Você está na página 1de 259

UNIVERSIDAD NACIONAL DE ROSARIO

FACULTAD DE HUMANIDADES Y ARTES

ESCUELA DE POSGRADO

DOCTORADO EN HUMANIDADES

MENCIÓN EN CIENCIAS DE LA EDUCACIÓN

TESIS DOCTORAL

“A VIOLÊNCIA ESCOLAR EM ESCOLAS ESTADUAIS DE BELÉM DO PARÁ’’.

ROSARIO – AR

2017

1
GUSTAVO NOGUEIRA DIAS

TÍTULO: “A VIOLÊNCIA ESCOLAR EM ESCOLAS ESTADUAIS DE BELÉM DO PARÁ”

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação da


Facultad de Humanidades y Artes Doctorado en
Humanidades Mención em Ciencias de la Educación na
cidade de Rosário na Argentina, como requisito para
obtenção do título de Doutor em Educação.
Orientador: Prof. Dr. Natanael Freitas Cabral

ROSÁRIO – AR

2017

2
DEDICATÓRIA: Dedico este trabalho a meus filhos, Marcus Dias, Alessandra Dias, Enzo Dias,
Beatriz Melissa Dias e Joaquim Dias e a minha esposa Helen Dias.

3
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a Deus por ter me dado saúde e inteligência o suficiente para cursar a pós-
graduação em educação na Universidade Nacional de Rosário.
À SENSU, empresa de consultoria por ter me orientado a resolver todos os problemas com a
documentação e por ter me dado essa oportunidade de cursar doutorado.
À Escola Ten. Rêgo Barros por ter me liberado parcialmente das atividades para que pudesse me
dedicar integralmente ao curso em questão.
Ao prof. Dr. Natanael Freitas Cabral pela paciência e dedicação ao orientar este trabalho.
Aos colegas de pós-graduação Edirles, Luciane, Mônica, Thales Marden, Keyla, Acsa e Paulo
Fernando.
Para concluir, agradeço as pessoas mais importantes de minha vida, a minha mãe, Iara Ailete
Dias, por ter me dado força em todos os momentos para que conseguisse concluir o curso em
questão, minha esposa Helen do Socorro Rodrigues Dias, como também aos meus filhos, Marcus
Dias, Alessandra Dias, Enzo Dias, Beatriz Melissa Dias e Joaquim Dias, justamente pela
compreensão do tempo de ausência do ambiente familiar para escrever este importante trabalho.

4
“O voo do homem através da vida é sustentado pela força dos seus conhecimentos. ”

5
RESUMO

O presente trabalho: A VIOLÊNCIA ESCOLAR EM ESCOLAS ESTADUAIS DE BELÉM DO


PARÁ, investiga em particular o problema da violência no ambiente escolar, especificamente na
Escola Maroja Neto de Ensino Fundamental e Médio e da Escola Santo Afonso de Ensino
Fundamental, ambas localizadas no bairro da pedreira na cidade de Belém do Pará. O problema
de investigação proposto é: como a violência humana se manifesta no ambiente escolar e em que
medida, quando associada ao uso de drogas interfere na construção da cidadania necessária para
a manutenção de um modelo social que minimize seus efeitos. A pesquisa mostra que este
problema tem sido recorrente e com o aumento do consumo de drogas tem tomado direções de
difícil contorno pelos gestores das escolas. A pesquisa teve o caráter qualitativo e quantitativo. O
método usado foi o de entrevistas com professores e o uso de questionários com um grupo de
cento e setenta alunos e dezesseis professores. Várias razões para o problema são elencadas,
como o tratamento dado as “diferenças”; a importância do “habitus” específico para cada sujeito;
a “violência simbólica” onde impõe uma regra arbitrária causando revolta e descontentamento
aos alunos envolvidos no processo educacional; o problema social da educação, onde a
submissão dos pais em relação aos filhos é maior, não conseguindo dar mais ordens ter mais
pulso e nem propriedade sobre o que pedem e o que fazem; a escola que privilegia os alunos
provenientes de uma classe socialmente dominante, esquecendo-se que a grande maioria vem de
classes minoritárias. Dentre todos os problemas, a miséria; o uso de drogas; a chegada da
adolescência; a inserção do grupo pesquisado em áreas de risco pertencentes à Territorialização
Perversa; a falta de definição de um currículo pleno e adequado aos nossos problemas sociais; a
falta de punição adequada; a influência do habitus familiar têm contribuído para disseminação da
violência no bairro da Pedreira, estimulando atividades paralelas com o predomínio do tráfico de
drogas e crime organizado onde apresenta uma crescente aproximação com a comunidade local
carente de todos os tipos de serviço e benfeitoria não fornecida pelo Estado, provocando o
aumento de todas as taxas de criminalidade o avanço do narcotráfico como também o aumento
dos casos de transtornos psicológicos. Dentre essas razões a violência no ambiente escolar tem
aumentado. As ações necessárias à diminuição da violência escolar são apontadas, onde se
consolidam com o apoio da comunidade escolar e a criação de códigos internos de conduta
essenciais ao convívio no ambiente escolar. A pesquisa apresenta em seus anexos um modelo de
convivência elaborado e sugerido pela Polícia Militar do Estado do Pará, chamado de “Paz para
Ti”.

Palavras Chaves: Violência Escolar, Diferenças, Habitus, Violência Simbólica, Territorialização


Perversa.

6
ABSTRACT

This work: VIOLENCE SCHOOL IN SCHOOLS STATE OF PARÁ BELÉM, investigating in


particular the problem of violence in the school environment, specifically the School Maroja
Neto Elementary and High School and St. Afonso Elementary School, both located in the
neighborhood of Pedreira in the city of Belém do Pará. The proposed research problem is: how
human violence is manifested in the school environment and to what extent, when associated
with the use of drugs interfere with construction of citizenship necessary for the maintenance of
a social model that minimizes its effects. Research shows that this problem has been recurring
and increasing drug use has taken directions difficult to outline the managers of the schools. The
research was qualitative and quantitative. The method used was the interviews with teachers and
the use of questionnaires with a hundred and seventy students group. Several reasons for the
problem are listed, such as the treatment of the "differences"; the importance of "habitus"
specific to each subject; the "symbolic violence" which imposes an arbitrary rule causing anger
and discontent students involved in the educational process; the social problem of education,
where the submission of parents to their children is greater, failing to give more orders to have
more pulse nor ownership of what they ask and what they do; the school that favors students
from a socially dominant class, forgetting that the vast majority come from minority classes. Of
all the problems, misery; drug use; the arrival of adolescence; the insertion of the research group
at risk areas belonging to Territorialization Perverse; the lack of definition of adequate and full
curriculum to our social problems; the lack of adequate punishment; the influence of family
habitus have contributed to the spread of violence in the neighborhood of Pedreira, stimulating
activities parallel with the dominance of drug trafficking and organized crime which has a
growing closeness with the poor local community of all types of service and improvement not
provided by state, causing an increase in all crime rates of the drug advancement as well as the
increase in cases of psychological disorders. Among these reasons, violence at school has
increased. The actions needed to decrease school violence are identified, which are consolidated
with the support of the school community and the creation of codes of conduct essential to living
together in the school environment. The research presents its annexes a coexistence model
developed and suggested by the Police of Pará state military, called "Peace to you."

Key words: School Violence, Differences, habitus, symbolic violence, Territorialization


Perverse.

7
Sumário
RESUMO.........................................................................................................................................6
ABSTRACT ....................................................................................................................................7
ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................................10
1. Introdução ..................................................................................................................................11
2.Apresentação do problema de Investigação ...............................................................................17
2.1 Questão de Pesquisa ............................................................................................................17
2.2 Objetivo ...............................................................................................................................17
2.3 Objetivo Específico .............................................................. Erro! Indicador não definido.
3.O Problema Social da Educação .................................................................................................18
4.A Violência e Suas Diferentes Formas .......................................................................................29
4.1 A violência e a Influência do Habitus .................................................................................38
4.2 A Violência Simbólica.........................................................................................................41
4.3 Redes Sociais de Relacionamentos e a Influência na Violência .........................................44
5. A Complexidade da Violência Gerada pelos Sistemas de Segurança .......................................49
6.Violência Escolar........................................................................................................................55
6.1 Novas Atribuições do Professor em Face da Violência. .....................................................67
6.2Violência Escolar em Outros Países .....................................................................................72
6.3 Violência Escolar no Brasil .................................................................................................81
6.4 Violência Escolar e o Estado do Pará ..................................................................................89
6.5 Violências e o desempenho dos Alunos ............................................................................108
6.6 Violência, Tráfico e Consumo de Drogas .........................................................................112
7. Transtornos Psicológicos e Violência......................................................................................127
7.1 Sintomas ............................................................................................................................128
7.2 Socialização .......................................................................................................................133
7.3 Diversidades de Perfis .......................................................................................................135
7.4 Detecções do Transtorno ...................................................................................................136
8. Adolescência ............................................................................................................................144
8.1Adolescência nas Décadas Anteriores ................................................................................146
8.2 Adolescência nos Dias Atuais ...........................................................................................149
9.Influência dos Meios de Comunicação .....................................................................................156

8
10. Método de Investigação .........................................................................................................165
10.1.Contexto da Investigação.....................................................................................................169
10.2 Entrevistas .......................................................................................................................173
10.2.1 Entrevista Individual.................................................................................................173
10.2.2 Entrevista em Grupo (Professores) ...........................................................................176
11.Resultados...............................................................................................................................183
11.1 Respostas Alusivas a Questão de Pesquisa......................................................................199
11.2 Ratificação das Respostas da Questão de Pesquisa pela Interpretação das Entrevistas e
dos Questionários ....................................................................................................................204
12. Tese........................................................................................................................................210
13. Considerações Finais .............................................................................................................211
14.BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................214
ANEXO I ....................................................................................................................................226
ANEXO II ...................................................................................................................................245
APÊNDICE I ..............................................................................................................................250
APÊNDICE II ..............................................................................................................................254
APÊNDICE III ............................................................................................................................257

9
ÍNDICE DE FIGURAS 12
FIGURA 01: Tipologia de violência ………………………..………………………………....13 32
12
FIGURA 02: Violência nos presídios……………………….……………………………..…30 86
32
FIGURA 03: O principal problema da educação pública hoje no Brasil…………………….78 87
85
FIGURA 04: Gráfico indicativo de dos homicídios ocorridos no Brasil………………………..79 88
86
FIGURA 05: Gráfico indicativo da faixa etária dos homicídios……………………………8087 89
FIGURA 06: Perguntas, para professores acerca da violência escolar................................. 8194
88
FIGURA 07: Homicídios no Estado de Pará desde 2010 a 2015………………...………….85 87
93
FIGURA 08: Gráfico indicativo dos usuários de narcóticos………………………….........…87 88
95
FIGURA 09: Gráfico indicativo do consumo de narcóticos …………..………..………………88 99
96
FIGURA 10: Gráfico indicando do consumo de drogas no Estado do Pará ……..……………90 101
98
FIGURA 11: Gráfico da criminalidade do Município de Belém………………………………91 102
100
FIGURA 12: Gráfico da população da cidade de Belém por bairros………………….……92 103
101
FIGURA 13: Sala de Aula da EEEMN bairro da Pedreira, Belém, Pará, Brasil....................93 104
102
FIGURA 14: Foto das janelas da EEEMN................…………………………………….…94 104
103
FIGURA 15: Gráfico relacionando ao tipo de crime com a quantidade …………………..…94 106
103
FIGURA 16: Crianças reviram resíduos a fim de encontrar qualquer coisa ………………..96 108
105
FIGURA 17: Perguntas para professores de escolas públicas no Estado do Pará……...........97 113
107
FIGURA 18: Gráfico indicativo do uso e tráfico de drogas e entorpecentes…………..........103 115
113
FIGURA 19: Componentes do Crack…………………………………………………...........105 115
114
FIGURA 20: Pedras de crack………………………………………………………................105 121
114
FIGURA 21: Etapas da Fisionomia de uma pessoa dependente de drogas ………….............110 122
121
FIGURA 22: Foto ilustrativa de um funcionário da Rede Celpa cortando energia ……..........111 139
122
FIGURA 23: Disposições do cérebro envolvidas em decisões morais.................................. 136140
FIGURA 24: Crimes horríveis ocorridos no Brasil……...……...……………………..........126 169
142
FIGURA 25: Crimes horríveis ocorridos no Estado de Pará….………………………..…...126 170
143
FIGURA 26: Mapa da cidade de Belém…........……………………………………………...151 175
170
FIGURA 27: Mapa da cidade de Belém ampliado…………………………………...............152 183
171
FIGURA 28: Semana pedagógica da Escola Maroja Neto, bairro da Pedreira…….………..156 185
176
FIGURA 29: Taxa de homicídios (por 100 mil habitantes) de homens segundo a idade .....162 186
184
FIGURA 30: Problemas socioeconômicos encontrados no perfil dos alunos………….…..164 187
186
FIGURA 31: Frequência do uso de drogas dos alunos investigados………………………...165 193
187
FIGURA 32: Tipo de drogas utilizadas pelos alunos investigados…………………….......166 195
188
FIGURA 33: Gráfico do Transtorno Global de Personalidade …………………………..…..172 194
FIGURA 34: Gráfico referentes ao transtorno global de personalidade………………….....174 196

10
1. Introdução

A violência se manifesta de vários modos. No trânsito quando condutores e pedestres não


respeitam as leis estabelecidas pelas instituições reguladoras provocando acidentes muitas vezes
fatais, na falta de assistência médica as populações menos favorecidas trazendo sofrimento e a
indignação daqueles que se aglomeram nas filas de espera por atendimento médico na grande
maioria dos hospitais públicos do nosso país, na fome que, infelizmente, ainda afronta milhares
de lares brasileiros, na falta de saneamento básico, no uso de entorpecentes, etc.

O nosso olhar, muitas vezes, discrimina o ladrão, o drogado, o alcoolizado, o aluno


delinquente. Esquecemo-nos, no entanto, de refletir as circunstâncias afeto-sociais que
influenciaram essas condutas que tanto reprovamos. Ninguém nasce ladrão, drogado ou
delinquente. Uma primeira visão, ainda que intuitiva, sobre a temática da violência sugere a
existência de princípio de retroalimentação que, em geral, circunscreve as vítimas. Atos de
violência geram ações de violência.

A exposição à violência afeta diretamente a saúde das vítimas. Pessoas que presenciaram
um episódio traumático, por exemplo, podem apresentar altos níveis de ansiedade, stress,
diminuição do poder de concentração, problemas relacionados ao sono e, além disso,
desenvolver a síndrome do pânico e ocasionar o uso de substâncias entorpecentes como
dispositivo de fuga da realidade. Todas essas dificuldades, além de repercutir sobre o físico das
vítimas, também podem desencadear desdobramentos comportamentais com desvios de conduta
e a associação com delinquência.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) (2002) define a violência como o uso de força
física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou
comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico,
desenvolvimento prejudicado ou privação. Linda et al.(1999) comenta que a inclusão da palavra
"poder", completando a frase "uso de força física", expande a natureza de um ato violento e
dilata o conceito usual de violência para abarcar os atos que derivam de uma relação de poder,
abrangendo ameaças e intimidação. O "uso de poder" também leva a incluir a desmazelo ou atos
de omissão, além dos atos violentos mais óbvios de execução propriamente dita. Assim, o

11
conceito de "uso de força física ou poder" deve incluir negligência e todos os tipos de abuso
físico, sexual e psicológico, bem como o suicídio e outros atos auto infligidos.

Abaixo segue o quadro da figura 01, que versa sobre a tipologia de violência e toda a sua
abrangência e ramificações em sua resolução WHA49. 25 de 1996, da Organização Mundial de
Saúde (OMS). Esta criou uma tipologia da violência que caracteriza os diferentes tipos de
violência e as ligações que as conectavam. A tipologia indicada decompõe a violência em três
grupos: a) violência autodirigida; b) violência interpessoal; c) violência coletiva.

Figura 01. Tipologia da violência. Fonte: Organização Mundial de Saúde. Genebra: OMS; 2002

A disposição inicial constitui uma diferença entre a violência que uma pessoa aplica a si
mesma, a violência infligida por outro sujeito ou por um pequeno grupo de indivíduos e a
violência infligida por grupos maiores, como estados, grupos políticos organizados, grupos de
milícia e organizações terroristas. Segundo a resolução WHA 49.25 (1996), especifica:

12
– Violência auto infligida é subdividida em comportamento suicida e agressão auto
infligida. O primeiro inclui pensamentos suicidas, tentativas de suicídio – também chamadas em
alguns países de "para-suicídios" ou "auto injúrias deliberadas" – e suicídios propriamente ditos.
A autoagressão inclui atos como a automutilação.

– Violência interpessoal divide-se em duas subcategorias: 1) violência de família e de


parceiros íntimos – isto é, violência principalmente entre membros da família ou entre parceiros
íntimos, que ocorre usualmente nos lares; 2) violência na comunidade – violência entre
indivíduos sem relação pessoal, que podem ou não se conhecerem. Geralmente ocorre fora dos
lares. O primeiro grupo inclui formas de violência tais como abuso infantil, violência entre
parceiros íntimos e maus-tratos de idosos. O segundo grupo inclui violência da juventude, atos
variados de violência, estupro ou ataque sexual por desconhecidos e violência em instituições
como escolas, locais de trabalho, prisões e asilos.

– Violência coletiva acha-se subdividida em violência social, política e econômica.

Diferentemente das outras duas grandes categorias, as subcategorias da violência coletiva


sugerem possíveis motivos para a violência cometida por grandes grupos ou por países. A
violência coletiva cometida com o fim de realizar um plano específico de ação social inclui, por
exemplo, crimes carregados de ódio, praticados por grupos organizados, atos terroristas e
violência de hordas. A violência política inclui a guerra e conflitos violentos a ela relacionados,
violência doestado e atos semelhantes praticados por grandes grupos. A violência econômica
inclui ataques de grandes grupos motivados pelo lucro econômico, tais como ataques realizados
com o propósito de desintegrar a atividade econômica, impedindo o acesso aos serviços
essenciais, ou criando divisão e fragmentação econômica. É certo que os atos praticados por
grandes grupos podem ter motivação múltipla.

Esta tipologia apresentada pela OMS, ainda que não globalmente aceita, ministra uma
composição útil para a concepção dos tipos complexos de violência perpetrada em todo o
mundo, assim como a violência na vida cotidiana de indivíduos, famílias e comunidades.

Rocha (1996) sugere que a indicação da violência, sob todas as formas de suas inúmeras
manifestações, pode ser considerada como uma força que ultrapassa os limites dos seres

13
humanos, tanto na sua realidade física e psíquica, quanto no campo de suas realizações sociais,
éticas, estéticas, políticas e religiosas. Dessa forma, a violência, sob todas as suas formas,
desrespeita os direitos fundamentais do ser humano, sem os quais o homem deixa de ser
considerado como sujeito de direitos e de deveres, e passa a ser olhado como um puro e simples
objeto.

Priotto  Boneti (2009), conceituam violência como um acontecimento inerente à vida


humana que permeia historicamente a vida social e só pode ser esclarecida a partir de
considerações culturais, políticas, econômicas e psicossociais, intrínsecas às sociedades
humanas. As formas de apresentação de violência são: violência doméstica, política, policial,
religiosa, criminal, simbólica, nas ruas, no trânsito, nas escolas, no campo, contra o jovem, a
criança, a mulher, o idoso, o portador de necessidades especiais, o afrodescendente, o
homossexual, entre outras. Isto é, genericamente a violência pode ser entendida como uma ação
diretamente associada a uma pessoa ou a um grupo, a qual interfere na integridade física, moral
ou cultural de uma pessoa ou de um grupo, mas também esses efeitos podem ser gerados por
acontecimentos ou mudanças radicais advindas da sociedade abrangendo negativamente os
sujeitos ou a coletividade em relação aos laços de pertencimentos, dos meios e condições de
vida, etc.

Na perspectiva de Zaluar (2001), violência é aquilo que procuraremos distinguir entre


violência real e violência simbólica. A primeira pode ser exemplificada pela depredação, o
tráfico de drogas, porte de armas, assim como a violência física perpetrada por agentes
institucionalizados encarregados da manutenção da ordem. A segunda pode ser definida sob a
forma de ameaças ou de imposição de condutas que negam ou oprimem o outro.

Chauí (1999) define violência como um ato de brutalidade, sevícia e abuso físico ou
psíquico contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão e
intimidação, pelo medo e pelo terror. A violência se opõe à ética porque trata seres racionais e
sensíveis, dotados de linguagem e de liberdade, como se fossem coisas, isto é, irracionais,
insensíveis, mudos, inertes ou passivos. ·.

O presente trabalho está distribuído em vários capítulos.

14
Na introdução chamo a atenção para os conceitos de violência e sua amplitude, com
várias interpretações e subdivisões possíveis.
O capítulo 2 apresenta o problema de investigação;

O capítulo 3 refere-se sobre o problema social da educação, os problemas de convivência


em grupo, a heterogeneidade, as diferenças encontradas no meio social e na personalidade das
pessoas;

O capítulo 4 apresenta a violência e suas diferentes formas em que se apresentam, propõe


questões sobre a criminalidade e as suas dimensões de atuação como falta de emprego, a
presença da família e um questionamento sobre a idade penal, os efeitos da punição e a
disciplina; trata sobre o conceito de habitus e como encontramos presente no indivíduo; o
conceito de violência simbólica e as suas vertentes e as redes de relacionamentos cada vez mais
presentes no mundo atual e globalizado;

O capítulo 5 versa sobre a Complexidade da violência gerada pelos sistemas de


segurança, a quantidade de senhas que um indivíduo comum tem que saber para estar em
segurança, os acessos com restrição e a violência gerada por todos esses protocolos;

O capítulo 6 versa sobre o tema principal do trabalho, violência escolar, os autores de


referência, conceito, brigas, mortes, agressividade, a característica da personalidade e vida
pregressa do aluno envolvido na pesquisa, as características do histórico familiar do aluno, as
novas atribuições e comportamento dos professores em face da violência constante a que estão
submetidos; a violência escolar nos outros países, no Brasil, no Estado do Pará, em Belém e no
bairro da Pedreira; o desempenho do aluno em face da violência e as deficiências do modelo
curricular adotado; tráfico de drogas e entorpecentes consumo de drogas e entorpecentes; o
conceito de Territorialidade Perversa;

O capítulo 7 fala sobre os transtornos psicológicos relacionados à violência; o transtorno


parcial de personalidade; transtorno global de personalidade; psicopatia; os sintomas; os vários
tipos de perfis encontrados, os criminosos e os nãos criminosos; como fazer a detecção primária
do transtorno;

15
O capítulo 8 fala sobre o período de adolescência encontrado nas pessoas, a descoberta e
as modificações do corpo e da personalidade, o conflito encontrado na família; como se tratava
este período nas décadas anteriores e nos dias atuais;

O capítulo 9 versa sobre a influência da mídia no aumento da violência nas cidades e no


ambiente escolar; a influência da programação televisiva e de filmes no comportamento dos
jovens e adultos ao exibirem cenas de violência e agressões;

O capítulo 10 trata dos instrumentos de pesquisa utilizados na pesquisa; os questionários;


as entrevistas e a observação direta, como também do contexto de investigação, o local e a
história do bairro e dos problemas decorrentes da violência;

O capítulo 11 fala dos resultados apresentados da pesquisa;

O capítulo 12 faz a apresentação da Tese.

O capítulo 13 trata das considerações finais e todas as influências que geram a violência
como os distúrbios psicológicos não tratados e não detectados a tempo; a criminalidade; a falta
de emprego; o problema curricular; os efeitos negativos do ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente); o modelo sugerido para redução da violência.

16
2.Apresentação do problema de Investigação

2.1 Questão de Pesquisa

Como a violência humana se manifesta no ambiente escolar e em que medida, quando


associada ao uso de drogas, interfere na construção da cidadania necessária para a manutenção
de um modelo social que minimize seus efeitos

2.2 Objetivo Geral

Estabelecer um conjunto de evidências relacionadas que passam a mostrar os indícios das


interferências da violência quando associada ao uso de drogas no ambiente escolar.

2.3 Objetivo Específico

i) Conceituar violência no âmbito da literatura pertinente.

ii) Identificar as manifestações de violência no ambiente escolar entre os sujeitos, em


especial, ligados ao uso de drogas.

iii) Descrever os efeitos dessas manifestações violentas no ambiente escolar a partir dos
relatos de seus atores.

17
3.O Problema Social da Educação

Em minha prática docente, durante um longo período há cerca de seis anos venho me
deparando com situações delicadas e que muitas vezes não se tem uma resposta imediata.
Circunstâncias estas, como por exemplo: i) entrar na escola no período da tarde e observar
alunos pequenos na faixa etária de 12 anos cheirando acetona ou cola; ii) durante o andamento
da aula, alunos na mesma faixa etária, enrolando cigarros de maconha, para vender, consumir ou
distribuir nos intervalos; iii) Enfrentamento e desrespeito ao professor e às normas da escola; iv)
uma quantidade maior de alunos que não conseguem ficar mais de 1 hora dentro de sala. Saem e
fogem pulando o muro ou ficam andando e se escondendo dentro da escola; v) poucos alunos
frequentando regularmente a escola.vi) Alunos que impõe ameaças durante as provas, de forma
que os que os colegas que estudaram ajudem ilicitamente os demais, passando informações não
autorizadas durante a realização das avaliações.

As situações citadas acima não são únicas. Existem outras recorrentes, mas o que
notamos é que há uns 10 ou 15 anos atrás, bastava o professor fazer vários tipos de provas
diferentes na quinzena de avaliação, de forma que evitasse a cola, que no próximo período,
bimestre ou trimestre, os alunos voltariam a frequentar e a estudar realmente. Atualmente
podemos agir dessa forma e possivelmente teremos o efeito contrário, provavelmente evasão em
massa.

Sistemas educativos novos, em que não há mais provas, somente trabalhos em grupos e a
análise comportamental nas séries iniciais, acabam propiciando esta conduta. Se ninguém
ensinou o aluno a escrever direito e somar e multiplicar, qual seria a atitude ao entrar numa sala
do 6º ano, por exemplo? Este mesmo aluno, no decorrer do curso acaba por entender que não
consegue copiar os ensinamentos do quadro em tempo hábil, não consegue fazer uma operação
matemática com expressões, nem a mais simples, pois não conhece a tabuada, e nem sabe somar
ou subtrair direito.Com o desestímulo dia após dia e os pais lhe obrigando a vir para aula o aluno
acaba se associando aqueles que estão envolvidos com furtos, roubos e consumo de drogas e
entorpecentes.

Em muitos alunos observei certo olhar de revolta, de descrença e muitas vezes de ódio,
durante a realização da aula. Percebi que a situação dos alunos será delimitada em inúmeros
18
sentidos: culturalmente, financeiramente e socialmente. Para ele a única alternativa de
sobrevivência é praticar assaltos ou vender drogas se associando aos delinquentes e criminosos
do bairro em que vive.

São comuns escolas que possuem clientelas possuidoras de características


discriminatórias como: cabelos pintados, corte de cabelo irregular, tatuagens e outras
particularidades atípicas.

Nestas escolas encontram-se vários sujeitos desde aquele marginal do bairro até aquele
assassino que foi condenado a cumprir medidas socioeducativas 1. Há necessidade de
repensarmos a educação. Não podemos discriminar! Temos que ter outro olhar, outra atitude,
outra ação.

A sociedade tem dificuldade de encarar a realidade sem discriminação. Ouvimos e


assistimos a todo tempo a mídia divulgando as atitudes desses adolescentes, cada vez mais cruéis
com a sociedade em que vivem. E nós ficamos no meio desse embate social, em que a mídia
condena e exorta a todos os marginais que cometem delito e se pensarmos temos que oferecer
educação e acolhe-los em pelo menos 4 horas diárias em que a escola se abre para educá-los.

Todos esses episódios observados nesse período de seis anos contribuíram para a minha
reflexão sobre esses problemas. Descobri que é impossível continuar a prática docente sem
tomar uma atitude. Estudar o problema é essencial, para que se possa pensar em um futuro
melhor.

A educação pública merece um novo olhar, uma nova forma em que se consiga atingir
mais alunos, não de forma abrupta, como se vem fazendo já há algumas décadas, mas de uma
forma linear e constante de forma a atender à crescente demanda por uma educação melhor e de
qualidade.

1
Medidas socioeducativas: são procedimentos aplicadas pelo Juiz com o fim de instruir e orientar jovens
adolescentes, ou seja, inimputáveis maiores de doze e menores de dezoito anos, que incidirem na prática de atos
infracionais.

19
Pinar (1995) nos fala que a educação pública é a educação do público, é uma
reconstrução política psicossocial e intelectual do eu e da sociedade, um processo em que os
educadores ocupam espaços públicos e privados entre as disciplinas acadêmicas e o estado da
cultura de massa, entre o desenvolvimento intelectual e o engajamento social entre a erudição e a
vida cotidiana.
Hoje, em uma sala de aula, observamos alunos com diferentes tipos de educação, cultura
e modos de vida. Dizer que o meio não afeta o desenvolvimento é talvez um crime ao
desenvolvimento da criança. Há pais zelosos que qualquer problema que acarrete à falta do seu
filho as aulas faz a comunicação imediatamente à escola e os professores envolvidos no processo
educativo de seu filho e, contraditoriamente, há pais que não estão presentes, não participam. A
inserção da família no processo educacional da criança é de fundamental importância. Todo o
acompanhamento de tarefas e atividades deve ser supervisionado diariamente pelos responsáveis
da criança.

Muitas vezes as escolas punem o aluno com suspensões e só se admite a presença do


mesmo com a presença do pai ou responsável para que dessa forma a família tome conhecimento
do fato acontecido. Os educadores têm que conviver com uma sala totalmente heterogênea,
sendo uma tarefa árdua administrar as diferenças entre os sujeitos envolvidos.

Nas organizações militares a disciplina é uma organização de atividades regradas e


distribuídas totalmente positiva e crescente no tempo, ou seja, cada ação tem um tempo certo e
permitido para ser executado. O que parece importar é como extrair do tempo mais forças úteis e
capazes. É como se fosse encontrar uma maior rapidez e uma máxima eficiência onde se usam
grandes técnicas, que permitem desenvolver um indivíduo mais ativo e inteligente.

No sentido de interpretar e analisar o comportamento do jovem atual há necessidade de


falarmos sobre maneiras de repensar a diferença como forma de educação. O assunto “diferença”
apresenta inúmeros conceitos e algumas ramificações que mergulhão em sua amplitude.

Podemos dizer que diferença é uma forma de modelos sociais e de identidade que
apontam a forma de personalidade e indicam a não conformidade com normas pré-estabelecidas
habituais.

20
Na visão de Burbules (1993) “Diferença”, é uma expressão de modelos sociais e
psicológicos de identidade e subjetividade que ressaltam os aspectos internamente fragmentados
e performativos da personalidade e da ação humana. A diferença começa a ser vista como uma
característica profunda da vida interior e não apenas de uma questão de embates entre diversos
grupos. Em geral essas tendências têm procurado ressaltar questões de fragmentação e
hibridismo e retirar dos ombros de muitos indivíduos a carga de frequentemente ter de justificar
a não conformidade com normas de identidade convencionais e dominantes. Educacionalmente a
diferença parece ser tanto uma oportunidade quanto um problema.

Por um lado, a oportunidade porque as discussões entre grupos e sujeitos oferecem


momentos para explorar as possibilidades humanas que se propagam na cultura é também um
problema, pois podem provocar confusões e concepções erradas, embora algumas diferenças são
contidas de poder que pela natureza e origem acaba dividindo e segregando os sujeitos
envolvidos.

Não se trata de tolerarmos as diferenças e sim de fazermos o reexame e a interpretação de


nossas próprias concepções de diferença e o que significa para nós e para os outros. O Brasil é
um país democrático e tem um desejo de dar a todas as pessoas uma chance de certa forma
igualitária, principalmente no que se refere a oportunidades de estudar e trabalhar. Confundimos
muitas vezes o conceito de “Democracia”, pois pensamos como aquela baseada na
homogeneidade explícita ou então num pluralismo tolerante em relação a uma grande quantidade
de diferenças como se fôssemos exatamente iguais.

A impressão é que a educação aqui no Brasil é utilizada para tornar as pessoas mais
parecidas, demonstrada essencialmente pelos testes padronizados estabelecidos pelo nosso
governo e também pelo estabelecimento de critérios, normas e conteúdos uniformes em nosso
currículo. É contraditório quando o discurso político menciona o desejo de atender a grande
maioria das diferentes necessidades, orientações culturais, maneiras de aprender, estilos de
trabalhar e inúmeros costumes de vida.

Burbules (2003) atribui aos conservadores à característica “Somos todos iguais” o que se
traduz “Vocês são como nós”, onde a hipótese de afinidade ou normalidade significa apenas uma
perspectiva de harmonia e uma série de modelos dominantes. A posição pluralista de tolerância

21
às diferenças significa acomodação daquelas características da diferença que podem ser
compreendidas e rotuladas conforme os padrões dominantes, desconhecendo outras condições de
diferenças. Quando se fala em educação a única opção proporcionada àqueles que são diferentes
é abdicar ou reprimir suas diferenças em nome da “adequação” ou acolher as suas diferenças
com base na perspectiva dominante ou abdicar dos padrões e códigos que outros cunharam e
perderam no momento da educação. A escola nesse sentido admite diversos papéis, de complexo
trabalho podendo muitas vezes acarretar uma lesão terrível a educação de crianças, por não
trabalhar com as diferenças quando a valorizam ou a desconhecem, sendo mal-entendidas ou
trivializadas pela escola formadora.

De acordo com Burbules (2003, p.23), considera oito formas de falar ou pensar em
diferença:

Primeira visão: Variedade. Define-se a diferentes tipos, dentro de uma classe particular.
Exemplo: Existem vários tipos de pássaros, dentro de uma categoria pássaros. Segunda Visão:
Em Grau. São diferentes qualidades. Exemplos: vários tipos de cor de pele, dos olhos, uma
escala de inteligência.
Terceira Visão: Variação. Exemplo: Variações de doenças e síndromes. Uma determinada
combinação de certos elementos. Quarta Visão: Versão. É um padrão familiar que é alterado
pela interpretação. Exemplo: Diversas versões de um carro ou um livro. Podemos falar aqui nas
diferenças de identidade sexuais. Quinta Visão: Analogia. Quando são calhados os modelos
paralelos com um grau de comparação. O que existe de igual não são as práticas, mas um quadro
amplo na qual podemos visualizar fenômenos paralelos relacionados. Sexta Visão: Diferença no
interior. Podemos citar como exemplo a heterossexualidade e a homossexualidade, na qual a
primeira usa artifícios hostis em relação à segunda, podendo ser julgada contra um padrão de
autenticidade e normalidade. Sétima Visão: Diferença Além. Exotismo, estranheza. A diferença
de outro, sempre contém algo além de nossa capacidade de compreensão. Reconhecemos o outro
como alguém que se parece com o nosso ser, mas é exterior a nós. A relação com o outro é de
mistério. Oitava Visão: Diferença Contra. Significa uma reação ao multiculturalismo,
constituindo uma “Oposição” as normas e valores de uma sociedade dominante. Podemos citar o
questionamento da raça a aceitação dos homossexuais.

22
Bhabha (1998) critica a noção de diversidade usada no discurso liberal para dar uma
ilusão de harmonia pluralista. Ele afirma que essa harmonia só é conquistada com base em
normas sociais construídas e administradas pelo grupo dominante para criar essa ilusão de
consenso. Dessa forma as diferenças não estabelecem nem regiões claramente demarcadas de
experiências e nem uma única identidade como afirmam os professores tentando adotar o
pluralismo cultural, sendo entendidas através de práticas reflexivas em relação à posição
econômica e a políticas dominantes. Ainda titulam de diferença cultural conjeturas que
consideram as diferenças como algo elementar.

O receio sobre os dilemas da diferença é na verdade a forma radical como ela se


estabelece, e que o separatismo entre as classes sociais não venha a sobrepujar a sociedade com
uma forma de divisão entre elas cada vez maior. Infelizmente somos diferentes, até entre irmãos,
vivendo em uma mesma cultura. A sociedade é composta por meio de uma concorrência extrema
em todos os sentidos. Entre as pessoas, entre as empresas, entre as organizações públicas e
privadas, entre os profissionais liberais com atividade fim similares e muitas outras espécies de
concorrência.

No emprego público, nos deparamos com o concurso para o ingresso. São milhares de
pessoas para poucas vagas, aonde a promessa de uma nova vida, com salário digno e certo vai
nos dar uma estabilidade.

Na iniciativa privada, o proprietário do estabelecimento comercial, provavelmente segue


o princípio da livre concorrência, onde empresas enormes ou multinacionais serão nossas
concorrentes, oferecendo o mesmo produto ou serviço, com muito mais qualidade e com menor
preço e maior rapidez. Se este indivíduo que ingressa nesse mercado não tomar precauções
provavelmente será engolido pelo mercado globalizante atual. É necessário, fazer uma pesquisa
de mercado muito bem-feita, ante de abrir qualquer tipo de comércio.

Podemos citar alguns questionamentos necessários como: quais empresas vizinhas


vendem o seu produto ou serviço? Existe alguma empresa grande vendendo o mesmo produto ou
serviço? Onde comprarei o meu estoque ou encontrarei a minha mão de obra? Qual o tempo de
reposição do meu estoque? Como encontrarei o profissional qualificado a trabalhar com o meu
ramo de atividades?

23
Enfim, o mercado está cheio de restrições em todas as áreas. A concorrência está à solta
em qualquer ramo, atividade ou profissão que procuremos. São diferenças irredutíveis. Terá
êxito aquele que souber observar e atender os requisitos exigidos no mercado nas diversas e
inúmeras opções exigidas. Podemos observar que a tarefa de formar um profissional e colocá-lo
no mercado está muito mais difícil que antes. São inúmeros requisitos e milhares de
concorrentes.

Não temos para o jovem atual um currículo que conecte a educação e o trabalho,
tornando dessa forma a mão de obra disponível no mercado precária e totalmente instável,
desvalorizando até as empresas que tem menor capital. Estamos preparando os nossos jovens
para que? Segundo a política econômica atual é para melhorarmos os nossos rendimentos
escolares nas provas do ENEM2 e outros exames que qualifiquem uma determinada nota global e
que sirva de apoio a aumentar a nossa credibilidade de forma a aumentar o limite de
empréstimos internacionais com o banco mundial.

Outro questionamento se faz indispensável quando raciocinamos com a finalidade do


ganho individual para este estudante. Respondendo a todas as perguntas e estando próximo dos
100% das respostas corretas, este aluno estará apto ao trabalho?

A maioria dos nossos jovens chegam a concluir o ensino médio na faixa de 17 a 23 anos,
considerado pelo Banco Mundial como uma idade tardia. A preocupação reside no fato de que
após isso, irá trabalhar com que? Aonde? É formado em que? Percebemos que não existe uma
profissão técnica intermediária que aproxime este indivíduo ao trabalho, independente do desejo
de prosseguir nos estudos. É necessária uma maior atenção da educação no sentido de adotar
competências rentáveis ao futuro desses sujeitos. Temos a impressão de estar havendo uma
multiculturalidade expressa em várias seções com diversas ramificações, sendo que os jovens
que adotam este tipo de cultura ou foram seduzidos por ela, tornam-se propensos a conhecer o
outro e se apropriar de suas contribuições e de certa forma clonar, sem diminuir as propriedades
e singularidades locais. Clones no sentido de indivíduos iguais e muito semelhantes, sem uma
diferença ou uma profissionalização diferenciada. Todos são formados com o ensino médio. Não

2
ENEM: Exame Nacional do Ensino Médio. O governo brasileiro adotou um sistema de avaliação nacional através
deste exame em que o aluno presta esta modalidade de avaliação para poder entrar nas Universidades Públicas e
Privadas que adotam este padrão de avaliação.
24
apresentam uma especificidade necessária para competir com um mercado saturado de mão de
obra sem especializações.

A partir dos problemas gerais observados na educação é possível partir para o tema da
violência e suas diferentes formas de manifestação e descobrir de onde a violência se manifesta
procurando tentar desvendar quais motivos fazem-na crescer.

O presente capítulo inicia tratando sobre o meio, a convivência dos alunos e a política de
evolução automática dos governos em fazer o aluno passar de uma série a outra sem haver a
retenção necessária quando não tem condições de assumir a próxima série, gerando uma
infinidade de problemas de convívio e discriminações futuras.

Trata dos acordos enfrentados pelos professores ao conviver com séries heterogêneas e a
não aceitação por parte de muitos docentes das diferenças geradas pela manutenção de um
currículo geral e imposto pelos nossos governos.

É descrito neste capítulo o conceito de “diferença” proposto por Borbules (1993), que
prega que é um meio de oficializarmos as não conformidades encontradas em um sistema
humano educativo e que em inúmeras vezes estas diferenças tornam-se uma oportunidade de
resolver as diversidades através da discussão e embates com a realidade. Torna-se também, um
problema, pois alguns grupos não aceitam certas concepções que diferem do seu conceito
específico de domínio, pois quando aceitam certas opiniões, há necessário ceder e diminuir o
poder que detém em seu favor. É feita uma crítica aos modelos dominantes presentes e a
tentativa de tornarem as pessoas iguais com certa característica peculiar encontrada na maioria
das pessoas e a tentativa de rotular indivíduos conforme a padrões dominantes.

Pela compreensão, em geral, o que temos a temer sobre o contexto da diferença é que o
radicalismo venha a sobrepujar a sociedade e que todos somos seres diferentes, mas vivemos em
uma mesma cultura. A concorrência entre estas pessoas e classes ao instituir formas de ingresso,
perante o aumento da disputa por uma vaga no mercado de trabalho formal, tornando a
população dos derrotados cada vez maior. É um sistema humano excludente em face do aumento
da concorrência. Percebe-se que a educação imposta pelo nosso currículo está muito voltada ao
geral e pouco ao profissional o que gera a instabilidade quando este sujeito chega ao mercado de

25
trabalho sem as especificações e especializações necessárias a manutenção de um emprego,
sendo excluído automaticamente.

A partir das considerações discutidas sobre o problema social da educação, temos a


necessidade de apresentar um novo tópico: “A violência e suas diferentes formas”, uma vez que
esta pode ser também uma das consequências da distribuição e colocação na sociedade em que
vivemos. Por isso a necessidade de mostrar como a violência é originada e seus diferentes
aspectos.

Em todas as classes enfrentamos o problema da diversidade. O professor tem que dispor


de certos mecanismos já previamente preparados a fim de poder trabalhar com esta problemática.
Em vários ambientes como estádios de futebol ao assistirem um jogo, ou mesmo estando dentro
de um ônibus lotado ou dentro de um cinema e outros locais públicos, encontramos uma
diversidade muito maior, porém ela não significa um problema, pois a regra é ignorar os outros e
só interagir com quem está sob o meu domínio, os seja as pessoas que são afins a este local o
indivíduo presente.

Por outro lado, a pedagogia autoritária pode ser meio de segurança aos menos
favorecidos no que diz respeito à disciplina. O autoritarismo de certa forma tira a liberdade
daqueles considerados indesejáveis dentro de sala. Aceitamos este tipo de aluno porque somos
obrigados. Ele pinta o caderno que não é dele, joga corretivo na camisa limpa do colega, intimida
a todos com suas linguagens, jargão e gírias que nos remetem aos perfis dos criminosos.

Temos tantos tipos de caracteres psicológicos e personalidades das mais variadas


possíveis as que fazem um professor virarem um ator que ora é tirano autoritário ora é um
animador, palhaço de uma plateia. Por isso a profissão ensinar não é para todos. Muitos
escolheram este ofício por falta de outro. Vemos advogados dando aula de história, médicos
dando aulas de biologia, engenheiros dando aulas de matemática e física. O fato é que a
profissão de professor está em baixa. Cada vez menos pessoas se inscrevem em cursos de
licenciatura. Geralmente são os cursos de grande concorrência como direito e medicina que os
jovens estão procurando. A concorrência é menor se a faculdade ou universidade for particular e
inúmeras vezes as universidades dão até bolsa integral para aqueles que participam dos

26
programas governamentais como exemplo o PROUNI 3. Muitos ainda financiam também pelo
crédito do Banco da Caixa Econômica Federal FIES 4 (Financiamento Estudantil) o pagamento
das mensalidades, com várias facilidades, só começando a pagar após o término.

Mas, infelizmente a procura pelo magistério diminui ano a ano. A complexidade das
tarefas do professor, a multiplicidade de pedidos de alunos, a quantidade de tarefas simultâneas
que se deve fazer concomitantemente a grande diversidade e diferença entre os sujeitos
envolvidos tornam a carreira de professor desgastante.

Na concepção da UNESCO (2009), merece, porém, atenção a enorme lacuna quanto à


formação de professores para a educação infantil, uma vez que se trata do nível inicial da
educação básica, que compreende vários anos de atenção à criança pequena, e que concentra
como já se viu o maior percentual de docentes sem formação adequada. Seguindo a tradição dos
cursos de magistério de nível médio, os atuais cursos superiores de Licenciatura I costumam
preparar concomitantemente o professor para atuar na educação infantil e no ensino fundamental.

A suspeita é que, entendida, como em tempos passados, mais como uma complementação
da formação do professor dos primeiros anos do ensino fundamental, a formação oferecida não
esteja contemplando devidamente as especificidades da educação das crianças na pré-escola e
nas creches. O número de professores formados nos últimos 15 anos apresentava enorme
defasagem em relação às demandas de professores na educação básica.

Na atualidade o que acontece no Estado do Pará é a implantação de novos modelos de


currículo adaptados a alunos com dificuldades de aprendizagem e fora da faixa etária onde o
conteúdo é reduzido e restrito a aspectos gerais e globais. O modelo é simplificado com a
aplicação de vídeos das disciplinas principais e o seu desempenho é medido através de relatórios
e o tempo de término para o ensino médio é apenas 18 meses. De uma forma específica esse
modelo se assemelha ao modelo proposto por Bantock (1968), onde o perfil dos estudantes é o
mesmo proposto na Inglaterra da década de 60. O problema da violência aos alunos participantes
deste projeto é reduzido amplamente. Ao colocarmos um objetivo único em uma mesma turma

3
PROUNI: Programa governamental que pela média obtida no ENEM garante vaga nas universidades particulares
com bolsa de estudos.
4
FIES: Programa de financiamento das mensalidades das universidades particulares pelo banco governamental da
Caixa Econômica Federal.
27
com alunos com a mesma dispersão de idade os ideais ficam mais próximos e os entendimentos
das matérias curriculares ficam facilitados o que faz despertar o interesse desse grupo que antes
era heterogêneo e agora tem um objetivo único de concluir o ensino médio ou o fundamental em
menos tempo. Essa estratégia adotada pelo governo do Estado do Pará e outros Estados
Brasileiros, é uma forma de minimizar a violência nas escolas e corrigir as distorções idade /
série. A proposta dos governos é boa em corrigir os problemas das distorções, encontra alguns
problemas no fazer pedagógico e da estrutura necessária para desenvolver o projeto. É preciso de
muitos recursos que as escolas ainda não possuem e o fato de ser atribuída a característica de um
só professor para todas as disciplinas (UNIDOCENTE), pode ser um problema no futuro. O
aluno vai ter acesso ao conteúdo superficial em todas as disciplinas, um currículo mínimo de
forma a dar a formação básica a quem já perdeu muito tempo e oportunidades. Este projeto
apresentado pelo governo do Estado do Pará é uma das ações concretas adotadas para minimizar
os efeitos da violência humana encontrada em sociedade, dando um norte, um caminho certo,
para a formação de muitos destes jovens que se encontravam em situação de risco.

28
4.A Violência e Suas Diferentes Formas

A violência esconde em duas de suas várias faces o uso de drogas e delinquência juvenil
e se manifesta inclusive em contextos escolares. Existe um conflito entre os interesses da
sociedade e as posturas de usuários de drogas que se materializa numa dimensão de medo e
incompreensão. Em minha prática, pelas inúmeras situações que ocorrem no quotidiano muitas
vezes não soube como agir. Apenas passava por eles sem expressar qualquer alteração, em
diversas ocasiões por medo, até de falar bom dia, boa tarde ou boa noite, é como se estivesse em
contato com uma doença contagiosa que ao me aproximar poderia ser contaminado por ela.
Percebi que não era somente eu quem estava usando de pensamentos discriminatórios em relação
ao público discente de minha prática. Em entrevistas com professores da Escola Maroja Neto, na
semana pedagógica de 2015, outros docentes compartilhavam da mesma angústia. A que
tratamos algum de nossos alunos com olhares e pensamentos, como se fossem a escória do
mundo, discriminando todas as suas atitudes, palavras ou cumprimentos.

Qual a melhor forma de combater a criminalidade A idade penal brasileira é muito alta
Segundo o Anuário de Segurança Pública (2013), praticamente 45% dos crimes e assaltos
cometidos à mão armada, são de menores infratores.

A pena de morte tem sua origem histórica, no âmbito internacional, tendo como fito, a
punição. Outrora, à época do Brasil Colonial, isto é: antes da independência (1822), estava
adotado o regime da pena de morte para os crimes comuns. O fim - formal - da pena de morte
ocorreu com a Constituição de 1891, apesar de ter sido contemplada, ainda que por pouco tempo,
na República, em 1937. O Código Criminal, 1830, não a excluiu, mas sua aplicação ficou
limitada a casos de homicídio, latrocínio e rebelião de escravos; mostrando-se como tenaz
mecanismo de controle social em face do regime absolutista, que não admitia contraposição;
aboliram-se os espetáculos circenses e passou-se a julgar, através de um conselho de jurados,
composto de doze cidadãos, Beccaria (2001).

Pela Constituição Federal Brasileira, qualquer projeto de lei que verse sobre pena de
morte é rejeitado pelo Senado Federal e Congresso Nacional e não passam para nenhuma
votação. É vetado automaticamente, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2013. O
Jornal Diário do Pará (2014, dezembro), relata que policiais confirmam que nas celas de muitas
delegacias da cidade de Belém cabem em torno de 12, mas tem 20 ou mais detentos e que os
29
delegados, no geral só prendem se for gravíssimo e alegam que não existem penitenciárias e nem
celas nas delegacias da cidade que possam suprir a tamanha demanda de criminosos.
Paralelamente a isso temos o problema de grupos de extermínio. Temos notícias, segundo o
diário do Pará, de 15 de dezembro de 2014, que em Belém, PA, está formado um grupo especial
que não perdoa criminoso, pois já sabem que o meliante sendo levado para a delegacia e se não
tiver acusação formal ou for um crime gravíssimo, provavelmente o delegado vai colocá-lo em
liberdade.

Segundo Foucault (1999) a punição torna-se a parte mais complicada do processo penal,
atingindo várias percepções. Uma delas é a certeza de ser punido é que deve desviar o homem do
crime. O escândalo sofrido pelo homem no momento em que é exposto na mídia sofre
transformações através dos debates que ocasionará a sentença e a vergonha imposta ao réu,
através de toda publicidade, que será veiculada na mídia como consequência do crime praticado,
gerada pela atrocidade do seu crime.

Um dos grandes problemas de nossas cidades é a quantidade cada vez maior de


criminosos a solta; sem dúvida o afrouxamento da severidade penal no decorrer dos anos é um
fenômeno conhecido. É o princípio da humanidade em questão; mais respeito, maior suavidade e
menos sofrimento, e tanto mais humano será o castigo. Esse problema se agrava, quando se trata
de pessoas doentes, psicóticas que estão à solta, matando por motivos irrelevantes. Há crimes
que o assassino bate na porta e assim que a pessoa abre, faz o disparo da arma sem nem olhar
quem é o sujeito.

Hoje, como também no passado, temos os problemas: Anomalias psíquicas como, por
exemplo, os pervertidos, os loucos, os vagabundos os desorientados, os inabilitados e outras
categorias que cada vez mais se somam aos nossos problemas contemporâneos.

A explicação é que o código penal Francês de 1810, previa que não há crime (ato ilícito
com previsão legal de forma e respectiva pena, determinando um ilícito em espécie. Ex: Lesão
Corporal Qualificada), sem delito (ato ilícito utilizado genericamente, estabelecendo que uma
conduta ilícita foi praticada. Ex: Ofensa física).

30
A possibilidade de invocar a loucura excluía a qualificação de um ato como crime, e se
não havia crime não existia o delito. Desde então surgiram vários problemas onde os tribunais do
século XIX, a partir desse problema começaram a aceitar que é possível alguém ser culpado e
louco, devendo ser enclausurado e tratado.

Nas relações humanas atuais, para evitar à violência, a sociedade administra receitas
antigas e seculares que sempre deram certo. Formou-se uma sociedade de coerções que são
trabalhos desenvolvidos pelo corpo, definindo assim como se pode ter domínio sobre o corpo dos
outros para que trabalhem de uma forma previamente determinada segundo princípios da
eficácia, agilidade e rapidez, dessa forma se conheceu um comando chamado disciplina ou
obediência, ela inverte a energia fazendo a potência que seria transformada em trabalho em uma
sujeição extraordinária, criando uma dominação do corpo marcante.

A violência urbana brasileira chega perto de muitos horrores ocorridos em muitos países
considerados mais violentos. A barbárie voltou em algumas cidades brasileiras. A revista veja de
15/01/14 publicou detalhes sobre o que e como ocorreu a morte de uma menina de 6 anos em
São Luís do Maranhão. O relato nesta tese é devido à profundidade e a aberração dos fatos
violentos ocorridos neste episódio.

A vida da menina Ana Clara Santa Souza que no dia do acidente se preparava para ir à
escola pela 1ª vez segundo relatos dos repórteres da revista Veja, Leslie Leitão e Alana Reizzo,
relatam que simultaneamente a vida desta garota, havia ordens advindas da prisão de pedrinhas e
que eram para que procurassem um ônibus qualquer em circulação e lhe ateassem fogo em
represália à invasão de policiais na última rebelião. Infelizmente um dos ônibus escolhidos foi o
que estava Ana Clara; sua irmã Juliane Souza e sua irmã menor de 1 antes ano, Lorrane.

