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Iconografia política: o céu e as calças de Nicolas-

Antoine Taunay (1750-1830)

Bárbara Dantas
DANTAS, Barbara. Iconografia política: o céu e as calças de Nicolas-Antoine Taunay (1750-
1830). 19&20, Rio de Janeiro, v. XV, n. 2, jul.-dez. 2020. Disponível em:
http://www.dezenovevinte.net/artistas/bd_nat.htm

***

1. O distinto senhor da Figura 1, com cabelos já brancos e portando óculos,


é Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830), o artista francês sobre o qual este
artigo se debruçará. Sua postura altiva, segura de si e nobre demonstra que
não cedeu ao brio de sua condição; sabia o valor de sua estirpe e de seu
trabalho artístico; além de enfatizar sua relação com a nobreza e a realeza,
seus principais mecenas.

2. Na Europa do século XVIII, diferente de alguns reinos - e, talvez, mais que todos
- a França dedicou um apreço especial às Artes. Afinal, o que seria do
imaginário em torno do Ancien Régime - dos reis absolutistas e suas cortes -
sem os registros visuais feitos por artistas que se submeteram de bom grado
às normativas do grupo social que fez da imagem sua maior aliada como
mantenedora do poder político? Nesse caso, assim como alguns historiadores
franceses daquele período eram conhecidos como “especialistas da narrativa”
e seu ofício era o de “fabricar a imagem” do rei e do nobre,[1] os pintores
contemporâneos a eles eram peritos em “narrativas visuais,” ou seja, em “criar
imagens” destes mesmos reis e dos integrantes de sua corte.

3. Nota-se na Figura 1 o valor da profissão de Taunay, qual seja, a de pintor. Isso


é visível na paleta em sua mão e na tela que está a sua frente. Nas Artes, o
nome destes elementos iconográficos presentes em pinturas é “atributos,”
conceito utilizado por Erwin Panofsky (1892-1968) em seu livro, Significado nas
artes visuais.[2] Os atributos mostram as insígnias da figura e podem simbolizar
várias coisas, desde sua posição social, passando por suas quimeras, até
chegar ao seu ofício. Quanto ao retrato de Taunay, basta “olhá-lo
verdadeiramente,” assim nos ensina outro teórico das Artes, Georges Didi-
Huberman, na obra O que vemos, O que nos olha (2010).[3] Nesse
envolvimento entre Arte e História, vejamos a análise de François Fénelon
(1651-1715), historiador francês, em seu Projet d’un traité sur l’histoire (1714),
na qual asseverou que o historiador e o pintor buscam as mesmas coisas,
mostrar a verdade e os costumes:

4. Le point le plus necessaire et le plus rare pour un historien, est qu’il sache
exactement la forme du gouvernement et le détail des moeurs de la nation
dont il écrit l’histoire, pour chaque siècle. Un peintre qui ignora ce qu’on
nomme ‘il costume’ ne peint rien avec verité.[4]

5. Então, se o retrato de Taunay sugere um costume da época, vejamos os


significados de alguns dos elementos da iconografia da pintura. Vestido à moda
da época, o casaco provavelmente é cortado na altura da cintura e tem uma
cauda longa e quadrada nas costas, chegando até os joelhos, devido ao
caimento que faz sobre a cadeira almofadada. Ademais, sua escolha estética
e formal nas Artes pode ser enfatizada por outros adereços, pois, segundo a
historiadora da moda Melissa Leventon, é um “traje masculino neoclássico:” a
grande dobradura para baixo em seu casaco é adornada com botões similares
a madrepérola e iguais aos abotoamentos duplos, que estão logo abaixo e
fechados; a gravata deve ser de linho engomado, branca, e envolve seu
pescoço em intricadas voltas; o colete também é branco e o costume da época
regia que devia ser curto, justo e com as golas altas e levantadas,[5] assim
como mostra a Figura 1. Ou seja, um pintor “neoclássico” e seu “traje
neoclássico”. Não é coincidência, haja vista que Panofsky nos ensinou que
todos os elementos que formam um quadro têm sua simbologia e valor.

