Você está na página 1de 8

A aquaponia é um sistema de cultivo que conecta a aquacultura (criação de

organismos aquáticos, como peixes, camarões, entre outros) e a hidroponia


(produção de plantas sem solo, com raízes submersas na água) em um ambiente
favorável para ambos.

Nesse sistema é realizado o aproveitamento da água e dos efluentes do tanque dos


organismos aquáticos que são utilizados para irrigar as plantas. Assim os
produtores têm duas fontes de rendas: a venda das hortaliças e dos peixes,
camarões, entre outros.

A aquaponia utiliza a recirculação de água. A água que entra no tanque dos


organismos aquáticos é encaminhada para as unidades de cultivo dos vegetais e
depois retorna novamente para o tanque, reiniciando todo o processo. Os dois
sistemas são fisicamente separados e quando a água sai do tanque ele passa por
um tratamento biológico e se transforma em nutrientes para as hortaliças, passando
por suas raízes até retornar ao tanque.

Como toda tecnologia, a aquaponia apresenta diversas vantagens e desvantagens


na sua utilização. Desse modo, apresentamos, abaixo, algumas delas:

*Vantagens:
- Economia de água por ser realizada em sistema fechado;
- Produz alimentos livres de produtos químicos;
- Pode ser utilizada em centros urbanos;
- Diversificação de renda para o produtor.

*Desvantagens:
- É um sistema dependente de energia elétrica;
- É uma técnica pouco utilizada no Brasil e por isso é carente de informações a seu
respeito;
- Investimento inicial para a instalação do sistema é um pouco alto.

Como iniciar a criação de camarões marinhos?


A carcinicultura possui grande potencial para ser desenvolvida e aprimorada em
várias regiões do Brasil

Nos últimos anos a carcinicultura – criação de camarões – se popularizou, deixando de ser um


negócio apenas para grandes investidores e tornando-se atrativa também para pequenos
produtores rurais. A evolução da atividade tem ocorrido a passos muito largos no Brasil, em um
processo dinâmico e voltado, cada vez mais, à busca por ganhos em eficiência e competitividade.
Carlos Barbieri Júnior, um dos autores do Livro AFE Camarões Marinhos – Reprodução,
Maturação e Larvicultura, informa que O Brasil vive um bom momento para o cultivo de
camarões marinhos. Cada vez mais criadores têm se interessado pelo negócio, mas investir na
produção de camarões requer conhecimento e técnica.

Tomando como base que a reprodução é uma etapa independente, a criação de camarões
marinhos possui duas etapas básicas: a larvicultura e a engorda. Enquanto a primeira se ocupa da
produção de camarões pós-larva, a segunda engloba todo o crescimento desse crustáceo até que
ele atinja as características para a comercialização.

A seguir, apresentamos algumas informações básicas para que você possa iniciar sua criação
de camarões marinhos:

Sistemas de cultivo

Há três formas de cultivo possíveis em relação ao cultivo de camarões marinhos:

- Sistema extensivo

O sistema extensivo é mais “flexível” e se aproxima do ambiente natural em que os camarões


geralmente vivem. Isso porque a densidade dos tanques é baixa, a adoção de tecnologias é
minimizada e o fornecimento de ração não é a principal forma de alimentação deles – nesse caso,
se alimentam de organismos vivos que estão presentes nos viveiros de forma natural.

- Sistema semi-intensivo

É considerado um “meio termo”, haja vista que a densidade é maior do que a do sistema
extensivo e os camarões são alimentados com rações balanceadas. Há também maior controle da
produção e monitoramento da qualidade da água nos viveiros. É uma opção vantajosa e mais
rentável que a extensiva.

- Sistema intensivo

Como se pode perceber, o sistema intensivo é o oposto do extensivo: além de adotar tecnologias,
os produtores também investem em equipamentos, na alimentação de qualidade e a densidade dos
viveiros é mais expressiva. Ainda, há manejo constante dos indivíduos e o monitoramento dos
parâmetros da água dos viveiros é obrigatório.
Localização da criação

A localização de qualquer empreendimento produz impactos significativos nos resultados. Em


relação à carcinicultura, é importante que o criador observe se a localização atende a requisitos
básicos de um projeto e se apresenta viabilidade econômica, funcionalidade e adequação à
legislação municipal, estadual e/ou federal. O ideal é que a elaboração desse projeto seja feita
junto a um responsável técnico credenciado.

Pré-requisitos para iniciar uma criação

- Topografia da propriedade

Ainda que terrenos planos possam ser utilizados para dar início a uma criação de camarões
marinhos, eles demandarão maior investimento para a escavação dos viveiros. Os mais indicados
são aqueles que possuem inclinação suave de até 5%, o que proporcionará maior economia ao
criador.

- Viveiros

Em relação ao tamanho dessas estruturas, é importante que siga o formato da área disponível,
visando otimizar o aproveitamento para a construção. A padronização dos viveiros – em relação
ao formato e às dimensões – é desejável, exceto quando há a necessidade de melhor
aproveitamento da área e, por conta disso, o viveiro seja construído em formato irregular.

- Solo dos viveiros

É essencial que se conheça as características físicas do solo dos viveiros. Isso porque ele controle
a estabilidade do pH da água e exerce influência em vários outros fatores. Ainda nesse contexto, a
presença de minerais e matéria orgânica favorece a alimentação dos camarões por promover bom
desenvolvimento do plâncton e de outros alimentos vivos consumidos por eles.

