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HISTÓRIA ECONÔMICA
MODERNA E
CONTEMPORÂNEA
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SOBRE OS AUTORES
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APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO
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vezes descobrir avisos, intuições e conselhos valorosos para que não se
repitam os erros de outrora.
No transcorrer da leitura desta coleção percebemos que os
livros refletem várias matrizes interpretativas da História, oportunizando ao
aluno o contato com um inestimável universo teórico, extremamente
valioso para a formação da sua identidade intelectual. A qualidade e a
seriedade da construção do universo de conhecimento desta coleção pode
ser tributada ao empenho mais direto por parte de cerca de 30
organizadores e autores, que se dedicaram em pesquisas institucionais ou
até mesmo em dissertações de mestrado ou em teses de doutorado nas
áreas específicas dos livros que se propuseram a produzir.
Esta coleção traz um conhecimento que certamente marcará
positivamente a formação de novos professores de História, historiadores e
cientistas em geral, por meio da Educação a Distância, o qual foi fruto do
empenho de pesquisadores que viveram circunstâncias, recursos,
oportunidades e concepções diferentes, temporal e espacialmente.
Como corolário disso, seria justo iniciar os agradecimentos
citando todos aqueles que não poderiam ser nominados nos limites de
uma apresentação como esta. Rogamos que se sintam agradecidos todos
aqueles que direta, indireta ou mesmo longinquamente, quiçá os mais
distantes ainda, contribuíram para a elaboração deste rico rol de livros.
Além do agradecimento, registramos também o
reconhecimento pelo papel da Reitoria da UEM e de suas Pró-Reitorias,
que têm contribuído não apenas para o êxito desta coleção mas também
para o de toda a estrutura da Educação a Distância da qual ela faz parte.
Agradecemos especialmente aos professores do
Departamento de História do Centro de Ciências Humanas da UEM pelo
zelo, pela presteza e pela atenção com que têm se dedicado, inclusive
modificando suas rotinas de trabalho para tornar possível a maioria dos
livros desta coleção.
Agradecemos à Diretoria de Educação a Distância (DED) da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior
(CAPES), e ao Ministério da Educação (MEC) como um todo,
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especialmente pela gestão dos recursos e pelo empenho nas tramitações
para a realização deste trabalho.
Outrossim, agradecemos particularmente à Equipe do
NEAD-UEM: Pró-Reitoria de Ensino, Coordenação Pedagógica e equipe
técnica.
Despedimo-nos atenciosamente, desejando a todos uma
boa e prazerosa leitura.
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APRESENTAÇÃO DO LIVRO
É com satisfação que entregamos nas mãos dos leitores este livro
de História Econômica Moderna e Contemporânea. Aqueles que
acompanharem pacienciosamente suas linhas, não hesitarão em admitir o
seu esforço geral para reconstruir o passado sem nele depositar ideologias
e preconceitos dos dias atuais.
Não se chegará ao final deste livro sem que nele se perceba o rigor
e a profundidade metodológica utilizada para não subtrair em nenhum
ínfimo a vitalidade e riqueza de acontecimentos da história econômica.
Para derrubar os muros dos velhos preconceitos, visitar o âmago profundo
de vertentes teóricas da história econômica, examinar revoluções e
pesquisar as mudanças na produtividade do trabalho, isolando as
influências das opiniões políticas ou paixões ideológicas do nosso tempo,
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este livro recorreu-se fortemente ao refúgio seguro da história das ideias.
Entender o modo como os homens do passado julgavam a si próprios por
meio de suas próprias ideias foi, para este livro, uma verdade essencial. A
história da ideias foi aqui uma fonte de pesquisa segura para entender a
motivação da ação dos homens do ponto de vista de suas auto-
concepções. Mais do que isso, a história das ideias descontamina o
historiador dos seus engajamentos filosóficos e ideológicos; e não foi por
outra razão que ela foi essencial para que esse livro pudesse vir à baila.
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O quarto capítulo é um ensaio metodológico focalizando a
contribuição de Ronald Max Hartwell concernente ao tema da Revolução
Industrial Inglesa. Ele contextualiza a originalidade daquele historiador
econômico e os argumentos com os quais ele buscou mostrar, com base
em Adam Smith, a causa essencial, a mola mestra, do surto industrial
inglês do século XVIII, especialmente em contraposição à influência do
historicismo alemão dentre historiadores e economistas.
Organizadores
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CAPÍTULO 4. ENSAIO METODOLÓGICO FOCALIZANDO A
CONTRIBUIÇÃO DE RONALD MAX HARTWELL SOBRE A
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLESA
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Modo geral, Hartwell figurou dentre os grandes liberais clássicos do
século XX procurando interpretar a história econômica à luz da economia
política clássica e neste sentido ele ajudou a construir de alguma forma a
Escola Austríaca de História. Longe de haurir a obra de Hartwell, este texto
revisita a sua originalidade frente aos economistas neoclássicos, aos
historiadores britânicos, bem como seu esforço por retomar o pensamento
de Adam Smith. Prossigamos, pois, este intento de hoje.
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Dessa forma, por exemplo, as explicações da revolução
industrial têm consistido principalmente de sugestões de um
grande número de variáveis, algumas vezes de relações entre
variáveis, e usualmente de atribuir a descontinuidade crucial
aos efeitos agregados de variações autônomas de uma
variável importante. (HARTWELL, 1967, p. 56. Tradução
nossa.).
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Hartwell mostrou-se conhecedor profundo da historiografia
econômica da Revolução Industrial, pesquisando detalhadamente os seus
argumentos. Este ramo da historiografia, segundo ele, ao atribuir o grande
peso na expansão do comércio, fugiu do “esquema” de modelagens de
variáveis explicativas tal como na teoria do desenvolvimento econômico.
