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Cuidados parentais e desenvolvimento socioemocional na infância e na


adolescência: uma perspectiva analítico-comportamental

Article in Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva · June 2016


DOI: 10.31505/rbtcc.v18i1.827

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3 authors:

Patrícia Alvarenga Lidia Natalia Dobrianskyj Weber


Universidade Federal da Bahia Universidade Federal do Paraná
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Alessandra Turini Bolsoni-Silva


São Paulo State University
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Revista Brasileira
ISSN 1982-3541 de Terapia Comportamental
Volume XVIII no 1, 4-21 e Cognitiva

Cuidados parentais e desenvolvimento


socioemocional na infância e na adolescência:
uma perspectiva analítico-comportamental.
Parental care and socioemotional development in childhood and
adolescence: a behavior analytic perspective

Patrícia Alvarenga *
Universidade Federal da Bahia
Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Lidia Natalia Dobrianskyj Weber[1]


Universidade Federal do Paraná
Doutora em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo

Alessandra Turini Bolsoni-Silva[2]


Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Bauru
Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo

RESUMO

Este estudo propõe uma interpretação analítico-comportamental de construtos da Psicologia do Desenvol-


vimento referentes ao comportamento parental e de suas relações com características do desenvolvimento
de bebês, crianças na fase pré-escolar e escolar, e adolescentes. O conceito de responsividade sensível, foi
articulado ao conceito de contingência tríplice e às noções de efeito de prazer e de efeito de fortalecimento
das contingências de reforçamento. Os problemas de comportamento de pré-escolares e escolares e suas
relações com os cuidados parentais foram discutidos, enfatizando a análise das funções das queixas com-
portamentais infantis, que pode ser beneficiada pela adoção do conceito de habilidades sociais educativas
parentais. A tipologia dos estilos parentais foi interpretada em uma perspectiva behaviorista, considerando
os padrões comportamentais característicos de cada estilo e seu impacto sobre o desenvolvimento de ado-

* palvarenga66@gmail.com

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lescentes. A sensibilidade dos pais às contingências vigentes na interação pais-filhos, parece destacar-se
como um aspecto crucial nas três etapas do desenvolvimento examinadas.

Palavras-chave: parentalidade; desenvolvimento infantil; contingencias; apego; problemas de comportamento.

Abstract

This study proposes a behavior analytic interpretation of constructs of Developmental Psychology regar-
ding parental behavior and their relationships with the developmental characteristics of babies, pre-school
children, school-age children and teenagers. The concept of sensitive responsiveness is articulated with the
concept of triple contingency and with the notions of effect of pleasure and effect of strengthening of rein-
forcement contingencies. Pre-school and school children behavior problems and their relationships with
parental care are discussed, with emphasis on the analysis of the functions of complaints regarding child
behavior. This can be enhanced by adopting the concept of parental educational social skills. The typology
of parenting styles is interpreted from a behaviorist perspective, considering the behavioral standards of
each style and their impact on the development of adolescents. Parental sensitivity to prevailing contingen-
cies in parent-child interaction appears to stand out as a crucial aspect in the three stages of development
that were examined.

Keywords: parenting; child development; contingencies; attachment; behavior problems.

Existe uma vasta literatura em Psicologia do De- resultados desenvolvimentais positivos e negativos
senvolvimento que descreve e discute característi- nos filhos (Asscher, Hermanns & Deković, 2008;
cas comportamentais dos pais que favoreceriam ou Mc Gilloway et al., 2012; Sierau et al., 2015).
prejudicariam o desenvolvimento socioemocional Por outro lado, a literatura em Análise do Com-
ao longo da infância e da adolescência. Grande par- portamento Aplicada, particularmente estudos que
te das teorias que fundamentam esses estudos e dos investigam aspectos da interação mãe-criança (Hir-
construtos utilizados caracteriza-se por pressupos- sh, Stockwell & Walker, 2014; Patterson, Reid &
tos internalistas ou organicistas (Ainsworth, Blehar, Dishion, 2002; Pelaéz, Virues-Ortega, Field, Amir
Waters & Wall, 1978; Bowlby, 1969; Hoffman, -Kiaei & Schnerch, 2013; Pelaéz, Virues-Ortega &
1975; Maccoby & Martin, 1983). Contudo, essa li- Gewirtz, 2011; Schlinger, 1995), somada aos prin-
teratura também é rica em estudos experimentais e cípios básicos da Análise Experimental do Com-
quasi-experimentais, muitos deles de caráter obser- portamento e aos pressupostos epistemológicos do
vacional, que vêm acumulando evidências sistemá- Behaviorismo Radical, possibilitam algumas alter-
ticas e replicáveis indicando relações entre certos nativas de interpretação de tais construtos e achados
padrões comportamentais dos pais ou cuidadores e empíricos. Este exercício analítico pode viabilizar

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Cuidados parentais e desenvolvimento socioemocional na infância e na adolescência: uma perspectiva analítico-comportamental.

