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1.3 PRINCÍPIOS DE RACIOCÍNIO GEOLÓGICO.

IDADE E HISTÓRIA DA TERRA.


GEOLOGIA E MÉTODOS

― 1.1 Subsistemas terrestres


― 1.2 Ciclo das rochas

― 1.3 Princípios de raciocínio geológico.


Idade e história da Terra
― 1.4 O mobilismo geológico e a Teoria da Tectónica de Placas

GEOLOGIA E MÉTODOS
Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Princípios do raciocínio geológico
― Que idade tem a Terra? Que transformações sofreu até agora? O que provocou essas alterações?
― Para responder às questões anteriores alguns cientistas estabeleceram os princípios do
raciocínio geológico.
― Foram eles: George Cuvier, James Hutton e Charles Lyell

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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Princípios do raciocínio geológico
― George Cuvier, pai da paleontologia, observou e estudou
sequências de fósseis.

― A partir dessas observações, Cuvier constatou que existiam


fósseis que tanto apareciam como desapareciam, dentro de uma
sequência.

― Cuvier propõe a existência de catástrofes que fariam desaparecer


as espécies, sendo que estas seriam repostas por intervenção
divina. Nasce assim o catastrofismo.

Fig. 1 – George Cuvier.

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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Princípios do raciocínio geológico

― James Hutton, considerado o pai da geologia,


contemporâneo de Cuvier, propôs o uniformitarismo.

― Fruto da sua experiência de campo, Hutton defendeu que a


história geológica é longa e que inclui processos lentos,
como a erosão, transporte e a sedimentação.

― Considerava também que os processos geológicos


atualmente observados são idênticos aos fenómenos do
passado –
“ O presente é a chave do passado”.
Fig. 2 – James Hutton.

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Princípios do raciocínio geológico
― Tendo por base os trabalhos de Hutton, Charles Lyell
enunciou então os três princípios do raciocínio
geológico

― As leis da natureza são constantes no espaço e no


tempo.
― Os processos geológicos verificados na atualidade
terão as mesmas causas e consequências dos que
ocorreram no passado – princípio do atualismo ou
princípio das causas atuais.
― As alterações geológicas ocorrem de forma lenta e
gradual – princípio do gradualismo.
Fig. 3 – Charles Lyell.

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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Princípios do raciocínio geológico

― Na realidade, a maioria dos fenómenos geológicos só conseguem ser explicados à luz


do uniformitarismo.

― Contudo há evidências que demonstram que os catastrofistas tinham razão.

― As extinções em massa foram descobertas pelo estudo do registo fóssil e justificadas


pela ocorrência de impactos meteoríticos ou de vulcanismo intenso.

― A visão que tem por base o uniformitarismo mas considera a existência de fenómenos
repentinos e catastróficos denomina-se neocatastrofismo.

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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Sequências estratigráficas
― A sedimentogénese é um dos
processos geológicos explicados pelo
uniformitarismo, uma vez que ocorre
de forma lenta e gradual.

― A deposição de sedimentos ocorre


em camadas sucessivas e horizontais:
os estratos.

― A estratigrafia é o ramo da geologia


que estuda as sequências de estratos,
as sequências estratigráficas.

Fig. 4 – Sequência estratigráfica.


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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Sequências estratigráficas
― As sequências estratigráficas são
analisadas segundos os princípios
da estratigrafia, onde se destacam
os seguintes:
― Princípio da horizontalidade
original – a deposição dos
sedimentos ocorre,
geralmente, em estratos
horizontais.

― Princípio da sobreposição dos


estratos – numa sequência de
estratos não deformados,
qualquer estrato inferior a
outro é sempre mais antigo
do que este.
Fig. 4 – Sequência estratigráfica.
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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Sequências estratigráficas

― O estudo das sequências estratigráficas pode indiciar subidas e descidas do nível médio das águas
do mar.

― Nos intervalos de tempo geológico em que houve um aumento da temperatura do planeta ocorreu
um recuo da linha de costa – transgressão marinha.

― Nos intervalos de tempo geológico em que a temperatura do planeta diminuiu ocorreu um avanço
da linha de costa – regressão marinha.