Ao adentrarem no ônibus renderam o motorista enquanto seus cúmplices jogavam


combustível em seu interior. Segundo Juliane, que foi internada após o ocorrido em estado grave,
contou o que houve. Ela e suas irmãs, Ana Clara e Lorrane, já estavam na porta de entrada do
ônibus, quando um dos bandidos riscou o fósforo antes que elas saíssem e jogou em direção ao
combustível espalhado no chão do veículo. Imediatamente houve a explosão do veículo em
chamas. Juliane atirou-se sobre a caçula Lorrane e com as costas e os braços ardendo em fogo,
conseguiu rastejar com ela por baixo da roleta em direção à porta de trás para sair. Achava que

31
Ana Clara a seguia, no entanto, ela havia permanecido na parte da frente com 95% do corpo
queimado. Quando saíram do veículo as câmeras de segurança do ônibus, mostraram-na
perambulando em choque, sozinha, com o corpo em chamas durante alguns minutos. O óbito
veio a acontecer no dia 6 de janeiro, três dias após o ocorrido.

Essa barbárie é um exemplo de poder, dominação e saber. Os bandidos nesse fato


horrendo mostraram que quando algo está errado mais absurdamente errado vai ficar, nem que
para isso seja preciso usar dessa tríade de atributos para mostrar à população. Isso tudo devido ao
presídio que é caracterizado como o inferno de Pedrinhas que tem superado a tudo a que já se viu
de trágico das cadeias brasileiras. Celas para 10 detentos que são ocupadas por 40.

Não temos prisões seguras. Na maioria delas os grupos associados ao crime, como tráfico
de drogas e armas, o encarcerado consegue se associar a outros grupos e assim manter todo um
sistema da manutenção de um cartel de crimes praticados continuamente na sociedade sob voz
de apenas um comandante ou um grupo fechado de criminosos que estão dentro da prisão e que
tornam as suas vozes e vontade atuar em vários segmentos sociais e articulam vários crimes
insolúveis pelas autoridades competentes, pois sempre esbarra no óbvio: como punir alguém que
já está preso Já está cumprindo pena por inúmeros crimes
Abaixo, observe a Figura 02, presídio de Pedrinhas:

32
Figura 02. Violência nos presídios. Fonte: Revista veja (janeiro 2014).

Pelas informações veiculadas na mídia, revista veja de 15/01/14, percebemos que


inúmeras vezes o governo brasileiro gasta milhões de reais para construir novas prisões, ou
reformar penitenciárias. A reforma pode tornar-se muito mais dispendiosa que uma construção
normal, porque requer mais atenção ao executar a obra que muitas vezes estão em mal estado por
inúmeros motivos incluindo a culpa dos próprios detentos que em rebeliões acabam por inutilizar
e corroer toda a parte construída como também pintura das prisões.

O presídio de Pedrinhas foi terceirizado por uma empresa que tem afinidade com o
governo do Estado do Maranhão. Os salários dos monitores são completamente defasados em
relação aos agentes penitenciários efetivos do Estado. A este fato, existe o arsenal de facas,
telefones e armas apreendidas. A ordem geral em voga na penitenciária de Pedrinhas é decapitar
e despontar com a cabeça do desafeto nas mãos.

Como relata Foucault (1999):

O famoso artigo 3o do código francês de 1791 — “todo condenado à morte terá a


cabeça decepada” — tem estas três significações: uma morte igual para todos; uma só
morte por condenado, obtida de uma só vez e sem recorrer a esses suplícios e o castigo
unicamente para o condenado, pois a decapitação, pena dos nobres, é a menos infame
para a família do criminoso.

Parece que voltamos aos tempos da revolução Francesa, narradas por Foucault, onde o
suplício é a característica principal das execuções, sendo a cabeça separada do corpo como um
troféu, chegando às vezes a ridicularizarem com a cabeça improvisando brincadeiras
semelhantes a uma bola de futebol. Outro método adotado pelos presos é o esquartejamento, a
fim de desaparecerem com o corpo.

De acordo com Foucault (1999), seria ingênuo acreditar que a lei é feita para todos. É
legal reconhecer que ela é feita para alguns e se aplica a outros e que inicialmente ela obriga a
todas as pessoas, mas são encaminhadas as classes mais numerosas e sua aplicação não se refere
a todos da mesma forma. O que se entende é que por falta de recursos e de educação estes grupos
sociais não sabem conservar-se nos limites da lei. A burguesia não se interessa pelos loucos e
indisciplinados, mas pelo poder; não se importa com os delinquentes nem com sua punição ou

33
reinserção social, que não tem muita importância no ponto de vista econômico, mas se interessa
pelo conjunto de mecanismos que controlam, segue, punem e reformam o delinquente.
O efeito bumerangue da delinquência é o fato de que quando o criminoso é encaminhado
para uma prisão e que o estado ao punir com uma pena específica, não consegue corrigir, seria
como uma espécie de “punição-reprodução”, nesta espécie de reformatório acaba se tornando
uma forma de escola de violência, onde o delinquente aprende novas técnicas de matar, roubar,
estuprar, etc.

Atualmente os delinquentes se veem a praticar uma criminalidade localizada de uma


forma política sem representar algum perigo e economicamente sem consequência. A justiça
penal funciona como uma válvula de transmissão. Ela faz a troca de papéis, cujos principais
atores são a polícia, a prisão e a delinquência. A força inercial que a prisão opõe a justiça é coisa
antiga. Talvez seja efeito da esclerose do deslocamento do poder. Podemos dizer que a justiça
penal é feita para atender a demanda de um grupo de pessoas atreladas a um meio de controle
mergulhado a sombra da delinquência. O delegado prende e após alguns dias solta. Não porque
quer ou porque sente vontade ou é corrompido. Solta porque não há mais espaço. Surgiu outro
criminoso com “peso” maior. Cometeu mais crimes, até hediondos e talvez não seja possível
manter aquele que cometeu um crime primário em comparação a este último que cometeu vários
crimes. O detentor da lei neste momento tem que julgar por opção de justiça mais adequada.

Não há espaço físico na cela disponível naquela determinada delegacia para mais um.
Neste momento o responsável pela manutenção da lei, tem que soltar aquele que representa
menor periculosidade para a sociedade. Abrindo as portas para este criminoso certamente se
sentirá impune, e que nada o atingiu. Passou apenas 24hs detido em uma cela com 20 ou 30
pessoas e de repente é solto, sem nem ao menos pedir ou solicitar um defensor. No seu
julgamento isso se torna um efeito multiplicador de atrocidades. Nada lhe acontece, é o que
pensa. A partir desse momento a válvula de reprodução da violência começa a se dilatar até o
momento em que este delinquente acaba por cometer crimes cada vez mais alarmantes onde não
poderá ser trocado por outro na cela por ordem de importância de atrocidades cometidas.

Hoje o adolescente quando comete um ato infracional grave, não passa muito tempo
retido, no máximo três anos. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) o protege de uma
forma incompreensível. De acordo com o gráfico da figura 25, percebemos que em torno de 60%

34
dos crimes de morte são cometidos por sujeitos menores de 18 anos, são chamados de atos
infracionais. E são beneficiados pela lei onde a maioridade penal é só aos 18 anos.
No passado as pessoas que iam para os grandes centros trabalhar, encontravam fábricas
que eram na verdade espécie de convento, fortalezas, que se entrava e só se conseguia sair no
final do expediente, onde o princípio de funcionamento é tirar o máximo de proveito das forças
unidas de produção e dessa forma retirar todos os seus inconvenientes iniciando aí a
denominação de organização.

O princípio da organização de diversas formas, como por exemplo, em fila ou questões


resolvidas por certa ordem de dificuldade, chamada dos alunos por ordem estritamente rigorosa
alfabética. A forma de organização foi um dos grandes avanços da educação como um todo.
Impõe ao indivíduo a noção de comportamento serial, onde aparece a educação passo a passo.

Essa noção de hierarquia foi toda esquecida e perdida, intrinsecamente na consciência do


sujeito. Sem dinheiro, sem família, para lhe dar apoio, e com fome, este indivíduo terá a certeza
quase absoluta de ser um soldado implacável voltado ao crime. É a selva urbana. Homem
saudável, forte, sem emprego, sem família sem qualquer tipo de ajuda financeira é a receita
favorita da composição flagrada do nascimento de um criminoso nesta terra de dominação de
classes e de falta de oportunidades. Estes são os estágios de evolução de um indivíduo nascido
“normal” para um tirano das ruas. Obsta claramente a ressalva de um princípio que não pode ser
esquecido em nenhuma hipótese: Não Ociosidade. O fato de estar desocupado, sem nenhuma
atividade pode, em algum momento, declinar este sujeito a praticar atitudes que lhe remetam a
um código de ações não autorizadas e nem permitidas em nossa sociedade, como exemplo,
assaltos, assassinatos, estupros e os inúmeros crimes existentes em nossa coletividade.

Na concepção de Foucault (1999) a disciplina faz funcionar um poder relacionado que se


sustenta por seus próprios mecanismos, substituindo o brilho das manifestações pelo jogo
ininterrupto dos olhares calculados. Os exames e provas estão no centro dos processos que
constituem o indivíduo como efeito e objeto de poder, como efeito e objeto de saber, é a prática e
a instituição do sistema de provas e exames que se consegue extrair do máximo das forças e do
tempo necessário à consecução dos objetivos.

35
Observamos que o criminoso de amanhã talvez seja o nosso aluno de hoje. E até o
próprio bandido é o nosso aluno. Falamos muitas vezes que não há punição como outrora. O
sistema educativo e suas ações punitivas mudaram drasticamente. Nós somos investidos de
relações de poder e de dominação. Um sistema de trabalho só será possível se este está atrelado a
um sistema de sujeição e resignação. Este ser só se torna útil se for produtivo e submisso.
Provavelmente o comportamento destes alunos está associado ao conceito de disciplina. Esta
exige que cerquemos o seu espaço. É necessário um local protegido, fechado. Hoje a intenção de
retornarmos a uma espécie de internato, onde era pelo menos parecia ser, o mais perfeito e caro.

Era nesse sistema que ocorria o mapeamento dos sujeitos, seu esmiúçam-no e descrições
de atitudes e palavras dos indivíduos. Dessa forma se forjava a personalidade e o caráter dos
alunos internados. Essa forma de ensino está voltando. Fala-se em escolas profissionalizantes em
que o aluno entra pela manhã e sai à tarde com aulas normais do ensino médio pela manhã e à
tarde o ensino profissionalizante ou vice-versa de acordo com a clientela. Estamos percebendo
que o tempo ocioso de nossos alunos pode custar muito mais caro que a implantação de tal
sistema.

Voltamos aos princípios das escolas religiosas “É proibido perder um tempo que é
contado por Deus e pago pelos homens”. (Foucault, 2012).

O nosso saber e nossa produção natural de força de trabalho é colocada sob a ação de
duas forças, a de poder e de dominação. A força de trabalho só é possível se estamos atrelados a
um sistema de condicionamento e submissão, não ocorrida apenas pelos instrumentos de
opressão, pode ser calculada e sutil, mas tem a capacidade de impor uma ordem, um comando de
forma hierarquizada e que todos obedeçam, desvelando assim táticas em que as relações
humanas administram o seu domínio. Quem detém o poder provavelmente tem através de suas
relações interpessoais o domínio de várias atitudes e feitos sociais excludentes de inúmeras
classes sociais. A dominação funciona como um quartel general em que a patente mais alta dita a
todos as normas de conduta a serem praticadas sob uma lente defeituosa que os erros são
determinados somente sob o seu aspecto e orientação, não coexiste outra lei senão a ditada pelo
soberano que detém o poder e juntamente com este atributo inerente a ele nasce o saber.

36
A contribuição de Foucault (2008) é a de conceber o poder não como algo fixo, nem
tampouco como partindo de um centro. Poder e saber são mutuamente dependentes. Não existe
saber que não seja a expressão de uma vontade de poder. Ao mesmo tempo, não existe poder que
não se utilize o saber, sobretudo de um saber que expressa como conhecimento das populações e
dos indivíduos submetidos ao poder. Saber que se torna uma fonte de informação privilegiada.
Funciona da mesma forma que um operador da bolsa de valores que detém informações que
podem deixar um homem milionário em menos de 24 horas. Assim podemos conceber o poder e
saber como algo mútuo, solidário reciprocamente ao outro.

A partir das três informações básicas, poder, dominação e saber, forma uma tríade, que na
atualidade se transforma em uma espécie de monstro em que toda a atividade humana sofre
interferência dos sujeitos que detém esta tríade ao seu dispor.

O indivíduo que articula essas três informações, provavelmente orquestra a disciplina e


organiza uma economia positiva de um emprego do tempo. A conquista do trabalho prevê
atividades próprias que devem ser realizadas em tempo únicas e exclusivas durante o seu
trabalho. Observa-se aí o uso adequado do tempo. O indivíduo não tem tempo para pensar em
outra coisa a não ser terminar o trabalho e ir para casa descansar. Repouso esse, justo e adequado
ao tempo de trabalho e produtivo e apropriado para as relações familiares. A não ociosidade
pode, em algum momento e situação da vida do sujeito afastar a possibilidade desse indivíduo
em entrar na vida do crime. Não que isso seja regra, pois há muitos empresários, políticos,
funcionários públicos e talvez até religiosos que tenham rotinas extremamente atribuladas e
cometem vários crimes, peculato (dinheiro público mal aplicado ou desviado), roubo de
equipamentos e de dinheiro público e etc.

A disciplina, o uso do tempo, o saber, a articulação do poder e o exercício da dominação


são itens importantes que podem eventualmente ser relacionado à prática do habitus, coexistente
no indivíduo como também no padrão social em que vive.

37
4.1 A violência e a Influência do Habitus

É importante percebermos o uso de nossas atividades diárias. O que isso contribui para a
nossa vida em sociedade. O fato de nossas atividades serem tão intensas a ponto de não termos
tempo, sequer para conviver com os nossos filhos e lhes dar a educação necessária, ou o tempo
em demasia, que pelo fato de muitas ocasiões o “não fazer nada” nos leva para uma condição de
perdidos no mundo cheio de injustiças. Tudo o que fazemos ou deixamos de fazer é importante
para a nossa vida cotidiana. Nasce nesse momento um novo conceito, o que, como e quando
fazemos algum comportamento humano.

Na concepção de Bourdieu (1998) percebemos a importância do “Habitus” presente nos


indivíduos e diferenciado e específico em cada sujeito. Se essa característica individualizada e
peculiar a este indivíduo for compatível com a posição desse grupo ao qual está inserida, isso faz
reforçar essa particularidade, dependendo da posição deste sujeito na sociedade.

Para falar a constituição do habitus é preciso antes de tudo conhecer a sua história e
gênese e todas as estruturas vigentes nesta sociedade e nesse campo específico. É comum
falarmos que o modo pessoal ou uma marca particular que levam todos os produtos ou práticas
do mesmo habitus dispondo segundo a uma determinada época ou classe a que pertença o
sujeito.

O habitus corresponde a uma coerência prática e determina a afinidade do dia a dia com o
mundo exterior, aludindo em uma lógica entre ele e as significações prováveis que ocorrem
resultados de práticas que são de certa forma despercebida no decorrer do tempo na medida em
que são internalizados pelo agente.

O habitus é uma determinada posição do mundo social do agente ou uma planta de


produção de práticas e também um código de esquemas de argúcia e julgamento de práticas. As
técnicas que determina são causadas pelas condições passadas da produção de forma que eles
tendem a reproduzir as composições objetivas das quais elas são o resultado. De certa forma o
habitus é uma espécie de encadeamento de ações humanas no dia a dia. Trata-se de disposições
adquiridas pela experiência que sofrem, determinando variações segundo o lugar e o momento.

38
Uma vez que a família está dentro da sociedade e que sem valores e aspirações dependem
dessa posição de escolher um futuro próspero ou que pelo menos lhe garanta a sobrevivência,
este mecanismo que se constitui o habitus é muito significativo na constituição do indivíduo.
Considerando que ele pode ser modificado na trajetória e convivência do indivíduo com outros
grupos, isso funciona por um grande período até que surjam outros subsídios e características
diferentes das anteriores encontrando respostas para o mundo e seu lugar no mundo.

Opostamente são os valores mais difíceis de serem modificados, uma vez que os
“valores” vivenciados parecem ser mais naturais do que deveriam ser e dão uma grande certeza
na significação do seu mundo para este indivíduo.

A violência muitas vezes ocorre porque este sujeito nunca teve acesso a um novo tipo
habitus e por vir de um grupo familiar onde à violência está presente o tempo todo, como por
exemplo: o pai e a mãe são traficantes, os irmãos ladrões e viciados, a mãe é espancada pelo pai,
os seus vizinhos são viciados ou traficantes, ladrões, pervertidos e toda a espécie de anomalia
psíquica, adquirida pela prática constante de violência.

Na escola vários sujeitos apresentam esse tipo de problema social, uma grande
quantidade quase a maioria, encarando os problemas advindos de suas vidas como sendo
normais e inerentes a todas as pessoas. Considera como se todos possuíssem os mesmos
problemas ou as mesmas dificuldades. Dessa forma, conforme o ambiente em que se desenvolva
a sua educação, pode se deparar com situações e explicações que reforce seus conceitos iniciais
ou o senso comum local.

O grupo familiar a partir de seu habitus indica uma trajetória possível e aplica um reforço
positivo nas atitudes que vão ao encontro dela. Haverá mais reforços para que o indivíduo
escolha o caminho que lhe foi inculcado pela família e grupo social em que vive e muitos mais
obstáculos e dificuldades caso opte por outros valores entendidos como incompreensível pelo
grupo em que vive.

A partir daí a formação do habitus e os basilares recebidos vão desempenhar uma intensa
influência sobre a criança que acondicionarão no estabelecimento das possibilidades futuras e

39
convergências que serão mantidas do indivíduo. A escola colabora para vincular as
desigualdades ao mesmo tempo em que as convalida.
Segundo Bourdieu (2005), cada um dos universos tem, portanto, seu oriente, sendo que o
limiar é o local onde se articulam dois espaços simétricos e inversos hierarquizados como a
oposição entre os gêneros. Essas ideias vão de certa forma explicar o habitus sob uma nova
perspectiva. É uma forma de disposição cultivada que permite a cada agente criar todas as
condutas conforme as regras da lógica do desafio a elas. Portanto o habitus é um espaço
interiorizado que permite passar nos dois sentidos, das estruturas determinadas ao longo do
trabalho organizado pelo sujeito e também até as ações organizadas de um ator trabalhando às
experiências que ele adquire sendo para ele uma atitude normal e transformando algo que era
considerado um repúdio como uma maneira natural, pois é a forma de pensar e agir daquele
determinado grupo são os seus atributos e o jeito como procedem.

Analisando o grupo familiar que está estabelecido na sociedade e que seus valores e
pretensões decorrem desse posicionamento o que são expressivas na composição do indivíduo.
Embora o hábitus, nesse casso seja constituído no âmbito familiar, possa ser transformado,
devido aos mecanismos de reforço e tempo de convivência, mas são mais difíceis de serem
modificados, pois os valores e certezas instituídos parecem naturais e darão significado ao
mundo para este sujeito.

40
4.2 A Violência Simbólica

A violência simbólica é um tipo de violência porque é fruto da obrigação de uma


determinada arbitrariedade de um poder infligido que muitas vezes nasce de uma relação de
força que lhe é adequada em algum momento desta atitude considerada imposta. Esse poder
arbitrário detém na sua concepção um conteúdo, uma espécie de crenças específicas de uma
cultura, que também é arbitrário, pois é o resultado de escolhas impostas que não se referem a
nenhuma necessidade.

Portanto o homem não pode viver sem razão e nem as suas obras. Ele gasta seu tempo e
sua energia inventando razões que podem ser consideradas como falsas razões, ou seja, que não
cumprem os objetivos para os quais foi destinado como exemplos podem citar a garantia da
perpetuação de suas obras, de seu autor e também de suas construções. A diferença entre as
distintas formas de violência, física e simbólica passam a não ser importante, a diferença entre
elas, pois elas se completam, se fundem, passam uma para dentro da outra acumulando seus
efeitos. Toda relação produz um sintoma simbólico intermediando, atemorizando e apavorando o
grupo em que atua.

Seja ela violência física, cultural, escolar, etc. a violência simbólica assemelha-se a uma
prisão invisível. Sem paredes e nem portas. Ela atrai um poder maior, pois nela a violência é
mascarada. De certa forma a sua força diminui quando a máscara é arrancada e ela tem que
aparecer.

Contra a violência simbólica existe um trabalho de libertação e é possível que os


detentores do poder arbitrários possam tentar aumentar a margem de liberdade buscando o apoio
dos dominados e cabe a estes, explorar as possibilidades que lhe são oferecidas: resistindo
bravamente ou acolher as regras passivamente.

A violência simbólica, proposta por Bourdieu (2005), é a imposição de uma regra ou uma
conduta arbitrária. É um poder imposto, declarado e onipotente, que nasce de uma relação de
força que o torna forte, favorável, preterido, preferido o que de certa forma impõe uma conduta,
e significações arbitrárias. A violência simbólica possui um universo de generalizações,
onipresente em vários lugares e situações o que se traduz em um chamado capital simbólico,
41
assim podemos dizer que todos os campos que constituem o espaço social e a divisão do capital
são arbitrários. Uma realidade que é atribuída à classificação de arbitrária é explicada a partir do
momento em que é relacionada às condições sociais de seu surgimento.

Se tomarmos o exemplo do presídio de Pedrinhas, temos a presença da violência


simbólica, em que o “Estado” se nega a reformar e construir outros presídios, colocando o
detento em situação de risco e piora do seu comportamento, acarretando fugas do sistema
penitenciário como sendo uma ação normal. Em todos os caminhos que olhamos temos a
presença desta forma de violência. É uma forma de lei imposta e construída sobre certos olhares
com uma lente defeituosa. O que leva o aumento do tráfico de drogas em determinada região
seria o aumento do número de pessoas desempregadas em função das especificidades necessárias
para os diversos cargos que não são ensinadas a população em idade certa, desviando para um
currículo geral e sem finalidade conduzindo ao desemprego futuro. O Estado ao não propiciar
uma educação que tenha por finalidade suprir o mercado de trabalho, também gera uma espécie
de violência simbólica.

A violência simbólica aparece em várias situações. Dentro até mesmo do sistema


educacional ao presenciarmos alunos que estão classificados no 6º ano 5e ainda não sabem ler e
nem escrever direito. O que aconteceu neste caso provavelmente o ensino da alfabetização
destes alunos foi precária, e a turma que estava lá nas séries iniciais foi pulverizada em outras
salas ou até em outras escolas. Quando o professor encontra este aluno nesta situação não
compreende o que aconteceu e como pode ter um estudante nestas condições.

O fato que na escola muitas vezes o professor parece não aceitar as diferenças existentes
entre seus alunos como também aceita somente os padrões dominantes e rejeita qualquer
característica diversa da aceita como normal constitui também um exercício da violência
simbólica.

A política educacional atual que não conecta a educação ao trabalho, que prepara os
nossos jovens para um “nada”, apenas para melhorar os rendimentos nas provas governamentais
que implicam na melhora da credibilidade do Brasil em relação à política internacional que tem

5
6º Ano do ensino fundamental de duração 9 anos. Idade prevista do aluno em torno de 11 anos de idade.
42
como meta aumentar o limite de empréstimos com o banco mundial constitui também uma forma
de violência simbólica.
A “punição-reprodução”, fato que acontece diariamente em nossas penitenciárias é um
exemplo claro de violência simbólica. O sujeito é preso para pagar a sua pena, porém com o
passar do tempo percebe que o local é uma “escola” de crimes. Não existe nenhuma espécie de
apoio psicológico, psiquiátrico ou social para este preso que ingressa no sistema penal.

Quando o delegado solta um criminoso por não ter mais espaço físico em sua delegacia,
efeito esse gerado pela chegada de novos delinquentes muito mais perigosos ao que estava preso
é uma forma de violência simbólica. O peso dos crimes de um sujeito é avaliado em função de
um espaço físico.

O próprio ECA (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE), ao proteger um


adolescente assassino que mata diversas vezes e no máximo é punido com pena até os 18 anos é
uma forma de violência simbólica.

43
4.3 Redes Sociais de Relacionamentos e a Influência na Violência

O homem é um ser social, precisa de relações e de redes sociais. Quando um jovem


percebe que sua rede social está fragilizada perante os outros tipos de organização, tenta
encontrar suporte em outros espaços de sua própria rede de relações de forma que possa
encontrar soluções aos seus problemas e conflitos interiores. O jovem da periferia tem sua rede
social reduzida e enfrentam o afastamento e o preconceito, tornando-se facilmente membros das
redes de marginais presentes em sua localidade.

Um movimento cada vez maior nas grandes cidades é o chamado “Golezinho” que são os
chamados movimentos de jovens da periferia contra a segregação social. É a concentração de
muitos jovens ocupando espaços públicos elitizados que são supostamente de uso coletivo, onde
teoricamente poderiam circular à vontade, mas aí coexiste uma fronteira, uma demarcação social,
há um território simbólico, representando aí uma espécie de “violência simbólica”, como explica
Bourdieu (2005).

Os locais escolhidos são verdadeiros templos ao consumo e são frequentados pela classe
média e as elites, e na verdade esses espaços não são de trânsito livre para os jovens da periferia,
com certos atributos, em particular a tom da pele e a forma de se vestir onde ressaltamos o
surgimento desses jovens em grupos de 10, 20, 30 e até de 100 jovens ao mesmo tempo,
assemelhando-se a um pelotão ou grupamento de pessoas destinadas a um fim específico,
deixando o clima tenso e propagando a insegurança com os habituais frequentadores deixando-os
fragilizados e amedrontados com a presença destes grupos onde os remete a lembrança dos
arrastões ocorridos em algumas cidades brasileiras e noticiados pela imprensa.

Formas de se vestir, as maneiras de falar, as provocações realizadas por esses grupos,


fazem com que eles sejam percebidos de maneira mais abrupta que o normal. A intenção deles é
de ocupar esse novo espaço e de causar um embate com outras pessoas de particularidades
diversas. A intenção é se tornar visível socialmente, pois eles estão segregados à periferia
urbana, sendo identificados, como um prenúncio possível de um acidente ou selvageria, devido
ao problema crescente da violência urbana.
44
O Brasil como um todo tem a sua classe média e uma classe elitizada profundamente
excludente e racista, onde fazem distinção abertamente, entre o negro, pobre, mulato, advindo do
interior. É uma espécie de “Racismo Simbólico”. Racismo no sentido de segregar tudo o que não
tem as características inatas do seu passado congênito e soberbo. Racismo no sentido de não
tolerar qualquer tipo de aceitação de um movimento vindo da periferia. A própria mudança da
cor da pele interfere na forma de como as pessoas são vistas, existe um extremismo a fatores
convencionados, como pobreza, modo de se vestir e orientação sexual.

Caldeira (2014) contribui ao explicar uma nova forma grupal de frequentar a sociedade:
os Rolezinhos. Buscam enfrentar as discriminações, que crescem cada vez mais com a forma de
aparecer e se constituir socialmente. Não é fenômeno exclusivo dessas manifestações. Ela é
consequência da marginalização gerada em torno da cultura de periferia e hoje, nitidamente,
nota-se o repúdio de muitos ao perceberem o aumento significativo do poder de consumo das
classes mais baixas. Desta forma, pode-se levantar a hipótese de que por trás de toda prevenção e
cuidado – que a princípio mobilizaram donos de shoppings a impedirem essas mobilizações em
seus estabelecimentos – há, acima de tudo, a discriminação e o preconceito contra esses grupos
menos favorecidas economicamente.

É notável é que esse movimento “rolezinho” tem relação direta com a insatisfação e o
abismo existente entre as classes estabelecidas em nossa sociedade. Há uma espécie de
apreciação ética, como se a diversão em grupo fosse algo infernal afrontando a ordem das coisas.

Em face da perspectiva ocasionada pelo surgimento desses movimentos, “rolezinhos” a


sociedade atual tem mostrado repulsão ingressar 30, 40 ou até 60 jovens ao mesmo tempo em um
shopping. Elitizado ou não, localizado em um bairro nobre, jovens estes, caracterizados como da
periferia ou subúrbio urbano, com roupas de baixa qualidade, e aspectos totalmente diversos dos
frequentadores habituais.

Alguns shoppings de São Paulo chegaram até a impor regras como revistas a estes jovens,
amparados juridicamente por liminares que a priori, são leis que contrariam o princípio da
liberdade, do ir e do vir e a até a própria constituição onde estão a praticar o crime de racismo.
Se o shopping se considera autorizado a revistar esse jovem em detrimento de outro,
provavelmente está cometendo um crime de racismo amparado pela justiça.

45
As festas de funk são uma forma de ufania, onde modifica revelações contra a cultura
ocidental e as reações contrárias a elas, uma prova irretorquível do apartheid brasileiro. À direita
a preleção não menos radical, aquilo que era confusão, arrastão, e deveria ser combatido a
pauladas pela polícia. Essas manifestações ocorrem porque a periferia é pouco admitida nos
bairros ricos. Não era natural, até vermos esses jovens da periferia, agora em um shopping
elitizado, e ainda em amplo número.

Os policiais parecem ter um comportamento subjugado à ação privada e não ao Estado,


reprimindo pessoas que não cometeram nenhum crime, e que esse problema ocorre porque não
estão habitualmente presentes. Os problemas com os “rolezinhos” têm passado por outros
entraves. O primeiro problema é a faixa etária. O segundo é a presença da diversidade oriunda da
periferia em um novo meio considerado elitizado. Os próprios vendedores e funcionários dos
shoppings elitizados que moram na periferia, não querem que seus colegas de bairro frequentem
o ambiente em que trabalha, é o chamado preconceito e a segregação racial dentro de uma
mesma classe.

O que a sociedade elitizada ainda não percebeu é que o movimento dos rolezinhos, na
verdade não tem nada de violento, e que ainda multidões reunidas representam um perigo que
remete às revoluções do passado. Parece que, só querem namorar, peregrinar e afastar o tédio e o
ócio de ficar em casa.

A discriminação por parte a sociedade aos usuários de drogas tem aumentado as


diferenças entre os grupos sociais. A quantidade de crimes ocorridos no Brasil e em Belém é
cada vez maior face ao aumento da diversidade e obstáculos encontrados em suas vidas.

Temos neste capítulo a contribuição de Foucault (1999) ao argumentar sobre alguns


feitos ocorridos na discussão do código penal Francês de 1810, contribuições essas que acredito
se aproximar de nossa realidade atual vivida aqui no Brasil. Também temos a contribuição de
outra obra do mesmo autor, “Microfísica do Poder”, editado em 2008, que nos chama para uma
realidade de poder e dominação, como também o “medo”, gerado por todos esses sistemas de
dominação que funciona como um quartel general ditando as normas sociais e criando uma
sociedade de coerções, tendo uma espécie de domínio sobre o corpo dos outros.

46
Neste capítulo o exemplo atual da Barbárie ocorrida na Penitenciária de Pedrinhas em
São Luís do Maranhão e as aberrações dos fatos ocorridos, semelhantes à Revolução Francesa de
1789, proposta pelos efeitos da guilhotina. Neste exemplo é relatada uma das maiores
adversidades sociais do Brasil. Os problemas advindos do excesso de presos por celas, tornando
cada unidade prisional um barril de pólvoras. É claro que os direitos humanos são infringidos
com notoriedade nas prisões brasileiras. Segundo relatos da reportagem da revista Veja (2014,
janeiro), parece ser o lugar mais desagradável e insalubre do mundo de se viver e só tem gerado
o aumento da violência e o pânico, onde não se corrige nada, pelo contrário, acaba produzindo
barbárie nacional como a que ocorreu em Pedrinhas, sugerindo a criação de um novo sistema, a
“Punição Reprodução”. O questionamento é feito também em torno da ociosidade, dos presos,
ou o tempo perdido em atividades sem fim imediato, sendo um dos fatores do avanço da
violência.

Outro conceito inserido neste capítulo é o de “Habitus”, proposta por Bourdieu (1998),
propõe que é um encadeamento de ações humanas no dia-a-dia, gerando dispositivos que são
oriundos da experiência e que sofrem variações segundo o lugar e o momento. Esta concepção é
usada com a finalidade de entender a violência, que parece vir de uma forma social imposta por
determinados grupos humanos aplicando um reforço positivo na escola de um caminho que foi
previamente inculcado pela família e do grupo social a que pertence.

O Conceito de “Violência Simbólica” é trabalhado neste capítulo e a contribuição de


Bourdieu (2005) admite outra espécie de violência, onde um poder arbitrário se torna o resultado
de escolhas importantes que não se referem a nenhuma necessidade similar a uma prisão
invisível, de forma que a violência aparece mascarada. É a imposição de uma regra ou de uma
conduta arbitrária. Sugerem-se vários exemplos em que muitas vezes o Estado parece ter uma
culpa parcial em não promover um currículo voltado ao trabalho e emprego e sim uma forma
tradicional de ensino sem nenhuma qualificação necessária a suprir o mercado de trabalho,
deixando inúmeras pessoas marginalizadas frente à quantidade de sujeitos desempregadas sem a
especialização necessária.

A importância das redes sociais e a influência destas na proliferação da violência são


colocadas em pauta nesta tese, um movimento social novo o “Rolezinho”, que são adolescentes
na periferia lutando contra a segregação social onde a caracterização deste movimento é quando

47
há a concentração destes jovens em lugares que são frequentados por pessoas de outra classe
social, gerando um grupo de 20 ou 30 adolescentes, que na verdade não estão fazendo nada de
mal, apenas estão juntos, e desta forma causando o abalo de certas classes sociais que
frequentavam o lugar. Na verdade, a presença deles nesta quantidade acaba deixando o clima
tenso e acaba propagando a insegurança com os habituais frequentadores do local, pois remetem
a lembranças de arrastões ocorridos em algumas cidades brasileiras.

Este capítulo em suma, mostrou as formas atuais de violência e como estão se


manifestando, por vezes até simbolicamente, por parte da autoridade a que se diz competente
para resolver o problema. Desta forma emerge a questão da complexidade criada em torno dos
efeitos da violência. Ou seja, para evitarmos o problema criamos outro maior e assim
sucessivamente e talvez gerando uma confusão da ordem das coisas o problema da
complexidade.

48
5. A Complexidade da Violência Gerada pelos Sistemas de Segurança

O viver complexo da sociedade contemporânea solicita na sua maioria dos acessos uma

senha. Para começar a internet. Aonde vamos encontramos sinal de Wi-fi, porém, na maioria

deles, não conseguimos usar, pois não temos senha. Os lugares públicos como aeroportos e
shoppings as senhas são oferecidas a um determinado custo prévio, não é totalmente liberado.
Algumas universidades às vezes oferecem o serviço gratuito, porém é muito limitada,
provavelmente aos 20 primeiros que chegarem ao local e se habilitarem.

Cada cartão de uma conta ofertada por um banco possui uma senha prévia, que, na
maioria deles, não é de sua escolha e sim a do banco. Se tiver 4 contas teremos 4 senhas
numéricas e 4 senhas com letras, cada um com pelo menos 4 caracteres. Há muita informação,
muito mais que se tinha em qualquer momento da história, uma diversidade de opções que em
determinada ocasião se confundem e é difícil saber qual a melhor opção.

Esta complexidade da vida contemporânea pode ser compreendida na perspectiva de


Morin (2011) na medida em que esse autor postula que quanto maior o número de partes de um
sistema e quanto maior o número de ligações existentes entre essas partes, mais complexo esse
sistema será.

A complexidade para Edgar Morin remete a multiplicidade dos componentes e das


dimensões do problema, a todas as incertezas que a contém e a dificuldade de tratá-la de uma
forma racional em todos os seus aspectos, separando-se umas das outras. A complexidade de um
sistema também é encontrada no princípio das peculiaridades das ações conectada a um
comportamento específico, peculiar, particular, onde se percebe que as ações não obedecem a
intenções e a vontade de seus promotores, estando sob a influência de interações e retroações,
podendo ainda, se orientar no sentido contrário ao do esperado pelo promotor da ação.

Desde a pré-história, na sociedade de caçadores e apanhadores, ocorreram sacrifícios,


atos de canibalismo, porém as guerras eram extremamente raras e muito ritualizadas
constituindo-se naturalmente de um exército especializado. Foi a partir daí que apareceu a
agricultura conduzindo ao armazenamento dos recursos alimentares, que se tornaram um espólio

49
que deles são desprovidos. Surgiram povoados e cidades e com eles a possibilidade de se
apropriar de territórios que contivessem riquezas de todo o tipo. A partir daí surge à primeira
noção do primeiro fator original das guerras através da agressividade humana, onde se debateu a
concepção de etologia, que segundo Carvalho (1989), tem contribuído para a recuperação da
noção de homem como um ser biopsicossocial, abandonando a concepção insular do homem que
dominou as ciências humanas na primeira metade do século XX, que destaca o homem da
natureza e coloca-o em posição de oposição a esta. A concepção etológica do ser humano é a de
um ser biologicamente cultural e social, cuja psicologia se volta para a vida sociocultural, para
qual a evolução criou preparações bio-psicológicas específicas (Morin, 2011).

Em face das concepções anteriores, o homem é um animal predador. Uma vez que cessou
de ser predador, torna-se agressivo no interior do mundo humano. A agressividade está atrelada
também as condições de necessidades vitais. É como se fossem lobos atacando presas além de
suas precisões vitais, o que é um absurdo. A sociedade dos lobos é extremamente civilizada,
onde as rivalidades na partilha das fêmeas trazem códigos e ritos de apaziguamento. O
comportamento humano é complexo. Nenhuma espécie tem a mesma complexidade do homem.

A complexidade de um sistema realizando uma tarefa deve ser tão grande quanto à
complexidade da tarefa. O mundo ficou muito complexo e se tornou inviável para um
administrador dominar a complexidade abaixo dele, o que significa que as empresas, a máquina
estatal, e os seus códigos hierárquicos pararam de funcionar e colapsaram.

Parece que não há regras simples para lidar com sistemas complexos. A ideia de Henry
Ford em 1913 implantou a 1ª linha de montagem no mundo foi sob certo, inesperado e repentino.
Aconteceu gradualmente, de uma forma que cada empregado se especializando em uma
determinada parte do carro de maneira que não tinha o domínio de todo o processo. A produção
aumentou tanto que dois anos após a implantação do sistema em 1912, possibilitou a empresa de
Henry Ford a poder dobrar os salários de seus operários. A partir daí a lógica da linha de
montagem se espalhou por todo o mundo.

Muitos especialistas em segurança pregam ideias que não devemos guardar informações
no celular, porque se forem roubadas, perderemos esses dados importantes. As experiências de
aumentar a segurança, hiperlotou o mundo com regras impossíveis de cumprir e informações

50
impraticáveis de lembrar. Hoje para acessar a sua conta no banco é preciso de várias informações
como senha numérica, com letras, data de nascimento, RG e CPF 6 e até número da habilitação da
carteira de motorista se houver.

Podemos perceber que o sistema complexo gera uma violência simbólica. Vários
elementos elencados discriminam e ratificam esse problema. Podemos citar vários, como: o
aumento de números de senhas e dados para acessar informações; o número de protocolos e
burocratizações para solicitar um documento. Na Argentina para tirar a certidão de antecedentes
penais é preciso agendar na internet, pagar uma taxa, recolher as impressões digitais e depois
esperar um prazo para ser entregue. A pergunta é porque em outros países a impressão de
documentos como certidões são rápidas e ágeis

Outro exemplo dessa dinâmica é o mercado de informações privilegiadas que se tornou


um escândalo em várias empresas de grande porte no Brasil e no Mundo. Na bolsa de valores,
basta a informação que o governo irá investir em determinada empresa e que a ação dela
provavelmente irá às alturas, pode deixar poucos milionários e outros pobres.

Em analogia ao currículo utilizado na educação pública, como ensino fundamental e


médio, é instituída em uma dialética linear e estandardizada e aplicado para formar alunos
similares, todos com a mesma informação. Ressaltamos que este padrão é precisamente o avesso
do que precisamos em nosso mundo complexo. Precisamos de pessoas capazes de resolver
problemas diversos que tenham capacidade para se adaptarem, é como um ser cosmopolita, que
se adapta e se transforma à medida que vai vivendo e convivendo com pessoas.

Contribuindo com o aspecto do problema da complexidade, Gimeno (2001) destaca que


um dos princípios que orientam as sociedades modernas ocidentais é a “imprevisibilidade”. As
sociedades abertas não têm seu rumo traçado o que propicia e fomenta os contrastes em um
mundo no qual as relações entre povos e culturas partem de diversas desigualdades, acentuadas
pela globalização, que na verdade aniquila comunidades que se veem obrigadas a reforçar seus
lados de pertença cultural para se defender. Percebemos a existência de um território globalizado

6
RG e CPF: Documentos básicos a todo cidadão brasileiro. Onde o RG é o registro geral colocado na cédula de
identificação e CPF é o cadastro Geral das Pessoas Físicas onde é emitido um número específico controlado pela
Receita Federal Brasileira que serve de parâmetro para controlar o imposto de renda e também o crédito popular
nas compras a prazo.
51
onde se chocam igualdades e movimentos de culturas no qual estão presentes os contrastes e os
motivos para o enfrentamento. Os intercâmbios comerciais levaram à aproximação de povos e
culturas a criação de novos regulamentos para o seu funcionamento. Neste contexto de mercados
mundiais impulsivos, acaba provocando migrações ao não redistribuir riquezas, ocasionando
aumento das diversidades e exclusão de povos inteiros.

Percebemos que todo o sistema humano, social, político, econômico tende a


complexidade, pois vão se criando obstáculos, gerados pelo aumento do capital ou número de
pessoas envolvidas. Quanto mais sujeitos abrangidos no processo mais passos e processos é
preciso criar para deixar o sistema seguro, sendo mundialmente testado contra a invasão de
“hackers” que costumam invadir bancos, lojas, contas individuais, empresas e até órgãos do
governo gerando uma instabilidade e insegurança muito grande. Podemos perceber que não há
sistema humano desprovido de violência e que a violência é parte integrante da vida humana.

O mundo atual todo interligado em rede, na qual as seções são inter-relacionadas,


construindo assim um ambiente de intercâmbios e acordos de cooperação com inúmeros meios
de comunicação cujas seções se influenciam se conhecem mutuamente, se somam ou se opõe. É
como se fossem peças de um motor interligadas se conectando. Se uma Corrêa, por exemplo, de
um carro, arrebenta, ele para automaticamente. Assim na globalização o que acontece de bom ou
de mal a algumas pessoas repercute sobre todas as outras.

Determinados indivíduos podem escolher determinados tipos de chá, leite, café, açúcar,
pão, carne e etc., importados em detrimento dos produtos nacionais, por questão de preço,
qualidade ou até sabor. Porém se todos optarem, por essa escolha, o que ocorrerá com a indústria
nacional? Repentinamente esses produtos importados, considerados bons e excelentes para um
determinado nicho de pessoas, em um futuro próximo poderão ser ruins ou péssimos para outros,
pois em um espaço de tempo determinado, poderá lhe retirar a sua fonte de renda que gira na
mão de clientes no mercado de consumidores nacionais. A diferença da globalização atual é o
modo de produção em escala, considerada muito mais ampla e se aceleram graças às tecnologias
de comunicação.

O movimento globalizante atual parece ter dois tipos de lógica para entendermos o
processo. A primeira que se deduz é que existe um poder dominante cuja referência é a

52
transnacionalização dos recursos financeiros, causando a diminuição de empregos, emigrações e
deslocamento de capitais nacionais para o mercado externo. A segunda forma de globalização
tem a forma de uma bolha que se expande sobre outros e faz muitos sucumbirem a sua forma
cultural, provocando o anulamento, parcial ou total dos que são engolidos, colonizando e
transformando o mundo em que atinge. A partir do aniquilamento de povos engolidos pela bolha,
nasce a dificuldade de encontrarmos fronteiras e limites de funcionamento com o incremento das
diversidades excludentes.

Há mercados que coexistem graças a outros, é uma relação biunívoca que faz com que o
seguinte, menor e bem menos complexo exista em função de outro. Um é grande, vende todo
tipo de produto do ramo de negócios que se habilitou com uma diversidade de marcas e preços
disponível a quem puder comprar. Oferece diversas formas de pagamento, dinheiro, cheque,
cartão, parcelado. O outro, geralmente localizado próximo, não possui a mesma diversidade e
nem de longe tem a mesma estrutura, porém ainda sobrevive, devido a vários fatores, como por
exemplo, horário de trabalho estendido (à noite e aos finais de semana), condições de pagamento
mais amigáveis (Fiado), serviços de entrega e às vezes melhor atendimento.

Com o aumento das relações globais, este último, por mais que resista e trabalhe muito
mais que o outro, terá grandes chances de ser engolido pelo mercado maior. Existem vários
fatores complexos que contribuem. Um deles é que para abrir qualquer ramo de negócios que
funcione 24hs é necessário ter segurança que opere conjuntamente, e isso custa muito caro.

Obviamente este problema é de escala mundial. Além disso, ainda há o problema das
lojas virtuais que cada vez mais crescem, onde se faz o pedido pela internet e o produto chega até
o consumidor em minutos. Até para as grandes redes de lojas, o mercado virtual tornou-se um
problema. O que resultou é que toda loja grande também vende virtualmente, e as que não
oferecem esse meio de compra terão que no futuro próximo se adequarem ou estarão fadadas a
perderem mercados.

A insegurança e a impunidade fizeram com que os sistemas de segurança evoluíssem e


criassem senhas de acesso a todo e qualquer protocolo de admissão, dificultando a entrada de
estranhos a qualquer sistema de informação.

53
Coma contribuição de autores como Edgar Morin (2011), Gimeno (2001), admite-se que
o mundo está compartimentalizado em inúmeras partes de um sistema com relações por vezes
até invisíveis e imperceptíveis ao cidadão comum não especializado.

Hoje o fato de abrir uma empresa é talvez à tarefa mais difícil, pois as multinacionais
estão aí ofertando todo e qualquer serviço e produtos disponíveis. A livre concorrência ficou
muito disputada. O consumidor tem muitas ofertas com preços melhores e mais acessíveis. Para
aquele que deixa o seu emprego formal com o propósito de abrir uma microempresa o caminho
torna-se inóspito e arriscado. O fato de se tornar empresário e em um futuro próximo abrir
falência é muito pior que estar desempregado. Quando este fecha as suas portas, leva junto com
ele, uma série de pessoas ao desemprego, além de não recolher os tributos e deixar os seus
fornecedores de matéria prima e serviços desestruturados, gerando um vasto campo de falências
e desequilíbrio financeiro em torno dele.

Aparentemente muitas pessoas ao passarem da formalidade do emprego para a vida de


empreendedor e não conseguirem um espaço almejado, podem a vir comercializar produtos
proibidos, como: CD pirateados, roupas com marcas falsas, bebidas, perfumes, eletroeletrônicos
e uma série e itens pirateados, que a China joga em países da América Latina, gerando uma
espécie de violência e uma rede de contrabandistas em torno deste comércio de ilegalidades.

A globalização presente em nossa sociedade agregada ao princípio da imprevisibilidade


nos dá a formação necessária a sobrevivência do sujeito neste mundo complexo. É preciso ter
características cosmopolitas, ou seja, se adequar e se adaptar as normas e imposições de
mercado.

Em face dos problemas gerados pela complexidade do mundo globalizado e a falta de


uma especificidade curricular brasileira com relação à formação do jovem para ao ingresso no
mercado de trabalho é uma das piores formas de violência humana interferindo dramaticamente
na construção da cidadania deste sujeito ao extinguir e restringir uma forma de especialização
necessária a sobrevivência deste sujeito, manifestando-se no ambiente escolar pela percepção
involuntária do jovem do sistema educacional sem um fim proposto e sem um objetivo
específico que o adeque as necessidades de mercado.

54
6.Violência Escolar

A linguagem e os códigos de educação estão cada vez mais inacessíveis. É difícil colocar
o jovem de 12 a 16 anos no caminho do estudo. O entendimento e a compreensão por parte deles
são muito mais complicados do que antes. São inúmeras variáveis que surgiram que levam a
mente do adolescente a se distrair. Um celular simples oferece mais de 10 jogos diferentes,
vários tipos de mensagem e o acesso a redes sociais, as quais proporcionam o acesso gratuito,
facilitando o descontrole emocional, problema já existente em muitos jovens nesta etapa da vida
e favorecendo o desinteresse pelo estudo.

Priotto (2009) denomina violência escolar, a todos os atos ou ações de violência,


comportamentos agressivos e antissociais, incluindo conflitos interpessoais, danos ao
patrimônio, atos criminosos, marginalizações, discriminações, dentre outros praticados por, e
entre a comunidade escolar (alunos, professores, funcionários, familiares e estranhos à escola) no
ambiente escolar.

Charlot (2002) apresenta três tipos distintos de conceitos: i) Violência na escola, quando
ela é o local de violências que têm origem externa a ela. Por exemplo, quando um grupo invade a
escola para brigar com alguém que está nas dependências da escola, nesse caso, a escola é
invadida por uma violência que anteriormente acontecia apenas fora de seus portões, ou na rua.
ii) Violência à escola, relacionada às atividades institucionais e que diz respeito a casos de
violência direta contra a instituição, como a depredação do patrimônio, por exemplo, ou da
violência contra aqueles que representam a instituição, como os professores. iii)Violência da
escola, entendida como a violência onde as vítimas são os próprios alunos, exemplificada no tipo
de relacionamento estabelecido entre professores e alunos ou nos métodos de avaliação e de
atribuição de notas que refletem preconceitos e estigmas, ou seja, outros critérios que não os
objetivos de desempenho.

Charlot (2002) afirma que a violência não é um fenômeno novo, mas é um fenômeno que
assume formas novas. Atualmente há casos de violência mais graves que em épocas anteriores
(homicídios, estupros, agressões com armas). Os jovens envolvidos em atos de violência são
cada vez mais jovens: indivíduos de 8 a 13 anos revelam-se violentos até na frente de adultos; há

55
professoras que atuam na educação infantil que relatam fenômenos novos de violência em
crianças de quatro anos. A escola deixou de ser um local protegido e passou a ser palco de acerto
de contas de disputas acontecidas para além dos muros escolares.

Debarbieux (2002) indica que há outros aspectos que causam inquietação na definição do
objeto “violência nas escolas”. Entre eles está a dificuldade em delimitar, cientificamente, o
objeto a ser estudado. Quando se faz uso de um termo tão amplo como “violência”, que abrange
desde agressões graves até as pequenas incivilidades que acontecem na escola, o problema pode
tornar-se impensável devido aos inúmeros tipos de situações envolvidas ou pode, simplesmente,
passar a criminalizar e estigmatizar padrões de comportamento comuns no ambiente escolar. Ao
mesmo tempo, ao adotar uma definição excessivamente limitada, pode-se acabar excluindo a
experiência de algumas vítimas no processo de reflexão sobre o problema, o que, para o autor,
deve ser evitado, pois “a voz das vítimas deve ser levada em consideração na definição de
violência, que diz respeito tanto a incidentes múltiplos e causadores de stress, que escapam à
punição, quanto à agressão brutal e caótica”.

Abramovay e Rua (2002) afirmam que a violência física e contra a propriedade são
predominantes nas escolas dentre todos os tipos de violência, tendo diversos desdobramentos
negativos sobre a qualidade do ensino e aprendizagem. Estes autores afirmaram que mais da
metade dos alunos assegura que a violência no ambiente escolar faz com que eles não obtenham
a concentração necessária aos estudos, relatando ainda que ficam extremamente nervosos com as
situações de violência que encaram em suas escolas e começam a faltar nas aulas tendo como
consequência o abandono dos estudos.

O juízo de violência articulada à escola possui variadas dimensões, das quais se destacam
os conceitos de Alba Zaluar:

Na escola, hoje, a violência apresenta (uma) dupla dimensão [...]: (1) a violência física
perpetrada por traficantes ou bandidos nos bairros onde se encontram, assim como
alguns dos agentes do poder públicos encarregados da manutenção da ordem e da
segurança, e (2) a violência que se exerce também pelo poder das palavras que negam,
oprimem, destroem psicologicamente o outro, que aniquila os corpos e as mentes
(Zaluar, 1994).

56
A violência escolar pode ser proveniente de outros fatores, como por exemplo, as
implicações da aprendizagem. A sociedade de hoje é muito diferente da encontrada pelos nossos
pais e avós. O papel da mulher evoluiu. Hoje ela disputa o mesmo espaço do homem. Outrora a
mulher tinha por dever e obrigação dar educação e cuidar dos filhos tendo uma pequena
colaboração do marido. Hoje é muito diferente. O papel de submissão dos pais em relação aos
filhos é muito maior. Hoje os pais e mãe não determinam, não mandam não dão mais ordens não
tem mais pulso e nem propriedade sobre o que pedem e fazem. Estamos em um contexto muito
diferente. Tudo é questionado pelos filhos e pela sociedade.

Os pais oferecem a uma criança de 8 a 14 anos algo que a deseduca. Parte dessas crianças
é formada em famílias que não tem autoridade sobre ela. Dorme a hora que quer, come o que
quer, houve o programa que quer, sai à hora que quer e etc. É a falta de limite. Muitas famílias
jogam a educação para a escola. Os pais e mães trabalham e fazem encaminhar os seus filhos
para escola, querendo de certa forma transferir o pátrio poder para seis ou sete profissionais da
educação em que o filho se depara diariamente. Ora é contraditório o conceito de educação
nesses termos.

Gimeno (2000, p. 68), contribui com um conceito, chamado de “escolarização” processo


igual, para sujeitos diferentes, por meio de um currículo comum acreditando-se na
universalidade da cultura escolar de modo que à escola cabe transmitir a todos aqueles saberes
públicos que apresentam um valor, independentemente de circunstâncias e interesses
particulares, em função da formação geral.

Charlot (2000) ajuda a compreender três sentidos da educação que não podem ser
dissociados: É o processo por meio do qual um membro da espécie humana, inacabado,
desprovido dos instintos e capacidades que lhe permitiriam sobreviver rapidamente sozinho, se
apropria, graças à mediação dos adultos, de um patrimônio humano de saberes, práticas, formas
subjetivas, obras. Essa apropriação lhe permite se tornar, ao mesmo tempo e no mesmo
movimento, um ser humano, membro de uma sociedade e de uma comunidade, e um indivíduo
singular, absolutamente original.