6. Mas, o que falta é, por vezes, o que distingue a “mensagem” da pintura.


Ressalva feita por Jacques Le Goff (1924-2014) que, desde sua obra de
1977, História e Memória, não cessou de propor um novo olhar sobre as fontes
históricas e a abertura para que outros objetos pudessem mostrar “sua
historicidade.” E, por isso, cá estamos nós tentando descobrir o que “os
esquecimentos, os hiatos, os espaços em branco”[6] podem revelar sobre a
história não de um texto, mas desta obra de arte, desta “fonte histórica visual.”

7. Nesta pintura não se veem as meias, altas até os joelhos, típicas das vestes
das guardas reais, dos burgueses e até da nobreza. Não se veem, muito
menos, as botas de cano alto para a prática da montaria ou do “estilo urbano”
popularizado nas ruas de Paris. Mais importante ainda, as calças de Taunay
também não são culotes até os joelhos, seguidos de longas meias brancas,
reputada veste das elites francesas.[7] Ao contrário, suas calças seguem até
os calcanhares.

8. Não se pode olvidar que também não está presente na pintura um dos mais
emblemáticos atributos da nobreza e da realeza do Ancien Régime, a
peruca.[8] Embora tenha ocorrido uma mudança radical nos usos e nos
costumes da sociedade europeia, inclusive da moda, após a Revolução
Francesa, a disseminação daquela mudança tardaria a tomar todas as mentes
e corações, todas as práticas e ideias. Logo, um pintor da corte francesa
restaurada, em 1825, deixar-se representar sem perucas, não deixa de ser uma
exceção interessante.
9. Que homem foi esse que se permitiu “retratar” sem alguns dos atributos que
sua dignidade social permitia e determinava? O que ele mostra, não é
exatamente o oposto do que é? A resposta pode estar em duas vertentes, uma
no plano das ideias (da “longa-duração histórica” defendida por Fernand
Braudel (1902-1985) e Jacques Le Goff) e a outra no plano das vivências (da
“micro-história,” na qual Carlo Ginzburg é, senão o criador, o disseminador da
metodologia, que parte de um indivíduo para fazer um apanhado histórico do
que o cercava, ou seja, da História de seu tempo). Ginzburg nos apresentou o
conceito de “iconografia política” e um método para encontrar “as raízes antigas
de imagens modernas.”[9]

10. No plano das ideias, o que falta na vestimenta de Taunay acusa sua afinidade
- e dicotomia - com os intelectuais do Iluminismo Francês, principalmente,
Voltaire (1694-1778) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Sua altivez
representada em pintura por um amigo dos círculos “ilustrados” - e também da
corte -, Julien Léopold Boilly, convida a pensarmos que a categoria dos pintores
não apenas se distinguiu sócio e economicamente naquele período e na
França. Demonstra o quanto admiravam os pensamentos filosóficos e políticos
avessos à “cultura de corte” - expressão cunhada por Norbert Elias (1897-1990)
em seu clássico A Sociedade de Corte[10] - pois a tela sugere que Taunay
talvez desejasse distanciar-se dos padrões da nobreza e da realeza, mesmo
que sua renda dependesse delas.

11. No plano das vivências, lembremos que esta pintura foi realizada em 1825, ou
seja, alguns anos depois que o pintor voltou da sua estadia no Rio de Janeiro,
capital da mais rica colônia do Império Português, o Brasil. Na cidade, morou
com a família entre 1816 e 1821, anos nos quais interagiu com uma realidade
totalmente diversa da sua em Paris. Viveu sob um sistema escravista
administrado por uma corte que pouco se importou com seus talentos em
pinturas neoclássicas. Afinal, os ideais iluministas não cabiam ali, naquele
momento, nem as benesses que estavam à sua disposição na França
monárquica, revolucionária ou imperial.

12. Bem, parece que as experiências na “terra brasilis” mudaram as perspectivas


do sexagenário pintor francês. Mas, voltemos à época em que viveu em terras
cariocas.