a integração de achados sobre as relações entre o que pode ser beneficiada pela adoção do conceito
comportamento dos pais e o comportamento dos de habilidades sociais educativas parentais (Bol-
filhos em diferentes fases do desenvolvimento, in- soni-Silva, Loureiro & Marturano, 2014), em suas
dicando estratégias de intervenção eficazes na pro- diferentes dimensões. A terceira seção examina a
moção do desenvolvimento pleno na infância e na tipologia dos estilos parentais (Baumrind, 1966;
adolescência, para os analistas do comportamento. Maccoby & Martin, 1983), extremamente difundi-
Por se tratar de um tema vasto e complexo, este es- da na literatura de Psicologia do Desenvolvimento,
tudo não tem a pretensão de chegar a conclusões ou propondo uma interpretação behaviorista dos pa-
de esgotar a temática. A proposta consiste em uma drões comportamentais característicos de cada es-
tentativa de aplicação de conceitos da Análise do tilo e do seu impacto sobre o desenvolvimento de
Comportamento para interpretar aspectos cruciais da adolescentes. Na última seção, dedicada à discussão
relação pais e filhos que tenham o potencial de fazer integrada dos conceitos e pressupostos revisados
a diferença no momento de planejar e executar es- nas três seções anteriores, examina-se a possibili-
tratégias de prevenção e de intervenção, que visem a dade de síntese, ou seja, discutem-se possíveis ca-
promover o desenvolvimento socioemocional. racterísticas comuns do comportamento parental ao
   longo da infância e da adolescência, que favoreçam
Desse modo, este estudo propõe uma interpretação o desenvolvimento socioemocional infantil.
analítico-comportamental de alguns construtos da
Psicologia do Desenvolvimento relacionados ao Comportamento parental e desenvolvimento
comportamento parental e de suas relações com ca- socioemocional no primeiro ano de vida
racterísticas do desenvolvimento de crianças e ado-
lescentes. A primeira seção examina o conceito de Os conceitos de contingência social (Beebe, et al.,
responsividade sensível, que se originou na Teoria 2007) e de responsividade sensível (Isabella, Bel-
do Apego, articulando-o ao conceito de contingên- sky & Von Eye, 1989) têm sido enfatizados pela
cia tríplice e às noções de efeito de prazer e de efeito Psicologia do Desenvolvimento como característi-
de fortalecimento das contingências de reforçamen- cas fundamentais da interação pais-bebê que pro-
to (Skinner, 1986). Esta articulação é uma proposta movem o desenvolvimento socioemocional infantil
de interpretação analítico-comportamental de acha- pleno ao longo do primeiro ano de vida. As abor-
dos que evidenciam que pais que atentam, perce- dagens predominantes nos estudos que demonstram
bem e respondem de forma mais imediata e sensível empiricamente as relações entre a responsividade
ao comportamento de seus bebês, têm filhos com dos pais e o desenvolvimento dos bebês, contudo,
melhores indicadores no que se refere ao desenvol- são marcadamente mentalistas ou internalistas. Por
vimento socioemocional ao longo do primeiro ano exemplo, a Teoria do Apego (Bowlby, 1969), repre-
de vida. A segunda seção focaliza os problemas de senta uma notável contribuição para a compreensão
comportamento de pré-escolares e escolares e suas dessas relações, tanto no que se refere ao desenvol-
relações com os cuidados parentais, enfatizando a vimento de recursos metodológicos como na ob-
compreensão das queixas comportamentais infantis tenção de evidências. No entanto, no nível teórico,
a partir da perspectiva analítico-comportamental, esse modelo pressupõe que os comportamentos de

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apego do recém-nascido seriam filogeneticamente cas e culturais. Desse modo, assume-se que o bebê
estabelecidos. Além disso, de acordo com a Teoria nasce com um repertório de reflexos e padrões fixos
do Apego, a relação com um cuidador responsivo, de ação e particularmente suscetível a estímulos re-
estabeleceria um modelo de funcionamento interno lacionados ao adulto cuidador, como por exemplo,
caracterizado por um sentimento básico de seguran- a face, a voz e o toque. Pressupõe-se também que
ça relativamente estável, que, por sua vez, deter- esse repertório inato e tais suscetibilidades sofram
minaria, em grande parte, as relações do indivíduo a influência de contingências operantes presentes
com o mundo e consigo mesmo em etapas futuras nas interações que se estabelecem entre pais e be-
do desenvolvimento. bês desde o nascimento. Na verdade, há estudos que
sugerem que, ainda no ambiente intrauterino, o em-
Schlinger (1995) analisa em profundidade os pres- brião e posteriormente o feto já sofreriam efeitos
supostos da Teoria do Apego e aponta algumas fra- de contingências ontogenéticas (James, 2010). De
gilidades desse modelo, entre elas: (a) o fato de que modo semelhante, a resposta parental a tais com-
algumas das características do que se chama sistema portamentos de sinalização e aproximação com
de apego, como os comportamentos que resultam maior ou menor prontidão, sensibilidade ou ade-
em proximidade do cuidador, tenham valor de so- quação, também resulta de um complexo processo
brevivência, não significa que esses comportamen- de variação e seleção, que envolve, além de vari-
tos não possam sofrer influências de determinantes áveis filogenéticas e ontogenéticas, determinantes
ontogenéticos; e (b) estímulos sociais gerados pelo relacionados às práticas culturais do grupo social
comportamento dos pais e do bebê têm diferentes no qual a família está inserida.
funções (i.e.: eliciadora, estabelecedora/motivado-
ra, reforçadora e discriminativa). Assim, o modelo Após situar esses comportamentos no contexto do
teórico do Apego parece reduzir a complexidade de modelo dos três níveis de variação e seleção, um
tais funções. segundo passo em uma análise comportamental
desses fenômenos requer a compreensão do con-
Bowlby (1969) identificou nos recém nascidos com- ceito de responsividade sensível nessa mesma pers-
portamentos de sinalização e de aproximação, que pectiva. A responsividade sensível é definida pelos
atrairiam a atenção do adulto cuidador e fariam com teóricos do apego como a capacidade do cuidador
que ele se aproximasse (e.g. choro, sorriso e balbu- de atentar, perceber e interpretar acuradamente as
cio), ou que permitiriam à própria criança aumentar respostas do bebê e de responder a elas de forma
a proximidade com o adulto e garantir a manutenção contingente e apropriada (Isabella et al., 1989). Na
desse contato (e.g. agarrar-se ao cuidador ou enga- perspectiva comportamental, é possível definir esse
tinhar em direção a ele). A partir dos pressupostos repertório parental como respostas contingentes aos
do modelo de seleção por consequências (Skinner, comportamentos apresentados pelo bebê, sendo que
1974/1999), esses comportamentos devem ser com- diferentes probabilidades de ocorrência estariam as-
preendidos como produto da seleção filogenética, sociadas a diferentes tipos de respostas. Ou seja, a
que, quando em contato com o ambiente, passam a resposta de um cuidador sensível a um determinado
sofrer a ação selecionadora de variáveis ontogenéti- comportamento de sinalização do bebê deve variar

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Cuidados parentais e desenvolvimento socioemocional na infância e na adolescência: uma perspectiva analítico-comportamental.