Os pais querem transferir toda a educação para a escola sendo que o papel a escola é dar a
escolarização e não a educação. Se os pais não conseguem dar educação a um filho durante as 24

57
h de convívio querem transferir esse poder a somente uma pessoa, chamado de professor, para
educar 30 ou 40 crianças simultaneamente no prazo de 4 horas . Parece que a relação educandos
e orientandos e tempo dispendido é totalmente desproporcional. A tarefa de educação é da
família em 1º lugar e o poder público faz a escolarização em 2º lugar. Se a família não cumpre o
seu dever não adianta entregar o aluno para a escola. Além dos problemas oriundos da família
encontramos também os advindos do sistema de ensino, problemas principiados na transmissão
do conhecimento a estes alunos. Podemos observar que a clientela mudou radicalmente de vinte
anos até os dias de hoje. Incoerentemente, percebemos que o nosso currículo pouco mudou.

De acordo com Freire (2003) o currículo existente está sintetizado no conceito de


“educação bancária”. Expressa uma visão epistemológica que concebe o conhecimento como
sendo constituído de informações e fatos a serem transferidos do professor para o aluno. O
conhecimento se confunde com ato de depósito bancário. Freire acredita que o conteúdo
programático da educação não é uma doação ou imposição, mas a devolução organizada,
sistematizada ao povo daqueles elementos que este lhe entregou em forma desestruturada.

Um dos questionamentos de Freire é que os alunos de certa forma deixam o professor


falar, falar mais e mais, tentar explicar o inexplicável e assim mesmo o aceitam, às vezes por
uma questão de conveniência, de não querer contrariar a norma educacional vigente, de não
querer ser chamado à atenção e até de não discordar, porque sendo contrárias as concepções do
professor ele talvez seja penalizado com notas e trabalhos.

Muitos professores ainda agem dessa forma, exige absoluto silêncio em quase toda a aula,
momento em que despeja todo o conteúdo e após alguns breves minutos abre para perguntas. O
aluno fica intimidado a questionar um assunto que pouco conhece e que o volume de conceitos é
extremamente grande. E assim, segundo Paulo Freire, foi feito mais um depósito, o conteúdo foi
ministrado e vencido. O que é difícil de aceitar é se o aluno aprendeu. Quanto desse “depósito”
foi realmente “creditado”. As concepções e teorias de aprendizagem são inúmeras, são vários
significados que devem ser obedecidos para a compreensão de determinado assunto; sem falar
nas diferenças presentes em cada aluno.

Na perspectiva de Apple (2006) toma como ponto de partida os elementos centrais da


crítica marxista da sociedade. A dinâmica da sociedade capitalista gira em torno da dominação

58
de classes. Segundo ele, aquilo que ocorre na educação e no currículo não pode ser simplesmente
deduzido do funcionamento da economia. É o conceito de hegemonia que permite ver o campo
social como um campo contestado, onde os grupos dominantes se veem obrigados a recorrer a
um esforço permanente de conhecimento ideológico para manter sua dominação transformando-
se em hegemonia cultural.

A divisão em classes, castas, ou segmentos sociais ainda persistem, vemos nitidamente


essa divisão em nossas próprias salas de aula. Queremos mudar, muitas vezes lutamos contra
discriminação, até por vezes nós mesmos montamos e escalamos os alunos em um trabalho de
equipe. Quando deixamos por conta deles, sempre sobra um ou dois colegas sem grupos.

Seria a forma como é transmitido o conhecimento talvez um fator estimulante à


propagação da violência entre os alunos? Alguns sujeitos envolvidos se sentem vitimado, por
estar totalmente excluído do plano de aula do professor. A maioria entende ou pelo menos
compreende alguma coisa, enquanto este elemento não compreende nada, não entende, não
percebe o que o professor quer dizer ou explicar. Quando é passado atividade ou exercícios este
sujeito se ausenta ou se une ao colega que está entendendo, sendo sua participação reduzida a
copiar certos conceitos, a princípio sem significação alguma para ele. Dessa forma na visão
global do educador o aluno cumpriu suas atividades, copiou os assuntos e ficou em silêncio.
Percebemos então que a participação deste aluno é similar ao que saiu de sala. Apesar de não ter
atrapalhado a aula, não absorveu nada.

A constante oposição de classes dominadas e dominantes provoca um gargalo irreversível


na atual conjuntura social em que vivemos. Existe uma contenda entre grupos que querem se
sobressair sobre outros de diversas formas atuação. O grupo de jovens empenhados no estudo só
poderá mostrar os resultados após um longo período de dedicação e abstinência de diversas
situações que o outro grupo as consegue em pouco tempo. Já o grupo dos alunos marginalizados,
contraventores e muitas das vezes revoltados por essa política de espera, por outros artifícios e
delitos conseguem determinadas coisas que são invejadas por diferentes grupos o que os tornam
fortes perante as suas causas e motivos, perpetrando assim uma ideia equivocada de sucesso
precoce legitimando e arregimentando diversos jovens para a sua causa.

59
São frequentes as intimidações de alunos entre si, chamando o nome de irmãos e outros
parentes vinculados ao tráfico de drogas e temidos pelos outros. Em muitos casos o status de um
aluno é medido, na escola, por alunos, pelo grau de parentesco que possa ter com os traficantes
temidos e que lideram as favelas, chamados de “setores” (territórios chefiados por eles). São
inúmeros os casos em que observamos que certos sujeitos parecem na atualidade ter direitos
sobre a vida e morte das pessoas. Com relação a esta teoria, de poder absoluto, sobre tudo e
todos, se acrescenta:

O direito de vida e morte, sob esta forma moderna, relativa e limitada, como também
sua forma antiga e absoluta, é um direito assimétrico. O soberano só exerce, no caso,
seu direito sobre a vida, exercendo seu direito de matar ou contendo-o; só marca seu
poder sobre a vida pela morte que tem condições de exigir. O direito que é formulado
como “de vida e de morte” é, de fato, o direito de causar a morte ou de deixar viver.
Afinal de contas, era simbolizado pelo gládio. E talvez se devesse relacionar essa
figura a um tipo histórico de sociedade em que o poder se exercia essencialmente
como instância de confisco, mecanismo de subtração, direito de se apropriar de uma
parte das riquezas: extorsão de produtos de bens, de serviços, de trabalho e de sangue
imposta aos súditos. O poder era, antes de tudo, nesse tipo de sociedade, direito de
apreensão das coisas, do tempo, dos corpos e, finalmente, da vida; culminava com o
privilégio de se apoderar da vida para suprimi-la (Foucault, 2007).

Defronte dessas justificativas o aumento do consumo de entorpecentes, tem sido ligado


diretamente ao comportamento cada vez mais agressivo e descontrolado dos jovens neste
período da vida em que não conseguem achar o estímulo devido ao estudo, proporcionado pelos
pais ou pela família e executado pelo governo de cada estado.

Muitas vezes a briga começa dentro da escola ou retorna a ela de forma mais violenta.
Situações como essa são combustíveis eficientes para os boatos que se espalham o medo dentro
da escola e também a má fama do estabelecimento escolar, onde o pai provavelmente vai relutar
em matricular o seu filho nessa escola.

As atitudes características dos alunos indisciplinados: i) necessitam demonstrar sua


agressividade através de seu poder em golpear, aniquilar, destruir algo ou violentar pessoas e
com essas atitudes adquirir uma forma de respeito dos colegas no que tange a agressividade
extrema; ii) subjugar qualquer forma de escárnio a seu respeito e fazendo imperar seus desejos
através da força bruta e coragem; iii) destruir o patrimônio da escola; iv) não se preocupam com
denúncias, pois aquele que a fizer estará correndo o risco de enfrentá-lo.

60
Ferrer (2008) relatou em seu trabalho que a rejeição dos pais e professores ao seu
comportamento agressivo o torna mais violento no ambiente escolar e familiar. Fez comparações
com este modelo de comportamento agressivo e o modelo considerado normal de estudantes.
A agressividade exercida por adolescentes rejeitados tem inúmeras faces. Esta revolta
pode ser devido à rejeição dos pais e familiares, como pode ser dos seus colegas e também até
por professores e demais profissionais da escola. Todo tipo de rejeição pode levar a
consequências desastrosas. A dos pais e familiares, talvez por observar que o jovem está
comprometido com criminosos e o seu consequente fracasso escolar e até mesmo maltrato. A dos
colegas talvez por que o mesmo não queira se envolver com práticas criminosas, o que é no
sentido contrário a dos pais e a dos professores por diversos motivos, disciplina, notas baixas, e
outros motivos.

Considerando o ambiente nativo do estudante, oriundo de áreas de risco, onde a pobreza


impera, podem perceber certas angústias, discriminações, formas diferenciadas de tratamento,
em geral deixando este sujeito sempre à margem de qualquer atitude ou trabalho pedagógico em
sala.

A justificativa está em certas características no tratamento com dois tipos de alunos. O


Estudante A e o B. O aluno A, vai às aulas regularmente, chega no horário certo, está sempre
com o uniforme limpo, sempre completo, não falta nada. Seu tênis está sempre arrumado e
limpo, a sua calça é limpa e passada a ferro, a sua camisa logo se vê que é passada e lavada
diariamente ou tem mais de duas camisas de uniforme para vestir. Faz língua estrangeira no
contra turno, duas ou três vezes por semana, pratica esporte, como escolinhas de treino de em
que o pai paga mensalmente uma quantia para o filho frequentar, como vôlei, basquete, futebol,
judô e etc. viaja nas férias, tem aula particular com professor fixo, pago mensalmente.

O aluno B, totalmente discriminado pelo professor e pela organização de ensino. Seu


uniforme não é completo, às vezes vem de chinelos, sua camisa e calças nem sempre são
lavadas. (Ao chegarmos próximo, sentimos o cheiro desagradável, características das roupas
sujas ou mal lavadas). Não faz curso de língua estrangeira. Não pratica esporte a não serem
aqueles de rua. Não viaja nas férias, não tem qualquer tipo de reforço em casa ou particular.

61
Com as características expostas acima, do ponto de vista psicanalítico, os professores
preferem no geral, aqueles alunos que os gratificam, participam do seu conhecimento de suas
primazias. Os professores identificam às características melhores do aluno A em detrimento do
aluno B por todas as situações listadas positivamente em relação ao A e negativamente em
relação ao B. Este último rejeitam o professor e seus valores. Os que se irritam, perturbam o
professor, com barulhos, conversas irritantes e etc. Não culpamos o professor da má
aprendizagem dos alunos, somente pelo aspecto cognitivo.

Segundo Perrenoud (2001), a discriminação negativa não está enraizada na intenção de


prejudicar ou na vontade de favorecer certos alunos. Ela provém de um desejo duplo
inconsciente, o da psicanálise que subjaz uma parte das práticas pedagógicas, as quais escapam
da percepção clara dos interessados, incorporando-se no currículo oculto. Nem todos os alunos
recebem a mesma parcela de consideração, de estímulo de calor de apoio, de amor. O que
claramente percebem é que essas diferenças reforçam as desigualdades.

Os professores, de um modo geral, fazem parte, ou pelo menos aspiram a fazer parte da
cultura de elite. São seletivos ao assistirem a alguns programas de TV, leem bons jornais e
revistas, visitam museus, vai aos cinemas assistirem filmes bons, sob um olhar crítico, parecem
estar a mais de 1000 km de seus alunos, que estão recrudescidos de publicidade negativa,
assistem a programas que não acrescentam nada a sua educação, não leem livros, muitas vezes só
se interessam por jornais populares, que só relatam e mostram a violência truculenta do ser
humano. São inúmeros os rejeitos do professor com relação ao gosto e outros modos de ser de
seus alunos.

Na visão de Perrenoud (2001) a escola não é feita apenas de saberes intelectual a serem
ensinados e exigidos. No cotidiano a escola é elitista, embora não seja a intenção, mas ensina os
conteúdos sob a ótica elitista, compartilham gostos e desgostos com esta classe. O choque
cotidiano das culturas influencia diretamente o fracasso escolar. Não adianta atribuir esse
problema apenas ao caráter. Ele tem problema nos hábitos familiares e a sua cultura em que está
inserido.

Aqui é muito difícil elucidar este princípio de praticar a diferenciação às diversidades


existentes para que não exista elitismo. Como fazer isto no mundo atual e principalmente no

62
Brasil que tem inúmeras leis discriminatórias? Apresentaríamos vários currículos adaptados à
maioria das diversidades encontradas. Teríamos uma escola para o aluno considerado agitado,
uma escola para o aluno que gosta de dançar, uma escola para o aluno que só pensa em futebol,
uma para o que só gosta de jogos no computador, uma escola para o aluno que tem deficiência
em matemática, ou em geografia, ou história ou outra qualquer disciplina do nosso currículo.
Têm-se uma média de 12 escolas por bairro na cidade de Belém, no estado do Pará, dessa
forma teríamos que ter mais de 30 para abarcar todas as peculiaridades e diversidades
encontradas. Isso sem falar no modelo atual do quantitativo de alunos por turma, que atualmente
nas escolas públicas são de 40 alunos no mínimo para formar a turma e caso não atinja esse
quantitativo são encaminhados para outra escola com mesma turma a fim de completar a quota
de 40 alunos.

Haveria uma possibilidade de ouvirmos as diferenças de cada aluno e respeitá-las se


pudéssemos ter no máximo 10 alunos em uma sala de aula. Assim o professor poderia entender
todas as diferenças de seus alunos e começar a partir de um ponto inicial tentar reajustar, para
que, talvez, no final do ano, chegássemos ao consenso comum.

Dessa forma, não teríamos uma política igualitária, no sentido que cada um teria a mesma
oportunidade proporcional de explicação diária para entender o conteúdo ao seu entendimento
individual e que no final resultaria a mesma chance, como exemplos podem citar o aluno A da
sala do ano X, que precisa de 2 h de explicação para entender o conteúdo y, e apenas 30 minutos
para compreender o conteúdo z. Já o aluno B, precisa de 30 minutos para entender o conteúdo y
e 2 horas para entender o conteúdo z. Esse quebra-cabeça de aprendizagem, talvez funcione com
10 alunos na sala. Porque se dos 10, 4 demoram duas horas para compreenderem e os outros 6
apenas 30 minutos, o que estes farão nessas 1h e 30 minutos de não compartilhamento com os 4
anteriores? Aí mais uma vez entra a competência do professor em administrar essas diferenças,
profissional este tão castigado, e até considerado culpado, por muitos indivíduos presentes dentro
da organização escolar.

Os problemas ocorridos interinamente nas escolas, 70% são ocasionados pelo professor.
Por outra percepção vemos que as atividades curriculares de uma escola sobrecarregam o
professor chegando a atribuir até 90% dos trabalhos por conta do docente. Ele é a mola mestra
em todos os deveres e atividades dos alunos. Em uma escola com 10 turmas funcionando em um

63
turno e que nenhum docente faltou em um determinado dia, observamos que não há ninguém,
fora de sala, à escola semelha parecer vazia. Mas se caminharmos ao longo de seu corredor de
acesso, observamos que existe o professor sempre falando e gesticulando ensinando aos seus
alunos e controlando as turmas em todos os seus aspectos. Se um docente faltar, serão 40 alunos
fora de sala, fumando nos corredores, no banheiro, pixando a sala de aula, corredores, quadro de
avisos carteiras, quebrando lâmpadas, destruindo livros e outras coisas indescritíveis. Sem o
Professor presente e o auxílio da família, teremos uma população de jovens sem rumo e sem
fronteiras possíveis de qualquer coisa.

Seria muito mais produtivo o professor trabalhar com 10 alunos, se quatro estão
envolvidos na atividade em que os 6 anteriores já entenderam, posso passar mais atividades aos 6
até que os anteriores terminem o processo de aprendizagem. Essa regra é somente uma
exemplificação, nas realidades as mais diversas possíveis pode ser 3 e 7, 5 e 5, 2 e 8, ou seja,
pode variar de conteúdo por assunto. Nem sempre será uma proporção definida, o docente
definirá a habilidade de cada aluno envolvido a passar a próxima etapa. Talvez 10 seja um
número muito alto, o que certamente só poderá ser tratado se for investigado no seu cotidiano e
com vários tipos de diversidades e dificuldades encontradas.

Segundo Bourdieu,

A escola não atua pela inculcação da cultura dominante às crianças e jovens das
classes dominadas, mas ao contrário, por um mecanismo que acaba por funcionar
como válvula de exclusão. As crianças da classe dominante podem facilmente
compreender esse código, pois durante toda a vida estiveram imersas o tempo todo.
É seu ambiente nativo. Em contraste para as crianças das classes dominadas esse
código é indecifrável. É como uma linguagem estrangeira e incompreensível. A
vivência familiar das crianças e jovens das classes dominadas não os acostumou a
esse código. O resultado é: as crianças e jovens da classe dominante são bem-
sucedidas na escola o que lhe permite o acesso aos graus superiores do sistema
educacional enquanto que as crianças e jovens das classes dominadas só podem
encarar o fracasso. (Bourdieu, 1998).

Com certeza em face ao acúmulo populacional avançando progressivamente em quase


todas as capitais brasileiras e o enorme número crescentes de matrículas incentivados pelos
programas brasileiros como bolsa família7, temos uma concentração cada vez maior de alunos

7
Bolsa-família:É um programa de transferência direta de renda, direcionado às famílias em situação de pobreza e de
extrema pobreza em todo o Brasil, de modo que consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza. O
64
em sala de aula e logicamente não temos a mesma proporção de professores para atender estes
alunos. Uma grande parte entrando com pedido de aposentadoria, pois não quer ficar nem um
segundo a mais, por não ter incentivos, e poucos concursos em andamento, com os governos dos
estados regrando a chamada aos concursos, a tendência é o inchaço das salas de aula brasileiras.

Nas escolas particulares já temos uma frequência de 60 a 90 alunos em cada sala. Para
termos a aplicação de um programa não elitista precisaríamos de uma revolução no currículo e
também nas ações governamentais. Provavelmente a folha de pagamento iria quadriplicar.
Estamos muito longe de solucionar as diversidades existentes. Muitos governos disfarçam
baseadas em uma política protecionista de inclusão, aplicadas de forma inepta e sem
responsabilidade. Temos alunos com sérias deficiências alijados em uma sala de 40 alunos,
muitas vezes servindo de chacota aos demais sendo vítima de discriminações e bullyng. Os
docentes não conseguem dar conta dos 39 alunos presentes e ainda assim se deparam com alunos
deficientes, como auditivos, visuais e até com múltiplas deficiências. Como incluir? Incluir para
depois excluir?

O que caracteriza o nosso sistema curricular brasileiro é a existência de uma


heterogeneidade que é particularizada em grupos homogêneos de alunos fazendo intercâmbio
com essas diversidades, onde a ação dos educadores no cotidiano terá uma tarefa árdua de
minimizar essas diferenças.

De certa forma voltamos à problemática das décadas de 60 e 70 com a pergunta que


fazemos continuamente nas nossas aulas: “O que se deve ensinar? ”. O volume do alunado
aumentou descomunalmente e não temos mais escolas públicas suficientes para absorver essa
clientela. Muitos alunos preferem se amontoar em uma escola particular com 80 a 150 alunos em
uma sala, pois lá há a certeza de não haver greve, e que não haverá faltas de professores.

Há inúmeras escolas públicas que ainda possuem vagas e que as suas capacidades de
lotações não chegam à metade. Porém quais seriam as causas dessas sobras de vagas? Em uma
escola do bairro da Pedreira na cidade de Belém no Estado do Pará, Brasil, existe esta sobra de
vagas, justamente pelo perfil do aluno, que frequenta esta escola. Uma grande parte,
desinteressados, foi expulsa de escolas da vizinhança, fazem uso de drogas e residem em

programa busca garantir a essas famílias o direito à alimentação e o acesso à educação e à saúde. Um dos critérios
de manutenção da bolsa é a manutenção dos filhos na escola.
65
situações de risco. A família não possui qualquer estruturação. São fatores primordiais que
afastam e causam o desestímulo ao aumento do número de matrículas.

De fato, temos que mudar. Essa atitude está presente nos professores colegas e
funcionários da escola. Agindo dessa forma, com um novo olhar percebemos que estamos nos
isolando cada vez mais em que achamos ou dizemos ser certo. Talvez a falta de diálogo com
pessoas culturalmente aceitas em seu meio social seja o elemento que está ausente em nossas
relações com pessoas caracterizadas como “diferentes”.

A escola começa por reforçar as diferenças preexistentes, partindo do início da equidade


de consideração e tratando os alunos diferentes em suas origens e atributos da mesma forma, na
medida em que é avaliado nem sempre se relaciona com a aprendizagem, mas com costumes e
maneiras advindas do capital social e cultural.

66
6.1 Novas Atribuições do Professor em Face da Violência.

Segundo Perrenoud (2001), o professor é o homem-orquestra, é o “faz tudo” da escola,


tem de animar o grupo, senão vão dizer que ele está cansado e ultrapassado. Tem que organizar o
trabalho coletivo, se não vão falar que ele é desleixado e sua aula é desorganizada, bagunçada,
tem de manter a ordem sem perder o raciocínio ou perder a ordem cronológica do conteúdo que
estava discursando e começar tudo de novo.

Em uma grande parte dos colégios pesquisados muitos alunos estão na sala mais para se
divertir do que para estudar o que provavelmente reforça a ideia que vão deixar o professor
repetir tudo novamente para somente no final avisá-lo que ele tinha reproduzido o assunto, só
para fazer zombaria e escárnio do professor.

O papel do professor frente ao excesso de atribuições como lançar notas e médias,


preparar aulas e até lançar no sistema geral do colégio são atribuições que fazem da profissão de
um desafio. Até as próprias escolas estão se aproveitando do fardo do docente. Tarefa que antes
era da secretaria da escola, agora é somente do docente. A secretaria só faz matricular o aluno e
expedir históricos e transferências. As notas são atribuições do professor. Qualquer problema
com a nota a secretaria manda o docente resolver. A profissão da docência aqui no Brasil
transformou-se em uma atividade cosmopolita.

Segundo Hannerz (1994), o ponto de vista cosmopolita foi resultante de diversidade de


culturas, que expressa uma posição em relação à desigualdade, uma predisposição de se
submergir com o outro. O cosmopolita seria um indivíduo livre para recolher de uma dada
cultura somente o que lhe interessasse. Acolhendo parcial ou integralmente a cultura estrangeira,
o cosmopolita não se ateria ao contrato com esta; ao contrário, garantiria sempre sua agilidade de
“descobrir a saída”. O cosmopolita aproveitaria sua mobilidade para agrupar, análise e
seletivamente, conhecimentos e significados percebidos em seu curso por numerosas regiões
culturais.

Estamos em uma realidade que as novas pedagogias se opõem a qualquer tipo de seleção
escolar como provas ou testes ou exames que nada mais são que uma avaliação com diferentes
tipos de abordagens. Podem ser discursivas, objetivas, parte discursiva e parte objetiva ou até
67
mesmo oral. As novas pedagogias culpam o processo avaliativo que desencadeia o fracasso
escolar. O novo processo é acabar com os desvios e achar algo bom e produtivo em todos
colocando em destaque os progressos de cada um, sem uma hierarquia, dando novas chances,
pois nem sempre a reprovação é a melhor solução e que com o tempo as dificuldades
diminuíram. Esta é uma concepção atual que ganha adeptos em várias escolas brasileiras e
também dos governos. Em alguns estados e municípios os alunos não fazem provas. Os
professores só preenchem relatórios de desempenho, não existe uma nota, em 95% dos casos eles
passam de uma série para outra. Será que estes alunos estão realmente aprendendo?

Na concepção de Chevallard (1986), o programa é somente uma moldura, o quadro ainda


tem de ser pintado. Inversamente a essa pedagogia do sucesso é só olharmos para fora, para o
mundo que nos rodeia.

O acesso ao emprego, ao trabalho hoje é feito na maioria das vezes por provas. As
empresas estão fazendo exames para contratar. O governo faz provas e concursos para admitir.
Qualquer rede de supermercados, bancos estão contratando usando esta metodologia de provas e
testes. Qualquer anúncio de jornal, ofertando pelo menos uma única vaga, é capaz de aparecer
mais de 200 pessoas interessadas. Ninguém vai contratar um caixa de supermercado que um dia
de trabalho pode dar um prejuízo de milhões de reais.

O fato é que não adianta abolirmos provas, o estudante poderá não as fazer durante seus
estudos, mas para entrar no mercado de trabalho ele terá efetivamente fazer. É o que nós
chamamos de “deserto”. Todos nós temos que em algum momento nos confrontarmos com o
nosso “eu” solitário, sem qualquer ajuda externa. Respondendo aos questionamentos apenas com
o conhecimento que realmente aprendemos. Precisamos desse “deserto” para que nos
instruirmos mais. Somente naquele momento do silêncio absoluto, é a comunicação do
questionamento com o que realmente o sujeito internalizou e que quando estudar vai fazer isso
para saber mais do que sabe atualmente. É um desafio. A questão a que o sujeito não respondeu,
mais cedo ou mais tarde, vai procurar saber o que foi que errou, e aprenderá com os meus
desacertos. É a seleção natural cada vez maior.

O aluno tem que viver as situações reais. O maior exemplo é o ENEM (EXAME
NACIONAL DO ENSINO MÉDIO). São 180 questões em dois dias com cerca de 5hs em cada

68
dia. Não adianta adotarmos a política de “não provas”, que no final ele terá que passar no ENEM
ou outro exame para poder entrar no mercado de trabalho.

A política econômica do banco mundial e parte da equipe econômica brasileira aceitou o


acordo de exames e provas nacionais, como ENEM, PROVA BRASIL, PROVINHA BRASIL,
coexistindo um paradoxo entre a pedagogia do sucesso e a política educacional refém da política
econômica brasileira.

Existe no Brasil uma cultura dominante uma forma de poder hegemônico de impor
determinada cultura, uma espécie de tradição seletiva.

O currículo no Brasil, em quase todas as escolas tem um mesmo padrão de variação


pouco relevante. A ordem econômica impôs as escolas públicas o livro gratuito em todo Brasil. É
a “cultura dominante gratuita”, seguindo um programa, praticamente único, limitado e
hegemônico, ocorrendo há mais de 20 anos. Mesmo com variadas culturas com diferentes
hábitos e vivências familiares diversas, o livro chega às mãos das crianças, na maioria das vezes
com hábitos e trejeitos do Sudeste Brasileiro.

Tem pessoas no Norte do Brasil que não fazem uma refeição se não tiver o açaí 8 e a
farinha9, que comem como se fosse o feijão. Não se aceita colocar açúcar no açaí. Há pessoas no
Nordeste que não almoçam se não houver a rapadura10 com farinha. Os hábitos alimentares são
dos mais diversos no Brasil, e não só os alimentares como também os hábitos de dormir em rede,
e muitas vezes não aceitando qualquer tipo de cama e colchão. Para muitos de nós oriundos do
sul e sudeste ao chegarmos ao norte do Brasil, vemos a necessidade premente do ventilador e do
ar-condicionado, principalmente para dormir. Já nesta região há pessoas que não conseguem
dormir com o ventilador ligado ou com o ar ligado. Elas não suam como as mesmas pessoas de
outras regiões, foram habituadas ao calor desde a infância, são normais as sensações de sentir
calor, o fato de não sentir é que torna uma situação diferente e inaceitável para elas.

8
Açaí: Fruto típico da região norte do Brasil, rico em proteínas. É comum as pessoas comerem o fruto em forma
pastoso junto com a comida. Há residências que o hábito alimentar exige o fruto diariamente para junto com a
refeição.
9
Farinha: é um pó desidratado rico em amido, utilizado na alimentação, produto obtido geralmente
de cereais moídos, como trigo de outras partes vegetais ricas em amido, como a raiz da mandioca.
10
Rapadura:É feita a partir da cana-de-açúcar após moagem, fervura do caldo e secagem. É considerado um
alimento com maior valor nutritivo que o açúcar refinado.
69
O comércio na região norte no período das 13 às 15hs, geralmente encontra-se fechado,
rotina diferente no sul e sudeste em que se o dia tivesse mais do que 24hs seria melhor para
vender mais e mais.
O livro didático é bom porque gratuitamente leva conhecimentos às pessoas que não
poderiam comprá-lo, e assim “ganham” uma cultura hegemônica para aprender. Sob esta ótica é
melhor ter o que aprender, conteúdo globais do que não ter nada.

A cultura hegemônica brasileira encontra seu modo de propagação através das


instituições de preservação e distribuição cultural no caso das escolas que passam a cultura
dominante sempre a transmitindo como a tradição, o passado significativo e que somente alguns
significados e práticas são transmitidos enquanto outras são recusadas. A maioria dos currículos
conduz o contorno do consenso evadindo das contradições que cerceiam a nossa vida social. Há
poucas tentativas de trabalhar com o conflito, ficamos em torno das ideologias, consumindo
impostos pela tradição seletiva e a hegemonia das classes culturais.

Segundo Apple (2006) o problema consiste em examinar como um sistema de poder


desigual em uma sociedade se mantém, é recriado, por meio da transmissão cultural. A escola se
torna muito significativamente importante no efeito da reprodução cultural e econômica.

O que devemos fazer para uma sociedade ser justa? Devemos maximizar as vantagens
dos menos privilegiadas. Dessa forma qualquer meio social que aumenta a lacuna entre ricos e
pobres, no que diz respeito ao capital cultural e econômico precisa ser discutida, como foi
convalidada essa desigualdade? Porque aceitamos? Talvez porque nós internalizamos
inconscientemente essa hegemonia de princípios que regem a ordem social existente.

Segundo Young (1977) quem está na posição de poder tentará definir o que é admitido
como conhecimento, e quanto ele é aceitável e acessível para grupos diversos e quais são as
relações aceitas entre diferentes áreas do conhecimento e entre aqueles que têm acesso a elas e as
tornam disponíveis.

Significa dizer que o fato de possuirmos em determinado conhecimento, considerado de


alto escalão, diretamente relacionado à economia corporativa, traz em si o fato de que outras
pessoas não gozam dessa posse.

70
Por fim, dentre as inúmeras atribuições do professor, encontramos o problema da
violência. Este ao ministrar suas aulas tem que ter o devido cuidado de não instigar nem um
grupo de alunos contra sua ideologia ou até apenas um aluno que sozinho pode mudar toda
dinâmica da escola.

O falar, o agir durante as aulas e nas dependências da escola tem que ser visto com
cuidado, sempre observando cuidadosamente os alunos que nos circundam. Aquele autoritarismo
de outrora, nos dias atuais em que vivemos e em determinadas escolas não podem ser realizados.
Temos alunos caracterizados com alto grau de periculosidade. Já cumpriram penas, saíram e
estão de volta. Se socializando ou não.

O professor não pode ser amigo de todos. Talvez o melhor seja ministrar sua aula da
maneira mais ética possível, e limitar-se exclusivamente ao assunto proposto e procurar não se
irritar com as inúmeras brincadeiras que terá que suportar.

O serviço de orientação educacional da escola Maroja Neto, recomenda que o professor


crie democraticamente com a participação dos alunos do seu código de conduta em sala de aula e
todos os dias ao entrar nesta turma relembre os discentes dessa normatização atentando para o
fato que irá cumpri-lo à risca.

Quanto aos crimes que ocorrem dentro da escola, o professor deve sempre estar em
sintonia. Não pode achar estranhos vários fatos como: i) No turno da noite algum aluno desligar
a energia com o propósito de cometer vários assaltos em série dentro do ambiente escolar
“arrastões”. ii) Alunos traficando e consumindo drogas iii) Brigas constantes, partindo para o
embate físico entre os discentes iv) Sujeitos estranhos no ambiente escolar com outros propósitos
v) Constante envolvimento de alunos com traficantes, chegando a relação ser a mais perversa
possível com a constante acerto de contas, levando até a morte de alguns alunos.

71
6.2Violência Escolar em Outros Países

Os países europeus descrevem o Bullyng como a pior forma de violência ao aluno como
também a sua influência nas demais atitudes. Das pesquisas realizadas a respeito, destaca-se o
Projeto Comenius11, o qual identifica o Bullyng como objeto de magoar e insultar determinados
sujeitos presentes no ambiente escolar.

O país europeu mais influenciado é a Inglaterra, onde o comportamento dos agressores é


extremamente violento. O que parece acontecer é que não há uma política nacional abrangente
nos países europeus contra o bullyng. O que existe é um pacote de medidas de forma a dar paz e
tranquilidade a todos os alunos. Existem políticas diferenciadas. Os exemplos podem citar:
Finlândia: Usa de especialistas na área para trabalhar contra o Bullyng com seus alunos
envolvidos;
Itália: Faz uso de psicólogos trabalhando nas escolas

Reino Unido: Criou cargos específicos, dentre as denominações, destaca-se o “Gestor de


Comportamento`.

Suécia: Afirma que todos os alunos e professores tem conhecimento de uma política anti-
bullyng; possui um plano municipal específico para trabalhar com o bullyng com uma equipe
especializada e treinada em casos específicos.

O bullyng é um fenômeno social e internacional que afeta principalmente as escolas em


escala mundial. O que ocorreu nos países europeus foi à criação de políticas diversas de forma a
promover uma sociedade menos violenta. Com relação ao silêncio em sala durante as aulas
observou-se que os alunos portugueses são os mais faladores do que os outros países relatados.

Nos Estados Unidos, atualmente a moda é outra e está vindo de fora da escola para dentro
com adultos atacando crianças inocentes. Há uma década, as atitudes agressivas eram
manifestadas por estudantes que tinham problemas com outros alunos. Segundo a Universidade
de Colorado, na década passada não havia registro de ataques cometidos por adultos, no geral

11
Projeto Comenius: é um projeto criado pela Comissão Europeia que visa melhorar a qualidade e reforçar a
dimensão educação, desde o ensino pré-escolar até ao secundário.
72
eram feitos por adolescentes. Nesta época, segundo Michael Sedler, especialista em serviço
social nas escolas públicas dos americanos, alega que os perfis típicos dos agressores dessa
época eram adolescentes solitários influenciados por jogos violentos de videogame.

Há vários exemplos atuais em que o adulto inserido na escola repentinamente trazendo


aberrações violentas, representa algo novo em que não sabemos ao certo o tipo de motivação e o
significado que é internalizado na mente desses sujeitos, geralmente caracterizados por suicidas.

Inúmero relato de violência praticado por adultos externos ao ambiente escolar em que
por um motivo desconhecido, faz alunos reféns, abusa sexualmente, mata etc.
Relatos Históricos de Ocorrência. Em 27 de setembro de 2006, Duane Morrison 53 anos, invadiu
uma escola em Bailey, no Colorado, fez um grupo de 6 alunas reféns, abusa sexualmente de 5 e
mata uma delas e logo após se suicida. Em 02 de outubro de 2006, um motorista de caminhão,
Carl Roberts, 32 anos, invade a escola Wolf Rock na Pensilvânia, mata 4 alunos e se suicida
depois. Em 16 de abril de 2007, o estudante sul-coreano radicado nos EUA, Cho Seung-Hui,
matou 32 pessoas, entre alunos e professores na Universidade Virgínia Tech, em Blacksburg, a
390 km de Washington.Em 14 de dezembro de 2012 Adam Lanza, 20 anos, invade uma escola
nos EUA e mata 26 pessoas. Os ataques em série são comuns. Epidemias de violência em escola
são comuns em vários lugares.

Hoje nos Estados Unidos, professores, estudantes e funcionários, percebem o


comportamento estranho de um jovem e podem avisar as autoridades responsáveis antes que se
chegue a um ataque em massa.

O fácil acesso às armas é um dos principais motivos à ocorrência de ataques. Outro fator
é o grande número de ocorrências em 2 décadas de 1991 a 2011, que tem parâmetros parecidos
com o surgimento da Internet, podemos citar:
255 casos na França (assistem aos filmes mais violentos da Europa);
39 no Japão (jogos mais violentos);
381 na Alemanha que é a nação historicamente mais influenciada por violência.

73
Os EUA têm uma longa lista de massacres e incidentes com armas de fogo nas escolas. A
realidade é que ocorrem massacres quase todos os anos nas escolas, o que ilustra o caos
psicológico e social que se instalou na comunidade juvenil.

Bueno (2011) relata que os Estados Unidos é um país apaixonado por armas. O direito de
portar armas é garantido até os dias de hoje. O direito de portar armas nos EUA, é antigo, vem de
1791 o que hoje, temos uma realidade completamente diferente. Naquele tempo o país estava se
organizando depois da independência e não existia um exército nacional, eram milícias.

Existe ainda a defesa dos direitos de portar armas defendidas por lobistas associados à
indústria de material bélico e aos interesses financeiros a manter essa política. A divulgação
ilustra a ideia com slogan. Quem mata não são as pessoas, são as armas. Uma pessoa armada
pode impedir que um crime fosse cometido.

Todos esses discursos são por vezes controversos em muitos aspectos. A coexistência de
mais de uma pessoa armada em um local específico não impede que o possível criminoso mate
outras pessoas. Sem contarmos que o possível atacante não vem com qualquer identificação,
avisando que ele é o principal suspeito ou representa o atacante potencial.

A sociedade costuma chamar de psicopata a pessoa que comete crimes hediondos, mas
psicopatas segundo o Dr. Robert Hare (2013) são pessoas desorientadas ou sem contato com a
realidade, e nem tem visões, alucinações ou a intensa aflição subjetiva que caracteriza a maioria
das desordens mentais.

As influências são as mais variadas possíveis. Como exemplo, podemos ilustrar a mãe de
Adam Lanza, que no dia anterior ao massacre levou o filho para um campo de tiros. Nancy
Lanza, 52 anos, era uma amante de armas, que alega ter ensinado aos filhos a lidar com armas de
fogo na intenção de lhes dar mais responsabilidade. No dia do massacre Adam, o filho, primeiro
matou a mãe, para depois realizar o massacre com 26 mortos.

O fato de anos antes o comportamento de Adam ser interpretado por profissionais da


escola como preocupante, não realizou qualquer mudança ou preocupação da direção da escola
em que este sujeito estudava em lhe dar apoio e ajuda psicológica necessária.

74
No caso americano podemos observar que a extrema facilidade de se conseguir uma arma
é um fator preponderante a ocorrência destes massacres.

Cada país enfrenta um problema controverso, dependendo de sua legislação e história de


violência vigente.

Em 1980 a eleição de Clinton nos EUA instituiu uma política favorável a programas de
resgate da educação aos mais pobres e desprovidos de recursos. Eram chamados de ‘’Head
Start”, ou educação compensatória.

Na perspectiva de Connel (1992), o ensino destinado aos pobres, parte da época das
escolas de caridade do século XVIII e agora com uma nova roupagem aos programas que são da
época dos anos 60. O direito a educação concretizado pela declaração dos direitos da criança,
pelas Nações Unidas em 59, foi aceito por inúmeros países.

Contudo o desempenho das crianças pobres continuou apresentando problemas com


desempenho inferior as demais crianças pertencentes a outras classes. A partir daí surgiu a ideia
do mecanismo chamado “ciclo de pobreza” no qual o foco genético é a criança e a falta de
cuidado e dedicação de políticas as crianças acarretam um baixo rendimento na escola que
acabam por levar ao fracasso escolar e ao desemprego e falta de oportunidades no mercado de
trabalho.

Para Connel (1992), seguindo a lógica anteriormente exposta, criou-se as chamadas


educações compensatórias, com programas financiados pelos seus governos. Como exemplo de
aplicação destas políticas, podemos citar EUA, Grã-Bretanha, Países baixos e Austrália. Esses
programas variaram de um país para o outro, tendo como alvo uma minoria de crianças.

A desigualdade de classe é um problema que atravessa todo o sistema escolar onde os


mais pobres são considerados grupos minoritários que na realidade fazem parte da maioria,
estando, portanto inserido nos efeitos mais perversos de um padrão mais amplo.

75
A segregação e discriminação em que o indivíduo pobre não é como o restante de nós, e
que pela visão de Lewis (1968), a reprodução da pobreza de uma geração para outra era atribuída
às adaptações culturais do indivíduo pobre às suas circunstâncias.

Os sistemas educacionais dos EUA são mais fortes em termos de diversificação e mais
fracos em termos de escolhas que os mecanismos do Reino Unido. Quanto à diversidade, a
ausência de um currículo rigidamente imposto combinado com um processo de aumento do
poder de decisão dos pais e com uma administração escolar descentralizada, possibilita uma
variação curricular entre escolas, assim como uma variação no processo de tomada de decisão
em relação a questões curriculares.

O sistema do Reino Unido é fraco em termos de fortalecimento do poder de decisão do


país e em termos de controle local. Este mecanismo adotado no Reino Unido tem uma
semelhança superficial com os sistemas estadunidenses, como exemplo os conselhos escolares
locais tais como: Chicago, mas se baseia em um paradigma de controle empresarial e não em um
modelo popular participativo. O sistema do Reino Unido é mais forte em termos de controle
financeiro e mais fraco em termos de controle educacional em comparação com seus
correspondentes americanos. Estão mais limitados a questões de avaliação do desempenho do
que com a inovação e com a satisfação das necessidades estudantis. O Reino Unido não confia
na democracia local e favorece um processo baseado na relação consumidor escola, centrado na
gerência financeira (Ball, 1992).

O sistema de escola de mercado do Reino Unido não tem qualquer compromisso com
objetivos sociais de igualdade ou justiça; o governo conservador está fortemente decidido contra
essas noções. A maior parte dos sistemas metropolitanos dos EUA tem importantes
compromissos com essas questões, como por exemplo, nos programas de segregação e no
financiamento de programas especiais dirigidos aos estudantes de baixa renda. No Reino Unido
o sistema de financiamento é fortemente baseado na quantidade de matrícula que está reduzindo
os fundos existentes destinados a programas especiais, e, além disso, novos fundos não estão
sendo destinados a esses programas (Hess, 1992).

Kornblit e Di Leo (2008) apresentaram resultados recentes na Argentina, de alguma


realizada em escolas argentinas que compilaram de 2000a 2007 dados importantes descobertos

76
referentes às diferentes formas de violência. O conflito com o espaço escolar que poderíamos
pensar como violência simbólica emocional, no sentido de que alunos se sentiam integrados nos
contextos. Outra forma de violência surge na escola com estudantes usando de agressão física.
Este estudo mostra que coexistem diferentes tipos de violência em inúmeros contextos.

A violência física é comum em setores de baixa renda onde o conflito é associado aos
seus níveis socioeconômicos como também em contextos altamente com nível alto de riqueza na
cidade de Buenos Aires.

Outra característica desta investigação é que eles se baseiam principalmente em dados


estatísticos. Com distinções entre tipos e formas, surge violência quantificada por inquéritos a
quantidade e os tipos de episódios de violência que ocorrem em um período determinado em
uma específica comunidade escolar.

O conflito entre a instituição e o aluno é muito acentuado nos regimes mais rígidos onde
a tendência é sofrer problemas, pois eles tendem a construir a marginalização para que o aluno
possa mediante discussões optar por uma linha de tratamento no interior da escola. Estratégias
que levam promover a expulsão do aluno, isolamento do conflito ou até mesmo esforços sociais,
promovendo o afastamento de parceiros. A estratégia de intervenção envolve a adaptação de um
estudante para a norma e torna-se difícil quando a regra está em crise. Em muitos casos a
possibilidade de alcançar a melhoria de um estudante no comportamento ou de aprendizagem
envolve tratamento psicológico ou psiquiátrico. Além disso, os serviços disponíveis para este
setor da população enfrentam problemas na área da saúde e são muito precários. A possibilidade
tratamento prolongado, implicam um grande esforço por parte do paciente especialmente em
relação à necessidade de esperar a sua vez encontrar especialistas.

A violência física ocorre no ambiente escolar, mas o desenvolvimento sugere um


processo que é independente de suas dinâmicas relacionais específicos. Isto é, a violência emerge
na escola, mas não é um produto da mesma. Talvez seja possível suspeitar que, na realidade,
padrões de ligação que são naturalizados fora da escola, relações com colegas ou ambiente bairro
são, em às vezes, também importante.

77
As escolas na Argentina não são onipotentes para o surto de violência no seu interior,
mas também não são completamente indefesas. Está claro que nem a escola nem os seus agentes
são responsáveis pelos processos de deterioração, o empobrecimento, a insegurança e
fragmentação social que resultou no aparecimento, e expansão o surgimento de certas formas de
violência que por um longo tempo pareceu estar preservado. As políticas públicas argentinas não
determinam o fim da escola ou outra forma de resolver tudo, pois a escola não pode fazer nada
sobre mercado de trabalho ou a distribuição de renda. No entanto, a escola e os seus agentes
tentam fazer muito.

A violência da cidade de Guadalajara é bem próxima a da cidade de Belém,


especificamente do Bairro da Pedreira. São adolescentes que querem morar próximo do centro
da cidade com um comércio próximo e desenvolvido e com uma grande quantidade habitacional
e de baixo poder aquisitivo. O número de jovens da faixa etária de 14 a 22 anos é muito
significativo e o comércio e empresas do local não absorvem nem a 20% todos esses jovens, lhes
restando o subemprego, sem qualquer tipo legalização, como vender bombons, cigarros, ajudar
na mercearia, açougue, transportar gás de cozinha, água mineral, trabalhar na construção civil
como ajudante de pedreiro e etc.

Chan Gamboa (2006) faz a sua pesquisa na cidade de Guadalajara no México e observa a
ausência do pai nas unidades familiares pesquisadas e o sustento da família gira em torno da
mãe, e a falta de controle eficiente do menor envolvido. A ausência de figuras respeitáveis dentro
da família favorece a aparição de condutas infratoras. Observou o desapego emocional dos
sujeitos envolvidos com relação aos pais em decorrência de uma falta de ações normativas
dentro da família.

O atual questionamento neoliberal ao estado que denominamos intervencionista não deve


levar à confusão de supor que esses setores negam a necessidade de um Estado que participe
fortemente em um sentido social amplo. O que os neoliberais e conservadores combatem é a
forma histórica que assume a intervenção estatal propondo um novo modelo de caráter mais
autoritário e antidemocrático. Os discursos hegemônicos ocultam este processo apelando para o
eufemismo de um governo e de um Estado mínimo. O que ocorre segundo Picó (1987), é que os
partidos convertem-se em ofertas eleitorais para o mercado de votos mais que em gestores
pragmáticos da realidade. O estado viu-se obrigado a suprir as necessidades e provisões que

78
estão fora de seu alcance, sendo que esta assistência fomentou a preguiça e o absenteísmo. Os
grupos de pressão cresceram de modo que o Estado se encontra sobrecarregado com demandas
impossíveis de se satisfazer. Estendeu-se o leque dos direitos sociais como “bolsa família”12, e
outros programas fazendo com que a população espere que os governos se responsabilizem e
intervenham em setores cada vez mais amplos da sociedade, sendo que ao mesmo tempo pedem
a redução dos impostos e a contenção dos preços, criando dessa forma uma situação política
ingovernável e tomando medidas necessárias a contenção dos gastos públicos e estimule o
investimento privado, renunciando a formas intervencionista de estado.

Na concepção de Gentil (1994), o discurso da nova direita sobre a qualidade educacional


surgiu como reação e resposta ao já desvalorizado discurso democrático generalizado na
América Latina após os períodos de ditadura e é caracterizado por adotar o conteúdo definido
pelos debates de qualidade no universo produtivo o qual é identificado como um duplo processo
de transposição manifestando de que forma o seu aproveitamento como exemplo (Chile, Brasil e
Argentina), conduz ao aprofundamento das diferenças sociais instituídas na sociedade de classes,
concomitantemente em que se intensifica o privilégio e as ações políticas dualizantes.

Para os neoliberais a qualidade não é algo que deve qualificar o direito a educação, mas
um predicado adquirível no mercado de bens educacionais, julgando uma diferenciação interna
no universo dos usuários dos consumidores de educação de tal maneira como a legalidade de
excluir outros do seu usufruto.

Da perspectiva democrática passa a ser um “direito” quando existe um conjunto de


instituições públicas que garantem a concretização e a materialização de tal direito. Podem-se
defender os direitos, mas não pode se esquecer de resguardar e expandir as condições materiais
que os garantem, caso contrário se está sendo hipócrita com os seus participantes, quando o
“direito” é apenas um atributo do qual usufrui apenas uma minoria, a palavra mais correta seria
chama-la por “vantagem”.

A violência escolar em outros países ocorre por múltiplas linhas de tendência. O bullyng
acentuado nas escolas inglesas, os massacres frequentes nas escolas americanas, com inúmeras
crianças indefesas e inocentes mortas por sujeitos que acreditam em outra forma de retaliação da
12
Bolsa Família: Ajuda oferecida pelo governo Federal Brasileiro as famílias de baixa renda e que tem filho na
escola matriculados.
79
sociedade e do estado, em muitos casos, estas pessoas ao praticarem esta violência absurda,
cometem suicídio no final. Na Argentina e no Brasil encontramos formas similares de violência,
muitos casos tipificados pela “Territorialização Perversa", ou seja, o local onde moram e residem
tem relevante importância na prática da criminalidade no ambiente escolar, sendo uma das
formas específicas de manifestação no ambiente escolar.

80
6.3 Violência Escolar no Brasil

Pobreza e alienação certamente se traduzem em vida problemática. Não precisamos supor


a existência de diferenças culturais, precisamos entender a questão do poder a fim de
compreender a violência que é reiterada nas escolas frequentadas por pessoas pobres que tem
assumido caráter dramático como no caso americano em que é repetido o aparecimento de armas
na escola.

O poder passa a ser uma questão que abarca diversos temas como gênero, classe ou raça.
No geral ela é mais comum em meninos do que em meninas, pois as questões ocidentais de
masculinidade são socialmente construídas próximas das reinvindicações de poder.

Quando a orientação é de jovens em situação de risco na qual os meninos têm sido


disciplinados pela força, o problema se expande e a violência retorna ao meio e de certa forma
como na 3ª Lei de Newton, “Ação e Reação”, uma força de sentido contrário com mesmo
módulo e direção começam a atacar.

Podemos citar exemplos em que as pessoas da direção ou responsáveis pela aplicação e


execução das punições colocam esses jovens de uma forma discriminatória perante outros,
aplicando discursos de uma forma agressiva e os deixando marginalizados, humilhados perante
os demais, em que provavelmente as atitudes e comportamento desse jovem apresentarão pioras.

Na concepção de FINE (1991), “Livrar-se” de um aluno que constantemente briga na


escola, transforma-se em solução rotineira para uma ampla gama de problemas.

Esta atitude constante tem mostrado à cega racionalidade burocrática que incentiva o
aluno a evasão. A redescoberta da legitimidade da competição educacional tem medido
significado de classe confirmando os benefícios e as regalias dos menos pobres e sancionando a
exclusão dos pobres.

Taylor (1991) colocam em questão as verbas destinadas as escolas com


aproximadamente 3 para 1 entre grupos de classe alta e baixos gastos em determinados estados e
cidades americanas.

81
O mesmo é encontrado aqui no Brasil em que há escolas que fornecem todo o aparato,
uniforme, material escolar, sem falar nos livros que é uma política nacional, além de ofertarem
merenda de alta qualidade, nutritiva, diferentemente de outras escolas brasileiras, que
provavelmente só tem o livro. Além disso, há o problema de falta de estruturação e reforma nas
escolas. Podemos citar que até o lugar em que moramos anualmente ou pelo menos a cada dois
anos, geralmente pintamos e reformamos, para que possamos a continuar a viver dignamente. Já
as escolas brasileiras para serem pintadas demoram cerca de 5 a 6 anos no mínimo.

Na visão de Connel (1992) textos e livros convencionais, métodos de ensino e avaliação


tradicionais tornam-se fontes de dificuldades sistemáticas que produzem o tédio constante,
fazendo aumentar o problema da disciplina, dividindo a minoria academicamente bem sucedida e
uma maioria desacreditada.

Os métodos de ensino e avaliação tradicionais, muitas vezes tem causado a evasão de


muitos adolescentes na idade dos 12 aos 18 anos. A escola e toda a sistemática de ensino tornam-
se insustentável para muitos jovens, repudiante para muitos, o que torna difícil o controle da
disciplina em sala. O professor não pode mandar o aluno embora toda hora, são constantes os
problemas; vivem conversando; brincando; atirando papel; fazendo brincadeiras com qualquer
coisa que é falada em sala e acabam atrapalhando aos demais que estão quietos; não que estes
estejam aprendendo mais que àqueles, mas por uma lógica absurdamente irracional, pelo menos
permite o professor dar prosseguimento a aula e as suas explicações; ou em outras palavras,
deixam o poder central do professor fluir normalmente num eterno faz de conta. Ou seja, o
professor faz de conta que ensina a todos e todos estão ouvindo e aprendendo e os alunos fazem
de conta que estão absorvendo.

Nesta escola, como em muitas outras, está tudo normal, tudo como sempre foi. A falácia
do faz de conta está sendo respeitada! Se algum aluno se altera e se revolta contra esta unidade
do “faz de conta”, não quer mais ficar em silêncio e começa a falar outras coisas, logicamente sai
do mundo do faz de conta e começa a questionar a autoridade do professor.

Na concepção de Lukesi (2001), haverá transmissão do conhecimento quando todos


participam ativamente da aula, com perguntas, dúvidas e de certa forma nem todos os

82
esclarecimentos são solucionados pelo professor. É uma forma de transmissão do conhecimento
em rede, através da interação com os colegas da mesma classe.

Este aluno tem a liberdade e a confiança de explicar ao colega o seu ponto de vista, como
e porque entendeu o conteúdo. Às vezes, o aluno não entende a linguagem do professor, mas
consegue entender a do colega de classe. Há o despertar do interesse coletivo. Ocorre que este
sujeito percebe que ele não entendeu, mas que a maioria já compreendeu o assunto e o professor
abre democraticamente a discussão na sala, de forma que este aluno possa tirar as suas dúvidas
com o próprio colega ao lado e se este não explicar direito este sujeito pode procurar ajuda a
outros colegas até que seja solucionado o problema.

