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ISSN: 2446-6549

CHAMADA PARA SUBMISSÃO Nº 03/2023


Submissão de artigos: InterEspaço: Revista de Geografia e Interdisciplinaridade
https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/interespaco

DOSSIÊ
SOCIEDADE, RECURSOS NATURAIS E DESENVOLVIMENTO NA(S)
FRONTEIRA(S) DA AMAZÔNIA BRASILEIRA

A InterEspaço: Revista de Geografia e Interdisciplinaridade, da Universidade Federal do


Maranhão (UFMA), torna pública a chamada de nº 03/2023, para seleção de Artigos que
irão compor o volume 10, número especial (2024.1) do dossiê temático “Sociedade,
recursos naturais e desenvolvimento na(s) fronteira(s) da Amazônia brasileira”, sob
organização de:

Prof. Dr. André Cutrim Carvalho, Universidade Federal de Pará (UFPA).


Prof. Dr. Christian Nunes da Silva, Universidade Federal de Pará (UFPA).
Prof. Dr. João Marcio Palheta da Silva, Universidade Federal de Pará (UFPA).

1. Apresentação

No Brasil, assim como em países considerados “desenvolvidos” ou “em


desenvolvimento”, o avanço da fronteira tem ocorrido por meio da lógica de mercado, isto
é, da acumulação de capital. Isso mostra que a fronteira de um país deve ser observada
como o limite exterior do território já ocupado por instituições sociais, econômicas e
politicas, isto é, um espaço geográfico “vazio” – em termos de densidade demográfica –,
mas que se encontra em constante processo de ocupação e de transformação geográfica.
A fronteira costuma ser um ponto de encontro entre a barbárie e a civilização; ou
entre a acumulação primitiva de capital e o próprio capitalismo em seu formato mais
visceral, justamente por ser um território em formação e construção de uma identidade, ou
seja, por ser fronteira!
Este conteúdo – como fundamento para uma teoria da fronteira – é o progresso
histórico da humanidade. A base objetiva da teoria da evolução socioeconômica
compreende a análise do ser humano como uma espécie de constructo social. De fato, é da
interação do homem com a natureza que se produz um progresso social com a evolução
dos tempos.
Desta forma, é preciso pensar a fronteira como categoria histórica e que está em
constante processo de ressignificação social, econômica ambiental e, até mesmo,
democrática, como tem sido o caso das fronteiras na Amazônia brasileira. Essa dinâmica,
segundo pesquisadores e estudiosos das mais variadas matizes de pensamento, é
caracterizada pelo “avanço da fronteira”.
Na Amazônia, o contexto de utilização da terra na dinâmica de avanço do capital na
fronteira segue sendo errático, pois – para muitos – a fronteira continua servindo de
instrumento para a maximização da produção econômica, local de exploração imediata e
ilimitada dos recursos naturais e, por conseguinte, de poder nesta sociedade em
metamorfose.
O poder, no caso em voga, pode ser compreendido como a capacidade de um
indivíduo (ou uma organização) de impor extrapolações ou projeções de sua estrutura
interna ao seu meio ambiente. Por conta disso, o poder, inclusive na forma do Estado, é
uma relação entre lutas e práticas das classes sociais vigentes no capitalismo
contemporâneo.
Isso é assim porque o Estado é, também, uma forma institucional de condensação
de uma relação de forças que geram pressões e se manifestam sobre diversas formas e
situações vigentes em uma sociedade capitalista. O contexto de utilização da terra na
dinâmica de avanço capitalista da fronteira amazônica costuma ser compreendida como um
instrumento de maximização da produção econômica, fonte de recursos ilimitada e,
preponderantemente, um mecanismo de especulação fundiária, ou seja, de poder nesta
sociedade em processo de construção.
Cabe ressaltar que os elementos que influenciam a configuração de quem (ou quais
grupos da sociedade) tem mais ou menos força nos mercados e o que é demandado por
esses grupos são denominados de fatores dinâmicos do padrão de desenvolvimento. Esses
fatores incluem o crescimento do produto, da renda per capita, da distribuição da riqueza,
das oportunidades de emprego, das preferências dos consumidores que terão mais ou
menos renda para sustentar essas demandas, e dos hábitos e escolha dos produtos
importados do exterior.
Em suma, os principais fatores que determinam os efeitos das atividades humanas
sobre os recursos naturais estão relacionados com o crescimento econômico, o tamanho da
população, o tamanho da área florestal desmatada, da renda per capita, da população
humana, da tecnologia disponível, da cultura do país, das instituições, é claro, do nível de
renda e da distribuição da renda.
A fronteira, portanto, é o conceito que deve ser aplicado para as regiões cujas
condições sociais, econômicas geográficas e, também, políticas resultam da aplicação das
mais antigas instituições e de tentativas para transformar a influência da terra livre,
sobretudo para aqueles que detêm poder.
Nesse espaço, o acesso à posse da terra é a “porta de entrada”, repentinamente
aberta, para a liberdade de oportunidades e para o surgimento de novas atividades,
alternativas de crescimento, novas instituições e ressignificações trazidas para a existência
real, inclusive para o entendimento sobre os novos tipos de fronteiras na região.
De fato, o movimento de ocupação territorial da fronteira não ocorreu (e mesmo
hoje não ocorre) exclusivamente por meio de contingentes de famílias de pequenos
lavradores – enquanto unidade de produção familiar – mas sim através de uma combinação
entre diversos segmentos sociais da sociedade, tais como: pequenos produtores de base
familiar, empresários, pequenos, médios e grandes fazendeiros, posseiros, especuladores de
terra, investidores capitalistas e homens despossuídos de meios de produção. Todos em
busca de terra, trabalho e uma propriedade para chamar de sua com o objetivo de ocupar,
produzir, especular, enfim, “viver” das (e nas) fronteiras da Amazônia.
Entretanto, muito embora o lócus por excelência da terra e da propriedade privada,
aparentemente ilimitada, seja a fronteira, a ideia de riqueza e abundância para tudo e todos
é extremamente difícil para uma ampla maioria da população, sobretudo para o espectro
social mais pobre e vulnerável social e economicamente. Fica evidente que os movimentos
de acumulação capitalista moldaram tipos, formas e certas especificidades na infraestrutura
socioeconômica e ambiental da fronteira, relevando consigo o seu caráter histórico.
Dito isso, a fronteira deve ser compreendida em sua forma mais abrangente, ou
seja, como uma relação social de produção capitalista. Isso é assim porque a estrutura desta
sociedade em construção no território da fronteira é “dominada” e “influenciada” nos
termos que a lógica de acumulação do capital impõe, seja ao meio social, econômico,
geográfico; seja ao meio ambiente e os seus recursos naturais.
No entanto, mesmo com tantas adversidades no decorrer da formação histórica da
fronteira na Amazônia brasileira, pode-se afirmar que a promoção da democracia, a luta
por melhores condições de vida, o direito à propriedade da terra, o uso sustentável dos
recursos naturais, representa uma importante e necessária conquista para os povos da
região, especialmente os povos originários e outras comunidades residentes nas fronteiras.
Logo, o Dossiê: SOCIEDADE, RECURSOS NATURAIS E
DESENVOLVIMENTO NA(S) FRONTEIRA(S) DA AMAZÔNIA BRASILEIRA,
tem como principal objetivo reunir uma série de publicações que possibilitem entender a
fronteira como categoria histórica e teórica.
Nestes termos, a proposta de submissão de artigos para o presente Dossiê deve
remontar às discussões clássicas e contemporâneas sobre as frentes de expansão, pioneiras
e de exploração, perpassando também pela compreensão da diversidade cultural e
ambiental na constituição da fronteira, até entendimentos de cunho geográfico, econômico
e histórico sobre o assunto.
A(s) fronteira(s) da Amazônia brasileira deve(m) ser vista(s), portanto, como
espaços dentro de um território e de uma sociedade em permanente processo de
transformação geográfica, que são historicamente marcados por diferentes cenários de
desigualdades territoriais e sobreposição de identidades culturais entre os povos dessas
mesmas fronteiras.
A abordagem pretendida para submissão de artigos deve ser plural e pautada pela
interdisciplinaridade. Assim, todos os textos enviados a InterEspaço: Revista de
Geografia e Interdisciplinaridade devem estar adequados ao foco deste dossiê e às
normas da revista.
Por fim, não menos importante, esta Comissão deseja boa sorte e recomenda ampla
participação de todos(as)!

