado da falsa crença de ter todas essas coisas. Permanecerei obs�nadamen-
te apegado a esse pensamento; e se, por esse meio, não está em meu poder
chegar ao conhecimento de qualquer verdade, ao menos está ao meu alcance
suspender meu juízo. Eis porque cuidarei zelosamente de não receber em
minha crença nenhuma falsidade, e prepararei tão bem meu espírito a todos
os ardis desse grande enganador que, por poderoso e argiloso que seja, nunca
poderá impor-me algo.” (Meditação primeira, 12, Meditações, de Descartes).
Spinoza
za. Pensa em algo que te deixa triste, como encontrar uma pessoa desagradá-
vel ou ficar doente. Nosso conatus diminui; nossa potência para agir diminui.
Agora pensa em algo que te deixa alegre, como comer algo quando temos
fome, escutar uma boa música ou encontrar um grande amigo. A alegria au-
menta o nosso ser e a nossa potência de agir, o nosso conatus.
“Deus age unicamente pelas leis de sua natureza, e não obrigado por alguém
(prop. 17); Deus é causa imanente, e não transi�va, de todas as coisas (prop.
18); Deus é eterno, ou seja, todos os atributos de Deus são eternos (prop. 19);
A existência de Deus e sua essência são uma única e mesma coisa (prop. 20);
Na natureza das coisas não há nada de con�ngente; mas todas as coisas são
determinadas pela necessidade da natureza divina a exis�r e a operar de
algum modo (prop. 29).” (Ética, I, de Espinosa).
Hobbes
“Se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo, que é impossível
ela ser gozada por ambos, eles tornam-se inimigos. E no caminho para seu fim
esforçam-se por se destruir ou subjugar um ao outro. Na natureza do homem
encontramos três causas principais de discórdia. Primeiro, a compe�ção;
segundo, a desconfiança; e terceiro, a glória. A primeira leva os homens a
atacar os outros tendo em vista o (p. 108) lucro; a segunda, a segurança; e a
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PARTE II - A HISTÓRIA DA FILOSOFIA
Kant
Kant é conhecido pela sua teoria sobre uma obrigação moral única e geral, que
explica todas as outras obrigações morais que temos. O primeiro conceito cen-
tral de sua é�ca é o impera�vo categórico, que diz: “age de tal forma que a sua
máxima se transforme numa lei universal”. O impera�vo categórico, em
termos gerais, é uma obrigação incondicional, ou uma obrigação que temos
independentemente da nossa vontade ou desejos (em contraste com o impe-
ra�vo hipoté�co). As nossas obrigações morais podem ser resultantes do im-
pera�vo categórico. O segundo conceito central de sua é�ca é o dever. Para
Kant, o dever é o bem: a boa vontade é a vontade de agir por dever. O impera-
�vo categórico determina a ação independentemente de todo o fim a a�ngir e
tem o seu fundamento apenas na consciência moral.
Hegel
INDICAÇÕES DE LEITURAS