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Querida Cerys,

Aqui estamos nós de novo. Eu fugi, fiquei com tanto medo de te perder que fui embora sem
me despedir. Então, por meio desta carta, venho dizer adeus da forma adequada.
Quando te vi com aquele vestido preto esvoaçante na pista de dança do baile do internato o
meu único objetivo era te beijar. E, por incrível que pareça, fiquei escutando Eyra e Astrid
falarem do quão você era mimada a noite toda. Era para você me odiar. Era para eu te
odiar. Queimei as cartas de sua mãe. Fingi que eu era uma amiga de infância só porque
Eyra me encheu o saco para te pregar uma peça. Mas então eu percebi que, na verdade,
você era a pessoa com o cérebro mais inteiro de todos daquele internato. Trocamos cartas
sem sabermos quem éramos por semanas, mas já gostava de você no primeiro dia. Você
me disse sua cor favorita. Eu te mandei um disco da minha música favorita. Você me contou
sobre os problemas com sua mãe, e, mesmo que eu não estivesse ali para vê-la, percebi as
lágrimas manchando o papel. Na primeira semana de outubro, você me mandou uma carta
dizendo que queria me conhecer pessoalmente. Disse que poderia convencer sua mãe a
pagar as passagens de volta à sua casa. Você disse que eu poderia te ajudar a conversar
com ela para que te deixasse voltar para casa e não precisasse agir como se não tivesse
uma mãe. E, quando eu te contei a verdade, que eu não era a sua amiga, você não ficou
irritada. Disse que estava aliviada por não precisar encarar a "mulher que finge te amar"
(palavras suas). E nós nos encontramos. Você sorriu para mim pela primeira vez e eu sorri
de volta. Pela primeira vez há muito tempo, eu me senti segura. Porque eu sabia que você
estava lá para me proteger. Nós escutamos a minha música favorita juntas. Eu dormi no seu
ombro e tudo parecia tão certo. Fui aprendendo você aos poucos, com medo que tudo
acabaria se eu fosse rápido demais. Mas as coisas começaram a desgastar. Eu perdi você
aos poucos. Você me perdeu por inteiro muito antes. Nós ouvimos minha música favorita
em silêncio. Você tentava dormir de um lado da cama enquanto eu chorava baixinho do
outro. Não por medo de te acordar, mas por medo de me fazer perceber que tudo estava
acabado. Dezembro chegou e você foi embora. Semanas depois, vi seu nome correndo por
aí. "Cerys, Rainha Vênus da nova era”, e, a cada vez que o ouvia, minha mente voltava em
Dezembro. Fiquei com medo de estar mentindo para mim mesma. Medo de que você ainda
me amava e eu estivesse inventando tudo. Você parecia tão bem e eu fiquei tão brava que
acabei te perdendo para sempre. Olha que ironia do destino, nosso caminho se cruzou de
novo e novamente eu tive vontade de te beijar. Aos poucos, fomos recriando o que éramos
antes.
Querida Cerys, eu espero que nosso caminho se cruze novamente e que, dessa vez, nunca
mais se desfaça. Me apaixonei de novo e de novo e de novo por você e vou continuar me
apaixonando todas as vezes.

Da sua possível amada,


Iris.

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