13. Entre os anos finais do século XVIII e os primeiros do XIX, o Brasil era terra
mais “imaginada” que, de fato, conhecida. Nicolas-Antoine Taunay não devia
ser exceção à regra, pois, neste mesmo período, estava pintando paisagens
europeias - principalmente italianas - para a Academia Real de Pintura e
Escultura de Paris.[11]
14. Porém, o interesse de artistas pelas terras do Novo Mundo, mesmo que esparso
e pouco volumoso, antes de meados do século XVIII, trouxe ao Brasil Colônia
vários pintores que registraram suas apreensões. Desde o séc. XVI, navios e
caravelas europeias trouxeram à colônia portuguesa na América artistas,
intelectuais e cientistas europeus na busca por desvendar as maravilhas da
exótica paisagem.

15. O desejo daqueles artistas e cientistas era variado, mas enfatizou o registro da
escravidão, da arquitetura e da natureza exuberante. Para analisarmos aqueles
registros do Brasil, tanto os textuais quanto os visuais, Ronald Raminelli nos
lembra a respeito dos “relatos de viajantes” em relação à produção de imagens,
o que nos ajuda a entender que, “em geral, as imagens informam sobre cores,
formas anatômicas e trajes, enquanto as memórias descrevem a história dos
povos, costumes e governo.”[12]

16. Os registros das paisagens, da fauna e da flora, das gentes e dos costumes do
Brasil mostram que a “verossimilhança”[13] - prezar pela verdade ou por uma
plausível semelhança com ela - não era unívoca porque a arte pictórica é a
representação de emoções, “a pintura pensa.”[14] Entre a “mimese” das
gravuras dos cientistas[15] e a “imaginação excessivamente criativa” dos
“relatos de viajantes,”[16] há o encontro de pré-conceitos europeus com um
lugar considerado extravagante, o Brasil.

17. Assim, o registro visual é similar ao textual, quando se trata de uma memória
ou da narrativa de um fato histórico. Aliás, Le Goff critica a ideia de “fato
histórico” e de “documento,” pois estes não são acabados, objetivos ou
inocentes. Ambos são manifestações do “poder da sociedade do passado
sobre a memória e o futuro,” além de estarem submetidos à “construção do
historiador.”[17] Logo, a pintura também se submete à “construção” do pintor.

18. Johann Moritz Rugendas (1802-1858), por exemplo, pintou o Brasil em


aquarela ou a óleo. Seguiu a prática costumeira de deixar levar sua pena de
forma mais livre nas gravuras que nas telas: a Figura 3 sugere que, assim,
evitaria um provável desagradado da elite cortesã que nem sempre tinha
afeição a “retratos” fieis da realidade, pois preferia pinturas mais idealizadas
que realistas.

19. A partir desse preâmbulo, voltemos às telas de Taunay.

20. Nas suas telas de paisagens [Figura 2], sempre existiu um inequívoco
favoritismo em relação ao espaço ofertado ao céu, indiferente de onde o pintor
estivesse: França, Itália ou Brasil. Mas a sua escolha não foi pioneira ou única.
Entre os séculos XVII e XIX, os artistas que se dedicaram aos registros visuais
de paisagens deram um grande espaço à abóbada celeste a partir de uma
concepção de pintura que, cada vez mais, desejava “a representação de um
acontecimento natural da natureza, por oposição à mera ilustração de um
evento.”[18]

21. Esta foi uma concepção formal e estética compartilhada por vários artistas
europeus, inclusive ingleses, a exemplo de Willian Turner. Este pintor inglês -
contemporâneo de Taunay, mas pouco conhecido em Paris até a década de
1860 - atingiu o “sublime” em suas pinturas celestiais (no sentido de serem
pinturas que também representavam o céu em meio a diferentes forças
climáticas). A Figura 4 revela que Turner se notabilizou ao pintar a fúria da
natureza em tempestades que enchiam o céu de tons variados entre cinza e
negro, bem como de noites e dias, nos quais a lua e o sol se alternavam em
diferentes matizes de azul e amarelo para cobrir as suas telas de luz.