Logicamente para quem vê do lado de fora, enxerga o tumulto, a bagunça e não o


processo de aprendizagem. É difícil para o docente utilizar este processo, pois até ele não foi
acostumado a isso, nem seus alunos e se quer os seus colegas de profissão. Há uma crítica global
de todos na escola. É difícil para o docente contrariar essa cultura mundial e global do silêncio.
Até o próprio docente tem problemas de aceitação ao ouvir muita conversa. Pois 20, 30 ou 40
dialogando sobre o assunto torna-se um tom de ruído alto às vezes atrapalhando a sala ao lado.

Diversos tipos de regime são utilizados na escola. O religioso, o militar, o contemporâneo


e outros tipos de engrenagem de funcionamento.

Em minha prática, na Escola Ten. Rêgo Barros, localizada na cidade de Belém, PA,
ministro aulas, nesta escola, no turno da manhã. Neste ambiente escolar o regime é de cunho
militar, onde os alunos têm a influência direta da administração exercida por alguns professores
como também na supervisão da escola que é uma espécie de anexo do Comando da Aeronáutica.
A maioria dos alunos, cerca de 90%, é dependente de militares. A constante disciplina cobrada
dos alunos pelos professores além da educação tradicionalista em que estão inseridos, talvez pela
formação de seus pais, ajuda a manutenção e controle da ordem em sala de aula. Pela prática
discriminada, talvez a regra do faça de conta, funcione, pois, a maioria dos ouvintes está
condicionada a estudar em casa em que o pai e mãe utilizam a metodologia de aprendizagem
antiga, em que o filho é condicionado a aprender o que não absorveu na escola em casa, nos
livros e também na internet.

83
Já em uma escola onde temos a dominação da heterogeneidade de classes sociais,
predominando muitas vezes a do pobre, os ensinamentos e a aprendizagem teriam que ocorrer
em sala, pois este aluno ao retornar para casa, não apresentará as mesmas condições e o apoio
que os seus colegas de outra classe encontram.

Na concepção de Chomsky (1993) a recomposição econômica do capitalismo dá-se


mediante a radicalização do neoconservadorismo13, onde o mercado se constitui no “Deus”
regulador das relações sociais. Este retorno no contexto do capitalismo dos anos 90 e de sua crise
só pode acontecer mediante a exclusão das maiorias do direito à vida digna, pela ampliação do
desemprego, pela criação de desertos econômicos e do retorno aos processos de marginalização.

A ideia balizadora do ideário neoliberal é que o estado é o responsável pela crise, pela
ineficiência, pelo privilégio, e que os mercados privados são sinônimo de eficiência, qualidade e
equidade. Desta ideia chave, advém a tese do Estado mínimo e da necessidade de zerar todas as
conquistas sociais, como por exemplo, o direito a estabilidade no emprego, o direito a saúde,
educação, transporte público e etc. Tudo isso passa a ser comprado e regido pela férrea lógica
das leis do mercado, significando o estado suficiente e necessário unicamente para os interesses
da reprodução do capital.

A figura 03, abaixo, confirma que o problema da violência escolar tem sido a principal
razão para a falta de qualidade da educação pública no Brasil. Claramente, o fato de que este
problema são os primeiros resultados citados na tabela, como a falta de infraestrutura, falta de
pessoal, falta de professores. A tudo isso só crescente desinteresse indicativo e ócio dos
estudantes dentro da escola, levando ao aumento dos níveis de violência.

13
Neoconservadorismo:é uma corrente da filosofia política que surgiu nos Estados Unidos a partir da rejeição
do liberalismo social dos anos sessenta.
84
FIGURA 03: O principal problema da educação pública hoje no Brasil. Fonte: Anuário Brasileiro de
Segurança Pública, ano 2015.

Percebemos que a violência escolar no Brasil está de certa forma implícita pela violência
simbólica e se manifesta no ambiente escolar, também, através da enorme heterogeneidade das
classes sociais e pelo poder dominante exercido pelas classes que detém o poder. O pobre cada
vez mais pobre, não lhe é dado oportunidade. Ele não consegue entender as tarefas e as provas
aplicadas. Já o elemento que vem da classe dominante, lhe é dado uma série de aparatos com que
servem de subsídios para compreender os assuntos ministrados e assim progredir de série. A
violência escolar no Brasil torna-se muitas vezes a revolta dos desacreditados, que por não terem
acesso aos meios de ensino, tentam manipular a educação e a transformar em atividade insalubre,
até para os indivíduos da classe dominante, afetando diretamente na construção da cidadania,
sendo essa violência provocada pela insatisfação cultivada aos sujeitos das classes dominadas
que sofrem com os efeitos da discriminação, interferindo na formação de um modelo social em
que os efeitos da violência escolar sejam minimizados.

Abaixo segue o gráfico da figura 04, indicativo sobre s homicídios ocorridos no Brasil:

85
Figura 04: Gráfico indicativo dos homicídios ocorridos no Brasil de 2010 a 2014. Fonte Anuário
Brasileiro de Segurança Pública, ano 07, 2013 e ano 08, 2014.

Pelo gráfico apresentado na figura 04, observamos que a relação de homicídios no Brasil
está em constante evolução. Em um primeiro momento de 2010 para 2011 houve um aumento
em aproximadamente 11%, o que caiu de 2011 para 2014, mantendo-se constante em 7% o
aumento de ano para ano. Em 2014 tivemos 53550 homicídios no Brasil, por inúmeros motivos
como: homicídios culposos de trânsito, latrocínio e tráfico de drogas. Vários fatores contribuíram
para o aumento, como aumento populacional, desemprego crescente, economia oscilante, dentre
outros fatores.

O gráfico a seguir da figura 05, indica a faixa etária dos homicídios no Brasil:

86
Figura 05. Gráfico indicativo da faixa etária dos homicídios no Brasil. Fonte: Anuário Brasileiro de
Segurança Pública, ano 07, 2013 e ano 08, 2014.

Interpretando a figura 05, percebemos que a faixa etária mais comprometida com relação
à prática de homicídios é a de 15 até 19 anos, a mesma faixa dos usuários de drogas. O tráfico e
uso de drogas, provavelmente está intimamente relacionado aos usuários de drogas e traficantes.
Este provavelmente é um dos fatores intimamente relacionados, provavelmente temos outros,
como o problema dos homicídios relacionados ao trânsito.

Note que o perfil ``maior de 30 anos``, que representa todo o restante da população
indicada, não supera a faixa de idade de 15 a 19 anos envolvida em homicídios. Os problemas
são inúmeros. Podemos citar como a faixa etária que estão inclusos os jovens adolescentes e os
problemas relacionados com os problemas desse período. O uso de substâncias entorpecentes,
como o álcool, uso de drogas e etc.

Em uma pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),


juntamente com o censo escolar, que reuniu dados a partir de 2015, o Anuário Brasileiro de
Segurança Pública sobre a violência escolar, que teve lugar no Brasil, questões eles listado no
Fórum brasileiro de Segurança Pública. A pesquisa mostra a seguir 07 perguntas para os
professores de várias escolas públicas brasileiras são exibidos e lista o número de pessoas sobre
estes professores pesquisados. A pesquisa foi realizada em milhares de escolas pesquisadas pelo
censo escolar de 2015 usada pelo Anuário brasileiro de Segurança Pública, figura 06, abaixo:

87
Figura 06: Perguntas para professores de escolas públicas Brasileiras em 2015, acerca da
violência escolar. Fonte: Anuário de Segurança Pública 2015.

O gráfico da Figura 06, vemos que a agressão física entre estudantes predomina nas
escolas brasileiras. Mas essa violência não é apenas entre os estudantes, também nota que um
alarmante número de agressão a professores também é muito alta; contagem em 2015 com
123.952 170,216 casos de violência entre alunos, de uma taxa de cerca de 37%. Logicamente
outros casos, como porte de arma e quantidade de depredação também são importantes, mas o
que percebemos é que a equipe e os professores trabalham, provavelmente por medo e
desconfiança, dentro da escola.

88
6.4 Violência Escolar e o Estado do Pará

Em reportagem exibida pelo Jornal Diário do Pará em 02/02/2014, reflete a manchete que
nos amedronta diariamente:

“Violência Encurrala Escolas de Belém”. Segundo Carolina Menezes, redatora do Jornal,


existe um nó nas relações com o governo. Há professores e funcionários das escolas de vários
bairros de Belém, dentre eles o da Pedreira, que já estão se recusando de ir ao trabalho, devido ao
medo e a insegurança presente nas escolas. O governo do outro lado alega que os professores
precisam ser mais atuantes, e não descomprometidos com a questão da violência.

Opostamente, a preleção do governo nos remete a situação em que o professor é o


culpado por tudo o que acontece na escola. Se o aluno tira nota baixa, se comparece armado, se
mata alguém dentro da sala de aula é a culpa do professor, que não viu ou não deu a atenção
devida ao fato, como por exemplo, o fato de estar com uma arma dentro da mochila. Ora, isso
está fora da atribuição da carreira do professor. Temos outros exemplos, como da Escola Maroja
Neto, da Pedreira em que a diretora do turno da manhã, resolveu pedir contribuição diária aos
professores para programar a merenda dos alunos, chegando a arrecadar de dez, vinte ou trinta
reais por dia, ou até mais do que isso, dependendo da época, para servir a merenda. Passados
alguns dias, um professor se recusou a dar a contribuição e alertou aos demais que a merenda já
vinha do governo e que não era a nossa obrigação dar qualquer contribuição. Nos dias seguintes
a essa manifestação, o inacreditável aconteceu. A diretora teve a capacidade de ir às salas, falar
aos alunos, que não teria merenda naquele dia, porque os professores não haviam mais
contribuído!

Essa é uma história que ocorre em inúmeras escolas e ninguém reclama de nada, ou
denuncia ninguém. Pois até ser responsabilizada pela merenda a categoria dos professores já foi
relegada. O reflexo da atitude da diretora foi enorme. Minou toda a escola contra os professores.

A merenda que era feita de manhã, também era distribuída a tarde e à noite. É claro que
temos alunos carentes que chegam ao cúmulo de ir para a aula em função da merenda, e em
muitas famílias humildes é uma forma de sobrevivência que acharam melhor. E agora o governo
quer responsabilizar os professores devido à violência nas escolas. Não é obrigação de o

89
professor ficar observando e fazendo revistas a alunos. Há relatos de professores que no turno da
noite existem alunos no final da sala enrolando cigarros de maconha. Muitos docentes ficam com
receio de denunciar. Alguns usam de outras atitudes colocando para fora de sala por outro
motivo, disfarçado a atual situação a fim de não se comprometer. A direção costuma passar nos
corredores, às vezes acompanhadas de policiais, indagando se viu alguma atitude suspeita, e se
pode denunciar. A maioria diz que não viu nada. A lei do silêncio impera nessas escolas,
acostumadas a verem seus colegas mortos, ou perseguidos por esses bandidos que passam no
máximo três meses na cadeia e depois vem tomar satisfação como professor que o denunciou.

É uma atitude muitas vezes controversa. É nosso dever denunciar. A polícia nos orienta a
isso. É nosso dever com cidadão. A lei nos diz que podemos até ser enquadrados como
cúmplices. A primeira atitude, segundo a cartilha, “Paz para Ti 14” é fazer o boletim de
ocorrência. Podemos reduzir a criminalidade consideravelmente se agirmos dessa forma. Mas, a
lei do silêncio impera. Esses menores de certa forma são protegidos pela lei e pela superlotação
das celas. Eles não ficam muito tempo presos e logo em seguida vêm sedentos de vingança e a
polícia não estará na sua companhia 24 h. Os nossos salários nem de longe nos permite pagar
uma segurança pessoal e nem de nossas famílias. Talvez uma forma de melhorar é criar um
disque denúncia anônima em cada escola, afastando o denunciante de uma provável retaliação ou
vulnerabilidade, onde fossem apuradas todas as irregularidades de uma forma responsável e
sigilosa.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará


(SINTEPP) é categórico em dizer que o governo faz ouvido de mercador, para o problema. Há
casos nítidos de ameaça aos funcionários, professores e direção da escola, quando descobrem
que foram denunciados por crimes praticados ou quando vão ser reprovados. Até novos termos e
novas gírias já encontramos nos vocabulários destes alunos, como por exemplo, “SALGAR” é
uma gíria usada na criminalidade que significa matar.

O programa “Paz para Ti” implementado pelo governo do Estado é um programa que dá
orientações gerais sobre o problema de violência nas escolas e adota procedimentos preventivos
de segurança nas escolas Públicas do Estado do Pará. É uma cartilha que devemos seguir para

14
Cartilha Paz Pra Ti: Um manual elaborado pela Polícia Militar do Estado do Pará, coma finalidade de diminuir a
violência nas escolas.
90
minimizar a criminalidade dentro da escola. Várias normas são importantes, e muitas escolas
ainda não seguem o programa. Pontos prioritários:
Acesso à Escola: É necessário controlar a saída e a entrada de alunos, funcionários ou
qualquer outra pessoa no interior da escola. Como fazer isso?

Primeiramente, a direção deve se preocupar em fazer uma carteirinha de acesso à escola,


com foto e sem custo para o aluno. Muitos gestores reclamam que não tem recursos financeiros
para fazer isso o que é o básico que a instituição deve providenciar. Toda escola tem um
“Conselho” que recebe verba governamental para a sua gestão anual. O que geralmente ocorre é
que a direção ou os membros do conselho não tomam esta ação como prioridade. Além da
carteirinha é necessário um bicicletário para colocar as bicicletas dos alunos, alertando que cada
estudante deve ter o seu cadeado e ter a responsabilidade de estar sempre alerta e advertir ao
aluno que não é responsabilidade da escola repor um bem pessoal ao aluno e sim fornecer
condições apropriadas para a sua segurança.

Registro das Ocorrências: Toda ocorrência deve ser registrada através de um BO


(Boletim de Ocorrência) na Delegacia, para que as autoridades policiais adotem as providências
visando à responsabilização dos culpados. Segundo a Polícia Militar do Estado do Pará, a
responsabilização criminal através do BO é o instrumento da sociedade contra a criminalidade,
pois estará contribuindo para orientar a sociedade na busca de direitos, pois serve de referência à
polícia da segurança pública no Estado. Com certeza, sob a ótica policial, o registro das
ocorrências é muito bom e recomendado, porém muitos funcionários e professores preferem ficar
em silêncio e se preocupar em apenas em fazer o seu trabalho, pois sofrem inúmeras retaliações,
vindas dos criminosos. Várias atitudes, como: depredação da escola, carros dos professores e
funcionários riscados, ou pneu murcho, ameaças constantes à direção, assaltos a professores e
seus familiares.

Acesso à Escola: Portões com cadeado; secretaria e direção com interfone; servidores
identificados com no mínimo um crachá; fazer o registro em livro com a identidade das pessoas
que adentram a escola.

Agendamento: Marcar dia e horário para a pessoa interessada veio pegar o documento na
escola.

91
Estes são os principais pontos da cartilha “Paz para Ti”, promovida pela CIPOE
(Companhia Independente de Policiamento Escolar do Estado do Pará). Outros pontos e
atribuições como o problema de porte de arma, entorpecentes, furto de celular, etc. estão nesta
cartilha, presentes no anexo II deste trabalho. É salutar que esta cartilha seja distribuída e se
possível trabalhada com os alunos em sala, de forma a não estranharem, quando se depararem
com policiais dentro da escola.

A cartilha apresentada pela polícia militar é uma tentativa de regulamentar e regimentar


todos os procedimentos a serem tomados no interior da escola, frente às inúmeras ocorrências de
criminalidade ocorridas dentro da cidade de Belém. O problema reside no fato que cada escola
quer fazer uma cartilha diferenciada e específica em alguns pontos particulares de sua rotina.
Não é tomado como modelo a ser seguido e nem imposto e normatizado pela SEDUC/PA. Seria
um avanço no combate a indisciplina e a criminalidade se todas as escolas utilizassem a cartilha
como norma geral para todos os usuários das escolas.

Um dos pontos falhos apontados pela SINTEPP (Sindicato dos Professores da Escola
Pública do Estado do Pará) no uso da cartilha é a falta de funcionários especializados, como
inspetores. Há escolas que tem apenas um inspetor por turno ou nenhum. A escola Eunice
Weaver do bairro da Pratinha, o segurança da portaria, funcionário terceirizado, é que atua como
inspetor, após a entrada dos alunos no período da tarde, atuando como voluntário nesta atividade.
Nos turnos da manhã e noite não possuem inspetor de forma alguma. Apenas a coordenadora
pedagógica e a direção é que passam às vezes, pelos corredores em busca de irregularidades.

Falta investimento em educação. Esses cargos de inspetor de escola, segundo o SINTEPP


(Sindicato dos Professores de Escola Pública do Estado do Pará) há anos não abrem concursos e
nem contratam para nenhuma escola do Estado do Pará contribuindo diretamente para o aumento
do índice de criminalidade e violência dentro das escolas. Não tem leis internas e nem
regimentos internos é a direção que tem que executar todas as tarefas em todos os horários.

A seguir, na figura 07o gráfico sobre a ocorrência de homicídios no Estado do Pará:

92
Figura 07: Homicídios no Estado do Pará de 2010 a 2015. Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança
Pública, ano 2007, 2013 e ano 20 08, 2015.

De acordo com a figura 07, os homicídios ocorridos de 2012 até 2015 estão diminuindo,
o que contraria a tendência nacional já revelada no gráfico da figura 06. Um dos motivos é a
diminuição do índice de natalidade apresentado no Estado do Pará nos últimos três anos,
conforme o Anuário Estatístico do Brasil (2013).

Segundo o Anuário Estatístico de Belém 2013, o reequipamento da Polícia Militar do


Estado, ocorrido em 2012, com o aumento do número de viaturas e a renovação da frota, como
também a aquisição de novos materiais bélicos, como pistolas e fuzis de alta potência, fizeram
recuar o número de homicídios no Estado do Pará. Os policiais do Estado conseguiram combater
a criminalidade mais eficazmente do que antes. Em 2012 o Estado do Pará gastou em
policiamento o valor de R$ 100.928.505,78, em 2013 o valor de R$ 138.820.239,08 ou seja
37,54 % a mais de um ano comparando em relação ao anterior. No quesito informação e
inteligência foi gasto em 2012 e 2013 os seguintes valores: R$ 7.661.478,89 e R$ 17.435.359,08,
respectivamente, representando um aumento de 127,57% de um ano para o outro, concebendo
números significativos no combate ao crime no Estado do Pará, com resultados imediatos,
representados pelo gráfico da figura 08.

São inúmeras tentativas da polícia e da escola em tentar combater o crime em todas as


suas formas e ramificações. Todo cuidado é pouco. As redes de criminosos estão sempre à
93
procura de novas formas e maneiras de se infiltrarem principalmente em grande quantidade de
jovens e adolescentes onde a droga é mais facilmente consumida e distribuída. Hoje Belém e
algumas cidades adjacentes como Ananindeua, são extremamente violentas, com vários bairros
que hoje estão colocados com a linha vermelha do crime organizado, se assemelhando a outras
cidades brasileiras e do mundo.

Abaixo segue a figura 08 com o gráfico estatístico da posição do Pará em relação aos
outros estados comparando o consumo de drogas e figura 09, gráfico indicativo do consumo de
entorpecentes. No eixo vertical encontramos o percentual da população usuária de drogas.
Observamos ser menor que 1% do total da população de cada Estado. Porém a média fica em
torno de 0,16% da população brasileira. Se tomarmos o total de aproximadamente 220 milhões
de brasileiros, 352.000 sujeitos usuários de drogas o que equivale a um quarto da população da
cidade de Belém. Isso vem aumentando continuamente, já que este estudo se baseou no Censo
2010, o que certamente já vem apresentando modificações importantes.

94
Figura 08. Gráfico indicativo do percentual da população residente em cada estado e os usuários de entorpecentes. Fonte: Ministério da Justiça, Secretaria
Nacional de segurança Pública, SENASP e IBGE.

95
Figura 09. Gráfico indicativo do consumo de entorpecentes nos estados entre 2008 e 2012
Fonte: Ministério da Justiça, Secretaria Nacional de segurança Pública, SENASP e IBGE.

96
Notamos que em relação ao gráfico da figura 08, o Pará em relação a sua população total
não tem grande representatividade percentual com apenas em torno de 0,07 % de sua população
envolvida com o consumo e de tráfico drogas, diferente de outros estados em que a porcentagem
sobe significativamente.

O percentual máximo relativo a cada estado da população envolvida parece ser pouco,
mas é no máximo 0,30%. Mas é de toda a população do estado esse percentual é os envolvidos
com entorpecentes, o que é bastante significativo, pois em uma população entram várias idades,
vários perfis e vários tipos de conduta e classes sociais.

Algumas informações importantes, o Estado do Rio de Janeiro que em décadas anteriores


o consumo de drogas era representativo neste censo está entre os menores consumos se
aproximando da região norte e norte e nordeste.

Os Estados onde o consumo de drogas é significativo são Distrito Federal, Minas Gerais,
Rio grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, todos com o consumo representando quase o
dobro da média nacional.

Os Estados que apresentam o menor consumo de drogas são Rio Grande do Norte e
Sergipe ambos da Região Nordeste.

No gráfico da figura 9, observamos outra forma de representação dos usuários de


entorpecentes, onde observamos que o Pará ocupa a 12ª posição dos estados relacionados, em
2012. Esta forma de apresentação parece ser mais apropriada, uma vez que analisamos a posição
exata de cada estado em relação ao total relacionado.

Em alguns estados o número de pessoas envolvidas com entorpecentes é pouco


significativo em relação aos demais estados. Podemos citar: Alagoas, Amapá, Maranhão,
Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Sergipe e Tocantins. Um dos fatores segundo o
IBGE é que a estatística de consumo de drogas está sempre ligada ao de latrocínio, roubos e
outros crimes que tem uma relação indireta com o consumo e tráfico de drogas, mas que o total
da conta é sempre atribuído a outras estatísticas.

97
Dos 25 estados relacionados na figura 9, observamos que o envolvimento com
entorpecentes evoluiu em relação aos demais anos, sendo o total de nove estados com um
aumento em torno de 15% em relação ao ano anterior e apenas 6 estados que houve uma redução
em torno de 20% em relação ao ano anterior.

A seguir é apresentado o gráfico relativo à figura 10:

Figura 10. Gráfico indicando o consumo de drogas no Estado do Pará de 2008 até 2015.
Fonte: Ministério da Justiça, Secretaria Nacional de segurança Pública, SENASP e IBGE.

O indicativo do consumo de drogas do estado do Pará nos últimos sete anos apontado na
figura 10, notamos a nítida evolução e aumento dessa estatística no ano de 2012, e em nenhum
ano houve o decréscimo e sim o aumento de ano após ano, até o de 2012 em que quase que
dobrou o envolvimento com entorpecentes. Em relação a 2011 até o ano citado anteriormente
houve um aumento de 400% em relação ao consumo de drogas.

Apresenta-se acima do gráfico de grau curva polinomial, a fim de prever o futuro


progresso do uso de drogas no estado do Pará. É considerado o ano de 2010 como os dados de 1
de 2011 é a matriz 2 e assim por diante. De concordou com um em polinomial 2016, TEMOS
para estimar de 8161 casos.

98
Provavelmente o fator da acessibilidade crescente com vários pontos de distribuição tem
gerado o aumento significativo do uso de entorpecentes. Além do que são vários tipos de drogas
e entorpecentes usados. O oxi e a maconha são no momento as drogas mais consumidas, talvez
pelo preço acessível e o efeito de poder viciar o sujeito muito rapidamente como no caso do oxi.

O efeito das redes sociais e das novas tecnologias como celulares modernos e acessíveis
tem melhorado as vendas dos produtos em todos os sentidos, principalmente dos artigos
proibidos em que através de mensagens se encontra o local que o vendedor está ofertando o seu
produto. Não é necessário mais ter uma loja ou um ponto fixo. Basta um telefone com acesso a
redes sociais e internet e pronto e a venda se conclui em pouco tempo.

O estudo de Lima (2013), conclui e ratifica a evolução das vendas em todos os setores
após a descoberta dos celulares com novas tecnologias.

O comércio de drogas, por ser uma atividade ilícita, com este novo recurso colocada em
grande escala no mercado partir de 2011, percebe-se nitidamente a influência e o aumento
vertiginoso das vendas.

A cidade de Belém possui características singulares ao se fazer a comparação com outras


capitais brasileiras. Abaixo segue o gráfico da figura 11, referentes à criminalidade do município
de Belém:

99
Figura 11: Gráfico da criminalidade no Município de Belém. Fonte: Anuário Estatístico de Belém
Segurança Pública 2014.

Pelo gráfico apresentado na figura 11, o bairro da Pedreira em Belém apresenta o maior
índice de criminalidade dentre os bairros da cidade de Belém.

A miséria, a falta de recursos financeiros e os problemas advindos da falta de um trabalho


regulamentado têm contribuído para a disseminação da violência no bairro da Pedreira.

O bairro tem características econômicas marcantes. Possui um comércio grande e em


constante evolução, uma feira de alimentos que recentemente foi reformada e está em local novo
e próprio, não mais prejudicando os comerciantes antigos que pagavam seus tributos e aluguéis
mensais com custo alto, enquanto que o feirante colocava sua banca defronte do seu comércio
sem pagamento de nenhum tipo de taxa e imposto, podendo com certeza vender mais barato que
o comerciante, prejudicando as vendas como um todo. A partir de meados de 2013 a prefeitura
de Belém regulamentou a feira em um lugar só para eles, e dessa forma coibiu os abusos que
havia no local. Houve uma melhora considerável no comércio em geral, sendo respeitados os
espaços de todos os comerciantes. Embora ainda existam algumas barracas que persistem em
ficar defronte de algumas lojas, mas diminuiu em 70% o problema que havia.

100
A falta de empregos formais, as exigências de mercado, como experiência em funções
consideradas simples, como caixa de supermercado, açougueiro, padeiro, estoquista,
cabeleireiro, manicure, e outras funções na qual o mercado de trabalho exclui os considerados
sem experiência ou sem referência prévia para a função. Com o aumento populacional os jovens
excluídos da escola, por qualquer motivo, sem qualquer tipo de conhecimento voltam-se ao
caminho mais fácil e acessível a eles, com o envolvimento com entorpecentes, e após isso furtos,
roubos e tráfico de drogas.
Abaixo, segue o gráfico da população de Belém por bairros:

Figura 12: Gráfico da população da cidade de Belém por bairros. Fonte: Anuário Estatístico de Belém
Segurança Pública 2014.

O bairro da pedreira na cidade de Belém é o que possui a maior população de acordo com
o gráfico da figura 12. O avanço populacional também contribui para aumento da criminalidade,
levando-se em conta o perfil do bairro e as inúmeras regiões de risco que possui. Pelo gráfico o
bairro citado apresenta quase o dobro do contingente populacional dos bairros do Jurunas,
Coqueiro, Marambaia e Campina. Os bairros que possuem contingente similar são o do Guamá
e da Cidade Nova.

O bairro da Pedreira não apresenta um número de escolas públicas necessárias e


suficientes para suprir a demanda do ensino. A maior escola é o Colégio Justo Chermont, hoje

101
com o seu contingente de alunos quase no limite. A escola Rodrigues Pinagé, que após a reforma
em 2014, quase duplicou o número de vagas e conseguiu atingir todas as suas ofertas de vagas.

Na escola, Maroja Neto, como em tantas outras, há inúmeros problemas que são
enfrentados diariamente. O problema da motivação é talvez o que mais parece incomodar.
Dentre as inúmeras falhas: o aluno que chega desmotivado, por várias situações; brigas
constantes no convívio familiar; escola totalmente deteriorada (paredes pixadas, chão inacabado,
quadro danificado, luz insuficiente, ventiladores quebrados). Além de todos esses problemas
também temos a situação da desmotivação de vários profissionais da escola, que são
influenciados, de certa forma pela escola deteriorada em que vivem. No Estado do Pará, as
figuras 13 e 14 respectivamente, exibindo o estado de conservação das salas de aula da Escola
Estadual Maroja Neto.

Figura 13. Sala de aula da EEEMN bairro da pedreira, Belém, Pará, Brasil.

102
Figura 14: Foto das janelas das salas de aula da EEEMN

As figuras 13 e 14 das salas da escola Maroja Neto da Pedreira, representam um perfil


totalmente desmotivante. É difícil para um aluno que enfrenta uma rotina dramática em sua vida
pessoal, com trabalho desgastante o dia todo e no período da noite se senta em uma sala de aula
como a foto da figura 14. Em dias chuvosos os alunos que frequentam a sala são dispensados,
pois a chuva invade a sala de uma forma incontrolável, causando um prejuízo até no aprendizado
destes jovens com perda e atraso de conteúdo programático.

Abaixo segue o gráfico da figura 15, dos principais tipos de crimes ocorridos em Belém:

Figura 15: Gráfico relacionando o tipo de crime com a quantidade e os anos praticados por menores.
Fonte: Anuário Estatístico de Belém Segurança Pública 2015.
103
De acordo com o gráfico na figura 15, a prática de roubos (mão armada) é a atividade
mais comum entre os menores infratores, apresentando uma pequena queda de 2011 para 2015,
seguindo a mesma tendência de retração a prática de furtos. Esse gráfico indica uma visão geral
dos jovens menores de 18 anos, sendo que a maioria 74% apresenta o comprovante de matrícula
escolar segundo o Anuário Estatístico de Belém.

Estamos cientes de que em 2015 o número de furtos, roubos e ameaças em Belém teve
um aumento em 2015 em relação ao ano anterior, mas não o total de furto, roubo e ameaças
exagere em 2010 e 2011 respectivamente. Somente o fator atribuído a lesão corporal produziu
um aumento significativo em relação aos anos anteriores. Em entrevistas realizadas com os
professores da Escola San Alfonso, Eunice Weaver e Maroja Neto, durante a semana pedagógica
ocorreu em março de 2015, descrevendo os estudantes que participam em gangues ou grupos
criminosos ligados dizer muitas vezes e está disparando abaixo notificar o assalto. Esses alunos
não têm medo de falar o que eles fazem. Eles falam sobre isso em sala de aula, sem qualquer
medo. De acordo com esses relatórios, disparando um indivíduo, outros acabam jogando todos
os pertences e implorar pela vida.

Esta atitude é uma reminiscência da era da Revolução Francesa em que os acusados


admitiram e gritou para a vida, mas o carrasco não hesitou em colocar antes da guilhotina e
rapidamente posta de lado a lâmina afiada sob o pescoço do assunto, tornando o exemplo
acusado para que todos possam obedecer sem qualquer dúvida ou sussurro descontentamento. E
os criminosos estão agindo hoje. Primeira parte aérea e ferir alguém. Depois de advertir o
assalto.

Um dos principais fatores da violência, provavelmente é a pobreza. A revolta de


adolescentes e jovens por estar nesta condição e nada poderem fazer, e por uma busca de solução
rápida e imediata resolvem partir para as drogas e praticar crimes. Inicialmente o meio mais
próximo e presente nos bairros mais pobres e ser recursos é o consumo e tráfico de drogas.
Muitas vezes esse jovem observa a ascensão de colegas próximos ao nível considerado por ele e
de mesma idade, mesmas condições financeiras, e mesma condição familiar, observa que o
colega evoluiu, com tênis novo, bicicleta nova, roupas novas, celular novo, isso o instiga e o
seduz a entrar no meio, fazer parceria com o colega, ser sócio, ganhar as mesmas coisas e assim
acaba entrando no mundo das drogas e do crime.

104
Segue abaixo uma foto de um aluno da escola Maroja Neto, figura 16, quando trabalhava
com o pai no lixão do Aurá em Ananindeua. A noite voltava para o bairro da Pedreira onde
morava com sua mãe. Nesta escola só foi descoberta a condição de vida deste estudante após 2
anos de matriculado. Veja também o descaso dos funcionários desta escola, que pouco se
importam em saber a condição de vida, onde trabalham como vivem. Só se interessa em lançar a
matrícula no sistema da SEDUC (Secretaria de Estado e Educação) e mesmo no formulário
fornecido pela Secretaria de Educação, indicando as condições, nenhum técnico se interessa em
interpretar e analisar estes dados. Foi preciso um professor perguntar, casualmente onde ele
trabalhava, para que a escola tomasse conhecimento da condição de pobreza, miséria e escárnio
de nossa sociedade.

FIGURA 16: Abutres e crianças disputam as sobras que encontram num aterro sanitário do bairro do
Aurá há 10 Km do centro de Belém PA. O menino camisa azul e calça verde é o aluno da escola do
Bairro da Pedreira e outras crianças reviram o lixo a fim de encontrar qualquer coisa que possa ser
comido ou vendido.

Priotto (2009) analisa a violência escolar relacionada a questões geográficas, como


exemplo existente em escolas próximas a favelas com predomínio do tráfico de drogas e crime
organizado. Também mostram a diversidade de temas procurando entender o aluno adolescente,

105
como vítima e ou agressor da violência escolar, inserido numa sociedade como excluído. Seu
enfoque é sobre o tipo de violência sofrida no âmbito escolar.
A questão geográfica é um dos fatores que podem na atual conjuntura contribuir para o
aumento da violência. Em alguns bairros violentos, podemos citar o bairro da Pedreira,
especificamente na escola Santo Afonso, há determinados sujeitos já estão acostumados,
aculturados e socializados em um habitat truculento é provável que esse sujeito seja “infectado”
pelo meio em que vive na medida em que lá tenha tendências à prática de crimes.

Na hipótese deste sujeito não entrar neste meio, não aceitar as condições imposta pelo
meio social, não se integrar aos sujeitos integrantes do grupo, provavelmente vai sofrer as
consequências, como assaltos em sua casa, estes colegas lhe chamarem de “Dedo duro”, “X – 9”,
“Cacoeta”, “Yuri” e outros codinomes a aquelas pessoas que não se integram nessa sociedade. A
lei do crime provavelmente é sempre uma, quem trai, deve morrer, o que nos leva a difícil tarefa
de interpretar, que este sujeito que não quis se relacionar ou integrar-se a esse sistema,
provavelmente este destinado a morrer.

Em seguida, a Figura 17 mostra uma comparação com a Figura 6. Estes são os


professores perguntas da rede pública brasileira. Figura 06 localizado na página 87 refere-se à
situação de violência escolar no Brasil como um todo, com 100% das escolas pesquisadas em
cada estado onde o censo escolar foi aplicado.

Figura 17 refere-se à situação particular do Pará, com as mesmas perguntas, com a


diferença quantitativa respondida apenas pelos professores estaduais mencionados.

Percebemos que a tendência nacional é repetida no estado do Pará. Agressão entre os


estudantes é o índice mais representativo, e também iguais aos ataques sofridos pelos
professores. Dos 8000 questionários respondidos por professores havia uma taxa de quase 95%
de agressão entre os estudantes, 50% dos ataques a professores e funcionários da escola. Os
outros índices não apresentaram taxas tão elevadas, apesar que a de predação foi observada em
quase 15% de todas as escolas.

106
Figura 17: Perguntas para professores de escolas públicas no Estado do Pará, Brasil de 2015, sobre a
violência escolar. Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública em 2015.

107
6.5 Violências e o desempenho dos Alunos

De acordo com a UNESCO (2009), cada vez mais os professores trabalham em uma
situação em que a distância entre a definição ideal de profissão e a realidade do trabalho tende a
aumentar em razão da complexidade e multiplicidade de tarefas que são chamadas a cumprir. As
novas condições de trabalho docente exigem dos professores mais do que competência no ato de
ensinar, exigem qualidades e atitudes pessoais como interesse, paixão, paciência, vontade,
convicções, criatividade e outras não passíveis de serem padronizadas, tampouco desenvolvidas
em cursos e capacitação formais. Pouco importa os saberes, se a escola com um todo desenvolve
valores humanos, se caminha para o entendimento da qualidade, no conceito social, se
desenvolve o projeto com aqueles que têm limitações. O que conta são os números e não a forma
ou o processo de como os números foram gerados. O Banco Mundial e parte da equipe técnica
brasileira imprimem uma visão mercadológica, econômica na estrutura dos sistemas de
educação.

Lopes (2004) questiona que no atual currículo brasileiro são estabelecidos princípios de
distribuição desigual, como também revela a tendência de tratar a educação não como uma
formação cultural, mas como atividade econômica a ser submetida aos interesses de mercado,
para o qual esse processo de avaliação é desejável deixando de lado os economicamente
instáveis.

O desempenho escolar pode estar ligado à autonomia dos professores. Para aquelas
turmas ou os assuntos que estão sendo ministrados ou o período do ano que enfrentam, pode
exigir uma atitude diferenciada do professor, de forma a atender distintamente aos alunos. Nessa
forma esbarramos em normas preconizadas, de caráter geral e muitas vezes impostas pelo poder
dos órgãos instituídos, sem respeitar as devidas diferenças existentes.

Segundo Freire (2003), não será essa escola, de quatro até três horas diárias, parada mais
de três meses ao ano, escola perdida, toda ela ou quase toda, no nervosismo imposto pelo
cumprimento dos programas. Escola que diminuída no seu tempo está ligada à falsa concepção
que temos a sua instrumentalidade. Como, porém, aprender a discutir e a debater numa escola
que não nos habitua a discutir, porque impõe? Ditamos ideias, não trocamos ideias, discursamos
aulas, não discutimos temas, trabalhamos sobre o educando, não trabalhamos com ele. Não lhe

108
ensinamos a pensar, porque recebendo as fórmulas que lhe damos simplesmente as guarda. Não
as incorpora, porque a incorporação é o resultado da busca de algo, que exige de quem o tenta,
esforço de realização e de procura. Exige reinvenção, detalhe que se ganha diariamente, ponto a
ponto, dia após dia, e assim dessa forma, podermos no final, termos a certeza de contribuir para
uma aprendizagem melhor.

Uma questão importante é o desempenho dos alunos frente aos casos de violência. Há
líderes positivos e negativos dentro de uma classe. Nas escolas públicas estaduais do bairro da
pedreira, observamos que os líderes positivos são sufocados pelos negativos. Este último por sua
vez apenas incita e amedronta os demais, geralmente fora de sua faixa etária, portanto mais alto
mais desenvolvido para a idade, propaga o medo na classe. Geralmente não traz material, ou se
trazem caderno não tem lápis ou caneta e vice e versa. Este sujeito apenas subtrai do colega ao
lado, sem autorização, e se este reclamar o ameaça. Se o docente está de costa, este avança e bate
no colega, o que os sussurros e gritos o fazem parar, pois chamam a atenção do professor.

A relação de poder imposta pelos líderes negativos é por demais atuantes no baixo
desempenho dos discentes. Este sujeito chama para si a atenção dos colegas, praticando a
violência, o que causa transtorno nos demais presentes, sendo esta atitude culpada pela inaptidão
de quase toda a classe na preocupação e curiosidade dos trejeitos do líder negativo. O professor
muitas vezes sabe que ocorreu, e naturalmente pondera se mais uma suspensão a este líder
negativo iria representar algum acontecimento importante pare ele ou para a classe.

Na perspectiva de Stenhouse (1988) cada classe, cada aluno, cada situação de ensino
reflete características únicas e singulares. Não é possível saber o que é ou será uma situação de
ensino até que não se realize. Por isso é impossível dispor de um conhecimento que nos
proporcione os métodos que devam ser seguidos no ensino, quando o importante na educação é
atender as circunstâncias que cada caso apresenta e não pretender a uniformização dos processos
educativos. Isso torna na verdade um professor mais parecido com um jardineiro que presta uma
atenção singular a cada planta de seu jardim, e não como um agricultor, que aplica um
tratamento homogêneo a todo um terreno.

Kinsler (2006) incluiu na discussão os efeitos da suspensão sobre a disciplina e o


desempenho. Para a consecução desse trabalho, utilizou dados da Education Research Data

109
Center (NCERDC) que coleta informações inerentes à educação no estado de Carolina do
Norte/EUA. Inicialmente, foram estimados modelos de equilíbrio dinâmico para o
comportamento, proficiência e suspensão dos alunos do ensino fundamental. Feito este trabalho,
foi encontrada uma associação de fatores negativos escolhidos entre os problemas de indisciplina
ocorridos no interior da sala de aula e desempenho individual deste aluno. Observou que a
suspensão diminui a desobediência e não prejudicou a desempenho dos estudantes.

De acordo com Severnini (2007) que utilizou os indicadores de violência escolar


levantados pelo SAEB 2003 (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e verificou que os
alunos que frequentaram escolas mais violentas tiveram, em média, pior desempenho em
português e matemática. Constatou ainda uma associação indireta entre violência e proficiência
escolar por meio da rotatividade dos professores.

Segundo Charlot (2001) existem certos comportamentos que pensamos que as crianças
são loucas, esquisitas, selvagens, porém descobrimos que tem uma lógica completamente
diferente do professor. É necessário vermos o mundo com o olhar do outro. Na verdade, nós não
passamos sequer 10 minutos com cada aluno em particular para saber suas dificuldades e
diferenças.

Para Aquino

O aluno-problema é tomado em geral como àquele que padece de certos distúrbios


psicopedagógicos que podem ser de natureza cognitiva ou de natureza
comportamental. Dessa forma a indisciplina torna-se duas faces da mesma moeda,
representando os dois grandes obstáculos para o trabalho docente. Ao se eleger o
aluno problema como um empecilho ou obstáculo corre-se o risco de cometer um
sério equivoco ético o qual não se pode atribuir à clientela escolar a responsabilidade
pelas dificuldades e contratempos do nosso trabalho. São chamados de “Acidentes
de Percurso” (Aquino, 2003, p. 48).

A contribuição dos autores acima é no sentido de observarmos que o desempenho dos


alunos é muito complexo, principalmente quando relacionadas com o fator violência. As atitudes
dos alunos quando em situação de ensino são completamente imprevisíveis, até porque a
heterogeneidade pode contribuir para este comportamento.

110
Alguns relacionam que os efeitos da penalidade, suspensão de aulas funciona e causa o
impacto de fazer o aluno refletir sob suas atitudes e voltar, quem sabe mais maduro de seu
comportamento.
Outros relatam que as influências podem implicar negativamente na sua conduta, como
também a rotatividade de professores. O fato de o professor ministrar aulas em uma turma
indisciplinada o coloca em uma situação de total desconforto e insatisfação. Prefere perder quase
a metade do seu salário a ter que continuar nesta turma, tamanha a descontentamento de tolerar
esses alunos desregrados e mal-educados.

Uma crítica é feita aos professores que não se esforçam em conhecer os seus alunos e
seus problemas particulares. Obviamente o professor não é nem um psicólogo e nem um
psiquiatra, mas quem sabe o esforço de tentar conhecer melhor o seu aluno pode até lhe ajudar a
melhorar o seu desempenho perante a turma e talvez até sinta uma melhora na vontade de ir dar
aulas e afaste o repúdio de adentrar nesta determinada turma.

O professor deve se habituar ao aluno indisciplinado e saber trabalhar com ele da melhor
forma possível. Se em uma turma de 30 alunos temos uma média de cinco ou oito
indisciplinados, o que aconteceria se em toda aula os colocasse para fora de sala seria uma
derrota para o professor. É muito difícil acharmos turmas que não tenhamos alunos desregrados.
Não podemos simplesmente expurga-los. Temos que tratá-los e convencê-los a mudar de atitude.
Observamos que existem inúmeros tipos de violência, a do aluno para com o professor e também
a recíproca.

O desempenho do aluno pode ser imediatamente afetado com qualquer tipo de violência.
Seja a de sua parte, a sua revolta, a sua raiva em ter que ficar ali presente ouvindo aquele assunto
que não tem o menor interesse ou que o professor não lhe desperta qualquer tipo de curiosidade
de entender o assunto, como também a violência que o professor pratica, por inúmeras razões,
como estar cansado da mesmice, do mal caratismo de seus alunos, e muitas vezes praticam da
grosseria e truculência sem uma razão específica com que trata seus discentes. Ás vezes tem
raiva em ter que dar aulas naquele dia. Não está a fim de estar em público, mas é obrigado a ir.
Isto o torna insatisfeito com a profissão que escolheu.

111
6.6 Violência, Tráfico e Consumo de Drogas

Vários jovens que andam armados ganham o respeito perante os outros, supostamente
pela representatividade de poder expressa pela arma. Alguém lhe confiou o uso daquele
instrumento, não foi o governo, e sim a rede de criminosos de sua localidade. Muitas vezes
significa que ele ganhou a confiança do chefe desse grupo e passa a ser um membro respeitado.
Ninguém faz nada para expurgá-lo, pois retaliações de sua parte ou do grupo de delinquentes a
que pertence poderá a vir acontecer.

As redes de criminosos se revelam a partir da corrupção, do tráfico de drogas, da


prostituição, do contrabando, do tráfico de armas. Muitos jovens de bairros violentos, devido à
educação precária e a obrigação de satisfazer as necessidades essenciais de sobrevivência são
procuradas pelo tráfico que os corrompem, oferecendo drogas, armas e dinheiro. Diversos jovens
ainda entram nessa rede perversa sem necessidade, só para satisfazer o “hoje”, sem pensar nas
consequências advindas desse ato. A pouca idade favorece e interessa ao tráfico pela certeza da
impunidade certificada pelas leis brasileiras. Em determinados horários incertos é comum jovens
armados andando pelas ruas como acontece em outras cidades brasileiras e do mundo. É uma
forma de intimidação da sociedade presente no local e até de outras facções presentes nesta
localidade.

A seguir é apresentado o gráfico da figura 18, referente ao uso de drogas e entorpecentes no


Brasil:

112
Figura 18: Gráfico indicativo do uso e tráfico de drogas e entorpecentes ocorridos no Brasil de 2010 a
2015. Fonte Anuário Brasileiro de Segurança Pública, ano 07, 2013 e ano 08, 2015.

A evolução do consumo é altíssima. Quase dobra de ano para ano. Em 2015 temos quase
o dobro de consumidores relativos ao ano de 2010. Inúmeros fatores agregados a este
desempenho, amostrado na figura 18, podem ter ocorridos. Um dos efeitos é da popularização
das gangues e grupos pelas redes sociais, propagando seus ideais pelas redes e achando mais
adeptos. O desemprego crescente, a falta de oportunidades, dentre outros problemas sociais
estimulam o jovem a procurar este caminho, começando como traficante e usuário logo em
seguida.

Outros fatores como a facilidade de comunicação e oferta do produto podem ter causado
o aumento contínuo. Celulares que funcionam como computadores na palma da mão contribuem,
agilizando o serviço, através de mensagens rápidas informando o deslocamento do pequeno
traficante ao vender as drogas aos usuários. Essas mensagens informando os lugares, que
constantemente mudam, são devidas as mudanças de itinerário causado pelas constantes buscas e
caçadas de policiais a esses meliantes.

As drogas estão viciando cada vez mais pessoas em um tempo mais rápido. Há duas
décadas era oferecido como droga amplamente consumida a maconha. Na atualidade criou-se o
crack, uma mistura de várias drogas como a pasta de cocaína com solventes que geram uma

113
pequena pedra que o consumidor fuma como um cachimbo, produzindo um efeito devastador no
organismo e viciando este sujeito em um tempo muito menor. Outra droga derivada do crack é o
Oi, com efeitos mais devastadores que a primeira, mas fazendo o sujeito se viciar em um tempo
mais rápido.

Segundo Gootnberg (2001) o crack é obtido por meio de uma mistura de pasta de coca ou
cloridrato de cocaína com bicarbonato de sódio (NaHCO3). A pasta de coca é um produto
grosseiro, com muitas impurezas, que é obtido das primeiras fases de extração da cocaína das
folhas da planta Erythroxylon coca, figura 19, quando tratadas com bases fortes, com ácido
sulfúrico e solventes orgânicos. O cloridrato de cocaína é a forma mais estável dessa substância,
que pode ser deslocada por meio de bases fracas, como o bicarbonato de sódio. O crack é
comercializado na forma de pequenas pedras porosas, figura 20. Ele não é solúvel em água, mas
os usuários fumam o crack aquecendo essas pedras em “cachimbos” improvisados, já que essa
substância passa do estado sólido para o vapor em uma temperatura relativamente baixa, a 95ºC.

Figura 19: Componentes do Crack. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL SAÚDE, 2004).

Figura 20: Pedras do crack à esquerda usuário de crack fumando essa droga com um “cachimbo” (à
direita). (Fonte: http://www.brasilescola.com/quimica/quimica-crack.htm acesso em 27de abril de 2014).
114
O óxi é inicialmente feito a partir da pasta base das folhas da cocaína, que normalmente
são conseguidas nos países andinos (Bolívia, Peru, Colômbia e Equador). Esta pasta base é
misturada com combustíveis tóxicos e corrosivos, como querosene, ácido sulfúrico (água de
bateria de carros) e gasolina; também com cal virgem e até cimento. O crack também utiliza a
pasta base da folha da coca, no entanto, ela é queimada e triturada com bicarbonato de sódio e
amoníaco ou éter, que também são nocivos à saúde, mas que são mais caros e menos tóxicos,
letais e danosos ao organismo que os componentes do óxi citados anteriormente. Esta preparação
mais bruta e mais barata da cocaína é que a torna bem mais devastadora que o crack. (Oliveira,
L. G.; Nappo, S. A., 2008, p. 28).

No bairro da Pedreira em Belém, temos alguns locais considerados de extrema


insegurança ou também chamada de “linha vermelha paraense”. Destaca-se o perímetro da
travessa Humaitá, entre a Rua Antônio Everdosa e a Rua Nova. Neste local detectaram-se nos
últimos dozes meses, uma grande concentração de assaltantes e viciados nos diversos tipos de
drogas como maconha, crack, cocaína, cola, acetona e outros solventes. Há relatos de alunos, que
responderam o questionário do anexo III, que em algumas situações no horário compreendido
entre 20 ou 21 h, encontra vários elementos pulando, dançando, cheirando cola pela rua e
fumando maconha a céu aberto, próximos a vizinhança inocente com o que está acontecendo.

Estes mesmos alunos também relataram ser comum neste perímetro, por volta das 13 até
às 15 horas da tarde, vários criminosos entre 14 a 20 anos se reunirem, para saberem o que
roubaram fazerem divisões e planejarem a próxima investida. O comércio nesta localidade,
geralmente fecha as portas neste horário, a fim de não se depararem com estes jovens nas
proximidades.

Dowdney (2005) ressalta que a inclusão de crianças no mundo do crime se inicia aos 10
anos de idade. E as primeiras atividades e o envolvimento se dão progressivamente, ou seja, o
processo é lento, podendo levar meses ou anos para que uma criança seja considerada membro
respeitado da quadrilha.

Em Belém, nas regiões investigadas, o jovem criminoso se insere a partir dos 14 anos.
Recebem armas para promoverem assaltos ou também alugam armas para outros crimes
realizados no bairro.

115
Uma das principais condutas específicas desses jovens é que quando a polícia descobre o
local da “Boca de Fumo”15, este jovem envolvido admite todo o encargo de forma a livrar a rede
gigante de narcotráfico presente no bairro. É estratégia destes traficantes, deixar de 1 a 2
meninos menores de 18 anos responsáveis pela boca, pois pela pouca idade, caso sejam
capturados pela polícia, logo são colocados na rua de novo e se porventura denunciarem o grupo,
provavelmente serão mortos na cadeia ou a sua família será punida ou ele mesmo será
exterminado.

Na perspectiva de Dowdney (2005) a idade adulta não é baseada em um critério


cronológico, mas sim na capacidade de o sujeito realizar as funções que são consideradas
essenciais ao grupo.

As funções são das mais diversas possíveis, como: olheiro, espião, informante,
carregador, limpador e guardador de armas. As atividades dos soldados do grupo são geralmente:
guarda-costas do dono da boca, defender o território contra grupos rivais, patrulhar a região dos
arredores da boca, para ver se não há nenhuma facção tentando se infiltrar no esquema de venda
de drogas, além de participar do confronto armado com a polícia.

O termo “Território” é usado como espaço físico, local para a base de formação do grupo
e sua rede de funcionamento soberano de suas relações. Ele se concretiza pela atuação do poder
em seu domínio.

Nestas áreas de funcionamento do narcotráfico nos bairros em questão predomina a baixa


participação do Estado, com a falta de policiamento. Ela só aparece à procura de elementos que
praticaram crimes bárbaros e que a imprensa noticiou no rádio e na TV. Nesta situação, a polícia
é obrigada a atuar e comparece com grande efetivo. A própria rede de criminosos acaba por
entregar o delinquente justamente para diminuir a quantidade de policiais no bairro.

O local preferido pelas redes de criminosos é favorecido pela organização espacial


interna, marcada pela presença de becos, vielas, ruas estreitas, sem asfalto, casas de madeira e
pouca ou nenhuma iluminação, pois dificultam o acesso da polícia. Em geral estas áreas são

15
Boca de Fumo: Local onde alguns traficantes se reúnem para vender drogas.
116
frutos de ocupação irregular, onde várias famílias há algumas décadas atrás resolveram se
apossar de locais impróprios para a moradia, vindos a formar enormes favelas.
Na concepção de Fox, Towe, Stephens, Walker & Roffman, (2011) os adolescentes se
tornaram o grupo mais vulneráveis ao consumo de substâncias psicoativas, o que provavelmente
ocorre em virtude das características típicas da adolescência, onde podemos citar a influência do
grupo de pares, a necessidade de afirmação e a formação da identidade. Além disso, a
adolescência é a fase do desenvolvimento humano caracterizada pelos processos de mutação e de
estabilização das ações fisiológicos, psicológicos e sociais.

De acordo com Schenker & Minayo (2005), os fatores de risco e de proteção para o uso
de drogas estão relacionados com seis domínios:

i) Individual, relacionados com os fatores:


a) Social
b) Idade
c) Nível socioeconômico
d) Desempenho acadêmico

ii) Escolar, relacionados com os fatores:


a) Social
b) Desempenho acadêmico
c) Idade
d) Nível socioeconômico

iii) Familiar, relacionados com os fatores:


a) Nível socioeconômico
b) Consumo de substâncias químicas na família

iv) Mídia, relacionados com os fatores:


a) Social

b) Idade
c) Nível socioeconômico

117
v) Amigos, relacionado com os fatores
a) Social
b) Cultural
c) Nível socioeconômico
d) Cultural

Segundo estudos realizados por Wills, Mcnamara, Vaccaro & Hirsky (1997),indicam que
o stress é um fator de risco no consumo de substâncias psicoativas, ao passo que este provoca um
aumento da angústia emocional ou alteração das percepções do autocontrole dos sujeitos,
deixando-os mais suscetíveis ao consumo de substâncias tóxicas.

