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Qualidade Informacional e Value-Relevance: uma Análise de

Empresas Participantes do Prêmio Abrasca

Rachel Constantino de Miranda1


Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Fernanda de Jesus Coelho Sodré
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
Marcelo Álvaro da Silva Macedo
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
José Augusto Veiga da Costa Marques
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Resumo

Esta pesquisa trata do impacto de aspectos de qualidade informacional, tais como clareza,
transparência, quantidade de informações e apresentação expositiva e gráfica, na relevância da
informação contábil de 94 empresas abertas e não financeiras, as quais participaram, voluntariamente,
do prêmio da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), no período de 2013 a 2018.
Em estudo com enfoque quantitativo, utilizam-se as variáveis Valor de Mercado das Ações (VMA),
Lucro Líquido por Ação (LLPA) e Patrimônio Líquido por Ação (PLPA), adicionando à avaliação
aspectos da qualidade de comunicação da informação contábil, refletidos nos relatórios financeiros,
para verificar se eles agregam poder explicativo às variáveis contábeis de lucro e patrimônio líquido,
que explicam o preço das ações e, assim, a relevância à informação contábil. Os resultados mostraram
que empresas com menor qualidade informacional apresentam informações contábeis (lucro) menos
relevantes e que empresas com maior qualidade informacional não apresentam informações contábeis
(lucro e patrimônio líquido) mais relevantes, concluindo-se que informações de má qualidade reduzem
a relevância do LLPA das empresas e ressaltam a importância dada à qualidade da informação
contábil.

Palavras-chave: Value-relevance; Qualidade informacional; Prêmio Abrasca.

Método de Pesquisa: MET3 – Arquivo /Banco de Dados

Área do Conhecimento da Pesquisa: AT 4 - Contabilidade e Finanças


1 Introdução

Características informacionais evidenciadas pelo Financial Accounting Standards


Board (FASB), International Accounting Standards Board (IASB) e Conselho Federal de
Contabilidade (CFC), com algumas poucas divergências sobre os elementos e atributos que
conferiam qualidade e utilidade às informações contábeis, apontam para os seguintes
aspectos: compreensibilidade, relevância, confiabilidade, materialidade, representação
adequada, neutralidade, totalidade, comparabilidade, tempestividade e benefícios maiores que
custos (Nascimento & Reginato, 2008).
Observa-se, assim, que características qualitativas necessitam acompanhar as
informações contábeis. Essas qualidades, na visão de Iudícibus (1998), seriam: a
tempestividade, a integralidade, a confiabilidade, a comparabilidade e a compreensibilidade.
Estudos realizados em torno de governança corporativa e de boas práticas associadas ao tema
(Nascimento & Reginato, 2008) trazem, como base sustentadora, três pontos: a necessidade
de transparência dos atos administrativos, a redução da assimetria informacional e a
harmonização das práticas contábeis, elementos os quais são refletidos nas informações
contábeis e financeiras.
Com a adoção das IFRS’s (International Financial Reporting Standards), a partir do
ano de 2010, os usuários das informações financeiras tiveram maior qualidade, clareza e
subsídios para comparabilidade entre as organizações, aumentando a relação entre o valor de
mercado das companhias e os números contábeis que elas publicam (Ball, 2006). Em estudo
que abrangeu o período de 1971 a 2012, Dechow, Sloan e Zha (2014), concluíram que há uma
relação significativa entre o preço da ação e as informações contábeis.
Referente a esse tema, a Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca)
possui papel relevante na métrica da qualidade das informações contábeis no Brasil, tendo
instituído, em 1999, um prêmio, com a finalidade de promover incentivo ao aprimoramento
de informações e busca por maior clareza, transparência, qualidade e quantidade; bem como
estimular o caráter inovador dos relatórios. Dessa forma, os critérios para avaliar os melhores
relatórios anuais, em relação ao seu conteúdo, visando a concessão do prêmio, são
estabelecidos pela associação, de modo que a qualidade da informação seja prioritariamente
avaliada (ABRASCA, 2018). O Prêmio Abrasca, em sua 21º edição, avalia companhias com
interesse em apresentar bons relatórios e informações sobre boas práticas de governança aos
usuários da informação. Assim, sua base de dados de avaliação foi identificada e é adotada
como instrumento de quantificação para uma análise qualitativa de informações empresariais.
Pesquisa de Valente e Fujino (2017), desenvolvida no campo da ciência da
informação, que tratou sobre a qualidade da informação contábil sob a perspectiva do usuário
da informação, obteve confirmação de que a assimetria de informação, em virtude de conflito
de interesses entre instituições e tomadores de decisões, pode colocar em cheque as
possibilidades de adoção de recomendações das próprias normas. Além disso, confirmam a
necessidade de que sejam observados atributos específicos, como confiabilidade e
fidedignidade, para que essas informações possam, efetivamente, contribuir para a melhoria
na tomada de decisões.
Assim, com a utilização de testes estatísticos, estabeleceu-se o objetivo desta pesquisa,
que é responder ao seguinte questionamento: A qualidade da informação comunicada ao
mercado, refletida pelos relatórios empresariais, poderia oferecer maior poder preditivo
às variáveis contábeis que explicam o preço das ações de empresas avaliadas pelo
Prêmio Abrasca?
Diante dos esforços das empresas em melhorar a qualidade comunicacional e
informacional de seus relatórios financeiros, existe a hipótese de que o mercado consideraria a
qualidade das informações dos relatórios financeiros, no momento da precificação das ações
negociadas, bem como dos investimentos. Dessa forma, pretende-se verificar se a qualidade
informacional dos relatórios financeiros de empresas brasileiras abertas e não financeiras,
avaliadas pelo Prêmio Abrasca, no período de 2013 a 2018 (exercícios contábeis de 2012 a
2017), teria impacto no poder explicativo do preço das ações pelo lucro e pelo patrimônio
líquido. Assim, neste estudo, para conferir a avaliação de qualidade informacional, as
melhores e as piores notas atribuídas pelo Prêmio Abrasca, foram testadas, visando responder
à questão de pesquisa.
A justificativa deste estudo fundamenta-se na importância que vem sendo dada à
matéria qualidade da informação contábil para seus diversos usuários, principalmente como
reflexo e aplicação do cumprimento de normativos e legislações, do mapeamento de riscos
empresariais e de boa governança corporativa, diante de cenários que envolvem conflitos de
interesses e gerenciamento de resultados.
Pesquisas recentes, que tratam sobre as necessidades dos usuários de informações sob
a ótica da ciência de informação (Valente & Fujino, 2017), e outras, apresentadas sob a
perspectiva dos profissionais de ciências contábeis como provedores das informações (De
Souza et al., 2018), apontam problemas de assimetrias e falhas nos alinhamentos de
necessidades informacionais. Teorias no campo da ciência da informação, tais como a Teoria
da Divulgação, a Teoria Semiótica e a Teoria da Comunicação, quando tratam sobre a
contabilidade sob um enfoque linguístico, têm como foco duas questões principais, isto é: a
compreensão dos termos utilizados; e o entendimento dos relatórios de forma geral pelos
usuários das informações (Gouveia, 2010). Quanto à percepção dos usuários da informação
contábil, considera-se, nesse processo, a evidenciação da forma, do conteúdo e da utilidade
dos relatórios (De Sousa, Fernandes, Bezerra, & Ribeiro, 2016).
