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REPRESENTAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS SOBRE A PAISAGEM A PARTIR

DOS SABERES INDÍGENAS KOKAMA

Objetivo Geral
 Compreender as relações e saberes produzidos pelo povo kokama sobre as
mudanças na paisagem;

Objetivos Específicos

 Identificar e apontar as principais ocorrências que ocasionam as modificações


das áreas de uso sustentável em volta das comunidades;

 Compreender os saberes ambientais produzidos na percepção sobre as mudanças


no ambiente;

 Descrever os conhecimentos utilizados;

 Analisar as percepções destes saberes do ponto vista local;

Justificativa

Buscando apontar a diversidade espacial/ paisagística, em que as áreas de várzeas


ocupam, e o quanto refletem nas complexidades sociais, culturais, econômicas e
territoriais; o objetivo deste trabalho manifesta-se na perspectiva de compreender as
problemáticas ocorridas ao longo dos anos nas comunidades ribeirinhas que
simultaneamente passam pelos períodos sazonais, lembrando que, este estudo é
inédito nesta vertente investigativa das duas comunidades indígenas kokama,
estudando as problemáticas naturais ocorridas a cada anualmente uma vez, que, o
território onde vivem é um espaço de constante transformação geográfica devido aos
acontecimentos naturais que modificam os ambientes comunitários, os ambientes de
trabalhos e os ambientes de pesca.
E importante salientar que ao completar-se as etapas deste trabalho, será possível
compreender como as comunidades se desenvolvem diante de inúmeros desafios que os
acompanham nas longas jornadas de existências, compreender também, como os
conhecimentos sócios históricos são transmitidos, partindo das organizações que,
perpassam de pais para filhos, possibilitando a continuação de legados que em muitos
casos contribuíram para o desenvolvimento dos espaços sociais comunitários.
Nesta vertente investigativa, é importante apresentar as atividades desenvolvidas
pelos povos indígenas kokama, sendo elas: a pesca, a caça a agricultura, a colheita
de sementes, a extração de recursos naturais(remédios, cascas e ervas medicinais),
como um fator simbólico e diversificado que particularmente liga estes indivíduos
com os territórios onde vivem, uma vez que, estes grupos comunitários,
enfatizando a área de estudo, encaram constantemente os desafios naturais
recorrentes nos períodos hidrológicos naturais.
Entretanto, esta obra de pesquisa busca explanar as particularidades do modo de vida
dos indivíduos como fator simbólico cultural, de resistência, de subsistência, e do
conhecimento sócio histórico; na prerrogativa de aludir as importâncias dos grupos
sociais ao se organizarem em variados espaços geográficos, que vão desde as áreas de
várzea, onde os períodos hidrológicos, de enchente e seca, são frequentes, até aos
espaços da terra firme, terra esta que pouco sofre com os períodos mencionados acima.
Entretanto, esta obra de estudo caminha na busca da compreensão diversificada e
nas explanações das combinações socioespaciais, culturais e ambientais, das
comunidades como área de estudo, combinando saberes e percepções desses
indivíduos no espaço onde vivem.
Neste gancho, à temática de estudo, está atrelada na busca da compreensão das
organizações comunitárias, e como elas se deslocam mediante ao enfretamento das
intempéries do tempo, para se ter um entendimento diversificado dos saberes aplicados
nos momentos em que os desafios se manifestam, tai, como; (os períodos hidrológicos),
na perspectiva de auto vivenciar e entender as dinâmicas de resistências aplicadas pelos
indivíduos para garantir as suas próximas gerações a favor de todas as comunidades
indígenas Kokama dentro da área de estudo.
No entanto, o papel principal da pesquisa, apresentará características minuciosas e
relevantes, no que diz respeito, ao etnoconhecimento de cada uma comunidade,
possibilitando enxergar fatores interativos, ou seja, como essas organizações dialogam
entre si, e como acontecem esses encontros, na intenção de elucidar possíveis
equilíbrios ou desequilíbrios sociais pré-existentes nas comunidades.
No entanto, o equilíbrio de relação entre os povos Kokama e a natureza, são
diversos partindo das iniciativas que são aplicadas por estes povos em seus espaços
de trabalhos, como uma ação conservacionista cultural que ultrapassa gerações,
como herança valiosa que reflete na permanência dos grupos no espaço natural
onde vivem.
Possibilitando também, compreender o quão é importante para estas organizações, a
permanência dos espaços florestais preservados, onde a fauna e a flora, em
reciprocidade com as comunidades, possibilitam longos legados históricos que contam
desde à criação das comunidades até a chegada dos Europeus nestas regiões.
Manifestando de maneira criteriosa os fatores que desencadeiam grandes mudanças nas
formas de vida, nas técnicas de trabalhos, nos contextos históricos e culturais relevantes
para a construção de pequenas e grandes comunidades que existem ao longo das
margens do Rio Solimões. Comunidades estas, que, apesar de apresentarem
fragilidades, no que diz respeito, a segurança, tornam-se símbolos de “resistência”,
sendo elas, muitas das vezes, a única presença do Estado em determinadas regiões,
resistindo como guardiãs de uma imensidão verde, que abriga uma biodiversidade
impressionante e admirável, como a Amazônia.
Portanto, diante dos acontecimentos naturais que originaram esta linha de pesquisa, este
estudo procura refletir sobre as dimensões que representam o modo de vida rural da
região Amazônica, enfatizando o mundo dos trabalhos das comunidades Indígenas
Kokama da mesorregião do Alto Solimões, sobre suas atividades as quais denominam-
se de “etnoconhecimento”, que representa não só na capacidade dos modos de vida
específicas das comunidades em área de várzea em um ambiente sazonal, e sim pela
capacidade de se reproduzirem, se organizarem e se adaptarem através das atividades
exercidas nos espaços físicos sociais onde se agrupam.

