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Curso: MBA MERCADO DE CAPITIAS E

Turma:
DERIVATIVOS
Disciplina: GOVERNANÇA CORPORATIVA e
ÉTICA EMPRESARIAL Prof. Adriana de Andrade Solé

Valor: 70 pontos
Disponivel: 15/05/2023
Data de entrega :22/05/2023
ORIENTAÇÕES PARA A PROVA:
• A prova é INDIVIDUAL e COM CONSULTA
• Esta avaliação foi preparada para ser realizada em 2h30.

Boa Prova!!!

PROFESSOR (A): ADRIANA DE ANDRADE SOLÉ


NOME : Pedro Augusto Gomes Guimarães

Como Minas Gerais quer criar o Vale do Lítio


Campanha internacional destaca segurança jurídica para investidores externos ao
mesmo tempo em que o Chile cria incertezas

Por Sérgio Teixeira Jr.

10 de maio de 2023

Nova York – O governo de Minas Gerais apresentou na noite de ontem em Nova


York uma campanha de atração de investimentos internacionais para a exploração
do lítio no Vale do Jequitinhonha.

Batizada de Lithium Valley, a iniciativa conjunta com o governo federal quer


posicionar a região como centro produtor de um dos minérios críticos da transição
energética.

O lítio é um componente essencial das baterias, e a previsão é que a demanda pelo


metal pelo menos triplique até o fim da década com a eletrificação dos transportes.

Existem 45 jazidas de lítio no nordeste do Estado, o que poderia aumentar em mais


de 20 vezes a produção nacional, segundo as estimativas do governo mineiro.
Além do potencial transformador para uma das regiões mais pobres do país e do
apelo evidente da descarbonização, o evento realizado na sede da Nasdaq, na
Times Square, teve outra mensagem central: segurança jurídica.

O timing da divulgação da campanha, que vinha sendo gestada havia mais de um


ano, não poderia ter sido mais favorável.

Há pouco menos de três semanas, o governo chileno apresentou uma nova política
nacional para a exploração do lítio que exigirá participação estatal em futuros
projetos de exploração no país.

A medida ainda depende de aprovação do Congresso, mas a resposta dos


investidores foi imediata. As ações das duas companhias que produzem lítio no país
despencaram mais de 20% no dia seguinte ao pronunciamento do presidente
Gabriel Boric.

O Chile tem as maiores reservas comprovadas de lítio e um dos custos mais baixos
para a obtenção do mineral. Mas, com a incerteza no vizinho sul-americano, o Vale
do Lítio pode tornar-se uma alternativa atraente para os investidores.

“O Brasil está de braços abertos para empresas de todo o mundo. Temos a


convicção de que o desenvolvimento do setor de mineração não prescinde do setor
privado”, afirmou Vitor Saback, secretário nacional de mineração do Ministério de
Minas e Energia.

O país quer contribuir com a descarbonização mundial e pretende fazê-lo com


“integridade, transparência e previsibilidade”, disse Saback.

Poucos detalhes

Não houve detalhamento de medidas práticas da campanha Vale do Lítio. O plano,


dizem as autoridades estaduais, vai envolver a agilização das licenças ambientais e
também estudos para eventuais investimentos em infraestrutura.

“Velocidade não quer dizer malfeito”, disse o governador mineiro, Romeu Zema, em
seu discurso. Critérios objetivos serão outra prioridade para oferecer mais segurança
aos investidores.

“Antes tínhamos regras subjetivas. Você dizia: ‘Precisa ter bom preparo físico’. É
diferente de dizer: ‘Você precisa correr 2 quilômetros em 12 minutos.”

Um dos objetivos da iniciativa, afirmou Zema, é “desmistificar a mineração”, numa


aparente referência ao ponto mais sensível quando se fala do setor no Brasil e
particularmente em seu Estado: os impactos negativos no meio ambiente.

Usando como exemplo o Instituto Inhotim, museu a céu aberto que fica numa antiga
área de mineração em Brumadinho – a mesma cidade onde o rompimento de uma
barragem da Vale deixou 270 mortos em 2019 –, ele afirmou que é possível
recuperar áreas exploradas.

“O que não resolve a vida de ninguém é o minério ficar eternamente enterrado”,


disse Zema.