de acordo com o tipo de sinalização. Por exemplo, rimental do comportamento e análise do compor-
para ser considerada uma cuidadora sensível, a mãe tamento aplicada, que indicam que o reforçamento
não deve responder oferecendo o seio ao bebê dian- positivo e o treino discriminativo feito pelas mães
te de uma grande quantidade de contextos antece- melhoram o desempenho de bebês em áreas como
dentes (e.g. choro, agitação motora, vocalização, linguagem (Hirsh et al., 2014; Pelaéz et al., 2011)
sorriso, etc.). Espera-se que a mãe sensível/respon- e referenciação social (Pelaéz et al., 2013; Pelaéz,
siva apresente um repertório discriminativo diante Virues-Ortega & Gewirtz, 2012).
de diferentes comportamentos sinalizadores do seu
bebê. Nesse sentido, a responsividade sensível esta- Os pressupostos da Análise do Comportamento que
ria associada a um repertório amplo e diversificado preveem os efeitos de fortalecimento e de prazer
de respostas discriminativas e, na construção desse (correlatos emocionais) produzidos por contingên-
repertório, processos de generalização e discrimina- cias de reforçamento (Skinner, 1986) são alternati-
ção operante teriam um papel fundamental. vas de interpretação para os bons resultados desen-
volvimentais e para os sentimentos de segurança e
A terceira etapa desta análise consiste em com- de autoconfiança promovidos pela responsividade
preender por que razões o fato de um bebê rece- sensível. Nas palavras de Skinner (1986, p. 569),
ber cuidados sensíveis e responsivos faz com que os efeitos de prazer e de fortalecimento “ocorrem
seu desenvolvimento, por um lado, apresente mais em diferentes momentos e são sentidos como coi-
indicadores positivos, tais como a frequência de sas diferentes. Quando nós sentimos prazer, nós
comportamentos prossociais como gestos, sorrisos não estamos necessariamente sentindo uma maior
e vocalizações, e, por outro lado, menos problemas, inclinação para agir da mesma forma. (...) Quando
como irritabilidade ou atraso na aquisição de com- mais tarde repetimos o comportamento que foi re-
portamentos típicos dos primeiros meses de vida. forçado, nós não sentimos o efeito de prazer que
Na literatura, são numerosos os estudos que mos- nós tínhamos sentido no momento em que o refor-
tram que pais mais contingentes e afetuosos ao res- çamento ocorreu.”
ponder aos sinais do bebê têm filhos que apresen-
tam resultados desenvolvimentais superiores nos Nesse sentido, é possível deduzir que a contingência
domínios socioemocional e cognitivo (Fraley, Rois- entre as respostas do bebê e as respostas do cuidador
man & Haltigan, 2013; Pasco-Fearon, Bakermans seja um aspecto crucial da interação nos primeiros
-Kranenburg, van IJzendoorn, Lapsley & Roisman, meses de vida. Quando o bebê emite uma resposta
2010). De modo geral, ensaios clínicos randomiza- operante, ou quando algum respondente é eliciado,
dos e estudos quasi-experimentais que avaliam a e o cuidador reage a tais respostas de forma imedia-
eficácia de intervenções que aumentam a responsi- ta e apropriada, ele fortalece aquele padrão de res-
vidade materna revelam subsequente melhora em posta no repertório infantil (no caso de operantes ou
indicadores desenvolvimentais nos primeiros anos de respondentes que passam ao controle operante,
de vida (Bakermans-Kranenburg et al., 2003; Eshel, como o choro, por exemplo). Paralelamente ao efei-
Daelmans, De Mello & Martines, 2006). Também to de fortalecimento, ocorrem os correlatos emo-
podem ser citados estudos na área de análise expe- cionais, descritos pela Análise do Comportamento

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como “efeito de prazer”. Isso significa que, além de mãe que estimula o bebê com um chocalho sacudin-
ter o repertório fortalecido, o bebê, ao viver essas do-o incessantemente a uma distância pequena do
experiências de previsibilidade e de controle sobre rosto do bebê. Esse tipo de estimulação excessiva
o ambiente, experimenta também uma sensação de pode gerar uma vocalização de protesto ou mesmo
segurança ou confiança, que está possivelmente o choro do bebê que, no caso de um cuidador pouco
associada a um estado de relaxamento e bem estar responsivo, pode ter como consequência o aumento
físico. Na perspectiva da Análise do Comportamen- da estimulação (e.g. a mãe sacode o chocalho com
to, essas sensações ou correlatos emocionais são mais vigor ainda). Na sequência, o bebê pode passar
compreendidos como respostas reflexas, ou seja, a chorar com mais intensidade e evocar a resposta
respostas eliciadas por estímulos. Assim, os cuida- materna de cessar a estimulação com o chocalho, pe-
dos responsivos do adulto produzidos por compor- gar o bebê no colo e passear com ele, por exemplo.
tamentos do bebê, teriam função eliciadora sobre as Nessa situação tanto poderá ocorrer uma redução da
respostas emocionais de “segurança” ou “confian- probabilidade da resposta de protestar em ocasiões
ça”. Desse modo, cuidados sensíveis e responsivos futuras, pois esta resposta não foi reforçada negati-
tendem a ampliar o repertório comportamental do vamente com a redução da estimulação, quanto um
bebê e a gerar nele um estado emocional que pode aumento de respostas de choro intenso, devido ao
ser descrito como conforto, segurança ou confiança, reforçamento negativo (efeito de fortalecimento).
que, por sua vez, garantem-lhe recursos emocionais Paralelamente, esse tipo de contingência aversiva
e comportamentais crescentes para explorar o am- tende a provocar no bebê experiências emocionais
biente e, assim, ampliar tais habilidades progres- associadas ao desprazer, estresse, desconforto e in-
sivamente. Considere-se, por exemplo, a resposta segurança.
sensível de uma mãe que verbaliza e sorri após uma
vocalização do bebê. A face da mãe pode constituir Em síntese, a experiência repetida com relações
um estímulo antecedente para a resposta de voca- de contingência, entre um bebê que sinaliza e um
lizar do bebê, que é consequenciada pelo sorriso e cuidador que reage sensivelmente a esses sinais,
pela verbalização carinhosa da mãe. Nesse caso, a fortalece a variabilidade do repertório da criança
vocalização do bebê será, provavelmente, reforça- para agir sobre o mundo e, aos poucos, modela a
da positivamente. Assim, espera-se um aumento da sua percepção acerca de relações de causa e efeito
probabilidade da resposta de vocalizar do bebê em e da previsibilidade de certos eventos, especialmen-
ocasiões futuras (efeito de fortalecimento), diante te dos eventos sociais. A responsividade sensível,
da face da mãe, e que no momento da consequen- portanto, torna o repertório socioemocional do bebê
ciação, o bebê experimente emoções associadas a progressivamente mais competente. Assim, a pers-
prazer, conforto e segurança (efeito de prazer). pectiva analítico-comportamental destaca o papel
da responsividade no fortalecimento do repertório
Por outro lado, cuidadores não responsivos emitem comportamental, mais do que somente na satisfação
com frequência, comportamentos que geram con- das necessidades do bebê. Isto é, além de satisfazer
textos antecedentes e consequentes que são aver- as necessidades físicas e emocionais, o papel do cui-
sivos para o bebê. Por exemplo, considere-se uma dador consiste em criar oportunidades de fortalecer