REFERENCIAL TEORICO

O desenvolvimento desta pesquisa, nos processos de compreensão entre as organizações


sociais amazônicas, reconhecidas como comunidades, podem ser entendidos pelas
formas dos conhecimentos teóricos que aprofundam ainda mais o campo da pesquisa
alargando as concepções estabelecidas entre: território, saber ambiental e as
percepções ambientais, nos processos harmônicos empregados pelas organizações
comunitárias.

No que diz respeito a territórios, Casimir (1992) mostra como a territorialidade é uma
força latente em qualquer grupo, cuja manifestação explícita depende de contingências
históricas. Nestas palavras definidas, pode-se entender que, os espaços territoriais são
construídos aos longos dos anos implicando em um contexto histórico que muitas das
vezes, é marcado por grandes incidentes devastadores; desde a apropriação clandestina,
onde é imensurável as perdas biológicas, cientificas, medicinais e; até a perda de vidas
humanas étnicas, que na atualidade, apesar de grandes movimentos e organizações
defensoras do meio ambiente, ecoam nas sombrias selvas amazônicas como um todo.

Segundo Leff (2012), o saber ambiental apresenta em si um caráter de integração,


apresentando e problematizando o conhecimento fragmentado em diversas disciplinas e
administrado setorialmente, visando constituir teorias e práticas voltadas para a
rearticulação das relações sociedade e a natureza. Neste contexto, o autor a partir da
problemática ambiental, apresenta suas preocupações e deixa um alerta destacando as
organizações nos padrões científicos atuais, sendo estes um dos grandes problemas a
serem resolvidos e bem administrados em favor do ambiente e a natureza.

Entretanto, as grandes discussões ambientais ressurgiram nas últimas décadas,


enfatizando o século XX, como um tema gerador de grandes especulações
governamentais, sendo muitas das vezes, gerido de má forma, utilizado como moeda de
troca ou até mesmo uma barganha capitalista, isso porque, as problemáticas ambientais
são difíceis de serem geridas quando em questão, o capitalismo está em jogo.

