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1: O lítio do Chile beneficia os multimilionários, mas esgota a terra e os povos

Localizado no norte do Chile, o salar do Atacama com mais de 1200km² é a maior fonte de lítio do mundo e
grande parte do elemento extraído é exportado. Empresas mineradoras chilenas como a SQM e a Albemarle são as
mais famosas. Ambas extraem o lítio bombeando salmoura no subsolo do local e a deixa evaporar durante meses;
após a evaporação, resta um concentrado, que é convertido em carbonato e hidróxido de lítio. Esses são
exportados e visam no exterior, a produção de baterias de íon de lítio. Por isso, é visto como a “nova gasolina”.

O salar é uma região disputada pelo Estado e empresas privadas, que almejam ter controle sobre a
exploração e comércio do lítio, além de povos originários, que tiram suas rendas através da terra – como criação de
cavalos e algumas atividades de subsistência. Tais povos, muitas vezes, tem que deixar suas terras, sem ganhar nada
em troca. Ademais, sofrem com a falta de água, necessitando de caminhões-cisterna para o abastecimento.
“As necessidades das pessoas que habitam esta região parecem estar atrás das necessidades das grandes empresas. Os familiares dos
antigos ditadores acumulam riquezas às custas da terra, enquanto que as e os proprietários dela – por necessidade – a vendem em troca de
gorjetas.”

A existência de um debate sobre o apoio ou não à exploração de lítio gera um impasse: uns dizem que não
deve ser extraído para evitar danos enquanto outros apoiam a extração se forem beneficiados com a riqueza.
Muitos apoiam o processamento do metal dentro do país, já que traria benefícios e lucros.

Impactos Ambientais

Foram estudados pela comunidade científica, concluindo que reservas água pode ser contaminadas, faunas
(como os flamingos da região do deserto).
“para produzir uma tonelada de lítio nos salares do Atacama são evaporadas 2 mil toneladas de água, o que provoca um dano importante
tanto na disponibilidade da água como na qualidade das reservas subterrâneas de água doce”.

Política

O novo governo chileno, de 2021, de Gabriel Boric, pretendia estudar a possibilidade de nacionalizar o cobre
e o lítio, pois teriam potencial de melhorar a infraestrutura e o sistema de pensões do país.

Há um novo interesse contra a intensa exploração do metal, já que a nova constituição tem como objetivo
assegurar os direitos das natureza e das gerações presentes e futuras.

Em 2016, o Chile produzia cerca de 37% do lítio mundial. Após o estabelecimento de novas taxas e leis, muitas
empresas reduziram a produção, caindo para 29% (até 2030, chegará próximo a 17%). Atualmente, está atrás da
Austrália.

2: Mina brasileira iniciará produção de lítio em 2023 visando maior demanda


A Sigma Lithium, uma empresa canadense, pretende iniciar a produção de lítio no Brasil, a fim de
comercializar material de alta qualidade para baterias de veículos elétricos, na Grota do Cirilo, MG. Tal grupo de
empresa, possui planos para triplicação de sua produção, alcançando até 100mil toneladas de LCE (carbonato de
lítio equivalente), em 2024. Isso porque as novas demandas e concorrências de lítio, incentivaram a empresa, que
estará entre as quatro maiores globais.

Em razão da grande demanda do metal em montadoras para a produção de carros elétricos (assim como
o cobalto e níquel), o preço encontra-se disparado desde 2021 – US$ 75 mil (R$ 391 mil). Com isso, muitos
investidores passaram a dar credibilidade para a Sigma, que teve um aumento de 275% nas ações – tendo um
mercado equivalente a 3,5 bilhões de dólares.

A McKinsey tem a previsão de que a produção aumentará de 540 mil toneladas para até 3,2 milhões até o
final da década.

3: O papel do lítio na viagem de Scholz à América do Sul


Grande parte das reservas de lítio do mundo estão concentradas na América do Sul, sendo 57% na
Argentina, Bolívia e Chile. Portanto, tais locais estão sendo cobiçados por várias empresas, inclusive por potências
estadunidense, chinesa e europeia.

Facilitada pelo acesso indireto a um grande portifólio de licenças de exploração duas empresas alemãs
têm facilidade em possivelmente extrair lítio na Argentina. A China também se encontra em vantagem, pois a
Ganfeng adquiriu a empresa argentina Lithea – proprietária de dois lagos de sal de lítio. E outra empresa chinesa
quer investir dois bilhões de euros para a exploração de lítio no local.