22. Outro pintor inglês de paisagens que favoreceu o céu com grandes espaços
pictóricos foi John Constable - este sim, conhecido na França contemporânea
a Taunay e partícipe dos Salões de Paris desde 1824.[19] Constable -
conforme vemos na Figura 5 - foi adepto de descampados com árvores
frondosas ao fundo e pontuadas por bois, sob um céu soberano. Obras
“bucólicas” e similares ao estilo de Taunay.

23. Mas, de novo, vamos refletir a respeito do que falta em uma fonte histórica, em
uma pintura.

24. Na tela de Taunay da Figura 2, o céu ocupa a metade superior da obra, logo,
há uma separação praticamente igual entre “elementos figurativos” (árvores,
animais, pessoas, etc.) logo abaixo de uma “arte abstrata” que Didi-Huberman
problematiza em sua obra, Diante do tempo: História da Arte e Anacronismo
das Imagens (2015). O pesquisador tenta descontruir a ideia de “movimentos
artísticos” restritos a recortes temporais e geográficos determinados por
teóricos e historiadores da arte, questão fundamental para um novo olhar sobre
as fontes iconográficas.[20]

25. O céu é abstrato porque, em sua “composição formal” (das formas) não sugere
formato algum. Afinal, este céu (acrescido da luz do sol desfocada que surge
detrás das montanhas ao fundo, logo acima da representação do Palácio de
São Cristóvão, e das nuvens também disformes) é um completo nada! Vê-se,
apenas, um imenso céu e diferentes tons de cores (do branco, passa pelo azul
e chega ao cinza). Essa escolha, naquele período, tinha indissociáveis
significados social: a ínfima e efêmera humanidade perante uma natureza
imensa, poderosa, onipresente e eterna.[21]
26. Qual o porquê deste grande espaço pictórico dado ao “nada”? Isso pode causar
certa aversão aos amantes da “composição pictórica” (imagem em geral,
pintura em particular) plena de elementos figurativos.

27. Foi, na verdade, o valor ao que não estava aparente e àquilo que transmitisse
uma mensagem mais implícita que objetiva. Sentimental, diríamos, pois ligada
ao sublime (vide William Turner e a Figura 4 e ao “pitoresco,” vertentes
artísticas em voga na Europa de então e que tiveram suas “versões” feitas no
Brasil.

28. Jean-Baptiste Debret, foi o artista que mais se destacou no “gênero pitoresco”
com sua coleção de aquarelas realizadas no Brasil, uma delas mostrada
na Figura 6. Além de sua obra maestra, Viagem pitoresca e histórica ao
Brasil (1834), Debret fez parte de um “trabalho particularmente intrigante”
descoberto no ano de 2010 em uma coleção francesa que, hoje, faz parte da
Coleção Brasiliana e vale a pena ser conhecido.[22]

29. Se regressarmos aos séculos XVII e XVIII, observaremos que as pinturas de


paisagens brasileiras que chegaram até nós, de modo geral, deram grande
espaço ao céu, espaço parecido ao que Taunay deixou na tela que estamos
analisando. Além disso, esta prática se perpetuou até chegar aos anos finais
do XVIII e primeiras décadas do XIX. Isso demonstra que a “arte da pintura” e
suas congêneres, por vezes, manifestam-se mais pela via da longa-duração
que da curta-duração histórica - mesmo quando nega a sua “historicidade,”
como as “vanguardas históricas” das primeiras décadas do século XX.

30. Frans Post, o pintor holandês de paisagens do nordeste brasileiro, é


emblemático nesse sentido. A Coleção Brasiliana destaca a vida e obra deste
pintor com preciosas análises de suas obras.[23] Post também é destaque na
Coleção do Instituto Ricardo Brennand, de Recife.[24] Estas coleções, por meio
de seus catálogos, oferecem um contato confiável com as obras. As referências
e análises de especialistas mostram que há uma relação estrutural e histórica
entre as obras de Frans Post com as de Nicolas-Antoine Taunay. É uma
suposição que encontramos a partir de algumas breves considerações de Lília
Moritz Schwarcz em O sol do Brasil (2008), entre elas: “a crítica francesa já
nesse momento reconhecia em Taunay a inclinação pela pintura holandesa,
tanto a de gênero como de paisagem,”[25] especialmente, aquelas do Século
de Ouro da Arte Holandesa, o XVII.[26]