Após essa introdução, na segunda parte deste artigo, será exposta uma breve revisão
da literatura pertinente, trazendo o referencial teórico que embasa o estudo e os modelos
utilizados. Na terceira parte, seção de metodologia, estão selecionados os testes estatísticos e
as informações sobre a coleta e o tratamento dos dados empresariais levantados. A quarta
parte traz a apresentação e a análise dos resultados obtidos no processamento dos testes
estatísticos no período de 2013 até 2018, e, por fim, na quinta e última parte, são apresentadas
as conclusões dos resultados.
2. Revisão Bibliográfica
2.1 Mudanças no Ambiente Contábil
A partir do período de 2010, grandes mudanças, advindas de macrovariáveis
ambientais externas internacionais, de legislação e fatores econômicos, impactaram
procedimentos também contábeis, fiscais e legais nas organizações (Reginato, 2010). Com
isso, houve também modificação nas formas de mensuração, de controle e de apresentação
das informações contábeis para as empresas brasileiras em variados aspectos.
A Comissão de Valores Mobiliários, ao publicar a Instrução CVM n. 457/07, tornou
obrigatório que as empresas de capital aberto, após o encerramento do exercício de 2010,
publicassem suas demonstrações financeiras, de acordo com o International Financial
Reporting Standards (IFRS), que corresponde ao padrão contábil internacional. No Brasil, o
marco para a convergência da contabilidade aos padrões internacionais foi a Lei n. 11.638/07,
sendo que, a partir desse momento, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) iniciou a
publicação das normas nacionais.
O Pronunciamento Conceitual Básico – CPC-00 R1 – destaca que as informações são
relevantes quando podem influenciar as decisões econômicas dos usuários, permitindo-lhes
avaliar o impacto de eventos passados, presentes ou futuros, de modo a confirmar ou corrigir
as suas avaliações anteriores (CPC, 2011). Cabe ressaltar que o atributo “confiabilidade”,
ponto crítico mais citado por analistas quando avaliam a qualidade das informações contábeis
(Valente & Fujino, 2017), esteve presente na Estrutura Conceitual (CFC n. 1.121/08), a qual
vigorou até o ano de 2010, passando a constar como “Característica Qualitativa da
Informação Contábil-Financeira Útil” a partir da nova estrutura, divulgada através da
Resolução CFC n. 1374/2011.
A edição da Lei n. 11.638/2007 e de suas complementações, que tratam sobre
alterações na Lei das Sociedades Anônimas - Lei n. 6.404/1976, trouxe, gradativamente,
melhorias em questões de comparabilidade e de evidenciação das informações contábeis,
sendo o ano de 2010 o primeiro com adoção plena, obrigatória, do IFRS no Brasil.
Quanto aos normativos de integridade, controles internos, riscos empresariais e de
governança corporativa, legislações e regulamentos representativos foram editados nesse
período, na busca por evolução qualitativa de informações e de relatórios das organizações,
como um todo. Na área de integridade e controles empresariais, houve a edição, em 2013, da
Lei Anticorrupção Empresarial (Lei n. 12.846/2013), com regulamentação através do Decreto
n. 8.420/2015, e fortalecida pela publicação da Lei das Estatais (Lei n. 13.303/2016).
Verifica-se, desse modo, que as teorias do agente e da firma atuam como fatores
motivadores para existência da governança corporativa. Pressupõe-se, ainda, em relações
contratuais, que existe uma busca pela maximização de interesses, e, dessa forma, uma das
partes buscará benefício maior que a outra parte, sendo que a parte que possuir menos
informação será mais prejudicada (Carvalhal & Bordeaux-Rêgo, 2010).
De acordo com Nascimento e Reginato (2008), a qualidade da informação contábil é
fundamental ao interesse dos usuários no desempenho econômico das empresas e no potencial
futuro para a geração de lucros e de caixa. Concluem, ainda, que tanto a governança
corporativa, quanto a utilização de mecanismos de controle (onde inclui-se o mapeamento de
riscos empresariais) podem minimizar a assimetria informacional entre os usuários, além de
garantir a qualidade da informação divulgada pelas organizações.
2.2 Percepção da qualidade da informação contábil e as Teorias da Ciência da
Informação
A percepção dos usuários, ao analisarem a qualidade da informação contábil, pode
ocorrer mediante a sua evidenciação quanto à forma, ao conteúdo e à utilidade (De Sousa et
al., 2016). De acordo com Lacombre & Heilborn (2003), informações em conformidade
equivalem aos dados, quando ordenados e organizados de forma coerente e significativa, para
que possam ser compreendidos e analisados.
Padoveze (2009) identifica os seguintes atributos para uma boa informação, que ela
seja: uniforme, precisa, oportuna, íntegra, flexível, confiável, atual, objetiva, com conteúdo,
seletiva, e com consistência. Já De Sousa et al. (2016) fazem referência à pesquisa de
Strassburg (2004), que elenca estes outros atributos para uma boa informação: utilidade; que
seja oportuna e gerenciável; que atenda às necessidades; que permita análise; que tenha
limites; que seja contextualizada e comparável; e que sirva de apoio à tomada de decisão.
Entretanto, deve-se destacar, a qualidade da informação é um requisito que pode variar
de acordo com a percepção de cada pessoa, pois cada indivíduo irá identificar e reconhecer o
que é útil para si, e, ao final, poderá avaliar o que recebeu de informação, se foi adequada e
suficiente. Em relação à informação contábil, de acordo com Padoveze (2009, p.52), esta
“deve ser tratada como qualquer outro produto que esteja disponível para o consumo. Ela
deve ser desejada, para ser necessária. Para ser necessária, deve ser útil”.
Em estudo, Leuz & Verrecchia (2000) afirmam que consequências econômicas
positivas, tais como a redução do custo de capital, são obtidas através da qualidade da
informação contábil; enquanto Dyck & Zingales (2004) defendem que informações contábeis
de má qualidade proporcionam proteção inadequada aos acionistas e geram maiores custos de
agência. Young & Guenther (2003) defendem que a melhor qualidade informacional gera,
também, o aumento na mobilidade internacional do capital.
De acordo com Adelberg (1979), as partes envolvidas no processo de elaboração das
demonstrações financeiras necessitam entrar em consenso quanto à utilização de regras
sintáticas e semânticas no processo de comunicação, para que, dessa forma, a linguagem
contábil seja instrumento eficiente na geração de comunicação. Termos obscuros nas
demonstrações financeiras podem levar à confusão ou incompreensão; enquanto a utilização
de títulos e descrições apropriados pode auxiliar no esclarecimento para os leitores
(Hendriksen & Van Breda, 1999). Ou seja, as descrições e o grau de detalhamento são
igualmente importantes, se comparadas à forma das demonstrações comunicadas.
A questão de gerenciamento de resultados, caracterizada pela forma de camuflagem da
realidade de uma organização, sem que, necessariamente, haja descumprimento de normas e
regras contábeis, pode resultar em prejuízos aos usuários das informações, na medida em que
os relatórios não espelharão a realidade financeira e econômica de um ente, limitando-se à
divulgação do que seus gestores desejem comunicar (Rezende & Nakao, 2012).
