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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

GABRIEL ANDRETT

A GESTÃO DE RISCOS APLICADA PARA TERCEIRIZADOS EM UMA


DISTRIBUIDORA DE GÁS NATURAL CANALIZADO

Florianópolis
2021
GABRIEL ANDRETT

A GESTÃO DE RISCOS APLICADA PARA TERCEIRIZADOS EM UMA


DISTRIBUIDORA DE GÁS NATURAL CANALIZADO

Monografia apresentada ao Curso de


Especialização em Engenharia de
Segurança do Trabalho da Universidade
do Sul de Santa Catarina para a obtenção
do título de Engenheiro de Segurança do
Trabalho.

Professora e Orientadora: Sybele Cruz

Florianópolis
2021
GABRIEL ANDRETT

A GESTÃO DE RISCOS APLICADA PARA TERCEIRIZADOS EM UMA


DISTRIBUIDORA DE GÁS NATURAL CANALIZADO

Esta Monografia foi julgada adequada à


obtenção do título de Especialista
Engenheiro de Segurança do Trabalho e
aprovada em sua forma final pelo Curso de
Especialização em Engenharia de
Segurança do Trabalho da Universidade
do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 05 de Fevereiro de 2021.

___________________________________________
Professora e Orientadora Sybele Cruz
Universidade do Sul de Santa Catarina
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus avós maternos por me motivarem, acompanharem e


me ajudarem na caminhada, em especial, minha mãe, Valdete Aparecida Andrett pela
minha formação acadêmica e humana.
Agradeço aos meus amigos, pela ajuda e compreensão durante a
elaboração deste trabalho.
Por fim, aos meus professores, em especial, à minha orientadora por me
ajudar a desenvolver este trabalho.
“I expect nothing of man, and disown the race. The only folly is expecting
what is never attained; man is most contemptible when compared with his own
pretensions. It is better to laugh at man from outside the universe, than to weep for him
within.” (H. P. Lovecraft).
RESUMO

No cenário da matriz energética Brasileira, o gás natural passa a ser a


ponte entre o passado e o futuro - tempo em que deixa de ser um subproduto para se
tornar o produto principal. Previsões feitas pela Empresa de Pesquisa Energética
(EPE, 2019) apontam o aumento do uso do gás natural no Brasil, e um aumento
significativo de sua produção em território nacional.
A cadeia produtiva do gás natural envolve diversas etapas: exploração,
produção, processamento e distribuição. Na etapa de fornecimento do produto gás
natural, diversos processos são realizados para a implantação, a manutenção e a
operação da rede de distribuição. Desse modo, com o objetivo de garantir a segurança
e o bem-estar dos colaboradores da distribuidora de gás natural canalizado, aplica-se
a Gestão de Riscos nos processos, destacando aqui as incertezas dentro da Gestão
de Segurança, do Meio Ambiente e da Saúde (SMS).
Importante mencionar que, no processo de SMS, a Gestão de Riscos
considera em sua análise o quadro de funcionários concursados e seus terceirizados,
e ainda, que todos os envolvidos nos processos internos e externos da Companhia
estão sujeitos a fatores de riscos que afetam, ou que poderiam afetar, a sua segurança
e a sua saúde. Diante disso, para as causas desses riscos, a empresa estudada pode
ser considerada um modelo para o mercado de trabalho.

Palavras-chave: Gás natural. Distribuição. Gestão de SMS. Risco.


Terceirizados.
ABSTRACT

In the scenario of the Brazilian energy matrix, natural gas becomes the
bridge between the past and the future time where it stops being a byproduct to
become the main product. Forecasts point to an increase in the use of natural gas in
Brazil, and a significant increase in its production in the national territory.
The natural gas production chain involves several stages: exploration,
production, processing and distribution. In the supply stage of the natural gas product,
several processes are carried out for the implementation, maintenance and operation
of the distribution network. This way, with the objetive of ensure the safety and well-
being of the employees of the piped natural gas distributor, it is applied risk
management in the processes, highlighting here the uncertainties within the Health,
Safety and Environment Management (HSE).
It´s important to mention that in the HSE process, risk management
considers in its analysis the staff of tendered employees and their contractors. All those
involved in the Company's internal and external processes are subject to risk factors
that affect, or that could affect, their safety and health. That said, for the causes of
these risks, the company studied can be considered a model for the job market.

Keywords: Natural gas. Distribution. HSE management. Risk. Outsourced.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Imagem 1: Instalação off shore (esquerda) e on shore (direita). ................................... 20


Imagem 2: Detalhamento do PGR (ISO 31.000 – 2018). ............................................... 31
Imagem 3: COSO I (esquerda) & COSO ERM (direita). ................................................. 33
Imagem 4: FRAMEWORK REVISADO 2017 – COSO ERM. ......................................... 33
Imagem 5: Modelo das Três Linhas de Defesa. ............................................................... 36
Imagem 6: Framework do Método Brasiliano para Riscos nos Processos. ................. 38
Imagem 7: Matriz de Riscos (Probabilidade x Impacto). ................................................. 42
Imagem 8: Mapa da Rede. ................................................................................................... 47
LISTA DE GRÁFICO

Gráfico 1: Previsão da produção até 2030. ....................................................................... 17


Gráfico 2: Consumo e Produção Mundial em 2019. ........................................................ 17
Gráfico 3: Matriz Energética Brasileira de 2020. .............................................................. 18
Gráfico 4 - Evolução do número de acidentes nas décadas de 70 e 80. ..................... 26
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Propriedades e Características do Gás. .................................................... 20


Tabela 2: Probabilidade ............................................................................................ 41
Tabela 3: Impacto...................................................................................................... 41
Tabela 4: Possíveis Causas x Controles. .................................................................. 53
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12
1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO.............................................................................................. 13
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ...................................................................................... 13
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 13
1.4 OBJETIVOS ................................................................................................................... 14
1.4.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 14
1.4.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 14
1.5 METODOLOGIA ........................................................................................................... 14
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................. 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 16
2.1 GÁS NATURAL ............................................................................................................ 16
2.1.1 Matriz Energética ...................................................................................................... 18
2.1.2 Vantagens e Desvantagens ................................................................................... 18
2.1.3 Origem e composição ............................................................................................. 19
2.1.4 O Caminho do Gás Natural .................................................................................... 22
2.2 LEI 13.303/2016 - DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS ÀS EMPRESAS PÚBLICAS E
ÀS SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA ...................................................................... 23
2.3 GESTÃO DE RISCOS.................................................................................................. 25
2.3.1 Gestão de SMS .......................................................................................................... 26
2.3.2 Processos e Métodos .............................................................................................. 30
2.3.2.1 ABNT ISO 31.000 (2009/2018) ............................................................................. 31
2.3.2.2 COSO ........................................................................................................................ 32
2.3.2.3 As três Linhas dos Auditores Internos............................................................ 36
2.3.2.4 Método Brasiliano ................................................................................................. 38
2.3.3 Riscos Ocupacionais .............................................................................................. 43
3 ESTUDO DE CASO ............................................................................................. 46
3.1 O LEVANTAMENTO DAS INFORMAÇÕES ........................................................... 48
3.2 ANÁLISE DO CASO .................................................................................................... 55
4 CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ... 57
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 58
12

1 INTRODUÇÃO

Neste atual cenário, sob o olhar social e científico para a utilização de


energias com menor impacto ambiental, conforme estudo realizado no mês de
dezembro de 2018 e divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o gás
natural passa a ter papel preponderante na transição dos tempos, transição das
energias não-renováveis para as renováveis e menos poluentes.
Neste contexto, verificamos o gás natural - combustível fóssil que tem o
metano como componente principal - mais leve que o ar e naturalmente inodoro. Para
que possa ser comercializado, o gás natural deve estar de acordo com as
especificações da Resolução nº 16, art. 1º, da Agência Nacional de Petróleo - ANP ),
de 17 de junho de 2008, publicada no Diário Oficial da União em 18 de junho de 2008,
que diz: Art. 1º - Fica estabelecida no Regulamento Técnico ANP, parte integrante
desta Resolução, a especificação do gás natural, nacional ou importado, a ser
comercializado em todo o território nacional".
Em indústrias, o gás natural pode substituir outros combustíveis, sejam do
tipo sólido, líquido ou gasoso, como exemplo na fabricação de vidro e na produção de
cerâmica. Em residências, tem-se o seu uso em fogões, chuveiros, climatização de
ambientes e em piscinas; de igual forma, no setor comercial e de prestações de
serviços, o gás natural pode ser aplicado em restaurantes, lavanderias, hotéis e em
outros estabelecimentos onde se faça uso dele para cozimento (cocção), aquecimento
ou refrigeração.
Para o fornecimento do produto gás natural, diversos processos são
realizados ao longo das atividades de implantação, manutenção e operação da rede
de distribuição. Nesse sentido, com a pretensão de garantir segurança e bem-estar
aos colaboradores diretos e terceirizados de uma distribuidora de gás natural
canalizado, aplica-se a Gestão de Riscos nos processos, monitorando as causas dos
riscos, e mitigando-as, quando possível. Para melhor esclarecer o assunto, serão
enfatizados aqui os riscos do Macroprocesso de Segurança, do Meio Ambiente e da
Saúde.
Na Gestão de Riscos é importante, primeiramente, garantir boas práticas
gerenciais de controles dos riscos, de maneira proativa (prevenção) e não reativa.
13

Sobre o tema, comenta Rinaldi (2010, p. 23):


“Todavia, a gestão de riscos não deve ser encarada como uma prática
estanque e de cumprimento de normas, mas como uma reafirmação de
melhoria de desempenho e implementação de novas ações, permitindo aos
seus atores internos e externos reavaliarem as prováveis ocorrências do
risco”.

1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO

Gestão de Riscos nas atividades de Segurança, do Meio Ambiente e da


Saúde (SMS), exercidas pelos colaboradores de uma empresa de gás natural
canalizado no estado de Santa Catarina. O estudo de caso abordará o gerenciamento
existente em uma empresa distribuidora de gás natural canalizado, localizada na
região Sul do Brasil.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

Como é realizado o Gerenciamento dos Riscos de Segurança, do Meio


Ambiente e Saúde nos processos de manutenção e operação da rede de distribuição,
em uma empresa distribuidora de gás natural canalizado em Santa Catarina. Como
são analisados e monitorados os riscos de SMS?