31. A Figura 7 revela que o céu “holandês” - de Post - adiantou-se ao de Taunay:


“Devido ao jogo de cores que o imenso céu holandês permite, a paisagem
constitui o modo de expressão mais verdadeiramente lírico.”[27] Claudine
Lebrun-Jouve, responsável pelo Catalogue Raisonnée Nicolas-Antoine Taunay
(1755-1830), publicado na França em 2003, afirmou que: “Il est le second
peintre à avoir représenté le Brésil, après Franz Post.”[28]

32. Ademais, Lebrun-Jouve afirmou para o jornal Folha de São Paulo, em 2008,
que “Taunay foi melhor pintor que Debret.”[29] Sua visita ao país ocorreu em
meio aos eventos e lançamentos que fizeram parte das Comemorações pelo
Bicentenário da Chegada de D. João e da Família Real ao Rio de Janeiro. Um
deles é o catálogo da exposição promovida pelo Museu Nacional de Belas
Artes e pela Pinacoteca do Estado de São Paulo: Nicolas-Antoine Taunay no
Brasil: uma leitura dos trópicos.

33. Também em 2008, o Brasil conheceu as aventuras da Corte Portuguesa entre


fins de 1807 e 1808, o Período Joanino e os artistas franceses que vieram para
o Brasil a partir de 1816. Schwarcz nos contou que por aqui viveu um pintor tão
ou mais talentoso que Debret: Nicolas-Antoine Taunay, o pintor francês que
não se entendia com o “sol do Brasil” - era difícil pintá-lo, pois preferia o sol de
Roma, o céu da Itália.[30]

***

34. Contudo, a tela da Figura 2 - este olhar de Taunay sobre a cidade do Rio de
Janeiro - não está mais entre nós.[31] Um incêndio em 2018 no Museu
Nacional que a abrigava foi a consequência inevitável de um descalabro de
“gestão museal” que, com certeza, deve ter horrorizado outros países que
primam pelo abrigo seguro de seus objetos artísticos e históricos. Milhares de
itens do Museu Nacional se transformaram em cinzas.

35. Este museu, na época de Nicolas-Antoine Taunay, era o Palácio de São


Cristóvão, também chamado Quinta da Boa Vista. Um texto anônimo publicado
pela Typographia Astrea (Rio de Janeiro, 1826) deixou para a posteridade a
empolgada opinião a respeito do quadro feita por um visitante do palácio:
“Como he bela Paisagem! Que arvores, que frescura, que colorido; estava
vendo a Quinta do Monarcha. Taunay se deo a imortalidade: viverá no Rio de
Janeiro sempre que existir este seo Painel”.[32]

36. A historiadora de arte Zuzana Paternostro conheceu esta pintura em 1972. Ao


realizar o levantamento do acervo histórico-documental das dependências do
Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre os
anos de 1986 e 1988, considerou a pintura excepcional por dois motivos: era
de grandes proporções e a única deste artista no Museu Nacional. Foi ela
também que apresentou a tela a Lebrun-Jouve, entre 1988 e 1989, ocasião na
qual a pesquisadora francesa já estava criando o catálogo da vida e obra de
Nicolas-Antoine Taunay (2018).

37. D. João et dona Carlota Joaquina passant la Quinta de Vista près du Palais de
São Cristóvão não está entre as obras brasileiras mais destacadas por Lebrun-
Jouve no seu compêndio, mas ganhou uma reprodução em preto e branco e
alguns comentários da especialista: nas referências à obra, afirma que é
possível ver a assinatura de Taunay em uma caixa no barco e deixa a Théodore
(1795-1881), um dos filhos de Taunay, “a descrição poética da obra:”[33]

38. Je vois de la ville un groupe qui s’avance;


39. Inquiets courtisans qu’anime le devoir
40. Vers la royale main qu’ils baisent chaque soir.
41. Les brillans cavaliers, et leurs suites nombreuses,
42. Les chars volent, suivis par des traces poudreuces;
43. Et la pont, ébranlé sous l’azur rayonnant,
44. Sent du feu des coursiers le passage sonant.[34]

45. Na esperança de que a tragédia não se torne mais um silêncio da História, que
o Museu Nacional seja eternamente relembrado como perda lamentável e falha
irrepetível.