Com relação às terminologias utilizadas na contabilidade, cabe ressaltar que o AICPA,
(American Institute of Certified Public Accountants), em 1920, instituiu o primeiro Comitê de
Terminologia, objetivando a reunião de palavras e expressões que fossem mais comumente
utilizadas pela contabilidade, além de definir significados mais condensados para cada
terminologia (Gouveia, 2010).
Gouveia (2010) em seu estudo sobre a abordagem de pesquisa em contabilidade no
Brasil, fundamentada em teorias semióticas e da comunicação, afirma que:
Geralmente, ao tratar a Contabilidade sob um enfoque linguístico, semiótico ou da
teoria da comunicação, a literatura costuma focar em duas questões: uma referente à
compreensão de termos utilizados nos relatórios contábeis, e outra referente ao
entendimento desses relatórios como um todo. (Gouveia, 2010, p.11)
[...] diferentemente de teorias semióticas que teorizam como um dado sistema de
signos influencia na percepção e no entendimento de um intérprete, a teoria da
comunicação coloca em evidência a necessidade de uma compreensão mútua entre o
emissor e o receptor da mensagem que se pretende enviar.(Gouveia, 2010, pp.41-42)
São diversas as definições para o termo semiótica na literatura, porém, convergem
para o sentido de que ela “pode ser definida como a ciência que estuda os signos, os
significados, toda e qualquer forma de linguagem, o processo de representação, significação e
geração de sentido” (Gouveia, 2010, p.26). Duas correntes teóricas podem ser observadas na
teoria semiótica contemporânea, as quais se distinguem ou pela forma de estruturação do
modo de representação do signo ou pela finalidade de criação (Gouveia, 2010):
• Semiótica europeia de Ferdinand de Saussure – na qual o modelo de representação
sígnica exigiria que dois elementos estivessem presentes; foi denominada como
semiótica diática e seu objeto de aplicação, bem como desenvolvimento ocorreram,
principalmente, na linguística.
• Semiótica americana de Charles Peirce – na qual o modelo de representação sígnica
acrescenta a presença de mais um elemento, ou seja, três elementos ao todo, sendo
conhecida como semiótica triádica e seu objeto e desenvolvimento ocorreram,
principalmente, na lógica das ciências.
Gouveia (2010), em janeiro de 2010, fez um levantamento de estudos (artigos, teses e
dissertações) que pesquisaram sobre a abordagem de pesquisa em contabilidade no Brasil,
fundamentada em teorias semióticas e da comunicação, que identificou seis categorias de
problemas de pesquisa mais abordados pelos autores brasileiros: “teórico, compreensão de
termos técnicos, compreensibilidade de relatórios, evolução de significados, fidelidade de
representação e influência no preço das ações” (Gouveia, 2010, p. 49).
Outra teoria correlata, segundo Valente & Fujino (2016), refere-se à Teoria
Matemática da Comunicação, em cujo processo são considerados os seguintes elementos:
mensagem, emissor, canal, receptor e destinatário. E, prosseguimento do estudo, ao
analisarem a pesquisa de Dias Filho (2000), os autores relatam que a contabilidade necessita
considerar aspectos como a eficácia da linguagem utilizada e o quantitativo de informações
que podem ser assimiladas pelos leitores, bem como o volume de informações que podem ser
descartadas por eles.
Valente & Fujino (2017) constataram, ainda, que analistas e profissionais do mercado
de capitais buscam determinados atributos de “riqueza” nas informações contábeis, tais como:
i) grau de detalhamento das informações; ii) grau de cobertura de temas; iii) capacidade das
informações fornecidas em ajustar as expectativas de mercado; e iv) demonstrações
econômico-financeiras condizentes com a realidade. Pesquisa desenvolvida por Valente &
Fujino (2016), sobre análise comparativa entre os atributos e as dimensões de qualidade da
informação, nas ciências contábeis, pertencentes às “Características Qualitativas da
Informação Contábil-Financeira Útil” da Estrutura Conceitual da Contabilidade, com os
atributos mais citados nos estudos nacionais da na ciência da informação (CI), identificaram a
presença de atributos em ambas as ciências, sendo que os doze mais citados, em ordem
decrescente, foram: relevância, exatidão ou precisão, atualidade, completeza, confiabilidade,
oportunidade ou tempestividade, apresentação ou aparência, representação consistente ou
consistência, acurácia ou veracidade, acessibilidade, quantidade apropriada, concisão ou
representação concisa.
No ensaio teórico de Salotti & Yamamoto (2005), são destacados três propósitos de
categorização de modelos de pesquisa da teoria da divulgação, que foram elencados no estudo
de Verrecchia (2001), no que tange à divulgação na área de contabilidade:
i) Pesquisa sobre Divulgação Baseada em Associação (association-based disclosure);
ii) Pesquisa sobre Divulgação Baseada em Julgamento (discretionary-based disclosure); e
iii) Pesquisa sobre Divulgação Baseada em Eficiência (efficiency-based disclosure).
Em pesquisa aplicada aos profissionais de contabilidade, quanto a sua percepção sobre
as características qualitativas da informação contábil, foi constatado que estes não detêm um
total conhecimento teórico e prático para aplicação dessas características qualitativas junto
aos usuários que necessitam das informações (De Souza et al., 2018).
2.3 A Qualidade das Informações e as Variáveis que influenciam o Preço das Ações
Informações contábeis úteis são aquelas capazes de modificar o comportamento dos
usuários da contabilidade. A qualidade destas informações pode ser relacionada com o
mercado de capitais, quando se observa que quanto maior a associação entre o número
contábil e o valor de mercado, maior a qualidade (Dechow & Schrand, 2004). As
características da qualidade da informação contábil têm relação com a persistência dos lucros,
o conservadorismo contábil, o gerenciamento de resultados, a qualidade dos accruals, o nível
de disclosure, a transparência das informações, e com a sua relevância. Todos esses fatores
representam a relação entre os dados contábeis e o preço das ações ou o valor de mercado das
empresas (Silva, Souza, & Klann, 2017).
Estudos contemporâneos, que buscam medir a qualidade das informações contábeis,
testam métricas distintas, abordando os seguintes componentes da informação contábil:
relevância, tempestividade, conservadorismo e gerenciamento de resultados (Almeida, 2010).
Segundo Beaver (2002), a relevância tem sido uma tendência entre as temáticas que
relacionam informação contábil e mercado de capitais. Quando uma informação é relevante,
ela fornece dados novos que afetam a expectativa de desempenho futuro da empresa, o que
faz com que haja interferência na tomada de decisão de usuários em relação à compra ou à
venda de ações. Esse é um fato que, sem dúvida, afeta a criação do valor empresarial
(Antunes, Teixeira, Costa, & Nossa., 2013).
Trabalhos referentes à relevância da informação contábil tiveram início com os
estudos de Ball & Brown (1968) e Beaver (1968), os quais correlacionaram componentes
contábeis, tais como o lucro líquido, com o valor de mercado das empresas. As pesquisas que
seguem por essa linha têm a finalidade de avaliar como os valores contábeis relacionam-se
com o preço das ações. Brown, Lo & Lys (1999) ressaltam que esses estudos envolvem a
análise de regressão, tendo como variável dependente uma proxy relacionada ao preço das
ações e, como variáveis independentes, as informações contábeis, usualmente proxies
relacionadas ao lucro e ao patrimônio líquido.