1.3 JUSTIFICATIVA

A justificativa desta pesquisa fundamenta-se na importância da vida e do


bem-estar dos colaboradores da empresa, sendo necessário prever situações
perigosas, com o fito de diminuir as chances de que algo ruim lhes aconteça.
A implantação e manutenção de uma rede de gás natural canalizado
envolvem processos contínuos que, no decorrer de suas atividades, os trabalhadores
estarão expostos a diversas situações potenciais de perigo. Portanto, deve o
Engenheiro de Segurança do Trabalho prever esses riscos e situações, e em conjunto
com os colaboradores da área de saúde e segurança tomar medidas preventivas e
corretivas.
14

1.4 OBJETIVOS

Os objetivos desta pesquisa foram traçados em linhas gerais e específicas,


conforme se apresentam a seguir.

1.4.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é discutir acerca da gestão dos riscos a que
estão expostos os colaboradores durante o desempenho de suas atividades, nos
processos de manutenção e operação da rede de distribuição de gás natural
canalizado, em uma empresa distribuidora.

1.4.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:


- Caracterização do gás natural;
- Levantar os métodos de Gestão de Riscos;
- Analisar a Gestão de Riscos implantada pelo setor de Saúde Meio
Ambiente e Segurança em um estudo de caso.

1.5 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa aplicada, pela qual teremos um local estudado e


a análise dos problemas encontrados. Possui uma abordagem ao problema de forma
Qualitativa, pois serão analisados riscos com critérios pré-determinados para
estabelecer o nível do risco adotado pela Organização. No que diz respeito ao método,
optou-se pelo exploratório, com coleta de dados, levantamento bibliográfico,
entrevistas e estudo de caso. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, será uma
pesquisa bibliográfica com a aplicação de um estudo de caso.
A pesquisa será composta pelas seguintes etapas:
I. Referencial teórico;
II. Estudo de caso;
III. Discussão sobre a gestão encontrada;
IV. Considerações finais.
15

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente estudo foi organizado em quatro capítulos, sendo que no início


há um breve resumo do conteúdo de cada capítulo.
No primeiro capítulo encontram-se a introdução, o tema e a delimitação, o
problema da pesquisa, os objetivos do trabalho, a justificativa, os procedimentos
metodológicos, bem como a descrição da estrutura do trabalho.
O segundo capítulo será composto do referencial teórico, e nele será
delineado o tema e o papel desempenhado pela Gestão de Risco.
No terceiro capítulo será trabalhado o estudo de caso, as informações da
empresa, os riscos à saúde dos terceirizados e suas possíveis causas, os controles
aplicados e os processos de SMS desempenhados. Além de conter a análise do caso
pelo Autor.
O quarto, e último capítulo, trará considerações sobre a elaboração da
coleta de dados no estudo de caso e recomendações para trabalhos futuros.

.
16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste item será abordado o conhecimento na área de Gestão de Riscos


adquirido durante o Curso de Engenharia de Segurança no Trabalho, o qual será
usado no desenvolvimento deste trabalho, incluindo referências de outros autores e
obras. A revisão é constituída por informações acerca do gás natural, gestão de riscos
à saúde do trabalhador, seus métodos de análise e outros aspectos técnicos
relacionados aos objetivos deste trabalho.

2.1 GÁS NATURAL

Em seu passado, o Brasil não apresentou reservas significantes de gás e


quando houve a procura pelo produto para suprir o consumo industrial, recorreu-se à
Bolívia, conectando mais de 3100 km de gasodutos entre os países. O gasoduto
Brasil-Bolívia, após entrar no território nacional, passa pelos estados de Mato Grosso
do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, e pode ser separado
em dois: Norte e Sul, onde de acordo com o exposto no site da Petrobras (2021):
• Norte – Corumbá (MS) e Guararema (SP) com 1.147 km.
• Sul – Paulina (SP) e Canoas (RS) com 1.176 km.

Em perfurações de poço em busca de petróleo, era comum associar o gás


natural ao fracasso, o que pode ser comprovado pela fala de Marcelo Gauto, em sua
Coluna em agosto de 2020, no site da EPBR: “deu ruim, só tinha gás”. Porém,
importante lembrar que estamos passando por uma mudança de paradigma, a qual
afirma que o gás natural deixa de ser resíduo para ser o produto principal. Pela
previsão da Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2019), a produção total de
gás dobrará em dez anos no país, conforme Gráfico 1, abaixo:
17

Gráfico 1: Previsão da produção até 2030.

Fonte: EPE, 2019.

Em uma visão mundial, o Brasil foi o 29º maior consumidor de gás, e o 31º
maior produtor de gás natural no ano de 2019. EUA e Rússia são responsáveis 1/3 do
consumo e 40% da produção mundial, conforme demonstra o gráfico a seguir:

Gráfico 2: Consumo e Produção Mundial em 2019.

Fonte: Elaboração IBP com dados BP (06/2020).


18

2.1.1 Matriz Energética

Em uma Redação publicada no site da Associação Brasileira das Empresas


Distribuidoras de Gás Canalizado (ABEGÁS) em fevereiro de 2020, mostra a
discussão sobre a importância do gás natural como principal energético de transição
para uma possível descarbonização da matriz energética brasileira. Entre as fontes
energéticas fósseis, a que possui menor nível de emissão de CO2 é o gás natural.
O mundo está passando por uma longa fase de transição energética, há a
tendência do crescimento do uso de fontes de energia renováveis (solar, hídrica,
eólica) para substituir, de forma progressiva, as fontes de energias de origem fóssil
(carvão, óleo e gás natural). Nesse quesito, o Brasil apresenta uma matriz energética
primária, composta por 45% de fontes renováveis, de acordo com o EPE. No caso da
geração de energia elétrica (EE), esse percentual sobe para 83% de energias
renováveis, o que representa uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo,
resultado da geração hidroelétrica.
O gráfico a seguir, retirado do site da EPE, utilizando dados da BEN de
2020, mostra a matriz energética do Brasil do ano de 2020:

Gráfico 3: Matriz Energética Brasileira de 2020.

Fonte: BEN, 2020.

2.1.2 Vantagens e Desvantagens

O gás natural apresenta vantagens ambientais, como fonte energética, ao


se comparar com outros combustíveis fósseis, por exemplo:
19

• possui menos contaminantes que outras fontes de energia, como o óleo diesel
- que produz emissões de óxido de enxofre, fuligem e materiais particulados;
• aumenta a facilidade de partida de motores de combustão interna no frio;
• contribui para a redução do desmatamento, ao substituir a lenha (carvão);
• causa menos impactos ambientais e possui maior facilidade de transporte e
manuseio, se comparado com o gás liquefeito de petróleo (GLP);
• não requer estocagem, o que elimina os riscos do armazenamento de
combustíveis;
• tem um custo baixo, pelo fato de ser um subproduto de outros combustíveis e,
• proporciona maior segurança em caso de vazamento, por ser mais leve do que
o ar e se dissipar rapidamente.

Por outro lado, destaca-se o esperdício de água por conta da necessidade


de um sistema de resfriamento quando utilizado nas usinas termelétricas, além de
emitir poluentes atmosféricos devido à sua combustão incompleta: dióxido de
carbono, óxidos de nitrogênio e, em menor escala, monóxido de carbono e alguns
hidrocarbonetos de baixo peso molecular, inclusive metano.
Um desafio que também pode ser incluído diz respeito ao aumento da
malha da rede de distribuição de gás natural, em outros termos, a necessidade de
aumentar a sua capilaridade de distribuição nos Estados. Isso reflete uma maior
responsabilidade pela segurança e manutenção da RDGN (Rede de Distribuição de
Gás Natural) canalizado.

2.1.3 Origem e composição

O gás natural é extraído de poços subterrâneos, em instalações petrolíferas


“on shore” (em terra) e “off shore” (oceanos). Abaixo, na imagem, segue um exemplo
de cada instalação:
20

Imagem 1: Instalação off shore (esquerda) e on shore (direita).

Fonte: PONTES, Anderson (2015).

O GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) é composto por uma mistura de


propano e butano, estando armazenado no botijão sob pressões adequadas que o
mantém na forma líquida. Na forma gasosa (pressão ambiente), este gás é mais
pesado que o ar. O gás natural, por outro lado, tem como seu principal componente o
metano, e por ser mais leve do que o ar se dissipa mais facilmente em caso de
vazamento. Para que o gás natural se inflame, é necessário que seja submetido a
uma temperatura superior a 620ºC; ao contrário do álcool que precisa de 200ºC para
se inflamar; e a gasolina de 300ºC para esse processo.
Para ser comercializado no Brasil, o gás natural precisa seguir as
especificações da Resolução ANP nº 16, de 17.6.2008 - DOU 18.6.2008, da Agência
Nacional do Petróleo, conforme tabela abaixo:

Tabela 1: Propriedades e Características do Gás.


21

Fonte: ANP nº16 (2008).

As especificações do Regulamento Técnico da Agência Nacional de


Petróleo (ANP), também determinam teores extremamente baixos de umidade, de
dióxido de carbono e de compostos de enxofre. Com isso, o gás natural não provoca
corrosão no interior das tubulações, aumentando sua vida útil e diminuindo os riscos
de vazamentos.
O gás natural não possui cheiro, por isso, antes de ser comercializado,
passa por um processo de odorização para facilitar a sua rápida identificação no caso
de vazamento. Em se tratando de Santa Catarina, a Resolução ARESC nº 134, dispõe
sobre procedimentos padrões que tratam da concentração de odorante no gás (8 de
julho de 2019). Detalhes sobre a odorização do gás natural podem ser encontrados
nos artigos 2º e 3º: O primeiro apresenta as formulações (Em peso) a serem utilizadas
para cada odorante correspondente; enquanto no segundo, constam os limites, o
mínimo e o máximo de Concentração de Odorante no Gás – (COG).
22

2.1.4 O Caminho do Gás Natural

As tubulações responsáveis pelo envio de Gás Natural das fontes


produtoras até os consumidores recebem o nome de gasoduto, é construída uma
malha, uma rede de tubos para levar o gás de uma região produtora, como a Bolívia,
para uma região consumidora, como o Brasil. O gás é transportado pelos tubos com
a ajuda da diferença de pressão: em um ponto, chamado estação de compressão, a
pressão no duto é elevada e “empurra” o fluido para o ponto de menor pressão.
Apresenta-se um breve resumo sobre o caminho do gás (da sua extração
até o consumidor final) este pode ser encontrado também de forma mais visual no
Anexo 1.