― Quando as sequências estratigráficas se encontram incompletas, devido a fenómenos de erosão


diz-se que há uma lacuna estratigráfica.

― A eliminação de estratos por erosão, antes de sobre eles se terem depositado mais sedimentos,
leva à formação de superfícies irregulares designadas superfícies de descontinuidade.

GEOLOGIA E MÉTODOS
Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Fósseis
― Os fósseis são restos de antigos organismos ou vestígios
da sua atividade preservados de forma natural em
rochas.

― O processo de formação de um fóssil – fossilização – é


um processo habitualmente longo e que requer um
conjunto de condições físicas, química e biológicas para
que ocorra. A saber:
― Ambientes anaeróbios e com temperaturas
baixas; Fig. 5 – Fóssil de trilobite.

― Corpos com partes duras;


― Rápido enterramento após a morte do
organismo.

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Fósseis

❷ As partes moles do organismo


são decompostas.

❶ O organismo morre.
❸ Os sedimentos finos, que
cobrem e preservam o esqueleto,
sofrem diagénese, tornando-se rochas
consolidadas. O esqueleto fica mineralizado
(os minerais presentes no meio substituem a
matéria orgânica).

❺ A erosão da rocha permite a


❹ Os movimentos tectónicos
exposição do fóssil à superfície.
permitem o afloramento da
Fig. 6 – Etapas de um processo de fossilização – a mineralização. rocha que contém o fóssil.
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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Fósseis
― Os fósseis são uma valiosa fontes de informação pois permitem datar rochas e reconstituir
espécies extintas ou paleoambientes.

Trilobites em Arouca Mastodontes em Lisboa

Fig. 7 – Exemplos de fósseis encontrados em Portugal que revelam dados sobre os paleoambientes.
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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Tipos de rochas
― A observação de afloramentos permite, regra geral, identificar as diferentes litologias presentes
numa determinada região e inferir sobre a sua história geológica.

― Assim:
― Rochas estratificadas pouco deformadas correspondem, geralmente, a rochas sedimentares.
― Estratos muito deformados e dobrados são constituídos, frequentemente, por rochas
metamórficas.
― Intrusões que atravessam outras formações rochas são, geralmente, de rochas magmáticas.
A presença de escoadas e piroclastos é característica de rochas magmáticas vulcânicas.

― No estudo dos afloramentos rochosos podemos observar situações em que a orientação dos
estratos de duas séries não é paralela. Nestas situações estamos perante uma discordância
angular.

GEOLOGIA E MÉTODOS
Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Tipos de rochas – discordância angular

O afloramento da praia do
Telheiro (Algarve) contém
duas séries de rochas:

• série inferior: as rochas Série


estão dobradas e superior
metamorfizadas;

• série superior: arenitos


continentais, que mantêm Série
a horizontalidade inicial. inferior

Fig. 8 – Afloramento da
NNE SSW
praia do Telheiro (Sagres).
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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Relevo
― O estudo das formas da superfície terrestre, isto é, do relevo, é desenvolvido numa vertente da geologia
designada de geomorfologia.

Fig. 9 – Vales em U Fig. 10 – Vales em V


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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Relevo
― A ação erosiva de um rio pode levar à formação de depósitos de detritos designados de
aluviões, originando regiões planas ou pouco inclinadas – planícies aluviais.
― Se no seu troço inferior um rio transbordar o seu leito normal, formam-se planícies de
inundação.

Fig. 11 – Planície de inundação


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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Relevo
― A ação erosiva do mar, designada por abrasão marinha conduz ao aparecimento de arribas e de praias que
constituem as linhas de costa.
― As arribas vivas são aquelas que atualmente constituem a linha de costa, enquanto as arribas fósseis já
deixaram de o ser.

Fig. 13 – Arriba viva.

Fig. 14 – Arriba fóssil.


Fig. 12 – Esquema de formação de uma arriba.
GEOLOGIA E MÉTODOS
Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Datação relativa

― De acordo com o princípio do uniformitarismo, a maioria dos processos geológicos são lentos,
admitindo-se que a Terra tem milhões de anos.

― A presença de fósseis nas formações rochosas pode indicar a idade relativa das formações em que
se encontram.