Na Tabela 1, a seguir, são relacionados alguns estudos anteriores, que avaliaram a
qualidade das informações contábeis, sob aspectos de convergência de normas, transparência
e impacto numérico sobre as informações contábeis, com respectivo resumo dos resultados.
Tabela 1 - Qualidade, Convergência e Transparência das Informações Contábeis
Autor/Ano Título da Pesquisa Resultados Obtidos
Kang & Pang Economic Development and Value- Accounting summary em países
(2005) Relevance of Accounting Information – A desenvolvidos tem nível de value-relevance
Disclosure Transparency Perspective. superior do que as das entidades de economia
emergente no mercado acionário dos EUA.
Morris, Ham, & Value-Relevance of Tranparency an Demanda dos investidores por transparência e
Gray (2011) Corporate Governance in Malaysia Before governança corporativa aumentou, e reformas
and After the Asian Financial Crisis. regulatórias para relatórios financeiros e
governança foram introduzidas após a crise.
Santos, Efeitos do processo de convergência às Aumento no value-relevance das
Starosky Filho, normas internacionais de contabilidade no demonstrações contábeis de empresas
& Klann (2014) value-relevance das demonstrações brasileiras após a convergência.
contábeis de organizações brasileiras.
Marques, Silva, Qualidade informacional e nível de O nível de transparência atribui maior
Louzada, transparência: um estudo entre empresas significância dos números contábeis na
Amaral, & ganhadoras e não ganhadoras do Troféu capacidade de explicação do valor de
Souza (2015) Transparência FIPECAFI-SERASA mercado.
EXPERIAN.
Fonte: Elaborada pelos autores
Na sequência, na Tabela 2, são descritos alguns estudos anteriores, que avaliaram a
qualidade das informações contábeis ou, ainda, se utilizaram da equação proposta ou
semelhante à adotada para este estudo (variáveis independentes de Lucro Líquido por Ação e
Patrimônio Líquido por Ação, para explicação da variável dependente do Valor das Ações).
Da mesma forma, apresenta-se o resumo dos resultados obtidos.
Tabela 2 - Outras Pesquisas com Modelo de Equação de Value-Relevance

Autor/Ano Título da Pesquisa Modelo/Variáveis Resultados Obtidos


Alencar & A Relevância da Informação Lucro por Ação, As informações contábeis, mais
Dalmácio Contábil no Processo de Patrimônio Líquido especificamente o ativo diferido,
(2006) Avaliação de Empresas por Ação, Ativo demonstraram-se relevantes para
Brasileiras – Uma Análise dos Diferido por Ação. avaliação sobre value-relevance do
Investimentos em Ativos lucro e patrimônio líquido de
Intangíveis e seus Efeitos sobre empresas brasileiras.
Value-Relevance do Lucro e
Patrimônio Líquido.
Costa & Ajustes aos US-GAAPS: estudo Preço das Ações, As informações, elaboradas segundo
Lopes (2007) empírico sobre sua relevância Patrimônio Líquido os princípios de contabilidade
para empresas brasileiras com por Ação, Lucro geralmente aceitos no Brasil, são
ADRs negociados na bolsa de Líquido por Ação. relevantes; as informações em US-
Nova Iorque. GAAP, disponibilizadas em junho,
possuem menor ou igual relevância
do que as divulgadas em abril; e os
ajustes aos US-GAAP, efetuados no
patrimônio líquido, são relevantes
para o mercado de capitais brasileiro.
Bastos, Matos, Análise do valor de mercado no Patrimônio Líquido A influência do indicador ROE em
& Queiroz setor bancário por meio de da empresa, Lucro conjunto do lucro líquido e vice-versa
(2018) métodos estatísticos. Líquido da Empresa, não foi favorável ao modelo múltiplo
ROE da Empresa, para explicação do valor de mercado
Valor de Mercado da dos bancos.
Empresa.
Marques et al. Qualidade Informacional e Nível Preço das Ações, A maior capacidade informacional
(2015) de Transparência: Um Estudo Valor Contábil do dos números contábeis das empresas
entre Empresas Ganhadoras e não Patrimônio Líquido ganhadoras é coerente com a teoria da
Ganhadoras do Troféu por Ação, e o Lucro divulgação.
Transparência FIPECAFI- Líquido por Ação das
SERASA EXPERIAN. Empresas.
Arruda, Girão, Assimetria Informacional e o Valor de Mercado, Os resultados apontam que as redes
& Lucena Preço das Ações: Análise da Patrimônio Líquido, sociais podem afetar o nível de
(2015) Utilização das Redes Sociais nos Lucro Anormal, e o assimetria informacional nesses
Mercados de Capitais Brasileiro e Efeito da Utilização mercados, mas que os investidores
Norteamericano. das Redes Sociais. não devem utilizar essa informação
para traçar estratégias que gerem
melhores retornos.
Gonçalves, Value-Relevance das Preço das Ações, Os Ativos Propriedades para
Conegliam, & Propriedades para Investimento: Valor Contábil do Investimento não são value -relevance
Do Carmo Evidências do Mercado de Patrimônio Líquido para determinar o preço da ação e,
(2017) Capitais Brasileiro. por Ação, e o Lucro então, influenciar a tomada de decisão
Líquido por Ação das dos usuários da informação contábil.
Empresas.
Fonte: Elaborada pelos autores.
Diante das pesquisas de diversos autores, verifica-se que o interesse por estudos sobre
a importância e influência de aspectos qualitativos informacionais nos valores de mercado das
organizações não se esgota, fato que transmite e confirma a relação da comunicação e
informação contábil. A comunicação se torna relevante para a contabilidade quando se
constata e se assume que o contador é o comunicador da vida da empresa (Carvalho, 1991), e,
ainda, segundo Iudícibus (2015), sob a ótica da Teoria da Comunicação, quando se entende
que o processo de comunicação contábil considera a habilidade de interpretação dos seus
usuários. Sendo assim, de acordo com os princípios desta teoria, quanto melhor realizada for a
função de comunicação das informações financeiras, mais úteis serão as informações
contábeis (Smith & Smith, 1971). Tal fato converge com os resultados alcançados pelas
pesquisas anteriormente mencionadas.
Valente e Fujino (2016) afirmam que, na medida em que a complexidade das
organizações aumenta, os relatórios contábeis e os dados financeiros tornam-se mais
importantes, segundo a abordagem da Informação (information approach – o qual considera a
Contabilidade como meio de transmissão de informação vinculada à Teoria da Comunicação)
e da Teoria Positiva da Contabilidade, que dedica-se a utilidade da informação contábil para
investidores e outros stakeholders.
3. Metodologia
Nesta seção, serão apresentadas a classificação da pesquisa, a seleção da amostra e o
tratamento de dados, bem como a definição dos modelos e das variáveis empregadas para a
consecução dos testes estatísticos.
Considerando os conceitos dados por Gil (2009), esta pesquisa, com base em seus
objetivos, pode ser classificada como descritiva, visto que pretendeu descrever a relevância da
qualidade da informação contábil, por meio da relação entre variáveis contábeis com o valor
das ações das empresas. Quanto à classificação, segundo os meios de investigação (Vergara,
2013), esta pesquisa é definida como bibliográfica, pela utilização de livros, revistas, artigos e
trabalhos acadêmicos, legislações etc.; e, quanto à parte documental, base dos dados, utilizou-
se da avaliação que foi feita (nota do Prêmio Abrasca), baseando-se em documentos
empresariais (relatórios financeiros) nas análises pretendidas.