1. O gás é retirado do subsolo em campos de produção, estes terrestres ou


marítimos em estações petrolíferas;
2. O movimento é realizado através de gasodutos de escoamento até a unidade
de processamento para a retirada de impurezas e outras substâncias
misturadas;
3. Depois de processado, o gás natural é levado até os consumidores pela malha
de gasodutos de transporte;
4. Pode chegar por navio na forma líquida (gás natural liquefeito) onde pode ser
transformado em gás novamente para continuar seu transporte;
5. As instalações de estocagem podem guardá-lo quando não for utilizado no
momento da sua produção;
6. A importação é uma opção, como o gasoduto Brasil-Bolívia;
7. Após, passa pelos gasodutos de transporte para os pontos de entrega, e em
seguida para os gasodutos de distribuição e chega no
8. Consumidor final: Veículos, residências, indústrias, refinarias e usinas
termelétricas.
23

2.2 LEI 13.303/2016 - DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS ÀS EMPRESAS PÚBLICAS E


ÀS SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA

A Lei 13.303 de 2016 – Disposições Aplicáveis às Empresas Públicas e às


Sociedades de Economia Mista - também conhecida como a Lei das Estatais, dispõe
sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de
suas subsidiárias. A Lei das Estatais é uma lei nacional, isso significa que ela vale
tanto para a União como para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Suas normas se aplicam a todas as empresas públicas e às sociedades de
economia mista, que explore atividade econômica de produção ou comercialização de
bens ou de prestação de serviços. A Lei 13.303/16 não faz distinção em relação a
estatais exploradoras de atividade econômica (como a Petrobras) e prestadoras de
serviços públicos (Por exemplo Correios), em outras palavras, todas devem observar
os ditames da lei.

Sobre esta Lei, comenta Herbert (Abril/2019):


Ela estabelece uma série de mecanismos de transparência e governança a
serem observados pelas estatais, como regras para divulgação de
informações, práticas de gestão de risco, códigos de conduta, formas de
fiscalização pelo Estado e pela sociedade, constituição e funcionamento dos
conselhos, assim como requisitos mínimos para nomeação de dirigentes.

Levando em consideração que dentro do Estudo de Caso, será tratado


acerca de uma empresa de economia mista, a lei 13.303/16 traz a seguinte definição
em seu Art. 4º, sobre Sociedade de Economia Mista:
Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação
autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito
a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal,
aos Municípios ou a entidade da administração indireta.

Para a Companhia distribuidora de gás natural canalizado, no que tange às


contratações, destaca-se os seguintes artigos da Lei:
“Art. 76. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou
substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se
verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de materiais
24

empregados, e responderá por danos causados diretamente a terceiros ou à empresa


pública ou sociedade de economia mista, independentemente da comprovação de sua
culpa ou dolo na execução do contrato.
Art. 77. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, fiscais e
comerciais resultantes da execução do contrato.
§ 1º A inadimplência do contratado quanto aos encargos trabalhistas,
fiscais e comerciais não transfere à empresa pública ou à sociedade de economia
mista a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato
ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o
Registro de Imóveis.
Art. 78. O contratado, na execução do contrato, sem prejuízo das
responsabilidades contratuais e legais, poderá subcontratar partes da obra, serviço
ou fornecimento, até o limite admitido, em cada caso, pela empresa pública ou pela
sociedade de economia mista, conforme previsto no edital do certame.
§ 1º A empresa subcontratada deverá atender, em relação ao objeto da
subcontratação, as exigências de qualificação técnica impostas ao licitante vencedor.
§ 2º É vedada a subcontratação de empresa ou consórcio que tenha
participado:
I - do procedimento licitatório do qual se originou a contratação;
II - direta ou indiretamente, da elaboração de projeto básico ou executivo.
§ 3º As empresas de prestação de serviços técnicos especializados
deverão garantir que os integrantes de seu corpo técnico executem pessoal e
diretamente as obrigações a eles imputadas, quando a respectiva relação for
apresentada em procedimento licitatório ou em contratação direta.”
25

2.3 GESTÃO DE RISCOS

O que entendemos por gerenciamento de riscos? – Resumidamente, é o


processo de planejar, organizar, e controlar recursos humanos e materiais de uma
Organização, com o objetivo de minimizar e, se possível, eliminar os riscos e
incertezas dentro dessa Organização.
Existem diversos estudos e autores que tratam sobre o tema Gestão de
Riscos, sendo que:
Para Adams (2009):
O conceito de risco está diretamente ligado ao conceito de modernidade
reflexiva. Talvez fosse mais esclarecedor manter uma distinção entre causa
e efeito. A definição do risco, como modelo de lidar com o que é, em geral,
chamado de risco é, pelo menos para muitos leitores em língua inglesa, uma
tautologia que confunde. Mas considero que essa definição aluda, na
verdade, a natureza do risco discutida em padrões na incerteza. O modo
como as pessoas lidam com algo é influenciado pelo modo como o percebem,
e o ato de lidar com esse algo o altera. Esse esquema foi formulado antes,
da seguinte maneira: o risco percebido é o risco ao qual se reage. Ele muda
em piscar de olhos quando os olhos o fixam.

O autor Brasiliano também traz sua contribuição para o tema (2009):


Gerenciar riscos é um processo de múltiplos aspectos, os quais são
frequentemente mais bem realizados por uma equipe multidisciplinar. Pois,
gerenciar riscos é um processo interativo de melhoria contínua. Logo,
constata-se que a Gestão de Riscos tem, como descreve Bertolucci, “o
objetivo do gerenciamento do risco é desenvolver um processo sustentável
de criação de valor econômico para a empresa.

Para SELL (1995), o Processo de Gerenciamento de Riscos pode ser


constituído de 4 fases:
I. Análise e avaliação dos riscos:
Reconhecer e avaliar os potenciais de perturbação dos riscos;
II. Identificação das alternativas de ação:
Decisão quanto a evitar, reduzir, transferir ou assumir os riscos
identificados;
26

III. Elaboração da política de riscos:


Estabelecer objetivos e programas de prevenção, assegurando e
financiando riscos;
IV. Execução e controle das medidas adotadas:
Execução das etapas anteriores e seu controle.

2.3.1 Gestão de SMS

Qual o conceito de Gestão de SMS? - Pode-se dizer que é uma ferramenta


estratégica, presente na gestão empresarial, cujas siglas “SMS” consistem em:
“Saúde, Meio Ambiente e Segurança”. Esta ferramenta é muito utilizada para
minimizar as perdas da empresa, tanto financeiras como humanas.
O termo gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SST), segundo a
Occupational Health and Safety Assessment Series (OHSAS, 2007), diz respeito às
condições e aos fatores que afetam, ou que poderiam afetar, a segurança e a saúde
dos funcionários - tanto trabalhadores temporários como terceirizados -, além de
incluir visitantes ou qualquer outra pessoa presente no local de trabalho.
Historicamente, os setores de petróleo e gás são alguns dos que investiram
massivamente buscando melhorar seu desempenho em SMS. De acordo com a MILL
(1992), nas décadas de 70 e 80 (Gráfico 4), é notório o sucesso dessa indústria na
redução do número de acidentes, em virtude da aplicação considerável de melhorias
técnicas em seus processos produtivos, bem como da adoção de medidas mais
efetivas de segurança.
Gráfico 4 - Evolução do número de acidentes nas décadas de 70 e 80.

Fonte: Mill (1992). Adaptação: Theobald (2005)


27

NR 01 - DISPOSIÇÕES GERAIS E GERENCIAMENTO DE RISCOS


OCUPACIONAIS.

Segundo o que dispõe na descrição desta NR (Norma Regulamentadora),


seu objetivo é estabelecer as atribuições gerais, tais como: o campo de aplicação, os
termos e as definições comuns às Normas Regulamentadoras relacionadas à
segurança e saúde no trabalho, além das diretrizes e os requisitos para o
gerenciamento de riscos ocupacionais e as medidas de prevenção em Segurança e
Saúde no Trabalho – SST.
A Norma traz diretrizes para a implementação do PGR em ambientes de
trabalhos (item 1.5.3.2 – NR 01), sendo estes o dever do estabelecimento:
a) evitar os riscos ocupacionais que possam ser originados no trabalho;
b) identificar os perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde;
c) avaliar os riscos ocupacionais indicando o nível de risco;
d) classificar os riscos ocupacionais para determinar a necessidade de
adoção de medidas de prevenção;
e) implementar medidas de prevenção, de acordo com a classificação de
risco, e na ordem de prioridade estabelecida na alínea “g” do subitem 1.4.1 e,
f) acompanhar o controle dos riscos ocupacionais.

NR 05 - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA)


Os objetivos da CIPA são a prevenção de acidentes e doenças, e a
promoção da saúde do trabalhador, acompanhando de forma contínua as condições
de trabalho dentro da empresa (Item 5.1 – objetivos). Para aumentar as chances de
sucesso da comissão e o alcance de seus objetivos são necessários participação e
comprometimento de todos, tanto empregados como empregadores.
Item 5.1 (NR 01) - A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA
tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de
modo a tornar compatível, permanentemente, o trabalho com a preservação da vida
e a promoção da saúde do trabalhador.