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o repertório motor, cognitivo, social e emocional Patterson et al. (2002) demonstraram claramente
do bebê, de modo a torná-lo progressivamente mais que problemas de comportamento podem ser esta-
autônomo, confiante e competente em sua interação belecidos e mantidos pela atenção dos pais. No en-
com o mundo físico e social. Skinner (1986) desta- tanto, também há outras possibilidades, tais como:
ca ainda o fato de que “ajudar crianças a fazer algo (a) usá-los para resolver problemas (Leme & Bol-
que elas poderiam fazer sozinhas priva-as de conse- soni-Silva, 2010), por exemplo quando uma crian-
quências reforçadoras que modelariam e manteriam ça recupera um brinquedo batendo/empurrando um
comportamentos mais úteis” (p.570). Ou seja, a colega; (b) diante de tarefas difíceis (Patterson et
responsividade sensível também envolve a conces- al., 2002) que podem ser acadêmicas ou familiares,
são de autonomia e a não intrusividade por parte do ou seja, é solicitado que a criança emita um ope-
cuidador. Comportamentos do adulto cuidador que rante que ela não consegue fazer com facilidade e,
interrompem a ação da criança ou a completam, ou ao ser agressiva, por exemplo, pode se esquivar; (c)
ainda que a impedem que execute uma resposta que quando a criança é contrariada pelos adultos ou pa-
está sendo modelada ou que já foi adquirida, tam- res (Leme & Bolsoni-Silva, 2010); ou para conse-
bém prejudicam ou, no mínimo, desaceleram seu guir alguma alimentação (por exemplo um doce) ou
desenvolvimento. Por isso, à medida que a criança alguma atividade (sair para brincar). Nesse sentido,
se desenvolve, o padrão de resposta do cuidador aos o comportamento problema é um operante eficaz,
seus comportamentos deve modificar-se no sentido isto é, ele produz consequências desejáveis e lógi-
de permitir progressivamente mais autonomia para cas, na medida em que o indivíduo não é capaz de
a interação direta da criança com o ambiente. obter tais reforçadores com outros comportamentos
socialmente relevantes (Goldiamond, 2002).
Cuidados parentais e problemas de
comportamento na infância Adicionalmente, os comportamentos problema po-
dem dificultar o acesso da criança a novas contin-
Os problemas de comportamento na infância podem gências de reforçamento que facilitariam a aquisi-
ser classificados como externalizantes (relacionados ção de repertórios relevantes para a aprendizagem
a agressividade e à desobediência, por exemplo) e e para o convívio social (Rosales-Ruiz & Baer,
internalizantes (relacionados ao retraimento, à ansie- 1997), o que, por sua vez, contribui para a ma-
dade e à depressão) (Achenbach & Rescorla, 2001). nutenção de tais problemas. Nessa perspectiva, a
Em uma perspectiva analítico-comportamental, es- literatura é consistente ao demonstrar que habili-
sas manifestações devem ser compreendidas como dades sociais e problemas de comportamento são
conjuntos de respostas operantes e respondentes con- inversamente proporcionais (Barreto, Freitas &
troladas por contextos antecedentes e consequentes. Del Prette, 2011; Berry & O´Connor, 2010) e que
Nesse sentido, os problemas de comportamento, in- o repertório de habilidades sociais pode favorecer
dependentemente de sua classificação em diferentes o ajustamento da criança, a resolução de proble-
tipos, exercem funções na interação organismo-am- mas e a redução dos problemas de comportamen-
biente e, por essa razão, são adquiridos e se mantêm to (Kettler, Elliott, Davies & Griffi, 2011; Pizato,
no repertório comportamental infantil. Marturano & Fontaine, 2014).

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Consequentemente, é importante que o analista do sentimentos positivos, negativos e opiniões, de-


comportamento busque descrever os problemas de monstrar carinho, brincar), e enfrentamento e esta-
comportamento infantis, para além de sua topogra- belecimento de limites (identificar e consequenciar
fia, e os caracterize, sobretudo, em sua função. Isso comportamentos socialmente habilidosos e não ha-
requer necessariamente a análise das interações so- bilidosos, estabelecer regras, ter consistência, con-
ciais entre pais e filhos, as quais não são as únicas cordar com cônjuge, cumprir promessas, identificar
variáveis independentes relacionadas (Patterson et erros e pedir desculpas). Já as práticas negativas,
al., 2002), mas parecem ser muito relevantes. também investigadas pelo instrumento, envolvem
comportamentos parentais tais como, bater, con-
Esta seção discute alguns achados de pesquisas bra- versar com tom de voz agressivo, expressar senti-
sileiras sobre as relações entre características da in- mentos negativos e opiniões de maneira impositiva
teração pais-filhos e problemas de comportamento e usando tom de voz agressivo, ou, então, quando
de pré-escolares e escolares, visando a diferenciar os pais são inassertivos, não respondendo às neces-
comportamentos parentais que podem prejudicar o sidades das crianças.
desenvolvimento socioemocional infantil, daqueles
que podem favorecê-lo. Além disso, pretende-se A partir deste instrumento e de observações dire-
discutir o fato de que uma mesma resposta paren- tas em situação de jogo, pesquisas foram condu-
tal em diferentes contextos, isto é, como consequ- zidas (por exemplo, Bolsoni-Silva & Loureiro,
ência de diferentes respostas infantis, pode exercer 2011; Leme & Bolsoni-Silva, 2010) quanto a des-
diferentes funções, prejudicando ou promovendo o crever comportamentos que diferenciavam grupos
desenvolvimento socioemocional da criança. Para de crianças com problemas de comportamento, de
isso, o conceito de habilidades sociais parentais, e a forma a subsidiar programas de intervenção com
distinção entre práticas parentais positivas e negati- crianças e/ou pais. Na sequência, são descritos os
vas são essenciais. achados dessas pesquisas, que foram analisadas em
conjunto, considerando as diferenças estatísticas
As habilidades sociais educativas parentais podem obtidas nas comparações de grupos. Essas descri-
ser definidas como comportamentos dos pais que ções correspondem à uma tentativa de explicar a te-
promovem as habilidades sociais infantis e que mática a partir da Análise do Comportamento, tanto
minimizam os problemas de comportamento. Por- em crianças com perfil internalizante e/ou externali-
tanto, o conceito é equivalente e pode ser utilizado zantes, que aqui serão designadas como “clínicas”,
como sinônimo do conceito de práticas positivas. O como em crianças que não apresentam problemas
roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educa- de comportamento, que aqui serão chamadas de
tivas/RE-HSE-P (Bolsoni-Silva, Loureiro & Martu- “não clínicas”.
rano, 2014) descreve funcionalmente interações so-
ciais estabelecidas entre pais e filhos pré-escolares A comunicação ocorre com semelhante frequência
e escolares e define três grandes categorias de habi- entre os grupos clínico e não clínico, mas no gru-
lidades sociais parentais: comunicação (conversar, po clínico os pais tendem a conversar, sobretudo,
perguntar), expressão de sentimentos (expressar diante de comportamentos externalizantes e, no