Segundo Marllat & Gordon (1993), estratégias de enfrentamento com base no


autocontrole, assertividade e repertório cognitivo comportamental deve ser aplicada a fim de se
manter um tratamento prolongado evitando a ocorrência de lapsos e recaídas, se tornando uma
constante em sua vida. A resistência às dificuldades, que é a capacidade de o indivíduo trabalhar
com problemas, ultrapassar obstáculos, suportar a pressão de situações tormentosas é o que pode
dar ao jovem proteção diante de situações de alto risco, ou maior suscetibilidade.

Para Matellanes (1999) o problema da baixa estima encontra-se entre os fatores de risco
que mais contribuem para o consumo de substâncias psicoativas, sendo que está se manifesta
através insegurança que o jovem percebe de si próprio, sugerindo o baixo controle as emoções,
levando o jovem a atingir respostas mais rápidas ao seu problema e conduzindo este
comportamento como modelo às frustações obtidas.

Segundo Dalgalarrondo (2008) várias situações como: sentimento de onipotência,


dificuldade de obter informações adequadas, ansiedade, ociosidade, precisão de infringir padrões
e normas, procura pelo novo, precisão de ser aceito pelo grupo, obrigação de contestar a família,
baixa autoestima, hábitos familiares negativos como fumo, álcool e uso continuado de remédios.

Estas são características que quando observadas são traduzidas como fatores que podem
contribuir ao consumo de drogas. Não é imperativo dizer que todas estas características

118
enumeradas são necessárias para o sujeito descobrir o uso de drogas. Há casos que apenas o fator
como a ociosidade, já levaram milhares de jovens e adolescentes ao consumo. Evidente que
quanto mais problemas se somarem, são condizentes com a prescrição de um ser potencialmente
predestinado ao uso de drogas. Contrariamente, podemos dizer que apenas um item, como por
exemplo, hábitos familiares negativos, fumo, álcool e uso de remédios, podem também levar ao
consumo de drogas.

Podemos citar como exemplo, as festas de família em que as bebidas são liberadas e
observamos que os pais, tios e até avós estão consumindo álcool, dando um exemplo negativo, o
que a criança acaba por entender que mais tarde poderá beber, tanto quanto seu pai, seus tios e
etc.

Na concepção de Campos e Soares (2004), a precaução ao uso de drogas, limita-se a


ações de modo repressivo, com conotação moralista e culpabilizadora, beneficiando intervenções
inadequadas por especialistas que simplificam o problema utilizando o discurso amedrontador,
falseando comprovações científicas, inibindo o desempenho da escola como fator de proteção
aos comportamentos aditivos.

Segundo Washton e Zweben (2009) fazem a demarcação dos estágios de


desenvolvimento com substâncias químicas:

119
ESTÁGIO CARACTERÍSTICA
Experimentação Marca o começo do contato com a droga
Uso da droga em quantidades modestas
Uso Social ou Ocasional
com frequência irregular
Consumo associado a um objeto
Uso Situacional
específico
Uso Regular Modelo de uso mais frequente
Períodos de uso de grandes quantidades
Uso Compulsivo
introduzidos por períodos de abstinência
Uso da droga com a apresentação de
Abuso
problemas significativos
Apresentação de indícios cognitivos,
comportamentais e fisiológicos que
Dependência
sugerem a continuação do uso de
substâncias.

Abaixo na figura 21 é mostrado os diversos perfis de uma dependente de drogas ao longo


de um período de três anos de intenso consumo de drogas:

120
Figura 21: Estágios da Fisionomia de uma pessoa dependente de drogas ao longo de três anos de
consumo. Fonte: http://www.brasilescola.com/quimica/quimica-crack.htm acesso em 27 de abril de 2014.

Nos estágios de fisionomia percebe-se claramente o nível de agravo de uma dependente


de drogas. Na figura 21-01 é divulgada a idade da pessoa pesquisada que afirmou estar com 43
anos.
Após três anos de intenso consumo a aparência fica próxima dos 70 anos, figura 21-06.

Percebemos que o jovem ao entrar na adolescência encontra os problemas naturais que


todo indivíduo encontra ao se encontrar nessa fase da vida, porém nestes sujeitos criados em
região caracterizadas como setores pertencentes à territorialização perversa, onde encontramos
os locais onde se desenvolve o comércio de drogas e substâncias psicoativas, este jovem acaba
por ceder às pressões sociais locais e acaba aderindo aos usuários de drogas ou traficando drogas
em pequena escala. Logicamente a contribuição deste comportamento a nível escolar
possivelmente é das mais nefastas e prováveis de acontecer, onde o jovem utiliza a escola como
uma forma de quartel e arregimentação de novos adeptos ao uso e consumo de drogas.

O tráfico de drogas desenvolvido nas regiões periféricas da grande Belém tem


apresentado a melhor forma de distribuição dos seus produtos onde as drogas decorrem
estratégias que apresenta uma crescente aproximação com a comunidade local, carente de todos
121
os tipos de serviços e benfeitorias o qual o Estado não a apoia. Um dos serviços a ser
implantado, quase que gratuitamente à vizinhança local é possivelmente o fornecimento de
energia elétrica gratuita.

O fornecimento de energia, como em todo o Estado do País é terceirizado a uma


concessionária de Energia. Aqui no Estado do Pará é a Rede Celpa. A pergunta é: Como esses
grupos de criminosos conseguem energia de graça? Na verdade, essas facções são expert, em
ligações clandestinas de luz e que contam até com a colaboração de próprios funcionários da
empresa fornecedora. Segundo o anuário Brasil em Números (2013), o consumo de energia
individual no Estado do Pará é maior que no centro sul do país, geralmente pela elevada
temperatura que a população local está habituada a conviver onde o uso frequente de
ventiladores e ar-condicionado oneram a conta de luz.

Esses grupos de criminosos pedem apenas uma colaboração de 20 a 50 reais para ligarem
a energia no poste. Há local, em que existem mais de 40 moradores nessa situação. Usam até de
artimanhas como ligar algumas partes da casa a energia roubada e outra com energia da
concessionária de forma a não despertar suspeita. Abaixo na figura 22, um caso típico em que o
técnico oficial da concessionária de energia vem fazer o corte dos chamados “gatos, por estar
sobrecarregando a distribuição de energia na rua”.

Figura 22: Foto ilustrativa de um funcionário da Rede Celpa cortando energia clandestina na Tv. Humaitá
esquina com Rua Nova. Fonte: Jornal “O Liberal” de 10 de dezembro de 2013.

122
Quando a concessionária resolve cortar a energia, o chamado “gato”, passados umas 2
horas após a saída da empresa as ligações clandestinas já voltam a funcionar novamente. É de
interesse das facções criminosas que a concessionária venha constantemente cortar esses
chamados “gatos”, pois assim a clientela volta a pagar pelos mesmos serviços já executados.

A prestadora de serviços coloca o equipamento para 50 casas, mas no final ele acaba
suportando 100 ligações, o que vai além do requisitado para as famílias que realmente
contribuem, tornando o ambiente e vizinhança local sempre com discussões e enfrentamentos
com a concessionária de energia. Aquele contribuinte que paga energia devidamente, tem seu
direito pleno de reclamar, mas para a concessionária que necessita colocar um equipamento com
o dobro ou o triplo da potência, porque tem famílias que desviam a energia (roubam) também é
injusto.

Outro serviço que esses grupos criminosos estão prestando a comunidade é a segurança,
com uma forma de impedir assaltos aos moradores do local, atuando na zona do tráfico, onde
criminosos são perseguidos, como forma de represália e também uma forma de afastar a polícia
do local, o que pode ser ruim para o varejo da droga, o que dá ao morador uma falsa impressão
de segurança.

O termo “milícia” ou “mineira” é organizado a partir de uma determinada região


específica atuando sobre uma concepção de fronteira onde sua área de expansão são os
loteamentos ilegais foi cunhado pela primeira vez no Brasil na periferia do Rio de Janeiro que
era formada por policiais militares, militares reformados, corpo de bombeiros e até seguranças
particulares.

No caso da região metropolitana de Belém, aparentemente, não há qualquer tipo de


milícia específica atuando em qualquer bairro da região. Não é aceitável confundir esses grupos
de traficantes com milícias, uma vez que o tráfico de drogas para os milicianos é o inimigo
número um a ser combatido. O que ocorre com relativa frequência, é a revolta de alguns policiais
com o descaramento, atrevimento e ousadia desses bandidos que não respeitam mais nada. O
policial faz a sua função, prende o meliante, leva para a delegacia. Ao chegar lá, percebe que o
acusado é menor de idade e, portanto, responde a acusação de forma diferente.

123
Segundo Couto (2008), o que ocorreu nesta região foi à chamada “Territorialização
Perversa” e não a existência de uma milícia que é a ambientação de grupos criminosos armados
ligados ao narcotráfico e que vem se ampliando para o centro da cidade.

Nestas regiões de conflito de grupos de narcotráfico existe uma relativa piora das
condições de vida, sustento, ascensão econômica e cultura, pois o local se “fecha” e os bens
particulares e os serviços de utilidade pública ficam restritos a certo limite de território. Observa-
se que aumenta o tráfico, a criminalidade, o aumento das taxas de homicídios, e todo tipo de
criminalidade o que faz crescer o avanço do narcotráfico.

Há dois elementos essenciais ao funcionamento da boca de fumo, o olheiro e o avião. O


primeiro fica na região de funcionamento da facção e pelo telefone informa a quadrilha sobre a
movimentação de elementos estranhos a população local, onde a quadrilha esconde armas ou
evade-se do local. O papel do “avião” é a venda do papelote de droga, fora ou longe da boca de
fumo, é o pequeno traficante, de forma que o consumidor não tenha conhecimento de onde vem
às petecas (pequenas bolas de papel), contendo uma pedra de crack. Pode ser também uma
pequena quantidade de maconha para um ou dois cigarros, ou uma pequena quantidade de
cocaína, só sabem que o traficante (avião) vende, mas não sabe aonde fabrica. Quando a polícia
consegue apreender um consumidor, logo quer saber aonde e com quem comprou, pois é uma
forma de combater o tráfico de drogas cada vez maior nesta região.

As posições sociais do aluno no contexto atual tiveram grandes mudanças entre a época
contemporânea e há trinta anos. As “novas tecnologias” evoluíram muito e hoje é possível uma
pessoa ter um computador potente ligado a redes sociais na palma da mão. Este artefato
tecnológico vem sendo ainda chamado de celular. Há trinta anos o celular no Brasil não era
conhecido. Contudo, as escolas da atualidade, usam as mesmas didáticas de trinta anos atrás e
ainda são resistentes em usar as novas tecnologias.

Vários conceitos de violência escolar foram apresentados, Para Priotto (2009), são todas
as ações de violência praticada pela comunidade escolar. Charlot (2002) classifica em três
categorias: Violência na Escola, quando lá é o local onde se dá a prática da violência; violência à
escola, como exemplo a depredação do patrimônio ou aos professores; violência da escola é

124
aquela em que as vítimas são os alunos. A escola neste último caso passou a ser palco de acerto
de contas.

Abramovay e Rua (2002) chamam a atenção para o fato de que a violência física contra
as escolas são os problemas predominantes, Zaluar (1994) já destaca o problema praticado por
traficantes e bandidos além do poder das palavras.

O perfil da sociedade mudou. Antigamente as crianças encontravam parte da educação na


própria família, onde a mãe geralmente acompanhava diariamente a atividade dos filhos. Hoje
eles são criados na maioria das vezes sem qualquer espécie de autoridade. É a falta de limites. Os
pais pela falta de tempo e pelas dificuldades encontradas em seu trabalho querem transferir o seu
pátrio poder para a escola, sendo que é o dever da família educar e a escolarização é o dever da
escola.

Neste capítulo também foi tratado o problema da gestão do ensino, do aumento


populacional de matrículas e da concentração maior de alunos em sala concomitantemente com
um número menor de professores para atender esta demanda, causando um eterno conflito entre
estudantes e professores, relacionando como um possível problema da violência e a quantidade
de alunos em sala.

Com relação ao tema violência escolar em outros países os europeus descrevem o


Bullyng como a pior forma de violência ao aluno.

Dos países mais afetados com a violência, temos os EUA, em que determinados
indivíduos estão invadindo escolas com armas potentes e descarregam nos alunos por um motivo
aparentemente banal. Associa-se a este comportamento uma forma de terrorismo de alguns
jovens e a crescente exibição de filmes violentos com a banalização da vida, em que um
personagem mata mais de cem pessoas, como se massacrasse mosquitos.

Dentre as sugestões para melhorar a violência nas escolas o Estado do Pará dispõe o
programa “Paz para Ti” que tem dado subsídios as escolas no quesito violência e sugere alguns
pontos prioritários a fim de minimizar a criminalidade de dentro da escola.

125
Além dos problemas relatados há a rede de criminosos perversos favorecida pela
organização espacial interna instituída e beneficiada pelo local, onde becos, ruelas e pequenas
passagens acobertam o consumo e tráfico de drogas, sendo constituído o conceito de
“Territorialização Perversa”, na concepção de Couto (2008), que é a ambientação de grupos
criminosos armados ligados ao narcotráfico. Essa característica marcante é encontrada em vários
bairros da grande Belém, principalmente do bairro pesquisado, o da Pedreira.

Vários fatores comportamentais são elencados a fim de caracterizar o jovem influenciado


pelo consumo de drogas, além do stress e da baixa estima manifestando através da insegurança
sugerindo um baixo controle das emoções.

A miséria e a falta recursos financeiros tem contribuído para a disseminação da violência


no bairro da Pedreira, a falta de emprego formal e as exigências de mercado em funções
específicas como cabelereiro, pedreiro, estoquista, etc., excluindo os considerados sem
experiência contribui para o desemprego no bairro. O aluno muitas vezes chega desmotivado por
diversas situações como brigas constantes no convívio familiar, e ainda encontra uma escola toda
pixada com quadros danificados, luz insuficiente e às vezes causando revolta por não poderem
frequentar em lugar melhor e adequado.

126
7. Transtornos Psicológicos e Violência

A expressão da palavra psicopata, não significa a tradução que estamos acostumados a


ver como “serial killers’’, (matadores em série) é muito mais complexa possível. Na verdade,
segundo Hare (2013), é um desvio de conduta característicos de: matadores, estupradores,
ladrões, trapaceiros, golpistas, espancadores, criminosos de colarinho branco, corretores,
molestadores de crianças, membros de gangues, advogados, médicos, terroristas, líderes de
seitas, mercenários, empresários inescrupulosos, políticos corruptos e mais uma infinidade de
profissões. Pode-se dizer que para cada profissão existe o seu lado dual negro, inescrupuloso
presente. É preciso deixar bem claro que qualquer uma das profissões envolvidas e afetadas pelo
lado inescrupuloso nem sempre será psicopata.

Na concepção de Hare (2013), psicopatia significa “doença mental” (de Psique, “mente”
e pathos, “doença”) e esse é o significado do termo ainda encontrado em dicionário. A confusão
aumenta ainda mais quando a mídia usa o termo como “louco” sinônimo de psicopatia a acepção
se perde.

Os psicopatas não são pessoas desatinadas ou que perderam a relação com a realidade,
não exibem alucinações que particulariza as perturbações mentais. Ao oposto dos psicóticos, os
psicopatas têm consciência do que estão fazendo. Seu comportamento é a consequência de uma
opção exercida livremente e admitida pela coletividade.

Na visão de Cleckley (1976) um dos primeiros a bem definir os sintomas, os psicopatas


não se familiarizam com os fatos ou dados que chama de valores pessoais, e é incapaz de
compreender essas questões. Não inclui qualquer interesse por um drama, entretenimento ou
qualquer preocupação com a humanidade na televisão, literatura. É indiferente a todas as
características da vida em si, como formosura, feiura, benevolência, crueldade, afeto, medo e
humor. Não tem capacidade de entender como os outros têm sentimentos por estas características
citadas. Ele não pode entender nada disso porque não tem nenhum ponto em sua consciência que
possa preencher a lacuna necessária a uma comparação. Pode repetir dramaticamente e com
veracidade que esta compreendendo, mas não tem como saber se realmente está dizendo a
verdade.

127
7.1 Sintomas

É importante dizer que os sintomas descritos são características que somadas e de acordo
com um determinado grau de interpretação de um especialista, geralmente um psicólogo ou
psiquiatra podem determinar se a pessoa é ou não um psicopata. As pessoas que não são
psicopatas podem apresentar algum dos sintomas que serão descritos. Inúmeras pessoas são
volúveis, frios, antissociais, mas isso não significa que são psicopatas. A psicopatia é uma
síndrome, um conjunto de sintomas relacionados.

Elenca, Hare (2013) dá as seguintes características:

i) Eloquente e Superficial

Eles são articulados, sua conversa pode ser divertida e envolvente; podem sempre ter uma
resposta inteligente na ponta da língua e são capazes de contar histórias convincentes e
mentirosas que os colocam em posição de destaque. Ao se apresentar, costumam ser muito
efetivos, agradáveis e encantadores.

ii) Egocêntrico e Grandioso.

Têm uma visão narcisista e arrogante do seu próprio valor e importância; creem que têm
direito a tudo e consideram-se o centro do universo. Comportam-se como pessoas audazes e
vaidosas, são seguras de si e de opiniões firmes, dominadores e convencidos. Adoram ter poder e
controle sobre os demais e parecem incapazes de reconhecer que as outras pessoas têm opiniões
próprias válidas.

iii) Ausência de Remorso ou Culpa

Despontam uma falta de preocupação com as implicações de suas ações sobre outros.
Revelam, que não sentem nenhuma culpa, não sentem contrição pela dor e ruína que causaram.
Ironicamente acham que a vítima são eles próprios.

128
iv) Falta de Empatia
São incapazes de se colocar no lugar de outro. Os sentimentos das outras pessoas não os
incomodam e nem os interessa. Eles vêm às pessoas como objetos que devem ser usados para
seu próprio contentamento. São indiferentes aos direitos e sofrimento de estranhos e também dos
próprios familiares. Quando mantém algum laço com a esposa e filhos, isso acontece apenas
porque consideram a sua família como um bem que lhes pertence.

v) Enganador e Manipulador

Com imaginação dirigida e voltada para eles próprios. Os psicopatas não se intimidam
com a possibilidade de serem descobertos. Quando são pegos raramente ficam constrangidos
acabam mudando suas histórias e tentam retrabalhar os fatos de modo que apareçam consistentes
com a nova mentira. Eles usam com toda habilidade facial e emocional para convencer quem
quer que seja para tirar o máximo de proveito.

vi) Emoções “Rasas”

Apresentam respostas primitivas a necessidades imediatas. Eles não têm respostas


psicológicas normalmente associadas ao medo. Para a maioria das pessoas o medo produzido por
ameaças de submeter dor ou castigo é uma emoção desagradável e um motivador de
comportamento. O medo impede ou nos leva a praticar determinadas atitudes. É o acordo
emocional das consequências que nos evita a seguir determinada rumo de ação. Isto não acontece
com os psicopatas, eles simplesmente mergulham de cabeça sem se preocupar com o que possa
acontecer.

vii) Impulsivo

Não costumam passar muito tempo pensando em fazer ou não determinada ação
considerando as consequências. É comum abandonarem a família, romper relacionamentos,
roubam a própria casa e muitas pessoas, como parentes, amigos, colegas de trabalho ficam
desconcertados, sem entender o que está acontecendo.

viii) Controles Comportamentais Pobres

129
Os controles inibitórios são fracos. Basta a menor provocação para rompê-los. Podemos
dizer que tem “pavio curto” e tendem a contestar o fracasso com violência súbita corporal ou
verbal. Eles se ofendem facilmente, ficam com raiva e tornam-se agressivos por causa de
trivialidades. Suas explosões de raiva tornam-se agressivas por causas de trivialidades e
costumam ter curta duração e voltam a agir naturalmente como se nada tivesse acontecido. Essas
amostras de raiva são geralmente sem emoção, falta-lhes a excitação emocional.

ix) Necessidade de Excitação

Almejam viver em um mundo com muitas atribuições onde está a ação. Usa ampla
variedade de drogas como parte de sua busca por algo novo animado. Mudam de endereço com
frequência. Tem a incapacidade de tolerar a rotina ou a monotonia, ficam entediadas
rapidamente.

x) Falta de Responsabilidade

Obrigações e compromissos não tem significado para eles. Faltam muito no trabalho, são
indiferentes ao bem-estar dos filhos e da pessoa que estão vivendo no momento. Para eles, as é
uma inconveniência. Não hesitam em usar os recursos da família e dos amigos para sair de suas
próprias dificuldades. Não se intimidam com a possibilidade de que suas ações possam resultar
em sofrimento ou risco para os outros. Geralmente tem excelente êxito quando tentam convencer
o sistema de justiça criminal que estão bem-intencionais e são confiáveis. Embora consigam
manipular a situação e obter a condicional, acabam desconhecendo as condições da justiça, não
cumprindo as obrigações impostas.

xi) Problemas Precoces de Comportamento

A maioria começa a mostrar os problemas bem cedo. Mentiras, fraudes, roubo, incêndio,
vadiagem, perturbação no andamento das aulas, vandalismo, bullyng, uso de drogas e
sexualidade precoce.

xii) Comportamento Adulto Antissocial

130
A continuidade do comportamento autocentrado e antissocial durante toda a vida é
impressionante. Costumam não ter um tipo único de afinidade de nenhum crime específico onde
à característica é a versatilidade criminosa.

Ruegg & Frances (1995), pautou diversos estudos confirmando que crianças e jovens
submetidos a experiências traumáticas (tais como abuso físico/psicológico, negligência, doença
mental parental, punição excessiva e agressiva) seriam mais vulneráveis à presença de traços ou
sintomas de transtornos de personalidade. Estes, depois de confirmados, associam-se fortemente
à violência, abuso de drogas, tentativas de suicídio, comportamentos criminosos,
institucionalização, prejuízo no rendimento e desorganização familiar.

O’Connor & Dyce (2001)afirma que o transtorno de personalidade (TP), independente de


sua tipologia específica, manifesta-se, então, em pelos menos duas áreas da vida, envolvendo a
cognição, a afetividade, o funcionamento interpessoal ou controle dos impulsos, não sendo
apenas resposta a estressores específicos são transtornos que não surgem de modo repentino,
tendo precursores de suas características básicas presentes ainda na infância, consolidando-se e
estabilizando-se posteriormente levando à suposição de que é possível obter indícios diagnóstico,
baseados em evidências substanciais, antes da idade adulta. Ainda assim, o contato com a
realidade mantém-se preservado e, quase sempre, esses traços não são percebidos pelo sujeito
como estranhos ou indesejáveis.

Robins (1991) afirma que os transtornos de conduta, então, tipicamente, se manifestam


muito cedo, entre o início da infância e a puberdade e podem persistir até a idade adulta, com
taxas de prevalência que variam de 6 a 16% para o sexo masculino. Esses comportamentos
podem ser acompanhados por comportamentos agressivos, déficit intelectual, convulsões e
comprometimento do sistema nervoso central (por consumo de álcool/drogas no período pré-
natal, infecções, uso de medicamentos, traumas cranianos), além de antecedentes familiares
positivos para hiperatividade e comportamento antissocial. Esses problemas tendem a ser mais
frequentes quando o transtorno de conduta se inicia antes dos 10 anos. É frequente também o TC
se apresentar associado ao baixo rendimento escolar e a dificuldades de relacionamento com
colegas, resultando em limitações acadêmicas e sociais ao indivíduo.

131
Farrington (2005), afirma que a psicopatia utilizada nas pesquisas atuais é derivada das
contribuições teóricas originalmente propostas sobre o construto e embasada em estudos
empíricos. Envolve três importantes dimensões, além dos comportamentos antissociais em si,
assim caracterizadas: i). Exibe um estilo interpessoal enganador e arrogante, incluindo
desinibição ou charme superficial, egocentrismo ou um senso grandioso de autoestima; mentira,
trapaça, manipulação e enganação. ii) Experiência afetiva deficiente, com pouca capacidade de
sentir remorso, culpa e empatia; uma consciência fraca, insensibilidade, afeto superficial e falha
em aceitar responsabilidade pelas ações. iii) Apresenta um estilo de comportamento impulsivo
ou irresponsável, incluindo tédio, busca contínua por emoção, falta de metas em longo prazo,
impulsividade, falha em pensar antes de agir e um estilo de vida parasita.

132
7.2 Socialização

Nem todos os psicopatas terminam na prisão. Os crimes que muitos praticam não são
nem detectado nem sequer é julgado. Para eles a conduta antissocial pode versar em
agenciamento de falsas ações da bolsa de valores, envolvendo-se em exercícios criminosos
confusos. Muitos outros fazem coisas que embora não sejam ilegais são aéticas ou lesivas aos
demais. Podemos aludir como exemplo: seduzir pessoas; trair a companheira; usar o dinheiro da
empresa em proveito próprio. O que é muito difícil evidenciar essas condutas sem o auxílio da
família e amigos.

Hare (2013) elenca inúmeras regras que em geral nos protegem como indivíduos e
fortalecem o tecido social onde há várias razões para o cumprimento das leis:

i) A avaliação das desvantagens de ser pego;

ii) A valorização da necessidade de cooperação e harmonia social;

iii) A capacidade de agir de acordo com o bem-estar os sentimentos, os direitos e as


necessidades das pessoas que nos rodeiam.

Aprender a se comportar de acordo com as regras sociais é um processo chamado de


socialização que tem for função ensinar as crianças como se fazer corretamente as coisas.

No processo de escolarização a socialização nos ensina a indicar um código de modelos


sociais que irá definir como interagimos com o mundo em volta. A socialização colabora para a
gênese da consciência, é uma voz interna, que nos faz sentir culpados por agir ou não com uma
determinada especificidade. Isso explica que quando o grupo ao qual o sujeito se relaciona é
associado a gangues ou a criminosos com regras nocivas, a consciência toma outra vertente, o
caminho das atitudes e relações de maldade, crueldade. Sendo para esse grupo, normal matar,
roubar, estuprar etc.

A voz interior ditada pela consciência é regrada pela socialização do sujeito, e as normas
sociais interiorizadas atuam como uma forma de política interna que normatiza o

133
comportamento, inclusive na ausência de muitos controles externos, como leis escritas, sendo o
modo como percebem os que os outros esperam deles torna-se a verdadeira polícia na vida real.

O psicopata não precisa de associação em nenhum grupo para cometer as suas infrações e
para a socialização seja formada, ele já nasceu assim, é inata, já tem essa característica de pouca
aptidão de experimentar respostas emocionais como medo e ansiedade, que são um dos
principais fatores da consciência. Eles têm pouca capacidade de formar imagens mentais das
consequências de seu comportamento. As ligações entre os atos proibidos e a ansiedade são
fracas e a ameaça de punição não os detém, Hare (2013).

Provavelmente o que movimenta a criminalidade é que as normas sociais internalizadas


são as regras impostas pelas gangues, redes de narcotráficos e grupos de marginais locais, tendo
o efeito contrário ao que tomamos como regra.

Na concepção de Hare (2013), de acordo com o seu trabalho presencial como psicólogo
da “British Columbia Penitentiary”, próximo da cidade de Vancouver, no Canadá, conclui que
os psicopatas são os responsáveis por mais de 50% de crimes graves cometidos como também a
metade dos estupradores reincidentes seriais. A taxa de reincidência de violência dos psicopatas
é cerca de três vezes maior que a dos demais infratores. Na maioria das pessoas punições no
início da infância produzem ligações entre os tabus sociais e os sentimentos de ansiedade que
duram toda a vida.

134
7.3 Diversidades de Perfis

Temos diversos tipos de criminalidade que abrange várias áreas. Não só o assassino, o
ladrão e o desviado sexualmente são os problemas. Existe o perfil que causa pânico e surpresa,
os impostores. Forjam credenciais, adotando papéis profissionais camaleônicos que lhes dão
prestígio e poder. Quando são descobertos, só fazem fugir e seguir adiante. Geralmente optam
por carreiras em que seja fácil forjar as habilidades específicas para aprender o ofício,
geralmente quando a profissão valoriza a capacidade de dissuadir ou de manipular como
exemplo: corretores de imóveis, consultores financeiros, advogados, psicólogos, consultores
financeiros, e até médicos. Muitos nem vão para cadeia, são bem-sucedidos, não infringem a lei
ou não são descobertos nem condenados. Tem a mesma característica do psicopata criminoso
típico, porém sua inteligência, formação familiar, habilidades sociais permitem que construa uma
fachada de normalidade e conseguem o que querem sem nenhuma impunidade, Hare (2013).

Este fato tão comum em nossa sociedade, o crime teria outro aspecto se as famílias e os
amigos desses indivíduos estivessem preparados a discutir seus experimentos sem medo de
represália, com certeza seria revelado, inúmeros abusos, falsidades, assassinatos estupros. O
crime torna-se uma implicação natural de um aspecto repelido, mas que por disposições sociais
acabam ficando de fora da lente da justiça e só é revelado quando o crime é descoberto.

135
7.4 Detecções do Transtorno

Na concepção de Day  Wong (1993) a linguagem e os pensamentos dos psicopatas são


controlados por dois hemisférios cerebrais. Nas pessoas consideradas normais, o lado direito do
cérebro desempenha papel central na emoção e no caráter. Nos psicopatas nenhum dos dois
hemisférios é eficiente nos processos de emoção. São desfocados, resultando em uma vida
emocional rasa. Em sua mente falta o significado da emoção. Para a maioria das pessoas a
escolha das palavras é produzida tanto pelo significado quanto por sua conotação emocional em
um centésimo de segundo. Já o psicopata a sua palavra não tem o mesmo significado emocional.
No modo de interagir com as pessoas, costuma usar a linguagem corporal, sua boa aparência e o
charme natural ou produzido para convencer as pessoas, usando o intenso contato visual pelo
olhar o que acaba distraindo a pessoas e os convencendo e desviando a atenção.

Abaixo, segue o gráfico da figura 23, disposições do cérebro:

Figura 23. Disposições do cérebro envolvidas na tomada de decisões morais. (Silva, 2014)

136
O estudo clínico nos detentores de transtorno global da personalidade é uma tarefa
extremamente difícil. Por serem portadores desse mal que os acompanha desde muito tempo,
rápido percebem tal investigação e acabam dando respostas alusivas a outro tipo de
comportamento, disfarçando todo o possível estudo e indícios de sua personalidade. Sempre
tentam manipular os resultados que os caracterizam ficando praticamente impossível rastrear
esse tipo de comportamento a não ser por técnicas de neuro imagens (PET-SCAN)16. A figura
23, é explicada de acordo a atividade cerebral, testada em um grupo de psicopatas criminosos:

Estudos usando neuroimagens apontam para alterações cacterísticas do funcionamento


cerebral de um psicopata. Pessoas sem nenhum traço psicopático revelaram intensa
atividade da amigdala, e do lobo frontal, quando estimuladas a se imaginarem
cometendo atos imorais ou perversos. No entanto, quando os mesmos testes foram
realizados num grupo de psicopatas criminosos, os resultados apontaram para uma
resposta débil nos mesmos circuitos. A amigdala é o nosso coração cerebral, para os
psicopatas o cérebro deles é gelado, incapaz de sentir emoções positivas, como amor,
amizade, alegria, solidariedade. Sua amigdala deixa de transmitir, de forma correta, as
informações para que o lobo frontal possa desencadear ações ou comportamentos
adequados. Chegam menos informações para o lobo frontal, o qual sem dados
emocionais, prepara um comportamento lógico, desprovido de afeto, o que levam a
escolher o que os leva a sobrevivência e ao prazer. A sua decisão privilegia sempre os
interesses individuais e mesquinhos e nunca o coletivo. (Silva, 2014).

Na concepção de Farrington (1991) a matéria bruta do transtorno aparece em crianças. A


psicopatia não surge de repente em pessoas adultas, revelam-se no começo da vida. Elas são
diferentes das crianças normais, mais difíceis, agressivas e enganadoras. É complicado se
relacionar com elas ou estabelecer proximidades. São menos suscetíveis a influências externas de
outros para a instrução e ao ensino.

Conforme Frick, O’Brien, Wooton, Mac Burnneti (1994), os sintomas observados em


crianças são:

i) Mentiras frequentes até mesmo quando tem consciência que o outro sabe a verdade;

ii) Indiferenças a sentimentos, ou dores de outros;

iii) Contestação dos pais, de professores e de regras;

16
PET-SCAN : (Positron Emission Tomography) Tomografia por emissão de positron, é uma modalidade de
diagnóstico por imagem, que permite o mapeamento de diferentes substâncias químicas no organismo.
137
iv) Pequenos roubos de objetos de outras crianças e dos pais;

v) Agressão, bullyng e brigas constantes;

vi) Falta a escola;

vii) Constante desrespeito do horário de volta para casa;

viii) Saídas de casa sem avisar;

ix) Experiências sexuais precoces;

x) Vandalismos;

xi) Machucar os irmãos menores;

xii) Demonstra egocentrismo, falta de remorso e de culpa.

Conforme Widom (1989) a fato de um adulto ser negligente com crianças, como:
vestuário, alimentação e higiene e também usar de abusos sexuais podem causar terríveis danos
psicológicos. Essa criança com frequência tem QIs mais baixos e maior risco de depressão,
suicídio, problemas com drogas, agem de modo violento, são mais propensas a ataques de raiva,
recusam-se a seguir orientações e demonstram falta de entusiasmo com mais frequência ao fazer
qualquer atividade escolar. Tendem a se distrair, perder o autocontrole e os colegas costumam
não gostar delas. Esses fatores não os transformam em psicopatas, mas podem produzir
criminosos terríveis no futuro.

Segundo Stack (1987); Plomin & Fulker (1988), estudos sobre família e adoção indicam
que a criminalidade e a violência em geral são influenciadas, pelo menos por tributos genéticos e
biológicos ao temperamento e adaptadas por forças ambientais e sociais. Portanto, o indivíduo
que tem uma combinação de traços de personalidade psicopata, mas cresce em uma família
estável e tem acesso a recursos sociais e educacionais positivos podem vir a ser um artista da
fraude, um criminoso de colarinho branco, um empresário, político ou um profissional um tanto
138
questionável. Já outro indivíduo, com os mesmos traços de personalidade, mas com histórias de
privações, pode se tornar um vagabundo, um mercenário ou um criminoso violento.

Influências familiares nocivas promovem o desenvolvimento precoce da atividade


criminosa. Entretanto, no caso dos psicopatas, nem uma boa vida familiar, capaz de promover o
desenvolvimento sadio conseguiria impedir uma vida fria de autogratificação. Já os psicopatas
originários de uma família instável, cometem muito mais transgressões violentas do que aqueles
oriundos de famílias estáveis.

O psicopata pode demorar a se revelar. Pode ter uma ou mais características elencadas
anteriormente, em alguns casos precisa de um acontecimento fatal para revelar sua existência. Há
inúmeros exemplos de ocorrência de psicopatia, uns se desenvolve logo no início e outros ao
longo do trajeto da vida do sujeito, pode-se observar que até políticos famosos entram neste
frenesi de psicopatia envolvendo dinheiro público e jogo de poderes:

i) Goiania, 2008
Silvia Calabrese de Lima,42 anos, presa em flagrante por maltratar e torturar uma
menina de doze anos que morava com ela, durante dois anos17.

ii) São Paulo, 2008


Alexandre Nardoni, 31 anos, juntamente com sua esposa Ana Carolina Jatobá, 24
anos, arremessam a filha de 5 anos pela janela de um prédio do 6º andar18.

iii) Rio de Janeiro, 1992


O ator Guilherme de Pádua Thomaz, 23 anos, assassinou a atriz Daniella Perez,
de 22 anos, com dezesseis golpes com um punhal efetuados no pescoço e no
tórax19.

iv) Seattle, EUA, 1974

17
Fantástico programa de Globo TV, emitido el 23 de marzo 2008;;
18
Revista Veja, ed. 2058. Abril, 30 abr. 2008;
19
Programa Fantástico Rede Globo de Televisão, exibido em 23 dez. 1992;
139
Theodore Robert Cowell, 28anos, conhecido com Ted Bundy, assassinou,
esquartejou e decapitou 35 mulheres em vários estados dos EUA, entre 1974 e
197820.

v) Pedro Rodrigues Filho, 63 anos, conhecido como Pedrinho Matador, assassinou


71 pessoas21.

vi) Francisco de Assis Pereira, 49 anos, conhecido como maníaco do parque,


assassinou 9 mulheres22.

vii) Ex Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, 54 anos, preso
em 2016 por desviar mais de 224 milhões de reais em propinas23.

Pelo exposto neste capítulo, é possível explicar o primeiro item do problema central de
pesquisa, pg. 17, onde detectamos a origem psicológica da ação violenta e como vem
interferindo na vida humana, onde a interação com o mundo social contribui para o alargamento
ou redução das ações violentas.

O problema de transtorno psicológico e a violência nos remete a corrigir o significado e


uso da palavra “psicopata”, em que o nosso meio cotidiano dizemos que são aquelas pessoas que
são consideradas “matadores em série” e na verdade, segundo a contribuição de Hare (2013) e
outros autores, é um desvio de conduta característica de várias outras categorias de crimes,
como: estelionatários, espancadores, estupradores, golpistas e etc.

Os sintomas são na verdade a soma de várias características, são indiferentes a atributos


da vida em si, como benevolência, crueldade, afeto, medo e humor. Somente com a avaliação de
um psicólogo ou um psiquiatra é possível diagnosticar a como transtorno global (Psicopata) ou
transtorno parcial de personalidade.

O agravante é que pessoas normais, com características a princípio, consideradas


idôneas, e um passado sem livre de qualquer suspeita acabam se tornando e praticando crimes ao
20
Revista Veja, ed. 1559. Agosto, 12 ago. 1998
21
Noticias.r7.com. Consultado em 12 de junho de 2012;
22
Revisa Veja, ed. 2092. Dezembro, 24 dez. 2008.
23
Revista Veja, ed. 2505. Novembro, 23 nov. 2016
140
estilo de psicopatas. O sistema político de cada governo de estado tem uma determinada
característica e vulnerabilidade. Pelas denúncias e depoimentos desses políticos envolvidos neste
tipo de esquema, se assemelha a uma cultura diferente e nova. A de dar o calote nos cofres
públicos e desviar o máximo possível de verbas governamentais em seu próprio benefício, se
tornando uma competição e apadrinhamento entre eles.

A princípio parece que deve haver alguns traços em sua personalidade que ilude a
transtorno de personalidade e basta uma boa oportunidade, um convite bem feito, uma chance
que aparece no meio do turbilhão de obras a serem feitas no Estado, em que algum empresário,
sugere uma determinada vantagem de forma que uma pessoa que tem algum transtorno de
personalidade tenha o seu problema acentuado de uma forma devastadora para ele e para a
sociedade que o rodeia. No caso de alguns políticos as sinapses do cérebro começam a funcionar
de maneira psicopática indo de contra a sua proposta política e trazendo benefícios e vantagens
financeiras através de muitos itens. Geralmente o político de hoje quer continuar a se eleger na
próxima eleição e isso custa muito caro. Uma campanha política bem feita é muito dispendiosa
que utiliza de inúmeros meios de comunicação como TV, rádio, panfletos, propaganda na
24
internet com custo em vários sites, jornal e ainda se utiliza dos chamados cabos eleitorais para
divulgar de forma maciça sua campanha política.

As normas criadas pelo narcotráfico são instituídas como leis internas, sendo aceita pelos
criminosos como norma social, pois foram internalizadas e ditadas pela consciência como uma
atitude correta. O efeito da associação de um psicopata a qualquer rede de ilegalidades é
dramático. Pois ele não precisa do incentivo de nenhum grupo, pois já tem a característica de
pouca aptidão emocional, a ameaça de punição não o detém.

Vários autores como Day  Wong (1993), Farrington (1991), Widom (1989), explicam
que a origem da doença é um mal que já nasceu com a criança, é uma característica imposta pela
linhagem sendo que os pensamentos dos psicopatas (transtorno global de personalidade), são
controlados pelos dois hemisférios cerebrais, daí a origem da confusão mental, sendo que
nenhum é proficiente na consecução das emoções. Nas pessoas normais apenas o lado direito do
cérebro desempenha o papel da emoção e do caráter.

24
Cabo Eleitoral: Geralmente é um profissional da área de marketing, contratado pelo político para divulgar e apoiar
suas propostas.
141
Grande contribuição é dada por Widom (1989) que faz a distinção entre um psicopata e
um criminoso comum. Explica que o fato de um adulto ser negligente com crianças, como não
cuidar da higiene, vestuário e também usar de abusos sexuais, podem causar danos psicológicos
terríveis o que não os transformam em psicopatas, mas podem produzir criminosos horríveis.

Stack (1987), Plomin  Fulker (1988), falam sobre a origem da criminalidade e violência
que podem ser influenciadas por tributos genéticos e biológicos e possivelmente são adaptáveis a
forças ambientais e sociais positivas ou negativas. Portanto explica que o indivíduo que possuem
alguns traços de psicopatia, mas é educado em uma família estável pode ser um futuro
profissional um tanto questionável, o que não o torna um criminoso. Já o outro com os mesmos
traços de personalidade desviada negativamente que é criado com histórias de privações podem
vir a ser um criminoso violento.

Os crimes hediondos ocorridos no Brasil tem sido uma constante da criminalidade em


nosso país. Segundos dados estatísticos do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2015), os
crimes exercidos com requinte de crueldade e de forma hedionda na maioria deles são praticados
por psicopatas ou sujeitos que apresentam um transtorno de personalidade. Abaixo os gráficos
das figuras 24 e 25, respectivamente:

Figura 24: Crimes hediondos ocorridos no Brasil. Fonte: ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA
PÚBLICA. (2015).

142
Figura 25: Crimes hediondos ocorridos no Estado do Pará. Fonte: ANUÁRIO BRASILEIRO DE
SEGURANÇA PÚBLICA. (2015).

Pelos gráficos 24 e 25 apresentados, o ano de 2011 apresenta um representativo declínio


com relação a este tipo de crime, tanto em níveis nacionais como regionais. Uma possível causa
foi à aquisição de nova frota de veículos e equipamentos novos pelas polícias militares do Brasil,
como também um adequado treinamento dos policiais ao tratarem dessa tipologia criminal.

No Estado do Pará a frota de veículos praticamente triplicou do ano de 2010 para 2011,
além da contratação de mais de 25% de novos efetivos no contingente da polícia.

Nos anos seguintes, houve um aumento significativo, dos crimes ocorridos de forma
hedionda, com o gráfico apresentando irregularidades. É impossível para a polícia prever os
crimes que ocorrem de forma hedionda e praticada por psicopatas. O perfil desta doença tem
traços de difícil caracterização e diagnóstico, além do fato destes sujeitos não aceitarem qualquer
tipo de tratamento psicológico ou psiquiátrico. O aumento das taxas de 2011 até 2015 pode ter
inúmeras justificativas: uso de drogas, desemprego repentino, truculência exercida por marginais
ao praticar roubos (uma forma de resposta à sociedade para imporem um tipo de respeito a sua
identidade), como outros motivos ligados a prática de violência.

143
8. Adolescência

A adolescência nos dias atuais é vista como uma etapa que sucede entre a infância e a
idade adulta no qual ocorrem inúmeras modificações tanto psicológicas como físicas que
autorizam o surgimento de procedimentos irreverentes e o questionamento dos padrões infantis
que são úteis ao crescimento do indivíduo.

Na concepção de Santos (1966), havia uma espécie de culto de iniciação onde os jovens
eram afastados e enviados a uma aldeia distante com a vigilância dos anciões da tribo. Os cultos
tinham a finalidade de interiorizar nos jovens que deviam morrer para a vida infantil e ressuscitar
para a vida de adulto.

Segundo Piaget (1976) o adolescente extrai ideias do campo possível e formula hipóteses
e constrói a sua vontade reflexões e teorias onde a princípio tem com fim a elaboração conceitos
e valores, assinalando este período como um egocentrismo cognitivo onde ele acredita que é
capaz de decifrar todas as dificuldades que aparecem, interpretando as suas ideias com as mais
corretas. O adolescente quando se depara com um problema imagina todas as relações possíveis
no campo hipotético e posteriormente examina quais seriam verdadeiras e genuínas. O
adolescente também vive na dimensão ausente, no futuro e num campo hipotético, onde o seu
mundo está povoado de teorias informais sobre si e sobre a vida. Possui o pensamento cheio de
planos para o futuro e ideias que transcende a situação real de vida. Uma situação semelhante e a
de sonhar ganhar na loteria, em que o sujeito fica planejando o que faria com o dinheiro caso
auferisse o prêmio.

Para Roberts (1988), adolescência é um processo e não um período, onde as mudanças


pessoais são intensas, sejam físicas, sociais, psicológicas e cognitivas. É um espaço de tempo
que envolve perdas e ganhos e a criação de novas maneiras de pertencer que envolve a aceitação
de uma imagem corpórea em mudança.

A busca pela identidade impulsiona o jovem a rejeitar e a revoltar-se contra os pais, de


forma que esta rejeição tem a função de libertar o adolescente dos modelos infantis e aos pais e
também do controle e autoridade por estes exercícios.

144
De acordo a Organização Mundial de Saúde, a adolescência é determinada como uma
fase biopsicossocial, em que incidem alterações físicas e de adequação a novas composições
ambientais e psicológicas, que acarretam ao sujeito da infância à idade adulta. É um tempo em
que sucedem amplas mudanças físicas, psicológicas e sociais que comprometem o sujeito o qual
toma consciência das mudanças no seu corpo, provocando uma fase transformações do sistema
psíquico, desigual em cada sexo, mas com análogos problemas de entender aos conflitos de
identidade.

Para o adolescente chegar ao período adulto é muitas vezes uma tarefa difícil e penosa
uma vez que está acostumado a ser tratado pelos pais na condição de criança, e muitos ainda
demoram a compreender essa situação de transformação do filho se esquecendo do que passaram
nesta fase da vida e muitas vezes não aceitando as mudanças que houve. Para os pais os filhos
são ainda aquela criança que fazia de tudo para ele, sem o deixar fazer sequer as escolhas
necessárias ao seu desenvolvimento. Existem famílias que os filhos já com certa idade, 18, 19,
20 anos ou mais, nem sequer andaram de ônibus coletivo, pois os pais pagam a condução
especial como vans ou taxis, para os filhos desde pequenos até a universidade. Essa tarefa de
separação da criança para a adolescência é essencial ao desenvolvimento do homem como
também o fato de desatar o sujeito da autoridade dos pais.

Na sociedade contemporânea e nas classes de renda média e alta o adolescente já


percebeu que é muito complicado sair de casa para constituir família. A relação trabalho,
emprego, sustento ficou mais complicada. Na casa dos pais o jovem em muitas ocasiões não
contribui com nada. Não paga contas, não ajuda na compra de itens de supermercado e além de
tudo isso tem a sua comida pronta em horário pré-estabelecido além de ter a sua roupa lavada e
passada. Dependendo da relação de liberdade que haja em sua casa será muito difícil para este
jovem sair de casa sem encontrar dificuldades. Há situações que o casamento não dá certo, pois
nem o rapaz e nem a moça acabam por perceber a perda dos privilégios, o que os faz retornar à
situação de solteiros.

145
8.1Adolescência nas Décadas Anteriores

Falar em adolescência nos leva a mostrar a família e sua constituição com as mudanças
ocorridas a partir da segunda metade do século 20. Na década de 40 e 50 as famílias eram
constituídas de pai, responsável economicamente por todas as finanças e sustento da família, a
mãe responsável pela educação dos filhos além do afeto materno. Era normal a família ter 3, 4, 5
ou 6 crianças. A mãe tinha o papel rigoroso no cuidado da casa e dos filhos. A autoridade era
delegada ao pai que era o provedor dos recursos em todos os aspectos e onde todos os filhos
seguiam o seu modelo moral e orientados de todas as atividades e onde todos queriam seguir o
seu exemplo.

Nesta época ser ´´Pai´´ representa uma figura bastante complexa, integrando valores
pessoais com domínio sobre a natureza bem como valores de relacionamento e acrescentando
importância como protetor fiel da família, Dessem (2010).

Os adolescentes dessa época não apresentavam tantos problemas como os atuais. O


respeito e a hierarquia na família eram extremados. Usavam-se vários instrumentos para punir,
como palmatória, milho, cinto, vara e muitos outros. Nesta época os filhos deviam total respeito
aos pais e aos mais velhos e principalmente ao pai. Era o pai que possuía o direito de bater,
trancar no quarto, gritar, dar sermão e até expulsar de casa, se fosse o caso. Não havia acesso aos
meios de comunicação global como hoje possuímos. A maioria das famílias brasileiras da década
de 60 ainda nem sequer possuíam TV, e o acesso à rede elétrica era limitado. As famílias que
moravam no campo, no geral, no máximo lá pelas 20h00min já estavam dormindo. As
informações chegavam através do rádio, jornais e pelas escolas. O jovem da época não tinha
tanta liberdade como possui na atualidade. Se alguém visse um adolescente andar na rua sozinho
à noite já era considerada uma atitude estranha. E nem o adolescente queria sair sozinho à noite,
pois poderia ser discriminado pelos vizinhos ou ser considerado como menino de rua ou até sem
família.

O jovem não tinha acesso às informações como tem hoje. O seu contato maior, o mundo
circunstancial real e imaginário que estava integrado era na escola. Não possuía vídeo games,
redes sociais, e nem telefone. Não se conhecia a chamada mensagem por telefone. Era

146
extremamente caro ter um telefone fixo, equivalia ao preço de um carro popular zero nos dias de
hoje.

A partir das décadas de 60 e 70, ocorreram mudanças estruturais na família, onde o


homem e a mulher passam a ocupar posições diferentes em termos do papel de autoridade e as
relações passam a ser mais igualitárias. Admite-se que a mulher trabalhe para ajudar no
orçamento doméstico, conquistando aí já certo poder em relação a administração financeira da
família. A mulher já atinge maior participação no contexto social político e econômico,
conquistando uma posição mais igualitária entre os elementos da família.

Nas décadas de 60 e 70 os movimentos feministas, estudantis, negros e hippies ganharam


força, causando certas transformações na vida social e privada comparada ao papel
desempenhado pelo homem na conjuntura da sociedade da época. Neste período, representado
pelas conquistas da mulher aos direitos que eram exclusivos dos homens, houve no contexto
geral a diminuição significativa do número de filhos que caiu para dois ou três no máximo.
Dentre os fatores que influenciaram foi à entrada da mulher no comércio e no mundo do
trabalho; o surgimento de novos valores sociais e econômicos, como por exemplo, o
questionamento de quem que cuidaria dos filhos; a propagação da pílula anticoncepcional o
surgimento de novas leis que regulamentavam o divórcio e separações.

Na década de 70 e 80 com a migração da mulher de dentro de casa para o mercado de


trabalho, grandes modificações ocorreram. Não era mais a mãe que dava educação aos filhos, era
a avó materna ou paterna e também empregadas contratadas para esse fim. Não era caro para a
família ter empregados. O salário mínimo não era tão respeitado como hoje. Na época atual
pagar menos de um salário é completamente errado. Ainda no interior observamos famílias que
pagam a seus funcionários menos de um salário.

Em termos gerais houve certo afrouxamento das regras impostas nas décadas anteriores.
Os meios de informação mudaram do rádio para a TV, começaram as novelas e toda a influência
da mídia nas famílias da época.

Com esse relaxamento e certos modelos exibidos pela mídia como ``correto e
aceitáveis``, começaram alguns problemas relacionados a educação dos filhos, principalmente no

147
período da adolescência. Já não era mais aceitável apanhar do pai ou da mãe. Não que o fato da
punição nesse sentido resolvesse alguma coisa, mais sim pelo fato de que a sociedade da época
se transformou. Novos valores foram agregados com novos modelos com o pai e a mãe
desempenhando o papel de sustentar a família juntos.

Surgiram os novos tipos de família, constituídas só com o pai, ou só com a mãe ou ainda,
só com os avós. Esses novos modelos familiares refletiam o efeito dos novos valores, crenças e
práticas sociais diminuindo de 57% para 49% o modelo de família nuclear, segundo o IBGE
2007.

Desde a década de 90 toda a estrutura familiar foi modificada, marido e mulher passaram
a compartilhar mais as atividades do lar e os cuidados com os filhos. Segundo DESSEN (2010)
faz um comparativo entre a educação da 1ª metade do século XX e a 2ª metade, mostrando que
neste 1º período as crianças eram consideradas passivas e socializadas de forma a valorizar a
submissão infantil em relação aos adultos. Na compra de roupas, objeto, alimentação, sempre
prevalecia à vontade paterna, havia apenas uma pequena abertura para as negociações. As
crianças das décadas 50 e 60 continuavam a assimilar o respeito aos mais velhos como positivo e
vinculado às práticas coercitivas e do temor. O pai era concebido como a figura que imponha a
ordem e regras punitivas em relação aos filhos. Com o decorrer do tempo e com advento da
progressão feminina na sociedade, as mulheres dessa época passaram a discutir o exagero de
severidade e punições impostas pelos pais em relação aos filhos e até mesmo em relação à
própria esposa. Já nas décadas 70 e 80 é valorizado o diálogo objetivando o bem-estar dos filhos.
Na década de 90 a família passa a ser considerado um refúgio mais atraente para os filhos onde
agora permanecem mais tempo, pois as dificuldades ao acesso ao mercado de trabalho
aumentaram.

De acordo com Kreppner (2003) os padrões de comunicação são construídos nas relações
estabelecidas pelos indivíduos no contexto familiar, com base na cultura das relações familiares.
A cultura familiar é um conjunto de regras tradicionais, implícitas e explícitas, valores, ações e
ambientes materiais que são transmitidos pela linguagem, símbolos e comportamentos por um
grupo de pessoas que interagem de forma duradoura.