Neste sentido, o ambiente onde vivemos vem sofrendo grandes alterações aos longos
dos tempos, e estas mudanças alteradoras estão diretamente ligadas às ações humanas
em particular, gerando uma degradação ambiental, e consequentemente,
comprometendo o modo de vida da humanidade. E essas mudanças ambientais, de certa
forma, estão gerando grandes especulações futurísticas no que diz respeito ao futuro da
humanidade; em particular, o mundo vem sofrendo grandes desastres ambientais
causado pelo homem, e que gera grandes catástrofes ambientais, tudo porque, a falta de
comprometimento com o meio ambiente tem sido deixado em segundo plano, o que
muitas das vezes acontece, é que a ganancia pelo capitalismo é tão exagerada que os
envolvidos esquecem das problemáticas que podem acontecer em torno de si mesmos.

Para Vygotsky, a compreensão de meio ambiente acontece a partir de seus estudos


sobre as ações e os comportamentos das escolhas, no diz a respeito a um determinado
espaço-tempo histórico, um lugar definido onde ocorrem as relações dinâmicas e as
interações resultantes das atividades humanas da natureza (BARBOSA, 2011).

Assim sendo, as percepções diferenciadas sobre a natureza, e o seu uso de apropriação


dependem de contextos ecológicos, geográficos, culturais, econômicos e políticos
específicos. É nesse sentido que as leis limite da natureza e da cultura, que as categorias
de território, de hábitat, estabelecem o vínculo entre um real sem essências e atores
sociais que configuram e forjam estratégias diferenciadas para a apropriação social da
natureza (Escobar, 1999a; Gonçalves, 2001).

METODOLOGIA

O método de abordagem

Para coletar dados junto às atividades e as mudanças socioambientais das


comunidades mencionadas, optou-se pelos métodos de pesquisas, sendo elas, à
qualitativa; por oferecer três diferentes possibilidades de realização: a documental, o
estudo de casos e a etnografia. Cabe enfatizar que para Triviños (1987, p. 133) o
pesquisador, que utiliza o enfoque qualitativo, poderá contar com uma liberdade
teórico-metodológica para desenvolver seus trabalhos. Já a quantitativa se fará uma
investigação, que tem por base a quantificação de dados na experimentação e na
mensuração do controle rigoroso dos fatos. Segundo Knechtel (2014), esse tipo de
pesquisa foi a base do pensamento científico até a metade do século XX e é
caracterizado pela passividade e neutralidade do pesquisador diante da investigação da
realidade. Em consonância com os demais métodos de pesquisa, opta-se em trabalhar
com a matriz FOFA OU SWOT que se caracteriza como (pontos fortes, fracos,
ameaças e oportunidades). Segundo Chiavenato (2000), a sigla S.W.O.T., deriva da
língua inglesa e traduz-se: Strenghts (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities
(oportunidades) e Threats (ameaças). Esta matriz foi mencionada pela importante
capacidade de apresentar informações precisas para o corpo do projeto.

Os métodos de pesquisas escolhidos, favorecem na liberdade ampla de se mover por


diversos ramos do conhecimento, possibilitando assumir várias posições no decorrer
do percurso a ser estudado, possibilitando não apenas uma única resposta para os
objetivos propostos, mais sim, na diversificação de informações precisas que
possibilitarão uma maior compreensão dos objetivos.

(TRIVIÑOS, 1987) através do uso da história oral e de história de vida, através da


memória social. A noção de memória social possibilita segundo Halbwachs (1990),
uma interpretação da memória como uma construção coletiva sobre o passado feita a
partir das condições sociais que o grupo vivencia no presente. Ao mesmo tempo, a
lembrança do passado informa o grupo sobre o seu presente, de forma que passado e
presente se constroem mutuamente, são socialmente percebidos por meio de
informações que um projeta sobre o outro; na sua função de explicar o presente, a
memória que às vezes se apresenta na forma de relatos míticos equivale à herança de
uma visão cultural que define a visão e a interpretação que o grupo pode ter sobre os
fatos.

