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2023
Introdução
Um episódio especial sobre o ensino do perdão está relatado em
João capítulo 8 e serve para ilustrar como os pecados eram tratados no
tempo do Antigo Testamento.
Uma mulher fora pega em adultério e levada até Jesus. Seus
acusadores disseram que a lei mandava que tais pecados fossem
castigados com apedrejamento. Jesus não responde imediatamente, fica
em silêncio por um tempo. Aquela situação era um teste. Queriam pegá-
lo contrariando a lei. Então, ele finalmente responde:
“Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar
pedra nela".
João 8:7
Depois que todos se retiram, ele se volta somente para a mulher e
diz:
“Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de
pecado".
João 8:11
Aquela era a opinião de Jesus a respeito do assunto. Ele não era
permissivo com o pecado somente por dizer “eu não te condeno”, mas
iria morrer por ela e por todos nós removendo a condenação. Por isso
não levaria em conta a vida de pecados anterior e ensinaria a maneira
de viver em novidade de vida.
Deus seria justo se nos punisse pelos nossos pecados. Ele ainda
seria um Deus justo e bom. Se nós não recebemos de Deus o que
merecíamos pelos nossos pecados, não devemos dar as pessoas o
que elas merecem. Devemos dar graça, bondade e misericórdia. Isso
não significa que agora exista uma tolerância com o pecado. Note que
Jesus disse que não a condenava, mas também pediu dela uma nova
postura dali em diante.
I- O perdão de Deus nos torna devedores de perdão ao
nosso próximo
Creio que todos se lembram de como Jesus nos ensinou a orar,
dizendo entre outras palavras:
Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos
devedores.
Mateus 6:12
A expressão “assim como” nos mostra que há uma relação entre
o perdão de Deus para os nossos pecados e o perdão que liberamos para
quem peca contra nós. Deus nos perdoa da mesma maneira como nós
também praticamos o perdão. O texto da conhecida oração do “Pai
nosso” desenvolve esse pensamento nos versículos seguintes do
evangelho de Mateus.
Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial
também lhes perdoará.
Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes
perdoará as ofensas". Mateus 6:14,15
O perdão é assunto recorrente nos ensinos de Jesus, como escrito
também por Lucas:
Sejam misericordiosos, assim como o Pai de vocês é
misericordioso".
"Não julguem, e vocês não serão julgados. Não condenem, e não
serão condenados. Perdoem, e serão perdoados.
Dêem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e
transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem,
também será usada para medir vocês".
Lucas 6:36-38
“Com a mesma medida que medirdes” é uma figura usada para
falar sobre o julgamento que usamos com as pessoas. Se não temos
misericórdia, não receberemos misericórdia. Deus usará a mesma
“régua” que usamos para os outros para medir nossas dívidas com Ele.
Caso eu me comporte como alguém que não usa de misericórdia, como
quem entrega às pessoas aquilo que elas merecem em seus atos, Deus
também me dará a condenação que meus atos merecem. No entanto, se
for misericordioso, perdoar e dar mais uma chance a quem me ofendeu,
Deus também não vai levar em conta a ofensa que eu praticar contra
Ele.
Para ilustrar o significado de “recalcada”, “sacudida” e
“transbordante”; gosto de dar como exemplo quando alguém está
ajuntando lixo, garrafas plásticas ou latinhas de metal que precisam ser
compactadas. Para conseguir colocar mais lixo em um espaço, alguns
pisam, isso seria recalcar. A fim de ter mais espaço após pisar, ainda
conseguimos mais espaço sacudindo e ainda podemos transbordar.
Jesus usou essas três palavras num contexto em que falava de
misericórdia e juízo.
Já pensou sobre isso: Se formos implacáveis com os erros dos
outros, também resta para nós uma medida recalcada, sacudida e
transbordante de juízo!
Quantas pessoas dizem: “Eu sou até capaz de perdoar, mas
nunca mais será a mesma coisa”. Imagino se Deus nos tratasse dessa
forma: “Eu te perdoo, mas não será mais a mesma coisa, a partir de
agora é você lá e eu cá!” Lembre-se: Com a mesma medida que
medirdes...
No tempo do Antigo Testamento da Bíblia o homem recebia a
punição justa pelos seus pecados. Quando Jesus aparece ele leva na cruz
as consequências de nossos pecados. Tal ato de amor de Cristo em nos
dar aquilo que não merecíamos nos coloca em dívida eterna de perdão.
Se eu recebi perdão pelas minhas ofensas, não posso reter o perdão
a quem me ofender.
Para alguns leitores da Bíblia pode parecer que Deus tratava com
rigor os pecados das pessoas no Antigo Testamento e agora está
pedindo que tratemos de forma diferente quem nos ofende.