No que se refere à abordagem do problema, este trabalho classifica-se como
quantitativo, tendo em vista a utilização de análise de regressão dos dados, para estudo desse
fenômeno de interesse (qualidade da informação) sobre as variáveis independentes (lucro
líquido por ação e patrimônio líquido por ação), que explicam a variação no preço das ações.
O processo de amostragem classificou-se como não probabilístico, segundo Gil (2009), já que
a pesquisa foi conduzida levando em conta o critério de acessibilidade. A base de dados,
juntamente com o resultado das premiações estão disponíveis no site da Abrasca.
O universo da pesquisa engloba as empresas que participaram da premiação Abrasca,
sendo a amostra composta pelas empresas participantes do prêmio no período que vai de 2013
a 2018 (demonstrações financeiras de 2012 a 2017), onde foram selecionadas empresas de
capital aberto e não financeiras, por meio de seleção por conveniência. Os períodos de 2010 e
de 2011 foram excluídos da amostra por serem anos iniciais da adoção das normas
internacionais de contabilidade no Brasil.
Após a seleção das empresas abertas e não financeiras na base de dados da Abrasca, e
que possuíssem ações na Bolsa de Valores, a amostra inicial desta pesquisa contava com 94
empresas distintas para o período de análise. Dessa forma, a amostra considerou, inicialmente,
564 unidades de análise (94 empresas x 6 anos). Contudo, tendo em vista a falta de dados ou
discrepância de valores em algumas observações, foi necessário delimitar a amostra. Assim,
das 564 unidades de análise da amostra inicial, foram analisadas 178 observações. As 386
unidades foram excluídas da amostra pelos motivos apresentados na Tabela 3, a seguir.
Tabela 3 - Delimitação e Exclusões da Amostra
Ano das Demonstrações de Avaliação
Total
Descrição do Prêmio Abrasca
2012 2013 2014 2015 2016 2017
Número Inicial de Empresas Abertas e Não
Financeiras 94 94 94 94 94 94 564
(-) Sem a variável Dependente (Preço ou
Valor de Mercado das Ações - VMA) -11 -8 -9 -5 -5 -2 -40
(-) Empresas com Patrimônio Líquido por
Ação (PLPA) negativo 0 0 -1 -1 0 -1 -3
(-) Empresas sem Liquidez em Bolsa de
Valores -4 -5 -6 -7 -7 -4 -33
(-) Empresas Sem Notas (intermitência de
participação no Prêmio Abrasca) -46 -50 -45 -60 -51 -58 -310
(=) Total de Empresas Participantes da
Amostra nas Regressões 33 31 33 21 31 29 178
Fonte: Elaborada pelos autores
No conjunto de 178 observações de empresas que participam da amostra de regressão,
ainda se utilizou de técnica de winsorização a 10%, para resolver problemas de outliers.
Nessa técnica, as caudas em cada ano igualam os valores acima da posição 90% e abaixo da
posição 10%, aos valores de cada uma dessas posições, respectivamente.
Os dados utilizados na pesquisa foram coletados em junho e setembro de 2018,
havendo complementação de informações em junho de 2019, através do software
Economática, para as variáveis: Preço ou Valor de Mercado das Ações (VMA), Lucro
Líquido por Ação (LLPA), e Patrimônio Líquido por Ação (PLPA); enquanto as notas do
Prêmio Abrasca foram obtidas diretamente do site da associação.
No processo, os seguintes relatórios das empresas: Relatório Anual e Relatório de
Sustentabilidade ou Relato Integrado, são avaliados por uma Comissão Julgadora da Abrasca,
composta por representantes da ABRASCA, ANBIMA, ANEFAC, APIMEC, B³, IBEF-SP,
IBGC, IBRACON e IBRI, participando do júri, pessoas convidadas de notável conhecimento
do mercado. As notas totais do prêmio, utilizadas nesta pesquisa, variam em uma escala de 0 a
100 (onde 100 é considerada a nota máxima) e são atribuídas às empresas através do
somatório de pontuações em variados quesitos (itens).
Para emissão das notas dos relatórios avaliados, são considerados os seguintes itens:
tabela-resumo dos principais indicadores operacionais e financeiros e socioambientais; perfil
corporativo; identidade corporativa (missão, visão e valores); mensagem de abertura;
informações sobre os mercados; segmentação das vendas (produtos ou áreas); análise
econômico-financeira, com destaque para demonstração do valor adicionado (DVA); aspectos
socioambientais; estratégia e investimentos; gestão de riscos; governança corporativa; ativos
intangíveis; aspectos gerais e tempestividade.
Neste estudo, busca-se, portanto, avaliar a qualidade da informação contábil por meio
da relevância, visando identificar a relação de variáveis contábeis (lucro líquido e patrimônio
líquido) com o valor de mercado das empresas. A escolha das variáveis empregadas no
modelo econométrico para a verificação da relação entre o preço ou valor das ações (variável
dependente), e as informações contábeis Lucro Líquido por Ação e Patrimônio Líquido por
Ação (variáveis independentes), segue outros estudos dessa natureza, tais como os
desenvolvidos por: Alencar e Dalmácio (2006), Costa e Lopes (2007), Marques et al. (2015),
Arruda, Girão e Lucena (2015), e Gonçalves, Conegliam e Do Carmo (2017).
Sendo assim, estas notas, seriam variáveis que poderiam influenciar a relevância das
informações do lucro líquido e do patrimônio líquido das empresas, na medida em que dariam
maior credibilidade ou confiabilidade aos valores apurados, acrescentando maior qualidade às
informações de empresas com boas notas e maior valor explicativo ao preço das ações.
As datas utilizadas na coleta das informações, que representam as variáveis, foram:
a) Economática - para a variável de Preço ou Valor das Ações (data de referência para
até cinco dias úteis após ao limite de entrega do relatório Demonstrações Financeiras
Padronizadas - DFP à CVM) – ou seja, a partir de 01 de abril do ano subsequente ao
encerramento do exercício contábil (ou primeiro dia útil subsequente a 30 de março), até
o 5º dia útil subsequente;
b) Economática - para as variáveis de Lucro Líquido por Ação e de Patrimônio Líquido
por Ação, utilizou-se a data de 31 de dezembro de cada ano base; e
c) Abrasca – dummies para maiores ou menores notas totais– utilizou-se a nota Abrasca
divulgada no ano subsequente ao exercício contábil (divulgação do resultado das notas e
prêmio ocorre no mês de novembro do ano subsequente).
Cabe ressaltar um aspecto importante observado, isto é, como o preço da ação,
utilizado para relacionar com o lucro líquido e com o patrimônio líquido, é divulgado antes
das notas do prêmio, esta pesquisa visou, também capturar se as notas modificam a relevância
das informações contábeis em um processo de reação antecipada do mercado sobre os
processos das empresas. Em outras palavras, significa mostrar que, quando as notas do
Prêmio Abrasca são divulgadas, o mercado já havia capturado, antecipadamente, essas
informações de qualidade, e reagiu antecipando-se a elas, impactando o preço de mercado das
ações. Ou seja, a qualidade informacional das demonstrações contábeis, atestada pelo Prêmio
Abrasca apenas em novembro, foi capturada pelo mercado no momento de sua publicação
(até final de março), e as informações de melhor qualidade informacional foram utilizadas de
forma mais efetiva para formação dos preços das ações do que as informações de pior
qualidade informacional.