Conheça nossos Livros da Área Criação de Peixes:

Camarões Marinhos – Reprodução, Maturação e Larvicultura


Camarões Marinhos – Engorda
Nutrição e Alimentação de Peixes de Água Doce
Água salgada artificial para a criação de camarões:
como fazer
Para a criação de camarões, o carcinicultor deve ter disponível água salgada e
doce, que são misturadas de forma adequada antes de serem fornecidas aos tanques
de cultivo
Compartilhe

Imprimir

Para a criação de camarões, também conhecida como larvicultura, o carcinicultor


(criador) deve ter disponível água salgada e doce, que são misturadas de forma adequada
antes de serem fornecidas aos tanques de cultivo. Quando a propriedade situa-se longe da
costa, a aquisição da água salgada encarece muito a produção. "Nesse caso, utilizam-se
sistemas fechados de circulação, que reciclam a água salobra, que pode ser preparada com
a fórmula de água do mar artificial, recentemente desenvolvida no Caunesp
(Unesp/Jaboticabal), indicada às propriedades situadas a mais de 600 km do litoral",
afirma Dr. Wagner Cotroni Valenti, professor do Curso a Distância CPT Cultivo de
Camarões de Água Doce, em Livro+DVD e Curso Online. Para distâncias menores, é
mais interessante transportar a água do mar natural.

Preparação de água marinha artificial

1- Coloque cerca de 20 L de água em um balde de polipropileno de 40 litros.


2- Acomode uma pedra de ar no fundo do balde de modo a promover a circulação da
água.
3- Adicione o cloreto de sódio de forma gradativa sob agitação até que este se dissolva
totalmente (utilize um pedaço de tubo de PVC para agitar).
4- Dissolva separadamente o Sulfato de Magnésio, Cloreto de Magnésio, Cloreto de
Cálcio, Cloreto de Potássio e Bicarbonato de Sódio. Coloque-os em béqueres contendo 1
a 2 litros de água. Utilize agitador magnético de for necessário.
5- Adicione ao balde as soluções preparadas acima, separadamente, seguindo a ordem
decrescente de concentração na água do mar (Lave as paredes dos béqueres com uma
piceta para não deixar resíduos). Agite continuamente e mantenha a aeração.
6- Após todos os sais terem sido adicionados, tranfira a solução para um tanque de
armazenagem já contendo cerca de 60 litros de água. Lave as paredes do balde para não
deixar resíduos.
7- Complete o volume para 100 L (deve haver uma marca prévia na parede do tanque,
indicando esse volume). Agite vigorosamente e meça a salinidade que deve estar por
volta de 34%.
8- Deixe 24 horas sob aeração (a pedra de ar deve ser colocada no centro do recipiente,
junto ao fundo). O pH deverá se estabilizar ao redor de 8,2.
9- Pese os demais sais e dissolva-os, separadamente, em béqueres contendo cerca de meio
litro de água. Adicione as soluções ao tanque de armazenagem, agitando em seguida
(Lave as paredes do béquer para não deixar resíduos).
10- Agite vigorosamente a solução e deixe 24 horas sob aeração.

Observações:

1- A utilização de água a 30-35°C para diluições facilita bastante o trabalho.


2- Nossos últimos resultados têm indicado que os quatro últimos sais da lista podem ser
excluídos sem reduções significativas na produtividade.
3- Para a preparação de grandes quantidades, substitua o balde pelo próprio tanque de
larvicultura e os béqueres por baldes de polipropileno. Dimensione de modo a completar
o volume com água doce e obter a água salobra na salinidade desejada, evitando as
transferências de tanque.

Fórmula de água marinha artificial usada no CAUNES

Cloreto de Sódio (NaCl): 2760 g/100 L de água


Sulfato de Magnésio (MgSO4.7H2O): 690 g/100 L de água
Cloreto de Magnésio (MgCl2.6H2O): 540 g/100 L de água
Cloreto de Cálcio (CaCl2.2H2O): 140 g/100 L de água
Cloreto de Potássio (Kcl): 60 g/100 L de água
Bicarbonato de Sódio (NaHCO3): 20 g/100 L de água
Brometo de Potássio (Kbr): 2.7 g/100 L de água
Sulfato de Manganês (MnSO4.H2O): 0.4 g/100 L de água
Cloreto de Lítio (LiCl): 0.1 g/100 L de água
Molibdato de Sódio (Na2MoO4.2H2O): 0.1 g/100 L de água
Tiossulfato de Sódio (Na2S2O3.5H2O): 0.1 g/100 L de água
Preparação de água salobra

1) Após a filtragem e a desinfecção da água salgada, coloque uma amostra em uma


proveta de 1.000 mL e introduza, lentamente o densímetro. Faça a leitura ao nível da
água, lembrando que o aparelho dá 4 casas depois da vírgula e a primeira é sempre zero.
2) Meça a temperatura da água.
3) Com os valores de densidade e de temperatura, determine a salinidade na tabela
correspondente.
4) Calcule a proporção de água do mar que deve ser utilizada através da fórmula: % água
do mar = salinidade desejada (12%) x 100 dividido por salinidade da água do mar
utilizada
5) Misture a água doce e salgada na proporção determinada acima e agite bem. A aeração
interna facilitará a homogeneização da água salobra.
6) Confirme o resultado obtido determinando a salinidade da mistura.
7) Se for necessário, acrescente um pouco de água doce ou salgada até obter a salinidade
desejada. Para elevar 0,5%, acrescente água salgada na proporção e 3% do volume da
mistura. Para abaixar 0,5%, acrescente água doce na proporção de 5% do volume da
mistura.

Exemplo:

Supondo a preparação de 100 litros de água salobra


a) A leitura realizada com densímetro indicou uma densidade de 1.0210 e temperatura de
20°C para a água do mar.
b) Através da tabela de salinidade, obtém-se o valor 30.
c) A proporção de água usada será: % de água do mar = 12 dividido por 30 x 100 = 40%
d) Misturam-se 40 litros de água do mar a 60 L de água doce.
e) Checa-se a salinidade obtida.

Você também pode gostar