NR 09 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS (PPRA)


28

A Norma Regulamentadora 09 é uma Legislação Federal emitida pelo


Ministério do Trabalho e Emprego no ano de 1994, e tem como objetivo principal
levantar os riscos existentes, ou que possam vir a existir, em um ambiente de trabalho.
Após o levantamento, devem ser definidas todas as medidas de prevenção desses
riscos, os quais classificam-se como agentes físicos, químicos e biológicos. Nesse
viés, leva-se em consideração a intensidade e o tempo de exposição a cada um dos
riscos, que em função de suas naturezas, podem ser capazes de causar danos à
saúde dos trabalhadores.
Segundo o que consta no item 9.1.1 – Esta NR estabelece a
obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores
e instituições, que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, visando à preservação da saúde e
integridade dos trabalhadores, mediante a antecipação, o reconhecimento, a
avaliação, e o consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes, ou
que venham a existir, no ambiente de trabalho, almejando assim, à proteção do meio
ambiente e dos recursos naturais.
Ainda no item 9.1.2 – As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no
âmbito de cada estabelecimento da Empresa, sob a responsabilidade do empregador
e com a participação dos trabalhadores, sendo que sua abrangência e profundidade
dependem das características dos riscos e das necessidades de controle.
Em termos de melhores práticas de mercado, a norma ISO 31000 (2018)
traz diretrizes para o desenvolvimento, implementação e manutenção de processos
de Gestão de Riscos em Organizações. Essa mesma Norma tem a seguinte definição:
A avaliação de riscos baseia-se nos resultados da análise de riscos para a
tomada de decisões em relação a que riscos requerem tratamento e qual a
prioridade para a implementação do tratamento. A avaliação compara o nível
de risco proveniente da análise com aquele estabelecido para o contexto
considerado para dimensionar a necessidade de tratamento. Sendo
conveniente que as decisões considerem amplamente o risco para todas as
partes, e não somente pela organização beneficiada pelo risco, podendo
resultar a avaliação de riscos no procedimento de uma análise mais
aprofundada ou na decisão de não se tratar o risco mantendo apenas os
controles já existentes.

A Petrobras, objetivando uma atuação de forma segura e integrada com a


responsabilidade socioambiental no transporte e armazenamento de petróleo, de
derivados, de gás e petroquímicos, apresenta 15 Diretrizes de SMS do Sistema
Petrobras:

1. Liderança e Responsabilidade
29

Integrar Segurança, Meio Ambiente e Saúde à estratégia empresarial.


2. Conformidade Legal
Atividades devem estar em conformidade com a legislação vigente nas áreas
de Segurança, Meio Ambiente e Saúde.
3. Avaliação e Gestão de Riscos
Riscos inerentes às atividades devem ser identificados, avaliados e
gerenciados, de modo a evitar a ocorrência de acidentes e/ou assegurar a
minimização de seus efeitos.
4. Novos Empreendimentos
Novos empreendimentos devem estar em conformidade com a legislação e
incorporar, em todo o seu ciclo de vida, as melhores práticas de Segurança,
Meio Ambiente e Saúde.
5. Operação e Manutenção
Operações devem ser executadas de acordo com procedimentos estabelecidos
e utilizar instalações e equipamentos adequados.
6. Gestão de Mudanças
Mudanças, temporárias ou permanentes, devem ser avaliadas visando à
eliminação e/ou à minimização de riscos decorrentes de sua implantação.
7. Aquisição de Bens e Serviços
O desempenho em Segurança, Meio Ambiente e Saúde de contratados,
fornecedores e parceiros deve ser compatível entre si.
8. Capacitação, Educação e Conscientização
Capacitação, educação e conscientização devem ser continuamente
promovidas, de modo a reforçar o comprometimento com o desempenho em
Segurança, Meio Ambiente e Saúde.
9. Gestão de Informações
Informações e conhecimentos relacionados à Segurança, Meio Ambiente e
Saúde devem ser precisos, atualizados e documentados.
10. Comunicação
As informações relativas à Segurança, Meio Ambiente e Saúde devem ser
comunicadas com clareza, objetividade e rapidez.
11. Contingência
As emergências devem estar previstas e ser enfrentadas com rapidez e
eficácia, visando à máxima redução de seus efeitos.
30

12. Relacionamento com a Comunidade


Zelar pela segurança das comunidades onde se atua, bem como mantê-las
informadas sobre impactos e/ou riscos eventualmente decorrentes das
atividades realizadas.
13. Análise de Acidentes e Incidentes
Os acidentes e incidentes decorrentes de atividades realizadas devem ser
analisados, investigados e documentados, com o intuito de evitar sua repetição
e/ou assegurar a minimização de seus efeitos.
14. Gestão de Produtos
Zelar pelos aspectos de Segurança, Meio Ambiente e Saúde do produto desde
sua origem até a destinação final, bem como nos empenhar na constante
redução dos impactos que eventualmente possamos causar.
15. Processo de Melhoria Contínua
A melhoria contínua do desempenho em Segurança, Meio Ambiente e Saúde
deve ser promovida em todos os níveis, de modo a assegurar seu avanço
nessas áreas.

2.3.2 Processos e Métodos

Cada organização vai implementar a Gestão de Riscos com a metodologia


que julgar mais adequada ao seu negócio, fazendo uso das ferramentas de qualidade
que melhor se adaptem ao processo de Gerenciamento de Riscos que for aplicar. Na
atualidade, o mercado propicia diversas metodologias descritas nas melhores práticas
de mercado com a finalidade de auxiliar a identificação e as análises de riscos. Nesse
contexto, elencam-se algumas ferramentas de qualidade que podem ser empregadas
na gestão, sendo elas: Análise Preliminar de Riscos (APR), What-if (E SE), Análise de
Causas e Consequências (ACC), Análise de Modos e Efeitos de Falhas
(FMEA/FMECA), entre outros. Abaixo seguem algumas das melhores práticas de
mercado para a Gestão de Riscos que foram utilizadas pela Empresa estudada
quando da construção e aplicação da metodologia para Gerenciamento de Riscos –
assunto que será abordado neste estudo de caso.
31

2.3.2.1 ABNT ISO 31.000 (2009/2018)

Em 2009, surge a Norma Internacional ISO 31000 (ABNT), recomendando


que o Programa de Gestão de Riscos (PGR) passe a ser parte integrante da gestão
da Corporação, presente na estrutura organizacional, nas operações e nos processos
da Organização. Na versão 2018, em suas orientações para identificação, análise e
avaliação de riscos, ampliaram para o foco estratégico dentro da Organização
buscando sustentabilidade, e incluíram em seu Framework o registro e o relato.
Todavia, a referenciada Norma não indica ferramentas e métodos
específicos, apenas serve como referência, uma vez que a Gestão de Riscos deve
estar alinhada ao contexto da Organização. Lembrando que esta Norma não é
certificável; somente apresenta diretrizes, e para auxiliá-las existe um complemento -
ISO/IEC 31010 (2012) sugerindo várias ferramentas de qualidade possíveis de
trabalhar em cada etapa do Gerenciamento de Risco. O detalhamento para o PGR
pode ser visto na imagem abaixo, extraída do site iso31000.net.

Imagem 2: Detalhamento do PGR (ISO 31.000 – 2018).


32

Fonte: Site iso31000.net (2021).

2.3.2.2 COSO

Existem outros Frameworks que dão suporte às abordagens de riscos e


controles, e o COSO (Comitê das Organizações Patrocinadoras da Comissão
Treadway), é um deles. Este é um modelo conceitual (Imagem 3) que pode ser
aplicado no Sistema de Gestão de Riscos, para atingir os objetivos estratégicos das
Organizações. Em 2004, o COSO publicou o Enterprise Risk Management - integrated
Framework (COSO-ERM), pelo qual introduziu conceitos (Imagem 3) como apetite a
33

risco - montante de risco que a Organização se dispõe a aceitar na criação de valor,


e a tolerância a riscos - nível de variação aceitável no alcance de um certo objetivo.
Imagem 3: COSO I (esquerda) & COSO ERM (direita).

Fonte: Tribunal de Contas da União (2021).

A nova versão em 2017 (Imagem 4), Integrating with Strategy and


Performance, destaca a importância de se considerar os riscos no processo de
estabelecimento da estratégia e na melhoria da performance.

Imagem 4: FRAMEWORK REVISADO 2017 – COSO ERM.

Fonte: COSO ERM Enterprise Risk Management, Integrating with Strategy and
Performance Executive Summary, 2017.

No Framework COSO ERM - 2017, houve a integração de 5 fases, ou


componentes, os quais abordam o entendimento entre as atividades de governança,
34

a estratégia, o desempenho, a análise e revisão, e o monitoramento, para auxiliar as


Corporações. A seguir, Brasiliano apresenta a definição destes cinco componentes:

1. Governança e Cultura: A governança estabelece o tom da Organização, a


responsabilidade pela supervisão da operação pela alta gestão, incluindo a supervisão
do Gerenciamento de Riscos Corporativos. Já, a cultura estabelece os valores éticos,
o comportamento desejado e a compreensão dos riscos da entidade.
2. Estratégia e Definição de Objetivos: A estratégia e o estabelecimento de
objetivos juntos no processo de planejamento estratégico. O apetite a risco é
estabelecido e alinhado com a estratégia. Os objetivos de negócio colocam a
estratégia em prática, enquanto serve de base para identificar, avaliar e tratar os
riscos.
3. Desempenho/Performance: Os riscos que podem afetar a consecução da
estratégia e dos objetivos de negócios precisam ser identificados e avaliados. Os
riscos são priorizados pela sua magnitude dentro do contexto do apetite ao risco. Com
base nisto, a Organização seleciona as respostas para o risco e cria uma visão de
portfólio, considerando a quantidade de risco assumida. Os resultados desse processo
são relatados para os principais envolvidos com a supervisão de riscos.
4. Análise e Revisão: Ao analisar sua performance, a Organização tem a
oportunidade de refletir sobre, até que ponto os componentes do processo de
Gerenciamento de Riscos Corporativos estão sendo eficazes ao longo do tempo e no
contexto de mudanças relevantes, e ainda, quais correções seriam necessárias para
o fortalecimento da efetividade deste processo.
5. Informação, Comunicação e Divulgação: Gerenciamento de Risco Corporativo
demanda um processo contínuo de obtenção e compartilhamento de informações
precisas, provenientes de fontes internas e externas, originadas das mais diversas
camadas e processos de negócios da Empresa.