Neste caso, é uma regra implícita pressupor uma memória partilhada entre os
participantes em qualquer ordem social. Se as memórias que têm do passado da
sociedade divergem, os seus membros não podem partilhar experiências ou opiniões.
Esse efeito observa-se, talvez de forma mais evidente, quando a comunicação entre
gerações é dificultada por diferentes conjuntos de memórias.

Cabe em um primeiro momento o levantamento bibliográfico dos conceitos em


questão aplicando, sistematicamente, à delimitação do tema proposto, bem como a
identificação das informações referentes à localidade onde se configurará o estudo,
permitindo desta maneira o estabelecimento de um referencial teórico adequando-o à
realidade da pesquisa.

Portanto, é importante salientar que as áreas de estudo como objeto de pesquisa, foram
selecionadas a partir das mudanças ocorridas ao longo dos tempos em torno das
comunidades, e partindo destes conceitos, o referente estudo será fundamentado em
novas buscas exploratórias que apresentarão definições e construções de conceitos que
irão direcionar a uma maior compreensão da problemática estudada.

Área de estudo
A referente pesquisa será realizada em duas comunidades indígenas kokama, Tauarú e
Sacambú I ; localizadas na mesorregião do Alto-Solimões no Município de Tabatinga-
Am. Diante disso, salienta-se que o universo da pesquisa busca envolver os moradores
das comunidades a serem estudadas, fazendo uma busca seletiva pelos mais antigos e
também com os mais jovens, para assim, adentrar em mundos de concepções diferentes
diante da realidade vivida nos espaços da pesquisa; dando ênfase nos indivíduos mais
antigos de cada comunidade para o aprofundamento de informações que possam dar
uma maior compreensão do campo de pesquisa estudado.

Procedimentos metodológicos

Para atender os objetivos da pesquisa, serão adotados os seguintes métodos:

 Levantamento bibliográfico, buscando encontrar embasamentos teóricos que


possibilitam o entendimento da problemática a ser estudada.

 Realização de um pré-teste nas áreas da pesquisa, tendo como objetivo o


levantamento de dados primários para eliminar possíveis (erros) que poderão
comprometer um resultado assertivo e fidedigno.

 Organização de materiais a serem utilizados na pesquisa: Neste momento, serão


organizados questionários que possibilitarão a coleta de dados estatísticos das
comunidades.

 Diário de campo: neste momento, serão coletados dados descritivos.

 Caminhada pelas comunidades com as principais lideranças comunitárias


existentes.

 Cartografia social: entendida como uma ferramental crucial para o planejamento,


transformação social, investigação, ação participativa, e no desenvolvimento
comunitário (LANDIM NETO et al, 2013).
REFERÊNCIAS

CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 3ª ed. S. Paulo:


McGraw-Hill do Brasil, 2000.

TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa


qualitativa em educação, São Paulo: Atlas, 1987.

HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Biblioteca Vértice 1990.

LANDIM NETO, F.O COSTA, N. O; PEREIRA FILHO, N.S; GORAYEB, A. A


cartografia social na comunidade Waldemar de Alcântara: instrumento de luta por
melhores condições de vida. Anais do Primer Congresso de Extensión de la Associación
de la Universidad del Grupo Montevideo –AUGM. Extenso 2013, 8p.

Disponívelemhttp://formularios.extension.edu.uy/ExtensoExpositor2013/archivos/
519_resumen892.pdfAcesso em 29 de maio de 2022.

KNECHTEL, Maria do Rosário. Metodologia da pesquisa em educação: uma


abordagem teórico-prática dialogada. Curitiba: Intersaberes, 2014.

VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos


superiores. 2. Ed. brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 1988. 168 p.

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