***

46. Depois dessa lembrança em nada pitoresca, muito menos agradável, voltemos
a pintura, porém, com atenção especial ao que se encontra abaixo do
firmamento, no seu primeiro plano da pintura. Para isso, vamos dirigir nossos
olhares, novamente, para as calças. A Figura 8 mostra um detalhe onde vemos
novamente as calças do pintor, a personagem indicada pela seta vermelha. Em
seguida, as calças de D. João, a figura masculina que conduz a carruagem.

47. Na análise de alguns elementos da Figura 1 destacamos a escolha de Boilly


por retratar Taunay usando calças compridas. Contudo, os detalhes da Figura
8 manifestam que as calças que Taunay veste nesta tela, datada entre os anos
de 1816 e 1821 (já que não se possui documentação que comprove um período
mais específico para a sua produção) são diferentes de seu retrato de 1825
pintado por Boilly: culotes até os joelhos, completados por longas meias na cor
branca, eis o paralelo buscado por Taunay entre o vestuário do monarca e o
seu.

48. É um Indício que supõe um desejo do pintor em mostrar que ele e o rei faziam
parte do mesmo círculo social, aquele da corte. Devido a essa similaridade nas
roupas - presente nesta obra e não em outra - podemos concordar com
Schwarcz de que esta tela “poderia render-lhe algum crédito político.”[35] Já
que era a única obra do pintor no Palácio de São Cristóvão e a iconografia -
inclusive as calças - é composta por elementos que, acreditava Taunay,
agradaria ao gosto estético do soberano português, o pintor deve tê-la ofertado
a D. João.

49. Notemos, agora, outro aspecto que pode nos escapar: ao contrário do
argumento de Lília M. Schwarcz de que o pintor - estrategicamente - decidiu
morar na Tijuca, pois estava localizada a meio caminho do Palácio de São
Cristóvão, esta obra pode ter sido realizada antes do pintor ir morar com a
família ao lado da cachoeira da Floresta da Tijuca.

50. Até então, ele e seus colegas franceses ainda esperavam por maiores
benesses reais e, quiçá, a efetiva criação da Academia de Artes. Mas, seu
ânimo decaiu, principalmente, por não ter sido ele o nomeado para o cargo de
diretor da Academia após a morte de Joachim Lebreton (1760-1819), chefe da
"missão artística francesa" (SCHWARCZ, 2008, p. 241). Para piorar sua
mágoa, nenhum dos renomados pintores franceses que estavam no Rio de
Janeiro sequer foi cogitado: foi nomeado como diretor o português Henrique
José da Silva (1772-1834). Uma ofensa e tanto.

51. Depois disso, Taunay provavelmente afastou-se da corte carioca e se entregou


aos afazeres campestres, além de pintar poucas obras desde então. Uma vida
imersa nas tarefas em torno da produção de café e das esporádicas pinturas
que realizou, cerca de 25 obras conhecidas.[36] Para Rodrigo Naves, “a nova
liberdade que Taunay encontrou aqui, sem precisar corresponder a
expectativas ou louvores, lançou-o a comedidas aventuras.”[37]

52. Logo, a mudança para a Tijuca não teria sido para se aproximar, mas para se
afastar do rei.

53. Em vista disso, a ideia de “verdade” é, na Arte e na História, subjetiva e


individual. Para analisá-la, resta ao pesquisador submeter-se a estas condições
e nunca deixar de lado a análise crítica da fonte. O historiador não se cansa de
questionar; o historiador da arte, mais ainda.