Dentro destes cinco componentes citados acima, são elaborados um


conjunto de princípios que abrangem desde a governança até o monitoramento;
totalizando vinte princípios, e neles são descritas as práticas a serem aplicadas de
maneiras distintas para diferentes Organizações, independentemente do seu
tamanho, tipo ou setor. Sendo assim, a adesão aos princípios dessa prática de
mercado, o COSO, pode conferir à Organização uma expectativa de entendimento e
35

esforço para com o Gerenciamento dos Riscos associados à sua estratégia e objetivos
de negócios. São eles:
1. Governança e Cultura
1. Exercitar a responsabilidade de supervisão do Conselho sobre os
riscos estratégicos e operacionais;
2. Estabelecer estruturas operacionais compatíveis com a estratégia;
3. Definir a cultura desejada;
4. Demonstrar compromisso com os Valores Fundamentais da
Corporação e,
5. Atrair, desenvolver e manter indivíduos capazes de executar suas
obrigações.

2. Estratégia e Objetivos
6. Analisar o contexto empresarial e de negócio;
7. Definir o apetite ao risco;
8. Avaliar as estratégias alternativas existentes e,
9. Formular os objetivos do negócio alinhado a missão, visão e valores.

3. Desempenho
10. Identificar o risco;
11. Avaliar a severidade do risco;
12. Priorizar riscos;
13. Definir e implementar as respostas aos riscos e,
14. Desenvolver a visão de portfólio para riscos.

4. Análise e Revisão
15. Avaliar as mudanças significativas;
16. Revisar riscos e desempenho e,
17. Buscar a melhoria no gerenciamento de riscos empresariais.

5. Informação, Comunicação e Relatórios


18. Alavancar a informação com o uso da tecnologia;
36

19. Comunicar informações sobre riscos e,


20. Elaborar relatórios sobre risco, cultura e desempenho.

2.3.2.3 As três Linhas dos Auditores Internos

Um modelo que pode ajudar a Organização a identificar estruturas e


processos que melhor auxiliem a alcançar os objetivos, e ainda, facilitar a governança
e o gerenciamento de riscos, é o Modelo das Três Linhas de Defesa, já que é aplicável
a todas as Organizações. Abaixo são encontrados o Modelo (imagem 5) e a
distribuição das responsabilidades, segundo The Institute of Internal Auditors (O
Instituto dos Auditores Internos).

Imagem 5: Modelo das Três Linhas de Defesa.

Fonte: IIA 2020.


Os Papéis da Primeira Linha são:
37

• Liderar e dirigir ações (inclui-se o Gerenciamento de Riscos) e a aplicação de


recursos para atingir os objetivos da Organização;
• Manter um diálogo contínuo com o Corpo Administrativo e reportar: resultados
planejados, reais e esperados, vinculados aos objetivos da Organização; e
riscos;
• Estabelecer e manter estruturas e processos apropriados para o gerenciamento
de operações e riscos (incluindo controle interno) e,
• Garantir a conformidade com as expectativas legais, regulatórias e éticas.

Segunda Linha:
• Fornecer expertise complementar, apoio, monitoramento e questionamento
quanto ao gerenciamento de riscos, incluindo:
➢ Desenvolver a implantação e melhoria contínua das práticas de
gerenciamento de riscos (incluindo controle interno) nos níveis de
processo, sistemas e entidade;
➢ Alcançar os objetivos de gerenciamento de riscos, sendo eles:
conformidade com leis, regulamentos e comportamento ético aceitável;
controle interno; segurança da informação e tecnologia; sustentabilidade;
e avaliação da qualidade.
• Fornecer análises e reportar sobre a adequação e eficácia do gerenciamento de
riscos (incluindo controle interno).

Auditoria Interna:
• Manter a prestação de contas primária perante o Corpo Administrativo e a
independência das responsabilidades da gestão;
• Comunicar a avaliação e assessoria independentes e objetivas à gestão e ao
Corpo Administrativo sobre a adequação e eficácia da governança e do
gerenciamento de riscos (incluindo controle interno), para, com isso, conquistar
os objetivos organizacionais e promover a melhoria contínua e,
• Informar ao Corpo Administrativo prejuízos à independência e à objetividade, e
implantar salvaguardas conforme necessário.

Prestadores externos de avaliação:


• Prestam avaliação adicional para:
38

➢ Cumprir as expectativas legislativas e regulatórias que servem para


proteger os interesses dos stakeholders e,
➢ Atender aos pedidos da gestão e do Corpo Administrativo para
complementar as fontes internas de avaliação.

2.3.2.4 Método Brasiliano

A metodologia do Professor Brasiliano, com foco em Gestão de Riscos,


utiliza como base a ISO 31.000 (ABNT, 2009/2018), e define etapas e ferramentas da
qualidade para execução das atividades a serem realizadas no Processo de Gestão
de Riscos Corporativos.

Imagem 6: Framework do Método Brasiliano para Riscos nos Processos.

Fonte: Brasiliano - Inteligência em riscos (2018).


39

O Framework acima é formado por sete (07) fases. Na primeira -


COMUNICAÇÃO E CONSULTA - Não deve haver restrição de informação acerca das
etapas da Gestão de Riscos Corporativos. Por conta disso, estabelece-se relação de
parceria e confiança entre os envolvidos no Processo.
O Processo de Comunicação é de tal modo que, sem a comunicação não
existe o Processo de Gestão de Riscos Corporativos, e se não houver sensibilização,
não haverá a participação necessária e desejada para o desenvolvimento adequado
e inteiro do Processo de Gestão de Riscos Corporativos.
É de extrema importância que a comunicação e consulta interna e externa
sejam feitas com o intuito de assegurar que os responsáveis pela implementação do
Processo de Gestão de Riscos e as partes interessadas compreendam os
fundamentos sobre os quais as decisões são tomadas e as razões pelas quais as
ações específicas são necessárias. As informações provindas, por meio da Consulta,
servem de base e orientam as partes no Processo de Tomada de Decisão, e definem
qual o melhor direcionamento para uma questão específica.
Segunda Fase - ESTABELECIMENTO DO CONTEXTO ESTRATÉGICO -
Esta Fase pode ser dividida em duas etapas: a primeira diz respeito ao entendimento
da área onde está sendo feita a Gestão de Riscos, para compreender os objetivos
estratégicos e organizacionais da Empresa. Esta etapa deve ser alinhada ao
Planejamento Estratégico da Empresa. Enquanto a segunda etapa trata das variáveis
externas incontroláveis que podem interferir ou expor os objetivos estratégicos da
Empresa.
Estabelecendo o contexto, a Organização articula seus objetivos e define
os parâmetros externos e internos a serem considerados no Gerenciamento de
Riscos, e estabelece o escopo e os critérios de risco para o restante do Processo.
Existem três contextos a serem definidos e alinhados aqui:
• Contexto Interno e Externo;
• Política e Processo de Gestão de Riscos e,
• Identificação dos Processos Críticos.

Na Terceira Fase - IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS - Possui subfases, com o objetivo


de identificar as principais causas dos riscos e os processos críticos:
40

• Identificação dos Processos e atividades críticas para o negócio da


Empresa. Como resultado, tem-se a matriz de vulnerabilidade dos
processos.
• Mapeamento do Processo - Tem o objetivo de descrever as atividades
realizadas nos processos. A análise situacional é realizada no processo
mapeado.
• Listagem de Riscos - É realizada mediante reuniões com o objetivo de
tratar tanto os riscos conhecidos como os desconhecidos.
• Definição dos Riscos - Os riscos devem ser definidos e classificados de
acordo com o Dicionário de Riscos de cada área, aplicáveis ao negócio
da Empresa.
• Classificação dos Riscos - Os riscos identificados devem ser
classificados em categorias.
• Identificação dos Fatores de Riscos para compreender o risco –Opção:
Técnica do Diagrama de Causa e Efeito, o chamado Diagrama de
Ishikawa.
• Relevância dos Fatores de Riscos - Após a identificação dos fatores de
riscos de cada processo, levantar quais são os fatores comuns a todos
os riscos e quais são os mais motrizes.

Quarta Fase - ANÁLISE E AVALIAÇÃO DOS RISCOS - INERENTE - Visa


promover o entendimento do nível de risco e de sua natureza, auxilia na definição de
prioridades e opções de tratamento dos riscos que foram identificados. Assim, é
possível saber qual a chance, ou probabilidade de os riscos virem a acontecer e
calcular seus impactos para a Empresa.
O risco é avaliado de maneira qualitativa e a metodologia realizada na
avaliação de riscos utiliza dois parâmetros: A Probabilidade, que se empenha em
saber qual a chance dos riscos se concretizarem; e o Impacto, que acontece quando
da materialização do risco e suas possíveis consequências para o Processo
impactado.
Quando é atribuído a Probabilidade, significa dizer o quanto o risco é
imprevisível ou incerto de acontecer, e para tanto, deve-se utilizar a escala de zero
por cento (0%) a cem por cento (100%), conforme abaixo:
41

Tabela 2: Probabilidade

Probabilidade
0%
25%
50%
75%
100%
Fonte: Brasiliano - Inteligência em riscos (2018).

Atribuir um Impacto Potencial ao risco, significa dizer o quanto ele é


relevante, ou importante para o estudo que está sendo realizado. Deve-se utilizar uma
escala de 1 (um) a 5 (cinco) - quanto maior for o impacto sobre os objetivos
estratégicos, maior deverá ser o valor a ele atribuído.

Tabela 3: Impacto

Impacto Potencial
1 Muito leve
2 Leve
3 Moderado
4 Severo
5 Massivo
Fonte: Brasiliano - Inteligência em riscos (2018).

Em sua Quinta Fase - ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS – RESIDUAL


– É feita a análise e a avaliação dos riscos considerando os controles existentes,
permitindo que os controles sejam avaliados. No final dessa etapa, o Gestor
responsável terá conhecimento sobre a eficácia, a ineficácia ou a inexistência dos
controles para que seja construída a análise de riscos residuais.
Para as Avaliações de Riscos, a relevância dos riscos faz uso da Matriz de
Riscos, o resultado da matriz é o grau de criticidade, diante do seu apetite ao risco. A
matriz (Imagem 7) é dividida em quadrantes, e para cada quadrante há uma estratégia
de tratamento e priorização. Destaca-se que a Empresa não admite processos com
nível de risco no vermelho, ou seja, riscos com nível no vermelho são intoleráveis.
Dessa forma, cabe ao Gestor da área tomar as devidas medidas para reduzir o nível
de risco do Processo.
42

Imagem 7: Matriz de Riscos (Probabilidade x Impacto).