― Uma vez que alguns fósseis são característicos de determinados períodos da história da Terra –
fósseis de idade – então estratos que possuam o mesmo grupo de fósseis têm a mesma idade –
princípio da identidade paleontológica.

― É possível estabelecer uma idade por comparação. Designa-se por datação relativa.

― Este método permite definir a sequências cronológica dos acontecimentos geológicos.

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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Datação relativa
― Os fósseis encontrados em alguns estratos do afloramento A pertencem aos mesmos grupos que se encontram
em alguns estratos do afloramento B, distante do A.
― Os afloramentos A e B mostram os estratos II e III que se encontram sobrejacentes ao estrato V.
Coluna
estratigráfica
Afloramento A
Afloramento B

Formações com o
mesmo conteúdo
fóssil têm a
mesma idade.

Fig. 15 – Princípio da identidade paleontológica


GEOLOGIA E MÉTODOS
Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Datação absoluta

― A determinação da idade absoluta de formações rochosas só foi possível após a descoberta da


radioatividade, que permitiu desenvolver técnicas como a datação radiométrica.

― Os isótopos são átomos do mesmo elemento químico mas que diferem no número de neutrões.

― Os isótopos radiativos são instáveis – isótopos-pai – pelo que ao fim de um determinado tempo
tendem a transformar-se em isótopos mais estáveis – isótopos-filhos – libertando energia sob a
forma de radioatividade.

― Este fenómeno designa-se por decaimento radioativo e é independente das condições do meio.

― O tempo de semivida corresponde ao tempo necessário para que se dê a desintegração de


metade do número de isótopos-pai de uma amostra, originando isótopos-filho.

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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Datação absoluta

Isótopos de urânio
Isótopos de chumbo

T = 0 semividas (formação da rocha) T = 1 semividas (700 Ma)

T = 2 semividas (1400 Ma) T = 3 semividas (2100 Ma)


Fig. 16 – Exemplo da aplicação da datação radiométrica utilizando a razão entre os isótopos urânio-235
e chumbo-207 na determinação da idade da rocha.
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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Datação absoluta

― O tempo de semivida é constante para a mesma


substância mas varia entre pares de isótopos
diferentes.

― É muito útil em geologia pois as rochas são


formadas por minerais e estes por elementos
químicos, alguns instáveis/radioativos.

― Apesar de a quantidade de isótopo-pai ir


diminuindo ao longo do tempo, o tempo de
semivida é constante.

― É possível determinar a idade de uma rocha


através de um gráfico.
Fig. 17 – Relação entre as percentagens de isótopos-pai e isótopos-
filho numa rocha e os tempos de semivida (representados por T).
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Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Datação absoluta

― A datação absoluta apresenta algumas limitações:


― É necessário que a amostra possua um número mensurável de isótopos-pai e
isótopos-filho;
― Os isótopos que decaem lentamente são mais úteis para datar rochas mais antigas,
enquanto os que decaem mais rápido são mais úteis em rochas mais recentes;
― É, essencialmente, utilizado em rochas magmáticas;
― Podem ocorrer incorreções na datação caso o mineral tenha perdido isótopos por
meteorização ou sido contaminado por fluidos de circulação.

GEOLOGIA E MÉTODOS
Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Escala de tempo geológico
― O estudo da idade relativa dos estratos, da idade absoluta de algumas rochas e dos fósseis de uma
sequência estratigráfica permitem conhecer a evolução geológica de uma região.
― A conjugação das informações das colunas estratigráficas de várias regiões da Terra permitiram
construir uma escala de tempo geológico.
― Esta escala divide a história da Terra em intervalos diferenciados, colocando limites pelo seu
conteúdo fóssil, resultado de extinções em massa, levando ao estabelecimento de eras geológicas:
― Era Paleozoica
― Era Mesozoica
― Era Cenozoica
― As eras subdividem-se em períodos.
― A datação absoluta permitiu atribuir a idade de 4600 Ma ao planeta Terra. Esta idade obrigou à
criação de intervalos temporais mais abrangentes – os éons.

GEOLOGIA E MÉTODOS
Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.
Escala de tempo geológico

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