No Chile a situação é um pouco mais complicada, porém a empresa SQM tem Pequim com 24% de
participação.

4: A “guerra do lítio mineral” e o Império na América Latina


Lítio tido como “Ouro Branco” no século XXI. Bolívia contém grandes reservas e é a mais forte no triângulo
do lítio. o lítio mineral está sob total controle da empresa estatal Yacimientos Del Litio Bolivia (YLB) em convênio
com um conglomerado chinês CBC.

EUA possuem comandos militares para proteger a hegemonia do lítio, todos os países da América Latina e
do Caribe estão diretamente ameaçados por esses militares profissionais:
“Porque essa região importa. Pelos recursos naturais e minerais por exemplo. Tem o Triângulo do Lítio – Argentina, Bolívia e Chile –
responsável por 60% das reservas mundiais desse minério que é essencial para a tecnologia na atualidade. Também tem as maiores reservas de
petróleo cru e leve, descoberto na fronteira das Guianas cerca de um ano atrás. Venezuela também tem muitos recursos, incluindo enormes
reservas de petróleo. Na América do Sul tem cobre, ouro. A China compra 36% de suas fontes de alimentos desta região. Tem a Amazônia, o pulmão
do mundo. Nesta região concentra 31% dos recursos hídricos do planeta.”

No continente americano, os EUA tem seu primeiro adversário a China, seguida pela Rússia (esta que conta
com três aliados, a Venezuela, Nicarágua e Cuba).

Dessa forma, os EUA tentam controlar os recursos da América Latina, colaborando com esses países em
suas políticas e apoiando determinados movimentos. Portanto, tais países devem tomar cuidado com seus inimigos
e as pretensões de Washington:
“Compreender que há uma ameaça imperialista não pode implicar em adesismo aos governos Alberto Fernández (Argentina), Luis
Arce (Bolívia), Gavriel Boric (Chile) ou qualquer outro de maioria social-democrata em nosso Continente. A agenda doméstica e as lutas sociais
por mais distribuição de renda, reconhecimento e poder de fato são bandeiras permanentes, independente de quem estiver no Poder
Executivo. O mesmo se dá na agenda anti-imperialista e a defesa da soberania popular sobre os recursos estratégicos e suas respectivas
cadeias produtivas. É preciso ter força social para enfrentar tanto o inimigo interno como as pretensões de Washington em comandar nossos
destinos.”

5: Plano de Industrialização do lítio boliviano é retomando em parceria com China


Muitos acreditam que o golpe de Evo Morales na Bolívia, foi um golpe para garantir a privatização de
empresas de lítio, gás e outros recursos.
“Vale lembrar que o lítio boliviano já esteve no centro de diversos impasses internacionais e até tentativas de golpe de Estado. Em 2019, o
ex-presidente boliviano Evo Morales afirmou que o golpe contra seu governo, em novembro daquele ano, foi um “golpe pelo lítio”. Durante
a última campanha eleitoral, o atual presidente boliviano, Luis Arce, reafirmou a fala de Evo: “o golpe não foi contra os indígenas, mas pelo
lítio. Foi desenhado por transnacionais interessadas em sua privatização e na do gás”

A construção de plantas industriais para a extração do lítio com a parceria da China se iniciará em 2024, no
território boliviano e, até 2025, a Bolívia exportará baterias de lítio. Com o acordo, a Bolívia começará a utilizar a
tecnologia de Extração Direta de Lítio (EDL), que pode economizar tempo e água na extração do metal. A tecnologia
foi desenvolvida pela chinesa Xi'an Lanshen New Material Technology, e anunciada em 2021 como um grande
avanço.

O modelo boliviano de nacionalização do metal incentivou mudanças no México e incentivam Chile e


Argentina.

O Brasil, por sua vez, possui 730 mil toneladas do recurso, 8% das reservas globais. A exploração vinha sendo
feita fundamentalmente pela Companhia Brasileira de Lítio (CBL) e a AMG Brasil, filial da Amg Advanced
Metallurgical, dos Países Baixos. No ano passado, o ex-presidente Bolsonaro assinou um decreto que possibilitou a
exploração e comercialização do lítio e a primeira beneficiada foi a canadense Sigma Lithium que já é 100%
proprietária da Grota do Cirilo, no Vale do rio Jequitinhonha (MG).

Enquanto a China se beneficia, os EUA enfrentam altas taxas e tributação sobre o lítio no Chile, por exemplo.

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