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Guia de Manutenção: Manual de Revisão Pós Trilha


Escrito por Alessandro Roberto Fuchs
08-Nov-2008

Quem pratica esportes em geral sabe que o equipamento em dia é condição essencial para um bom
aproveitamento e até segurança.

Isso inclui seu equipamento de segurança, você mesmo (condição física e mental) e é claro, a moto.

A moto, quando utilizada de forma esportiva, é mais exigida. Isso tende a desgasta mais seus componentes, que uma
condução normal no trânsito. Esse desgaste é mais acentuado no fora de estrada, pois as suspensões são mais
forçadas. O motor trabalha em regimes mais elevados. Além disso, poeira e lama infiltram-se em partes móveis,
acentuando os desgastes.

Por isso, é fundamental revisar a moto após cada trilha, pois além de garantir sua segurança, a moto não vai te deixar
na mão e estragar o passeio.

Levar a moto a um mecânico toda semana acaba onerando ainda mais a prática do off-road, embora seja necessária a
revisão da moto, pelos motivos já mencionados.

Mas muita coisa pode ser feita em casa mesmo, bastando o piloto ter ferramentas e uma noção de mecânica.

GUIA DE MANUTENÇÃO: MANUAL DE REVISÃO PÓS TRILHA

Com a moto ainda suja (barro ou lama) é possível verificar se há vazamentos. É que a lama, com o tempo evapora a água e fica
somente o barro seco na moto. Mas se há óleo junto, ela não seca. Então procure por barro ainda úmido nos locais onde há juntas
e retentores, como nas bengalas, junta do cabeçote, junta cilindro, coletor de admissão. Achando o vazamento, anote para lembrar
depois onde é o local e fazer uma verificação quando for revisar a moto.

Proceda a lavação da moto da forma que lhe convém. Mas procure usa produtos neutros, específicos para lavar veículos. Produtos
de limpeza pesada (limpa baú, solupan, etc), acabam atacando vernizes e zincados, fosqueando a moto toda. Se usar aparelhos de
água pressurizada, evite apontar o jato de água próximo a partes móveis, como caixa de direção, eixo da balança (e seus links) e
cubos de roda. Além do jato forte retirar a graxa desses locais, pode empurrar sujeira para dentro, que acaba reduzindo a vida útil
de rolamentos e buchas.

Após a moto limpa e seca, é hora da revisão.

Eu costumo dividir a moto em três seções para fazer a revisão. Traço uma linha imaginária separando a suspensão e freio
dianteiros e uma separando a suspensão e freio traseiros. Entre as linhas, fica a segunda seção, que engloba motor, chassis, filtro
de ar, escapamento e a parte elétrica (ignição, partida e iluminação).

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Primeira Seção

Pneu: Com a moto sobre o cavalete (a roda dianteira suspensa), comece verificando o estado do pneu. Procure por rachaduras na
carcaça do pneu, ou objetos presos à ele, como pregos e pedras. Veja também o desgaste do pneu. A calibragem do pneu é muito
importante, mas não adianta calibrar e deixar a moto parada o resto da semana, por que irá perder pressão. A calibragem deve ser
feita no momento em que se vai para a trilha, com o pneu ainda frio. Mas como a moto vai ficar parada pelo menos uma semana,
eu calibro o pneu com mais pressão que normalmente uso nas trilhas, para que o peso da moto não deforme o pneu.

Roda (Aro): Gire a roda e verifique se há amassados ou trincas. Também veja o alinhamento. Nos dois primeiros casos, a troca do
aro é inevitável. Já quanto ao desalinhamento, é possível voltar a centralizar a roda, quando esse empeno não for muito grande.
Leve a roda a um mecânico para diagnosticar.

Raios: Procure por raios quebrados ou tortos. Verifique também se há raios frouxos. Para isso, bata com uma chave de fenda em
cada raio. Se estiver apertado, o raio vai reverberar. Se estiver frouxo, o som será de uma batida “seca”. Os raios frouxos devem
ser apertados. Mas cuidado! Não aperte muito um raio só, por que isso vai desalinhar a roda. O correto é ir apertando um raio de
cada vez, aos poucos.

Verificando o aperto dos raios

Rolamentos: Force um pouco a roda contra as bengalas (lateralmente) para verificar se há folga nos
rolamentos da roda. Se tiver folga, troque-os. Os rolamentos de roda normalmente vêm blindados dos
dois lados. Eu retiro a blindagem do lado interno do relamento (lado do rolamento que fica para dentro do
cubo) para fazer a troca da graxa a cada 3 usos da moto. Lave o rolamento com querosene para retirar a
graxa e aplique graxa nova específica para rolamento. Não lave o rolamento com água e se usar ar
comprimido para seca-lo, não o deixe girar em seco.