Tendo em vista a não assiduidade anual de participação das empresas no prêmio, ao
longo do período, ou seja, diante da existência de um painel de dados desbalanceado, utilizou-
se o Modelo de regressão Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) para dados empilhados
(pooled) ou modelo de coeficientes constantes (Gujarati, 2006), para cada tipo de nota
atribuída, com processamento pelo software Gretl. A regressão agrupada (pooled) utiliza uma
única equação para todos os dados em conjunto, onde é feito o empilhamento de todas as
observações. Com essa “arrumação”, a equação pode ser estimada na forma usual, usando
MQO, conhecido como POLS (Pooled Ordinary Least Square). Essa técnica desconsidera
dimensões de tempo e espaço (desprezando a natureza de corte transversal e de séries
temporais dos dados), empilhando as observações para obtenção da regressão (Gujarati,
2006).
As equações, a seguir, foram desenvolvidas para testar as hipóteses do estudo:
• Equação 1 (Equação de value-relevance):
VMA= β0+ β1LLPA + β2PLPA + εi
• Equação 2 (Equação com variável Dummy 1º Decil de Nota Total – piores notas):
VMA= β0+ β1.LLPA + β2.PLPA + β3. D1nt. LLPA + β4. D1nt. PLPA+ ε
• Equação 3 (Equação com variável Dummy 9º Decil de Nota Total – melhores notas):
VMA= β0+ β1.LLPA + β2.PLPA + β3. D9nt. LLPA + β4. D9nt. PLPA+ ε
Em que:
VMA: Variável dependente, Valor de Mercado das Ações ou Preço das Ações;
LLPA: Variável independente, Lucro Líquido por Ação;
PLPA: Variável independente, Patrimônio Líquido por Ação;
β0, β1, β2, β3 e β4: Parâmetros estimados da regressão;
D1nt: Variável Dummy de Nota Abrasca Total – Notas piores (1º decil);
D9nt: Variável Dummy de Nota Abrasca Total – Notas melhores (9º decil); e
ε: Termo de erro da regressão.
Neste modelo, foram feitos três testes ao todo; um de value-relevance básico, e outros
dois com a inclusão de dummies para controlar grupo de empresas com cada tipo de nota, isto
é: notas menores (1º decil) e notas maiores (9º decil), utilizando-se o período de seis anos e
agrupando os anos e as empresas sequencialmente. Em todas as equações, aplicou-se
regressão pooling e, para testar a significância do modelo como um todo, foi feito o teste F,
tendo como hipótese nula (H0) que o R2 seja igual a zero. Enquanto para se testar os
coeficientes de cada variável, foi efetuado o teste t, tendo como hipótese nula (H0) que os
coeficientes sejam nulos (iguais a zero). Em relação aos pressupostos da regressão (FÁVERO,
2009), são processados os seguintes testes: normalidade e homocedasticidade dos resíduos e
multicolinearidade das variáveis independentes.
Como visto anteriormente, acresceu-se às variáveis da equação 1 as variáveis Dummy,
interagindo com as avaliações da Abrasca para as piores notas totais (equação 2) e com as
melhores notas totais (equação 3), no intuito de identificar modificações da qualidade
informacional na influência explicativa do preço das ações das empresas, ao longo do período
analisado, por meio da relevância da informação contábil. Nessas duas equações, utilizaram-
se variáveis Dummy multiplicativas, referenciando-se, como parâmetro de valor, a utilização
do 1º decil e 9º decil de notas do Prêmio Abrasca, para classificação em duas categorias de
notas, menores que 10% e notas maiores que 90% dos valores da amostra.
i) Na equação 2, de 1º decil, assumiram valor 1(um) para multiplicação as empresas com
notas enquadradas nessa condição (notas participantes do 1º decil), e as demais
empresas, com notas acima do 1º decil, assumiram valor 0 (zero).
ii) Na equação 3, de 9º decil, assumiram valor 1(um) para multiplicação as empresas com
notas enquadradas nessa condição (notas participantes do 9º decil), e as demais
empresas, com notas abaixo do 9º decil, assumiram valor 0 (zero).
Após a definição da Dummy em 1 (notas do 1º ou do 9º decil) ou 0 (notas diferentes do
1º ou do 9º decil) observou-se interação com valores das variáveis independentes: LLPA e
PLPA, nas equações 2 (1º decil) e 3 (9º decil) desta pesquisa. Será observada uma maior
qualidade informacional das empresas avaliadas com melhores notas, interagindo com as
variáveis contábeis que explicam o valor das ações, por meio da análise da capacidade
explicativa do modelo pelo coeficiente dos betas do modelo de forma individual. Espera-se
que o resultado da regressão 3 (melhores notas = 9º decil) mostre as dummies multiplicativas
significativas e com sinal positivo. Já para a regressão 2 (piores notas = 1º decil) que mostre
as dummies multiplicativas significativas e com sinal negativo.
Assim, os resultados indicariam que informações de maior qualidade informacional
aumentariam a capacidade explicativa das informações contábeis na explicação do
comportamento do preço das ações. Por outro lado, informações de menor qualidade
informacional reduziriam a capacidade explicativa das informações contábeis na explicação
do comportamento do preço das ações. Por fim, ter-se-ia a condição de aumento da relevância
das informações contábeis para demonstrações com melhor qualidade informacional e
redução da relevância das informações contábeis para demonstrações com pior qualidade.
Dentro do contexto da relevância da informação contábil, o lucro líquido e o
patrimônio líquido se relacionam, significativamente e de forma positiva, com o valor de
mercado das empresas, e estas relações podem ser afetadas por diversos fatores. Portanto, este
estudo visou, também, identificar se as notas do Prêmio Abrasca modificam essas relações, já
que avaliam a qualidade informacional do conteúdo das demonstrações contábeis e,
consequentemente, isso é refletido nos números contábeis apresentados.
É esperado, a partir desta pesquisa, que as empresas que possuem as maiores notas no
prêmio tenham uma qualidade informacional maior que as empresas com menores notas, pois
as notas seriam reflexos de boa gestão e confiabilidade, já que englobam também a avaliação
de aspectos relacionados à governança e gestão dos riscos empresariais das empresas, por
exemplo. Dessa forma, quanto maior a nota, mais o mercado pode atribuir credibilidade à
empresa e aos dados contábeis reportados, o que alavanca a relevância dessas informações.
Diante deste contexto, as hipóteses da pesquisa foram as seguintes:
H1a: Empresas com as piores notas totais (1º decil) possuem uma relação do LLPA com o
preço da ação menor que as empresas com as melhores notas totais (2º ao 9º decil).
H1b: Empresas com as piores notas totais (1º decil) possuem uma relação do PLPA com o
preço da ação menor que as empresas com as melhores notas totais (2º ao 9º decil).
H2a: Empresas com as melhores notas totais (9º decil) possuem uma relação do LLPA com o
preço da ação maior que as empresas com as menores notas totais (1º ao 8º decil).
H2b: Empresas com as melhores notas totais (9º decil) possuem uma relação do PLPA com o
preço da ação maior que as empresas com as menores notas totais (1º ao 8º decil).
Estas hipóteses serão confirmadas caso o coeficiente beta das dummies interativas
forem significativos e positivos.