54. O que importa destacar é o caráter sociopolítico subentendido destas pinturas,


que eram e ainda são, costumeiramente, arguidas apenas em relação aos seus
“motivos estéticos e formais.” Nesse viés, Didi-Huberman lembra que é preciso
abrir caminho à “iconologia do intervalo” proposta por Aby Warburg (1866-
1929), quer seja, a junção entre o último estágio do método de análise
iconográfica de Panofsky, “iconologia”, aliada à ideia de “intervalo” como
espaço temporal, mas também, psíquico, espacial e informe, além de material
ou imaterial, visível ou invisível.[38]
55. Valer-se do “formalismo” (método de análise de imagens que prioriza as formas,
as cores e associam as obras, inevitavelmente, a um movimento artístico), ao
cabo, pode gerar análises distorcidas ou pouco aprofundadas. A título de
comparação, o formalismo na Arte é como o positivismo na História:
engrandece em demasia o acontecimento e o personagem, em detrimento dos
fatos e das causas. Além de, por vezes, ferir a verdade.

56. Por isso, Didi-Huberman esclarece que: “A missão histórica da arte, em nosso
ponto de vista, é o estudo das condições que engendram as obras, e não em
um simples alinhamento histórico e descritivo das imagens”.[39]

***

57. Com esta proposta, seguimos uma sucessão de temas, conceitos e métodos
com o intuito de organizar as ideias e possibilitar o aprofundamento de uma
pesquisa que seja, ao mesmo tempo, clara e bem embasada no que tange a
Arte e a História.

58. Algumas das questões levantadas pela autora de O Sol do Brasil são a base
sobre a qual esta pesquisa trabalhou. Por isso, a pesquisa foi mais crítica que
narrativa. Pretendeu fazer uma revisão dos métodos de análise de imagens,
além de levar adiante as propostas de pesquisadores da atualidade para o uso
da arte como fonte histórica e como fundamento subliminar de um pensamento
sociopolítico que nunca esteve distante das obras de arte. Basta procurar um
pouco mais.

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______________________________
[1] BAZIN, Jean. La production d’un récit historique. Cahiers d’Études Africaines, XIX, 1979, p.
446.

[2] (1955, p. 61)

[3] DIDI-HUBERMAN. Georges. O que vemos, o que nos olha. São Paulo: Editora 34, 2010.

[4] FÉNELON, François. Projet d'un Traité sur l'histoire. In: FÉNELON, François. Table des
matières: lettre a l’Académie, VIII, 1714, p. 84. Disponível
em: http://visualiseur.bnf.fr/CadresFenetre?O=NUMM-50599&I=85&M=tdm Acesso em: 10 jan.
2020. Tradução da autora: “O ponto mais necessário e raro para um historiador é que ele
conheça exatamente a forma de governo e os detalhes dos costumes da nação cuja história ele
escreve, para cada século. Um pintor que ignora o que é chamado de ‘costume’ não pinta nada
com verdade.”

[5] LEVENTON, Melissa (org.). História ilustrada do vestuário. São Paulo: PubliFolha, 2009,
p. 178-179.

[6] LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas-SP: Editora da UNICAMP, 2013, p. 107.

[7] BOUCHER, François. História do vestuário no Ocidente. São Paulo: Cosac & Naifi, 2010,
p. 82.

[8] LEVENTON, op. cit., p. 176-177; 178-179; 182-183.

[9] GINZBURG, Carlos. Medo, reverência, terror: quatro ensaios de iconografia política. São
Paulo: Cia das Letras, 2014, p. 12.

[10] ELIAS, Norbert. A sociedade de Corte: investigação sobre a sociologia da realeza e da


aristocracia de corte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p. 11.

[11] SCHWARCZ, Lilia Moritz. O sol do Brasil: Nicolas-Antoine Taunay e as desventuras dos
artistas franceses na corte de d. João. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 136.

[12] RAMINELLI, Ronald. Viagens ultramarinas. São Paulo, Alameda, 2008, p. 227.

[13] FONTES FILHO, Osvaldo. Prefácio à edição brasileira. In: DIDI-HUBERMAN, Georges. A
pintura encarnada. São Paulo: Escuta, 2012, p. 12.