Fonte: Brasiliano - Inteligência em riscos (2018).

Na Sexta Fase – RESPOSTAS AO RISCO – Tem-se o Plano de Ação, que


é o conjunto de medidas organizacionais, sistemas técnicos para a prevenção e
monitoramento de recursos humanos que gerenciarão os riscos. O Plano de Ação é
elaborado fazendo uso da técnica das perguntas 5W e 2 H:
• WHAT: O que será feito? - Qual o objetivo a ser alcançado?
Aqui se deve determinar a intenção do que se pretende realizar, definir e
descrever o que será feito, de fato.
• WHY: Por que isso será feito? –
A justificativa para o que foi proposto.
• WHERE: Onde será feita essa ação? - Em qual setor essa ação vai
acontecer?
Definição do local de realização. Este local pode ser físico ou um
departamento ou setor de uma empresa.
• WHEN: Quando essa ação será feita? - Quais os prazos para esse
projeto? - Quando começarão e terminarão as atividades do plano?
O tempo de execução, cronograma e prazos para a execução.
43

• WHO: por quem?


Definir quem ou qual área será responsável pela execução do que foi
proposto. Uma boa prática é escolher um líder, alguém encarregado de
gerenciar a execução do que foi definido.
• HOW: Como essa ação será executada? - Qual a lista de ações e
atividades que devem ser feitas para que o objetivo geral seja atingido?
Os métodos ou estratégias a serem utilizados para a execução do que foi
estabelecido.
• HOW MUCH: Quanto custará essa ação? - Qual o orçamento alocado
para cada atividade?
Definição do custo e investimento necessário para a realização do que foi
proposto.
Na Sétima e última Fase - MONITORAMENTO E ANÁLISE CRÍTICA –
Devem ser planejados o monitoramento e análises críticas como parte do Processo
da Avaliação de Riscos, de maneira vigilante e regular. Pode acontecer
periodicamente, ou em resposta a um fato específico.
Deve haver conscientização e comprometimento, da alta Administração,
com o Gerenciamento de Riscos, em outros termos, todos os colaboradores devem
estar comprometidos com a Gestão de Riscos, diretores e gestores são os
responsáveis finais pelo gerenciamento de riscos na empresa.

2.3.3 Riscos Ocupacionais

Entre eles os Riscos ocupacionais são aqueles os quais o trabalhador está


exposto durante sua rotina de trabalho, onde uma situação que apresente risco à
saúde do trabalhador pode ser caracterizada como um risco ocupacional. O Ministério
do Trabalho, por meio da Norma Regulamentadora 9 (NR-9), NR-12 e da Portaria no
25/1994, classifica os riscos ocupacionais em cinco tipos: físicos, químicos, biológicos,
ergonômicos e acidentais. As descrições e exemplos dos tipos de riscos ambientais
são mostrados a seguir:

• Agente físico (NR 01): Qualquer forma de energia que, em função de sua
natureza, intensidade e exposição, é capaz de causar lesão ou agravo à
44

saúde do trabalhador. Para cada tipo de risco é indicada uma limitação


permitida. No caso de ruídos, o máximo de decibéis.
Exemplos: Vibrações, ruídos, temperaturas extremas, radiações
ionizantes, radiações não ionizantes.

• Agente químico (NR 01): Substância química, por si só ou em misturas,


quer seja em seu estado natural, quer seja produzida, utilizada ou gerada
no processo de trabalho, que em virtude de sua natureza, concentração e
exposição, é capaz de causar lesão ou agravo à saúde do trabalhador. É o
nível de toxicidade do agente químico que determina o período máximo que
o colaborador pode ficar exposto.
• Exemplos: Poeira mineral contendo sílica cristalina, vapores de tolueno,
névoas de ácido sulfúrico.

• Agente biológico (NR 01): Microrganismos, parasitas ou materiais


provenientes de organismos que, em função de sua natureza e do tipo de
exposição, são capazes de acarretar lesão ou agravo à saúde do
trabalhador. As medidas de prevenção variam de acordo com a
patogenicidade ao qual o trabalhador está exposto.
Exemplos: Bactérias, protozoários, vírus, fungos e parasitas.

O risco ergonômico (NR 17 - Ergonomia):


• Riscos ergonômicos: Qualquer fator que possa interferir nas
características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou
afetando sua saúde. A avaliação desses riscos é feita por meio de um laudo
ergonômico.
Exemplos: Esforço físico excessivo, levantamento e transporte de peso,
postura inadequada, controle rígido de produtividade, jornadas de trabalho
extensas, entre outros.
45

O risco de acidentes (NR 05 – CIPA):


• Riscos de acidentais: Qualquer fator que coloque o trabalhador em
situação vulnerável e possa afetar sua integridade, e seu bem-estar físico
e psíquico.
Exemplos: Iluminação ruim, operar máquinas e equipamentos sem
proteção, estruturas de trabalho inadequadas, trabalho em altura, risco
iminente de choque elétrico, incêndio e manuseio de máquinas pesadas.
46

3 ESTUDO DE CASO

O local estudado trata-se de uma Empresa Distribuidora de Gás Natural


Canalizado, localizada no Sul do Brasil. A pedido da Empresa, não será feito o uso de
seu nome. Sendo esta uma Companhia de Economia Mista, em outras palavras, é
uma Empresa da Administração Indireta do Estado, em que parte da sociedade é
composta pelo Estado (Santa Catarina) e outra por sócios privados.
Apresenta-se um breve histórico retirado de seu site, contendo algumas
informações públicas como conquistas e clientes:

• 1994 - Fundação da Companhia;


• 1994 - Assinatura do contrato de concessão de serviços públicos de distribuição
de Gás Natural entre a Empresa e o Governo do Estado de Santa Catarina;
• 1997 - Início da construção da rede de Distribuição de Gás Natural em Santa
Catarina;
• 2000 - Ligação do primeiro cliente, a indústria Döhler, de Joinville;
• 2001 - Início de atuação no mercado automotivo com a ligação do primeiro posto
em Jaraguá do Sul;
• 2004 - Início do atendimento com Gás Natural em estabelecimentos comerciais;
• 2005 - As residências passam a ser atendidos com Gás Natural. O projeto-piloto
foi concebido em Joinville com o atendimento do Condomínio Elisa Kontöpp;
• 2006 - Interligação à rede do Shopping Center Neumarkt, em Blumenau – o
primeiro estabelecimento de SC a utilizar o energético;
• 2006 - Realização do primeiro concurso público;
• 2008 - A Companhia inicia a atuação em Florianópolis, com interligação do
Condomínio Residencial La Perle;
• 2012 - Construção do milésimo quilômetro de rede própria de distribuição;
• 2013 - Avanço na interiorização da oferta do Gás Natural. O primeiro cliente do
Projeto Serra Catarinense, a Indústria Dystar, de Apiúna, inicia o consumo;
• 2013 - Com as primeiras mudas de árvores plantadas, a Companhia tornou-se a
primeira empresa do Governo do Estado a realizar a compensação de suas
emissões;
• 2016 - A Empresa supera a marca de 10.000 clientes;
47

• 2019 – A Empresa completa 25 anos, acumulando R$ 1,2 bilhão em investimentos


e 10 bilhões de metros cúbicos de gás distribuído no período e,
• 2020 – Assinatura de novo contrato de fornecimento de Gás Natural com a
Petrobras.

A Empresa por meio de seu contrato de aquisição de gás adquire o gás


natural atualmente da Bolívia, e realiza o transporte pela TBG (Transportadora
Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S.A.). Sua responsabilidade vai desde o momento
da transferência de tutela, na estação de recebimento; até a entrega, no ponto da
válvula de recepção do cliente. A rede vem sendo expandida conforme a necessidade
e expectativa do mercado catarinense, segundo que os investimentos divulgados pela
Organização (por meio de mídias sociais) pretende levar o gás natural até o interior
do Estado, mas a construção da rede é realizada conforme planejamento de retorno
dos investimentos.

Imagem 8: Mapa da Rede.

Fonte: Site da Empresa (2021)


48

Em seus serviços de construção, manutenção e operações, a Empresa faz


o uso de mão de obra terceirizada, e durante estes serviços há a supervisão de
funcionários internos da Empresa. Ela contrata empresas por meio de processos
licitatórios, conforme a necessidade. Como os terceirizados estão presentes durante
os serviços citados anteriormente, eles estão expostos e sujeitos aos riscos e
situações perigosas: Acidente de tráfego, maquinário pesado, intempéries, entre
outras situações.
O Regulamento de Licitações e Contratos da Companhia respeita os
termos presentes na Lei 13.303/2016 e na 8.666/1993, que são o seu fundamento de
validade. Seus princípios e diretrizes são os previstos na Lei n. 13.303/2016. Empresa
conta com aproximadamente 130 concursados, com diversas empresas contratadas.
A Companhia tem sua sede na Capital Florianópolis e conta com instalações
chamadas de Bases Operacionais, alocadas nas cidades de Biguaçu, Joinville,
Criciúma e Blumenau.