148
8.2 Adolescência nos Dias Atuais

A influência das novas tecnologias e manias de se viver tem que ser revista e corroborada
pela família. Não podemos ser irresponsáveis e deixar as novas crianças a presenciarem
determinados tipos de programas expostos sem nenhum critério. Alguns pais tornam-se ansiosos
em tornar os filhos independentes, mas se esquecem do seu desenvolvimento emocional e
psicológico que devem ser respeitados.

Na perspectiva de Bauman (2008) o paradoxo do fetiche tecnológico age em nosso lugar


e nos habita a permanecer passivos. Onde esse fenômeno ’`androide``25, reflete na maneira de
pensar e agir das crianças e adolescentes e em particular em relação as meninas. Já não
entendemos a inocência no semblante infantil e o modo de se maquiarem que as deixam com
aspecto de mulher.

Para Rojas (1994) o homem atual é chamado de homem light, vazio, só lhe interessa o
dinheiro e a informação para obtê-lo. O êxito, a glória, viver bem sem reservas e estar nos
espaços e ambientes da moda. Parece ser planejado para a ingestão dos deleites próximos,
dissociados da feição humana.

Segundo Silva (2013), o homem do futuro tende a ser interpretado por seis conceitos que
para ele tornam-se importantes e essenciais:

i) Materialismo: só se interessa em adquirir meios econômicos;

ii) Hedonismo: Viver bem à custa de qualquer atitude, seja por meio de trabalho, roubo ou
dependência de alguém;

iii) Permissividade: Destrói as melhores propostas e ideais;

iv) Revolução: acaba por produzir uma desordem generalizada;

v) Relativismo: Tudo é relativo;


25
Android: Termo tecnológico que começou a ser usado amplamente a partir de 2012 com a chegada dos celulares
possuidores de tecnologia com componentes android.
149
vi) Consumismo: Representa a liberdade total.

Podemos citar diversos problemas encontrados na fase da adolescência como oposição


entre o real e o imaginário, conflitos de identidade pessoal e social, aumento da tensão indivíduo-
sociedade relacionado à desorganização e desrespeito humilhando o indivíduo e gerando intensas
frustações e descargas agressivas atreladas aos conceitos de violência moral e física. (Formiga,
2002).

Observa-se um favorecimento da ação da mídia na evolução de condutas violentas tanto


pelo relato dos fatos cotidianos quanto pela disposição do jovem na formação de gangues e a
prática de jogos violentos o que segundo (Stephenson, 1990), se deve ao fato da rescisão das
normas e instituições sociais.

Na perspectiva de Jacinto (1997), os comportamentos agressivos seriam estimulados por


um estado emocional trabalhando como um processo ou norte para esta conduta podendo ter um
caráter agressivo ou de autodefesa.

A investigação dos grupos de risco violentos se observa o fato de se descarregar os


impulsos agressivos de uma forma direta ou indireta. Após esta fase, percebe-se um desejo
enorme e a satisfação imediata dos desejos pessoais. Vários fatores são atribuídos à prática da
violência, onde desde a característica inata até ao concebido pelo meio social e também a gerada
pela família apresentam variáveis aceitáveis. Acredita-se que a violência também seja gerada por
alguma variável externa, como a influência do meio social, família, escola, trabalho e até na
mídia expressa por filmes, novelas ou jogos de computador.

Segundo Giannetti (1994), a família é um dos componentes integrantes e da formação e


recrudescimento de atos violentos observados em alguns sujeitos, isto ocasionado às inúmeras
transformações que esta instituição vem passando, caracterizadas muitas vezes pela influência do
comportamento violento do grupo familiar e a influência mútua entre seus membros, o que tanto
a prática da boa ou má relação e transmissão das características morais e psicológicas pode ser
considerados fatores que influenciam a prática violenta.

150
O jovem nesta etapa, em que procura obter a sua identidade, em alguns casos acaba por
criar regras próprias de conduta, contrariando muitas vezes a concepção dos pais e da família,
evitando a ajuda dos familiares, o que na sua concepção a opinião desses adultos deve ser
evitada, porque segundo ele essas opiniões são retrógradas e não condiz com o seu pensamento
do grupo a que agora pertence, não consentindo a argúcia dos seus erros e nem a cooperação dos
outros para o seu conforto.

Outras variáveis como, pobreza e desemprego influenciam ao comportamento de filhos


agressivos. Muitas vezes os pais se mostram excessivamente tolerantes com o comportamento de
seus filhos ocasionando um aumento da agressividade em função de sua atuação como pai ou
mãe de família.

O fato de o filho ou filha terem que trabalhar ainda cedo, para alguns indivíduos pode ser
gerador de revolta ou até motivo de orgulho. Alguns jovens acham revoltante ter que trabalhar,
ajudar e até sustentar a família porque seus progenitores não conseguem, estão vivendo
separados ou até já faleceram. Por muitas vezes até observam seus colegas da mesma idade e que
não estão trabalhando, somente estudando e deterem a posse de certos objetos valorizados
midiaticamente e aculturados a certo grupo de sujeitos atrelados a burguesia sendo objeto de
inveja e cobiça de seus pares, motivando atos violentos dentro e fora do grupo familiar, querendo
de certa forma responsabilizar a família por essa atitude.

Já outros jovens, consideram positivo o fato de trabalharem cedo e até gostam de falar
para os seus colegas querendo impor uma forma de respeito por ser jovem e já ter um emprego e
aprendendo uma profissão e até sentem um bem-estar em ajudar a família e ser um dos pilares
fundamentais da família. O pensamento humano é muito complexo. Depende de fatores
intrínsecos a personalidade do indivíduo envolvido nesta situação.

Para Martin  Martinez (1997) a autoestima está relacionada com o nível de


instrumentalidade da agressão dos sujeitos que apresentam baixa estima influenciando o seu
comportamento agressivo não enfrentando seus problemas de frente tendendo a fugir, negar e
apresentando um menor controle sobre a situação que estão passando. Desta forma se a
autoestima for negativa fará com que o indivíduo demonstre condutas estruturadas no que ele
pensa de si e da mesma forma terá concepções positivas sobre si.

151
Na concepção de Formiga (2005) a relação encontrada entre agressão e autoestima
considera uma contribuição do elemento motivacional, tornando-se uma forma de controle a
intervenção no comportamento desses jovens. Concomitantemente que a agressão é uma
característica inata do ser humano a conduta altruística também. Promovendo um desempenho de
cooperação trará uma menor intensidade ao comportamento agressivo bem como o
desenvolvimento da autoestima, trabalhando e colaborando com o ser humano numa dimensão
pacífica de forma a colocá-lo em um nível de convivência social e de satisfação.

O grupo de pares ao qual pertencem, segundo (Coie & Dodge, 1983) significa a inserção
na vida social. Assume relevante significação como transporte da experimentação do mundo
exterior e auxilia na construção de sua identidade e validação das competências sociais, surgindo
aí à necessidade de aceitação num determinado grupo de forma que este legitime o seu valor. A
adaptação e socialização poderão ser inversas, integrando o jovem aos grupos desajustados
socialmente, com o uso de drogas e com comportamentos desviantes.

A adolescência na concepção de Marcelli e Braconnier (2007) é formada por um estágio


de modificações que significa a passagem psicológica e cultural da infância para a vida adulta. A
palavra adolescência é originária do latim ´´adolescere´´ que denota ´´crescer``, onde o sujeito
sofre alterações corpóreas, mentais e emocionalmente e é um período característico por existir
uma fase, chamada de ``crise``, sendo está funcionando momentaneamente temporária de
desequilíbrio e circunstâncias momentâneas que colocam em perigo a estabilização normal ou
patológico do indivíduo.

No Brasil, os videogames estão presentes a mais de 30 anos e atualmente sendo hoje, com
mapas ultrarrealistas, fontes de lucrativo comércio cada vez mais voltado, em teoria, para os
adultos. Dentre os jogos mais procurados estão os de tiros, lutas e estratégias de guerra. (Gil,
2005).

Embora de tais jogos for voltado para uma faixa etária acima dos 18 anos, seu emprego
não se restringe a eles dado que cada vez mais adolescentes tem acesso a games onde a maior
parte dos jogadores escolhe atuar como o terrorista em vez do policial. Há jogos que simulam um
campo de treinamento de tiro em que o jovem aprende a atirar. O fato de o filho estar confinado
em um quarto jogando no computador não o deixa seguro de nada. Pelo contrário o torna

152
vulnerável a uma série de jogos ofertados pela internet, e sem sabermos um monstro está sendo
treinada em sua casa. A família às vezes ao dar ao filho um videogame, devido ao bom
desempenho em um ano de estudo, acaba dando uma arma poderosíssima que poderá
transformar seu filho em criminoso. Até certos cuidados como o fato de o videogame ser
desbloqueado é importante. Se este artefato tiver estas características esta criança pode até usar
jogos não autorizados pela família, mas o coleguinha dele disse que é muito bom e acaba
emprestando para esse jovem, transformando dessa forma em um indivíduo mais vulnerável a
aceitar e em praticar em um futuro próximo violência.

Os jogos que simulam estratégia de guerra e assassinatos em grande escala são os mais
comercializados na internet. O acesso é praticamente livre. Tem a duração de uma semana ou até
de meses de duração em que o jogador fica absorto em devaneios durante todo esse período,
tornando-se praticamente um zumbi humano só pensando em jogar e não parar mais. Todos na
sua maioria fazem a advertência da seguinte forma:

- Instale o programa se for maior de 18 anos! Caracterizado com uma tecla relativamente
grande na internet. Ora, o jovem adolescente tem as características de ser do contra, de tentar
sempre desafiar a sociedade e a todos. Quando vê uma possibilidade destas no seu computador
não demora nem sequer cinco minutos refletindo, logo clica e instala o programa e começa a
jogar.

Para a psicóloga Simone Barros Ceregatti, coordenadora do grupo de estudo da


Sociedade Antroposófica do Brasil, os jogos eletrônicos têm mais poder que a televisão de
influenciar um comportamento violento na criança e no adolescente. A especialista explica que
na TV, o telespectador apenas recebe as informações, enquanto que no videogame ele participa
das atividades, que podem ser inocentes como uma corrida de carros.

Enfim, o homem é um ser complexo e as culturas e etnias mais ainda. Existem certas
culturas na África em que a mulher é obrigada a usar um colete no pescoço para aumenta-lo no
decorrer de seu desenvolvimento de criança para a fase adulta por diversos motivos culturais. A
complexidade cultural é tamanha que se torna uma tarefa muito árdua para predizer e relatar os
fatos comuns desta fase, onde, além disso, contam os caráteres hereditários e familiares. O
recém-nascido é um ser totalmente dependente do cuidado dos adultos para sobreviver. É

153
necessário todo um procedimento dilatado de construção, de amadurecimento, de interação com
o ambiente e com as pessoas, para que esse ser se torne, de fato, homem ou mulher e se torne
independente capaz de se proteger, de cuidar de si mesmo.

A adolescência é uma etapa que antecede a idade adulta em que há a ocorrência do


questionamento dos padrões infantis aceitos anteriormente.

Piaget (1976) contribui com teorias em que o adolescente acredita que suas ideias do
mundo sejam as mais corretas e vivem em um mundo hipotético com planos irreais para o futuro.

Nesta fase ocorre a transformação física e a chegada da puberdade, incluindo a formação


da identidade até com muitas situações com a rejeição de muitas normas criadas pelos pais.

Freud (1917) coloca que o instinto sexual faz o adolescente a separar-se da família e
buscar um novo objeto de amor externo para constituir um novo grupo familiar.

Atualmente a composição e hábitos da família contemporânea têm mudado radicalmente


ao exposto por Freud. Antes era normal o rapaz ou a moça saírem de casa cedo para se casarem,
hoje em dia isso já se tornou mais difícil, pois os privilégios que são perdidos pelos filhos são
grandes.

O adolescente das décadas passadas tinha um perfil bem diferente dos encontrados na
época atual. Nessa época a trinta anos atrás, o pai era a autoridade máxima e todos deviam
respeito a ele. Não havia acesso aos meios de comunicação e a punição era severa, usava-se
cinto, palmatória, chicote, etc. Não havia uma lei que protegesse o menor de idade aos maus
tratos. Até excessos e abusos ocorriam nesta época. Sair à noite era uma liberdade para poucos
jovens, somente em festas de aniversário, batizados, casamentos é que se podia chegar mais tarde
em casa.

Já nas décadas de 60 e 70 há houve uma sensível mudança quando se admite que a


mulher trabalhe, ajudando na administração financeira da casa e com isso a diminuição
significativa do número de filhos, para dois ou três no máximo, contribuindo também para o fato
a chegada da pílula anticoncepcional.

154
Nas décadas de 70 e 80 a educação dos filhos, com a mulher se deslocando para o
mercado de trabalho, foi relegada aos avós ou até aos empregados. O poder do diálogo dentro da
família foi valorizado e a severidade foi questionada.

Nos dias atuais a influência das novas tecnologias tem afetado a conduta dos jovens e o
transformado em um homem “light”, Rojas (1994), que é aquele que só lhe interessa o dinheiro e
a informação para obtê-lo.

Há o aumento do comportamento agressivo, com até uma característica de autodefesa em


face das inúmeras mudanças dos padrões sociais encontrados. Observa-se um desejo enorme na
satisfação imediata dos desejos pessoais.

O jovem procura obter sua identidade, criando regras próprias de conduta, muitas vezes
contrária as da sociedade e das regras imposta pela família. Evita a opinião dos pais, pois
acredita, na maioria das vezes, que o caráter desses preceitos serem retrógrados.

Formiga (2005) contribui na relação encontrada em adolescentes de agressão e altruísmo


serem inatas no ser humano, devendo ser trabalhadas de forma a colocá-lo em uma dimensão de
convivência social e de satisfação.

A influência dos jogos de videogame nos adolescentes é considerada a mais funesta


possível, agindo com um aspecto muito negativo na formação da personalidade, pois os mais
usados e adquiridos são os jogos de guerra, e alguns até ensinam a atirar e a montar e desmontar
armas bélicas como pistolas, submetralhadoras e bombas, mostrando dessa forma que a maioria
das famílias vem fazendo a opção mais cômoda que é deixar o adolescente em casa, jogando
videogame sendo que na verdade estão criando um monstro gerado pelas redes sociais de jogos
violentos.

Podemos afirmar que este capítulo também contribui para a pergunta do problema de
investigação ao averiguar o uso de jogos violentos pelos adolescentes como um instrumento que
fomenta a origem da ação violenta no sistema humano contemporâneo.

155
9.Influência dos Meios de Comunicação

A mídia tem forte relevância no aumento da violência nas cidades em geral. A influência
aparece de diversas formas, tanto positivamente, quanto negativamente. O fato de vários jornais
brasileiros e latinos americanos, destacarem que a maioria dos relatos de violência ocorre entre
jovens de 14 a 24 anos é um fato importante.

Dentre a programação televisiva como novelas e filmes, valorizando a sociedade como


uma forma padronizada burguês, onde não se observam famílias pobres e apenas de classe média
ou alta, onde todos têm bens comuns do padrão vigente, como imóveis, carros, telefones e etc.
com alta tecnologia, divulgados pela TV e que de certa forma acabam funcionando como um
sonho, ou um padrão de vida inacessível a muitos telespectadores.

Percebemos que a roupa corte de cabelo e padrões de beleza exibidos na TV são


reinventados por inúmeras pessoas, como uma forma de admiração àquele ator ou atriz que exibe
tais características. Até os chamados ditados´´ ou ditos populares, são imitados até com vozes
semelhantes aos citados na TV.

Podemos observar que existem fatores positivos e negativos na sociedade em geral, onde
reconhecemos aquele indivíduo que não tem condições de fazer parte nem de um grupo exibido
em novelas e de certa forma não tem nenhuma característica com qualquer ator ou atriz exibida
em novelas ou programas televisivos. Este indivíduo, já está de certa forma alijada da sociedade
encontrando aí uma maneira ou uma ideia pretensa de ter acesso aos bens e modos exibidos na
novela e aos programas televisivos de massa. Partindo desta concepção, um grupo social,
parecido ou semelhante aos exibidos nas novelas e programas televisivos torna-se o inimigo
principal deste sujeito, assumindo uma postura de retaliação e oposição, pois jamais chegará
próximo dos padrões exibidos por este grupo. Consequentemente o olhar de revolta e retaliação
quando se deparam com grupo de pessoas pertencentes ao modelo exibido aos programas
televisivos. É como se fosse um inimigo rival ou assumindo características de inimigo ou
também denominado “alemão”, fazendo referência aos inimigos mortais da 2ª guerra Mundial os
Alemães. Dessa forma, a violência tem sido atribuída à juventude como se fizesse parte dela,
onde observamos inúmeros elementos de exclusão social e de pluralidade distinta, como

156
moradia, renda, instrução e tipos de bens que possuímos. Os jovens envolvidos em casos de
violência têm uma tipicidade especial, tem classe social diferente e residem em bairros típicos.

Em 1940 o Brasil começou a se industrializar o que provocou certa urbanização do país,


onde a população existente ou recém-chegada estava acima das necessidades das indústrias, não
conseguindo aproveitar toda a mão-de-obra excedente no mercado. Com a chegada destas
empresas, foi se instalando esgotos, luz, rede de água, pavimentação o que era necessário para
instalação das indústrias no país. Porém tal política de reformulação do estado urbano não
ocorreu em toda a cidade e os bairros mais longes ficaram fora dessa reforma sem acesso às
reformas coletivas, gerando certa discriminação aos bairros populares, fomentando a segregação
urbana e piorando o balanço espacial.

O que percebemos é que a mídia trabalha com uma forma de estigmatiza, não só dos
jovens classificados como violentos, através de reportagens, fazendo uma relação direta com a
pobreza, violência e criminalidade uma vez que nas reportagens exibidas são mostrados os
bairros do setor pobre e excluído da cidade. Geralmente são os mesmos bairros citados nas
reportagens policiais, onde acontecem os crimes e assaltos e tais ocorrências avigoram a imagem
negativa de algumas regiões da cidade e dessa maneira muitas pessoas evitam circular por essas
localidades.

Na faixa etária de 16 a 24 anos, os filmes são considerados o segundo programa mais


violento. Os entrevistados de todas as faixas etárias da pesquisa relacionada com a influência da
mídia reconhecem que há mais violência na televisão do que no bairro em que habitam.
Admitem também que resposta agressiva após presenciar cenas violentas não é indicação de que
o indivíduo se comportará violentamente no futuro.

Há quatro correntes teóricas a respeito:

i) A primeira é a norte-americana (behaviorista). Associa a ideia do comportamento


agressivo influenciado pelos programas televisivos;

157
ii) As investigações longitudinais com permanência de 30 anos realizadas pela Universidade
de Michigan, que sugerem uma analogia entre a programação violenta assistida ao longo da
infância e o comportamento violento na fase adulta;
iii) O estudo da London School, (ANDI). Procurou compreender a influência da mídia no
domínio da vida familiar. A investigação mostrou que crianças e adolescentes não trocam as
relações afetivas pela televisão. Mostrou também que as crianças reagem mais agressivamente
após assistirem conteúdo violento;

iv) A corrente de pensamento, a latino-americana (sociológica). Análise que ressaltam papel


representado pelas telenovelas nos processos de socialização da população feminina na maioria
dos países.

158
Podemos ressaltar o estudo de Morduchowicz (2008), com crianças e adolescentes de
famílias de baixa renda da periferia de Buenos Aires. A programação televisiva leva ao diálogo,
à comunicação e ao convívio. Para essas crianças e adolescentes, a TV se torna uma
organizadora da rotina familiar e uma fonte de aprendizado tanto social quanto cognitivo.

De acordo coma a pesquisadora Njaine (2004) onde realizou entrevistas com um grupo de
33 adolescentes do município de São Gonçalo (RJ), ouvidos em estudo qualitativo realizado em
2003, asseguraram que, quando a mídia noticia crimes cometidos por jovens suspeitos de
envolvimento com drogas, a terapêutica é caracterizada conforme com a classe social. Os
burgueses são abordados com uma espécie de tratamento que busca esclarecer o crime pela
feição psicológica. Já para os jovens pobres o esclarecimento é a anseio pelo dinheiro e bens
materiais.

Segundo Cardia (1999) em sua pesquisa sobre Atitudes, Normas Culturais e Valores em
Relação à Violência observou o uso da mídia eletrônica em dez capitais brasileiras a televisão é a
mídia mais usada por todas as faixas etárias e principalmente por crianças e adolescentes.
Confirmou a intensidade da utilização da televisão em todas as cidades e faixas etárias
analisadas.

Segundo a pesquisa, realizada em 1999 pelo Centro Latino-Americano de Estudos de


Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES), na cidade do Rio de Janeiro, os 1.220 jovens de
diversas classes sociais e raças entrevistados avaliam a crueldade da polícia contra jovens da
periferia à alastramento de juízos estereotipados que os meios de comunicação instituem.
Apontam os jovens negros e aqueles que, são imediatamente enquadrados como marginais e que
só aparecem na televisão quando estão envolvidos no mundo do crime.

Na concepção de Bourdieu (1997) todos os campos sociais e culturais estão sobre a


influência da mídia que atua com uma forma de violência simbólica, onde a busca pela notícia
em ‘’primeira mão’’, atrelada à lógica comercial, impulsionam uma busca desenfreada pela
narração e comentários de desastres, buscando a atenção do telespectador.

159
Há um interesse geral do público em saber como os crimes aconteceram, o que sucedeu,
como foi feito, revelando todo o aspecto facínora dos assassinos e criminosos participantes
narrados pelos jornalistas. É o que impulsiona as vendas. Estamos cansados de ver manchetes
trágicas de jornais impressos e televisivos. Todos os dias têm diversos tipos de notícia que tem
como imagem central a violência. Dessa maneira a mídia pretende persuadir o leitor daquilo que
acha necessário opinar e debater.

Segundo Adorno (1995) a imprensa produz a chamada espetacularização da mídia


produzindo maior foco ao crime e ao criminoso em contradição a outros problemas sociais mais
relevantes que precisariam ser discutidos.

Na concepção de Strasburger (1993) verificou que o impacto da violência mostrada na


mídia aos adolescentes contribui para uma relação significativa para a transformação em
violência real, colaborando para que as condutas antissociais.

Rolim (2006) investiga o fato das condições de possuirmos o contato direto através de
jornais ou TV nos faz mais próximo do limite que não pode ser explicado. O que nos
proporciona uma maneira de contornar nossos impulsos mais íntimos e inatos.

A provável explicação é que quando as pessoas através da mídia tomam conhecimento


desses atos violentos sentem-se aliviadas em saber que são pessoas desconhecidas de seu
convívio que são autoras dessas atitudes violentas e que pertence a um grupo mais seleto
caracterizado pela boa índole, pois é incapaz de praticar tais atos criminais. É uma espécie de
autoafirmação de sua conduta.

Bandura (1965) tentou modelar o comportamento com três experimentos na aquisição de


novos conhecimentos e a sua importância no futuro próximo. Testou três grupos. Um de modelo
recompensado que assisti um homem agressivo na TV recebendo doces como recompensa; outro
grupo de modelo punido, em que o agressor recebia punições na TV por ser agressivo e um
último grupo que não assistia a nenhum tipo de cena no filme. Após essa etapa cada grupo foi
conduzido a um cenário contendo o mesmo brinquedo do filme, três bolas e um bastão e vários
brinquedos que não foram exibidos no filme. As crianças que foram submetidas às cenas de
violência imitaram o mesmo modelo de agressão, ao passo que as outras que não tiveram contato

160
com nenhum dos filmes apresentaram condutas não imitativas e sem agressividade. Essas
atitudes foram observadas por sujeitos posicionados atrás de um vidro espelhado, ocultas de
outras pessoas. Podemos perceber que esta teoria comprova que os telespectadores aprendem e
internalizam com os modelos propostos pela TV, principalmente aquelas programações de
filmes, novelas, seriados que despertam o fascínio que a violência exerce pautando os atores
envolvidos como heróis recompensados ao usarem atos violentos para solucionar os diversos
problemas apresentados.

Observamos que os adolescentes têm a sua opinião e decisões que são facilmente
manipuladas pela imprensa que estimula ações, desperta atitudes, comportamentos e interfere
claramente na formação de opinião. Dependendo do caráter da empresa divulgadora influenciar
positivamente ou negativamente.

Três modelos teóricas têm sido empregues par pesquisas relacionadas a violência na
mídia:

i) Aprendizagem Social BANDURA (1965). As crianças imitam e aprendem o que veem na


tela, e mostra que a agressão é aprendida nas idades menores de 10 anos.

ii) Script Huesman (1986). São cenas e modelos de atitudes que ficam gravadas na memória
e são usados como guias para o comportamento.

iii) Efeitos Preparatórios Berkawitz (1984). Relata o fato de que um expectador estaria mais
propenso a praticar atos agressivos na vida real, pois a sua família ou grupo social a
qual pertença à prática de atos violentos.

Segundo a pesquisadora Melo Flores (1999), investigou a Argentina na década de 80 com


2000 crianças e percebeu que eles se relacionavam, utilizando atitudes divulgadas pela mídia
televisa e que uma dessas atitudes é a agressão, formando-se uma espécie de código de consumo
entre as crianças mais jovens.

161
Na perspectiva de Snyder (1995) dois processos podem desencadear e propagar a
violência entre os jovens na exibição de programas concebendo a formação embrionária da
delinquência:

i) Desinibição: ocorre quando atos violentos em filmes são aceitos e compreendidos como
justificáveis contribuindo para o aumento dos atos violentos de quem assiste.
ii) Dessensibilização: São quando existem jovens predispostos a aceitar um comportamento
delinquente em diferentes pessoas acrescendo a sua vontade de agir através de
atitudes e comportamentos violentos após a exposição a cenas de agressão.

Os heróis de filmes violentos como Arnold Schuatsneguer, Stallone, Van Dame, Wagner
Moura, explicam seu comportamento violento por estarem em defesa de valores associados à
comunidade local, ao país, o que permite aos sujeitos que assistem tais programas a possibilidade
de não considerar estas condutas hostis como desviantes admitindo adotar como a maneira
adequada de resolver seus problemas particulares.

Existe um diferencial entre a propagação da violência entre meninos e meninas. Para as


moças desde a sua criação ela não encontra na maioria das vezes justificativa para tais atos, onde
o que pesa é a expectativa de sucesso do comportamento agressivo. Além do que, diferentemente
dos rapazes, dificilmente encontra modelos aos quais se inspire e identifique.

Segundo Aristóteles (1989), acredita que o ser humano ao presenciar cenas violentas,
liberava sua agressividade realizando uma catarse. Na hipótese de Aristóteles ter a sua teoria
como correta, hoje em dia, estimular crianças agressivas a assistirem programas agressivos na
TV poderia vir a atenuar os níveis de condutas violentas, contudo as inúmeras pesquisas falam
ao contrário.

Na concepção de Schwitzgebel (1975) os terapeutas de delinquentes têm relatado uma


série de fracassos, pois tentaram ensinar seus pacientes a serem felizes em um meio social hostil.
É uma contradição. Não há um nexo com a realidade. Ocasionando até uma revolta do paciente
com o terapeuta. O ambiente urbano em que vive no qual a agressão ocorre com maior
intensidade não associa os fatores neutralizadores do comportamento hostil, provavelmente
disseminada pelo stress dos grandes centros habitacionais, com carência em vários tipos de

162
necessidade, como por exemplo, a alimentar, inviabilizando qualquer tipo de proposta de
contenção da agressividade por exteriorizar uma forma legítima a sua discordância com a
situação em que vive.

A percepção para muitos diverge em muitos aspectos. Um cubo colorido, desenhado no


papel muda de aspecto, segundo como é visto de baixo ou de cima ou lateralmente. Quem olha
por baixo, pode por assim dizer, viu uma face amarela, quem olha por cima pode ver uma face
azul, onde dessa maneira a aparência que nos é exibida adquire forma e sentido no comando. Se
se vê aquilo que julgamos, como perceber a opção verdadeira da opção falsa

Na concepção de Merleau-Ponty (1999), como explicar que o louco acredita ver aquilo
que não veem de forma alguma Onde está a diferença entre “ver” e “crer que se vê”

A mídia como um todo tem forte atuação sobre a população e aqui no Brasil
estigmatizado pela televisão em que o modo de viver das pessoas é influenciado pelas
telenovelas criando uma espécie de sociedade moldada pelos pensamentos do escritor de novelas
e seriados, e aqueles que não se adequam aos padrões do momento podem sofrer discriminações
sociais.

Com o decaimento da mortalidade infantil e o avanço populacional nas últimas três


décadas o número de adolescentes tem aumentado consideravelmente por ser uma idade
transitória entre a criança e o jovem onde inúmeros desejos novos são impostos pelo grupo social
a qual pertence o que impulsiona muitos para a criminalidade por não possuírem condições de
satisfação pessoal da proporcionalidade social a que se encontram.

Esse desvio é revelado pelo gráfico do IBGE (2012), fig. 26, onde a quantidade de
homicídios por 100 mil habitantes atinge o ápice na idade dos 16 aos 24 anos, sendo o número de
homicídios mais acentuado entre os homens negros pertencentes a essa faixa etária. O avanço
seria derivado às características das características específicas do grupo de consumo ao qual
pertencem o que não ocorre proporcionalmente ao seu poder aquisitivo.

A contribuição de Ropper (1991) faz referência aos adolescentes homicidas e conclui que
a maioria é oriunda de famílias com relação pregressa associadas a violência.
163
Bandura (1965) tentou modelar o comportamento dos jovens menores de dez anos ao
assistirem vários tipos de programação televisivas com cenas associadas a violência e outro
grupo sem qualquer tipo de contato a um programa violento. Conclui em sua pesquisa que os
jovens que não possuem contato apresentaram conduta não imitativa e sem agressões ao passo
que o grupo que tiveram contato com os programas violentos imitaram o mesmo modelo de
agressão.

Na perspectiva de Snyder (1995) a influência da mídia age sob dois aspectos: desinibição,
quando os atos violentos em filmes são aceitos e internalizados como atitudes certas e a

dessensibilizacão, quando acreditam serem normais esses atos violentos em filmes sendo um
modelo de conduta aceita como normal.

Percebemos que a influência da mídia tem sido determinante no avanço do índice de


criminalidade, sendo considerada como um modelo negativo em muitas atitudes e
comportamento dos jovens na nossa realidade contemporânea.

Agora será estudada a violência através de pesquisas quantitativas com dados coletados
através de questionários e entrevistas entre os alunos, professores e direção das escolas
envolvidas nesta pesquisa.

164
10. Método de Investigação

A metodologia de pesquisa foi do tipo qualitativa-quantitativa com o enfoque na


compreensão e a inserção do pesquisador no ambiente de trabalho será usada nesta tese, com a
observação direta através do trabalho continuado durante um ano usando questionários aos
alunos, entrevista aos pais, diretores, professores e coordenadores.

O processo de pesquisa terá a contribuição de diretores, coordenadores pais, professores e


alunos integrantes do bairro da Pedreira.

A observação foi direta e indireta de todo o comportamento dos alunos, pais e professores
nos três turnos da escola, relacionado à violência e ao uso de entorpecentes durante vinte meses
de investigação, no período de 10 de agosto de 2013 até 10 de junho de 2015.

A Entrevista foi realizada com todos os sujeitos envolvidos no processo integrante ao


tema deste trabalho: diretor, vice-diretor, professores, pais, coordenadores, alunos. Esta
conferência foi elaborada com o maior cuidado possível, apropriada à faixa etária e ao grupo a
ser investigado.

Teve três objetivos do método:

O primeiro objetivo foi representado pelos resultados apresentados do primeiro


questionário, total de 70 análises, que foi divulgado e distribuído aos alunos e teve como
importância essencial relacionar o envolvimento do aluno com grupos marginais de seu entorno,
como convivência íntima, como irmãos pais, ou convivência externa, como parentes amigos e
conhecidos que estabeleceram uma posição e impulsão a atividades criminosas e envolvimento
com o tráfico.

O segundo objetivo foi representado pelos resultados do segundo questionário que


divulgado e distribuído aos alunos que explorou a característica da personalidade, segundo um
padrão preestabelecido em uma escala de valores chamada de PCL-R26, onde se estabelece uma

26
Escala PCL-R: Também chamada de Escala Hare. É uma escala de valores que quantifica a possibilidade do
sujeito ser ter um transtorno parcial ou global de personalidade.
165
possível compatibilidade aos transtornos parcial ou global de personalidade. Na pesquisa
realizada, usando-se o 2º modelo de questionário, o que analisa o perfil psicológico, tomou-se
por base o total de 100 questionários indicando a soma total de cada item observando o total de
200 pontos para a indicação máxima. Cada escore possui a pontuação de 0 (zero) não possui essa
característica, 1 (um) talvez possua, 2 (dois) Sim, possui essa característica e “x” (omitido). A
somatória de valores baseou-se na escala HARE (2004), onde a informação como omissão é
interpretada como sendo sim, com pontuação (2) dois pontos.

O terceiro objetivo foi representado pelo questionário distribuído aos professores, na


semana pedagógica, que contou com 15 participações e contribuições acerca do tema que
tiveram com importância fundamental apontar possíveis soluções para minimizar o problema da
violência no ambiente escolar.

Foi realizada também entrevistas com alunos que cumprem medidas socioeducativas que
assistem aulas no período da tarde, com a participação de cinco, ex-detentos da Divisão de
Atendimento a Adolescentes (DATA), na cidade de Belém. Esses alunos estão matriculados na
4ª Etapa do Ensino Fundamental da tarde da Escola Maroja. Nesta entrevista foi especialmente
direcionado sujeitos identificados como mais indisciplinados envolvidos com entorpecentes,
investigando a partir de quando este comportamento mudou a participação da família e amigos
envolvidos neste processo o fator econômico, a condição de vida e empregabilidade dos pais e
parentes, o hábito social da família, se existe um chefe de família, o nível de estudo dos pais, a
relação e inserção social, o uso de bebida frequente de pais, irmãos e parentes.

O principal instrumento de pesquisa foi o questionário, pois com campos previamente


definidos, muitos questionamentos são respondidos rapidamente estimulando o sujeito
entrevistado a participar mais ativamente. O fato do instrumento já ter caracterizações e
perguntas previamente formuladas e respondidas, bastando o sujeito assinalar qual a opção é
desejada, pode conter imperfeições se a resposta original não se encaixe em nenhuma das
apresentadas previamente. Para conter e corrigir este problema, nestas perguntas que tem várias
opções de resposta, foi sugerido ao entrevistado acrescentar as particularidades no campo das
observações.

166
Como o grupo pesquisado e envolvido com violência é o jovem na faixa dos 12 aos 22
anos e estão estudando a maioria no ensino fundamental, estes sujeitos, apresentam certa timidez
para escrever os seus problemas diretamente no papel, sendo esta característica atribuída a dois
fatores centrais: medo de escrever errado (não sabe escrever direito) e receio de colocar suas
reais intenções no papel, temendo por represálias.

As entrevistas a adolescentes mostraram-se pouco produtivas. O entrevistador acabou se


transformando em um provável detetive, aos olhos do entrevistado, e acaba passando como se
fosse um interrogatório, onde é proposta a pergunta e o jovem responde apenas, sim, não ou não
sei dizer. De um grupo de 22 entrevistados apenas dois contribuíram eficazmente, sendo que não
faziam parte do grupo de risco. A lei do indivíduo que delata nos bairros pesquisados é muito
clara. É morto. Com a mínima suspeita recaindo sobre ele já é suficiente para condená-lo a
morte. Por isso o questionário mostrou-se ser um instrumento mais eficaz nessa pesquisa, uma
vez que é proposto não ser identificado.

As entrevistas com os funcionários da escola mostraram-se produtivas, por realmente


contribuírem com o problema. Foi apresentado a esta pesquisa o total de cinco entrevistas dos
funcionários mais envolvidos com o problema e onde a sua convivência e rotina de trabalho é
extremamente prejudicada pela violência escolar.

Com relação ao tipo de questionário, foi realizado com perguntas e respostas em formas
de alternativas cujo entrevistado deveria assinalar a que mais se relaciona diretamente com o seu
perfil. Também a perguntas no questionário que sugerem mais de uma alternativa a ser
assinalada, de acordo com o perfil do investigado.

Aos alunos, dois tipos de questionários foram explorados. O primeiro que explora a sua
situação de convívio e condições sociais próximas ao efeito da criminalidade, pesquisa realizada
no período de 10 de agosto de 2013 até 10 de dezembro de 2014, totalizando 70 questionários. O
segundo explora a sua situação psicológica, atribuindo a este aluno um padrão psicológico
incentivado pelas perguntas e respostas apresentadas a fim de enquadrá-lo primariamente na
escala PCL-R como transtorno global ou parcial de personalidade, pesquisa realizada no período
de 10 de janeiro de 2014 até 10 de junho de 2015, totalizando 100 questionários.

167
Aos professores, foi feita uma entrevista individual, a uma professora, no dia 09 de
dezembro de 2014, justamente pelo perfil do aluno de sua convivência, e pelo tempo de
permanência desta profissional com os sujeitos de pesquisa, onde os questionários destinados aos
alunos mostraram elementos essenciais de contorno a esse nicho específico de alunos, que se
alocam na Escola Maroja Neto, estudam no período da tarde e são alunos estudantes do EJA (4ª
Etapa)27.

Foi realizado um encontro pedagógico no período de 02 a 06 de março de 2015, na


Escola Maroja Neto, com o total de quinze professores, onde a participação dos profissionais da
educação, no contexto sobre a violência escolar, foi gravada e questionários foram distribuídos,
onde a contribuição particular dos professores apresentou importante relevância ao tema. Este
questionário destinado aos professores apresentou duas partes, uma de perguntas e respostas a
fim de aloca-lo em um perfil de formação específica de sua área e o contato com o problema de
violência e outra parte destinados à sua contribuição pessoal e sugestão de mudanças a fim de
minimizar o problema da violência no ambiente escolar.

27
4ª Etapa de Ensino: Refere-se à modalidade de ensino supletivo do ensino fundamental, aludindo-se aos estudantes
da 7ª e 8ª série, com idade acima de 14 anos
168
10.1.Contexto da Investigação

A pesquisa foi realizada na cidade de Belém, Estado do Pará, Brasil, especificamente no


bairro da Pedreira, nas escolas Estaduais da Região, Maroja Neto e Santo Afonso.

Belém foi fundada em 12 de janeiro de 1616, por Francisco Caldeira Castelo Branco e
teve começo na área onde hoje é o atual Forte do Presépio indo até o centro comercial
e ao bairro da Cidade Velha, forma que durou até o início do século XIX, quando já
era entendida como a Metrópole da Amazônia por seu valor na economia da época,
marcando o primeiro passo da divisão sócio espacial da cidade. (Costa, 2009).

Por volta de 1910 e 1930 o espaço urbano possuía uma estreita faixa de terra posicionada
entre a orla e um mangal que oferecia uma barreira natural ao desenvolvimento. A partir de 1940
e 1950 a cidade, atingiu apreciável expansão, apresentando como propriedades: a) inclusão das
áreas de baixadas à estrutura urbana da cidade; b) saturação das áreas centrais com a construção
de passagens e vilas c) fundação de indústrias, conjuntos habitacionais.

Na década de 1950 a ocupação do conjunto de áreas institucionais no entorno das bases


aérea e naval, a Universidade Federal do Pará e a Universidade Federal Rural da Amazônia
formou um “cinturão institucional” que serviu de obstáculo à expansão urbana.
Consequentemente, a contorno das chamadas “áreas baixas”, aproximou uma ocupação
alavancada pela oferta de bens, serviços e empregos que a região central oferecia. Como
consequência, as “baixadas” dilataram-se com elevada densidade populacional.

A ocupação das “baixadas” em 1970, importava 40% da área urbanizada de Belém e estes
métodos de desenvolvimento com os municípios vizinhos levaram, a implementação da lei
federal, em 1973, da Região Metropolitana de Belém. Já em 1980, a ocupação dos vácuos
urbanos foi estimulada pelos proprietários de terra, cobrindo indenizações e a promessa de
regularização fundiária para os ocupantes. Dados do IBGE evidenciam que a dinâmica
populacional de 1991 a 2000 reforçou o crescimento das áreas periféricas. Os municípios da
Região Metropolitana desenvolveram de forma expressiva frente à capital, Belém.
Abaixo segue o mapa da cidade de Belém, figura 26 e 27, com seus respectivos bairros e
a indicação do bairro em que a investigação ocorreu:

169
FIGURA 26. Mapa da cidade de Belém. Fonte IBGE

170
BAIRRO
INVESTIGADO

FIGURA 27. Mapa da cidade de Belém, ampliando o posicionamento do bairro da Pedreira.

171
As áreas mais sobrecarregadas em população são anexas ao Centro: Jurunas, Condor,
Cremação Pedreira e Umarizal. A análise da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais)
obtida pelo Ministério do Trabalho, para o período entre 1998 e 2002, marcou que Belém detém
cerca de 51% de todo o emprego originado no Pará.

O princípio da ocupação do bairro da Pedreira no século XIX aconteceu pelas camadas


mais pobres, as quais, gradativamente, foram perdendo espaços nas áreas centrais da cidade
levando-as para a periferia. Estes locais não apresentavam as mínimas qualidades de moradia,
pois correspondiam a áreas alagadas. O médico Pedro Miranda, passou a sanear os lugares
alagados que exibiam nenhuma infraestrutura.

O bairro começou na época do intendente Antônio Lemos, cujo governo durou de 1897 a
1911, quando foram demarcadas as quadras e as ruas do bairro da Pedreira, local que serviu de
esconderijo para as populações discriminadas. O bairro oferece particularidades importantes
como supermercados, lojas, agências de banco, feira livre, assim, a população encontra serviços
urbanos essenciais para a sua vida diária. Ultimamente o bairro é o segundo mais populoso
ficando atrás do Guamá e de acordo com IBGE de 2010 e com 69.608 habitantes.

A origem histórica da violência no bairro da pedreira, em Belém é de pessoas humildes


que por volta de 1911 este local servia para esconderijo da população discriminada e atualmente
é o mais populoso ficando atrás do Guamá de acordo com o IBGE 2010.

A partir da discriminação do local de investigação, onde a origem histórica foi colocada


partimos para a apresentação do problema de investigação onde são pautadas as principais
formas de como o problema da violência vem a ocorrer.

172
10.2 Entrevistas

10.2.1 Entrevista Individual

Abaixo é apresentada a entrevista com a professora que possui maior contato com o
grupo pesquisado com características mais propícias a violência de acordo com a análise dos
questionários individuais trabalhados com os alunos. São estudantes da 4ª Etapa do Ensino
Fundamental do período da tarde da Escola Maroja Neto, bairro da Pedreira na cidade de Belém,
Estado do Pará, Brasil. Foi realizada na sala dos professores da escola no dia 09 de dezembro de
2014 no horário das 19:40min. Entrevista coma a Professora Valdea Castro:
i) Professora em quais turnos a senhora trabalha aqui na escola

- Trabalho nos três turnos.

ii) Em qual deles a senhora vê a violência escolar mais presente

- No turno da tarde. Parece que a escolha dos alunos envolvidos em tráfico de drogas ou
em outra atividade subversiva pelo turno da tarde, até pelo próprio depoimento deles é que a
tarde eles estudam, vai para aula, à noite participam das atividades criminosas, que segundo eles
é o trabalho e pela parte da manhã dormem.

iii) Como você caracteriza esse problema, existe uma causa, uma origem

- O problema é mais social. O aluno mora em uma região em que residem vários
traficantes, usuários de drogas e outros criminosos. Os seus familiares são envolvidos com estes
problemas. Para ele é normal praticar crimes e assaltos e usar drogas e vender também. Foi
criado nesse meio.

- Quando pedimos para o pai ou a mãe vir a escola, muitas vezes ouvimos a resposta que
o pai ou a mãe estão presos ou morreram e quem cuida da família é a avó ou a tia ou outros
parentes.

173
- Para eles é uma espécie de estatus se envolver no crime. É como se fosse um trabalho
importante que lhes colocam em uma escala de valores mais importantes que os demais.

- Para as moças pertencentes a esse grupo gostam de se relacionar com elementos em que
se destacam perante os outros. É o que rouba mais, o que mais trafica, o elemento que tem uma
maior fama de ruim. Além de se envolverem com estes marginais ainda existe uma série de
disputas entre elas. Uma que pleitear o namorado da outra, pois assim fica mais valorizada
perante as outras moças.

- No fundo esses alunos envolvidos com o crime são sensíveis. É a mãe que morreu cedo
por uma série de fatores como, AIDS, tráfico, roubos e etc. O pai muitas vezes está preso e quem
cuida e dá assistência é a vó ou outros parentes. Como são muitos familiares a vó cuida de cinco
ou seis crianças eles não conhecem o sentimento de carinho e afeto com a pessoa deles. Tudo é
escasso, a comida a roupa e o dinheiro.

- Há certas mães que quando o filho é liberado mais cedo, por algum problema de falta de
professor ou falta de água na escola ou merenda, está vem até a escola querer tomar satisfação,
pois não quer o filho em casa mais cedo. Ele representa para ela uma dificuldade e acha que a
escola é a responsável por tudo. Como se fosse certo transferir tudo para a escola.
iv)A senhora vê uma solução para a Violência Escolar

- Dependemos de políticas sociais e públicas que minimizem o problema. Um programa


que pode dar certo são as escolas em tempo integral. Acredito que estes alunos por não terem um
convívio social seguro, talvez se em maior contato com a educação, em vez de cinco horas
diárias o aluno passasse dez horas quem sabe conseguiríamos mudar um pouco as atitudes e
personalidades criminosas.

- O maior problema é que quando chega a casa entra em contato novamente com as
atitudes e desvios da sociedade em que vivemos e para ele dizer que não quer participar torna-se
extremamente difícil. Muitas vezes a família é sustentada por criminosos que até tem o controle
sobre a atividade policial.

174
- Percebemos que a violência fica condicionada a atividade da polícia e de programas
sociais que possibilitem esse grupo a outro meio de sobrevivência que não às drogas e roubos.
Talvez uma espécie de cooperativa de trabalho que encaminhasse estes indivíduos ao emprego
ou até uma atividade empreendedora que fomentasse a ideia de abrir uma micro e pequena
empresa que a partir daí fosse implementado novos empregos e meios de sobrevivência que não
as atividades criminosas.

Aqui nesta entrevista vemos o retorno ao posicionamento de Gimeno (2000), que


menciona o conceito de escolarização que é confundida pelos pais que tem o dever de educar em
1º lugar e não entregar ao poder público todos os seus compromissos com os filhos. A professora
lembra com a sua contribuição pessoal o que Couto (2008), coloca com relação a chamada
“Territorialização Perversa”, onde o local se fecha a participação do Estado e os elementos
constitutivos deste micro sociedade passam a ser os criminosos e os traficantes.

175
10.2.2 Entrevista em Grupo (Professores)

Estas entrevistas foram realizadas na semana de 02 a 06 de março de 2015, na escola


Maroja Neto no turno da noite durante a semana pedagógica, figura 28. Participaram desta
entrevista os professores (a):

Rosane Freitas, Silvio Lucas, Maria das Graças Oliveira, Lucia Abrantes, Lucilene Neiva,
Andrey Marcel Costa Pinheiro, Alexandre Bezerra, Dulce, Marcilene Braz, Thompson Prado,
Roberto Carlos Andrade.

FIGURA 28: Semana pedagógica da Escola Maroja Neto, bairro da Pedreira, onde foi debatido o tema
Violência no Ambiente Escolar.

176
Dentre os itens apresentados, os que tiveram maior relevância e debate intenso foram os
seguintes:

i) O que a direção da escola poderia fazer para minimizar a entrada de elementos estranhos
ao ambiente escolar

- Fiscalização por parte de todos

- Não depende da direção da escola (exclusivamente) é difícil impedir que estranhos pulem os
muros da escola.

- Promover um projeto em parceria com a comunidade local e expor a situação de insegurança

- Tornar obrigatório o uso da carteirinha de estudante e do uniforme e solicitar os dados


documentais dos visitantes

- Aumentar a vigilância no portão principal e nos corredores

ii) O que a direção da escola poderia fazer para minimizar a violência dentro da escola,
como brigas, furto de dinheiro, celular e outros objetos 

- Enfrentando e reunindo com os alunos;

- Promovendo programas educativos de valorização da vida

- A escola deveria ter mais inspetores;

- Sensibilizar pais, responsáveis e alunos a fim de socializar metodologias pautadas em valores


humanos e éticos com o objetivo de apresentar as questões morais que permeiam tais atitudes
dentro ou fora do ambiente escolar;

- Fazer reuniões com os pais e professores com maior frequência


- Ser mais enérgico das tomadas de decisões e principalmente as de enfrentamento;

177
- Diminuindo a liberdade e a falta de compromisso dos alunos ditos “delinquentes”, marcando
corpo a corpo esses alunos, para que não permita que eles instalem o pânico e a violência;

- Ter inspetores para fiscalizar a permanência destes alunos dentro da sala de aula;

- Que cada professor dê a sua contribuição trabalhando os valores (a formação do caráter do ser)

- Projetos sociais mais amplos que estimulem o esporte como integração, dança teatro.

Na concepção de Zaluar (1994) a escola apresenta hoje uma dupla dimensão, com
violência física, demonstrada por bandidos e traficantes que frequentam a escola como também a
violência que se exerce com o poder das palavras, que oprimem e destroem psicologicamente o
outro.

Perrenoud (2001) também contribui no intuito que a escola não é feita apenas de saberes
a serem ensinados e exigidos e que o choque cotidiano das culturas pode influenciar o fracasso
escolar.

iii) Existe alguma relação entre os fenômenos de falta de qualidade educacional e a violência
na cidade de Belém

- Sim, os alunos não se concentram nas atividades escolares, uma vez que as suas preocupações
são nas atividades extraclasses;

- Sim, Baixa qualidade educacional e empregos com baixos salários motivam violências como,
por exemplo, assaltos;

- Sim, pois a base de tudo é a família e se as famílias estão desestruturadas os jovens estarão
suscetíveis a violências;

- Sim, já que a falta de produtividades destes alunos em todos os setores, não só no educacional
estimulam as desarmonias e divergências que resultam em violência que permeiam as
desagregações sociais, gerando indivíduos instáveis em qualquer contexto social;

178
- Sim, sem uma estruturação adequada e equipada, jamais teremos um rendimento bom;

- Sim, sem qualidade educacional se perde o interesse pela escola, desiquilibrando fatores sociais
que vão desde a economia até a cultura de um povo;

- Não, o que falta é a estruturação da escola, proporcionando um bem-estar na sala de aula;

- Em parte sim, mas o fator principal é a formação inicial dos alunos que se encontram com as
famílias desestruturadas;

- Sim, pois a violência de fora da escola termina adentrando no ambiente escolar.

- Sim, quando a falta de qualidade for ao sentido de a escola não ter aulas, com horários livres,
deixando o aluno ocioso para fazer coisas erradas;

iv) Há maneiras de detectarmos a origem da violência advinda dentro das escolas de Belém

- Às vezes a violência tem várias formas e causas, como rixas, drogas e lideranças. Dessa forma
é necessário especular o motivo;

- Sim, basta que a escola tenha profissionais como psicólogos, assistente social; sociólogos e
uma equipe técnica presente;

- Sim, pois a violência pode vir de situações sociais diversas, desde as camadas mais carentes da
sociedade até as mais favorecidas financeiramente, visto que a violência nas escolas se manifesta
pela falta de dinheiro para as necessidades básicas, como alimentação, tráfico de drogas e de
armas onde já foram instaurados nas escolas;

v) A miséria, a falta de recursos, a falta de emprego, o uso de entorpecentes e a falta de trabalho,


torna a violência mais marcante como isso funciona dentro da escola

179
- A miséria promove a ociosidade que faz com que a concentração mental dos alunos seja
voltada para a criminalidade, visto que para ele esse caminho é mais fácil;

- O comportamento do aluno fica alterado o que influencia no comportamento do grupo escolar;

- Sim, ocorre pela falta de profissionais habilitados para detectarem e através disso agir com as
famílias, chamando os pais para dentro da escola;

- Sim, os alunos são recrutados pelo tráfico de forma a viabilizar a entrada das drogas dentro da
escola;

- Sim, a escola acaba se tornando uma válvula de escape para os transtornos enfrentados pelos
alunos;

- Sim, esses indivíduos deveriam preservar e organizar o espaço em que vivem e estudam
promovendo o respeito mútuo entre si e não criando e expandindo sistemas que visam a
competividade entre seus pares;

vi) Em sua opinião o que os governos poderiam fazer para diminuir a violência nas escolas

- Colocar profissionais adequados, como psicólogos, sociólogos, advogados e pedagogos;

- Um quadro representativo de policiais dentro de cada escola;

- Investir em educação, não só para a formação curricular, mas para o mercado de trabalho;

- Estruturar as escolas com melhor ambiente físico e pedagógico com profissionais habilitados a
trabalhar com as diversas especificidades dos alunos;

- Capacitar o corpo escolar em melhor harmonia com a comunidade e aprimorar o ambiente


físico da escola de forma a torna-lo mais prazeroso;

180
- Talvez o caminho seja a escola de tempo integral, com a promoção de atividades que
estimulem o aluno na aquisição de novos conhecimentos para o exercício de sua cidadania;

- Criar uma maior motivação dentro da escola através do incentivo a participação de oficinas,
cursos técnicos e etc.;

A falta de funcionários para suprir a escola de inspetores para promover a fiscalização em


todos os turnos, como também de gestores nos horários compatíveis com ao do início e do fim
do turno das aulas tem contribuído para a manutenção e aumento da violência no ambiente
escolar.

Faltam regras, e autoridade para impô-las e manter a escola e seus componentes. Os


inspetores não têm formação específica, muito não tem autoridade para chamar a atenção de um
estudante, da mesma forma gestores, que apresentam o mesmo problema. A indisciplina ocorre
por inúmeras razões, e uma delas é a falta de professor no horário pré-estabelecido. O que parece
acontecer de acordo com as entrevistas aos professores é que faltas não são remetidas à
Secretaria de Educação e muito menos os atrasos. Com isso há uma espécie de incentivo às faltas
e aos atrasos injustificados em sala de aula.