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Cuidados parentais e desenvolvimento socioemocional na infância e na adolescência: uma perspectiva analítico-comportamental.

grupo não clínico, os pais, ainda que conversem so- O estabelecimento de limites costumava ocorrer
bre tais comportamentos dos filhos, o fazem tam- de maneira agressiva para os grupos clínico e não
bém em outros momentos, focalizando assuntos clínico, mas as práticas negativas foram mais fre-
de interesse da criança (Bolsoni-Silva & Loureiro, quentes no grupo clínico, enquanto que as habili-
2011; Leme & Bolsoni-Silva, 2010). Ao perguntar dades sociais educativas, foram mais frequentes no
o que as crianças fazem nesses momentos de con- grupo não clínico. As crianças com problemas de
versa, na maioria das vezes, os pais relataram que comportamento, na maior parte do tempo, conse-
as crianças com problemas de comportamento fica- quenciavam as respostas dos pais com respostas ex-
vam mais agressivas (comportamento externalizan- ternalizantes. Já as crianças sem problemas de com-
te) ou saiam da situação demonstrando retraimento portamento, diante dos limites estabelecidos pelos
(comportamento internalizantes). Porém os pais pais tendiam a obedecer e a desculpar-se (habilida-
relataram que em algumas situações elas ouviam des sociais). Adicionalmente, o grupo não clínico,
com atenção. Já as crianças não clínicas, segundo mesmo quando se valia de práticas negativas, uti-
os pais, em geral, ouviam com atenção (habilidades liza-as de forma mais contingente e consistente às
sociais) (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2011; Leme & respostas das crianças (Bolsoni-Silva & Loureiro,
Bolsoni-Silva, 2010). 2011; Leme & Bolsoni-Silva, 2010).

Os comportamentos de expressão de sentimentos e Dentre as classes operantes dos pais que são esta-
enfrentamento ocorreram com frequência semelhan- tisticamente mais frequentes no grupo não clínico
te entre os grupos e o que os diferenciou, novamen- destacam-se: conversar, estabelecer regras, iden-
te, foi a qualidade com que tais comportamentos tificar comportamentos esperados, consequenciar
ocorriam. As mães das crianças com problemas de comportamentos esperados, cumprir promessas,
comportamento expressavam sentimentos negativos dizer “não” com explicação, oferecer explicações,
e opiniões de forma agressiva (práticas negativas) e admitir erros, pedir desculpas, ter concordância
sendo contingentes a comportamentos problema da parental, monitorar e relatar sentir-se bem após es-
criança ou a problemas pessoais dos pais. Os pais do tabelecer limites. Já para o grupo clínico as clas-
grupo clínico, diferentemente dos pais do grupo não ses mais frequentes foram: identificar e descrever
clínico, expressavam carinho com menor frequência comportamentos indesejáveis ou inadequados, gri-
e também o faziam diante de comportamentos habi- tar, ficar bravo, xingar, ter dificuldade em cumprir
lidosos dos filhos (que ocorriam com menor frequ- promessas, discordar do cônjuge, considerar que o
ência nas crianças com problemas), mas o faziam, casal pensa diferente quanto à educação do filho,
adicionalmente, quando os filhos estavam doentes e apresentar comportamento agressivo na interação
de maneira inconsistente e, por vezes, contingentes a conjugal, identificar erro e não fazer nada, e relatar
comportamentos problema. Entretanto, constatou-se sentir-se mal após estabelecer limites (Bolsoni-Sil-
que, tanto em um grupo quanto no outro, quando os va & Loureiro, 2011; Leme & Bolsoni-Silva, 2010).
pais eram afetivos as crianças respondiam com ha- Conclui-se, então, que a frequência e a qualida-
bilidades sociais (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2011; de das práticas educativas, bem como o contexto
Leme & Bolsoni-Silva, 2010). em que são utilizadas, importam ao se analisar as

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Patrícia Alvarenga – Lidia NataliaDobrianskyj Weber – Alessandra Turini Bolsoni-Silva

interações sociais estabelecidas entre pais e crian- ez, 2004; Steinberg & Silk, 2002). Nesta seção será
ças com e sem problemas de comportamento. As feita uma interpretação analítico-comportamental
crianças de ambos os grupos apresentam habilida- acerca dos resultados de pesquisas sobre práticas
des sociais, as quais são mais frequentes para o e estilos educativos parentais e sua influência no
grupo não clínico e para meninas. Defende-se que desenvolvimento do repertório comportamental do
para o entendimento das interações estabelecidas adolescente.
entre pais e filhos e sua relação com o desenvol-
vimento socioemocional na infância é importan- Desde a famosa publicação de Hall em 1904, a ado-
te avaliar mais de um operante, buscando classes lescência é conhecida como um período de “tem-
de respostas e classes de estímulos presentes em pestade e estresse” (Arnett, 2006) que traz desafios
tais comportamentos sociais. A qualidade da inte- aos pais e aos jovens. Este período de vida diferen-
ração, por exemplo, a comunicação e o afeto po- cia-se da infância pelo imenso desejo que os ado-
dem prover à criança a atenção necessária, bem lescentes têm para exercer a sua autonomia, o que
como os modelos e a modelagem de habilidades pode gerar confronto com a autoridade e supervisão
sociais, que podem ser funcionalmente equivalen- dos pais, mas nem sempre é tempestuoso.Os mitos
tes a problemas de comportamento. Dessa forma, e exageros a respeito da adolescência difundidos
tais classes de respostas, podem reduzir a probabi- ao público leigo podem propiciar aos pais a formu-
lidade de emissão de problemas de comportamen- lação de uma autorregra que atrapalha as relações
to em contexto em que a criança está privada de nesta fase. É preciso lembrar que “humanos formu-
atenção, precisa lidar com frustrações ou ainda re- lam regras (regras derivadas de instruções recebidas
solver problemas. Possivelmente, as crianças sem ou regras derivadas da experiência passada desses
problemas de comportamento obedecem com mais sujeitos) e agem de acordo com essas regras, mes-
frequência, porque os pais são mais contingentes mo que, algumas vezes, elas não sejam compatíveis
ao estabelecer limites, mais afetivos e interagem com as contingências presentes” (Matos, 2001, p.
com elas em diferentes momentos, incluindo con- 56). Os comportamentos em conformidade com re-
textos que requerem estabelecimento de regras e gras sociais são reforçados e são aprendidos mais
contextos positivamente reforçadores. rapidamente do que aqueles governados por contin-
gências (Skinner, 1974/1999) e “entrar em contato
Comportamento parental e desenvolvimento com a discrepância entre as consequências descri-
socioemocional na adolescencia tas nas regras e as consequências produzidas pelo
comportamento de seguir a regras não é condição,
O desenvolvimento socioemocional do adolescente por si só, suficiente para impedir que o seguimento
segue um continuum ao longo do caminho de sua da regra seja mantido” (Paracampo & Albuquerque,
socialização em fases precedentes. O comporta- 2005, p. 231).
mento do adolescente e a sua maneira de construir
a autonomia estão intimamente ligados às estraté- Diversos estudos enfocam o adolescente e seus pais
gias educativas e ao clima emocional familiar pro- com resultados convergentes. De modo geral, as
piciados pelos pais (Holden, 2010; Novak & Pela- pesquisas sobre este amplo tema focam nos estu-

Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2016, Volume XVIII no 1, 4-21 13


Cuidados parentais e desenvolvimento socioemocional na infância e na adolescência: uma perspectiva analítico-comportamental.

dos de dimensões (por exemplo, Reid, Patterson & mento responsivo apresentam alta taxa de afeto, forte
Snyder, 2002) e de tipologias (Darling & Steinberg, envolvimento nas atividades dos filhos porém, sem
1993). As dimensões são conceitos que categorizam serem intrusivos. O comportamento parental intrusi-
o comportamento dos pais, assim como a punição, vo inclui controle dos pais, suporte desnecessário e
o afeto, o reforçamento, a responsividade, ou seja, infantilizado ao filho adolescente, violações de pri-
as práticas ou estratégias que os pais usam no dia vacidade, bem como tentativas de manipulação de
-a-dia para socializar os seus filhos. As tipologias seus pensamentos, sentimentos e vinculação afetiva,
abrangem uma combinação de dimensões parentais impedindo sua e autoregulação (Barber, 1996). Em
(por exemplo, limites, punição corporal, responsivi- uma analogia com o comportamento de apego entre
dade), o que tem sido essencial, uma vez que é mais o cuidador e o bebê, a responsividade inclui contato
árduo examinar apenas uma dimensão quando o ob- físico, cooperação, suporte, atitude positiva e encora-
jetivo é compreender a natureza inter-relacional e jamento (Dunst & Kassov, 2008).
dinâmica da família (O’Connor, 2002).
Estar próximo física e emocionalmente sem ser in-
Um marco no estudo das tipologias, pesquisado no trusivo é uma arte para os pais, especialmente por-
mundo todo, teve início com Baumrind (1966) e foi que a outra dimensão que associa-se à responsivi-
extendido por Maccoby & Martin (1983), trazen- dade para compor um estilo parental é a exigência.
do para a discussão os “estilos parentais” autoritá- A exigência compõe um rol de comportamentos dos
rio, indulgente, negligente e autoritativo. Um estilo pais que inclui monitorar, supervisionar, estabele-
parental não é um comportamento linear, mas uma cer regras claras, coerentes e consistentes, definir
terminologia que abrange um conjunto de práticas valores morais adotados pela cultura e pela família
parentais e também outros aspectos como paralin- e apresentar consequências contingentes ao com-
guagem, comunicação não-verbal, tomada de deci- portamento dos filhos (Daring & Steinberg, 1993).
são dos filhos, hierarquia, frequência e intensidade O termo monitorar é geralmente relacionado ao
de expressões de afeto (Maccoby & Martin). Cada conhecimento dos pais sobre as atividades dos fi-
um desses estilos difere ao longo de duas dimensões lhos, mas tem recebido uma análise mais profunda.
amplamente pesquisadas: responsividade e exigên- Alguns pesquisadores retomaram a conceituação
cia. Sua análise sob a ótica da análise do comporta- desse termo ressaltando que o fator mais importante
mento revela diferentes contingências em cada um para a monitoria parental é o fato de o adolescente
dos estilos e as dimensões não são unidirecionais; comunicar e conversar sobre suas atividades com os
por exemplo, o controle pode ser coercitivo ou in- pais (Kerr & Stattin, 2000).
dutivo (Alvarenga & Piccinini, 2001).
Um “estilo parental” é um índice, ou seja, a clas-
A responsividade de pais de adolescentes pode ser sificação deriva de diferentes combinações entre
demarcada como o uso contingente de reforçadores as dimensões responsividade e exigência que se
positivos após comportamentos que favoreçam o de- enquadram mesmo em culturas muito diferentes,
senvolvimento saudável e promovam maior comuni- como as individualistas e as coletivistas (Sorkhabi,
cação familiar e reciprocidade. Pais com comporta- 2005). Uma análise acurada revela que cada estilo

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Patrícia Alvarenga – Lidia NataliaDobrianskyj Weber – Alessandra Turini Bolsoni-Silva