Nos passos da pioneira

A campanha seria pouco mais que um esforço de marketing se não fosse o exemplo
concreto de uma empresa que acaba de inaugurar sua produção comercial de lítio
no Vale do Jequitinhonha.

Depois de mais de uma década estudando o potencial da região e R$ 1,2 bilhão em


investimentos, a Sigma Lithium começou a produzir oficialmente em meados do mês
passado.

A companhia deve despachar do Porto de Ilhéus o primeiro carregamento de 15 mil


toneladas ainda este mês. “Vamos produzir lítio suficiente para 617 mil carros
elétricos [anualmente]”, afirmou a CEO Ana Cabral-Gardner.

Com as expansões previstas para os próximos anos, a estimativa é que esse total
seja multiplicado por três.

A Sigma Lithium afirma ser a primeira produtora de lítio verde do mundo. Toda a
eletricidade usada na planta vem de fontes renováveis.

A empresa também recicla 100% da água utilizada na etapa de purificação do lítio


(que não envolve agentes químicos). Os rejeitos são empilhados a seco e depois
são exportados para a recuperação dos minerais residuais que têm valor comercial.

Diversas outras companhias realizam estudos geológicos e querem seguir o mesmo


caminho da Sigma.

Embora os salares chilenos (e também bolivianos e argentinos) tenham maior


concentração de lítio e possam ser explorados a um custo mais baixo, a aposta é
que as credenciais de sustentabilidade façam a diferença.

“O lítio chileno não é ESG”, diz Marc Fogassa, CEO da Atlas Lithium, uma empresa
americana que prospecta no Vale do Jequitinhonha. “E eles não têm como aumentar
a escala da produção sem grande impacto ambiental.”

Nos vizinhos sul-americanos, o lítio é obtido por meio do bombeamento para a


superfície da salmoura presente no subsolo. O mineral é extraído com facilidade por
meio da evaporação da água.

Ativistas ambientais afirmam que essa atividade pode interferir na disponibilidade de


água em uma região que já é desértica.
Esse foi um dos motivos que levaram o presidente chileno, Gabriel Boric, a rever a
política de exploração do minério.

Mesmo antes disso, o Chile já havia perdido a condição de maior produtor do


mundo. Desde 2017, a liderança global é da Austrália, que, como o Brasil, extrai o
lítio de um minério rochoso chamado espodumênio.

E as baterias?

Mesmo com o carimbo “battery grade”, o insumo exportado pela Sigma Lithium
precisa passar por um processo de refino químico – o que normalmente é feito na
China – antes de ser utilizado em baterias.

Bolívia e Chile já anunciaram acordos com grandes fabricantes chineses para


romper o conhecido ciclo de exportação de matérias-primas e importação de
industrializados.

Um dos pontos centrais do pacote ambiental bilionário de Joe Biden envolve uma
crescente distribuição local da fabricação dos componentes – por questões
comerciais e geopolíticas.

Questionado pelo Reset se o plano do Vale do Lítio contemplaria algo semelhante,


Romeu Zema afirmou que ainda é cedo para pensar no assunto. “Primeiro você
planta o algodão, depois monta uma tecelagem e só então vai ter uma confecção.”
Questão 1: 30 pontos.

Relacione esta notícia com 3 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável


e aspectos da Agenda ESG. Justifique e qualifique bem a sua resposta.