Com relação ao perfil investigado ele nós fazemos retornar aos problemas educacionais
ocorridos na Inglaterra na década de 60. Não se sabia qual currículo adotar. Ir-se-ia privilegiar a
maioria ou alguns grupos pequenos detentores do poder. Aqui nesta escola, as medidas
educacionais da atualidade se assemelham aos problemas dessa época. Temos tantos perfis
educacionais de alunos problemáticos que tem uma enorme resistência ao estudo, que nos faz
voltar a Época de Bantock e Willians.

Temos que enfrentar o novo debate necessário ao currículo. De um lado temos a


referência usada como padrão aqui no Brasil, as ideias de Raymond Willians, que defendia a
existência de um currículo escolar comum que permita a todos terem o acesso a elementos de
tradição cultural da sociedade. A princípio é o modelo que usamos, porém recaímos no problema
e na falta de comunicação existente na proposta elencada por Bourdieu que ao tratarmos os
alunos iguais em direitos e deveres, estamos praticando a indiferença às diferenças. Estamos
favorecendo os favorecidos, portanto reproduzindo as desigualdades.

181
Pelos grandes problemas postulados na nossa educação, voltamos e regredimos nas ideias
de Geoffrey Bantock, escritas por Forquin (1993) onde separa uma educação mais elitizada para
as classes favorecidas e para as classes populares uma educação mais física e emocional, voltada
para as artes, música e dança.

Teríamos que voltar a ter exames de seleção em que poderíamos avaliar a dificuldade
individual de cada um e a partir daí encaminharíamos para uma escola mais apropriada ao seu
perfil. Estaríamos incorrendo na seletividade obrigatória, contrariando muito princípios da
cultura tradicional presente em nossa época. Provavelmente a classe elitizada jamais iria suportar
a ideia de seu filho ser posto junto a pessoas de classes menos favorecidas, muito embora os
rendimentos escolares de seu filho sejam inferiores aos padrões almejados. Neste caso o capital
cultural fala muito mais forte. Os pais preferem ver o filho sofrendo e tendo que pagar um aporte
educacional por fora elevado do que a ver seu familiar colocado junto a outras crianças de
capacidade inferior.

182
11.Resultados

Transformando-se o meio natural em que vive o homem, através da carência, por


exemplo: falta de alimento, espaço físico de sobrevivência insuficiente, privação do afeto,
exclusão dos cuidados parentais, provocando-se dor física, alterações das condições psicológicas,
como abuso sofrido na infância, são razões possíveis de uma forma como se determina um
sujeito propenso a ser agressivo na medida em que for comparado com outro que vive em
condições sociais favoráveis ao seu desenvolvimento natural.

Segundo Njaine (2004), o grupo de adolescentes de 15 a 17 anos de idade exibiu um


acréscimo em quantidade, em todas as grandes regiões do país. No período de 1992/1999, esse
grupo aumentou de 9.1 para 10.4 milhões, o que satisfaz a aproximadamente 14% a mais de
adolescentes. Este avanço populacional, que vem sucedendo nas últimas três décadas, resulta de
uma variação na estrutura etária da população brasileira em função da queda da fecundidade, do
crescente decaimento da mortalidade infantil e do incremento da esperança de vida ao nascer.

O sujeito considerado bandido é identificado como pertencente às classes desfavorecidas,


colaborando para que essa classe seja estigmatizada, fazendo com que recaiam sobre ela todas as
suspeitas de violência.

Ropper (1991) faz referência aos adolescentes homicidas e conclui que a maioria é
oriunda de famílias violentas e que sofreram abuso sexual na infância onde a influência ocorrida
no ambiente social foi um fator relevante, funcionando como um câncer que se propaga em toda
a árvore genealógica, funcionando como uma espécie de fator genético.

Abaixo, segue gráfico, figura 29, relativo a taxa de homicídios segundo a idade:

183
Figura 29. Taxa de homicídios (por 100 mil habitantes) de homens segundo cor e idade no Brasil –IBGE 2012

184
De acordo com o gráfico na figura 29, observamos que a idade de 16 a 24 anos representa
a faixa etária onde ocorre o maior número de homicídios e mais acentuadamente entre os homens
negros, significando um aumento de 58% maior em relação aos homens brancos. Já o homem
branco tem um aumento percentual de aproximadamente 100% quando muda da faixa de 16 anos
e chega à faixa dos 18 anos. O homem negro tem um aumento percentual de aproximadamente
62% na mesma faixa etária do grupo anterior. O avanço, provavelmente seria derivado de
características específicas ao grupo de consumo ao qual passam a pertencer o que não ocorre
proporcionalmente com o seu poder aquisitivo. É o período em que o adolescente deixa de ser
criança e passa a ser homem com todas as necessidades sociais e cobranças impostas pelo seu
meio social.

A alta participação dessa faixa etária perdura quase que totalmente até os 27 anos sem
haver qualquer tipo de queda em participações em homicídios. Só começa a haver um declínio a
partir dos 27 anos que cai em 25% na faixa de 27 a 32 anos os homens brancos e 38% os homens
negros da mesma faixa etária. A partir dos 32 anos o comportamento em participação em
homicídios cai brutalmente em uma proporção constante de 13% a cada quatro anos e a
participação de brancos e negros são aproximadamente a mesma, chegando a praticamente se
anular aos 64 anos de idade, nas duas faixas etárias.
Abaixo seguem os gráficos das figuras 30, 31 e 32 relativas a pesquisa de campo
realizadas nas escolas EEEFMMN, EEEFSA e EEEFMEW 28

28
EEEFMMN: Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Maroja Neto; EEEFSA: Escola Estadual de Ensino
Fundamental Santo Afonso; EEEFMEW: Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eunice Weaver.
185
FIGURA 30: Problemas socioeconômicos encontrados no perfil dos alunos das escolas do Bairro da Pedreira em Belém, Pará, Brasil.

186
FIGURA 31: Frequência do uso de drogas dos alunos pesquisados, nas Escolas do bairro da Pedreira, Belém, Pará, Brasil.

187
FIGURA 32: Tipo de drogas utilizadas pelos alunos pesquisados nas Escolas do Bairro da Pereira em Belém, Pará, Brasil.

188
Os resultados são melhores especificados na pesquisa de campo realizada nas escolas da
rede pública estadual de ensino, efetivadas na grande Belém em especial no bairro da Pedreira.

Do total de questionários distribuídos nas escolas pesquisadas, algumas perguntas


importantes foram feitas principalmente na intenção de detecção dos usuários de drogas e
também daquele que convive com membros da família que usam drogas ou outro tipo de
alucinógeno, gráfico da figura 30. Percebeu-se que em torno de 15% dos alunos entrevistados
usam ou já usaram drogas pelo menos uma vez em sua vida por vários motivos e que do total
destes 25% usam-na regularmente, bastando aparecer à oportunidade.

O resultado é bastante comprometedor. Pois se tivermos um grupo hipotético de 10.000


alunos 15% de acordo com a pesquisa já usaram drogas pelo menos alguma vez, um total de
1500 alunos hipotéticos e destes 25%, ou seja, 375 alunos usam drogas regularmente no grupo
pesquisado, em torno de 3,8% do total usam drogas quando aparece a oportunidade.

Dentre os problemas apresentados, gráfico da figura 30, o contato com pessoas que
consome bebidas alcoólicas frequentemente é o que apresenta maior índice, quase que 50% do
total do grupo pesquisado, influindo negativamente dentre os aspectos que o uso contínuo da
bebida traz dentro do grupo familiar em inúmeras situações, desequilíbrio financeiro, emocional
e social na sociedade em que vivem.

Outro aspecto relevante é que em torno de 30% do grupo pesquisado tem um excesso de
pessoas na mesma casa e também a comida é precária, gráfico da figura 30, faltam alimentos
adequados para a sua vida diária. Acarretando um desequilíbrio alimentar durante o dia, sendo o
grupo de crianças motivadas a ir à escola devido à merenda escolar cada vez maior, gerando um
interesse na escola como fonte de alimentação e não como educação. Há um desvio do propósito
principal da proposta escolar que é a escolarização e não a alimentação de crianças subnutridas.

Nesse total pesquisado, 70 alunos nesse 1º tipo de questionários, em torno de 30% existe
provavelmente, a transferência da tarefa básica da família de alimentar sua prole para o Estado e
o Município, tendo um efeito maior nas escolas de atendimento integral, implantadas pelo
governo e as creches do município de atendimento integral de manhã e à tarde.

189
O excesso de pessoas na mesma casa, figura 30, advém de inúmeros problemas,
principalmente da situação de miséria e fome com que vivem muitas famílias do bairro
pesquisado. Vários problemas são decorrentes: o pai abandonou a família, sendo obrigada a
retornar para a casa dos avós maternos e lá se encontrando observam que já viviam tios e tias
com suas respectivas famílias; mãe que abandona seus filhos e entrega para sua mãe, sendo que
está já vem com uma sobrecarga de filhos e netos para cuidar; famílias com excesso de números
de filhos, não usam método anticoncepcionais, chegando a ter até doze irmãos na mesma casa,
com diferenças de idade de um a dois anos; há também o caso em que os pais precisam trabalhar
e precisam deixar seus filhos com alguém responsável, encontrando aí a figura da avó materna
ou paterna para dar amparo e alimento para seus filhos, e o problema aparece quando chegando
neste lugar não são somente os netos desta filha ou filho que estão lá, já existem outros na
mesma situação; enfim são inúmeros problemas que a escola enfrenta devido à condição social
dos pais ou responsáveis legais.

O gráfico da figura 31 revelou um grupo totalmente comprometido, àquele que usa


drogas continuamente e diariamente, de duas a quatro vezes ao dia reflete um total de 6,25% do
grupo que já usaram drogas, perfazendo um total de 0,93% do total, quase 1% é totalmente
comprometido com o uso de drogas. O grupo que declarou que consome “quando aparece a
oportunidade”, é representativamente grande em relação as demais faixas, refletindo um
problema enorme, pois nas escolas contaminadas pelo tráfico, se tem oportunidades quase que
diariamente, como também a todo momento, tornando o sujeito dependente e escravo das ordens
dos traficantes que transitam pelo ambiente escolar, fazendo qualquer coisa necessária para
manter seu vício. Chega a usar drogas de 5 a 8 vezes ao dia ou em um só período. É o sujeito,
pertencente ao tráfico, que mais morre nas estatísticas, pois consome produto destinado a venda
e não ao consumo. Como não tem como justificar o uso ao dono da droga (traficante), acaba
sendo assassinado pelo proprietário da boca de fumo e drogas. Já o grupo que consome a cada
final de semana, o grau do vício já não é tão preocupante. Ele pode eventualmente ser um sujeito
agressivo e criminoso, mas não age com a forma de escravo do senhor do tráfico como os
elementos pertencentes às classes anteriores.

Observando a figura 32, percebemos que a droga mais utilizada é a maconha, 40% do
grupo que já experimentou drogas usam a maconha como droga principal. Logo depois vem a
cola ou acetona, representando 30% do total e a seguir o crack com 25% dos usuários. A

190
maconha é a principal droga, pois pode ser plantada em qualquer lugar, não com muito espaço,
além do que os traficantes misturam com cigarro velho ou papel, produzindo algo mais tóxico
ainda que a própria maconha. Já para as outras drogas são necessários elementos químicos para
fazer a transformação, principalmente o crack, que é a droga que se vicia mais rápido no
momento. Outro fator importante é o preço, já que a maconha é talvez a droga mais acessível no
momento, vendem a própria erva e o consumidor é que monta o cigarro com qualquer papel
encontrado. A acetona ou cola pode ser comprada em lojas oficiais com comerciantes não
confiáveis, pois a venda é liberada, tornando o fluxo representativamente grande neste sentido.
Pode ser até um adolescente que pegou a acetona ou esmalte de sua mãe e leva para a escola,
sem o consentimento dos pais.

Com relação aos resultados apresentados com as entrevistas realizadas com os


professores, várias sugestões e problemas foram exibidos. Com relação à origem do problema da
violência os relatos mostram que o problema é também social, é a chamada Territorialização
perversa, descrita no capítulo 6, onde o aluno mora em uma região totalmente incluída aos
problemas pertencentes ao tráfico de drogas e onde residem vários criminosos, inclusive ates
seus próprios familiares são elementos pertencentes a um grupo de marginais. Além disso, existe
o problema da ostentação de grupos que apreciam se relacionar com indivíduos envolvidos em
crimes, pois lhe dá uma espécie de valorização social local perante aos outros.

Realmente podemos perceber que a exatidão dos dados confere com que Gimeno (2000),
quando contribui com um novo conceito o de “escolarização”, onde a família não tem cumprido
o seu dever de educar seus filhos, simplesmente os entrega para a escola.

Percebemos através dos resultados apresentados que a escola acaba sendo elitista,
Perrenoud (2001), embora não seja esta a intenção, mas ensina os conteúdos sob a ótica elitista e
se esquece dos alunos desprivilegiados de uma educação mais refinada. O choque dessas culturas
diariamente fomenta o fracasso escolar.

Bourdieu (1998) contribui no sentido de que a escola atua como válvula de exclusão aos
alunos pertencentes a uma classe dominada. O ensino é proposto de uma forma codificada em
que para o aluno proveniente de uma classe desfavorecida, não consegue entender os conteúdos

191
recomendados o que resulta em seu fracasso escolar, pois são assuntos de difícil compreensão
para ele, que nunca teve uma base teórica consolidada suficiente para apreender estes assuntos.

As soluções propostas pelos professores a fim de minimizar o problema, em sua maioria


relataram que a escola de tempo integral seria uma forma de controlar o problema mais de perto
e dessa forma com a educação voltada com mais tempo dentro da escola poderia assim conduzir
o ensino de valores a estes jovens de uma forma diferenciada do que ocorre em sua família. Na
impossibilidade da formação da Escola em tempo integral, pelos custos altíssimos da
manutenção do programa, os resultados na prevenção de furtos, roubos e tráfico dentro da escola,
mostraram que o enfrentamento por parte da direção da escola tem apresentado bons resultados,
com inspetores treinados em perceber o descompromisso de alguns jovens quando adentram a
escola.

A constante sensibilização dos pais e responsáveis em reuniões para apresentar os


problemas e pedir colaboração na educação dos alunos tem apresentado bons resultados, muito
embora uma grande maioria de pais seja totalmente descomprometida com a educação dos
filhos, não vão a reuniões e não tomam conhecimento de nenhum apelo, só se apresentando a
escola no final do ano, para saber se o filho foi promovido ou não para a série seguinte.

Com relação à falta de qualidade educacional, o problema mais relatado foi o fato de a
escola não possuir uma equipe técnica atuante. Necessita de mais inspetores para observar as
atitudes dos alunos e uma punição mais severa aos alunos que apresentarem distorções. As
escolas públicas na cidade de Belém no geral estão com uma equipe técnica totalmente defasada,
sem inspetores, sem direção, sem psicólogos sem assistentes sociais e também sem professores
suficientes. O que se observou é o caos total na educação. São escolas que tem um público de
300 a 800 alunos por turno em que se tem apenas um ou dois inspetores para vigiar e professores
a quem cabe à atribuição de todo o processo educativo. Fora o problema que tem turmas que
estão sem professores.

Com relação ao que o governo poderia fazer para diminuir a violência nas escolas à
maioria dos professores concordaram que falta profissional adequado e habilitado para
atendimento ao aluno é o principal problema. A maioria dos professores entrevistados concorda
que a retirada de aluno da sala de aula tem contribuído para o aumento da violência, pois este

192
sujeito quando o professor lhe retira de sala por mau comportamento, não tem quem lhe atenda e
faça o encaminhamento necessário, ficando à margem dos que lá ficam sem aula ou estão
faltando às outras aulas; este tempo ocioso é muito prejudicial à formação deste aluno, podendo
até colocá-lo em situação de risco, onde muitas vezes este sai da escola a fim de produzir coisas
impróprias a sua educação na companhia de outros.

A solução ao problema proposta pela escola Santo Afonso, no bairro da Pedreira foi em
curto espaço de tempo a que apresentou melhor resultado. A diretora ao detectar qualquer
problema com relação a roubos, tráfico, discussões e brigas, toma as medidas severas, como
suspensão e chamada imediata dos pais. Quando não consegue alertar os pais sobre o problema
ou este é grave, chama a polícia e vai junto ao conselho tutelar apresentar queixa do aluno,
fazendo o encaminhamento completo de toda a ocorrência. Em sua entrevista a diretora Ana
Cristina, declarou que o processo é lento e cansativo, mas o resultado aparece em pouco tempo
com a redução da indisciplina e da violência. Declarou também que a sua equipe técnica é
igualmente reduzida ao de outras escolas, contando apenas com dois inspetores por turno e uma
vice direção. Apesar de ficar malvista no bairro, sofrendo até ameaças por parte de pais e alunos,
hoje a escola Santo Afonso é uma das mais procuradas do bairro e não tem vagas para atender
toda a demanda.

Abaixo segue o gráfico da figura 33, relativo ao transtorno de personalidade, pesquisa


realizada nas escolas investigadas:

193
FIGURA 33. Gráfico do Transtorno Global de Personalidade Apresentado pelos jovens pesquisados Idade de 12 até 20 anos. Barra vermelha indica quantitativo
Em relação ao total dos pontos. Barra verde indica o percentual em relação ao total dos pontos.

194
Observando a Figura 33 que alguns itens apresentaram pontuações relativamente altas
como loquacidade relacionada diretamente com o narcisismo, necessidade de estimulação, o
descontrole emocional e a promiscuidade.

Morey (1988) analisou a relação destas variáveis e relatou que elas se combinam para
formar um conjunto. Desses quatro fatores surgem outros decorrentes como delinquência juvenil,
impulsividade.

Do total de pesquisas relacionadas, de acordo com a figura 33, observa-se indícios que a
loquacidade, estimulação, descontrole emocional e a promiscuidade apresentará pontuação muito
alta em relação ao total máximo de 200 pontos, sendo considerado como o vestígio do início da
conduta delinquente de vários jovens. O primeiro diagnóstico, principalmente relacionado com a
idade dos elementos pesquisados que varia entre 12 e 20 anos está relacionado com os problemas
advindos da adolescência que afloram de uma maneira mais agressiva em diversos tipos de
indivíduos, motivados por diversos fatores como meio social em que vive possibilidades
econômicas e condição da estrutura familiar.

Fatores importantes como ausência de remorso, parasitismo, trauma na infância,


irresponsabilidade, impulsividade, não se responsabiliza por seus atos e delinquência não tiveram
uma pontuação representativa, mas ela está presente em 28% dos casos em média que somados
aos outros se obtém a receita de um criminoso perverso.

Pela pouca idade dos participantes da pesquisa, muitos assinalaram a sua característica de
personalidade que lhe é mais adequada de acordo com a explicação e exposição lhe sugeriram,
mas poucos apresentaram a característica da versatilidade criminal, apenas 4% dos entrevistados.
O que se observa é que o comportamento destes jovens apresenta indícios de serem
potencialmente criminosos, bastando à associação a grupos ligados a atividades criminosas para
que os transforme em indivíduos ligados a prática de delitos. Essa associação a sujeitos
envolvidos com crimes pode nascer dentro da própria escola, onde os mais comprometidos com
atividades delituosas conseguem arregimentar novos parceiros para suas incursões no modo de
vida delinquente.
Abaixo segue o gráfico da figura 34, referente ao transtorno global de personalidade,
relativa a investigação realizada nas escolas pesquisadas:

195
Figura 34: Gráfico de intervalo da soma de pontos referentes ao transtorno global de personalidade, exibido dentro do total de 100 pesquisas
de campo no universo de 12 a 20 anos.

196
Este gráfico, figura 34, expressa a faixa de pontuação observando o quantitativo de 100
pesquisas realizadas nas escolas do bairro da Pedreira. De acordo com Hare (2004), existe um
ponto de corte para a escala na população brasileira.

De 0 (zero) até 10 (dez) pontos é o indivíduo não criminoso, que não tem características e
nem peculiaridades criminosas. De 10 até 20 pontos é o parcialmente comprometido é chamado
de transtorno parcial onde tem um comportamento emocional mais socializado e as
características não se apresentam de modo tão abrangente nas disposições habituais e manifestas,
não exibem com tanta frequência o descontrole dos impulsos e não fazem parte do estilo habitual
do sujeito. Evidenciam-se outros traços de tendência da personalidade que se apresentam mais
desenvolvidos nos transtornos parciais da personalidade.

De 20(vinte) até 40(quarenta) pontos são os indivíduos que apresentam transtorno global
da personalidade. Este grupo não apresenta sensibilidade afetiva com propensão a socialização e
a dinâmica do conjunto das disposições afetivo-volitivas encontram-se comprometida e
manifestando-se com uma ampla variação de situações sociais e interpessoais. O sujeito será
caracterizado como psicopata quando a sua pontuação for superior a 30 (trinta) pontos. O
comportamento diagnosticado como psicopata, difere significativamente dos criminosos comuns.
Eles são responsáveis pela maioria dos crimes violentos em todos os países. Iniciam a vida
criminosa em idade precoce: praticam diversos tipos de crimes e são os mais indisciplinados no
sistema prisional com resposta negativa ao tratamento psicológico e psiquiátrico e os mais
elevados índices de reincidência criminal, Hare (1998). No Brasil o Departamento Penitenciário
Nacional (DEPEN) estima que a reincidência criminal seja de 70% (Morana, 1999).

Pelo gráfico apresentado na figura 34 referente ao conjunto de pesquisas realizado nas


escolas do bairro da Pedreira do total de 100 questionários observou-se que 39 ou 39% são
indivíduos que não apresentam características criminosas e nem possuem algum tipo de
transtorno de personalidade. Logicamente isso não interfere na formação posterior de um
criminoso comum. É apenas uma característica da personalidade mostrada preliminarmente.

Elementos que apresentaram um transtorno parcial da personalidade totalizarão 52


entrevistas ou 52 % dos indivíduos consultados, ou seja, apresentam indícios de uma propensão
ao comportamento criminoso.

197
O transtorno global da personalidade foi detectado em oito casos ou 8% dos sujeitos
consultados e apenas 1 (um) ou 1% com indícios de características psicopata, com pontuação de
33 pontos na escala HARE.

198
11.1 Respostas Alusivas a Questão de Pesquisa

De acordo com a pesquisa desenvolvida nesta tese, sinto-me na condição de


responder o problema principal: Como a violência humana se manifesta no ambiente
escolar e em que medida quando associada ao uso de drogas interfere na construção da
cidadania necessária para a manutenção de um modelo social que minimize seus efeitos?

De acordo com a pesquisa desenvolvida nas escolas do bairro da Pedreira, a violência se


propaga mais em torno dos jovens de 15 a 18 anos, por vários motivos, os quais postulam minha
tese:

i)A Chegada da adolescência e todas as descobertas e a intensidade das crises


existenciais, do processo de afirmação de sua personalidade, que segundo Marcelli & Braconnier
(2007) é formada por um estágio de modificações que significa a passagem psicológica e cultural
da infância para a vida adulta, onde o sujeito sofre alterações corpóreas, mentais e
emocionalmente e é um período característico por existir uma fase, chamada de ``crise``, sendo
está funcionando momentaneamente temporária de desequilíbrio e circunstâncias momentâneas
que colocam em perigo a estabilização normal ou patológico do indivíduo.

É um período em que o jovem procura obter sua identidade, criando regras próprias de
conduta, muitas vezes contrária as da sociedade e das regras imposta pela família. Evita a
opinião dos pais, pois acredita, na maioria das vezes, que o caráter desses preceitos serem
retrógrados.

O grupo de pares ao qual pertencem, segundo (Coie & Dodge, 1983) significa a inserção
na vida social. Assume relevante significação como transporte da experimentação do mundo
exterior e auxilia na construção de sua identidade e validação das competências sociais, surgindo
aí à necessidade de aceitação num determinado grupo de forma que este legitime o seu valor. A
adaptação e socialização poderão ser inversas, integrando o jovem aos grupos desajustados
socialmente, com o uso de drogas e com comportamentos desviantes.

199
ii)Se manifesta no ambiente escolar através do poder dominante que rotula as pessoas e
não considera as suas diferenças atuando com uma violência simbólica que nasce de uma
relação de força que o torna forte, favorável, preterido, preferido o que de certa forma impõe
uma conduta, e significações arbitrárias como o aumento do número de pessoas desempregadas
em função das especificidades necessárias para os diversos cargos que não são ensinadas a
população em idade certa, desviando para um currículo geral e sem finalidade conduzindo ao
desemprego futuro que não conecta a educação ao trabalho, que prepara os nossos jovens para
um “nada”, apenas para melhorar os rendimentos nas provas governamentais que implicam na
melhora da credibilidade do Brasil em relação à política internacional que tem como meta
aumentar o limite de empréstimos com o banco mundial;

iii) O uso de drogas: que segundo a contribuição de Matellanes (1999) o problema da


baixa estima encontra-se entre os fatores de risco que mais contribuem para o consumo de
substâncias psicoativas, sendo que está se manifesta através insegurança que o jovem percebe de
si próprio, sugerindo o baixo controle as emoções, levando o jovem a atingir respostas mais
rápidas ao seu problema e conduzindo este comportamento como modelo às frustações obtidas.
Também Dalgalarrondo (2008) retrata várias situações de influência como: sentimento de
onipotência, dificuldade de obter informações adequadas, ansiedade, ociosidade, precisão de
infringir padrões e normas, procura pelo novo, precisão de ser aceito pelo grupo, obrigação de
contestar a família, baixa autoestima, hábitos familiares negativos como fumo, álcool e uso
continuado de remédios. Também para Fox, Towe, Stephens, Walker & Roffman, (2011) os
adolescentes se tornaram o grupo mais vulneráveis ao consumo de substâncias psicoativas, o que
provavelmente ocorre em virtude das características típicas da adolescência, onde podemos citar
a influência do grupo de pares, a necessidade de afirmação e a formação da identidade.

O indicativo do consumo de drogas do estado do Pará nos últimos cinco anos


apontado na figura 8, percebemos a evolução e aumento dessa estatística no ano de 2012, e em
nenhum ano houve o decréscimo e sim o aumento de ano após ano, até o de 2012 em que quase
que dobrou o envolvimento com entorpecentes. Em relação a 2008 até o ano citado
anteriormente houve um aumento de 400% em relação ao consumo de drogas. Onde o fator
da acessibilidade crescente com vários pontos de distribuição tem gerado o aumento
significativo do uso de entorpecentes. Também o efeito das redes sociais e das novas
tecnologias como celulares modernos que seduzem a maioria dos jovens a possui-los, tem

200
melhorado as vendas dos produtos em todos os sentidos, em que através de mensagens se
encontra o local que o vendedor está ofertando o seu produto. Não é necessário mais ter uma loja
ou um ponto fixo. Basta um telefone com acesso a redes sociais e internet e pronto e a venda se
conclui em pouco tempo.

iv) A inserção deste aluno em áreas de risco pertencentes à Territorialização


Perversa: Na minha pesquisa percebi que a violência escolar é também disseminada por
influência da localidade de moradia dos alunos onde predomina o lugar preferido pelas redes
de criminosos e é favorecido pela organização espacial interna, marcada pela presença de becos,
vielas, ruas estreitas, sem asfalto, casas de madeira e pouca ou nenhuma iluminação, pois
dificultam o acesso da polícia. Em geral estas áreas são frutos de ocupação irregular, onde várias
famílias há algumas décadas atrás resolveram se apossar de locais impróprios para a moradia,
vindos a formar enormes favelas. Em geral existe uma relativa piora das condições de vida,
sustento, ascensão econômica e cultura, pois o local se “fecha” e os bens particulares e os
serviços de utilidade pública ficam restritos a certo limite de território. Observa-se que aumenta
o tráfico, a criminalidade, o aumento das taxas de homicídios, e todo tipo de criminalidade o que
faz crescer o avanço do narcotráfico.

v) Durante o desenvolvimento de minha investigação percebi que a falta de definição de


um currículo pleno e adequado aos nossos problemas sociais tornando a escola um fardo pesado
as classes mais desfavorecidas e empregando o elitismo com um currículo inacessível e
incompreensível aos alunos vítima de uma família em muitos casos desestruturada;

Em minha pesquisa em quase todos os momentos que estava inserido no ambiente de


investigação, pude associar diretamente os conceitos de Bourdieu (1998) “A escola atua por um
mecanismo que acaba por funcionar como válvula de exclusão. As crianças da classe
dominante podem facilmente compreender esse código, pois durante toda a vida estiveram
imersas o tempo todo. É seu ambiente nativo. Em contraste para as crianças das classes
dominadas esse código é indecifrável. É como uma linguagem estrangeira e
incompreensível”.

Esta teoria proposta por Bourdieu (1998) ratifica a dificuldade de aprendizagem de


inúmeros alunos, como também a justificativa da escolha do meio de sobrevivência destes

201
sujeitos imersos em um meio sobrecarregado de violência e incompreensão desde o nascer até o
período da adolescência onde encontrará apoio e relevância juntamente com outros grupos e
colegas que possuem a mesma dificuldade de compreensão da proposta curricular elitista, sendo
que esta favorece os grupos sociais da classe dominante, pois tem mais apoio, estruturação e seus
pais ou responsáveis oferecem reais condições para o desenvolvimento de seus estudos,
oferecendo, livros, professores particulares, apoio familiar e condições ideais de estudo, como
biblioteca em sua casa, acesso a internet para pesquisa e até local arejado e em condições para o
estudante, como quarto individual ou sala de estudos.

vi) A falta de punição adequada: atualmente a legislação atribuída no Brasil aos


menores de 18(dezoito anos) prevê que todos os atos infracionais que cometer, a sua pena
terá no máximo três anos de reclusão no regime fechado ou no semiaberto, onde devido a
essas regalias e privilégios, provavelmente encontrará apoio e retribuição aos delitos cometidos,
sendo bem acolhido na facção criminosa. Estas penalidades propostas pelo ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente) é totalmente sedutora aos jovens onde ocorre na verdade a punição-
reprodução da violência, de forma que a pequena punição se torna um estímulo a continuar na
vida criminosa. Segundo o Anuário de Segurança Pública (2013), praticamente 45% dos
crimes e assaltos cometidos à mão armada, são de menores infratores. E 60% dos crimes de
morte são cometidos por sujeitos menores de 18 anos, de acordo com o gráfico da figura 29
(IBGE, 2012). Na concepção de Foucault (1999), A burguesia não se interessa pelos loucos e
indisciplinados, mas pelo poder; não se importa com os delinquentes nem com sua punição ou
reinserção social, que não tem muita importância no ponto de vista econômico.

vii) A influência do Habitus: na concepção de Bourdieu (1998) percebemos a importância


do “Habitus” presente nos indivíduos e diferenciado e específico em cada sujeito. Se essa
característica individualizada e peculiar a este indivíduo for compatível com a posição desse
grupo ao qual está inserida o habitus é uma espécie de encadeamento de ações humanas no dia a
dia.

Em minha pesquisa observei que a violência muitas vezes ocorre porque este sujeito
nunca teve acesso a um novo tipo habitus e por vir de um grupo familiar onde à violência
está presente o tempo todo, como por exemplo: o pai e a mãe são traficantes, os irmãos ladrões

202
e viciados, a mãe é espancada pelo pai, os seus vizinhos são viciados ou traficantes, ladrões,
pervertidos e toda a espécie de anomalia psíquica, adquirida pela prática constante de violência.

Pude perceber que o Habitus é uma disposição adquirida pela experiência do sujeito e
que sofre, determinada variação segundo o lugar e o momento. A provável justificativa da
violência vem através da constituição da família. Uma vez que a família está dentro da sociedade
e que sem valores e aspirações dependem dessa posição de escolher um futuro próspero ou que
pelo menos lhe garanta a sobrevivência, este mecanismo que se constitui o habitus é muito
significativo na constituição do indivíduo. Considerando que o habitus pode ser modificado na
trajetória e convivência do indivíduo com outros grupos, isso funciona por um grande
período até que surjam outros subsídios e características diferentes das anteriores encontrando
respostas para o mundo e seu lugar no mundo.

Percebi que a constituição do habitus dos grupos pesquisados são os apegos mais difíceis
de serem modificados, uma vez que os “valores” vivenciados parecem ser mais naturais do
que deveriam ser e dão uma grande certeza na significação do seu mundo para este
indivíduo.

viii) A Escolarização de nossos jovens: Segundo Gimeno (2000) o novo conceito de


escolarização acredita na universalidade da cultura escolar de modo que a população tem por
opinião que cabe a escola transmitir a todos os alunos o total conteúdo de todos os saberes
públicos confundindo com o significado real de educação. Os pais querem transferir toda a
educação para a escola sendo que o papel a escola é dar a escolarização e não a educação. A
tarefa de educação é da família em 1º lugar e o poder público faz a escolarização em 2º
lugar. Se a família não cumpre o seu dever não adianta entregar o aluno para a escola.

203
11.2 Ratificação das Respostas da Questão de Pesquisa pela Interpretação das Entrevistas e dos
Questionários

Todos estes argumentos de resposta à pergunta alusiva a questão de pesquisa referente ao


problema principal de investigação pode ser ratificada com os resultados das entrevistas
individuais, em grupo com os professores e também através da interpretação dos questionários
propostos aos alunos.

i) Os fundamentos podem ser ratificado pela entrevista realizada com a professora Valdea
Castro no dia 09 de dezembro de 2014, na Escola Maroja Neto do bairro da Pedreira em Belém
do Pará. Foi perguntado a professora como ela caracteriza o problema da violência escolar em
suas turmas, e se existe uma causa, uma origem.

Nesse sentido a professora Waldea respondeu:

[.....] O problema é mais social. O aluno mora em uma região em que residem
vários traficantes, usuários de drogas e outros criminosos. Os seus familiares
são envolvidos com estes problemas. Para ele é normal praticar crimes e
assaltos e usar drogas e vender também. Foi criado nesse meio. [....] Quando
pedimos para o pai ou a mãe vir a escola, muitas vezes ouvimos a resposta que
o pai ou a mãe estão presos ou morreram e quem cuida da família é a avó ou a
tia ou outros parentes. [....] Para eles é uma espécie de estatus se envolver no
crime. É como se fosse um trabalho importante que lhes colocam em uma
escala de valores mais importantes que os demais. [...] para as moças
pertencentes a esse grupo gostam de se relacionar com elementos em que se
destacam perante os outros. É o que rouba mais, o que mais trafica, o
elemento que tem uma maior fama de ruim. Além de se envolverem com estes
marginais ainda existe uma série de disputas entre elas. Uma quer pleitear o
namorado da outra, pois assim fica mais valorizada perante as outras moças.
[....] No fundo esses alunos envolvidos com o crime são sensíveis. É a mãe que
morreu cedo por uma série de fatores como, AIDS, tráfico, roubos e etc. O pai
muitas vezes está preso e quem cuida e dá assistência é a vó ou outros
parentes. Como são muitos familiares a vó cuida de cinco ou seis crianças eles
não conhecem o sentimento de carinho e afeto com a pessoa deles. Tudo é
escasso, a comida a roupa e o dinheiro. [...]. Há certas mães que quando o
filho é liberado mais cedo, por algum problema de falta de professor ou falta
de água na escola ou merenda, está vem até a escola querer tomar satisfação,
pois não quer o filho em casa mais cedo. Ele representa para ela uma
dificuldade e acha que a escola é a responsável por tudo. Como se fosse certo
transferir tudo para a escola.

204
ii) Outra entrevista em grupo realizada na escola Maroja Neto durante a realização da
semana pedagógica dos dias 02 a 06 de março de 2015, onde participaram os professores (a):

Rosane Freitas, Silvio Lucas, Maria das Graças Oliveira, Lucia Abrantes, Lucilene Neiva,
Andrey Marcel Costa Pinheiro, Alexandre Bezerra, Dulce, Marcilene Braz, Thompson Prado,
Roberto Carlos Andrade.

Esta entrevista teve vários pontos a fim de entender e propor soluções para o problema da
violência escolar. As respostas apresentadas também ratificam o problema de investigação desta
tese. Dentro das perguntas realizadas, duas merecem destaque. A 3ª pergunta, em que é
solicitado se existe alguma relação entre os fenômenos de falta de qualidade educacional e a
violência na cidade de Belém e a 5ª pergunta sobre a miséria, a falta de recursos, a falta de
emprego, o uso de entorpecentes e a falta de trabalho, se esses fatores tornam a violência mais
marcante e como isso funciona dentro da escola.

Nesse sentido houveram inúmeras respostas e comentários, em destaque:

[....] A base de tudo é a família e se as famílias estão desestruturadas os jovens


estarão suscetíveis a violências; [....] A falta de produtividades destes alunos
em todos os setores, não só no educacional estimulam as desarmonias e
divergências que resultam em violência que permeiam as desagregações
sociais, gerando indivíduos instáveis em qualquer contexto social; [....] O que
falta é a estruturação da escola, proporcionando um bem-estar na sala de
aula; [....] O fator principal é a formação inicial dos alunos que se encontram
com as famílias desestruturadas; [...] A violência de fora da escola termina
adentrando no ambiente escolar. [...] A falta de qualidade e de um currículo
adequado ao perfil de nossos alunos for ao sentido de a escola não ter aulas,
com horários livres, deixando o aluno ocioso para fazer coisas erradas; [...] A
miséria promove a ociosidade que faz com que a concentração mental dos
alunos seja voltada para a criminalidade, visto que para ele esse caminho é
mais fácil; [....] Muitos alunos são recrutados pelo tráfico de forma a
viabilizar a entrada das drogas dentro da escola;

Todas estas respostas de inúmeros profissionais ligados ao magistério ratificam o


problema central de investigação. A percepção e o convívio diário com os alunos, a presença em
todos os momentos bons e ruins em que a escola passou durante os anos anteriores foi marcante
a todos os professores entrevistados e fazem concluir que a violência está presente no ambiente
escolar por vários motivos, dentre os quais se destacam: a chegada da adolescência e a

205
intensidade das crises existenciais, do processo de afirmação de sua personalidade; se manifesta
no ambiente escolar através do poder dominante que rotula as pessoas e não considera as suas
diferenças atuando com uma violência simbólica; o uso de drogas; a inserção deste aluno em
áreas de risco; a falta de definição de um currículo pleno e adequado aos nossos problemas
sociais; a falta de punição adequada; a influência do Habitus familiar; a escolarização de nossos
jovens mal compreendida pelas famílias.

iii) Com relação ao a interpretação dos resultados apresentados pelo primeiro


questionário cuja pesquisa foi realizada no período de 10 de agosto de 2013 até 10 de dezembro
de 2014, totalizando 70 questionários com o objetivo de relacionar o envolvimento do aluno com
grupos marginais de seu entorno, obtive as seguintes ratificações de resposta ao problema:

Interpretando o gráfico da figura 31, percebe-se que em torno de 15% dos alunos
entrevistados usam ou já usaram drogas pelo menos uma vez em sua vida por vários motivos e
que do total destes 25% usam-na regularmente, bastando aparecer à oportunidade.

Já a interpretação do gráfico da figura 30, refere-se ao contato com pessoas que


consomem bebidas alcoólicas frequentemente, e é o que apresenta maior índice, quase que 50%
do total do grupo pesquisado, influindo negativamente dentre os aspectos que o uso contínuo da
bebida traz dentro do grupo familiar.

Do total pesquisado, 70 alunos nesse 1º tipo de questionários, em torno de 30% existe


provavelmente, a transferência da tarefa básica da família de alimentar sua prole para o Estado e
o Município, tendo um efeito maior nas escolas de atendimento integral, implantadas pelo
governo e as creches do município de atendimento integral de manhã e à tarde.

O excesso de pessoas na mesma casa, figura 30, advém de inúmeros problemas,


principalmente da situação de miséria e fome com que vivem muitas famílias do bairro
pesquisado.

O gráfico da figura 31 revelou um grupo totalmente comprometido, àquele que usa


drogas continuamente e diariamente, de duas a quatro vezes ao dia reflete um total de 6,25%; do
grupo que já usaram drogas, perfazendo um total de 0,93% do total, quase 1% é totalmente

206
comprometido com o uso de drogas; o grupo que declarou que consome “quando aparece à
oportunidade”, é representativamente grande em relação às demais faixas, refletindo um
problema enorme, pois nas escolas contaminadas pelo tráfico, se tem oportunidades quase que
diariamente, como também a todo o momento, tornando o sujeito dependente e escravo das
ordens dos traficantes que transitam pelo ambiente escolar, fazendo qualquer coisa necessária
para manter seu vício.

Pelas interpretações destes questionários percebemos que o uso de drogas entre os


adolescentes estudantes da faixa etária dos 12 aos 18 anos é relativamente grande, devendo haver
mais controle da escola e da família no que concerne a tal problema.

A escola é a primeira a perceber estes alunos usuários de drogas, porém este problema
nem sempre é levado a sério pelas famílias como deveriam ser, representando um total descaso
com a educação dos seus filhos e muitos ainda procuram a escola na intenção que esta instituição
resolva este problema para sua família, como se a obrigação fosse inteiramente do Estado.

iv) Com relação ao a interpretação dos resultados apresentados pelo segundo questionário
que explorou a característica da personalidade, segundo um padrão preestabelecido em uma
escala de valores chamada de PCL-R , onde se estabelece uma possível compatibilidade aos
transtornos parcial ou global de personalidade. Na pesquisa realizada, usando-se o 2º modelo de
questionário, o que analisa o perfil psicológico, tomou-se por base o total de 100 questionários
obtive as seguintes ratificações de resposta ao problema:

Observando o gráfico da figura 33 a loquacidade, estimulação, descontrole emocional e a


promiscuidade apresentou pontuação muito alta em relação ao total máximo de 200 pontos,
sendo considerado o início da conduta delinquente de vários jovens. O primeiro diagnóstico,
principalmente relacionado com a idade dos elementos pesquisados que varia entre 12 e 20 anos
está relacionado com os problemas advindos da adolescência que afloram de uma maneira mais
agressiva em diversos tipos de indivíduos, motivados por diversos fatores como meio social em
que vive possibilidades econômicas e condição da estrutura familiar.

A ausência de remorso; parasitismo; trauma na infância; irresponsabilidade;


impulsividade; não se responsabiliza por seus atos e delinquência, não tiveram uma pontuação

207
representativa, porém ela está presente em 28% dos casos em média que somados aos outros se
obtém a receita de um criminoso perverso.

O comportamento destes jovens é potencialmente criminoso, bastando à associação a


grupos ligados a criminosos para que os transforme em indivíduos ligados a prática de delitos.

Pelo gráfico apresentado na figura 34, observou-se que 39% são indivíduos que não
apresentam características criminosas e nem possuem algum tipo de transtorno de personalidade.
Logicamente isso não interfere na formação posterior de um criminoso comum. É apenas uma
característica da personalidade mostrada preliminarmente.

Já os que apresentaram um transtorno parcial da personalidade totalizarão 52 % dos


indivíduos consultados, ou seja, apresentam uma propensão ao comportamento criminoso.

O transtorno global da personalidade foi detectado em oito casos ou 8% e apenas 1 (um)


ou 1% com características psicopata, com pontuação de 33 pontos na escala HARE.

Pelos dados apresentados temos praticamente a previsão que aproximadamente 50% dos
alunos entrevistados neste 2º questionário, apresentaram características e distúrbios emocionais
preliminares, o que os colocam em um grupo de risco que possivelmente há indícios que
poderiam cometer crimes no futuro próximo, ou até já não os fazem.

A análise deste 2º tipo de questionário distribuídos aos alunos, ratifica a resposta a


questão de pesquisa, e corrobora no sentido de que o grupo que foi investigado tem realmente o
perfil potencial integrado dentro do problema violência no ambiente escolar e traz meios ideais
para previsão da capacidade destes jovens em praticar crimes.

208
11.3 Quadro Relacional

209
12. Tese

Com base nesta pesquisa, afirmo que a violência humana se manifesta no ambiente
escolar por inúmeras razões. Dentre elas, elenco: Faltam regras, e autoridade para impô-las; a
indisciplina ocorre por inúmeras razões, e uma delas é a falta de professor no horário pré-
estabelecido; faltam valores (a formação do caráter...); a miséria, a falta de recursos financeiros e
os problemas advindos da falta de um trabalho regulamentado; os pais não conseguem dar
educação a um filho durante as 24 h de convívio querem transferir esse poder a somente uma
pessoa, chamado de professor, para educar 30 ou 40 crianças simultaneamente no prazo de 4
horas; a pouca preocupação do Estado em atribuir ações ou programas sociais de forma que
possa atenuar situações de violência, como também a falta da implantação de um currículo
adequado a realidade do jovem que busca por emprego com uma qualificação adequada; a
presença de alunos com transtorno parcial ou global de personalidade, que com as situações de
violência são instigadas a manifestarem seus comportamentos. Com relação ao consumo de
drogas na escola afirmo que as drogas produzem condutas que fazem o sujeito não se importar
com a sua vida, com sua saúde e com sua família deixando de lado a preocupação com a escola,
esta serve apenas como ponto de encontro ou uma forma de vender ou conseguir mais
substâncias entorpecentes.

210
13. Considerações Finais

A violência humana se manifesta no ambiente escolar por inúmeras vertentes. O poder


dominante acaba por rotular as pessoas por um comportamento serial e sem possibilidades de
mudança, sendo uma das medidas que interfere na manutenção de um modelo social, sendo de
certa forma o padrão considerado “normal” as pessoas que tem características e comportamento
aceito como satisfatória e típica dos sujeitos encontrados em sociedade. A educação no Brasil é
utilizada para tornar as pessoas mais parecidas. Atribuir a característica de uma atitude tomada
por um sujeito como “errada” pelo fato de ser diferente das peculiaridades encontrada nas
pessoas é significado de harmonia com as classes sociais dominantes.

As diferenças e rejeições estão presentes também dentro de sala de aula. É difícil a


familiarização com todos os sujeitos dentro de uma classe. A tolerância aos costumes e modos é
muitas vezes de difícil aceitação das diferenças, provocando subversões e discriminações.

Segundo Perrenoud (2001) o tratamento das diferenças também deve ser abordado em
termos da dinâmica do grupo e do tipo de liderança exercido pelo professor. Em princípio uma
liderança parecida com a animação que permita a expressão das diferenças, que conceda mais
espaço às vivências e experiências extracurriculares e leva mais em conta os modos de vida e o
lazer favorece de certo modo a integração. Já a pedagogia autoritária aumenta a distância entre a
escola e as crianças segregadas.

As drogas produzem comportamentos que fazem o sujeito não se importar com a sua
vida, com o corpo ou com sua saúde. É refém do uso de drogas. É como se nada mais valesse a
pena. Só a droga importa. Não os interessa pai, mãe, filhos e filhas irmãos avós e amigos. Tudo
perdeu o sentido, até a sua própria vida. Se tiver mais dinheiro para comprar uma dose excessiva
de drogas, para ele não importa, usa e entra em colapso e morre. Se tiver que matar, roubar até
familiares, assim o fará, é o que revela a pesquisa na figura 15, em que em torno de 40% dos
alunos que estão em contato com as drogas estão nessa situação.

Este sujeito está enraizado e inserido na cultura das drogas. Seus colegas, amigos,
vizinhos e até parentes próximos são usuários de drogas deixando em segundo plano o valor
devido que dão às suas vidas subjugando a outros valores racionais do mundo enraizadas na

211
cultura em que está inserido. Podemos dizer que a cultura caracteriza alguns grupos
diferenciados e que cada indivíduo assimila de um único jeito. As representações mentais das
pessoas, as ideias sobre o outro, a compreensão, das situações humanas de conflito, é uma
cultura que caracteriza a sociedade humana e que cada indivíduo assimila de uma forma única,
ratificando que o consumo de drogas em um ambiente escolar pode contribuir para o aumento da
disseminação da violência, interferindo em vários aspectos educacionais. Nestas regiões de
conflito de grupos de narcotráfico existe uma relativa piora das condições de vida, sustento,
ascensão econômica e cultura, pois o local se “fecha” e os bens particulares e os serviços de
utilidade pública ficam restritos a certo limite de território. Observa-se que aumenta o tráfico, a
criminalidade, o aumento das taxas de homicídios, e todo tipo de criminalidade o que faz crescer
o avanço do narcotráfico. É o que chamamos de Territorialização Perversa.

A falta da definição de um currículo pleno e adequado aos nossos problemas sociais, que
permita aos jovens ter condições de se habilitar a uma vaga no mercado de trabalho é um dos
maiores problemas, onde o indivíduo não vê um futuro próximo necessário para encontrar o
meio correto de sobrevivência. Estas não adequações de uma forma organizada dos
conhecimentos curriculares podem afetar o seu comportamento futuro interferindo na construção
da cidadania, acarretando um vazio e uma falta de um objetivo específico com o não
desenvolvimento de uma futura carreira do trabalho, manifestando a insatisfação destes grupos
através da violência no ambiente escolar.

A idade em que nossos jovens concluem o ensino médio é entre 17 e 23 anos,


considerada muito tardia comparada a outros países. A partir desse momento é que se pensa em
adquirir uma profissão indo para a universidade, ou seja, para aqueles sujeitos, que por qualquer
motivo, não tiverem condições de prosseguir seus estudos este não terá uma profissão e estará
fadado a ter um currículo igual a todos os milhares de jovens, sem nenhuma habilitação para o
mercado de trabalho, causando o desestímulo em prosseguir seus estudos e de certa forma
propalando a violência no ambiente escolar, pois vê um obstáculo muito rígido na construção da
sua cidadania sem um modo coerente de sobrevivência em sociedade.

Estas formas de punição apresentada pelo ECA, em que o delegado não pode prender o
adolescente, se não pode responder criminalmente por isso, tornaram a justiça cega para os
maiores delitos criminosos no país, protegendo o adolescente e o estimulando a cometer

212
atrocidades sempre o beneficiando da pouca punição proposta pelo sistema que não passará dos
três anos. Esta forma de construção da cidadania proposta pelo sistema de leis como o ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente) tem interferido diretamente na propagação e
disseminação da violência dentro e fora do ambiente escolar.

Na própria escola eles são informados de seus direitos e deveres e até são associados aos
delinquentes que lá estão matriculados a fim de arregimentar mais soldados do crime. As
pesquisas realizadas nas escolas da Pedreira comprovam esta situação, 36% dos adolescentes
estão enquadrados como possuidores de transtorno parcial da personalidade onde o primeiro
indicativo do provável envolvimento com a delinquência que começa dentro da escola e com
21% de adolescentes com transtorno global da personalidade já com condutas delinquentes
reafirmadas por eles em um questionário respondido em sala e anônimo. Em face de todas as
circunstâncias, concluo que o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescentes) tem sido o maior
entrave na construção da cidadania necessária a sobrevivência da vida humana e a manutenção
do sistema escolar, pois sobrepuja o ser humano em todas as esferas permitindo todas as
atrocidades cometidas por jovens sem serem punidos como deveriam ser.

Em entrevistas aos professores muitos falaram da hipótese de se montar um posto


policial em cada escola, que seria uma forma de inibir os crimes que ocorrem em ambiente
escolar. Seria uma forma de manter o equilíbrio, uma vez que os alunos que pertencem ao grupo
de risco, pertencem a faixa etária dos 16 aos 24 anos, que conforme o gráfico da figura 25,
ratifica o nosso problema. Aproximadamente 60% da nossa clientela pertencem a esta faixa, o
que seria considerado normal e satisfatório termos um posto policial dentro da escola, já que
provavelmente a maioria dos marginais do bairro esteja estudando nesta escola de bairro. Claro
que haveria necessidades de classificar o índice e o histórico de criminalidade nesta escola para
então termos justificada a necessidade desta proteção do estado.

213
14.Bibliografia

ABRAMOVAY, M. E RUA M. G. (2002). Violência nas escolas. Brasília: UNESCO,


Coordenação DST/AIDS do Ministério da Saúde, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do
Ministério da Justiça, CNPq, Instituto Ayrton Senna, UNAIDS, Banco Mundial, CONSED,
UNDIME.

ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. (2013). Fórum Brasileiro de


Segurança Pública, ano 6, Ministério da Justiça,

ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. (2015). Fórum Brasileiro de


Seguridade Pública, ano 8, Ministério da Justiça

ADORNO, S. (1995). Violência, ficção e realidade. In: Sujeito: O lado oculto do. Receptor (M.
W. Souza), pp. 181-188, São Paulo: Brasiliense.

AQUINO, J. G. (2003). Indisciplina: o contraponto das escolas democráticas. SP: Moderna.

APPLE, M. W. (2006). Ideologia e Currículo. Tradução de Vinícius Figueira, 3ª Ed.:Artmed.

ARISTÓTELES. (1989). Aristoteles Poetico (S. H. Butcher, Trad). Londres: Hill & Wang Pub.

BALL, S. J. (1992). Education Reform: A Critical and Post-Structural approach. Buckingham:


Open University Press.

BAUMAN, Z. (2008). Medo Líquido. Rio de Janeiro: Ed.Jorge Zahar

BAUMAN, Z. (2008). Amor Líquido. Rio de Janeiro: Ed.Jorge Zahar

BANDURA, A. (1965).Influence of model´s reinforcement contingencies on the acquisition of


imitative responses. Journal of Personality and Social Psychology, 1: 589-595.

214
BANDURA, A. & IÑESTA, E. R. (1975). Modification de conducta: Análisis de laagresion y la
delincuencia. México: Trillas.

BECCARIA, C. (2001). Os delitos e as penas. São Paulo, Ed. Martins fontes.

BERKOWITZ, L. (1984).Some effects of thoughts on anti – and prosocial influences of media


events: a cognitive-neoassociation analysis. PsychologicalBulletin, 95: 410-427.

BOURDIEU, P. (1997). Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

____________. (1998). Escritos de Educação. Petrópolis: Vozes.

____________. (2005). Trabalhar com Bourdieu. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

BHABHA, H. K. O. (1998). Local da cultura. Interrogando a identidade. p.70-104.Belo


Horizonte: Editora da UFMG.

BUENO, E.P. (2011). Revista Espaço Acadêmico, no 120, edição especial de 10 anos.