4 Apresentação e análise dos resultados
Os resultados e as análises das três equações, sendo: a de value-relevance e das duas
outras equações da pesquisa, em que foram acrescidas as dummies com menores notas totais
(1º decil) e com maiores notas totais (9º decil), são apresentadas, a fim de validar os modelos
e as hipóteses pesquisadas. Na Tabela 4, a seguir, é apresentado um resumo com os resultados
do processamento de dados das três regressões, os quais serão utilizados para análise
comparativa das equações, visando resposta em parâmetros que possam indicar uma melhora
na qualidade da informação, relacionada à relevância do LLPA e PLPA para melhores notas.
Tabela 4 - Resumo dos Resultados de processamento das Regressões MQO
Resultados dos Testes Equação 1 Equação 2 Equação 3
Empresas do Prêmio Abrasca de 2013 a 2018 Value- Piores Melhores
(178 observações) Relevance Notas (D1nt) Notas (D9nt)

R2 0,30688 0,326056 0,319393


R2 Ajustado 0,298958 0,310474 0,303656
Teste F (estat.) 32,46585 17,53811 17,21451
Teste F (p-value) 1,02E-12 4,23E-12 6,63E-12
Normalidade dos resíduos – Qui-quadrado (estat.) 13,3062 11,7303 14,8545
Normalidade dos resíduos – Qui-quadrado (p-value.) 0,00129 0,00283659 0,000594818
Heteroscedasticidade dos Resíduos - Teste White (estat.) 21,2812 20,6526 21,7127
Heteroscedasticidade dos Resíduos -Teste White (p-value) 0,000716709 0,0236507 0,0166372
Colinearidade (Maior FIV) 1,227 1,9 1,938
Coeficiente beta - intercepto 9,529 9,56347 9,61393
Coeficiente beta - variável LLPA 4,16015 4,82073 4,64085
Coeficiente beta - variável PLPA 0,261618 0,210707 0,227784
Coeficiente beta - variável Dummy LLPA −3,84120 −3,22315
Coeficiente beta - variável Dummy PLPA 0,268579 0,210832
Razão - teste (t) - intercepto 9,556 9,715 9,446
Razão - teste (t) - variável LLPA 5,018 5,38 5,255
Razão - teste (t) - variável PLPA 2,693 2,217 2,247
Razão - teste (t) - variável Dummy LLPA −2,016 −1,530
Razão - teste (t) - variável Dummy PLPA 1,078 0,9448
P-value teste (t) - intercepto <0,0001*** <0,0001*** <0,0001***
P-value teste (t) - variável LLPA <0,0001*** <0,0001 *** <0,0001***
P-value teste (t) - variável PLPA 0,0078*** 0,0279 ** 0,0259**
P-value teste (t) - variável Dummy LLPA 0,0453 ** 0,1279
P-value teste (t) - variável Dummy PLPA 0,2824 0,3461
Fonte: Elaborada pelos autores
Observa-se que a regressão básica de value-relevance, bem com as duas regressões
sugeridas indicaram o resultado esperado, de acordo com a literatura (Alencar & Dalmácio,
2006; Costa & Lopes, 2007), que é a relação positiva entre o lucro líquido por ação (LLPA) e
o patrimônio líquido por ação (PLPA) para com o valor de mercado das empresas.
Tendo em vista que, para todos os modelos apresentados, o teste F demonstrou R²
significativo, e que as regressões das equações 2 e 3 apresentaram o dobro de variáveis em
relação à regressão 1 (duas variáveis), o R² ajustado deverá ser utilizado para comparação,
como indicador da melhor regressão explicativa, tendo em vista que “à medida que o número
de regressores aumenta, quase invariavelmente R² aumenta e nunca diminui” (Gujarati, 2006),
necessitando, assim, de ajustamento.
Verifica-se, por meio do R² ajustado (Tabela 4), que os modelos das duas equações
sugeridas, que acrescentam as maiores notas e as menores notas das empresas avaliadas pelo
Prêmio Abrasca, adicionam valor explicativo, como um todo, ao modelo da equação 1 de
value-relevance (R² ajustado de 0,298958), tendo em vista a apuração de maiores valores,
apresentados na seguinte ordem de grandeza: R² ajustado de 0,310474 (equação 2 de piores
notas = 1º decil) e R² ajustado de 0,303656 (equação 3 de melhores notas = 9º decil).
Foram processados, os testes para análise dos pressupostos básicos das regressões:
i) Normalidade dos resíduos - O teste de qui-quadrado indicou a não normalidade dos
resíduos. Entretanto, tendo em vista que a amostra possui um número de observações superior
a 30, o pressuposto de normalidade pode ser assumido. De acordo com Marôco (2010), em
caso de não ocorrência de normalidade, como n ≥ 30, valendo-se do Teorema do Limite
Central, assume-se o pressuposto da normalidade;
ii) Homocedasticidade dos resíduos - O teste de White para a heteroscedasticidade indicou
heterocedasticidade nas três equações. Dessa forma, para ajustar as regressões, os modelos
foram gerados por erros padrão robustos; e
iii) Colinearidade - Para testar se as variáveis independentes são correlacionadas entre si, o
teste de colinearidade indicou que os FIVs estão dentro dos parâmetros desejáveis (FIV<10).
Após análise da validade e significância da regressão por meio do Teste F do R² e de
validação dos pressupostos básicos, com a utilização do teste t para cada variável, analisou-se
quais variáveis independentes (LLPA e PLPA) explicam a variação da variável dependente
(VMA), bem como seus sinais de relacionamento (positivo ou negativo), conforme Tabela 4.
Entretanto, nem todas as variáveis, de forma individual, foram significativas quando
acrescida a Dummy multiplicativa, que assumiu valor 1 (melhores ou piores notas) nas
regressões das equações 2 e 3. Dessa forma, verifica-se que a Dummy que interagiu com a
variável explicativa PLPA, em todas as duas equações sugeridas (melhores e piores notas),
não foi significativa (p-value do teste t de 0,2824 e de 0,3461), e, assim, as hipóteses H1b e
H2b não foram confirmadas. Já para a Dummy que interagiu com o LLPA, houve resultado
significativo (p-value do teste t de 0,0453**) apenas na equação 2 (piores notas = 1º decil).
Entretanto, como o sinal de seu coeficiente beta é negativo (−3,84120), a hipótese descrita em
H1a é confirmada. Por outro lado, não é validada a hipótese de H2a, tendo em vista o p-valor
do teste (t) não ser significativo (0,1279).
Na Tabela 5, a seguir, é apresentado o resumo conclusivo dos resultados das
regressões 2, de piores notas, e 3, de melhores notas.
Tabela 5 - Validação ou Não Validação das Hipóteses da Pesquisa
Validação ou
Dummy Hipóteses Variável Não Validação
das Hipóteses
Equação 2 - Empresas com H1 Relação do LLPA com o Preço das Ações Validada
Piores Notas (1º decil) (sinal negativo)
H2 Relação do PLPA com o Preço das Ações Não Validada
Equação 3 - Empresas com H3 Relação do LLPA com o Preço das Ações Não Validada
Melhores Notas (9º decil) H4 Relação do PLPA com o Preço das Ações Não Validada
Fonte: Elaborada pelos autores
Com a validação de H1a da equação 2 (empresas com menores notas totais), foi
possível identificar que o mercado captou, antecipada e parcialmente, os processos
comunicativos considerados pelas notas totais do Prêmio Abrasca, e que esses processos
influenciam, de forma negativa, a relevância do Lucro Líquido (LL) para o mercado, em
empresas com as piores notas (relatórios piores).