[14] DIDI-HUBERMAN. Georges. A pintura encarnada. São Paulo: Escuta, 2012, p. 19.

[15] LAGO, Pedro Corrêa. Álbuns da Fauna e flora. In: LAGO, Pedro Corrêa. Brasiliana Itaú:
uma grande obra dedicada ao Brasil. Rio de Janeiro: Capivara, 2014, p. 250.

[16] SCHWARCZ, op. cit., p. 24.

[17] LE GOFF, op. cit., p. 11.

[18] BOCKEMÜHL, Michael. Turner. Lisboa: Taschen, 2010, p. 24.

[19] SCHWARCZ, op. cit., p. 292.

[20] DIDI-HUBERMAN, Georges. Diante do tempo: História da Arte e anacronismo das


imagens. Belo Horizonte: UFMG, 2015, p. 17.

[21] LAGO, op. cit., p. 35.

[22] Ibid., p. 64-65.

[23] Ibid., p. 22-23.

[24] LAGO, Bia Corrêa. Frans Post e o Brasil holandês na Coleção do Instituto Ricardo
Brennand: catálogo da exposição permanente. Rio de Janeiro: Capivara, 2010.

[25] SCHWARCZ, op. cit., p. 135.


[26] DANTAS, Bárbara. Rembrandt e a Holanda do século XVII. Trabalho apresentado na VIII
Semana acadêmica do curso de História da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo).
Vitória, 2012. Disponível em: https://www.barbaradantas.com/post/rembrandt-e-a-holanda-do-
s%C3%A9c-xvii Acesso em: 17 jan. 2020.

[27] ZUMTHOR, Paul. A Holanda no tempo de Rembrandt. São Paulo: Cia das Letras, 1989,
p. 242.

[28] LEBRUN JOUVE, Claudine. Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830). Paris: Arthena, 2003, p.
79. Tradução da autora: “ele foi o segundo pintor a representar o Brasil, após Frans Post:”

[29] STRECKER, Marcos. Taunay foi melhor pintor que Debret, diz especialista. In: Folha de
São Paulo Ilustrada, São Paulo, sábado, 22 de março de 2008.

[30] SCHWARCZ, op. cit.

[31] PATERNOSTRO, Zuzana. O incêndio que destruiu o Museu Nacional. In: Arte & Crítica, n.
48, ano 16, Rio de Janeiro, dez. 2018. Disponível em: http://abca.art.br/httpdocs/o-incendio-que-
destruiu-o-museu-nacional-zuzana-paternostro/ Acesso em: 11 jan. 2020.

[32] Ibid.

[33] LEBRUN JOUVE, op. cit., p. 288.

[34] TAUNAY, Théodore. Idylles brésiliennes (écrites en vers latines et traduites en vers
français par Féliz Émile Taunay). Rio de Janeiro: Imprimerie de Gueffier et Cie, 1830, p. 70.
Biblioteca Brasiliana, Guita e José Mindlin. Disponível
em: https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/6695 Acesso em: 02 jan. 2020. Tradução da autora:
“Vejo, da cidade, um grupo avançando; | Inquietos cortesãos que o dever anima | Em direção à
mão real que beijam a cada noite. | São os brilhantes cavaleiros e os cortejos numerosos, | As
carruagens voam, seguidas por traços poeirentos; | E a ponte, abalada sob o azul radiante, |
Revela, através do fogo dos corcéis, o som da passagem.”

[35] SCHWARCZ, op. cit., p. 246.

[36] TAUNAY, Nicolas-Antoine. Enciclopédia Itaú Cultural. 2018. Disponível


em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa24452/nicolas-antoine-taunay Acesso em: 25
jan. 2020.

[37] NAVES, Rodrigo. Um presente para Taunay: notas sobre uma paisagem realizada no
Brasil. In: Nicolas-Antoine Taunay no Brasil: uma leitura dos trópicos. Rio de Janeiro:
Sextante, 2008-a, p. 195.

[38] DIDI-HUBERMAN, op. cit., 2015, p. 126.

[39] Ibid., p. 195.

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