BURBULES, N.; RICE, S. (1993). Diálogo entre as diferenças: continuando a conversação.


Teoria educacional crítica em tempos pós-modernos. Porto Alegre: Artes Médicas.

BURBULES, N. (2003). Uma gramática da diferença: algumas formas de repensar a diferença e


a diversidade como tópicos educacionais. Currículo na contemporaneidade: incertezas e desafios.
São Paulo: Cortez, p. 11-26.

CALDEIRA, T. (2014). Qual a novidade dos rolezinhos? Espaço público, desigualdade


e mudança em São Paulo. 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-33002014000100002&script=sci_arttext>.
Acesso em: 16 abril 2015.

215
CARDIA, N. (1999). Pesquisa sobre atitudes, normas culturais e valores em relação à violência
em 10 capitais brasileiras. Brasília: Ministério da Justiça/Secretaria de Estado dos Direitos
Humanos.

CARVALHO, A.M.A. (1989) O lugar do biológico na Psicologia: o ponto de vista da Etologia.


Biotemas, 2(2): pp. 81-92.

CAMPOS, F. V. & SOARES, C. B. (2004). Conhecimento dos estudantes de enfermagem em


relação às drogas psicotrópicas. Revista Escola de Enfermagem USP, 38, 99-108.

CHAN GAMBOA. (2006). Socialização do Menor Infrator. Perfil Psicosocial. Diferencial na


Zona Metropolitana de Guadalajara, Jalisco (México). Tese Doutorado. Universidade de Oviedo,
Oviedo, Astúrias, Espanha.

CHARLOT, B. (2000). Da relação com o saber: Elementos para uma teoria. Artmed.

_______________. Globalização e educação. Texto de Conferência. Fórum Mundial de


Educação, Porto Alegre.

_______________. (2002). A violência na escola: como sociólogos franceses abordam essa


questão. Sociologias, p. 432-443.Porto Alegre, Ano 4, nº 8, jul. /Dez.

CHAUÍ, M. (1999). Uma ideologia perversa. Caderno ‘’Mais”, pp 5-3.Artigo publicado na Folha
de São Paulo, 14 de março.

CHEVALLARD, Y. (1989).Aspects d'untravail de théorisation de ladidactique des


mathématiques. Fac. De Sciences de Luminy, Univ. d'Aix-Marseille II.

CHOMSKY, N. (1993). A sociedade global: A educação, mercados e a democracia. Blumenau:


Editorial FURB.

CLECKLEY, H. (1976).The Mask of Sanity, New York, Ed. Wiley.

216
CONNELL, R. (1992) The men and the boys. Australia: Allen & Unwin / Britain: Polity Press /
United States: University of California Press.

COSTA, D.T. (2009). A Interferência da exclusão aos serviços urbanos na compreensão de


saúde por duas micro populações amazônicas. Dissertação (Programa de pós-graduação de
Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano) - Universidade da Amazônia, Belém.

COUTO, A. C. (2013): Redes Criminosas e Organização Local do Tráfico de Drogas na Periferia


de Belém, Rebesp, Goiânia, v. 5, n. 1, p. 2-13, jan./jul. 2013.

COIE, J. D., & DODGE, K. A. (1983). Continuities and changes in children’s social status: A
five-year study. Merrill-Palmer Quarterly, 29, 261–282.

DALGALARRONDO, P. (2008). Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto


Alegre: Artes Médicas.

DAY  WONG.(1993).Psychopaths Process Emotion in the Left Hemisphere. Springfield, Ed.


Danamark.

DEBARBIEUX, É. (2002). Violência nas escolas: divergências sobre palavras e um desafio


político. In: DEBARBIEUX, Eric; BLAYA, Catherine (Orgs.). Violência nas escolas e políticas
públicas. p. 59-92.Brasília: UNESCO.

DESSEN, M. A. (2010). Estudando a Família em Desenvolvimento: Desafios Conceituais e


Teóricos. Revista Psicologia Ciência e Profissão, no 30, pg 202 a 219.

DOWDNEY, L. (2005). Nem guerra nem paz: comparações internacionais de crianças e jovens
em violência armada organizada. Rio de Janeiro: Viveiro de Castro. Retirado em: 12/02/07 de:
http://www.coav.org.br/publique/media/NemguerraNempaz.pdf.

FARRINGTON. (1991).Antisocial personality from childhood to adulthood. Ed. The


Psychologist,
Ferrer.

217
_____________. (2005).The importance of child and adolescent psychopathy. Journal of
Abnormal Child Psychology, 33(4), 489-497.

FERRER, A. (2008) Diplomatique Brazil. Le Monde. Caderno Clacso, p. 4, março de 2008.

.FINE, M. A. (1991). Resiliency in black children from single parent families. IN Brown, W.K.
& Rhodes, W.A.; Why Some Children Succeed Despite the Odds. New York, NY: Praeger.

FORQUIN, J.C. (1993). Escola e Cultura. As bases sociais e epistemológicas do conhecimento


escolar. Porto Alegre. Artes Médicas.

FORMIGA, N. S. (2002). Condutas antissociais e delitivas: Uma explicação em termos dos


valores humanos. Dissertação de mestrado. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB.

______________. (2005). Comprovando a Hipótese do Compromisso Convencional: Influência


dos Pares Sócio normativos sobre condutas desviantes em jovens. Psicologia Ciência e Profissão,
25, 4, 602-613.

FOUCAULT, M. (2008). Microfísica do poder. Organização e Tradução Roberto Machado, 25ª


Ed. Rio de Janeiro: Edições Graal.

___________. (2007). História da sexualidade I: A vontade de saber, tradução de Maria Thereza


da Costa. Albuquerque e de J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Edições Graal,

___________. (1999). Vigiar e Punir. História da Violência das Prisões. 27ª


edição.Petrópolis.Ed. Vozes.

___________.(2012). A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

FOX, C. L., TOWE, S. L., STEPHENS, R. S., WALKER, D. D. & ROFFMAN R. A.,
(2011).Motives for Cannabis Use in High-Risk Adolescent Users. Psychology of Addictive
Behaviors .American Psychological Association.Vol. 25, no. 3, 492-500. DOI: 10.1037/a002433.

218
FREIRE, P. (2003). Pedagogia do Oprimido. 35 eds. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

FRICK; O’BRIEN; WOOTON; MACBURNNETI. (1994).Psychopathy and conduct problems


in children.Journal of Abnormal Psychology.

FREUD S. [1917-1920] Além do Princípio do Prazer. Obras completas Vol. 14, Trad. Paulo
César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

GENTILI, P. (1994) Pedagogia da Exclusão. Crítica ao neoliberalismo e a educação: Rio de


Janeiro: Vozes.

GIANNETTI, E. (1994). A família como instituição econômica. Folha de São Paulo. São Paulo
23 de outubro.

GIL, F. (2014). Videogame: Ame-o ou Deixe-o. Disponível


em:<http://www.istoe.com.br/reportagens/6843_VIDEOGAME+AME+O+OU+DEIXE+O?path
Imagens=&path=&actualArea=internalPage>. Acessado em 17 março.

GIMENO S. J. (2000) O currículo: o conteúdo do ensino ou análise crítica. Compreender e


transformar o ensino. Cap. 6, p. 119-148. 4ª. ed. Porto Alegre: ArtMed.

GIMENO S. J. (2001). A educação obrigatória: seu sentido educativo e social. Madrid: Morata,
2000.

GOOTNBERG, P. (2001). The ride and demise of coca and cocaine.Suny – Stony Brook.

HANNERZ, U. (1994). Cosmopolitas e locais na cultura global. In: FEATHERSTONE, M.


(org.) Cultura global: nacionalismo, globalização e modernidade. Petrópolis: Vozes.p.251-266.

HARE, R.D. (2013). Sem Consciência. O mundo Perturbador dos Psicopatas que Vivem Entre
Nós. Ed. Artmed.

219
________. (1998). The Hare PCL-R: some issues concerning its use and misuse. Legal Criminol.
Psychol. 3, p. 101-122.

_________. (2004). Manual for the Hare Psychopathy Checklist – Revised. Toronto: Multi-
Health Systen.

HESS, A. (1992) “The structure of European mortgage markets”, Allianz Dresdner Economic
Research Working Paper, No 97.

HUESMANN, L. R., (1986).Psychological processes promoting the relation between exposure to


media violence and aggressive behavior by the viewer.Journalof Social Issues, 42, 125-139.

IBGE (2014). Instituto Brasileño de Geografía y Estadística. Indicadores del IBGE. Encuesta
Mensual de Empleo.

JACINTO, L. G. (1997). Agressão. Em: Luis G. Jacinto e Jesús M. C, Ortiz (org.). Psicologia
Social. (pp. 139-151). Ed. Pirâmide: Madrid.

JORNAL DIÁRIO DO PARÀ. (2014). Grupos de Milícia em Belém do Pará, 15 dezembro de


2014.

KINSLER, J. (2006).Suspending the right to an education or preserving it? A dynamic


equilibrium model f student behavior, achievement, and suspension. Working Paper, Department
of Economics, Duke University, Durham (USA).

KREPPNER, K. (2003). Social relations and affective development in the first two years in
family contexts. In J. Valsiner & K. J.Connolly (Eds.), Handbook of developmental psychology
(pp.194-214).Londres: Sage.

KORMBLIT y DI LEO P. (2008) ”Clima Social Escolar e Violência: Um Vínculo Explicativo


Possível” em KORMBLIT, Ana Lía. (Coord.) Violência Escolar e Climas Sociais, Buenos Aires:
Biblos.

220
LOPES, A. C. (2004). Políticas Curriculares: Continuidade ou mudança de Rumos? Revista
Brasileira de Educação n 26.

LINDA E.S.; JANET L.F.; PAMELA M.M.; GENE A.S. (1999).Intimate partner surveillance:
uniform definitions and recommended data elements,Version 1.0. Atlanta, GA: National Center
for Injury Prevention and Control, Centers for Disease Control and Prevention.

LEWIS, O. (1968). La vida: a Puerto Rican family in the culture of poverty: San Juan and New
York. Nova York: Random House.

LUCKESI, C. C. (2001). Avaliação da Aprendizagem Escolar: Estudos e Proposições. 11ª Ed.


São Paulo, Cortez.

LIMA F. (2013). Redes de Cooperación Food Retail Barrio: percepciones de los asociados.
Dirección de Producción, São Carlos, v. 13, n. 2.

MARCELLI, A.; BRACONNIER, A. (2007). Adolescência e psicopatologia. Porto Alegre:


Artmed.

MARLATT, G. & GORDON, J. R. (1993). Relapse prevention. New York: The Guilford Press.

MATELLANES, M. M. (1999). Como ajudar a nossos filhos frente as drogas. Madrid: Editorial
Eros.

MARTIN, M. J. & MARTINES, J. M. G. (1997). Violência Juvenil. Em: Antônio Martin


González e cols. (orgs.). Comportamento de Riesgo: violências, practicassexuales de riesgo y
consumo de drogas em la juventude. Ed. Eutinema: Madrid.

MERLO-FLORES T. (1999). Por que assistimos à violência na Televisão?,pp. 187-215. In


Carlsson & C Von Feilitzen (orgs.). A criança e a violência na mídia. Ed. Cortez-UNESCO, São
Paulo-Brasília.

221
MERLEAU-PONTY (1999). Fenomenologia de la percepción, São Paulo, 2ª ed.Editora Martins
Fontes.

MORANA, H. (1999).Subtypes of antisocial personality disorder and the implications for


forensic research: issues in personality disorder assessment. P. 187-199.

MORDUCHOWICZ, R. (2008).The Meanings of Television for Underprivileged Children in


Argentina.Editorial: Paidós. Primera edición, Marzo de 2008.

MOREY, L.C. (1988).A psychometric analysis of the DSM-III-R personality disorder


criteria.Journal of Personality disorders, 2, 109-124.

MORIN, E. (2011). Ética, Cultura e Educação / Alfredo Pena-Veja, Cleide R. S. de Almeida. 4ª


edição, São Paulo, Cortez.

NJAINE, K. (2004). Violência na Mídia e o seu Impacto na Vida dos Adolescentes: Reflexões e
Propostas de Prevenção sob a Ótica da Saúde Pública, Tese de Doutorado, Escola Nacional de
Saúde Pública, Rio de Janeiro.

O’CONNOR, B. P., & DYCE, J. A. (2001). Rigid and extreme: A geometric representation of
personality disorders in five-factor model space. Journal of Personality and Social Psychology,
81, 1119-1130.

OLIVEIRA, L. G.; NAPPO, S. A. (2008). Caracterização da cultura de crack na cidade de São


Paulo: padrão de uso controlado. Revista de Saúde Pública, São Paulo: v. 42, n.4, p. 28, jul.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – OMS (2004). Neurociências: consumo e


dependência de substancias psicoativas (resumo). Genebra: OMS.

PIAGET, J. (1976). Da Lógica da Criança a Lógica do Adolescente. São Paulo: Ed. Pioneira.

222
PINAR, W. F., REYNOLDS, W. M., SLATTERY, P., &TAUBMAN, P. M.
(1995).Understanding curriculum: An introduction to the study of historical and contemporary
curriculum discourse. New York: Peter Lang Publishing.

PERRENOUD, P. (2001). A Pedagogia na Escola das Diferenças: fragmentos de uma sociologia


do fracasso. Porto Alegre, Artmed.

PLOMIN  FULKER, (1988). Nature and Nurture during Infancy and Early Childhood,
Cambridge University Press.

PRIOTTO (2009). Violência Escolar: na escola, da escola e contra a escola, revista Diálogo
Educativo, Curitiba, Paraná v. 9.

ROBINS, L. N. (1991). Conduct disorders. Journal Child Psychological Psychiatry, 32,193-212.

ROCHA, Z. (1996). Paixão, violência e solidão: o drama de Abelardo e Heloísa no contexto


cultural do século XII. Recife: UFPE, p. 10.

ROLIM, M. (2006). A Síndrome da Rainha Vermelha: policiamento e segurança pública no


século XXI. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. Oxford, Inglaterra: University of Oxford, Centre for
Brazilian Studies.

ROPPER, W. L. (1991). Prevention of minor young violence must begin despite risks and
imperfect understanding. Public Health Report, 106, 229-231.

ROBERTS, D. A. (1988). Adolescência. Nursing, 10 (Novembro), 23-27.

ROJAS, E. (1994) O homem light: Uma Vida Sem Valores, Coimbra, Portugal, Editora Gráfica
Coimbra 2.

RUEGG, R., & FRANCES, A. (1995).New research in personality disorders. Journal of


Personality Disorders, 9, 1-48.

223
SILVA, A. B. B. (2014). Mentes perigosas: o psicopata mora ao seu lado. 2ª ed. São Paulo, Ed.
Globo, 178-183.

SNYDER, S. (1995). Movie portrayals of juvenile delinquency: Part 1 - Epidemiology and


criminology. Adolescence, 30, 117.

SCHWITZGEBEL, R. K. (1975). Sucesos privados en lugares públicos. En A. Bandura & E. R.


Iñesta (Orgs.),Modification de conducta: Análisis de la agresión y la delincuencia (pp. 92-111).
México: Trillas.

STEPHENSON P. (1990). Reducing maternal mortality in St Petersburg. World Health Forum


1997;18:189-93.

STRASBURGER, V.C. (1993).Adolescents and the media: Five crucial issues. Adolescent
Medicine: State of the Art Reviews, 4: 479-493.

SANTOS, T. M. (1966). Noções de psicologia do Adolescente: Para uso das faculdades de


Filosofia, dos Institutos de Educação e das Escolas Normais. 3ª Edição. S. Paulo. Companhia
editora Nacional.

SCHENKER, M. & MINAYO, M. C. S. (2005). Fatores de risco e de proteção para o uso de


drogas na adolescência. Ciência e Saúde coletiva, 10(3), 707-717.

SILVA, V. G. (2014). Inocência Roubada: Os Males do Amadurecimento Precoce, 2013. Acesso


a www.psicologia.pt, em 27 de março.

STACK S. A. (1988). The Causes of Crime> New Biological Approaches, Cambridge, England.

STENHOUSE, L. (1998). La investigación como base de La enseñanza. Ed. Morata.

SEVERNINI, E. R. (2007). A relação entre violência nas escolas e proficiência dos alunos.
Dissertação, Programa de Pós-Graduação em Economia da PUC – RJ.

224
TAYLOR, B. W. (1991) - Introduction to Management Science. Prentice-Hall. 6a Ed... New
Jersey.

UNESCO. (2009). Professores do Brasil: Impasses e Desafios. Coordenado por Bernadete


Angelina Gatti e Elba Siqueira de Sá Barreto. Brasilia.

WASHTON, A.M., & ZWEBEN J., E. (2009). Psicoterapia la práctica efectiva de problemas con
el alcohol y las drogas. Porto Alegre, RS: Artmed.

WIDOM C. S. (1989). The cycle of Violence, New York,.Ed Wiley.

WILLS, T. A., MCNAMARA, G., VACCARO, D. & HIRKY, A. E. (1997). Escalated substance
use: A longitudinal grouping analysis from early to middle adolescent. In G. A. Marlatt & G. R.
VanderBos (eds.). Addictive behaviors: Readings on etiology, prevention, and treatment.
Washington: American Psychology Association.

YOUNG, M. (1977) Society, state and schooling. Lewes: Falmer Press.

ZALUAR, A. (1994). Condomínio do Diabo. Rio de Janeiro: Revan/ UFRJ.

ZALUAR, A. E LEAL, M. C. (2001). Violência Extra e Intramuros Rev. Brasileira de C.


Sociais, vol. 16 no 45. São Paulo, Fevereiro de 2001.

225
ANEXO I

226
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar – ASES

PROCEDIMENTOS PREVENTIVOS DE
SEGURANÇA NAS ESCOLAS PÚBLICAS
DO ESTADO DO PARÁ

ORIENTAÇÕES GERAIS

227
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar - ASES

A ESCOLA É PÚBLICA E NÃO ESPAÇO PÚBLICO

A escola é um prédio público como tantos outros onde trabalham servidores públicos–
serventes; merendeiros; professores etc., e como tal deve ter regras de acesso, por tipo e
forma, assim como para o atendimento. Diante disso e da necessidade de nivelamento de
conduta e normatização de procedimentos, apresentamos algumas medidas que podem ser
adotadas com vistas à busca de melhoria da segurança de todos.
Assim como em outras repartições, na escola as pessoas estão trabalhando e a
interrupção para atendimento ao público pode resultar em atraso de trabalho, influenciar no
rendimento e, em última instância, o cliente de a educação acabar por não ser bem atendido.
Desta forma, a melhor maneira de atender ao público que necessita do serviço da escola, de
forma satisfatória para todos, é o agendamento feito antecipadamente.

ACESSO

O acesso à escola precisa ser revisto. É necessário controlar a entrada de alunos e


servidores identificando-os além do uniforme, com carteira de acesso. Assim com os horários
em que podem entrar no prédio, para o caso de alunos. Emergencialmente, podem ser
providenciados crachás ou carteiras, sem nenhum custo para o aluno.
Ao chegar à escola os alunos devem adentrar ao prédio. Eles não podem ficar expostos
do lado de fora, o que os colocaria em situação de vulnerabilidade. Os portões devem ser
abertos para os estudantes possam aguardar na área interna da escola o momento de início das
aulas. Em caso de aulas extras, em horário diferente do habitual, uma relação com os nomes
dos alunos deve ser disponibilizada, para o controle da portaria.
Após o horário de entrada, os portões devem ser trancados. A partir daí o acesso só
será permitido mediante as orientações da direção escolar.
A direção deve limitar ao máximo a circulação interna de pessoas estranhas ao
ambiente escolar. No caso de vendedores, o ideal seria proibi-los, porque eles podem ser
atrativos de meliantes, mas não sendo possível cabe também submetê-los a uma regra, um
agendamento por dia do mês ou da semana, com hora também definida.

228
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar - ASES

O estacionamento de veículos na área interna da escola também precisa de rito. Os


servidores devem fornecer à direção da escola que, por conseguinte, repassará à portaria, o
controle de que pode estacionar.
No caso das bicicletas o ideal será um bicicletário, mas na impossibilidade, a sugestão
seria pintar uma área para a colocação de bicicletas, com um número que seria disponibilizado
para o usuário, nos moldes que já é utilizado em guarda-volumes. O dono da bicicleta, de
posse do seu cadeado, tranca a bicicleta e ao sair devolve o cartão numérico.

REGISTRO DE OCORRÊNCIAS

Todo crime, contravenção, ato infracional ou indisciplinar, deve ser registrado.


Os registros desses episódios são muito importantes por diversos motivos:
1- O fato serve de modelo e referência para que os episódios não mais ocorram:
O meliante é sempre muito criativo, por falta de ocupação, vive inventando formas de
praticar crimes. Do modus operandi, ou seja, da maneira como o crime aconteceu, com todas
as suas peculiaridades, é que são criadas formas de atuação para ensinar o cidadão a ficar
atento e não mais incorrer naqueles erros.
2 – Contribui para diminuir a impunidade, uma vez que a autoridade policial registra a
informação recebida, inicia o procedimento adequado e encaminha a questão para a justiça.
3 – Qualquer ocorrência criminal no âmbito da escola deve ser registrada na Delegacia de
Polícia, para que as autoridades policiais adotem as providências visando a responsabilização
dos culpados. O registro do “BO” – Boletim de ocorrências, vai se transformar em TCO –
Termo Circunstanciado de Ocorrência, quando o fato for de leve teor ofensivo e
posteriormente encaminhado para a justiça ou em um inquérito policial que posteriormente
será encaminhado também à justiça.
4 -A responsabilização criminal é certamente o instrumento da sociedade contra a
criminalidade, portanto a escola deve dar o exemplo adotando essas práticas. Dessa forma
estará contribuindo para a orientação à sociedade no sentido da busca de direito

229
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar - ASES

5 – O reconhecimento dos envolvidos na Delegacia de Polícia é extremamente importante.


Caso isso não seja feito, não haverá prosseguimento do processo e o meliante continuará a
praticar crimes.
6 – Serve de referência para a política de segurança pública:
- Embora maçante desgastante pelo que, em tese, seria “perda de tempo”, o registro da
ocorrência policial vai ser utilizado pela estatística e planejamento da área de segurança, e
assim, será possível contribuir para a política de segurança pública, do mesmo modo como vai
servir de referência para a utilização racional dos recursos públicos específicos.
7 – Responsabilização Administrativa
Independente da responsabilização criminal também é preciso a adoção de
providências administrativas. Então, faz-se necessário que a direção da escola comunique o
ocorrido à SEDUC, solicitando a instauração de um PAD – Processo Administrativo
Disciplinar. Desta forma, será possível a responsabilização administrativa dos envolvidos,
além da criminal, o qual respaldará a tomada de decisão administrativa ao mesmo tempo em
que poderá resguardar direitos futuros.

SEMPRE ALERTA X MEDO

Esse é o slogan do lema de Escoteiros e Bandeirantes no mundo inteiro, que vem do


inglês “beprepared” que quer dizer, “esteja preparado”, no sentido de estar-se constantemente
em estado de atenção mental e corporal, segundo o criador do movimento Baden Powell.
Estamos preparados mentalmente quando utilizamos a disciplina e, por conseguinte,
somos capazes de nos anteciparmos aos fatos adotando uma postura correta no momento
adequado. Na preparação corporal, nos tornamos ativos e fortes para os mesmos momentos.
É importante a adoção desse estado de atenção com vistas à construção da garantia de
segurança de todos, mas é imprescindível que esse estado não se transforme em paranoia. O
medo ou o imaginário do medo provocam inércia, apatia ou do outro

230
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar - ASES

lado, a adoção de medidas que chegam a fugir do racional. É preciso então, buscar o
equilíbrio para a condução de ações e a manutenção do estado de sempre alerta.
O medo é certamente, o maior alimento da violência, quanto mais nos acuamos mais
estaremos contribuindo para o aumento da violência.
Não estamos sugerindo enfrentamento, mas sim o posicionamento. Não é possível que
o servidor de uma escola saiba que um membro dessa comunidade está envolvido com a
criminalidade e guarde para si essa informação ou no máximo avise a imprensa, o que de nada
vai adiantar para a resolução do problema. Isso é omissão.
Por outro lado, não queremos que esse servidor seja apontado como “dedo duro”, nem
tampouco vítima de represália. Mas, pelo bem de todos, inclusive do que está praticando atos
ilícitos, essa informação, esse conhecimento deve chegar a autoridade policial. A informação
é por certo o maior instrumento de trabalho de um policial no exercício de sua atribuição. É
importante também, manter o Conselho Tutelar informado de episódio envolvendo crianças
de até 12 anos.
Existem várias maneiras de contribuir, neste caso, para a segurança de todos. Na
região metropolitana de Belém, é importante ligar para o oficial da CIPOE, através do fone
8886-1059, que deve ser do conhecimento de todos os servidores da escola, que assim ficarão
habilitados a tomar a iniciativa de solicitar a providência e o atendimento mais rápido. É
importante também ter o fone da unidade de polícia militar de sua área para acioná-la
também. Esses números não devem ser de conhecimento dos alunos, a exceção dos dirigentes
de grêmio escolar, uma forma de tentar evitar trotes.
Por outro lado, quando a situação exigir uma atuação mais cautelosa ou sigilosa ou
ainda colocar o servidor em situação difícil, no sentido de estar expondo a uma provável
retaliação ou vulnerabilidade, a sugestão é que a informação chegue a polícia através do
disque denúncia, feita inclusive de qualquer telefone público para o número 181.
“Se alguém pecar porque, tendo sido testemunha de algo que viu ou soube, não o
declarou, sofrerá as consequências da sua iniquidade”. (Levítico 5:1)(*)

(*) Não declarou é omissão e iniquidade é injustiça

231
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar - ASES

SUGESTÕES DE MEDIDAS DE SEGURANÇA

ACESSO

1 – PEDESTRES
1.1 Portões:
Os portões das escolas devem ser mantidos TRANCADOS no cadeado:
 Os alunos devem entrar na escola assim que chegam. Não podem ficar “aguardando”
do lado de fora o horário de abrir o portão.
 No horário de entrada só permitir o ingresso de alunos. Pais e responsáveis devem
aguardar o encerramento da entrada dos alunos.
 Os alunos devem ter uma outra identificação além do uniforme, como por exemplo
uma carteira ou crachá;
 Em caso de aulas extras, a direção ou secretaria envia para a portaria relação dos
alunos que irão assistir aula em horário especial;
 Servidores – Com identificação na portaria, utilizando uniforme ou crachá;
 Ex-alunos e responsáveis – somente com a autorização da direção ou do servidor que
irá atendê-lo.
 Não permitir ingresso de alunos, responsáveis ou outra pessoa, sem a devida
autorização dos responsáveis pelo atendimento.
 Em casos excepcionais, registrar em livro próprio a data o nome da pessoa que entrou
o que vai fazer e quem autorizou o ingresso;
 Vendedores: Evitar ao máximo. Caso contrário, marcar um dia da semana ou o
atendimento em local fora da sala de trabalho. Exemplo: Recepção.
 Crachá – Todo visitante deve usar um crachá com a cor do setor que vai procurar.
Desta forma, é possível identificar um estranho em local indevido.
Exemplo: Diretoria – Azul; Secretaria – verde; Sala dos Professores – branco.

2 - VEÍCULOS
 Bicicletas – O ideal é ter um bicicletário. O possível é fazer numeração de controle
do tipo “guarda volume”.
232
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar - ASES

 Carros e Motos – O ideal é que seja utilizado apenas por servidores, na


impossibilidade, ou seja, na necessidade de outras pessoas usarem o espaço é
importante sempre ter o registro das placas fornecidas preliminarmente pela
direção à portaria, que controla o acesso.

3 – COMUNICAÇÃO
 Interfone – O ideal seria haver um interfone que possibilitasse a comunicação da
portaria com as áreas internas da escola, tais como secretaria, direção, sala de
técnicos e professores etc. só permitindo o acesso mediante prévia autorização.
Exemplo: Na escola Ulisses Guimarães, no bairro de Nazaré em Belém, o
conselho escolar adquiriu e instalou um interfone da portaria para a área interna da
escola e o acesso só é permitido com autorização.
 Radio Comunicação – A escola pode utilizar dois modelos de comunicação de
rádio:
i) “Walk Talk” – comunicação por rádio portátil;
ii) Caixas de Som – utilizando todo o espaço da escola com um microfone sem
fio.
 Registro – Livro ou outro instrumento que possibilite o registro com a
identificação das pessoas que entram na escola e que autorizou.

4 – OCORRÊNCIAS

CRIME – Todo tipo de crime ocorrido no interior da escola deve ser registrado na
polícia, na própria escola e comunicado à Secretaria de Educação. (Assessoria de
Segurança Escolar).

5 – SERVIÇOS
5.1 – AGENDAMENTO

233
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar - ASES

 A prestação de serviço da escola para a comunidade como o fornecimento de


documentação será feita com qualidade quando agendado preliminarmente, o que
permitirá o tempo necessário para que o servidor adote as providências no sentido de
atender à solicitação e marcar a data e horário para disponibilizar o documento,
atendendo o cliente de forma satisfatória seguindo a rotina do trabalho sem
interrupção.
 A escola deve disponibilizar em local visível, o número do telefone e o nome dos
responsáveis na secretaria, pelo fornecimento da informação e o agendamento, assim,
o servidor deve adotar todas as medidas para melhor atender o usuário. Em caso da
impossibilidade de executar o serviço, o usuário deve ser comunicado preliminarmente
para que não perca tempo indo à escola indevidamente.
 A secretaria deve ter um livro agenda para o controle desse serviço, assim como
fornecer a portaria uma relação diária contendo o nome das pessoas que estão
previamente autorizadas a entrar na escola e com quem elas devem falar. Mesmo que
pareça um aumento de trabalho ou até um aborrecimento, não podemos perder de vista
que são as medidas às vezes antipáticas, mas fundamentais para a garantia de
segurança de que está trabalhando. Já tivemos casos onde pessoas estranhas na escola
que entraram, assaltaram e causaram pânico e prejuízos.

5.2 MODELOS DE REGISTROS E DOCUMENTOS

No final da cartilha, há sugestão de modelos de controles de acesso à escola, por


pedestres, veículos, assim como o agendamento do atendimento na secretaria e direção da
escola.

HELOÍZA AGUIAR
Assessora de Segurança Escolar
SEDUC

234
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar - ASES

O QUE É....
CRIME E CONTRAVENÇÃO
CRIMES -São condutas ilícitas descritas nas legislações penais como tais e praticadas por
pessoas que possuem acima de 18 anos de idade.

CONTRAVENÇÕES – São ilícitos menos graves que o crime. Para ambos os ilícitos
(crimes e contravenções) a legislação indica quais são as penas aplicáveis em caso de
condenação.

ATOS INFRACIONAIS

São condutas praticadas por crianças ou adolescentes e que estão descritas nas
legislações penais como crimes ou contravenções.

ATOS INDISCIPLINARES

São todos os atos praticados pelos alunos em desacordo com o regimento escolar ou
código de disciplina escolar. Todos os crimes e atos infracionais são também atos
indisciplinares, como outros a serem definidos pela comunidade Escolar. Tais atos e suas
penalidades devem ser registrados pela Direção da escola, após o procedimento
administrativo simplificado de apuração da infração disciplinar.

235
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar - ASES

ILÍCITOS MAIS COMUNS NAS ESCOLAS

CRIMES

Dano – Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.

Porte de Arma – Ter em seu poder, transportar, guardar arma de fogo e munição, sem a
devida autorização. (Obs. Facas ou outro objeto cortante, não se enquadram nesta lei).

Uso de Entorpecentes – Art. 28 da Lei 11343/06


Art. 28. Quem adquirir guardar tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes
penas:
I - Advertência sobre os efeitos das drogas;
II - Prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas
destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou
psíquica.
§ 2o Para determinar se a droga se destinava a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da
substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e
pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5
(cinco) meses.
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo
prazo máximo de 10 (dez) meses.
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades
educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos,
que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de
drogas.
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a
que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
II - multa.
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente,
estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.

Tráfico de Entorpecentes – Art. 33 da Lei 11343/08

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer,
ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
dias-multa.

236
§ 1o Nas mesma pena incorre quem:
I - Importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em
depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo

237
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar - ASES

com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de
drogas;
II - Semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a
consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
terços, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem
integre organização criminosa.

Ameaça – Art. 147 do Código Penal (ameaçar com palavras, gestos ou outro meio simbólico)

Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal
injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
Sequestro e cárcere privado.

Lesão Corporal – Art. 129 do Código Penal (ofender a integridade corporal ou saúde de
outro).

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:


Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - Perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - Aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - Enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - Deformidade permanente;
V - Aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de
produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena

238
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar - ASES

§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
terço.
Substituição da pena
§ 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil
réis a dois contos de réis:
I - Se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - Se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6º Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7º No caso de lesão culposa, aumenta-se a pena de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º.
§ 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º.
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste
Código.
§ 8º Aplica-se igualmente à lesão culposa o disposto no § 5º do artigo 121.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
Violência Doméstica
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano.
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo,
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa
portadora de deficiência.

Pichação – Pichar, grafitar ou conspurcar edificações ou monumentos urbanos.

Rixa - Art. 137 do Código Penal (luta entre três ou mais pessoas, com violência física
recíproca).

Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:


Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.

Ato Obsceno – Art. 233 do Código Penal (Praticar ato obsceno em lugar público ou aberto)
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Corrupção de Menores – Art. 218 do Código Penal (praticar, presenciar ou induzir a prática
de atos de libidinagem com pessoa maior de 14 e menor que 18 anos).
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009).

239
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar - ASES

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009).
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção
carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009).
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. ” (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 2009).
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18
(dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática
do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei
nº 12.015, de 2009).
§ 2o Incorre na mesma pena: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).
I - Quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14
(catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).
II - O proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação à cassação da licença de
localização e de funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).

Atentado Violento ao Pudor – Art. 214 do Código Penal (praticar ou permitir que se
pratique ato libidinoso, diferente da conjunção carnal).

Art. 214 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se
pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal.
Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos
Pena - reclusão de dois a sete anos.

Estupro – Art. 213 do Código Penal (constranger mulher a conjunção carnal, mediante ato
violento ou sob ameaça).

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou
a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009).
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009).
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).
§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).

CONTRAVENÇÃO PENAL

Perturbação do Trabalho ou do Sossego Alheios – Art. 42 da Lei n 3688/41 – Perturbar


alguém no trabalho ou sossego alheio.
Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheio:
240
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar - ASES

I - Com gritaria ou algazarra;


II - Exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais;
III - abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;
IV - Provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem a guarda:
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa.

Importunação Ofensiva ao Pudor – Importunar alguém em local público, de modo ofensivo


ao pudor.

Embriaguez – Apresentar-se em público em estado de embriaguez de modo que cause


escândalo e também que coloque em risco a sua própria vida ou a dos outros.

Omissão de Comunicação de Crime – Artigo 66 da Lei de Contravenções Penais – Deixar


de comunicar a autoridade competente.

Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente:


I - Crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício de função pública, desde que a ação penal não
dependa de representação;
II - Crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício da medicina ou de outra profissão sanitária,
desde que a ação penal não dependa de representação e a comunicação não exponha o cliente a procedimento
criminal:
Pena - multa.

241
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar – ASES

MODELO DE AGENDAMENTO

Governo do Estado do Pará


Secretaria de Estado de Educação
Escola Estadual..........

MODELO DE CONTROLE DE ACESSO DE PESSOAS

Governo do Estado do Pará


Secretaria de Estado de Educação
Escola Estadual..........

242
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar – ASES

MODELO DE ENTRADA DE VEÍCULOS

Governo do Estado do Pará


Secretaria de Estado de Educação
Escola Estadual..........

243
Governo do Estado do Pará
Secretaria Especial de Estado de Promoção Social
Secretaria de Estado de Educação
Gabinete do Secretário
Assessoria de Segurança Escolar – ASES

SIMÃO ROBISON JATENE


GOVERNADOR DO ESTADO DO PARÁ

ALEX FIÚZA DE MELO


SECRETÁRIO ESPECIAL DE PROMOÇÃO SOCIAL

CLAUDIO CAVALCANTI RIBEIRO


SECRETÁRIO DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

LUIZ ACÁCIO CENTENO CORDEIRO


SECRETÁRIO ADJUNTO DE ENSINO

WALDECI OLIVEIRA DA COSTA


SECRETÁRIO ADJUNTO DE GESTÃO

JOSÉ SANTOS CROELHAS


SECRETÁRIO ADJUNTO DE LOGÍSTICA

HELOISA AGUIAR
ASSESSORA DE SEGURANÇA ESCOLAR
SEDUC/SEPROS

244
ANEXO II

245
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ
COMPANHIA INDEPENDENTE DE POLICIAMENTO ESCOLAR

EM CASO DE DÚVIDAS, FAZER CONTATO PELO TELEFONE


005591 3228-2814, 0055 91 98886-1059, 005591 3228-4047

CIPOE

ORIENTAÇÕES
246
1. Qual a responsabilidade da Escola?

A escola dentre outras, tem a responsabilidade de oferecer ensino de qualidade aos alunos,
bem como o aprimoramento da pessoas humana; a de proteger os alunos durante a sua
permanência nas dependências da escola ou atividades por ela promovida e aos danos que
estes possam causar a terceiros, nesse caso a escola pode entrar com uma ação de direito
regresso para que a família do aluno que causou danos, faça o ressarcimento; quanto ao trajeto
para escola a mesma deve pedir intervenções necessárias, aos órgãos competentes, quando
houver dificuldades como: iluminação precária, calçados avariados, limpeza urbana
comprometida, dentre outras; Quando o aluno é dispensado mais cedo, a escola deve
informar o responsável com a devida antecedência.
 CRIMES: São atos ilícitos definidos como tal, nas
legislações penais;
 CONTRAVENÇÕES: São atos ilícitos de menor
gravidade que também são definidos nas legislações penais;
 ATOS INFRACIONAIS: São crimes e as
contravenções cometidas por pessoa com menos de 18 anos;

2. Quais os crimes mais comuns nas escolas da Região


Metropolitana de Belém?
DIFAMAÇÃO; CALÚNIA; INJÚRIA; DANO; PORTE DE ARMA: FACAS, CANIVETES,
E OUTROS OBJETOS PERFURANTES; USO DE ENTORPECENTES; AMEAÇA;
LESÃO CORPORAL; RIXA; ATO OBSCENO; CORRUPÇÃO DE MENORES;
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR; ESTUPRO.

3. Quais as Contravenções penais mais comuns na


escola?
IMPORTUNAÇÃO OFENSIVA AO PUDOR, EMBRIAGUEZ, OMISSÃO DE
COMUNICAÇÃO DE CRIME.

DÚVIDAS

4. Como agir em situações de violência da Escola, visando a mediação do conflito e não


a criminalização do conflito?
Dependendo da situação, deve haver o isolamento das partes para uma primeira mediação
do conflito, acrescentando que, quando o envolvido (s) for (em) menor (es) de idade, deve
ser chamado os pais e, diante do comprometimento da resolução do conflito perante a
direção da escola, deve ser assinado um termo de responsabilidade por parte dos
responsáveis, além das medidas administrativas que devem ser tomadas pela escola.

5. Situações de sumiço de celular, dentro da sala de aula, podem ser resolvidas por um
Boletim de Ocorrência?
Caso não encontre o celular, mas haja suspeita de alguém, isolar as partes (suspeito e
vítima), na secretaria da escola ou correspondente ( em salas separadas) e acionar o
CIPOE, além de acionar os responsáveis, caso os envolvidos sejam menores de idade;
caso a direção encontre o celular com o suspeito, o mesmo deve ser isolado, assim como a
vítima e, em caso de serem menores de idade, os pais devem ser acionados e, mediante
247
avaliação da direção, ou aciona o CIPOE ou opta pela assinatura, por parte dos
responsáveis, de um termo de responsabilidade; caso não encontre o objeto, a vítima (se
menor) deverá, acompanhada do responsável, registrar Boletim de Ocorrência na
delegacia do Bairro; caso o acusado seja identificado e o responsável da vítima não aceite
entrar em acordo, mediante termo de responsabilidade, a CIPOE deverá ser acionada para
as providências legais; caso o acusado seja maior de idade, deverá haver o isolamento (se
possível) das partes e a CIPOE deverá ser acionada; informa ainda que medidas
administrativas, quando da identificação do acusado, devem ser tomadas pela Direção da
Escola;

6. Pequenas situações de depredação do patrimônio da escola podem ser resolvidas


internamente, sem o encaminhamento para um Boletim de Ocorrência?
Não. Diante de depredação do patrimônio, o (s) responsável (s) deverão ser chamados, junto a
direção e, o acordo ou não de ressarcimento do prejuízo, deverá ser feito na Delegacia do
bairro.

7. Que recomendações a Polícia daria, quanto à agressão física ocorrida dentro da


escola, visando a mediação do conflito?
Em se tratando de agressão física, a CIPOE deverá ser acionada e as partes encaminhadas a
autoridade Judiciária para procedimentos.

8. Que recomendações a Polícia daria nas situações de desacato ao professor ocorrido


dentro da escola, visando a mediação de conflito?
Em se tratando de Desacato ao Professor, caso o professor queira proceder, as partes devem
ser isoladas e a CIPOE acionada para encaminhamento à autoridade Judiciária. Caso o
professor não queira, o responsável do acusado (menor) ou maior, deverá assinar um termo de
responsabilidade, perante a direção da escola.

9. Quando do Ingresso do aluno portando armas de fogo ou facas e objetos cortantes na


escola, quais os procedimentos a serem tomados?
A CIPOE deverá ser acionada imediatamente, devendo haver um monitoramento, de forma
discreta, do acusado, por parte dos funcionários da referida escola, até a chegada dos policiais
militares para a contenção.
Obs.: Não se deve, em hipótese alguma, tentar desarmar o indivíduo.

10. Como a escola pode ajudar a polícia a diminuir a violência nas escolas?
Promovendo palestras de temas transversais coadunados às temáticas de paz; organizar
meios de oferecer ensino de qualidade e todos os educandos; apresentar modelos sociais e
personalidades que transformaram e transformam o contexto social para melhor; inserir
atividades e projetos que contemplem a temática da Cultura de Paz na escola, inserindo a
comunidade escolar; estabelecer um canal de comunicação aberto com os alunos,
248
professores e servidores; realizar a mediação dos conflitos existentes, dentro das suas
possibilidades; promover a valorização do espaço físico escolar e da necessidade de
limpeza, conservação e qualidade ambiental, fortalecendo o vínculo Família-Escola e
Comunidade-Escola.

O REGISTRO DE OCORRÊNCIAS ESCOLARES NOS SISTEMAS DA SECRETARIA


DE EDUCAÇÃO NÃO SUBSTITUI A LAVRATURA DE BOLETIM DE
OCORRÊNCIA NA DELEGACIA POLICIAL OU A COMUNICAÇÃO ÀS
AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. NEM O ENCAMINHAMENTO AOS
SERVIÇOS DE PROTEÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, CONFORME
PREVISTO EM LEI.

TODOS OS CASOS EM QUE O ACUSADO IDENTIFICADO FOR ALUNO DA


ESCOLA, A DIREÇÃO DEVERÁ TOMAR AS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS QUE
VARIAM DESDE A ADVERTÊNCIA VERBAL ATÉ A TRANFERÊNCIA
COMPULSÓRIA PARA OUTRA UNIDADE ESCOLAR.

RECOMENDAÇÕES DA CIPOE, QUANDO EM SITUAÇÕES DE EVENTOS


ESCOLARES:
A ESCOLA DEVE FORMALIZAR COM ANTECEDÊNCIA, JUNTO A USE
(REPRESENTANTE DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO NO BAIRRO EM
QUESTÃO). PROCEDENDO DESSA MANEIRA A CIPOE PODERÁ TOMAR
CONHECIMENTO E ASSIM, AGIR DE MODO A PREVENIR A VIOLÊNCIA.

249
APÊNDICE I

250
251
QUESTIONÁRIO DE INVESTIGAÇÃO

Este questionário destina-se a investigar sobre os problemas de violência escolar a ser utilizado
na tese de doutorado do Gustavo Nogueira Dias, doutorando da Universidade Nacional da Argentina
(UNR), com caráter meramente informativo. O presente documento não é necessário assinar ou
colocar o nome, sem identidade.

quando tem e como qualquer coisa em


1. Você estuda na Escola casa quando tem.
___________ há quanto tempo? 4.Você classifica a comida de sua casa
( ) menos de 1 ano como sendo:
( ) menos de 2 anos ( ) excelente, balanceada com frutas e
( ) menos de 3 anos verduras no almoço e janta e merenda
( ) mais de 4 anos com café ou Nescau, pão, biscoitos e
2. Na sua casa em que mora possui bolos.
um quarto só para você, ou divide ( ) excelente, balanceada com frutas e
com alguém? verduras no almoço e janta e merenda
( ) Um quarto só para mim com café ou Nescau, pão, biscoitos e
( ) Divido com um parente (irmão, bolos, porém não como frutas ou
primo ou outra pessoa próxima da verduras porque não goste, embora
família) minha mãe ou meu pai falem que devo
( ) Divido com mais duas pessoas ( comer.
parentes ou pessoas próximas da ( ) Boa, balanceada, com frutas e
família) verduras presentes 4 vezes na semana
( ) Divido com mais três pessoas ( em média e merenda com café, pão,
parentes ou pessoas próximas da biscoitos e bolos.
família) ( ) Média, com frutas e verduras
( ) Na minha casa não tem quarto, presentes 2 vezes na semana em média
dormem todos juntos em camas ou e merenda só com café com pão ou
redes sobrepostas. bolacha.
3. Quantas refeições você faz ao dia, ( ) Precária, apenas o básico, fruta
geralmente, na maioria das vezes? quando aparece todos comem tudo na
( ) Não tomo café e merendo na escola, hora e merenda somente com o básico.
almoço e somente janto uma refeição. 5. Como você se vê dentro da sala
( ) Não tomo café e merendo na escola, de aula?
almoço, merendo a tarde e merendo a ( ) aluno sempre presente, prestando
noite. atenção em tudo que o professor fala e
( ) Não tomo café e merendo na escola, participo do trabalhos;
almoço, merendo a tarde e janto a noite. ( ) não chego a ir para aula todos os
( ) Não tomo café e merendo na escola, dias mas quando vou presto atenção e
merendo a tarde e janto a noite. participo dos trabalhos;
( ) Não tomo café e merendo na escola, ( ) Vou para as aulas diariamente, mas
merendo a tarde. não consigo prestar atenção em muitas
( ) Tomo café da manhã e merendo na coisas, procuro participar dos trabalhos
escola, almoço, merendo a tarde e janto sempre me ancorando nos colegas;
a noite ( ) Vou para as aulas diariamente, mas
( ) Não tomo café e merendo na escola não consigo prestar atenção em muitas
quando tem. coisas, procuro participar dos trabalhos
( ) Não tomo café e merendo na escola sempre me ancorando nos colegas;

252
( ) Falto muito e não consigo entender ( ) Sou completamente viciado em
o que se passa na sala de aula e não jogos, seja no celular ou no computador.
gosto de participar dos trabalhos em 10. Na sua casa alguém fuma
sala cigarros?
6.Qual a sua dificuldade em sala de ( ) Somente eu
aula? ( ) Somente minha mãe
( ) Não sabe a tabuada não consegue ( ) meus pais
copiar direito os assuntos do quadro. ( ) somente meus irmãos
( ) Tem dificuldades na escrita na ( ) Todos fumam
leitura e na tabuada. ( ) Ninguém fuma
( ) Tem dificuldades na escrita na leitura 11.Na sua casa quem tem o hábito de
e na tabuada e sente-se desanimado a beber (cerveja, vinhos, aguardente e
prosseguir seus estudos, tem vontade de etc.)
desistir. ( ) Somente eu
( ) Não tem dificuldades na tabuada e ( ) Somente minha mãe
nem na escrita, faz e apresenta os ( ) meus pais
trabalhos requisitados pelo professor em ( ) somente meus irmãos
sala. ( ) Todos bebem
( ) Tem dificuldades na escrita na ( ) Ninguém bebe
leitura e na tabuada, porém me ancoro 12.Alguém da sua família já usou
nos colegas para responder os trabalhos drogas ?
de classe e no dia da prova procuro ( ) Somente minha mãe
colar. ( ) meus pais
7. Com que você reside? ( ) somente alguns de meus irmãos
( ) moro sozinho ( ) Todos
( ) moro com a minha mãe e irmãos ( ) Ninguém
( ) moro com a minha avó e tios 13.Algum colega, amigo conhecido ou
( ) moro com meus pais e irmãos parente já te ofereceu droga (maconha,
( ) moro somente com o meu pai crack, cola, acetona, cocaína, heroína,
( ) moro com o meu pai e irmãos êxtase)
( ) moro com a família de meu tios ou ( ) colega de sala de aula
primos ( ) amigo da rua em que moro
( ) moro somente com a minha mãe ( ) parente que frequenta a minha casa
( ) moro somente com meus irmãos ( ) conhecido que estuda na mesma
8.Você pratica esportes? Qual? escola
( ) Futebol às vezes, na rua na escola 14.Você é usuário de qual tipo de
quando aparece a oportunidade drogas ?
( ) Vôlei regularmente ( ) acetona ou cola
( ) Natação regularmente ( ) crack
( ) Futebol regularmente. ( ) maconha
( ) corrida regularmente. ( ) cocaína
( ) Não pratico esportes, somente o que ( ) Heroína
é feito na escola. ( ) êxtase
9. Você gosta de jogos de ( ) o que aparecer
computador? ( ) não uso droga
( ) gosto, a todo momento ou jogo no 15.Qual a frequência do seu vício ?
computador ou fico no celular ( ) ao menos 1 vez por mês
( ) gosto, só uso o celular para jogar ( ) a cada 15 dias
( ) não gosto de jogos ( ) a cada final de semana
( ) não uso drogas

253
APÊNDICE II

254
QUESTIONÁRIO DE INVESTIGAÇÃO

DATA:___/____/_____ IDADE: _________ SEXO:__________

Bairro onde reside: _______________________

Grau de Estudo: ( ) Lê e escreve muito pouco( ) 3ª série até 4ª série ( ) 5ª série até 8ª série ( )
Médio ( ) Superior
Situação atual:

( ) Estudante

( ) Ex- estudante (afastado até 2 anos)

( ) Trabalhador (Empregado em empresa com carteira assinada)

( ) Estudante e Trabalhador (Empregado em empresa com carteira assinada)

( ) Não estudante e Não trabalhador

( ) Trabalhador não-formal, empregado em empresa sem carteira assinada ou tem seu próprio
negócio(atividade legal)

( ) Estudante e Trabalhador( Empregado em empresa sem carteira assinada ou tem seu próprio
negócio (atividade legal)

Item Pontuações Possíveis Pontuação


1.Loquacidade / Charme Superficial
Dotado de fluência verbal, tem uma conversa
0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
boa e divertida, esta sempre pronto a dar
respostas rápidas e inteligente.
2.Superestima
Impressiona com a sua ostentação; É 0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
determinado e convencido
3.Necessidade de Estimulação
Expressam forte interesse em correr riscos; 0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
apresentam necessidades de novidades
4.Mentira Patológica
A mentira e a enganação é parte característica
0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
de sua interação com os demais; Apresenta
facilidade p mentir
5.Vigarice / Manipulação
Usa de artifícios para roubar e manipular os
demais; usa de golpes e artimanhas motivado 0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
pelo desejo de ganho pessoal (dinheiro,
sexo,poder)
6.Ausência de Remorso
Apresenta falta de consideração ou de
0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
consequências pelas suas ações pelo sofrimento
causado as suas vítimas
7.Insensibilidade Afetivo-emocional
0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
É incapaz de sentir emoções em profundidade.
255
Impressiona pela frieza e falta de mobilização
emocional.
8.Indiferença / Falta de Empatia
0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
É insensível aos sentimentos dos outros
9.Estilo de Vida Parasitário
A sua dependência financeira de outros é 0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
intencional. Necessita de ajuda família.
10.Descontrole Comportamental
0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
‘’Pavio Curto” ou “cabeça-quente”
11.Promiscuidade Sexual
Frequentes encontros casuais; muitos 0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
relacionamentos sexuais ao mesmo tempo
12.Transtorno de Conduta na Infância
Teve graves problemas de comportamento na
0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
infância; se descreve como a “ovelha negra da
família”.
13.Ausência de Metas
Tende a viver o dia de hoje e a mudar seus
0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
planos constantemente; não se importa com o
futuro.
14.Impulsividade
Comportamento impensado; inesperado; faz 0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
coisas no calor momento.
15.Irresponsabilidade
Costuma não cumprir com as obrigações e 0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
compromissos assumidos.
16.Incapacidade de aceitar responsabilidade
pelos seus próprios atos
0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
Sempre apresenta alguma desculpa para o seu
comportamento
Idade abaixo de 30 anos
0 = 0 a 1 Rel; 1 = 1 a 2 Rel.; 2 =acima de 2 Rel.
17.Muitas relações conjugais
Idade de 30 anos ou mais
0= 0 até 2 Rel.; 1 = 3 a 4 Rel.; 2= acima de 4 Rel.
18.Delinquência Juvenil
Tem acusações ou condenações por crimes ou 0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
contravenções abaixo dos 17 anos.
19.Revogação da Liberdade Condicional
Indivíduo que fugiu de uma instituição ou que 0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
violou a liberdade condicional
20.Versatilidade Criminal
0 = não; 1 = talvez; 2 = sim; x = omitido
Envolvido em vários tipos de delitos.

256
APÊNDICE III

257
258
17. Existe alguma relação entre os fenômenos de falta de qualidade educacional e a violência na cidade de Belém
do Pará? Justifique.

18. Há maneiras de detectarmos a origem da violência advinda dentro das escolas do bairro de Belém?

19. A miséria, a falta de recursos, a falta de emprego o uso de entorpecentes e a falta de trabalho, torna a
violência mais marcante? Como isso influencia dentro da Escola 

20. Em sua opinião o que o governos poderia fazer para diminuir a violência escolar nas escolas 

259

Você também pode gostar