parental propicia operações estabelecedoras e mo- de habilidades sociais (Kent & Peplar , 2003). Por
delagem de diferentes comportamentos que favore- fim, é importante destacar que o comportamento co-
cem ou desfavorecem a autonomia do adolescen- ercitivo de pais e de filhos pode apresentar uma esca-
te e suas habilidades sociais. Por exemplo, um pai lada e manutenção de repertórios negativos de inte-
indulgente pode ser uma operação estabelecedora ração por reforçamento negativo intermitente (Reid
para comportamentos de transgressões de regras do et al., 2002).
adolescente; uma mãe autoritária e coercitiva pode
modelar inadvertidamente comportamentos de sub- Pais com estilo indulgente apresentam baixa exi-
missão e de esquiva do seu filho. gência e alta responsividade e comportamento
afetuoso. Pesquisas demonstram que adolescentes
Pais com estilo autoritário utilizam baixa frequência socializados com pais que utilizam estratégias in-
de comportamento afetuoso e responsivo e alto nível dulgentes tendem a apresentar autocontrole defici-
de exigência, incluindo coerção. O uso de coerção e tário e podem ser dependentes uma vez que os limi-
punição pelos pais, além de reduzir a variabilidade tes não são apresentados de maneira consistente. Os
comportamental, provoca uma série de efeitos co- pais dos adolescentes tendem a reforçar o seu com-
laterais (como ansiedade, fuga e esquiva, risco para portamento continuamente (em CRF) e, como con-
abuso, entre outros) que trazem prejuízo ao desenvol- sequência, os jovens não adquirem um repertório
vimento global (Skinner, 1953/2002; Sidman 1995). para enfrentamento de adversidades e apresentam
Os pais têm valores absolutos e exibem um grande um nível muito baixo de tolerância às frustrações,
controle sobre a vida do adolescente, tentando até pois diante de dificuldades comportam-se mais por
manipular suas emoções. Muitas vezes o comporta- reforçadores imediatos do que atrasados. Os pais
mento dos pais não é contingente ao comportamento também apresentam uma grande quantidade de re-
do filho, há regras rígidas e consequências arbitrárias forçamentos não contingentes e consequências in-
em oposição a consequências naturais ou lógicas. Tal consistentes. Assim, muitos comportamentos incor-
austeridade é prejudicial uma vez que, desde cedo, retos são tolerados e, portanto, fortalecidos. Embora
os pais devem promover a variabilidade comporta- as pesquisas mostrem que os filhos, sob o modelo
mental para o filho. Um amplo repertório traz maior indulgente, apresentam baixa frequência de proble-
facilidade para enfrentar os desafios das interações mas internalizantes, ocorre o oposto em relação a
sociais e os obstáculos da vida. Exigências desneces- problemas externalizantes. Os adolescentes ainda
sárias, comportamento intrusivo e punições não con- tendem a ser menos focados em comportamentos
tingentes podem levar os filhos ao desamparo apren- de empatia e mais propensos a comportamentos
dido complicando o enfrentamento de adversidades. de raiva, tanto no cenário privado como no públi-
Adolescentes criados sob este estilo parental podem co, dificultando à aquisição de habilidades sociais
se tornar hostis ou submissos, dependendo da intera- (Bolsoni & Marturano, 2008; Darling & Steinberg,
ção de outras variáveis, e com dificuldade para lidar 1993; Weber & Ton, 2011).
com o estresse, além de apresentar problemas inter-
nalizantes e pior ajustamento no seu comportamento Os pais com estilo negligente são pouco responsivos
com seus pares devido à restrição do seu repertório e afetuosos e as regras são escassas. Esses pais têm

Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2016, Volume XVIII no 1, 4-21 15


Cuidados parentais e desenvolvimento socioemocional na infância e na adolescência: uma perspectiva analítico-comportamental.

uma tendência de se esquivarem dos aborrecimen- de consequências, os adolescentes têm um caminho


tos trazidos por seus filhos e acabam, inadvertida- aberto para desenvolver a autonomia. Os pais utili-
mente, reforçando comportamentos que prejudicam zam estratégias indutivas, ou seja, uso de explica-
o seu desenvolvimento. A monitoria e a supervisão ções, comando verbal não coercitivo e alteração de
são quase inexistentes, mas quando os filhos emi- condições ambientais antecedentes (Alvarenga &
tem comportamento considerado muito inadequado Piccinini, 2001). Desta forma, os filhos adolescen-
os pais usam punição aversiva de maneira inconsis- tes podem confirmar a lógica dos motivos por trás
tente. São pais descritos como frios, pois ignoram das demandas parentais e optar por seguir as regras
ou interpretam de maneira errônea sinais importan- ou não segui-las e lidar com as consequências. O
tes de seus filhos que poderiam levar ao reforça- adolescente, nesse contexto, apresenta maior varia-
mento, apresentando um modelo de extinção a com- bilidade comportamental e aprende que, ao ser ex-
portamentos adequados. Os adolescentes criados posto a consequências aversivas, precisa encontrar
sob esse estilo parental têm maior probabilidade de estratégias para livrar-se delas ou minimizá-las. Ao
apresentarem tanto problemas internalizantes quan- lidar com esta situação o jovem é reforçado nega-
to externalizantes e, claro, as habilidades sociais se- tivamente pela eliminação do estímulo aversivo e
riamente comprometidas (Novak & Pelaez, 2004). positivamente pelos elogios de seus pais, sendo que
a literatura tem denominado este padrão de enfren-
Os pais que apresentam estilo autoritativo1 conse- tamento como resiliência, que assim como outros
guem equilibrar os níveis de comportamento afetu- comportamentos, é aprendida (Corchs, 2011).
oso e responsivo com os de exigência por meio de
regras e limites consistentes, promovendo o auto- Na fase da adolescência apenas o uso do poder pa-
controle e a autorregulação do comportamento do rental não tem efeito para legitimar a autoridade. Di-
adolescente. Utilizam frequentemente o reforça- zer “faça isso porque eu mandei” pode ter um efeito
mento positivo, deixando de lado o reforçamento adverso de contracontrole e gerar confronto. As es-
negativo e a punição. Estão atentos às necessidades tratégias indutivas são mais efetivas para modelar
dos filhos, compreendem os interesses, e cultuam o comportamento prossocial (Hastings, Utendale &
uma comunicação positiva por meio da qual o filho Sullivan, 2007) e autonomia (Grusec & Davidov,
pode expressar seus desejos e opiniões e ser com- 2007). Assim, conclui-se que o estilo autoritativo é
preendido. Pode-se dizer que esses pais conseguem o melhor modelo para o desenvolvimento da autono-
fazer a análise do comportamento no contexto em mia de um adolescente, para a aquisição de habilida-
que ocorre e não em termos absolutos como os pais des de resolução de problemas e tem a menor proba-
autoritários, promovendo melhor controle por re- bilidade, dentre todos os estilos, de contribuir para a
gras e propiciando modelos de justiça e compor- ocorrência de problemas internalizantes e/ou exter-
tamento moral. Ao valorizar o comportamento do nalizantes. Um vasto conjunto de pesquisas destaca
filho e as expressões de emoções com o uso efetivo a importância dos pais no desenvolvimento de crian-

1
A palavra autoritativo não existe na língua portuguesa, mas tem sido utilizada como um neologismo nessa area de estudo porque denota como nenhuma outra a combinação de
duas variáveis que compõem um estilo parental no qua los pais equilibram exigência e responsividade e usam sua autoridade de pais sem, no entanto, serem coercitivos.