Freio à Disco: Verifique o estado das pastilhas de freio, quanto a rachaduras no material ou desgaste.
Consulte o manual de proprietário da moto para saber qual o limite de uso das pastilhas. Com uma lixa de
ferro sobre uma área plana (um vidro, por exemplo) lixe as pastilhas até tirar toda a sujeira. Ele deverá
ficar com uma coloração marron clara. Lixe também o disco, transversalmente, da borda para o centro.
Verifique a integridade do flexível de freio. Verifique o nível do fluído de freio no reservatório. Caso
necessário completar o nível, use o mesmo fluído que já existe. Evite misturar fluídos hidráulicos de
fabricantes diferentes.

Freio à Tambor: Se sua moto tiver freio a tambor, lixe as lonas de freio (sapatas) e o cubo da roda.
Passe um ar comprimido para retirar o pó a acumulado das lonas de freio. Evite respirar esse pó. Muitas
lonas são feitas à base de amianto, produto altamente cancerígeno. Verifique o desgaste das lonas e
substitua se estiver abaixo do limite indicado pelo fabricante da moto. Um par de sapatas de freio custa
pouco. Se insistir em usar lonas desgastadas, poderá danificar o cubo, o que custará bem mais para
consertar.
Verifique o cabo do freio, principalmente nas extremidades, se há fios de aço quebrando. Caso positivo, troque o cabo. Verifique a
integridade da capa (de plástico) do cabo. Se estiver rasgado, entrará sujeira e o cabo ficará pesado. Se isso ocorrer e o cabo (de
aço, interno) ainda estiver bom, passe uma fita isolante na capa para cobrir á área exposta. Se o cabo estiver pesado, na maioria
das vezes é possível recupera-lo (veja no item “cabo de embreagem”). Regule o cabo a seu gosto de pilotagem

Caixa de Direção: Gire lentamente o guidão para os dois lados. Preste atenção se há resistência quando
a direção está em linha reta. Isso é sinal de desgaste na coroa do rolamento. Caso positivo, troque os
rolamentos. Quanto a graxa, costumo substituir a cada 6 trilhas, pelo menos. Com as duas mãos nas
bengalas, force-as para frente e para trás para verificar se há folga na caixa de direção. Se houver, faça o
reaperto. Para isso, solte o parafuso central e os parafusos da mesa superior, pois apertando a porca do
rolamento, a mesa irá descer.

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Caso necessário, reaperte faça o reaperto da mesa superior

Bengalas: Verifique se há vazamentos nos retentores. Verifique se as bengalas estão alinhadas.


Verifique o estado do cromado dos tubos internos. Troque o óloeo entre 25 a 60 horas de uso,
dependendo do uso da moto (cross, trilha, enduro) e da qualidade do óleo usado.

Segunda Seção

A segunda seção engloba muitos componentes e são os que mais exigem experiência em mecânica.

Filtro de Ar: Limpe-o, a cada trilha. Verifique sua estrutura. Se verificar que há furos, rasgos ou deterioração, troque-o Não
esqueça de limpar também a caixa do filtro.

Vela de Ignição: Retire a vela e limpe-a. Regule o eletrodo lateral conforme indica o manual do proprietário da moto. Normalmente
é entre 0,7 e 08mm. Nos motores dois tempos, há acúmulo de carvão ao redor do eletrodo. Com uma ferramenta pontiaguda, raspe
o carvão, tendo cuidado para não quebrar o isolante.

Escape: Verifique se não há vazamento de gases na janela de escape, e na junção com a ponteira. Se a ponteira estiver muito
barulhenta, troque a lã de vidro. A maioria das ponteiras tem as tampas rebitadas ou parafusadas, o que facilita a abertura para a
troca da lã. Veja também se o escape não está muito amassado ou com trincas.

Carburador: A limpeza do carburador é necessária após cada trilha. O serviço requer experiência mecânica mais avançada,
principalmente nos carburadores de motos 4 tempos, por causa da regulagem mais elaborada da mistura ar/combustível.

Cabo do Acelerador: Verifique o cabo de aço, principalmente nas extremidades, se há fios de aço quebrados. Caso positivo,
troque o cabo. Verifique a integridade da capa (de plástico) do cabo. Se estiver rasgado, entrará sujeira e o cabo ficará pesado. Se
isso ocorrer e o cabo (de aço, interno) ainda estiver bom, passe uma fita isolante na capa para cobrir á área exposta. Se o cabo
estiver pesado: veja o procedimento no item “cabo de embreagem”. Regule o cabo, deixando uma folga de 2 a 3mm. Com a moto
ligada em marcha lenta, vire o guidão para os dois lados. Se a aceleração aumentar, a folga deverá ser maior ou o cabo poderá
estar passando pelo local errado.

Torneira de Combustível: Verifique a “dureza” no acionamento da torneira. Limpe o filtro interno e se necessário, desmonte toda a
torneira para uma limpeza. Verifique a vazão da torneira .

Coletor de Admissão: Verifique a integridade do coletor. Se estiver ressecado ou trincado, troque-o.

Palhetas de Admissão (motores 2 tempos): O bom estado das palhetas é primordial para o bom desempenho da moto. Retire a
válvula das palhetas e verifique se elas estão fechando bem, se não há trincas ou esteja faltando partes.