2. Cronograma

Lançamento do edital Setembro de 2023


Data limite de submissão de artigos 10 de dezembro de 2023
Publicação do Dossiê Primeiro semestre de 2024

3. Critérios de Submissão/Seleção dos Textos Originais e Inéditos

a) Os manuscritos devem ser enviados exclusivamente através do sistema de


submissão da InterEspaço: Revista de Geografia e Interdisciplinaridade. O autor
responsável pela submissão deverá selecionar a seção temática com o tema do
dossiê: “Sociedade, recursos naturais e desenvolvimento na(s) fronteira(s) da
Amazônia brasileira”.
b) Os textos devem seguir as diretrizes para submissão e orientações técnicas do
periódico, disponíveis no seguinte link:
https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/interespaco/about/submissions
c) Serão recebidos artigos originais e inéditos redigidos em português, espanhol e
inglês;
d) Os artigos serão submetidos à apreciação dos organizadores do dossiê e
pareceristas convidados;
e) Serão selecionados os artigos recomendados para publicação, buscando combinar
abordagens multidisciplinares e diversidades teóricas;
f) Os artigos que não atenderem às normas de apresentação serão recusados;
g) Dificuldades e/ou dúvidas sobre o processo de submissão podem ser enviadas para
o e-mail: revista.interespaco@gmail.com

4. Disposições finais

a) A decisão editorial caberá aos organizadores do Dossiê, consultados os pareceristas


e à Equipe Editorial do periódico.

São Luís, 19 de setembro de 2023.

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