Na nova aliança inaugurada após a cruz, não recebemos aquilo
que merecíamos. Recebemos graça, perdão e misericórdia.
Veja o que Jesus ensinou no sermão do monte:
"Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por
dente’.
Mas eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na
face direita, ofereça-lhe também a outra.
E se alguém quiser processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve
também a capa.
Se alguém o forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas.
Dê a quem lhe pede, e não volte as costas àquele que deseja pedir-
lhe algo emprestado".
"Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu
inimigo’.
Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os
perseguem,
para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus.
Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva
sobre justos e injustos.
Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa receberão?
Até os publicanos fazem isso!
E se vocês saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo
de mais? Até os pagãos fazem isso!
Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês".
Mateus 5:38-48
Quem não entende o perdão que recebeu, pode acabar sendo
implacável com os erros dos outros, mas Jesus adverte que aquele que
julga sem misericórdia receberá medida sacudida, recalcada e
transbordante de juízo.
Sobre essa relação entre o perdão de Deus e o perdão que
liberamos ao nosso próximo Jesus ensinou uma parábola. Chamamos
de parábola do credor incompassivo, ou seja, alguém que ia cobrar uma
dívida e não tinha paciência com quem o devia.
"Por isso, o Reino dos céus é como um rei que desejava acertar
contas com seus servos.
Quando começou o acerto, foi trazido à sua presença um que lhe
devia uma enorme quantidade de prata.
Como não tinha condições de pagar, o senhor ordenou que ele, sua
mulher, seus filhos e tudo o que ele possuía fossem vendidos para
pagar a dívida.
"O servo prostrou-se diante dele e lhe implorou: ‘Tem paciência
comigo, e eu te pagarei tudo’.
O senhor daquele servo teve compaixão dele, cancelou a dívida e o
deixou ir.
"Mas quando aquele servo saiu, encontrou um de seus conservos,
que lhe devia cem denários. Agarrou-o e começou a sufocá-lo,
dizendo: ‘Pague-me o que me deve! ’
"Então o seu conservo caiu de joelhos e implorou-lhe: ‘Tenha
paciência comigo, e eu lhe pagarei’.
"Mas ele não quis. Antes, saiu e mandou lançá-lo na prisão, até que
pagasse a dívida.
Quando os outros servos, companheiros dele, viram o que havia
acontecido, ficaram muito tristes e foram contar ao seu senhor tudo
o que havia acontecido.
"Então o senhor chamou o servo e disse: ‘Servo mau, cancelei toda a
sua dívida porque você me implorou.
Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de
você? ’
Irado, seu senhor entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo
o que devia.
"Assim também lhes fará meu Pai celestial, se cada um de vocês não
perdoar de coração a seu irmão".
Mateus 18:23-35
No início da minha caminhada com Cristo, eu tinha facilidade em
guardar na memória as ofensas das pessoas. Os risos de quem caçoava
de mim, os comentários ofensivos. Eram traços do meu temperamento,
cada um tem as suas maiores dificuldades. Como sempre tive facilidade
de memorização e conseguia guardar também as coisas negativas que
as pessoas faziam comigo ou com os outros.
Certo dia ouvi uma ministração sobre o perdão e trouxe a
memória todas as pessoas e situações que me fizeram mal. Naquele dia,
eu decidi não valorizar mais a ofensa. Saí daquele lugar leve, não só
perdoei como nunca mais permiti armazenar o rancor em minha alma.
Permita que essa palavra seja soro e vacina para você. O soro é
aplicado quando alguém está envenenado por algum animal
peçonhento. Se tua alma já está ferida por causa do que lhe fizeram, a
Palavra de Deus é soro para curar. Mas também é vacina que atua na
prevenção. Caso ao ler estas palavras você não identifique nenhuma
mágoa, o ensino servirá como prevenção porque no dia a dia sempre
será preciso perdoar e restaurar relacionamentos.
Com passar dos anos, muitos outros vão fazer coisas para te testar.
Muitas vezes pessoas que você está tentando ajudar, ou aconselhar
serão ingratas. Algumas vezes a ferida pode vir de um colega cristão
como você ou de um líder em quem você confiou. Pior ainda, quando
quem nos machuca é de nossa própria família, o nosso lugar de
descanso e de maior confiança, lá onde colocamos as maiores
expectativas.
O diabo usa pessoas para tentar te paralisar. Um coração
magoado não pode fluir nas coisas de Deus. Então receba também a
vacina da Palavra. Assim que algo acontecer em sua caminhada, você
se manterá puro, sem permitir que a mágoa ou a falta de perdão te
impeça de caminhar.