3.1 O LEVANTAMENTO DAS INFORMAÇÕES

O levantamento das informações relativas ao Gerenciamento das questões


de Segurança e Meio-ambiente foi realizado no ano de 2017, durante o período de
estágio do Autor na Empresa. Estando lotado em uma de suas Bases, a Base
Operacional da Região da Grande Florianópolis, onde também dividia o espaço físico
com o Almoxarifado.
As funções do Autor durante o estágio eram: Auxiliar na coleta,
processamento e conferência dos dados técnico-operacionais na RDGN (rede de
distribuição e gás natural), auxiliar no controle de documentos técnicos para operação
e manutenção da RDGN, auxiliar na operação de programa de armazenagem,
calibração de equipamentos e providenciar registros apropriados.
Algumas das atividades desenvolvidas dentro da Base envolviam, entre
outras: Levantamento de fornecedores de EPI, EPC e peças específicas, realizar
análise de viabilidade de uso e verificação de aplicação de equipamentos novos.
Durante as atividades o Autor identificou e analisou o processo de
gerenciamento de riscos da empresa, onde na gestão do setor de Saúde, Meio
ambiente e Segurança (SMS) a empresa realiza a análise de riscos. Por meio da
identificação de suas causas, os controles existentes, e define os planos de ação
49

necessários, principalmente para tratar as causas identificadas nos riscos com


terceirizados, evitando acidentes e incidentes futuros.
A empresa optou, neste momento, pela avaliação de riscos qualitativa
(subjetiva) e a metodologia utilizada para a avaliação de riscos possui dois
parâmetros: Grau de Probabilidade: Grau de probabilidade (Fatores de probabilidade
x Exposição ao risco), diante das condições existentes de cada processo e o impacto
das consequências para o processo analisado.
O Processo de Gestão de Riscos da Empresa possui como base o
Framework da Norma ISO 31000/2009, COSO ERM e faz uso da metodologia
Brasiliano, sendo composto pelas sete fases, já mencionadas no referencial teórico.
Uma breve explicação observada de como a metodologia foi aplicada na Empresa:
• Comunicação e Consulta:
Permeia o processo do inicio ao fim, desde a identificação dos riscos até o
monitoramento contínuo das causas potencializadoras das incertezas identificadas. A
comunicação é uma via de mão dupla, leva a informação e recebe subsídios das
áreas. A comunicação flui sem qualquer tipo de obstáculo, de forma “horizontal”, onde
todos podem se comunicar com todos, no momento em que existir a necessidade. Os
diálogos podem ocorrer presencialmente, ao telefone, por meio virtual, via e-mail, nas
reuniões on line e em reuniões em grupo.
Em cada processo são designados pelo gestor entre 1 (um) a 3 (três)
trabalhadores para atuarem como facilitadores, mantendo contato regularmente com
a Gestão de Risco.
• Contexto Estratégico:
Neste momento é onde se conhece a Empresa - O que ela vende, como
vende, o que compra, em resumo: O quê ela faz e como faz – Bem como seu
propósito, e seus valores (retirados do site da Empresa): Pessoas, Segurança,
Cliente, Inovação, Transparência e Sustentabilidade. Em destaque:

➢ “Pessoas: Atuamos com ética, responsabilidade, eficiência e


liberdade de expressão acreditando nas pessoas, promovendo o
desenvolvimento contínuo individual e da organização.
➢ Segurança: Trabalhamos na prevenção e redução dos riscos
inerentes aos processos para salvaguarda das pessoas e do seu
patrimônio no desenvolvimento de nossas atividades.”
50

O Contexto Estratégico é estabelecido de acordo com o diagrama de


processos realizados na companhia, inclui-se aqui a Gestão de Risco de SMS. Essa
Gestão (SMS) é apenas uma parte da Gestão de Risco da Empresa no todo, onde a
segurança é um critério a ser considerado durante suas análises. Onde primeiro são
observados e analisados os processos com a maior criticidade para o negócio.
A análise de criticidade do processo que deveria estar presente no final
desta etapa é estrategicamente postergada para ser realizada após a identificação,
análise dos riscos e a avaliação dos riscos residuais. Essa mudança tem motivo
didático para garantir o entendimento dos colaboradores sobre o processo.
• Identificação de Riscos:
A Identificação é realizada nos primeiros levantamentos e anualmente, por
meio de brainstorming onde todos os funcionários são convocados. E em caso de
revisões pontuais, o facilitador vai junto à equipe, faz a verificação se houve alguma
alteração no processo, se o risco existe ainda, se os controles estão funcionando, e
reporta à Gestão de Risco que valida as informações junto ao Gestor da área.
• Análise e Avaliação de Riscos – Inerente:
É analisado o risco “puro” sem considerar os controles existentes.
• Análise e Avaliação de Riscos – Residual:
Verificar os controles executados e então é realizada a análise do risco
novamente, considerando os controles existentes. Verificando assim a eficácias dos
controles.
• Respostas aos Riscos:
Dependendo do enquadramento da probabilidade e do impacto do risco
analisado, são planejadas ações desde resposta imediata (plano de ação) até o
monitoramento continuo dos pontos que são eficazes. Onde não forem possíveis
realizar o controle das causas (ambiente externo) e o impacto for alto, é necessário
criar planos de ação especifico, como exemplo: plano de contingência e plano de
emergência.
Um exemplo de plano de ação de emergência são os treinamentos de
simulação realizados para o abandono das edificações da Empresa para uma possível
ocorrência de incêndio. Treinando os colaboradores de como agir em caso de
incêndios
Outro exemplo foi um deslizamento de terra que ocorreu após uma
enchente em uma localidade por onde passava uma tubulação de gás, nessa
51

situação, o plano de contingencia foi acionado. Em casos como este é realizado o


isolamento da rede, o fechamento de válvulas e suporte à clientes afetados. Tudo para
evitar alguma explosão da rede de gás e quaisquer outros tipos de danos.
• Monitoramento e Análise Crítica:
Realiza-se o acompanhamento de: Indicadores, como afastamentos e
atestados; Controles, como o registro de acidentes e incidentes. Averiguando se o que
está sendo feito é o mais correto para o processo em si e para prevenir/mitigar as
causas.
Seguindo o Framework da metodologia do Brasiliano reforça-se que a
Comunicação e Consulta, assim como o Monitoramento e Análise Crítica podem ser
executados a qualquer momento ou etapa.
Na existência de causas específicas referentes à alguma base, esta causa
é averiguada junto à equipe in loco com tratamento específico. Exemplo: presença de
uma causa divergente das outras, como animais - abelhas - presentes na base de
Criciúma, não sendo constatado essa presença em outras bases.
A Companhia realiza reuniões mensais para trabalhar a segurança e a
saúde de seus funcionários, além de debater também cronogramas de atividades
futuras. Os temas dessas reuniões iam desde hábitos saudáveis (como alimentação)
até treinamentos, segurança e integridade física dos funcionários. Alguns dos
assuntos sobre a conscientização social que eram pontuados nesses encontros eram
o uso de tabaco, direção defensiva, ergonomia, entre outros.
Estas reuniões são realizadas em cada uma das Bases de Operação com
a presença do Colaborador de SMS (Contratante), o Coordenador da Base
(Contratante), o Coordenador dos terceirizados (Contratada) e o corpo de funcionários
alocados para desenvolver atividades na região específica da Base Operacional.
A conscientização trabalhada reforçava, em especial, a importância da
prevenção, além das informações acerca dos Planos de contingência para possíveis
emergências.
Um dos assuntos com grande relevância levantado nas reuniões
observadas pelo Autor era a prevenção de acidentes dos funcionários terceirizados.
Por meio de planilhas e powerpoints era trabalhado, nas reuniões, o histórico dos
acidentes e incidentes, que ocorreram dentro da Empresa e com outras do mesmo
ramo, e debatido as possíveis causas que poderiam provocar a materialização do risco
novamente.
52

Acerca dos treinamentos que eram planejados e executados na própria


Base Operacional, alguns destes que foram observados, trabalhavam com o uso de
EPI (Equipamento de Proteção Individual), EPC (equipamento de Proteção Coletivo),
como devem ser feitas as sinalizações durante o serviço, abertura e fechamento de
valas, como lidar durante odorização, paradas programadas da rede de fornecimento,
e treinamentos para equipamentos específicos. Um dos que foi presenciado, foi por
exemplo, um treinamento para o uso de equipamento de solda.
Durante o período de realização de estágio nesta Empresa, este Autor
notou também a importância do trabalho desempenhado pelos funcionários
terceirizados na Companhia, os quais, em sua maioria, realizados em campo, seja
para construir e aumentar a malha da rede de distribuição, ou para a sua manutenção,
trocando equipamentos, peças e estações. Assim, para realizar estas tarefas, seguem
alguns dos serviços prestados por eles que foram observados:
• Troca de peças presentes em estações em uso;
• Manutenção de equipamentos (leves e pesados) em almoxarifados;
• Atendimento a clientes;
• Operação da rede;
• Recarga de odorante;
• Abertura e fechamento de valas e,
• Pintura de peças e estações.

Abaixo podem ser conferidas algumas das possíveis causas do Risco de


Acidentes de Terceirizados e os métodos de controle, determinados nas reuniões,
presentes como contramedida:
53

Tabela 1: Possíveis Causas x Controles.

Risco de Acidentes com Terceirizados


CAUSAS PROVÁVEIS LEVANTADAS CONTROLES
Programa de Prevenção de Riscos
Verificação do documento com as
Ambientais (PPRA) não condizente
exigências presentes na NR-9
com a NR-9
Programa de Condições e Meio
Ambiente do Trabalho na Indústria da Verificação do documento com as
Construção (PCMAT) não condizente exigências presentes na NR-18
com a NR-18
Programa de Controle Médico e
Verificação do documento com as
Saúde Ocupacional (PCMSO) não
exigências presentes na NR-7
condizente com a NR-7
Certificado de Treinamento em
Verificação do documento com as
Espaço Confinado não condizente
exigências presentes na NR-33
com a NR-33
Treinamentos Básico de Combate a
Incêndio, Noções de Primeiros Verificação dos certificados, e se os
Socorros e Toxicologia não treinamentos estão de acordo com as
condizentes com as boas práticas de boas práticas de SMS
SMS
Plano de Resposta a Emergências
Verificação do PRE se está de acordo
(PRE) não condizente com a realidade
com as boas práticas de SMS
da atividade
Verificação do documento com as
CIPA não condizente com a NR-5
exigências presentes na NR-5
Plano de Gestão Ambiental (PGA) não
Verificação se está condizente com as
condizente com as boas práticas de
boas práticas de SMS
SMS
Laudo de Periculosidade não Verificação do documento com as
condizente com a NR-16. exigências presentes na NR-16
Laudo de Insalubridade não Verificação do documento com as
condizente com a NR-15 exigências presentes na NR-15
54