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Patrícia Alvarenga – Lidia NataliaDobrianskyj Weber – Alessandra Turini Bolsoni-Silva

ças e adolescentes. A terminologia difere entre os es- -agora da relação pais-filhos. Este conceito salienta
tudos: pode ser estilos parentais (Baumrind, 1966), a importância de consequenciar diferencialmente os
qualidade na interação familiar (Weber & Ton, 2011), comportamentos da criança ou adolescente e, para
habilidades sociais educativas parentais (Bolsoni- isso, é necessário ser sensível, ser controlado pelos
Silva & Marturano, 2008), mas todos eles destacam antecedentes constituídos pelas respostas dos filhos.
a importância de contingenciar corretamente os com- Este parece ser um primeiro passo fundamental.
portamentos dos filhos. Porém, mais além, é preciso
promover um repertório parental cuidadoso e nutrir a Outro aspecto que aparece de modo marcante nas
qualidade das relações, tanto filiais quanto conjugais, três etapas do desenvolvimento examinadas neste
em um clima emocional positivo dentro do complexo estudo refere-se ao uso predominante do reforça-
sistema familiar. mento positivo de comportamentos prossociais ou
socialmente hábeis, em detrimento do uso do con-
Em poucas palavras: sensibilidade parental às trole coercitivo. Enquanto o reforçamento positivo
contingencias vigentes na interação tende a fortalecer repertórios socioemocionais pro-
gressivamente mais competentes e a gerar emoções
Não é possível negar a complexidade inerente à associadas à segurança e à autoconfiança, a coerção,
problemática das relações familiares e, particular- embora tenha a vantagem de minimizar comporta-
mente, da relação entre pais em filhos em diferen- mentos problema, está associada à redução da va-
tes fases da vida. Contudo, os aspectos discutidos riabilidade comportamental e a emoções desorgani-
nas três seções anteriores apontam para um aspecto zadoras do comportamento, tais como a ansiedade
crucial: a sensibilidade dos pais às contingencias e a raiva (Skinner, 1953/2002). De qualquer modo,
vigentes na interação. O comportamento da crian- a noção de cuidados contingentes e, portanto, sen-
ça ou do adolescente deve constituir de forma con- síveis aos estímulos e consequências em vigor na
sistente a estimulação antecedente para o compor- relação pais-filhos, parece um caminho mais promi-
tamento de cuidado dos pais. Parece fundamental sor. No contexto de uma relação positivamente re-
que o comportamento dos filhos seja, de fato, uma forçadora para pais e filhos, contingências punitivas
fonte de estímulos antecedentes e consequentes que brandas e ocasionais aplicadas a ambos os membros
controla operantes discriminados dos pais. Eventos dessa relação, em certos contextos, são eficazes e
estressores do ambiente extrafamiliar e variáveis até certo ponto, inevitáveis. Assim, mais impor-
diversas podem exercer funções sobre o comporta- tante do que evitar a coerção, seria a habilidade de
mento parental, mas é essencial que no momento utilizá-la de forma contingente, moderada e sensível.
de interagir com os filhos os pais sejam sensíveis
às contingências que se impõem naquele contexto Por fim, a não intrusividade e concessão de auto-
específico. A noção de responsividade, que figura nomia aos filhos não parece ser um aspecto impor-
tanto na Teoria do Apego (Bowlby, 1969) como tante apenas na adolescência. Ele se destaca desde
na tipologia dos Estilos Parentais (Baumrind 1966; o primeiro ano de vida. Deixar que a criança ou o
Maccoby & Martin, 1983), parece fazer referência a adolescente se comporte e que seu comportamento
essa sensibilidade às contingências vigentes no aqui seja seguido por consequências naturais ou arbitrá-

Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2016, Volume XVIII no 1, 4-21 17


Cuidados parentais e desenvolvimento socioemocional na infância e na adolescência: uma perspectiva analítico-comportamental.

rias de ambientes sociais ou não sociais, contribui ton, VT: University of Vermont, Research Center for Chil-
de forma efetiva para o seu desenvolvimento e pa- dren, Youth, & Families.
rece constituir uma característica fundamental dos
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terns of attachment: a psychological study of
indireta, mais uma vez a contingência das práticas
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é uma noção que parece sobrepor-se ou englobar a
Alvarenga, P., & Piccinini, C. (2001). Práticas educativas ma-
concessão de autonomia. Quando o comportamen-
ternas e problemas de comportamento em pré-escolares.
to da criança efetivamente exerce controle, ou seja,
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quando os pais de fato são sensíveis e reagem ao
que vêem, sentem ou ouvem dos filhos, se tornam Arnett, J. J. (2006). G. Stanley Hall’s Adolescence: bril-
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Em resumo, na tentativa de sintetizar os achados
Bakermans-Kranenburg, M. J., van Ijzendoorn, M. H., &, Juffer, F.
das diferentes pesquisas sobre as relações entre cui-
(2003). Less is more: meta-analyses of sensitivity and at-
dados parentais e desenvolvimento socioemocional
tachment interventions in early childhood. Psychologi-
infantil, aqui examinadas, a noção de sensibilidade
cal Bulletin, 129, 195-215.   
dos pais às contingências vigentes na interação pais-
filhos, parece destacar-se como um aspecto crucial. Barber, B.K. (1996). Intrusive parenting.Washington, DC:
Nesse sentido, recomenda-se que as intervenções American psychological Association.
que visam a favorecer o desenvolvimento socioe- Barreto, S. O., Freitas. L. C., & Del Prette, Z. A. P. (2011). Ha-
mocional infantil, incluam estratégias que aumen- bilidades sociais na comorbidade entre dificuldades de
tem o controle antecedente e consequente exercido aprendizagem e problemas de comportamento: uma aval-
pelo comportamento dos filhos, bem como ampliem iação multimodal. Psico, 42( 4), 503-510.
o conjunto de habilidades parentais para responder
Baumrind, D. (1966). Effects of authoritative parental control on
nesses contextos. É fundamental que futuras inves-
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tigações esclareçam se intervenções que focalizam
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Enviado em 17-06-2015
Avaliado em 14-08-2015
Revisado em 09-09-2015
Aceito em 12-10-2015

Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 2016, Volume XVIII no 1, 4-21 21

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