Esta notícia relaciona-se com os seguintes Objetivos de Desenvolvimento


Sustentável (ODS) e aspectos da Agenda ESG:
ODS 1 - Erradicação da pobreza: A criação do Vale do Lítio no Brasil, mais
especificamente no Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, pode ter um impacto
significativo na região, que é uma das mais pobres do país. A exploração do lítio
pode sustentar o desenvolvimento econômico, gerar empregos e oportunidades de
negócios, com esperança para a redução da pobreza na região.
ODS 7 - Energia limpa e acessível: A exploração do lítio no Vale do Jequitinhonha
está relacionada à transição para fontes de energia mais limpas, uma vez que o lítio
é um componente essencial para baterias usadas em veículos elétricos e sistemas
de armazenamento de energia. Ao promover a produção de lítio e atrair
investimentos internacionais, Minas Gerais e o Brasil estão confiantes para o
objetivo de garantir o acesso à energia limpa e aumentar o uso de energias
renováveis.
ODS 9 - Indústria, inovação e infraestrutura: A iniciativa do Vale do Lítio no Brasil
envolve a atração de investimentos internacionais e o desenvolvimento de
infraestrutura para a exploração do lítio. Isso pode sustentar o crescimento da
indústria de mineração e promover a inovação tecnológica na produção e refino do
lítio, animador para o desenvolvimento sustentável do setor industrial.
Esses são apenas alguns exemplos de como essa notícia pode se relacionar
com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. É importante ressaltar que os
ODS são interconectados e ações em um determinado objetivo podem ter impactos
em outros objetivos também.
Já com relação a Agenda ESG os seguintes aspectos são observados:
Sustentabilidade: A exploração do lítio no Vale do Jequitinhonha, em Minas
Gerais, busca atrair investimentos internacionais com base em credenciais de
sustentabilidade. A empresa Sigma Lithium, por exemplo, se posiciona como a
primeira produtora de lítio verde do mundo, utilizando eletricidade de fontes
renováveis, reciclando água e adotando práticas de ingestão e purificação do lítio.
Segurança jurídica: A campanha de atração de investimentos destaca a
segurança jurídica oferecida pelo Brasil aos investidores estrangeiros. Ao mesmo
tempo, menciona a nova política chilena que exige participação estatal em projetos
de exploração de lítio no país, o que pode tornar o Vale do Lítio uma alternativa
atraente para os investidores.
Impacto ambiental: O governo brasileiro e as empresas envolvidas na
exploração do lítio no Vale do Jequitinhonha buscam desmistificar a mineração e
enfatizar a possibilidade de recuperação de áreas exploradas. A CEO da Sigma
Lithium destaca as práticas adotadas pela empresa, como o uso de energia
renovável, a reciclagem de água e a gestão adequada dos rejeitos.
Potencial econômico e social: A iniciativa do Vale do Lítio visa não apenas
atender a transição energética global, fornecendo lítio para a produção de baterias
de veículos elétricos, mas também transformar uma das regiões mais pobres do
Brasil. A exploração do lítio pode gerar empregos e desenvolvimento econômico na
região do Jequitinhonha.
Geopolítica e cadeia de suprimentos: A demanda por lítio está aumentando
devido à eletrificação dos transportes, e países como Bolívia, Chile e Brasil estão
buscando ampliar sua participação na cadeia de suprimentos de lítio. O Chile, que
possui as maiores reservas comprovadas de lítio, está vendendo sua política de
exploração do minério, enquanto o Brasil e outros países exploram diferentes
métodos de obtenção.
ESG (Environmental, Social and Governance): A iniciativa do Vale do Lítio
está garantida com a agenda ESG, enfatizando aspectos ambientais, como
sustentabilidade e recuperação de áreas exploradas, e buscando atrair
investimentos com base na segurança jurídica e transparência. A produção
sustentável de lítio pode ter um impacto positivo tanto em termos ambientais quanto
sociais, impulsionando a transição energética e o desenvolvimento econômico em
regiões carentes.
Questão 2: 30 pontos
A notícia exposta é mais aderente ao triangulo básico de Governança ou
ao quadrilátero de múltiplas conciliações? Justifique sua resposta
explicando o papel e as principais atribuições dos principais atores do
modelo escolhido.