O não envio de cópias de Atestados -


Admissional, periódico, mudança de Verificação dos documentos se estão de
função, retorno ao trabalho e de acordo com as informações do PCMSO
demissão.
Verificação das condições do canteiro de
Falta de vistoria de SMS em Canteiro
obras com as informações do PPRA e
de Obras
PCMAT, além das exigências das NRs
Verificação das condições de trabalho na
Falta de Vistoria de SMS em Frentes
frente de obra e Atividade Operacionais
de Obras e Atividade Operacionais
com as exigências das NRs
Não realização da Análise e Verificação se está de acordo com as
Aprovação de APR boas práticas de SMS da Companhia
Reunião mensal para tratar dos assuntos
de SMS evidenciados no mês. Inclui-se
Não realização do Diálogo Mensal de
aqui também conscientização sobre a
Segurança
segurança, meio ambiente e saúde no
trabalho
Verificação nas atividades das condições
Falta de Inspeções de EPI's e utilização de EPI's, e se estão
condizentes com as exigências da NR-06
Falta de Aquisição de EPC Compra e instalação de EPCs
Emissão de relatórios evidenciando
Falta de Emissão de Relatórios desvios e desacordo com as exigências
das NRs
Não acompanhamento de Recarga de Fiscalização da atividade de recarga de
Odorante odorante
Levantamento de Inventário de resíduos
produzido pelas contratadas e realização
Não Realizar Inventário de resíduos
de compensações ambientais, seguindo
metas de redução
55

Falta de Avaliação e Análise de


Acidente Fatal
Falta de Avaliação e Análise de
Acidente com e sem Afastamento Emissão de Relatório de Investigação
Falta de Avaliação e Análise de sobre a ocorrência com sua análise,
Acidente com Perda Material, buscando correções e prevenção futura
Ambiental e/ou de Trânsito
Falta de Avaliação e Análise de Quase
Acidente ou Incidente
Realizar treinamentos específicos de
Não realização de treinamentos SMS, e Planos de Ação para a
Companhia e Terceirizados
Emissão de novas Instruções de
Não Atendimento das Instruções de Segurança e realizar revisões
Segurança da Companhia continuamente das Instruções de
Segurança da Companhia
Fonte: Conteúdo presente em Reunião Mensal de Segurança (2017).

3.2 ANÁLISE DO CASO

A Empresa trabalha com a metodologia do Professor Brasiliano, que


possibilita dar a visão de várias disciplinas de risco, trabalhando não apenas com foco
em riscos estratégicos, mas com todos os processos, tendo um olhar corporativo para
a Gestão de Riscos. Desta forma, entendemos o motivo pelo qual, dentro da gestão
de SMS, o terceirizado faz parte da análise para o negócio.
Assim, todos os fatores de risco identificados pela Organização, que podem
potencializar incertezas futuras, são considerados na análise de Gestão de Riscos,
incluindo aqui, excepcionalmente, o processo de SMS; não só para os funcionários,
mas para todos os envolvidos nos processos internos e externos da Companhia.
Este Autor já possuía algum conhecimento acerca da metodologia do
Professor Brasiliano, vendo ela em prática dentro da empresa estudada foi muito
interessante. Foi possível verificar que a segurança e saúde podem ser vistos de
56

forma estratégica e foi possível verificar a interconectividade entre os processos, e o


quanto um risco interfere em outro.
Observou-se durante o tempo de vivência junto à Empresa, no ano de
2017, que seus planos de ações são fundamentados em metodologias e estudos
elaborados considerando a segurança da RDGN (Rede de Distribuição de Gás
Natural), de seus colaboradores e da comunidade ao entorno da RDGN, isso foi
demonstrado no conhecimento do plano de contingência existente e nos demais
cursos e treinamentos vivenciados.
A Empresa mostrou-se à frente de outras no quesito de boas práticas em
saúde e segurança, pelo fato de fazer mais, não só o mínimo requisitado. Portanto, é
desejável que estas práticas deixem de ser apenas “boas práticas” e se tornem algo
corriqueiro no mercado de trabalho
57

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS


FUTUROS

Devido à atual situação, durante a qual este trabalho foi feito – Pandemia
COVID 19 (2020-2021), não foi possível o acompanhamento junto à Empresa
estudada. Além disso, houve reestruturação organizacional, com mudanças de
locação de pessoal, de cargos, razões pelas quais não foi houve a aproximação do
Autor deste trabalho com os colaboradores dentro da Companhia.
Com a oportunidade de vivência em uma Base Operacional da Companhia,
este Autor, durante seu estágio em 2017 tomou conhecimento do processo de Gestão
de Risco aplicado na empresa. Este fato somado ao interesse pelo tema fez o Autor
se aproximar do objetivo geral que era: Analisar o processo de gestão dos riscos a
que estão expostos os colaboradores durante o desempenho de suas atividades, nos
processos de manutenção e operação da rede de distribuição de gás natural, em uma
empresa distribuidora.
Se possível, no futuro, este Autor sugere realizar um acompanhamento in
loco, a fim de avaliar os controles existentes e sua eficácia para garantir que os riscos
estejam sendo controlados adequadamente, além de tomar conhecimento dos demais
riscos, dos quais o Autor não pôde obter informação.
Acerca da reestruturação organizacional, conforme mencionado
anteriormente, destaco que o gestor da área de SMS, no início de 2021 não é mais o
mesmo profissional que esteve lotado no cargo, durante o ano de 2020. O gestor,
dentro da Empresa, possui influência na validação da análise "qualitativa" dos riscos.
Tal análise, com a presença de um gestor diferente, pode apresentar resultados
diverso da Gestão anterior, fato esse que muda a perspectiva dos controles utilizados
e dos planos de ação aplicados. Sugiro, para tanto, que, em um momento oportuno
seja realizada uma pesquisa de como o posicionamento do Gestor interfere na análise
do risco.
58

REFERÊNCIAS

NR 01 - DISPOSIÇÕES GERAIS E GERENCIAMENTO DE RISCOS


OCUPACIONAIS

NR 05 - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES.

NR 09 - AVALIAÇÃO E CONTROLE DAS EXPOSIÇÕES OCUPACIONAIS A


AGENTES FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS.

NR 17 – ERGONOMIA.

ABNT. NBR ISO 31000 - Gestão de riscos: princípios e diretrizes. Rio de Janeiro:
ABNT, 2009 e 2018.

ADAMS, John. RISCO. São Paulo: Editora SENAC, 2009.

ABEGÁS - O gás natural e a transição energética. Acesso em: 09 de Janeiro de 2021.


Disponível em: https://www.abegas.org.br/arquivos/75040

ALMEIDA, Herbert, LEI DAS ESTATAIS: SAIBA TUDO SOBRE A NOVA LEI 1303
Acesso em: 24 de janeiro de 2021. Disponível em:
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/lei-das-estatais-13303/

ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis. Anuário


estatístico brasileiro do petróleo, gás natural e biocombustíveis.
Rio de Janeiro: ANP, 2018.

ARESC - Agência de Regulação de Serviços Públicos de Santa Catarina


Acesso em: 04 de janeiro de 2021. Disponível em: https://www.aresc.sc.gov.br/

BEN – Balança Energético Nacional


59

Acesso em: 09 de janeiro de 2021. Disponível em:


https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/balanco-
energetico-nacional-ben

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro, INTELIGÊNCIA EM RISCOS: gestão


integrada em riscos corporativos. 2ª edição, revisada. e ampliada com base no
COSO 2017 e ISSO 31000: 2018. São Paulo, Editora Sicurezza, 2018.

COSO ERM – Gerenciamento de Riscos Corporativos, Integrado com Estratégia e


Performance: Brasil; 2017.

CRUZ, Sybele. Gerência de Risco Industriais. Curso de Especialização em


Engenharia de Segurança do Trabalho. Florianópolis, 2020.

EPE - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Plano indicativo de processamento


e escoamento de gás natural decenal de expansão de energia – PIPE.
Rio de Janeiro: MME/EPE, 2019.

GAUTO, Marcelo - Gás natural e o preço para a reindustrialização brasileira


Acesso em: 06 de janeiro de 2021. Disponível em: https://epbr.com.br/gas-natural-e-
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IIA - Instituto dos Auditores Internos - MODELO DAS TRÊS LINHAS DO IIA, 2020.
Acesso em: 24 de janeiro de 2021. Disponível em:
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o,para%20destruir%20ou%20agregar%20valor.
60

OHSAS - OCCUPATIONAL HEALTH AND SAFETY MANAGEMENT SYSTEMS.


OHSAS 18001: requirements. London: British Standards Instituition, 2007.

PONTES, Anderson, Bolsista na Laboratório de Química Inorgânica e Físico Química


- Inglês Técnico - Equipamentos de uma sonda de perfuração (23 de maio de 2015).
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https://www.slideshare.net/dissonpontes/ingls-tcnico-equipamentos-de-uma-sonda-
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Na%20vers%C3%A3o%202009%2C%20parecia%20que,algo%20positivo%20para
%20a%20organiza%C3%A7%C3%A3o.&text=Neste%20ponto%20a%20redu%C3%
A7%C3%A3o%20ficou,vers%C3%A3o%202018%20restaram%20apenas%208.

TRANSPETRO - DIRETRIZES DE SMS


Acesso em: 04 de janeiro de 2021. Disponível em:
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seguranca-meio-ambiente-e-saude/diretrizes-de-sms.htm

OBSERVATÓRIO DO SETOR – Gás Natural


Acesso em: 06 de janeiro de 2021. Disponível em:
https://www.ibp.org.br/observatorio-do-setor/?ibp_pdados_do_setor_setor=gas-
natural

4 Verbos, blog de notícas e artigos - Qual a diferença entre onshore e offshore


Acesso em: 09 de janeiro de 2021. Disponível em: https://4verbos.com.br/blog/qual-a-
diferenca-entre-onshore-e-offshore/

TCU – Tribunal de Contas da União - Modelos de referência de gestão corporativa de


riscos.
61

Acesso em: 10 de janeiro de 2021. Disponível em:


https://portal.tcu.gov.br/planejamento-governanca-e-gestao/gestao-de-riscos/politica-
de-gestao-de-riscos/modelos-de-referencia.htm

THEOBALD, R. Excelência em Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS): uma


proposta com foco nos fatores humanos. Dissertação (Mestrado em Sistemas de
Gestão), Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal
Fluminense, Niterói. 2005.

RINALDI, Alexandra. A Importância da comunicação de risco para as organizações.


São Paulo: Sicurezza, 2010.
62

ANEXO
63

Anexo 1 – O Caminho do Gás Natural.

Fonte: EPE (2021).

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