De acordo com isso, essa linhagem da historiografia apresentou
aprofundamento sobre pontos importantes concernentes às origens da
Revolução Industrial. Hartwell (1961, 1967) resumiu no seguinte quadro o
rol das causas principais da Revolução Industrial segundo esta tendência
de pensamento voltada essencialmente para enumerar uma espécie de rol
das forças que impulsionaram o progresso e, com ele, a Revolução
Industrial:
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Figura 1 Localização das área de comércio e indústria têxtil na
Inglaterra em 1810.
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Hartwell pesquisou detida e minuciosamente o tema da Revolução
Industrial, aprofundou detalhadamente cada um de seus pesquisadores,
fazendo a devida distinção dentre suas ideias. O Quadro 2 ilustra de
maneira sinóptica o ponto de vista de Hartwell sobre qual a causa
essencial, naturalmente não excluindo a importância dos outros fatores,
para o entendimento acerca da origem da Revolução Industrial:
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Os limites de interpretação de A Riqueza das Nações de Adam
Smith (1993), juntamente com o horizonte eclético da identificação de
fatores causais do progresso, levaram Hartwell a contrapor-se a Mantoux e
a grande parte dos historiadores britânicos; enumerar causas, para
Hartwell, não resolvia necessariamente o problema de encontrar o grande
motivador histórico da Revolução Industrial, a mola mestra de todas as
forças que moveram as atividades econômicas e institucionais do século
XVIII inglês; diz ele:
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Hartwell não foi adepto do uso de esquemas filosóficos para
a explicação da Revolução Industrial Inglesa; desde o início de sua
formação ele não aceitou o materialismo dialético marxista que situava a
Revolução Industrial Inglesa como uma espécie de fase final da sequência
inevitável dos acontecimentos que conduziriam a transição do feudalismo
para o capitalismo. Em Hartwell, Hobsbawn e os historiadores marxistas
tiveram suas pesquisas orientadas pela ideologia política do socialismo. “A
história pode ser”, afirmava Hartwell “e é usada, para propaganda, para
confirmar doutrina e sustentar ideologia, para a educação de pessoas,
especialmente os jovens, de certo modo.” (HARTWELL, 1985, p. 83)
Imbuídos da obrigação de mostrar que o caminho da história estava rumo
ao socialismo, muitos historiadores não fizeram senão por contextualizar a
Revolução Industrial Inglesa tão somente como parte do percurso. Em
Dobb (1983), por exemplo, a Revolução Industrial é o evento que completa
finalmente a desagregação do feudalismo e simboliza a marcha inexorável
da história rumo ao socialismo.
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preordená-los de acordo com conceitos filosóficos ou ideologias políticas
apriorísticas.
Vimos até aqui que Hartwell não aceitou nem o ecletismo dos
historiadores, nem as modelagens dos economistas da teoria do
desenvolvimento econômico e nem mesmo o esquema ideológico
marxista; o que resta saber é qual seria, para Hartwell, a mola propulsora
da Revolução Industrial Inglesa? O conjunto da sua obra sugere que a
resposta dessa indagação repousa em sua interpretação sobre Adam
Smith. Senão vejamos.
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interpretação profunda da Economia Política Clássica. Ele esteve dentre os
poucos que penetraram no âmago da questão, qual seja, no fator que teria
significância e força para mover as mudanças econômicas como um todo:
a relação entre formação de capital e a taxa de investimentos.
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Ronald Max Hartwell: Cronologia essencial.
Referências
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ASHTON, T. S. A Revolução Industrial. Porto: Publicações Europa-
América, 1968.
78
HARTWELL, R. M. The Long debate on poverty: eight essays on
industrialisation and the condition of England. Londres: Institute of
Economic Affairs, 1972.
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MANTOUX, P. The Industrial Revolution in the eighteenth century : an
outline of the beginnings of the modern factory system in England.
Chicago: University of Chicago Press, 1983.
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Notas
1
Um aprofundamento da compreensão acerca das fases iniciais do pensamento
de Hartwell pode ser encontrado em: HARTWELL, R. M. The economic
development of Van Diemen's Land, 1820-1850. Carlton: Melbourne University
Press, 1954.
2
Título original: The Rising Standard of Living in England, 1800-1850
3
Título original: The causes of the Industrial Revolution in England.
4
Título original: The Industrial Revolution in England.
5
Título original: The Industrial Revolution and economic growth.
6
Leituras referentes à fase mais recente do pensamento de Hartwell podem ser
encontradas em: HARTWELL, R. M. A history of the Mont Pelerin society.
Indianápolis: Liberty Fund, 1995. HARTWELL, R. M. et al. Capitalism in context :
essays on economic development and cultural change in honor of R.M.
Hartwell. Chicago: University of Chicago Press, 1994. HARTWELL, R. M.; LANE,
J. Champions of enterprise : Australian entrepreneurship, 1788-1990. Double
Bay, NSW: Focus Books, 1991.
7
Título original: The Rising Standard of Living in England, 1800-1850. Texto
traduzido para o espanhol: HARTWELL, R. M. El aumento del nivel de vida en
Inglaterra. Madrid: Unión Editorial, 1997.
8
Detalhamentos sobre esse debate também podem ser obtidos em: HARTWELL,
R. M. The Long debate on poverty: eight essays on industrialisation and "the
condition of England". Londres: Institute of Economic Affairs, 1972.
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FONTES E REFERENCIAIS PARA ESTUDOS TEMÁTICOS
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