Com base na notícia apresentada, parece que a situação descrita é mais


aderente ao quadrilátero de múltiplas conciliações do que ao triângulo básico de
governança. Vou explicar o papel e as principais atribuições dos atores envolvidos
para justificar essa resposta.
No quadrilátero de múltiplas conciliações, os principais atores são:
Governo de Minas Gerais: O governo estadual é responsável por liderar a
campanha de atração de investimentos internacionais para a exploração do lítio no
Vale do Jequitinhonha, por meio da iniciativa chamada Lithium Valley. Eles buscam
se posicionar na região como um centro produtor de lítio e destacam a segurança
jurídica como um fator importante para atrair investidores. Além disso, o governo de
Minas Gerais visa apoiar o desenvolvimento socioeconômico da região e contribuir
para a descarbonização mundial.
Governo federal: O governo federal está envolvido na iniciativa conjunta com
o governo de Minas Gerais para promover o Vale do Jequitinhonha como um centro
produtor de lítio. Eles procuram o objetivo de atrair investimentos internacionais para
a exploração do lítio e contribuir para a transição energética.
Investidores internacionais: Os investidores internacionais são os alvos da
campanha de atração de investimentos. O governo de Minas Gerais e o governo
federal estão buscando atrair empresas e investidores estrangeiros interessados em
explorar o potencial de produção de lítio no Vale do Jequitinhonha. Os investidores
internacionais têm interesse na produção de lítio devido à crescente demanda por
esse mineral, impulsionada pela eletrificação dos transportes.
Empresas de mineração: Empresas de mineração, como a Sigma Lithium
mencionado na notícia, desempenham um papel importante na exploração do lítio
no Vale do Jequitinhonha. A Sigma Lithium é destacada como a primeira produtora
de lítio verde do mundo, com práticas atraentes de produção. Outras empresas
também estão realizando estudos geológicos na região e desejam seguir o mesmo
caminho da Sigma. Essas empresas estão interessadas em aproveitar o potencial
de produção de lítio no Vale do Jequitinhonha e contribuir para a demanda crescente
por baterias e eletrificação dos transportes.
Esses atores estão envolvidos em uma iniciativa conjunta para atrair
investimentos internacionais e desenvolver a produção de lítio no Vale do
Jequitinhonha. O principal objetivo é posicionar a região como um centro produtor de
lítio, aproveitando uma demanda crescente por esse mineral devido à transição
energética. Embora a governança seja mencionada no contexto da segurança
jurídica para os investidores, a notícia enfatiza mais as múltiplas conciliações
necessárias para alcançar os objetivos da iniciativa, como os envolvimentos do
governo estadual e federal, investidores internacionais e empresas de mineração.
Portanto, a situação cumprida parece estar mais determinada ao quadrilátero de
múltiplas conciliações.
Questão 3: 10 pontos
Cite 3 caracteristicas e 3 desafios do modelo brasileiro de governança
corporativa.

Características do modelo brasileiro de governança corporativa:


Estrutura legal e regulatória: O Brasil possui uma estrutura legal e regulatória
robusta para governança corporativa, com leis e regulamentos que estabelecem
padrões e diretrizes para a gestão das empresas. Destacam-se a Lei das
Sociedades por Ações, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Novo Mercado
da B3, que estabelecem requisitos de transparência, prestação de contas, equidade
entre acionistas e práticas de governança.
Conselho de Administração: O modelo brasileiro enfatiza a importância do
Conselho de Administração como órgão de governança nas empresas. O Conselho
é responsável por definir a estratégia da empresa, supervisionar a gestão executiva,
garantir o cumprimento das leis e regulamentos e proteger os interesses dos
acionistas. É esperado que o Conselho seja composto por membros independentes,
trazendo diversidade e expertise para a tomada de decisões.
Participação dos acionistas: O modelo brasileiro valoriza a participação ativa
dos acionistas na governança corporativa. Os acionistas têm direitos garantidos,
como o direito de voto, o acesso a informações relevantes sobre a empresa e o
direito de participar das assembleias gerais. Ações como a criação do Novo
Mercado, que estabelece padrões mais elevados de governança, têm incentivado a
participação de acionistas institucionais e minoritários.

Desafios do modelo brasileiro de governança corporativa:


Concentração de poder: Um desafio no modelo brasileiro é a concentração de
poder em determinadas empresas. Muitas empresas possuem estruturas acionárias
com controle familiar ou acionistas majoritários que detêm a maior parte do poder de
decisão, o que pode impactar a equidade e a transparência na governança.
Proteção dos acionistas minoritários: Apesar dos avanços na legislação, ainda
existem desafios em garantir a proteção dos direitos dos acionistas minoritários no
Brasil. O acesso à informação, o tratamento igualitário e o exercício efetivo do voto
por parte dos acionistas minoritários podem enfrentar obstáculos em certos casos.
Fiscalização e aplicação das normas: A obediência da governança corporativa
depende da fiscalização e aplicação adequada das normas protegidas. Desafios
persistem em relação à capacidade dos órgãos reguladores e do sistema judiciário
de monitorar e responsabilizar as empresas e os agentes envolvidos em práticas de
governança corporativa.
É importante ressaltar que essas características e desafios podem evoluir ao
longo do tempo, com aprimoramentos na legislação, regulamentação e práticas de
governança corporativa no Brasil.

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