Vivemos numa sociedade cheia de doenças da alma e do corpo
provocadas em sua maior parte por situações mal resolvidas no
interior, pela falta de perdão.
Guardar mágoa contra pessoas é como tomar veneno todos os
dias e achar que a outra pessoa que vai morrer. Cultivar a vingança
no seu interior só fará mal a você mesmo!
O perdão que devemos liberar não é condicionado ao fato do
outro ter se arrependido. Tem a ver com a nossa decisão de obedecer.
Em algumas situações ocorre quebra de confiança, perdoar não
significa devolver a quem errou a credibilidade sem que ela tenha
demonstrado fruto de arrependimento. Isto nos colocaria em situação
vulnerável. Por exemplo, se alguém deve dinheiro a você e a outros,
mostra desorganização financeira e pede seu cartão de crédito
emprestado, negar não é falta de perdão. O perdão é a disposição em
amar a pessoa que errou, abençoar, não ficar espalhando a notícia do
erro, orar. Voltar a confiar, em situações como a exemplificada, envolve
observar uma mudança de postura.
Resumindo, ame e perdoe. Dê a chance da pessoa mostrar frutos
de mudança, mas não empreste o cartão até que a credibilidade seja
reconquistada.
II - Como saber se já perdoei realmente alguém?
No meio evangélico as pessoas tendem a mascarar sentimentos
rancorosos. Pode-se perceber que alguém fala com ressentimento sobre
uma situação, mas dificilmente essa pessoa reconhece. Como sei que
você ao ler este material está com o coração sincero e fazendo a
checagem do seu coração, vou passar algumas dicas de como identificar
se seu coração está com o sentimento correto.
Jesus nos ensinou a orar por quem nos persegue, abençoar quem
nos maldiz. Sempre ensino a fazer um teste simples: ore por quem te
fez mal! Peça a Deus algo de bom para esta pessoa. Ao falar com Deus,
não conseguimos mentir. Caso não consiga orar por alguém é porque
seu coração ainda não perdoou, mas pode ser que em meio a sua decisão
de orar, ainda que as primeiras palavras saiam com dificuldade, após o
começo você conseguirá liberar seu coração de toda amargura.
O apóstolo Paulo também fala sobre esse amor cristão que deve
ser praticado.
Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é
correto aos olhos de todos.
Façam todo o possível para viver em paz com todos. Romanos 12:17 e
18
Gênesis 4:23 e 24
Ao citar o texto do Gênesis, Jesus diz que o cristão deve
ter a disposição em perdoar, ao contrário da disposição de vingança
que tinha Lameque.
Mateus 22:36-40
Se Jesus mandou que amássemos é isso que devemos seguir. Se
ele falou, óbvio que não seria fácil, mas não é impossível. Deus dá
capacidade para que você ame, perdoe, ore por quem te perseguiu.
Deseje o bem a quem te fez mal.
Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum
assassino tem vida eterna em si mesmo.
1 João 3:15
Os homicídios nascem de uma ira que já achou lugar no coração.
Sobre esse assunto Paulo fala para não darmos lugar ao diabo.
"Quando vocês ficarem irados, não pequem". Apaziguem a sua ira
antes que o sol se ponha,e não deem lugar ao diabo.
Efésios 4:26,27
O texto não fala sobre um pequeno lugar ou grande lugar, ele
manda não dar nenhum lugar! A ira não pode ter nenhum lugar, porque
quanto mais ela ocupar espaço no coração, a natureza humana pode dar
vazão a atos violentos. O homicida Caim não resistiu ao pecado que
batia à sua porta.
O Senhor disse a Caim: "Por que você está furioso? Por que se
transtornou o seu rosto?
Se você fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o
pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve
dominá-lo".
Disse, porém, Caim a seu irmão Abel: "Vamos para o campo".
Quando estavam lá, Caim atacou seu irmão Abel e o matou. Gênesis
4:6-8
Confronte a ira ou revolta que está em seu coração antes que ela
se torne uma agressão e venha machucar a muitos!
Conclusão
Ao final dessas palavras eu espero que você tome a melhor
decisão. Convido você a verificar sua consciência com a ajuda do
Espírito Santo. Se necessário peça para alguém maduro aconselhá-lo a
colocar em prática as palavras desse livreto. Há casos que vão precisar
de mais auxílio especializado de pessoas do que uma leitura de livro
poderia te dar, então procure ajuda.
Perdoe, diga em voz alta que perdoa seus ofensores, também peça
perdão para aqueles a quem o Espírito Santo o direcionar.
Eu oro para que você seja guiado pela leitura dessas páginas a
encontrar a cura para a sua alma em Jesus.
Que você seja abençoado na prática deste ensino e transmita a
muitos outros!