Apesar de o Lucro Líquido e o Patrimônio Líquido permanecerem significativos e
positivos no modelo, as variáveis independentes interativas não foram significativas, de
acordo com o p-value do teste t para equação 3 - empresas com melhores notas (9º decil), o
que indica que as empresas com notas maiores (H2a e H2b), com uma qualidade de informação
em um nível superior, não influenciaram a relevância do Lucro Líquido e do Patrimônio
Líquido sobre o preço. Portanto, os resultados não permitem a aceitação dessas hipóteses. A
não significância dessas variáveis, neste modelo com as maiores notas, pode indicar que a
qualidade de informação que o mercado pode capturar das empresas com notas no 9º decil,
não está refletida simetricamente às notas geradas na avaliação dos relatórios pela Abrasca.
5 Considerações Finais
O objetivo deste estudo foi verificar se atributos de qualidade informacional do
conteúdo das demonstrações contábeis poderiam influenciar, em alguma medida, o nível do
valor de empresas abertas e não financeiras no mercado pelas informações contábeis de Lucro
e Patrimônio Líquido. Para isso, foi utilizada a base de dados do Prêmio Abrasca, que avalia e
incentiva as organizações na melhoria da qualidade das informações, prestadas aos seus
usuários, e atribui, anualmente, às empresas participantes notas para os relatórios anuais e
relatório de sustentabilidade ou relato integrado. A pesquisa abrangeu o período dos prêmios
de 2013 a 2018 (avaliação dos exercícios contábeis de 2012 a 2017).
Nas equações propostas neste estudo, as piores e melhores notas atribuídas às
empresas (1º e 9º decil) interagiram com as variáveis Lucro por Ação e Patrimônio Líquido
por Ação, números contábeis que explicam o valor das ações, com a finalidade de se testar
hipóteses de melhoria no poder explicativo do modelo de value-relevance. Na análise
individualizada da significância de influência sobre as variáveis independentes, verificou-se
significância apenas na interação da dummy de piores notas (1º decil) com a variável LLPA,
na equação de piores notas (equação 2), levando à aceitação da hipótese H1a e rejeição de H1b
(interação com a variável PLPA). Para a interação da dummy de melhores notas (9º decil) na
equação 3, não houve significância para as variáveis LLPA ou PLPA nesse modelo,
ocorrendo, então, a rejeição das hipóteses H2a e H2b.
Os resultados obtidos indicam que a qualidade de informação, refletida na equação de
piores notas (1º decil) do Prêmio Abrasca, diminui o poder explicativo apenas da variável
LLPA em sua relação com o preço das ações (resultado significativo e sinal do coeficiente
beta negativo). Enquanto isso, não houve significância para as variáveis independentes (LLPA
e PLPA) da equação 3, que avaliou empresas com as melhores notas no prêmio (9º decil).
Ou seja, espera-se que haja um razoável nível de qualidade e de confiança nas
informações contábeis disponibilizadas, entretanto uma qualidade superior não está
diretamente relacionada ao incremento do poder explicativo das variáveis utilizadas, dado
que, para as empresas com melhores notas, não houve significância. Enquanto, para as
empresas com piores notas, onde pelas notas atribuídas, possivelmente os relatórios não foram
bem compreendidos pelos seus usuários, houve impacto negativo no preço das ações, tendo
em vista a pior evidenciação da forma, do conteúdo e da utilidade dos relatórios, conforme
fundamentada a importância desses atributos por De Sousa et al.(2016).
O presente estudo e seus resultados convergem, segundo Valente e Fujino (2017), com
o fato de que os usuários de informações disponibilizadas possuem necessidades sob a ótica
da ciência de informação, destacando os profissionais de ciências contábeis como provedores
das informações e responsáveis pelo alinhamento das necessidades informacionais (De Souza
et al., 2018). Adicionalmente confirmam os estudos sobre Teoria de Divulgação, Teoria
Semiótica e Teoria da Comunicação, quando tratam sobre a contabilidade sob enfoque
linguístico e colocam como questão principal a compreensão dos temos utilizados e o
entendimento dos relatórios (Verrecchia, 2001; Salotti & Yamamoto, 2005; Gouveia, 2010).
Alencar e Dalmácio (2006) e Costa e Lopes (2007) verificaram resultados
significativos para as variáveis LLPA e PLPA, ao pesquisarem sobre a relevância da
informação contábil. No caso do modelo utilizado por Rezende, Batistella, Dalmácio e Brito
(2008), a variável Lucro Líquido apresentou-se, estatisticamente, significante em seu estudo
sobre análise do valor de mercado. Outros autores encontraram resultados convergentes sobre
aspectos de qualidade informacional em suas pesquisas sobre os quesitos de qualidade,
convergência e transparência das informações contábeis (Kang & Pang, 2005; Morris, Ham,
& Gray, 2011; Santos, Starosky Filho, & Klann, 2014).
Para o item de riscos empresariais, os autores Costa, Leal e Ponte (2017) e Santos e
Coelho (2018) também confirmam a relação de significância desse atributo em suas
pesquisas. Por outro lado, para o item qualitativo, também avaliado pela Abrasca, de
governança corporativa sobre a qualidade dos números ou das informações contábeis,
identificou-se, no estudo de Oliveira et al. (2014), a não representatividade desse atributo.
Entretanto outros autores, em seus estudos, encontraram relação significativa quanto a esse
atributo: Nascimento e Reginato (2008), Brickley e Zimmerman (2010), Shahzad Bukhari et
al. (2013) e Marques et al. (2015).
Esta pesquisa, em sua execução, encontrou como limitações a reduzida quantidade de
empresas que participaram do Prêmio Abrasca e do mercado de ações em bolsa de valores,
simultaneamente e de forma assídua. A amostra considerou empresas que desejavam
participar de um prêmio, mas não foi possível a obtenção de informações sobre os critérios de
julgamento quando da atribuição das notas Abrasca. Não foram localizados outros estudos
além dos de Marques et. al (2015) e Wrubel, Souza e Cunha (2015) que utilizassem notas de
prêmios (Troféu Transparência FIPECAFI-SERASA EXPERIAN e Prêmio Abrasca),
correlacionando seus resultados com a significância dos números contábeis na capacidade de
explicação do valor de mercado e volatilidade.
Como sugestão para pesquisas futuras, pode-se indicar: i) busca por novas fontes de
dados que tragam avaliações qualitativas ou réguas de níveis de maturidade na divulgação das
informações contábeis aos usuários, tais como a lista de “Empresas Pró-Ética” e, ainda, a
Listagem de empresas do Acordo de Leniência (empresas com má conduta), ambas
administradas pela Controladoria Geral da União; e ii) avaliação de novos atributos
qualitativos nos relatórios, tal como a resiliência nas empresas no alcance dos objetivos
propostos (números contábeis confirmatórios para declarações feitas em planos estratégicos).
Com essas informações de métricas, poderia haver um monitoramento de preço das ações
nesse modelo de value-relevance, ampliando períodos e o número ou os tipos de organizações
avaliadas na amostra.
Referências Bibliográficas
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