Sistema de Arrefecimento (motos refrigeradas à água): Verifique a fixação do(s) radiador(res), o estado da colméia e da tampa.
Verifique o estado das mangueiras e se estão bem fixadas. Verifique se o vaso de expansão não tem rachaduras. Verifique o nível
da mistura água/aditivo. Se necessário complete usando aditivo na proporção indicada pelo fabricante da moto.

Óleo do Motor: Por ser mais exigido óleo deve ser trocado com mais regularidade (a cada duas trilhas nas motos 4 tempos e a
cada 6 trilhas nas motos 2 tempos). Verifique o nível e a coloração. Complete se necessário, com o mesmo tipo de óleo. Se estiver
com a cor marron clara ou bege, é sinal que pode estar entrando água pelo respiro do cárter, ou pelo sistema de arrefecimento (nas
motos refrigeradas a água). Mas muitas vezes isto acontece pelo choque térmico do motor estar quente e passar por um riacho
com água muito fria, por exemplo. O choque faz com que o ar aquecido que está dentro da caixa de câmbio se condense,
formando água.

Válvula de Escape (motores 2 tempos): Verifique o funcionamento e o estado da válvula de escape. Se for eletrônica, verifique o
estado e a regulagem dos cabos de acionamento e a integridade do servo-motor.

Cabo de Embreagem: Verifique o cabo de aço, principalmente nas extremidades, se há fios de aço quebrado. Caso positivo,
troque o cabo. Verifique a integridade da capa (de plástico) do cabo. Se estiver rasgado, entrará sujeira e o cabo ficará pesado. Se
isso ocorrer e o cabo (de aço, interno) ainda estiver bom, passe uma fita isolante na capa para cobrir á área exposta. Se o cabo
estiver pesado: Com ajuda de uma seringa, insira óleo bem fino (baixa viscosidade, como óleo 2 tempos, por exemplo) no cabo até
que saia óleo limpo na outra extremidade do cabo. Além do cabo ficar bem mais leve, a vida útil é prolongada. Regule o cabo a seu
gosto de pilotagem.

Elétrica: Verifique o estado dos chicotes elétricos e dos terminais. Isole todos os terminais com fita isolante para evitar que a
sujeira interfira na condução da energia. Verifique se os componentes (CDI, Regulador/Retificador de voltagem) estão bem fixos na

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moto. Se a moto tiver bateria, verifique o nível de água (se for necessário completar, use água destilada, vendida em farmácias).
Se possível, teste a voltagem e a amperagem da bateria. Veja se os terminais da bateria não estão oxidados. Verifique se as
lâmpadas estão funcionando.

Chassis: Inspecione o chassis procurando por trincas e quebras.

Após a moto toda revisada, ligue o motor e preste atenção a ruídos estranhos. Se constatar algo irregular, procure um mecânico de
confiança.

Descarbonização (motores 2 tempos): Não vamos adentrar neste assunto, pois exige mais conhecimento mecânico.

Regulagem de Válvulas (motores 4 tempos): Não vamos adentrar neste assunto, pois exige mais conhecimento mecânico.

Terceira Seção

Roda, Pneu e Rolamentos: Faça as mesmas inspeções e procedimentos conforme descrito para a roda dianteira

Balança: Inspecione a balança procurando por trincas e quebras. Force a balança para os lados para
verificar se há folga nas buchas. Se houver, troque-as. Retire a balança limpe-a e coloque graxa nova a
cada 4 trilhas.

Links: Com a roda traseira suspensa, tente levantar a roda com as mãos (forçando para cima) e verifique
se há folga nos rolamentos/buchas dos links. Se houver, troque-os. Retire os links limpe-os e coloque
graxa nova a cada 4 trilhas.

Amortecedor: Veja se há vazamento de óleo. Verifique a fixação do amortecedor e o estado das buchas
onde passam os parafusos de fixação.

Freio: Faça as mesmas inspeções e procedimentos conforme descrito para o freio dianteiro (à disco ou à tambor).

Kit Corrente: Limpe bem a corrente usando querosene e um pincel. Se for retirar a corrente da moto, marque a posição dela, pois
ela desgasta em conjunto com o pinhão e a coroa. Se colocar em outra ordem, o desgaste será mais rápido. Verifique o desgaste
do kit. Regule e lubrifique a corrente.

Reaperto Geral: Verifique o aperto de todos os parafusos visíveis da moto.

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Comentários (2)
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MUITO BOA!
escrito por Danniel , 28 de janeiro de 2009
Uma maeria exelente,principalmente para mim que ainda não tenho tanta experiencia, com essas dicas concerteza
vou tratar melhor minha DT, e o que mais gostei foi as especificações para motos 2t e 4t. Com certesa você ajudou muito os
membros e visitantes deste Site!

BOAS TRILHAS!
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Parabéns!
escrito por zago180 , 12 de novembro de 2008
Bom Alex, p/ variar, só passando p/ te dar novamente os Parabéns pela matéria, como sempre, muito boa, essa
principlamente p/ novatos em trilhas!
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Atualizado em ( 22-Nov-2008 )

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